Capítulo 8 – O casal troca presentes (eu quero morrer)
Tradutor: qa1nn
“… Um Natal branco, huh?”
“Ahhh. Eu nunca vou esquecer essa cena, eu acho.”
“Por que eu estou do seu lado?”
“Que você acha?”
“Eu ficaria bravo se não fosse.”
“Então sim, por sua culpa.”
“Sua idiota.”
–Depois desse diálogo, o ator e a atriz na TV se beijaram.
Eu nunca ligava, mas a gente tem uma TV em casa. Ela normalmente ficava ligava durante o horário da janta, mais para ter BGM , mas ligada de todo jeito.
Na nossa família de quatro, Yume e eu somos ratos de biblioteca, então usualmente sobrava para o papai ou Yuni-san ligarem a TV.
“Ahh~ olhar essa cena me deixa meio solitária,” Yuni-san lamentou enquanto assistia os atores se beijarem mais passionalmente do que pessoas normais poderiam.
“O Natal é sempre uma correria porque nós temos que preparar a cerimônia de boas vindas no ano novo. Só de pensar no dia 25 de Dezembro me deixa melancólica. E meu coração sempre gemia de prazer nessa época~”
“Hahaha! Apesar de nós ainda sermos jovens por dentro, quando chega esse momentos….aaah, mas MIzuto e Yume-chan estão nessa idade, certo?”
Gulp
Uma vez que papai disse isso, Yume e eu paramos de mexer os hashis.
“Não se importe conosco quando vocês arrumarem um amor~! Bom, Mizuto é uma causa perdida, mas Yume-chan parece ter uma chance bem grande!”
“Fufufu. Ela realmente mudou muito, sabia~? Ela costumava ser uma garota bem sem sal tempos atrás–”
“Manhê…”
Yume repreendeu sua mãe, e me deu um olhar de canto.
Só para conferir, huh? Eu iria mencionar mesmo se você não me lembrasse.
Yuni-san sorriu enquanto colocava os cotovelos na mesa e as mãos no queixo.
“Mas bom, eu espero ansiosamente por isso. Eu imagino quando Yume e Mizuto-kun vão deixar a gente ter a casa para nós no Natal?”
“Devemos agir como jovens novamente quanto essa época chegar, Yuni-san?”
“Fufufu, claro. Eu estou esperando por isso~ Vamos torcer para que eles trabalhem duro então.”
…Nem papai nem Yuni-san sabiam.
Yume e eu já deixamos eles terem a casa para o Natal uma vez.
Nossos pais não sabiam de nada; só ela e eu sabíamos o que aconteceu naquele dia gelado.
Era o 9° ano, o primeiro Natal após Yume Ayai e eu começarmos a namorar.
◆
“–Estou de volta! Mizuto! Eu comprei bolo!”
Eu sou Mizuto Irido, um aluno do 9° ano que tem uma namorada. Eu era o protagonista daquele dia de Natal; todos os outros homens não eram nada mais do que figurantes quando comparados a mim.
Então, por quê!? A única coisa que eu fiz foi sair e comprar um bolinho na loja de conveniência perto de casa, junto com meu pai… Assim como o último natal.
Se a ideia de passar o Natal com a pessoa amada fosse em uma evolução estilo Galápagos, então certamente, esse era o jeito certo de passar seu Natal.
…Mas…mas….!!
Era só muito difícil de acreditar. Agora eu tinha uma namorada, uma namorada, meu natal não deveria ser mais especial!?
“Então, como está? O bolo de chocolate está gostoso?”
“…Mais ou menos.”
“Me dá um pedaço. Eu te dou uma mordida no meu bolinho.”
Eu não deveria estar tendo essa conversa com minha namorada, Yume Ayai? Então por quê…?!
Não, eu sabia. Eu sabia exatamente o porquê.
Nós estávamos no fundamental, ainda escondendo o fato de estarmos namorando de todos ao nosso redor. Era impossível sair em um encontro a meia noite para aqueles lugares lindos e românticos.
Ao menos eu vou poder vê-la à tarde. Nós fomos no mesmo velho lugar, onde o antigo e clichê Jingle Bell continuava a tocar denovo e denovo pelo último mês, como todos os casais.
Então assim, cada um foi pelo seu caminho, como era de praxe.
Era realmente bem mundano.
Tão mundano quanto ir para casa depois da escola… E eu sabia exatamente o porquê
-Ahhh, pode rir. Pode rir o quanto quiser.
Esse covarde sem igual amarelou, na hora que ele ia dar o pra ela o presente escolhido com tanto carinho!
Eu juntei toda minha coragem, pedi para moça do caixa embrulhar pra presente e então coloquei no criado mudo do meu quarto onde ficou como decoração.
Só me mate por favor..
“Hm? O que há de errado, Mizuto? Você parece meio pra baixo… Ahhh, entendi, um presente! Olha, eu preparei um para você~! –Um cartão da livraria!”
Eu quero morrer.
(NOT: Eu também iria querer… Cartão da livraria, namoral papai-san…)
◇
“…Eu quero morrer…”
Yume Ayai (Euzinha) estava esparramada na mesa, me sentindo extremamente depressiva.
Na verdade, esquece depressiva. Eu já estava morta. Eu morri. Obrigado por se importar, todo mundo. Por favor esperem pela próxima obra.
“Por que eu acabo desse jeito… toda maldita vez… Não importa como eu me prepare, eu arrego quando mais importa… Eu já tive o suficiente…”
Havia um presente embrulhado na minha mesa. Era o presente do Irido-kun, preparado especialmente para hoje.
Eu supostamente tinha de procurar uma oportunidade para poder entrar no nosso encontro à tarde no Natal. Ao invés disso, o presente estava aqui na minha mesa; em outras palavras, quest failed.
Eu estava satisfeita com o encontro em si. Nós fomos em lugares frequentados por casais, algo que normalmente não fazíamos, e realmente caiu a ficha que “Whoah, nós realmente estamos namorando.”
Bom, eu acho que esse também é o problema.
Eu estive preocupada o tempo todo. Será que eu ia estragar o clima se eu fizesse algo indecente? O clima bom ia acabar…? Eu nunca tive chance de entregar o presente, nem quando nosso encontro chegou ao fim.
“Uu…”
Eu queria chorar.
Eu sempre fui desse jeito. Eu dificilmente fiz as coisas que eu queria fazer. A única coisa que deu certo pra mim em toda minha vida foi confessar para o Irido-kun…
…Se eu continuasse assim, eu tinha certeza que ele iria se cansar de mim…
“Yume~? Eu vou tomar banho primeiro, okay~?”
Eu ouvi a voz da mamãe logo quando eu ia começar a chorar.
…Certo, banho.
Eu sempre ligava pro Irido-kun depois de tomar banho.
Eu só vou contar para ele ‘Oh na verdade, eu comprei um presente para você. Eu te dou na próxima vez!’
“O-okay…!”
Desde que eu decidi o que fazer, eu ia me apressar.
Eu estava prestes a responder mamãe e ir tomar banho primeiro, mas um toque antigo e ocidental veio do meu celular que estava em cima da mesa.
Para não correr o risco de acidentalmente desligar, eu cuidadosamente cliquei no botão “Aceitar.”
“–S-sim, Alô…?”
“…Ayai.”
Essa era a voz que eu mais queria ouvir. Só de ouvi-la me fez feliz, mas o que Irido-kun tinha a dizer era além das minhas expectativas.
“Se importa de ir na varanda?”
◇
Eu pude ver o ar branco se camuflar no ar, e a janela de Ayai se abriu.
Ela se inclinou para fora da varanda, me viu, e eu pude ouvir um gemido pelo celular
“P…po-por que… por quê…?”
“Não, erm… bom, é Natal né.”
Eu estava tão envergonhado. Eu queria mudar de assunto o mais rápido possível.
Mas eu tinha que aguentar. Era um dia especial, então estaria tudo bem se eu não agisse ‘cool’, tudo bem não dar desculpas… Afinal era Natal.
Eu respirei fundo, e resisti ao sentimento de soltar meu chuuni interior.
“…Eu queria… ver seu rosto novamente.”
“…!!~~~~~~!!!”
Ayai soltou uma voz do outro lado da linha.
Oq-o quê? O que está acontecendo?
No meio da confusão, beep, ela desligou.
Então, Ayai, que estava na varanda, voltou para o quarto.
“…Ahhh…”
Ela me achou nojento. Desculpa por existir.
“–I-Irido-kun!!”
Enquanto meu desespero cresceu na forma do Osamu Dazai, uma pequena silhueta veio correndo pela entrada dos apartamentos…
Huh?
“A-Ayai?”
Ayai veio no corredor gelado, exalando um vapor branco de sua respiração, enquanto tentava recuperar o fôlego.
Super ofegantes, ela colocou as mãos nos joelhos, olhou para mim, e me deu um sorriso apreensivo.
“A-ahaha. V-você veio até aqui?”
◇
“Não…erm, essa é minha fala,” Irido-kun replied cooly. Apesar disso, ele estava todo duro… Acho que ele estava realmente chocado.
“…Aha.”
Eu estava um pouco feliz.
Feliz que eu pude ‘ me vingar’ ao deixar ele surpreso.
Eu vim correndo pelas escadas já que eu estava muito impaciente para esperar pelo elevador, e demorou um tempo para recuperar o fôlego. Uma vez que eu tirei minhas mãos dos joelhos, eu sorri timidamente novamente.
“E-ehehe. Mamãe foi tomar banho… Então eu aproveitei a chance para descer aqui.”
“Ahhh…En-entendi. É por isso…”
“Então, erm…bom, eu acho que a gente só tem… por volta de 30 minutos.”
‘30 minutos…? Entendi.”
Nós normalmente não éramos do tipo que fala muito, e naquele dia nós travamos um pouco. Entretanto, eu estava surpresa que segurei aquela conversação sem cair na risada, ou me senti ansiosa. Uma conversa sem estragar o clima.
Ahhh…Era um dia especial para o Irido-kun, também. Eu não era a única que pensava em nosso momento juntos como algo valioso…
Ele não era do tipo que deixa o coração aberto, e meu coração flutuava sempre que eu conseguia ver um raro vislumbre de seus verdadeiros sentimentos.
Ele não parecia particularmente interessado em outras pessoas, mas ele era muito gentil e carinhoso. Ele normalmente tinha aparência de alguém extremamente calmo, mas havia momentos nos quais ele entraria em pânico em segredo.
Antes que eu soubesse, eu montei uma imagem do real irido-kun, peça por peça. Eu cautelosamente juntei cada pedaço desse álbum dentro do meu coração e iria ve-lo denovo e de novo…
Eu realmente aproveitei meu tempo com ele, tanto que ele dominou meu mundo que antes era dominado pela leitura.
É por isso, que eu–
“–Achooo!”
Eu tremi e espirrei
Huh?… Oh, entendi.
“…Eu esqueci meu casaco…”
É por isso que eu sentia frio.
Eu fui muito apressada em sair de casa…! Uuuuu, e essa era uma hora tão preciosa para estarmos juntos…. Por que agora….?
“Oy oy, você é bem descuidada,” Irido notou estupefato, então ele desabotoou seu casaco. “Aqui.”
Ele tirou o casaco e colocou sob os meus ombros.
É tão quente….
Minha cabeça ficou meio confusa quando o casaco quente foi colocado em mim. era como se eu estivesse sendo abraçada diretamente pelo Irido-kun, então eu estava meio envergonhada…. Você pode me abraçar diretamente se quiser, sabia– Eu tive um pensamento desses, e isso aumentou minha vergonha mais ainda. Quem era eu para pensar assim?
Por várias razões, eu comecei a corar. Eu tentei ganhar tempo, mas….
“…Mas você não vai passar frio, Irido-kun?”
“Não, está tudo bem,” Ele respondeu, mesmo que seus ombros estavam tremendo um pouco.
Ele está só se fazendo de forte. Tão fooooofoooo~….! Mas ele vai pegar um resfriado se isso continuar. O que eu posso fazer…?
Esses eram meus pensamentos, e eu acabei com um plano bem difícil em mente. Na verdade, seria muito difícil de executar propriamente de primeira, e seria mais fácil só colocar debaixo da árvore. Não, bom, mas…. Era Natal afinal.
…. É o Natal afinal!!!
Eu estava tomada pelo poder dessas palavras, que vieram de dentro… Obrigado, Jesus Cristo. Para mim, esse era o milagre que me converteria em Cristã.
“En-então…erm…”
Eu podia sentir meu rosto ficando vermelho ketchup, mas utilizando o poder do Natal, eu soltei o resto.
“Que tal… Usarmos juntos?”
◇
Inesperadamente, era possível caber nós dois no mesmo casaco.
Ayai e eu estávamos juntos, ombro a ombro debaixo do casaco. Ayai tremia ansiosamente, cuidadosamente se inclinando em mim.
…Ela é tão leve.
Ainda sim, tão quente.
Ela tem um ótimo perfume.
Eu caí em um estado aliviado, apesar do meu batimento cardíaco ter acelerado. Seria ruim se eu começasse a pensar com o pequeno johnny. Eu encarei o céu da noite, tentando evitar trazer Ayai e os pensamentos impuros juntos.
Então Ayai deu uma risadinha.
“…O que foi?”
“Nada… Eu só pensei que meu namorado é fofo.”
Ugh… Ela viu através de mim.
Ela estava tensa o tempo todo, mas ela disse esse tipo de coisa tão facilmente…
Enquanto eu engoli meu embaraçamento, Ayai começou a mexer as mãos.
“Ah… Vo-você está bravo!? De-desculpa…?”
“Não, não estou bravo. Só embaraçado… Você não tem de se preocupar tanto.”
“En-entendi…?”
“Já que—”
Ah inferno, quem se importa se é vergonhoso? É Natal…
“–Eu não vou ficar bravo, já que é você…”
Eu acho que minha voz saiu meio fraca porque eu estava completamente relaxado. Isso me deixou ainda mais embaraçado e eu virei minha cabeça para o lado.
Então…
“…Ehe. Ehehe. Ehehehehehehe….”
Ayai soava meio feliz e nervosa, e se inclinou ainda mais no meu ombro.
Parece que ela gostou. Graças aos deuses. Eu estava com medo de ter dito algo errado.
Nesse curto momento, eu quietamente senti o peso se levantar de meus ombros. duas respirações brancas aparecem intermitentemente debaixo do céu noturno.
“…Erm, bom… Irido-kun.”
Eu me virei para a origem da voz, e vi Ayai olhando de relance para mim.
“Eu tenho algo… para você.”
Meu coração disparou. Ayai comprou algo, também.
“Você disse… Que não vai ficar bravo já que é eu, né? Então… você vai… aceitar meu presente… certo?”
À medida em que ela falava sua voz ficava mais fraca, sua confiança diminuindo.
Sempre que Ayai agia desse jeito, eu começava a pensar que não havia razão para ela ficar tão nervosa. Ayai não era estúpida, afinal, ele não era como se eu me sentisse mal de estar com ela e …bom, ela tinha um rosto bonito, também.
Se ela pudesse falar com as pessoas normalmente, sem toda essa ansiedade, ela deveria ser capaz de fazer um monte de amigos. Ela sabia disso, também, mas por alguma razão ela simplesmente não tinha confiança e as pessoas a deixavam de lado por conta disso.
“…Ayai.”
“Eh…?”
Eu coloquei minha mão no bolso sem falar uma palavra, e tirei uma caixa embrulhada.
Ayai viu isso e continuou piscando.
“Uh… is-isso… é?”
“Um presente de Natal… Eu estava um pouco nervoso essa tarde, e acabei não te dando.”
“…Eh…?”
Ayai olhou para mim surpresa- e então…
“–Pfft!Aha!Ahahahaha! Ahahahahahahahaha….!!
Ela gargalhou e então terminou com uma risada fofa.
E eu cabei ficando um pouco irritado.
“Você não precisa rir assim…”
“D-desculpa…!Mas, bom… Eu não achava que a gente ia ser tão parecido, Irido-kun.”
“Em outras palavras, você também, Ayai…?”
“Uhun.”
Ayai pegou um presente embrulhado e me mostrou.
Até eu comecei a rir quando eu vi aquilo. Lado a lado, nós rimos por um bom tempo.
O frio frígido em nossas orelhas e bochechas rapidamente não era mais percebido.
Uma vez que nós paramos de rir, Ayai limpou as lágrimas de seus olhos, e cobriu a boca com seu presente.
“Vamos… trocar presentes então.”
“Ahh, vamos.”
Nós trocamos nossas caixas bem embrulhadas. Não era nada de real importância, mas para a gente, era um ritual valioso.
Eu entreguei minha caixa para Ayai e em troca, recebi a caixa dela.
Eu olhei a frente, atrás, e a frente de novo. Eu não podia mais esperar.
“Posso abrir?”
“Eh?…A-aqui?”
“Você pode abrir o meu também.”
“…Nnn, então…”
Nós desfizemos o laço vermelho ao mesmo tempo.
Não é como se não tivéssemos dado presentes um ao outro antes, mas até esse ponto, nós só demos presentes práticos. Não havia chance deles serem recusados.
Esse presente de Natal é diferente.
Eles não eram práticos de forma alguma. Era algo arriscado e difícil de lidar… O tipo de presente que você só dá se você tiver coragem de ser um casal.
“…Ah…” Ayai murmurou uma vez que ela abriu a caixa. “ Isso é… Um Pingente?”
Dentro da pequena caixa havia um pingente de vidro com uma flor cor-de-rosa dentro.
Não era nada cara. Afinal, foi comprado com o dinheiro de um aluno do fundamental. Eu passei um bom tempo pensando sobre isso, apesar de não ter conhecimento fashion algum; afinal, eu normalmente não ligo para acessórios. Eu acabei navegando pela internet por dias, e ainda não tinha certeza se podia ser considerado bonito, mas–
Ayai colocou o pingente em sua frente
“Incrível… tem uma flor dentro do vidro… que tipo de flor é?”
“Mosquitinho Branco. Eu gosto de seu significado na língua das flores.”
(NT: Dá pra ser rosa também… Desculpa a resolução, mas dá pra ter uma ideia )
“Língua das flores…”
Ouvindo isso, Ayai imediatamente pegou o celular para pesquisar. E eu entrei em pânico
“Não…!Espera! É meio embaraçoso…!”
“Eh? Mas está tudo bem, certo?”
Ayai sorriu maliciosamente enquanto ela se virou para proteger seu celular. “Erm.” Ela começou a ler o que o Google mostrou. “ ‘Romance’, ‘Pureza’, ‘Sinceridade’, ‘Inocência’….”
“…Na verdade, erm.” Eu só poderia aceitar a derrota e confessar de uma vez. “… É comumente utilizado em buquês de casamento.”
“…Eh?”
Ela olhou novamente para o pingente, seu rosto estava tão vermelho que mesmo a noite eu podia ver.
… O que há com isso? Uma proposta de Casamento!…..!?
Meu rosto começou a suar nesse momento. Eu deveria ter escolhido uma flor normal!!
“…Nn…”
Eu estava tomado pelo arrependimento, e então Ayai abriu o pacote, levantou seu cabelo, e colocou o pingente.
“Certo… Pronto… Como fiquei?”
Eu deveria chamar isso de felicidade ou de tontura…? De qualquer forma, meu coração pulsava com um senso de dever cumprido.
“Eu nunca vesti algo assim antes, então eu não sei se combina comigo…”
“Não, combina perfeitamente,” Eu soltei antes que pudesse perceber.” Realmente combina… Você é linda.”
“Eh?..Nn, nn… Ob-obrigada…”
Ayai virou o rosto timidamente, seu rosto gelado e vermelho começando a relaxar.
Aquela expressão que ela mostrou já valeu muito apena pelo tempo e esforço que eu coloquei na busca por esse presente.
“…Eu devo abrir seu presente então.”
“Ah…nnn,nnn!”
Eu abri o presente que Ayai me deu enquanto ela olhava para mim tensa.
“–…Ahh.”
“Heh… Nós realmente estamos em sincronia.”
…Era um colar.
Eu levantei o colar, e havia uma decoração em formato de pena.
“Não tem nenhuma história legal por trás do seu presente Irido-kun… É mais uma caneta tinteiro do que uma pena.”
“Uma caneta tinteiro?”
“Erm, bom…” Os olhos da Ayai ficaram focados no céu por um tempo, e então ela finalmente se decidiu e disse, “… Eu gosto de ver você escrevendo em seu caderno quando você está estudando para as provas.”
“……”
Eu fiquei em silêncio por vários segundos, tentando compreender o que foi dito.
“….Então esse é seu fetiche?”
“Ahhhhhhhh…!! Ao invés de fetiche, é só um interesse meu…!!”
Bom, é essa a definição de fetiche, eu acho
Ayai abaixou a cabeça tristemente. “Uuu… Desculpa por dizer algo constrangedor.”
“Você está sempre se desculpando por isso e aquilo,! Eu disse, enquanto colocava o colar.
“Olhe.”
Uma vez que ela me viu colocar seu presente, o rosto triste de Ayai começou a se iluminar
Eu pude ver sua alegria e ri.
“Presentes de Natal realmente são coisas especiais.”
“N-nn…!El-eles realmente são!”
Nós compartilhamos esses pensamentos rasos nossos, nos olhamos novamente e rimos.
Depois disso, passamos uns 10 minutos conversando sobre coisas aleatórias.
Não havia luzes brilhantes.
Nem caía neve romântica.
Nós só estávamos perto de uma árvore do lado do apartamento. Só uma árvore solitária, com a luz fraca dos postes e das casas ao redor nos iluminando.
Apesar disso, aquele momento efêmero desse dia ficou marcado fortemente em nossos corações
“…Até mais, então.”
“…Ah, até a próxima.”
Nós gentilmente acenamos, e nos despedimos na entrada do apartamento.
Era meio quieto, enquanto não dizemos nada, ambos relutantes em se separar.
–E porque eu sabia disso, eu segurei o pulso de Ayai.
“Eh? Irido-kun–”
Eu puxei ela para perto, e me inclinei para frente
Nós fomos forçados a ficar em silêncio.
Eu voltei, e o rosto da Ayai ficou vermelho por algo além do frio. Ela piscou em surpresa.
“…Bom, é Natal,” Eu disse como desculpa.
Ayai sorriu. “Sim… É Natal afinal.”
Dessa vez, Ayai ficou nas pontas dos pés.
Uma vez que ela ficou de pé propriamente de novo, nós sorrimos um para o outro e nos separamos.
Nessa época, nós ainda não tínhamos dito a ninguém sobre nossa relação.
Um dia, eu iria falar dela para o papai. Seis meses atrás, eu não acreditaria se você me dissesse que eu ia ter uma namorada para apresentá-lo.
Eu voltei para casa sozinho e vi o colar balançando em meu peito.
Será que poderíamos nos encontrar abertamente no próximo Natal?
Será que poderíamos ir na casa um do outro, comer na mesma mesa?
Que tipo de presente eu compraria da próxima vez?
“…Eu devo começar a pensar agora.”
365 dias a partir de hoje.
A partir daquele momento, eu comecei a esperar por esse dia.
◆
365 dias depois, nós paramos de falar um com o outro.
“Nada dura para sempre….”
Agora no meu primeiro ano de colegial, eu tirei o colar depois de tanto tempo e descobri a verdade desse mundo.
Por algum tempo desde aquele Natal, nós tentamos encontrar nossos presentes no pescoço do outro, e então rir disso. Por conta disso, nós deliberadamente escondemos nossos colares ou cachecol, ou até em lugares que você não pensaria em olhar. O que tinha de tão divertido nisso?
Mas agora, eu não acho que ela perceberia, ou nem que iria procurar por isso. Afinal, eu esperava que ela tivesse jogado o pingente no lixo no momento que terminamos.
“…Já faz um tempo, devo vesti-lo?”
Se ela não percebesse, minha hipótese seria confirmada. Se ela percebesse, então talvez ela tivesse uma reação interessante.
Me sentindo entusiasmado, coloquei o colar e escondi o design de pena embaixo de minhas roupas e saí do quarto.
Eu provavelmente encontraria ela no caminho para o banheiro- era o que eu pensava.
“Ah.”
“Ah.”
Eu abri a porta, e encontrei ela no hall do segundo andar.
Era Yume, agora uma estudante do Ensino Médio, mais alta e com um cabelo mais longo que antes.
E então, eu percebi algo nela.
Um pingente familiar no meio do cabelo escuro.
“…Heh.”
“Hmph.”
Essa foi a única interação que tivemos. Não falamos mais nada e descemos as escadas.
A novela das 21:00 acabou quando entramos na sala de estar. Papai estava na mesa de jantar enquanto Yuni-san estava na cozinha, colocando a louça no secador.
“Ohh, Mizuto. Vai tomar banho?”
“Eu acho que a água já deve estar quente. Yume, jogue jankenpô se quiser ir primeiro!”
Eles nunca perceberam a pequena mudança entre nós.
Nós respondemos nossos pais, sentamos no sofá na frente da TV, deixando um espaço entre nós e sem dizer uma palavra abrimos os livros que trouxemos do quarto.
“…Fu.”
Yume riu de repente.
“O que?”
Eu continuei com meus olhos no livro
“Nós realmente não estamos em sincronia.” Yume disse, sem tirar os olhos de seu livro…
“Yeah,” Eu respondi e voltei a ler.
Meu livro era ‘Um conto de Natal’, e Yume lia ‘ O Natal de Hercule Poirot’
