Baccano! – Capítulo 03 (Parte 3) – Vol 01 - Anime Center BR

Baccano! – Capítulo 03 (Parte 3) – Vol 01

Capítulo 3 – Primeiro Dia (Parte 3)

Tradução: PH

 

“Eles morreram?”

Do banco traseiro do carro, vinha a voz de um idoso.

“Não… Apesar de que estávamos dirigindo rápido… Ah, eles se mexeram. Talvez eles caíram porque perderam o equilíbrio.”

A resposta vinda do banco de motorista era de uma jovem mulher.

“Então vamos nos apressar.”

“Sim.”

Como se nada tivesse acontecido, o carro ganhou velocidade enquanto saía de cena. Apenas quando o carro estava quase entrando na rua principal, o idoso sentado atrás disse:

“… Tenha cuidado. Por que você atropelou alguém?”

“Minhas desculpas. Eu planejava desviar deles, mas então eles dançaram até o meio da rua… Frear já não era mais possível.”

O idoso no banco de trás permaneceu em silêncio pro um momento. Ele não achava que ela estaria mentindo para si.

“Dançando?”

“Sim, o homem estava vestindo um terno preto, e a mulher um vestido de gala… Como se fossem dançarinos fazendo uma apresentação.”

“… Esse lugar é bem longe da Broadway.”

“E… O homem estava segurando algo em sua mão… Um capacete japonês de samurai.”

O homem elevou uma sobrancelha com isso.

“… Nos tempos atuais, os jovens estão bem difíceis de se entender…”

Não houve resposta vinda do banco de motorista.

“Hm… Até mesmo antigamente eu não conseguia entender o pensamento dos jovens.”

O homem lentamente fechava os olhos enquanto falava consigo mesmo.

“É isso mesmo… Há 200 anos atrás… Começou quando aquele rapaz enlouqueceu. Nunca mais confiei nos jovens.”

“… Quando comparado a você, mestre Quates, o mundo inteiro é novo.”

A voz veio da motorista. Apesar de ter tido sua linha de raciocínio interrompida, Szilard não parecia descontente, e respondeu:

“Claro, é por isso que não confio em ninguém.”

Após isso, um longo silêncio tomou conta do carro.

O grande carro preto, dirigido pela mulher, parou em um edifício ao sul da Estação de Ônibus Central.

O Empire State Building, que era esperado terminar de ser construído no ano seguinte, podia ser visto dali. Apesar de não estar completo, ele já emanava uma grande quantidade de prestígio enquanto olhava a rua inteira de cima.

A motorista se apressou para sair do carro, e abriu a porta de trás. A parte de trás do carro era bem espaçosa, um modelo raro para a época.

Szilard Quates estava com um mau ânimo enquanto saía do carro, aprofundando ainda mais as rugas em seu rosto marcado. Os raios de luz de uma tarde de outono se infiltravam em meio aos prédios, brilhando diretamente na face do homem.

“… Cegante.”

A motorista rapidamente abrir um guarda-sol. Pelos 5 metros de distância entre o carro e a entrada do edifício, ela manteve o senhor em baixo da sombra.

Quando eles chegaram na porta, a motorista pegou uma chave com sua outra mão e abriu a porta. Szilard ainda não havia olhado para o rosto dela até aquele momento.

Não havia nada no interior do prédio, apenas o puro layout dos cômodos. Não havia um sinal de vida no prédio. Porém, não estava abandonado. Não havia pó no chão, as paredes e luzes eram muito novas, parecia como se a reforma tivesse sido feita ontem.

Szilard caminhou para um espaço vazio ao lado das escadas, e bateu seu pé no chão algumas vezes.

Após um tempo, a luz acima das escadas ligou. Para confirmar, bateu seu pé mais algumas vezes.

A tábua no chão a sua frente se virou, e dela surgiu a cabeça de um homem velho.

“Ora, ora, se não é o mestre Quates. Já faz um tempo desde que não nos encontramos!”

“Apenas faz vinte anos. Não é tanto tempo assim.”

“Haha… A sua percepção de tempo é diferente da nossa.”

“O tempo sempre é o mesmo. A única diferença é a forma como é percebido.”

Com esse cumprimento, os dois idosos e a jovem moça desceram as escadas.

Os passos de Szilard e do outro homem eram tão leves, fazendo parecer difícil de acreditar que eles eram velhos. Então, um grupo de pessoas apareceu na frente deles.

“Ooh, mestre Quates.”

“É ótimo te ver com tanta saúde.”

“Você está ótimo…”

“A sua existência é um milagre para a humanidade!”

Aquela dúzia de homens pareciam surpresos pelo fato da aparência de Quates não ter mudado nos últimos vinte anos.

A idade dos homens variavam, mas os mais novos pareciam ter por volta de 40 anos. Na verdade… Já haviam uns três homens que pareciam ter 90 anos.

Szilard, rodeado por um grupo de homens velhos, disse de maneira preguiçosa:

“Parece que Barnes e Stagen não estão por aqui.”

O velho olhou para baixou. O homem que guiou Szilard reportou, arrependido:

“Mestre Barnes está atualmente no ‘quarto de destilação’… Mestre Stagen… Morreu no ano passado.”

“Entendo…”

A voz de Szilard não tinha emoção alguma.

“Não há o que fazer, morrer de velhice… Se ele tivesse resistido mais um ano, poderia estar aqui conosco…”

Szilard assentiu. Os outros não se opuseram.

Eles sabiam que era quase impossível para eles morrerem por conta de acidentes ou alguma doença.

“No passado, sem acesso ao vinho completo, eu não era capaz de dar a vocês a imortalidade completa… Apesar de vocês não poderem morrer por uma morte súbita, ainda não podiam evitar o medo de morrer por velhice. Mas isso acaba hoje.”

Houveram algumas pequenas celebrações, que ecoaram pelo cômodo.

“… Mas, aparentemente parece que há alguns problemas.”

Em um instante, as celebrações cessaram, dando espaço para um completo silêncio.

“É verdade que o fermentador está morto?”

Após as palavras de Szilard, o porteiro respondeu:

“S-sim… Ontem, um ladrão o apunhalou até a morte.”

“Quem era o ladrão?”

Após isso, um homem com, mais ou menos, 40 anos se aproximou, continuando com a ‘notícia’ que o porteiro dava:

“Mestre Szilard, o ladrão já foi pego pela polícia em uma emboscada, e foi preso não faz muito tempo. Eu ouvi que ele fingia ser um mendigo para achar suas vítimas… Ele não trabalhava para nenhuma organização, é apenas um viciado em drogas.”

“… Uma coincidência, huh… Se isso é verdade… Então nós nem mesmo sabemos seu nome. Nós deveríamos ter incluído o fermentador em nosso grupo… Mesmo se era um produto incompleto, ele não teria morrido nessa ocasião.”

Como se percebesse algo, Szilard fez um barulho de desaprovação.

“É como você disse, mestre Szilard… Aquela pessoa era apenas um homem chato que sabia receitas e alquimia. Deixar ele entrar no grupo era meio…”

Nervoso, o porteiro arriscou dizer aquilo.

“Realmente… Talvez esse seja o caso.”

Vocês não mudaram nem um pouco. Em quanto em seu coração Szilard ridicularizava aquelas pessoas, sua fala apenas concordou com o que haviam dito.

“… Outro fermentador sempre pode ser achado. A questão é o ‘produto completo’. Barnes tem certeza que pode confirmar a coisa que eu desejo?”

“Sim, com os resquícios de três dúzias de garrafas.”

“Ele está sozinho?”

“Como esse lugar está registrado como um armazém, nada além de ratos iriam entrar, então não há porque se preocupar… E todos os que não sejam membros são escoltados por guardas, pois se eles souberem sobre o vinho, haverão problemas.”

Vocês precisariam apenas de vocês mesmos. Em todo o caso, vocês não gostam de arcar com as responsabilidades importantes. Apesar de continuar a sua crítica mental com certo desgosto, ele apenas assentiu com a cabeça, e chamou a motorista atrás de si:

“Ennis, vá pegar o vinho e o Barnes.”

“Sim.”

A motorista chamada Ennis se curvou respeitosamente aos homens e Szilard. Com apenas as chaves do carro em suas mãos, ela começou a subir as escadas. De trás, vieram mais ordens de Szilard:

“Ah, e se Barnes ousar encostar em uma única gota do meu vinho, não se contenha, mate ele. Em outro caso, se ele desperdiçar o meu vinho, também, mate ele.”

“… Entendido.”

Suor frio começava a escorrer pelas costas dos homens.

As pessoas dentro do cômodo nunca morreriam de doenças ou machucados. Até mesmo se eles caírem em magma, desde que não morram de velhice, ainda conseguiriam se regenerar.

Mas… Eles ainda podiam ser mortos, em certas condições.

As duas pessoas diante deles eram capazes disso.

O medo de envelhecer seria totalmente esquecido com o produto que viria hoje. Mas então, o terror em suas frentes nunca iria acabar.

Vida sem fim. Em outras palavras, eternidade.

A não ser que morram, eles não poderiam escapar do medo de morrer.

Esse era um circulo vicioso irônico.

 

“… É por isso, usa o óleo assim… Coloca ele nas luvas de couro. Aí, traz o palito de fósforo perto.”

Em uma rua em East Village, a mão de um homem estava coberta por chamas azuis.

“Ei, para aí! Sua mão vai ser queimada!”

Quem havia dito isso era um homem gordo, que observava aquilo com ansiedade.

“Eu não disse antes? Tá tranquilo… Olha, só preciso colocar minha mão na parede.”

O homem magro pressionou a sua mão contra a parede, e por conta do suprimento de oxigênio ter sido cortado, o fogo se extinguiu.

“Viu?”

“Ooh… Isso é incrível.”

Como membros da família Martillo, Randy ‘Fantasma’ e Pezzo ‘Almondega’ estavam ocupados preparando as coisas para a celebração de hoje a noite.

Por terem comprado óleo demais, eles abriram uma lata e começaram a animadamente fazer um jogo perigoso.

“Aah, ainda tem muita faltando… Deve ficar ok se não abrirmos muitas.”

“Mas o que nós ‘vamo’ comprar agora?”

“Bom ponto… ‘Vamo’ comprar algumas frutas pra sobremesa.”

Onde era a quitanda próxima? No momento que Randy pensava isso, Pezzo abria mais uma lata de óleo.

“Ei Pezzo, que ‘cê’ tá fazendo?”

“Nada. Só quero jogar o jogo de ‘queimá’ a mão de novo. Olha, esse pode ‘sê’ o melhor momento de hoje de noite, né?”

“Idiota! Por que abriu uma outra lata? Ainda tem um montão sobrando nessa!”

“Ah, tá tranquilo. Já que temos muitas aqui.”

Entulhadas no interior de uma bolsa de papel que Pezzo carregava, haviam por volta de dez latas de óleo. E, provavelmente por conta do serviço da loja, haviam alguns abridores de lata na bolsa também.

“Não posso suportar isso. Digo, esqueça os óleos, pra que esses abridor de lata… É tudo porque ‘cê’ compro muito, Randy.”

“Posso ‘fazê’ nada. Quanto mais ‘cê’ compra, mais barato fica. Com a economia tão ruim é melhor ‘comprá’ o tanto que puder, quando puder.”

“Caramba… Se não fosse por mim, ‘cê’ teria gastado toda a grana com óleo.”

Pezzo riu, retirando uma lata de óleo de sua própria bolsa.

“Randy, me dá uma fósforo. Não posso com essa bolsa.”

“ Sem jeito…”

Randy acendeu um palito de fósforo. Como ainda havia resíduo de óleo em sua luva, ele manteve o fósforo o mais longe possível de sua mão assim que esse se acendia.

“Veja.”

Bem no momento em que ele ia entregar o fósforo para seu companheiro, ele percebeu algo que havia deixado passar anteriormente.

A luva desse cara é de tecido?!

Mas já era tarde. No momento que o palito encostou nas luvas de Pezzo, a mão dele foi envolvida em chamas rapidamente, fazendo um crepitar alto enquanto queimava violentamente.

“Wow, isso não vai ‘queimá’, né?”

Vendo uma chama mais intensa do que esperava, Pezzo entrou em pânico, pressionando sua mão contra a parede.

Apesar das chamas em suas mão terem se apagados, as outras regiões que não entraram em contato com a parede continuaram queimando em um fogo azulado.

“Ei! ‘Cê’ não disse que isso ia parar?!”

“Aaaaah! Seu idiota! Tem óleo atrás da tua mão também!”

Assim que Pezzo tirou a sua mão da parede, as áreas em que o fogo havia se extinguido começaram a queimar novamente.

Pezzo agitava as suas mãos, mas as chamas não davam sinal de se extinguir. Um monte de óleo havia se infiltrado no tecido, então a mão de Pezzo parecia o pavio de uma vela gigante. A bolsa de papel foi largada, fazendo com que um monte de óleo respingasse na parede de madeira branca próxima a eles.

“Ai! Tão quente!”

“Fica tranquilo! Rápido, tira as luvas!”

Seguindo as dicas de Randy, Pezzo rapidamente retirou sua luva, e então balançava a sua mão freneticamente.

Além de algumas pequenas bolhas na parte de trás de sua mão, não haviam danos sérios.

“Aah… Achei que eu tava perdido…”

“Mano… Desculpa aí, quase assei tua mão.”

“Só um pouco.”

“Haha…”

Os dois suspiraram aliviados, e quando estava se abaixando para pegar as latas de óleo…

Eles congelaram.

A luva descartada havia pousado em cima de uma poça de óleo… O que queimou não foi só o óleo, mas também a lateral da construção de madeira. A única diferença era que as chamas azuis haviam se tornado vermelhas.

Randy rapidamente analisou o local, tendo certeza de que não haveria ninguém por perto.

Pezzo pegou a bolsa de papel, que, por sorte, não havia pegado fogo, e colocou as latas dentro dela.

Em perfeita sincronia, os homens trocaram olhares silenciosos…

Acenaram a cabeça rapidamente, e então fugiram do local, como o vento.

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