Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 22 – Vol 01 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 22 – Vol 01

Capítulo 22 – Nossa Oferenda para Você

Eu estava pensando o tempo todo no que dizer quando esse momento chegasse.

Parece que passamos tanto tempo juntos, mas a verdade é que não. Na verdade, nós nos conhecemos há pouco tempo. Muito pouco. É por isso que sinto que o conheço, quando na verdade não o conheço de fato. Você era bom com as pessoas, fácil de conversar, inteligente, capaz de fazer qualquer coisa, e eu sempre senti que podia confiar em você. Eu achava que você era impecável. Mas pode ser que eu nunca tenha notado suas deficiências. Talvez estivesse escondendo seus pontos fracos. Se tivéssemos passado mais tempo juntos, eu poderia ter visto outro lado seu.

Eu gostaria de tê-lo conhecido. Saber que tipo de pessoa realmente era. Gostaria que tivéssemos tido mais tempo. Com mais tempo, tenho certeza de que muitas coisas teriam acontecido. Poderíamos ter nos irritado um com o outro e brigado. Poderíamos ter passado a nos odiar ou a gostar ainda mais um do outro. Um dia, de repente, Shihoru poderia ter confessado seu amor por você. O que você teria feito então?

Não quero pensar que, uma vez que alguém se foi, não há sentido em falar com ele, que suas palavras não podem alcançá-lo.

Mas, quanto mais penso nisso, mais meu coração se aflige.

Porque sei que o amigo do qual ainda me lembro quando fecho os olhos parou de se mover, foi queimado nas chamas – seja isso uma misericórdia ou não – foi reduzido a cinzas, e agora está neste túmulo que lança sua sombra à noite.

— Finalmente, nós tornamos soldados voluntários.

No final, foi isso que Haruhiro disse ao túmulo que levava o nome de seu amigo e a lua crescente, segurando o distintivo que parecia uma moeda de prata.

Ranta, Moguzo, Yume, Shihoru, cada um deles puxou seus próprios distintivos, mostrando-os ao amigo que havia partido.

Mary ficou um pouco afastada dos outros cinco, com os olhos voltados para baixo e uma mão no peito.

— Não é que não tivéssemos dinheiro para comprar nossos distintivos antes. — Haruhiro segurou seu distintivo com força. — Mas queríamos romper com o passado e resolver as pendências primeiro. Decidimos que esperaríamos até lá.

Ranta bufou. — Sinceramente, eu não me importava. Mas vocês não paravam de encher o saco sobre isso.

— Ranta idiota. — Yume deu um tapa no ombro de Ranta. — Não precisa dizer coisas tão sinceras em um momento como esse, não é? As pessoas já o odeiam o suficiente.

— Por mim, tudo bem. Afinal de contas, sou um cavaleiro das trevas. Vivemos para sermos odiados.

— Na verdade, Yume — Haruhiro deu um leve puxão na capa de Yume, — você quis dizer ofensivo, não sincero. Ninguém o odiaria se fosse sincero…

— Ah? É mesmo? A Yume sempre achou que era sincero até agora.

— U-Um. — Moguzo se virou para Shihoru. — Não está na hora?

— Ah… Sim.

Shihoru se adiantou, agachando-se em frente ao túmulo. Tirando mais um distintivo do bolso, ela hesitou por um momento, e então… espere, ela estava tentando forçá-lo na lua crescente esculpida na sepultura?

— Não, Shihoru, isso é um pouco demais… — Haruhiro tentou impedi-la, mas a Shihoru se virou e disse:

— Hã? —, seu rosto ficou com um tom de vermelho brilhante. — …Desculpe… desculpe, eu estava pensando onde deveria deixá-lo, e eu…

— Está tudo bem, na verdade. Mas acho que não vai caber aí. O formato não é o mesmo.

— …A-ah, sim. Eu… Acho que não. Desculpe-me. Sou um pouco burra… Hum, bem, aqui, então. — Shihoru gentilmente colocou o distintivo ao lado da lápide.

— Este é para você, Manato-kun. Usamos o dinheiro que você deixou para trás e todos contribuíram para cobrir o resto. A Mary-san também ajudou. Por favor, aceite-o.

Se você pudesse ouvir isso, você riria e diria que não precisávamos fazer isso? Que é um desperdício de dinheiro e que deveríamos tê-lo gasto para melhorar nosso equipamento? — Eu estou deste lado agora, então vocês que estão aí do outro lado deveriam usar o dinheiro. — Você pode ter dito isso com calma. Mas, não importa o que você dissesse, nós não teríamos ouvido.

Afinal de contas, Manato, não podemos ouvir sua voz. Se quiser nos obrigar a fazer o que você quer, diga alguma coisa. Deixe-nos ouvir você.

Eu sei. Você não pode.

Quando eu morrer, fico imaginando o que acontecerá comigo. Existe algum lugar como um  paraíso, e será que um dia poderei encontrar você lá? Eu não sei. Não há como saber. Ninguém sabe o que vem depois da morte. Mas, no mínimo, não poderemos nos falar até lá.

Há um rio largo, profundo e que corre rapidamente entre os vivos e os mortos. Depois de atravessar esse rio, não importa o que aconteça, você nunca mais voltará. É uma viagem só de ida.

As lágrimas não escorriam.

Mas todos eles queriam ficar um pouco mais, então Haruhiro sentou-se na grama, abraçando um joelho.

Shihoru colocou a mão sobre o túmulo, com as costas trêmulas.

Yume se agachou ao lado de Shihoru, colocando um braço ao redor de seu ombro e dando-lhe um tapinha na cabeça.

Ranta colocou as mãos nos quadris, olhando para o céu.

Moguzo respirou fundo, exalando lentamente.

Mary prendeu o cabelo para trás, olhando para longe em algum lugar.

Nós nos tornamos um bom grupo

Com essas palavras para o amigo que nunca mais voltaria, Haruhiro olhou para Altana. Um sino estava tocando. Provavelmente dizendo que eram 18:00 da tarde.

Uma lua crescente vermelha flutuava perto do horizonte. Agora que ele pensava nisso, por que a lua era vermelha aqui?

Aqui?

Haruhiro olhou para a torre que os observava do alto da colina.

Uma torre. Essa torre. Estranho. Sinto que estou esquecendo alguma coisa. Haruhiro e os outros vieram para cá e, depois disso, tornaram-se soldados voluntários.

E antes disso? Onde eu estava? O que eu estava fazendo? Não sei, não me lembro. Não me lembro.

Não era só o Haruhiro. Era a mesma coisa para todos eles.

Independentemente disso, quando Haruhiro e os outros acordaram, era aqui que eles estavam.

Aqui.

Se bem me lembro, estava escuro… Escuro? Não sei. Onde exatamente era aquele lugar? Uma torre. A torre. Essa torre está envolvida de alguma forma. Mas como ela está envolvida? Eu não sei. Quanto mais eu penso, menos eu entendo. Se eu estender a mão e tocá-la, ela desaparece.

Ei, Manato.

Por que estamos aqui fazendo todas essas coisas…? Até mesmo essa dúvida está começando a ficar nebulosa, como se pudesse desaparecer a qualquer momento.

 

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