Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 03 – Vol 02 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 03 – Vol 02

Capítulo 03 –  A Lei de Resistir à Sua Inércia

— …Whoa, Whoa, ei, Oh, caraaa. Que inferno é esse…? — Ranta murmurou com as costas firmemente pressionadas contra uma parede. Ele estava usando seu heaume, um capacete em forma de balde.

Não era só o Ranta; Haruhiro e todos os outros integrantes da party estavam em poses semelhantes.

— O que isso significa…? —  Haruhiro olhou para Mary, que estava ao lado dele.

Mary balançou a cabeça levemente. — Eu também não sei.

— Um monte de gobchi… — Yume sussurrou.

— Sim… — Moguzo recuou seu enorme corpo e estremeceu um pouco.

Shihoru fechou os olhos, segurando seu cajado com força. Parecia que ela estava rezando. — …Não podemos fazer isso. Não podemos. Não há como conseguirmos fazer isso…

Shihoru estava certa. Eles tinham que aceitar que essa situação era demais para eles.

Normalmente, a Cidade Velha de Damuro era pouco povoada por goblins, mas, por algum motivo, hoje foi diferente. Assim que entraram… não, mesmo antes de entrarem, ficou claro que algo estava fora do comum.

Havia um grande número de goblins à espreita.

Em grupos, nada menos.

Os goblins haviam formado bandos.

Era como se estivessem patrulhando a cidade velha.

— …Patrulhas —, disse Haruhiro, rangendo os dentes. Talvez… Não é isso que eles são?

Estes goblins não eram como os que normalmente enfrentavam. Eles estavam bem equipados e cheios de energia, ao contrário dos goblins da Cidade Velha que costumavam ser preguiçosos até notarem a party.

Provavelmente são goblins da Cidade Nova.

Um grupo considerável de goblins da Cidade Nova foi exilado para a Cidade Velha, porém esses goblins costumam ser um pouco apáticos. Um exemplo disso era o goblin de armadura que estava com o servo hobgoblin.

Por outro lado, esses caras estavam cheios de energia. Estavam dedicados a alcançar um objetivo específico. Ou estavam seguindo as ordens de alguém. Era essa a impressão que dava.

— Hmph —, Ranta riu, tentando parecer legal.

Mas ele não parece nem um pouco legal.

— Parece que exageramos um pouco aqui, não?

Ninguém o contradisse. É claro que isso incluía Haruhiro.

Ele não tinha disposição para gastar com algo tão inútil. Entrar na Cidade Velha dessa maneira era muito arriscado para eles. Mesmo depois de terem se esforçado para percorrer todo o caminho, teriam que retornar para casa sem conseguir alcançar nada.

-Não.

Eu preferiria que a decisão fosse tomada por nós mesmos. Se eu sugerir agora, parecerá que estou sugerindo que façamos isso por falta de opção, ou algo parecido. Existe uma maneira de abordar isso sem sentido de urgência, mas pode ser uma boa oportunidade para refletir sobre o assunto.

— Ei, que tal tentarmos ir às minas Cyrene? Não é bem no caminho, mas é na mesma direção. Parece que podemos simplesmente desviar de Damuro e continuar para o noroeste.

Ranta estava animado, e Yume, Shihoru, Moguzo e Mary não apresentaram qualquer oposição à ideia.

Assim, o grupo foi mais 4 km a noroeste de Damuro. Tecnicamente, eram apenas 4 km em linha reta. Como era a primeira vez deles, a viagem acabou levando quase duas horas para chegar lá.

As minas da montanha Cyrene.

Ela se parece com qualquer outra montanha.

Parece que essas minas foram criadas há muito tempo, quando o reino humano de Arabakia dominava a fronteira. Depois que o Reino de Arabakia foi expulso pela Aliança dos Reis liderada pelo Rei No-Life King, uma facção de kobolds chamada Bosh, ou algo semelhante, ocupou as montanhas e viveu nas minas desde então.

Quando chegaram ao sopé das montanhas, o grupo pôde ver ao longe o que parecia ser uma entrada para as minas. Parecia um túnel retangular reforçado com madeira.

Havia um pequeno riacho, então eles o seguiram montanha acima e viram um urso. Era um animal selvagem e cauteloso a um nível quase covarde, então eles imaginaram que provavelmente não os atacaria. Entretanto, como não havia garantia disso, decidiram evitá-lo.

Ao subirem a encosta, encontraram o que parecia ser uma trilha de caça na floresta. Ao seguirem por ela, encontraram algumas criaturas humanoides peludas com cabeças de cachorro.

As criaturas carregavam espadas enferrujadas e usavam o que parecia ser os restos esfarrapados de uma cota de malha. Havia dois deles.

Pode-se dizer que foi um encontro casual. Ambos saíram da sombra de uma árvore despreocupadamente e a party também não os esperava, então, por dois ou três segundos, ficaram parados olhando um para o outro sem jeito.

— Kobolds…! — Mary gritou.

Haruhiro, sem querer, gritou — uau! — e deu um pulo para trás.

— Moguzo, vamos…! — Ranta cortou o kobold à direita.

— S-Sim! —  Um pouco depois dele, Moguzo se aproximou do kobold à esquerda.

Haruhiro bateu no peito. – Se calma.

Não. Isso não está certo. É acalme-se.

Oh, droga. Não estou nem um pouco calmo.

— Shihoru e Mary, recuem por enquanto! Yume, apóie o Ranta e o Moguzo…!

— Fwah! — foi a resposta sem sentido de Yume, mas ela ainda avançou com Haruhiro.

Ranta estava em um furioso confronto de golpes com um kobold.

Moguzo estava grunhindo alto e balançando sua espada bastarda com muita energia, mas nem chegava perto de acertá-los.

— Yume, você ajuda o Moguzo…! — Haruhiro gritou.

— Entendido!

Haruhiro mirou na parte de trás do kobold que estava lutando contra o Ranta. Primeiro, ele cuidaria de um deles rapidamente, depois todos se juntariam no restante. Esse era o plano.

No entanto…

— H-Huh…?

O que é isso? Talvez os kobolds sejam fortes? Eles são ridiculamente rápidos?

Ele não conseguia entender aquilo. Não conseguia prever seus movimentos, e eles eram rápidos demais para seus olhos acompanharem.

— Poha! Haruhiro, o que está fazendo…?! — gritou o Ranta.

Enquanto Ranta lutava com o kobold, ele parecia não estar atacando. Na verdade, ele estava sendo empurrado para trás. Na maior parte do tempo, ele estava bloqueando os ataques do kobold com sua espada, incapaz de contra-atacar de forma decente.

E quanto ao Moguzo e Yume?

Não é bom. Não tenho tempo para procurar.

Primeiro, preciso fazer algo com relação ao kobold à minha frente.

— Não fique se mexendo tanto, Ranta!

— Ah, que se dane! Eu tenho meus motivos…!

— Não posso ajudar com você se mexendo tanto!

— Como se eu me importasse! Nossa…!

O kobold se aproximou, travando as lâminas com Ranta.

Que bom. Isso os impedirá de se mover. Agora é a minha chance.

Backstab! — Haruhiro tentou cravar sua adaga nas costas do kobold, mas ele se esquivou.

Essa maneira de se esquivar é tão… O kobold saltou para o lado, desviando a adaga de Haruhiro com um assobio de sua cauda. … não sei… complicado?

— Cara, você é muito inútil, Haruhiro! — Ranta correu atrás do kobold. O kobold respondeu ao seu ataque, pulando para a esquerda e para a direita com passos de dança irritantes.

Esse estilo de movimento. É isso que está nos causando tantos problemas.

Além disso, quando estou atrás dele, sua cauda realmente chama minha atenção. Ela está sempre se movendo, e não consigo deixar de prestar atenção nela.

— …Isso é difícil! — gritou Haruhiro.

Provavelmente não se tratava de um oponente forte ou fraco. Haruhiro e os outros não conheciam esses inimigos. Como seus oponentes atacariam? Como eles se defenderiam? Como eles reagiriam a diferentes situações? Como reagiriam às diferentes abordagens da party? Havia muita coisa que eles não sabiam.

— Se fosse um goblin…! — Haruhiro grunhiu.

Quando ele mirou nas costas do kobold novamente, como sempre fazia, Haruhiro percebeu que era isso.

Em sua cabeça, sempre havia um goblin. Ele estava olhando para as costas do kobold como se fossem as de um goblin. O físico de um goblin. Os hábitos de um goblin. Os processos de pensamento de um goblin. Essas coisas estavam enraizadas nele agora, e ele não conseguia apagá-las.

Será que nos acostumamos demais a lutar contra goblins…?

Smash! — De repente, Mary saltou e bateu com seu cajado de sacerdote no ombro do kobold contra o qual Moguzo e Yume estavam lutando.

O kobold deu um grito e fugiu em uma velocidade extraordinária, latindo à distância.

— Esses são kobolds inferiores. Não devem ser adversários difíceis de forma alguma! — Disse Mary, pressionando o punho de seu cajado de sacerdotisa contra o chão, o que fez os anéis do cajado tilintarem. — Se vocês se manterem calmos durante a luta, tenho certeza de que conseguirão vencer!

Isso mesmo! Pensou Haruhiro. Mary, você é muito legal.

— Calma, não tenho tempo para ficar aqui impressionado! — acrescentou em voz alta.

Haruhiro trocou um olhar com Ranta. Ele não gostava do fato de ele e Ranta se entenderem sem palavras, mas, tecnicamente, eles eram camaradas, então não era difícil para eles entenderem o que a outra pessoa estava pensando em momentos como esse.

Olhe com atenção.

Observe.

Não é um goblin que estamos combatendo. É um kobold. Um inimigo desconhecido. No entanto, ele é apenas desconhecido. Se pensarmos bem, não é como se ele estivesse nos pressionando muito. Isso significa que, como disse a Mary, não é um adversário difícil.

— Ohm, rel, ect, vel, darsh…! — Shihoru lançou seu feitiço — Shadow Beat — com seu característico vruuum. O elemental das sombras, que parecia uma bola de algas negras, atingiu o kobold que havia voltado e estava se aproximando de Yume e Moguzo. O kobold caiu de joelhos, com o corpo inteiro em convulsão.

— Moguzo, agora! — gritou Yume.

Moguzo avançou contra o kobold com um grito. Eles tinham aquele coberto, o que significava que Haruhiro poderia focar no outro.

— Toma! Pegue essa! E essa! — gritou Ranta. Ele estava irritantemente alto, mas, ao contrário de antes, não estava apenas balançando sua espada longa aleatoriamente. Ele estava observando atentamente os movimentos do kobold. Quando o kobold ia para a direita, ele ia para a direita. Quando ele ia para a esquerda, ele ia para a esquerda. Ele não era capaz de agir à frente, mas o kobold não estava correndo em círculos ao seu redor. Ele não estava mais apenas defendendo; ocasionalmente, também podia atacar.

Graças a isso, o kobold não tem atenção para dispensar em outro lugar.

Agora, posso chegar lá.

Atrás dele.

Não se distraia com a cauda. No final das contas, é só uma cauda.

Os goblins são parecidos com os humanos, mas os kobolds se movimentam de forma mais selvagem, parecida com uma fera. Os Kobolds parecem ter pernas fortes. Eles têm elasticidade, o que lhes dá força para saltar. É por isso que eles parecem mais rápidos do que os goblins. Mas quanto tempo levam para fazer as coisas, seu tempo de reação, seus reflexos e tudo mais, provavelmente não são muito diferentes. Quando se trata da flexibilidade de seus corpos, os goblins provavelmente os superam. Se eu olhar com atenção, quando os kobolds se inclinam para a frente, a parte superior do corpo não se move muito. Eles também balançam suas espadas de forma diferente dos goblins. Os goblins usam o corpo inteiro para balançar, mas os kobolds usam apenas os braços. Eles balançam os braços como chicotes. Talvez eles tenham ombros rígidos. Eles provavelmente têm cerca de 1,50m de altura. Isso é um pouco maior do que um goblin, mas o goblin provavelmente balança com mais força.

No entanto, em comparação com os goblins, que usam todo o corpo para grandes movimentos, os ataques dos kobolds são mais compactos. Isso os torna mais rápidos. Se eu lutar com eles como lutaria com um goblin, sempre acabarei agindo mais tarde do que eles.

Embora houvesse muitas diferenças, o kobold nem sempre era superior. Haruhiro e a party podiam enfrentar até cinco goblins simultaneamente. Neste momento, eles estavam enfrentando dois kobolds.

Podemos vencer.

Na realidade, não tem como não sairmos vitoriosos.

 Isso não era excesso de confiança, mas sim a conclusão à qual sua experiência e observações o levaram.

É incrível, pensou Haruhiro. Quando ele se acalmou e começou a acreditar que poderia fazer isso, seu campo de visão se ampliou. Até momentos atrás, ele só conseguia ver o kobold à sua frente e o Ranta, mas agora podia acompanhar os movimentos do resto de seus companheiros.

Obrigado…! — Moguzo cortou um dos kobolds, balançando a espada para baixo na diagonal com toda a força em um — Rage Blow.

Quando o outro kobold perceber isso, provavelmente irá ficar agitado. Foi o que aconteceu. No momento, ele não está atento às suas costas de forma alguma.

Haruhiro prendeu a respiração e lançou todo o seu peso contra as costas do kobold. Claro, ele fez mais do que apenas derrubá-lo. — Backstab. — Ele o esfaqueou com sua adaga. Profundamente, através de uma rasgo em sua cota de malha. O kobold emitiu um gemido. Haruhiro imediatamente saltou para longe dele.

O kobold soltou um grito.

Haruhiro imediatamente se afastou dele.

— Caramba…! — Ranta se aproximou, estendendo sua espada longa. — Anger!

Ela atravessou.

A espada longa de Ranta atingiu o kobold na garganta. O kobold caiu, incapaz de emitir qualquer som.

Haruhiro expirou. — …Vencemos.

— É tudo graças a mim! — Ranta ergueu sua espada bem alto, vangloriando-se.

— Uh-uh, não é —, Yume parecia exasperada. — Não importa como você veja, foi graças à Mary. O que ela disse foi muito legal. “Se você se manter calmo durante a luta, pode vencer”, disse. Isso motivou Yume a continuar.

— P-Pare com isso… — Mary olhou para baixo. Seu rosto estava um pouco vermelho. — … Desculpe-me por me intrometer. Não cabia a mim dizer isso.

— Isso não é…! —  Shihoru falou em voz alta, o que não era comum para ela. — Isso não é… verdade, eu acho. Acho que você não tem nada pelo que se desculpar…

— Sim —, Moguzo assentiu lentamente com a cabeça. — Isso me ajudou a encontrar minha coragem.

— Vocês são todos uns fracos! — Disse Ranta.

Como o Ranta podia ser tão convencido? Haruhiro queria saber o motivo. Seria porque ele era um idiota?

— Não consegue encontrar sua coragem sem alguém dando um discurso motivacional? Você é um lixo, sabia disso? Lixo!

Haruhiro ignorou deliberadamente Ranta, agachando-se em frente aos cadáveres de um dos kobolds. — Vejamos, suas armas e armaduras não parecem valer nada, mas –parece que ele está usando alguma coisa. Um piercing no nariz, acho que é assim que se chama. É feito de uma presa de animal ou algo assim.

Como um sacerdote lamentando os mortos, Mary fez o sinal do hexagrama e depois se agachou ao lado de Haruhiro. — Esses são talismãs. Todo kobold sempre tem um.

— Mas não parece ser tão valioso, talvez.

— Os kobolds que vivem no primeiro nível das minas são como os párias da sociedade kobold. Eles se vestem mal e têm um físico pobre. É por isso que os soldados voluntários os chamam de kobolds inferiores —, disse ela.

— Então, isso significa que os kobolds não inferiores têm talismãs melhores?

— Sim, feitos de pedras bonitas ou de metal. Mesmo os kobolds inferiores ocasionalmente usam moedas de cobre e prata dos humanos para fazer talismãs.

— Estou entendendo. Então, se lutarmos contra um kobold inferior e ele tiver uma moeda de prata ou algo do gênero, podemos nos considerar sortudos —, ele pensou.

Mary estava sendo bastante falante. Só isso já era suficiente para deixar Haruhiro muito feliz.

— Bem, por enquanto vamos pegá-lo de qualquer maneira —, disse Ranta. Ele arrancou o piercing do nariz do cadáver do kobold. — Huh? O que foi?

— Nada…

Eu sei que precisamos recuperar o saque, mas não há formas melhores de fazer isso? Sei que é estranho dizer isso depois de matá-los, mas…

É isso mesmo, não é? Do ponto de vista dos kobolds, somos como invasores.

O que Haruhiro e os outros estavam fazendo era uma matança e, mesmo que ele sentisse alguma dor de consciência por isso, isso não mudava o que ele estava fazendo. Quer ele cortasse gentilmente o piercing do nariz do cadáver ou o arrancasse com violência, no final era a mesma coisa. Não apenas no final, mas durante todo o processo.

Quando ele olhava para Ranta, era como se estivesse olhando para uma imagem de si mesmo sem qualquer pretensão, e isso era difícil de suportar.

Ranta fazia isso sem hesitar, mas Haruhiro tentava manter as aparências. Talvez o modo de pensar de Haruhiro não fosse nada mais do que hipocrisia.

Mesmo assim, quando Haruhiro removeu um brinco que havia sido feito de chifre polido ou algo semelhante do outro kobold, ele tentou causar o mínimo de dano possível ao cadáver. Ele não pensava em mudar seus métodos. Mesmo que fossem seus inimigos, suas presas, havia um mínimo de respeito que deveria ser demonstrado.

Haruhiro se levantou.

— Vamos lá. Para as Minas Cyrene.

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