Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 16 – Vol 02 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 16 – Vol 02

Capítulo 16 – Desejo e determinação

Houve uma mudança visível – ou melhor, não, uma mudança audível – agora.

Tudo ficou quieto.

Haruhiro e os outros estavam escondidos em um curral vazio, sem pigrats ou pigworms. Era um pouco distante de onde eles achavam que Ranta estava, mas havia um grande alvoroço naquela área até pouco tempo atrás.

Agora, algo havia mudado. Quase não havia som algum.

O que isso indicava?

Ranta havia sido pego ou havia escapado?

Se ele tivesse escapado, poderia muito bem ter subido até o terceiro nível. Esse pensamento de repente ocorreu a Haruhiro, preocupando-o porque ele nunca havia considerado essa possibilidade antes.

Se eu fosse mais inteligente, todos os possíveis resultados viriam à mente, e eu seria capaz de escolher rapidamente aquele com a maior chance de sucesso. Ou será que eu seria? Infelizmente, Haruhiro não conseguia imaginar a si mesmo sendo tão inteligente. Ele teria que se contentar com o que tinha.

— Vamos nos mexer. Vamos procurar o Ranta. Nós o encontraremos… — Acho que, provavelmente, Haruhiro quase disse, mas ficou em silêncio.

— Está tudo bem —, disse Mary, dando-lhe um tapinha no ombro. — Haru, você deve lidar com as coisas da maneira que lhe for mais conveniente.

Sim, sim —, concordou Yume e, em seguida, por motivos que Haruhiro não entendia muito bem, deu um tapinha na cabeça dele. — Haru-kun, você é Haru-kun porque ser Haru-kun faz de você Haru-kun.

Não entendo o que você está tentando dizer, ou melhor, parece tão direto que não tem nenhum significado, mas receber um tapinha na cabeça foi agradável, embora embaraçoso, então, bem, acho que está tudo bem.

Moguzo se levantou, pontuando o gesto com um grunhido, como se quisesse se animar.

Shihoru estava respirando fundo para se acalmar.

O grupo entrou em ação.

Primeiro, eles se dirigiram para a área onde achavam que Ranta talvez, potencialmente, estivesse.

Como eu imaginei, não há muitos kobolds, pensou Haruhiro. Ou, na verdade, não há nenhum. Está tudo quieto.

Silencioso demais.

Enquanto caminhavam por um espaço entre os currais dos pigrats e dos pigworms, Haruhiro teve um mau pressentimento.

Não importa o que tenha acontecido, não é certo estar tão silencioso. Será que o Ranta foi pego pelos kobolds?

Haruhiro sentiu uma forte vontade de gritar o nome de Ranta.

Mas não vou fazer isso. Seria estranho. Embora acho que esse não é o problema, né. Seria uma má ideia elevar a minha voz agora.

Pela expressão deles, cada um de seus companheiros parecia ter seu próprio pensamento sobre isso. Eles provavelmente não estavam imaginando um resultado feliz.

— Ainda não sabemos —, disse Haruhiro em um sussurro, depois refletiu que suas palavras poderiam ter sido um pouco mais fortes.

Se eu fosse dizer alguma coisa, deveria ter dito que tinha certeza de que ele estava vivo. Comigo são sempre meias medidas. Fico feliz que meus companheiros me incentivem a ser eu mesmo, mas preciso trabalhar para corrigir meus pontos negativos. Será que sou capaz de fazer isso? As pessoas são capazes de mudar tão facilmente?

Aaaaauuuuuuuuuuuuuu….

— Agora mesmo… — disse Mary, parando em seu caminho.

Yume olhou ao redor da área. — Eles nos encontraram?

— Não —, Shihoru abriu bem os olhos, balançando um pouco a cabeça.

Moguzo desembainhou sua espada bastarda e ficou em posição de combate. — Ranta-kun.

Onde? À nossa esquerda? Eu só ouvi o som característico de kobolds uivando uma vez, mas ele veio daquela direção. Ainda assim, não havia muitos deles – ou eu não achava que houvesse. No mínimo, ainda não se transformou em um grande distúrbio.

O que devo fazer?

Haruhiro começou a correr. — Vamos lá!

Está tudo bem? Posso estar colocando todos em perigo. Tenho certeza de que não estou cometendo um erro?

Se parecer perigoso, vamos recuar. Sim. Ainda não estamos em uma situação crítica.

Fico frustrado por continuar dando desculpas como essa e arrastando os pés. Quero ser um líder decisivo. Posso me tornar um? Se não posso, não tem jeito, mas não me importaria em parecer um. Quero fingir ser decisivo. Sabe, isso é mais legal em alguns aspectos. Tenho certeza de que isso também tranquilizaria a todos.

 

Lá.

Estou vendo kobolds correndo.

São três, talvez quatro. Não, cinco. São cinco. Um ancião, e os demais parecem trabalhadores. Não são números com os quais precisamos nos preocupar.

Os kobolds estavam perseguindo alguém. Ou melhor, eles já tinham alguém cercado. Havia um único humano armado cercado por kobolds.

Esse homem tinha uma espada longa na mão direita e a estava balançando. Ele estava tentando se livrar dos kobolds que o perseguiam, mas não estava indo muito bem.

Ele deu um salto para trás, colocando distância entre ele e os kobolds. Ou pelo menos tentou, mas eles logo o alcançaram.

— Ranta…! — Haruhiro gritou.

Ao ouvir isso, Ranta parecia ter visto um fantasma.

Não, cara, essa frase deveria ser minha, pensou Haruhiro, mas quando pensou nisso, Ranta não havia dito nada. Não é minha frase – Minha o quê, então? Acho que não importa. Não tenho tempo para pensar nisso.

Enquanto Ranta estava parado, depois de ter parado de surpresa, um dos trabalhadores se lançou para cima dele e o empurrou para baixo.

— Whoaa…?! — Ranta gritou.

— Estamos indo salvá-lo agora! — gritou Haruhiro.

Um deles prendeu Ranta. Os outros quatro também estão mirando no Ranta e não estão prestando atenção em nós. Podemos fazer isso.

— Todos atacam! Todos de uma vez! — Quando ele disse isso, Haruhiro já podia ver aquela linha de luz nebulosa. A linha serpenteava da adaga de Haruhiro para um trabalhador e depois para as costas do ancião.

Essa é uma longa linha, pensou Haruhiro.

Mesmo sem pensar ativamente nisso, seu corpo se movia como se estivesse sendo controlado por outra pessoa.

Primeiro, um golpe rápido no trabalhador. Em seguida, ele cravou sua adaga no ancião. Ele não sabia bem como descrever a reação que sentia quando atingia um ponto vital. Era como um aperto no peito.

Sim, eu consegui, ele perceberia quando isso acontecesse.

Enquanto Haruhiro estava fazendo um trabalho rápido em um trabalhador e no ancião, Moguzo estava usando sua especialidade, o Thanks Slash, para cortar um trabalhador. Mary usou seu cajado de sacerdote para atingir outro trabalhador e, em seguida, Shihoru o atingiu com Shadow Beat. Depois que Yume usou um combo em cadeia de Brush Clearer e Diagonal Cross para persegui-lo até um canto, Moguzo usou o Thanks Slash.

— Meu Deus! Maldição! — Ranta ainda estava sendo segurado por um trabalhador.

Haruhiro correu silenciosamente até o trabalhador, agarrou-o por trás e colocou sua adaga sob o queixo dele enquanto o puxava para baixo. Spider.

Healing! — Mary ajudou Ranta a se sentar e imediatamente começou a curá-lo com magia de luz.

Os ombros de Ranta estavam pesados com a respiração pesada. Ele olhou de lado para Haruhiro. — …Não chame o nome de um cara assim do nada. Eu quase morri de choque, seu idiota.

Mesmo assim, ele está em um estado terrível, pensou Haruhiro. Mary começou a curar aquele ferimento no braço esquerdo que parecia bem profundo, mas o rosto dele também está uma verdadeira bagunça, então é difícil ficar muito bravo com ele.

— Desculpe —, desculpou-se Haruhiro com sinceridade.

Ranta se virou e desviou o olhar.

— Ohhh? — Yume deu a volta na direção em que Ranta estava olhando agora, depois arregalou os olhos. — Ranta, você está chorando?

— Não estou!

— Mas seus olhos estão marejados.

— Sim, porque estou com dor por toda parte!

— Não precisa ficar bravo. Somos sortudos por podermos nos ver vivos novamente dessa forma, sabe.

— Eu queria ver vocês! — disse Ranta, depois seguiu apressadamente:

— N-Não! Não, eu não queria! Eu não queria ver vocês de jeito nenhum! Não vocês, seus perdedores! É que, quando pensei que nunca mais veria o rosto de vocês, meu peito, meu peito…

— Que história é essa de seu peito? Parecia que estava sendo despedaçado?

— Cale a boca, tábua!

— Não os chame disso!

— Eu as chamo do que eu quiser! Vou chamá-los assim um milhão de vezes! Tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua, tábua.

— Ei você! — Mary agarrou Ranta pelo queixo. — Cale a boca e fique quieto. Ou prefere que eu não cure você?

Mary estava sem expressão, com a voz firme. Isso fez com que suas palavras tivessem um impacto ainda maior.

— …N-Não. — Ranta se endireitou. — …Me desculpe.

— Você foi repreendido —, brincou Yume.

Ranta apenas fez uma careta para ela, sem se mexer um centímetro. Ele devia estar com muito medo da Mary.

— …Graças… a Deus… — disse Shihoru, curvando-se no chão.

Moguzo soltou um suspiro de alívio, dizendo:

— Sim

De repente, Haruhiro pensou:

Estamos começando a relaxar. É em momentos como esse…

É em momentos como esse que precisamos ser mais cautelosos. Nosso maior inimigo são os erros causados por baixar a guarda.

Haruhiro observou os arredores.

Veja, eles estão aqui. Eles vieram.

Mais kobolds saltaram de um dos currais à distância.

Há dois, não, três deles? Se for só isso, então podemos lidar com eles, mas não há garantia de que parem em apenas três.

— Mary, como está o Ranta? — perguntou Haruhiro.

— Estou quase terminando —, disse ela.

— Vamos sair daqui. Ranta, levante-se. Você consegue correr, certo?

— Pode crer que sim! Com quem você acha que está falando, seu lixo? — Ranta esbravejou.

Quem você está chamando de lixo e que tal uma palavra de agradecimento, cara? Pensou Haruhiro.

Se ele dissesse que não tinha pensado nisso, seria uma grande mentira, mas Ranta era Ranta porque ser Ranta fazia Ranta ser Ranta. Com esse pensamento parecido com o de Yume, ele decidiu deixar passar.

Aaaaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

Como era de se esperar, um dos kobolds uivou, mas Haruhiro e os outros já estavam correndo para longe. Mesmo assim, eles estavam de volta à fuga novamente, então a situação ainda era perigosa. No entanto, era importante não reagir exageradamente.

— Para o terceiro nível! Desculpe, Mary, não tenho certeza se me lembro do caminho! Você nos levará ao poço mais próximo!

— Entendi!

— Ranta, você fica ao lado de Moguzo! Vá na retaguarda!

— Entendi! Mas me irrita ter de seguir ordens de um perdedor como você!

— Pare de reclamar! — Yume estalou.

Yume havia tirado as palavras da boca de Haruhiro, então ele conseguiu evitar ficar muito irritado com Ranta.

Quando Mary dava instruções, elas eram precisas e exatas.

De repente, um pensamento ocorreu a Haruhiro. Talvez Mary quisesse voltar para cá. Talvez ela estivesse repassando a estrutura das minas em sua cabeça, repetidamente, para poder voltar.

Mary havia dito que queria superar algo.

Será que ela tinha algum assunto inacabado ou algo do gênero aqui? Será que ela estava secretamente esperando que, algum dia, conseguisse realizar o que quer que fosse? Seria uma vingança, como seria de se esperar? Ou era…

Eles chegaram ao poço. Depois de mandar as meninas subirem primeiro, Ranta, Moguzo e, finalmente, Haruhiro subiram a escada de corda.

— Eu não vou ficar para trás de novo, ok? — Ranta reclamou, mas não é que Haruhiro não confiasse nele, ele só não queria correr riscos desnecessários.

Os kobolds não os perseguiram até o terceiro nível. Depois de tudo o que aconteceu, eles estavam exaustos, então decidiram descansar em um local onde não havia tantas flores de luz florescendo.

Sim, esse era o plano.

Lá estava escuro. Muito escuro. Tão escuro que eles não conseguiam ver nada. Era como uma piscina de escuridão.

Haruhiro parou.

— …Espere um pouco. Eu ouvi algo, um som.

— …Um som? — Shihoru perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

Haruhiro ouviu com atenção.

Ele podia ouvi-lo.

Click, Click.

Clack, clack.

Click, Click.

Era um som silencioso, mas havia algo se movendo.

Não é um kobold – acho que não.

— Espere aqui —, disse Ranta, dando meia-volta e retornando pelo caminho por onde vieram. Ele logo voltou com flores de luz em suas mãos.

Ranta juntou dois ramos de flores de luz e os jogou no meio da escuridão. As bolas de flores de luz rolaram até os pés deles.

Seus pés.

— Oh! Oh…! — Moguzo gritou, recuando. —…F-Fantas…!

— Aah! — Yume gritou, pulou no ar, abraçou Ranta e imediatamente o empurrou para longe. — O que você está tentando fazer comigo?!

— Foi você quem se agarrou a mim!

— …Poderiam ser… — Shihoru segurou seu cajado com força, sua respiração acelerou. — …E-Esqueletos…?

— Sim. — Mary deu um passo à frente.

Quando ela bateu no chão com o pomo do cajado, ouviu-se um som nítido quando os anéis do cajado tremeram.

— Eles são cadáveres que receberam uma vida falsa e temporária por causa da maldição do No-Life King. Isso é o que eles se tornam quando apodrecem. Esqueletos.

— Não pode ser… — Haruhiro ficou em silêncio, sem saber o que dizer.

Na área iluminada pela luz fraca das flores de luz, ele podia ver que aquelas coisas – não, pessoas – eram mais de uma.

Eram três.

Cada um deles usava suas próprias armas, armaduras e roupas, mas sua pele exposta – não, não havia pele, era osso. O branco levemente amarelado de seus ossos estava aparecendo.

Um deles usava armadura e carregava uma espada. Outro estava vestido de forma semelhante a Haruhiro, carregando uma adaga. O último usava uma túnica de mago e segurava um cajado.

— Faz tempo que não nos vemos —, disse Mary.

Mary estava à frente de Haruhiro, então ele não conseguia ver o rosto dela.

Que tipo de expressão Mary tinha agora? Fosse qual fosse, sua voz não estava tremendo. Ela falou no mesmo tom que usaria para cumprimentar velhos amigos que estava vendo pela primeira vez em muito tempo.

Provavelmente, ela havia se preparado para isso.

Aqui nas minas Cyrene, Mary havia perdido três amigos. Haruhiro nunca a ouvira dizer que voltaria para procurar os corpos. Teria sido impossível realizar um culto adequado para eles. Ela não teve escolha a não ser deixá-los aqui.

E aqueles que morriam nas terras fronteiriças de Grimgar, após cinco dias no máximo, três no mínimo, eram transformados em cadáveres em movimento pela maldição do No-Life King se não fossem cremados.

Mary havia previsto que seus antigos companheiros teriam tido esse fim miserável.

— Michiki. Ogu. Mutsumi. — Mary chamou cada um de seus nomes e depois disse:

— Sinto muito.

— Preparem-se! — Haruhiro gritou.

Isso porque ele tinha visto Mutsumi, a maga, levantar seu cajado. Mas ela era apenas ossos. Tudo o que restava dela eram ossos, então por que ela tinha uma voz?

— …Delm… Hel… Em… — A voz dela era como o som do vento e, honestamente, era assustadora, mas ele não tinha tempo para se preocupar com isso.

Mary gritou:

— Esquiva! — e pulou para o lado. Sem perder o ritmo, Haruhiro e os outros também se espalharam para a esquerda e para a direita.

— …Van… Arve…

Havia vento. Um vento incrivelmente poderoso soprou contra ele.

Não era um vento comum. Era um vento quente.

— Está quente…?! — Haruhiro, por reflexo, cobriu o rosto com os braços.

Mesmo assim, acho que não está quente o suficiente para me queimar. Mas está quente. Ainda está muito quente. Parece que derreteria meus olhos se eles estivessem abertos. Mas acho que eles não vão derreter.

— Vou usar Dispel para libertá-los dessa maldição abominável! —  Ao contrário do habitual, parecia que Mary pretendia se mover ativamente para a frente. — Preciso me aproximar!

Não posso impedi-la, pensou Haruhiro. Mesmo que eu diga a ela para parar porque é perigoso, essa é uma situação que isso não vai funcionar. Preciso deixar a Mary fazer o que ela quiser. Para que isso seja possível, temos que apoiá-la.

— Moguzo, pegue o guerreiro! —, ele chamou. — Ranta, pegue o ladrão!

Com um grito, Moguzo começou a golpear o guerreiro, Michiki.

— Deixe isso comigo! — Da mesma forma, Ranta atacou o ladrão, Ogu.

— Yume! — Haruhiro fez um sinal para Yume com os olhos.

Mary provavelmente estava planejando lançar Dispel em Mutsumi primeiro. Ele e Yume precisavam trabalhar juntos para ajudá-la. Yume imediatamente acenou com a cabeça e lhe deu um — Claro!

— Ohhhhh…!

Ele estava enfrentando um esqueleto, então talvez não adiantasse muito, mas Haruhiro rugiu enquanto atacava diretamente a Mutsumi. Yume estava bem ali com ele.

Se Mutsumi mostrar qualquer sinal de conjuração, eu preciso me esquivar. A magia que ela usou antes provavelmente foi Hot wind. É um tipo de Magia Arve, eu acho. Magia Arve deve ter muitos feitiços de ataque e destruição, então seria ruim se fôssemos atingidos por um deles.

— …Delm… Hel… Em…

Lá vem ela.

Mutsumi desenhou os sigilos elementais com seu cajado e começou a entoar.

Delm, hel, em. Isso era o mesmo de antes. Era a Magia Arve.

— Fujam!

Haruhiro correu para a esquerda, enquanto Yume soltou um grito engraçado e se jogou para a direita o mais forte que pôde.

— …Rig… Arve…

O que é isso?

Algo se acendeu. Chamas.

São chamas. Uma parede de fogo apareceu na frente de Mutsumi.

Firewall! — Shihoru gritou de surpresa e começou a entoar um feitiço.

— Ohm, rel, ect, nemun, darsh…!

O feitiço de Shihoru era Shadow Bond. O elemental das sombras se prendeu ao chão, bem na frente de onde Ogu estava indo. Ogu pisou nele e não conseguiu mais se mover.

— Muito bem, Shihoru! — Agora que estava em vantagem, Ranta redobrou seu ataque.

— Hah, hah, hah, hah, hah, hah…! O que…?!

No entanto, Ogu era um ladrão, assim como Haruhiro. Ele usou sua adaga para desviar a espada longa de Ranta. Ele desviou e desviou.

Teria sido difícil fazer isso contra golpes pesados como os de Moguzo, mas até Haruhiro provavelmente teria conseguido desviar os ataques de Ranta de alguma forma. Talvez o Ranta não conseguisse derrotar o Ogu.

— Murgh! Wahhhh…!

Enquanto isso, Moguzo havia travado as lâminas com Michiki. Eles se empurravam ferozmente para frente e para trás. Moguzo gostaria de usar Wind para girar sua espada em torno da do oponente, mas, como ambos eram guerreiros, cada um conhecia os movimentos do outro, então não era tão simples assim. Por enquanto, não havia dúvida de que Moguzo estava tendo dificuldades.

— O que podemos fazer…?! — Yume estava em pé em frente à parede de fogo.

Mutsumi está do outro lado. Por causa das chamas, não conseguimos vê-la.

— O que você quer dizer com o que… — a cabeça de Haruhiro foi jogada para trás. —Ah…?!

Uma pequena bola de luz atravessou a parede, acertando em cheio o rosto de Haruhiro.  Por um momento, ele pensou que estava morto, mas ainda estava perfeitamente vivo. Não causou mais danos do que um soco, mas doeu mesmo assim.

Isso foi um míssil mágico?!

— Ahh?! — Parecia que Yume também tinha sido atingida.

Feixes de luz estavam girando ao redor.

Tudo o que Haruhiro podia fazer era se afastar da parede de fogo e se esquivar das gotas de luz. Ele nunca havia percebido que a magia poderia ser usada dessa forma.

Um grunhido veio de trás dele.

Será que pegaram o Moguzo…?

Não, parece que ele se esquivou por um triz. Michiki. Essa técnica.

Haruhiro só viu por um instante, mas será que Michiki acabou de dar um salto mortal invertido enquanto balançava a lâmina para baixo?

Isso é uma habilidade dos guerreiros? Então eles também têm esse tipo de manobra acrobática em suas habilidades?

Moguzo imediatamente tentou contra-atacar, mas Michiki rapidamente deu um salto para trás, colocando-os em pé de igualdade novamente.

Esse guerreiro é durão. Michiki. Suas técnicas ágeis são melhores do que as de Moguzo. Eles também podem ser iguais em termos de força.

Em uma luta individual, ele acabará levando a melhor sobre Moguzo. Ele já está começando a empurrá-lo para trás.

Se Moguzo for derrubado, não restará ninguém que possa conter Michiki. Podemos ter a vantagem numérica, mas se cairmos um a um, perderemos. Preciso apoiar o Moguzo.

No momento em que Haruhiro pensou isso, Shihoru lançou um feitiço.

— Ohm, rel, ect, vel, darsh…!

Era o Shadow Beat. O elemental das sombras, que parecia uma bola preta de algas marinhas, atingiu o ombro de Michiki. No entanto, foi só isso que ele fez. Michiki pode ter tremido um pouco, mas não de forma perceptível. Basicamente, isso significava que o Shadow Beat era ineficaz contra esqueletos.

— Shihoru, use o Shadow Bond! — Haruhiro gritou.

No mesmo momento, Ranta gritou:

— Seu feitiço se esgotou aqui!

Quando Haruhiro olhou para o lado, ele viu que Ogu conseguia se movimentar livremente, e Ranta estava encurralado.

A duração do feitiço Shadow Bond deveria ser de aproximadamente 25 segundos. Já haviam se passado 25 segundos? Não, não parecia ser isso.

Haruhiro não conhecia os detalhes, mas havia muitas coisas que poderiam facilitar ou dificultar o funcionamento de um feitiço e, mesmo quando ele funcionava, aparentemente havia maneiras de enfraquecer o poder ou o efeito dele por meio da força de vontade ou sob várias condições.

— Eu estou fazendo isso agora…! Ohm, rel, ect, nemun, darsh…! — Shihoru tentou pegar Ogu com um Shadow Bond novamente, mas talvez tenha sido óbvio demais. Ogu saltou sobre o elemental das sombras no chão, aproximando-se de Ranta.

Durante todo o tempo, havia gotas de luz saindo de trás da parede de fogo e, quando elas apareciam, Haruhiro tinha que se esquivar delas, então…

O que eu devo fazer…?!

— Mutsumi…! — Mary gritou o nome de sua companheira.

— O quê? — Haruhiro ficou chocado com o que viu. Espere, Mary…

O que diabos você está pensando?

Mary avançou em direção à parede de fogo.

De jeito nenhum.

Você vai se queimar.

Se fizer isso, você vai se queimar.

Se ele pudesse detê-la, ele o teria feito, mas não havia como chegar a tempo.

Mary desapareceu além da parede de fogo. — Ó luz! Que a proteção divina de Lumiaris esteja sobre você… Dispel!

Ele ouviu a voz de Mary.

Logo, as chamas se enfraqueceram, desaparecendo rapidamente.

Mary estava agachada no chão.

A seus pés, havia uma túnica e um chapéu de mago e um cajado rolando no chão.

Além disso, havia apenas cinzas.

Haruhiro tentou chamá-la, mas não conseguiu encontrar as palavras.

— Estou bem! — Mary se levantou.

Como você está bem?

Não tem como você estar bem.

Seu cabelo está levemente chamuscado. Seu rosto está um pouco vermelho por ter sido queimado também. Claro, não é só isso. Mary acabou de derrubar um companheiro – alguém que provavelmente era seu amigo também – e ela fez isso com as próprias mãos. Não há como ela estar bem depois disso.

Mas consolá-la terá de esperar.

— Yume! Shihoru! Ajudem o Moguzo! — ele chamou.

— Claro!

— C-Certo.

Tendo deixado o apoio ao Moguzo para as duas, Haruhiro tentou ficar atrás de Ogu. Mas, é claro, seu oponente também era um ladrão. Ogu se movia rapidamente, mantendo Ranta sob controle, e nunca deixava de ficar de olho em Haruhiro para que ele não pudesse ficar atrás dele também.

Ele é melhor do que eu, pensou Haruhiro. Os reflexos de Haruhiro não eram nada comparados aos de Ogu. Mesmo sendo um esqueleto, suas habilidades devem ser as mesmas que quando estava vivo.

Provavelmente, em uma luta direta, Haruhiro não seria capaz de derrotar Ogu. Ele pode ser derrotado facilmente.

Desculpe, Ogu. Peço desculpas por te chamar de Ogu como se fôssemos amigos, mas eu e Mary somos amigos, por isso faço isso. Reconheço que sou mais fraco do que você, Ogu, mas não estou sozinho.

— Ranta! —, ele chamou.

— Sim!

Haruhiro trocou de lugar com Ranta. Em momentos como esse, Ranta era estranhamente rápido em perceber o que ele queria. Ele tinha bons instintos.

Ogu parecia um pouco confuso, como se estivesse procurando por Ranta. Como se dissesse: Você está vulnerável, Haruhiro deu um empurrão em Ogu.

Ogu usou Swat. Em seguida, ele tentou um contra-ataque, então, dessa vez, Haruhiro usou o golpe Swat. Quando ele atacava, o oponente usava o Swat, quando o oponente atacava, ele usava o Swat.

Quando ele usou o Swat pela quarta vez, Haruhiro levou um susto. Ogu mudou o ângulo de sua adaga, fazendo com que Haruhiro quase não conseguisse desviá-la.

Como ele havia pensado, Haruhiro não poderia vencer Ogu. Ele não precisava.

Haruhiro deu um passo à frente, empurrando sua adaga para frente.

Swat era puramente uma técnica para afastar ataques inimigos, uma habilidade defensiva. Então, por um momento, o usuário tinha que focar toda a atenção no ataque do oponente. Com a prática, se tornava um reflexo, quase automático. Talvez até mesmo quando não deveriam.

Ogu usou Swat na adaga de Haruhiro.

— Peguei…! — Naquele exato momento, Ranta surgiu na diagonal por trás de Ogu, acertando a perna direita dele com a espada longa.

Honestamente, Haruhiro estremeceu.

Não combinamos nada disso, então, Ranta, cara, estou impressionado que você fez isso. Na verdade, é meio assustador.

— Ogu…!

Quando a perna de Ogu se partiu em duas e ele não conseguiu mais ficar de pé, Mary correu até ele.

— Ó luz! Que a proteção divina de Lumiaris esteja sobre você… Dispel!

Era normal que ele estivesse observando ou deveria desviar o olhar? Haruhiro não sabia.

De toda maneira, ele presenciou Ogu ser envolto pela luz e, no instante seguinte, seu corpo, ou mais especificamente, seus ossos, se desfazerem completamente. Haruhiro experimentou uma dor profunda no peito. Até teve a sensação de que poderia chorar.

Como foi Mary, que já havia sido sua companheira, quem libertou Ogu de sua maldição, ele pensou que talvez isso fosse uma coisa boa. Mas, de outra forma, ele sentiu que não era nada bom. Era cruel demais para Mary.

Mary se ajoelhou, pegando nas mãos as cinzas que haviam sido de Ogu. Mesmo quando ela as agarrou, elas escaparam de seus dedos.

Mary olhou para baixo, abaixando a cabeça. — Agora é só Michiki.

— Ei! — Não ficou claro o que Ranta estava pensando, mas ele apontou sua espada longa para Mary. — Você nos tem com você agora! Não se esqueça disso!

Não, Haruhiro entendeu o que ele estava tentando dizer. Mas provavelmente havia maneiras mais educadas, ou mais precisas, de dizer isso, e por que ele estava apontando uma espada para ela?

Bem, independentemente disso, Mary ergueu o rosto e disse:

— Sim. — Ela até sorriu ao fazer isso, então talvez estivesse tudo bem.

— Haruhiro-Kuan! — Shihoru gritou.

— Vamos lá! — Haruhiro se virou para encarar Michiki.

Michiki estava lentamente encurralando Moguzo. Parecia que nem Yume nem Shihoru podiam fazer muita coisa. Se Moguzo pisasse em um Shadow Bond, seria um desastre, então talvez fosse difícil.

— Ranta está entrando em ação! — Ranta atacou o flanco de Michiki.

Michiki desviou facilmente o golpe com sua espada, mas isso permitiu que Moguzo, que estava em uma situação muito ruim, recuperasse o fôlego.

Haruhiro decidiu mirar nas costas de Michiki.

Michiki é mais observador que Moguzo, mas não é um Ogu. Ranta continua atacando sem hesitar, e Moguzo pode ser bastante habilidoso e é bom em trabalhar em sincronia com seus companheiros. Nós podemos fazer isso.

Aqui.

Agora é a hora.

Haruhiro agarrou Michiki por trás. Ele era só ossos, então cutucá-lo e esfaqueá-lo com a adaga não ia adiantar nada.

Ele o pegou pelo pescoço. Envolvendo-o com os dois braços, arrancou o crânio de Michiki da coluna vertebral. Logo depois disso, a espada bastarda de Moguzo bateu no braço direito de Michiki.

— Hungh…!

A mão direita e a espada de Michiki voaram pelo ar.

— Ó luz! Que a proteção divina de Lumiaris esteja sobre você…

Mary estava chegando.

Ela levou os cinco dedos à testa, formando um pentagrama. Depois, pressionando o dedo médio na testa, ela completou o símbolo de Lumiaris, o hexagrama.

Mary apontou a palma da mão para Michiki. — Dispel…!

A luz era brilhante, mas de alguma forma parecia triste. Michiki se desfez nos braços de Haruhiro.

A maneira como apenas as coisas que ele estava carregando e suas cinzas foram deixadas para trás, é muito cruel.

No entanto, o mesmo aconteceu com Manato. É a mesma coisa para todo mundo. Quando você morre, é isso que acontece. No final, morrer é isso.

Quando a luz se dissipou, Haruhiro caiu no chão. Ele não conseguia dizer nada. Não conseguia pensar em nada. Nada lhe vinha à mente.

Mary se agachou na frente do que antes era Michiki. Moguzo e Ranta ficaram parados. Yume também. Shihoru segurava seu chapéu, com os ombros erguidos por uma respiração difícil.

— …Acabamos com eles, — disse Ranta.

— Sim, — disse Mary, pegando as cinzas de Michiki e fechando os olhos. — Acabou. Finalmente está feito. Eu fiz o que tinha que fazer. Não teria conseguido sem todos vocês. Obrigada.

— Ele era forte —, disse Moguzo, suspirando. — Ele era forte, aquele Michiki. Eu também preciso ficar mais forte.

Shihoru assentiu com a cabeça:

— …Quero mais poder de fogo. Quero aprender novos feitiços. Eu preciso…

— Humm —, Ranta ficou pensativo. — Talvez eu desenvolva meu próprio super ataque, um que seja bom o suficiente para mim.

Lá vai ele de novo, falando besteiras.

— Yume quer tentar criar um cão-lobo —, disse Yume. — Por uma moeda de ouro, eles a deixarão ter um filhote. Mas parece que leva muito tempo para eles crescerem.

— …O que você fará com ele até lá? — Haruhiro tentou perguntar, só para ver a resposta dela.

Yume inclinou a cabeça para o lado. — Ele não vai se apegar se não estiver com a Yume, então talvez ela tenha que tentar colocá-lo no bolso e carregá-lo assim, hein.

— Será que vai caber? Em um bolso…? — perguntou Mary.

Yume tocou seu bolso da frente. — Mmm, não sei. Talvez seja um pouco difícil de caber. Talvez a Yume devesse comprar uma bolsa para carregá-lo.

Ranta, apesar de ser Ranta, e por ser Ranta, não tendo esse direito, ficou chocado. — Escuta, isso vai ser realmente pesado.

— A Yume é quem vai carregá-lo, então está tudo bem. Ah, já vou avisando que a Yume nunca vai deixar você tocar nele, Ranta.

— Por que não? — questionou ele. — Você poderia me deixar acariciá-lo, pelo menos. Se eu o acariciar, com certeza ele crescerá forte.

— Não vai!

— Ele vai sim!

— Vai! Não!

— Ele vai!

— Uh-uhun, de jeito nenhum!

— Ele vai ficar muito forte, sua idiota!

— Há um ditado que diz que não se deve contar com as galinhas… — Haruhiro disse com uma risada irônica e depois suspirou.

 

(NT: Você não deve fazer planos baseados na expectativa de algo bom acontecer antes de ter certeza.)

 

— Ah, tanto faz.

Temos que ficar mais fortes, hein.

Ficar mais forte.

O que isso significaria para Haruhiro?

Ele tinha desenvolvido diversas habilidades, porém não acreditava que poderia se tornar muito mais forte apenas dessa maneira. Ele percebia que, por mais que treinasse o Backstab e o Spider, havia limites. Além disso, era crucial aumentar sua própria força, mas talvez, ao se desenvolver como líder, pudesse potencializar o poder da party como um todo. Mesmo assim, essa melhoria provavelmente não seria claramente perceptível.

No fim das contas, talvez um papel mais simples fosse o ideal para Haruhiro.

— Mary —, disse ele.

— O quê?

— Você está bem? Não quer, você sabe… trazer uma lembrança, ou algo assim?

— Ah —, os olhos de Mary se arregalaram um pouco, como se tivesse sido pega de surpresa. — Isso não tinha passado pela minha cabeça. Vamos ver. Sim, trarei algo de volta. Quando voltarmos para Altana, terei de contar ao Hayashi também.

— Sim. Você deve contar. Tenho certeza de que Hayashi-san ficará aliviado ao ouvir isso.

— Espero que sim.

Mary começou a examinar o equipamento que Michiki havia deixado para trás. Haruhiro chegou perto de sugerir que ela curasse seus ferimentos, mas pensou melhor. Mary estava verificando com carinho as coisas que Michiki, Ogu e Mutsumi haviam deixado para trás. Ele achava que seria errado perturbá-la.

— …Hoje foi muito cansativo —, murmurou Shihoru.

Yume gentilmente balançou os braços em círculos, dizendo:

— Verdade.

— Não terminou ainda —, disse Haruhiro, advertindo-as severamente. — Não podemos nos acalmar até voltarmos para Altana. Mas acho que não devemos nos deparar com mais nada.

— Eu não teria tanta certeza —, disse Ranta, sorrindo.

Pare com isso. Não seja assim. Quando você diz coisas desse jeito, é assim que nos envolvemos em situações como essa.

Um calafrio percorreu sua espinha.

Haruhiro se virou.

— -Dea…

— Huh? — Ranta também se virou. — Oh…

Moguzo disse:

— Isso é ruim.

— Hã? — disse Yume, com a cabeça nas nuvens.

Shihoru soltou um gritinho curto.

— De jeito nenhum… — disse Mary, as palavras escapando sem que ela quisesse.

Por quê?

Por que agora, de todas as vezes?

Teria sido um problema a qualquer momento, mas agora era demais.

— Corram… — Foi tudo o que Haruhiro conseguiu dizer.

Ele está aqui. Está chegando. Está realmente chegando. Sério? Por favor, pare. Por quê? O que está acontecendo?

Ele possuía uma pelagem manchada de preto e branco, com um corpo enorme que parecia ser quase grande demais para pertencer a um kobold. Em suas mãos, ele segurava uma espada que se assemelhava a uma faca de trinchar, porém era grossa e bem grande.

Death Spots.

O Death Spots ofegava descontroladamente, com sua saliva pingando e se espalhando por toda parte enquanto avançava sobre eles, com um brilho severo em seus dois olhos vermelho-sangue.

Ele tinha três servos que pareciam anciãos seguindo-o, cada um deles usando armaduras e capacetes e carregando espadas e escudos redondos.

Isso não é bom. Não há como vencermos isso.

Mas, e se nos virarmos para fugir? Não, isso também não é bom.

Se mostrarmos nossas costas, eles nos matarão em pouco tempo.

Não quero lutar contra eles, mas temos de fazê-lo. Se vamos lutar com eles, não posso pensar em perder.

Temos de vencer. O que podemos fazer para vencer?

— Desculpe, Moguzo, mas você fica com o Death Spots! — gritou Haruhiro. — O resto de nós cuidará dos outros!

Ele não conseguia ouvir as respostas de todos. Haruhiro estava em pânico. Alguém poderia culpá-lo? Por enquanto, eles tinham que eliminar os servos o mais rápido possível. Tudo começava com isso.

— Ohm, rel, ect, nemun, darsh…! — Shihoru disparou um feitiço Shadow Bond, parando um servo em seu caminho. Graças a isso, Haruhiro se acalmou um pouco.

— Ranta, você fica com um…! Eu e a Yume vamos pegar o outro…!

— Pode deixar!

— Nyaa!

— Eu também vou! — Mary veio com Haruhiro e Yume, com o cajado de sacerdote na mão. Haruhiro estava prestes a impedi-la, mas depois reconsiderou.

Até matarmos os servos, talvez eu devesse deixar a Mary vir conosco na frente. Quando os servos forem abatidos, eu a farei recuar. Sim. Vamos fazer isso.

Obrigado…! — Moguzo usou toda a sua força em um Thanks Slash, mas o Death Spots o derrubou facilmente usando sua arma. Logo depois, ele partiu imediatamente para o contra-ataque. Foi uma série violenta de golpes, com a espada golpeando Moguzo.

Gritando a cada vez, Moguzo estava de alguma forma conseguindo impedir os golpes, mas se falhasse, mesmo uma vez, parecia que o golpe seria fatal, mesmo usando sua armadura.

Haruhiro estava assustado, mas deve ter sido ainda mais assustador para Moguzo.

Ele está resistindo ao terror para bloquear os ataques. De alguma forma, precisamos encontrar uma maneira de aproveitar o tempo. Não, não de alguma forma. Nós com certeza faremos isso.

Dois servos ignoraram o Death Spots que lutavam contra Moguzo e correram em direção de Haruhiro e os demais.

Hatred…! — Ranta avançou em direção ao Servo C, fazendo-o vacilar.

— Vou cuidar desse! — Haruhiro passou por Yume, correndo na direção do Servo B. Mesmo assim, ele não pretendia atacá-lo.

O Servo B balançou sua espada.

Swat.

Ele a desviou com sua adaga.

Enquanto ele desviava e desviava e desviava, Yume e Mary se moveram para os lados do Servo B para flanqueá-lo.

Diagonal Cross!

Smash!

Yume e Mary atacaram simultaneamente de ambos os lados. O Servo B bloqueou com sua espada e escudo, mas sua postura foi quebrada.

Agora. Haruhiro ficou atrás do Servo B e usou Spider.

Agarrando-o por trás, ele levantou a proteção facial do capacete e cravou a adaga no olho direito. Ele girou a adaga, puxou-a para fora e saltou para longe.

O Servo B ainda estava respirando, então Mary deu um golpe violento com seu cajado e Yume o chutou para o chão com um grito.

O Servo B não estava se levantando. Faltavam mais dois.

Ele deveria ir para o Servo A, que estava preso pelo Shadow Bond, ou para o Servo C, que Ranta estava segurando?

Haruhiro se dirigiu ao Servo A sem hesitar. Yume e Mary o acompanharam. O Servo A não podia se mover, então seria fácil.

Com Yume e Mary chamando sua atenção, Haruhiro deu a volta por trás dele. Spider. Ele o eliminou da mesma forma como fez com o Servo B e depois seguiu para o Servo C.

Mas, e o Moguzo? Parece que ele está passando por um momento muito difícil. Agora mesmo, quando bloqueou a espada do Death Spots com sua espada bastarda, parecia que seus joelhos iam se dobrar. Ele conseguiu se recuperar, mas não pode mais resistir sozinho desse jeito.

— Eu posso lidar com esse cara sozinho! — Ranta gritou.

Haruhiro não hesitou. — Estou contando com você!

Eu vou acreditar. Em meus companheiros.

— Mary, afaste-se! — ordenou Haruhiro. Yume e ele se posicionaram ao lado e atrás do Death Spots para pressioná-lo. Mas, em vez de pressioná-lo…

O que é isso? Por que ele parece tão intimidador?

O Death Spots estava de costas para Haruhiro. Não estava nem mesmo dando uma olhada em sua direção. Apesar disso, ele não tinha ideia de como atacar. Não importava como ele atacasse, ele tinha a sensação de que seria inútil.

Quer fosse inútil ou não, ele tinha que fazer isso.

É isso mesmo. Ele tinha que fazer.

Haruhiro tentou dar um Backstab. Esse era o plano. No entanto, quando se deu conta, estava deitado no chão.

O quê?

Talvez, quando tentei me aproximar por trás, o Death Spots tenha me chutado, ou algo assim?

É confuso, mas consigo lembrar que isso aconteceu. Como está o meu corpo? Haruhiro se ergueu. Sinto um pouco de dor aqui e ali, e estou um pouco tonto. Não tenho certeza, mas provavelmente estou bem.

— Toma essa, e essa, e mais essa, e essa, e essaaaa…! — Ranta gritou, derrubando a espada e o escudo do Servo C com um ataque combinado mais rápido do que os olhos podiam acompanhar. Apesar de parecer forçado, ele estava obtendo resultados com o golpe.

Em seguida, Ranta derrubou o capacete do Servo C com a ponta de sua lâmina e, finalmente, enterrou sua espada longa profundamente em sua garganta. — Wahaha! Um vício…!

Mesmo em uma situação como essa, ele está preocupado com o maldito do vício? Preciso questionar sua humanidade, mas ainda assim ele é confiável.

— Agora só falta o Death Spots! — Haruhiro disse corajosamente, alto o suficiente para que todos pudessem ouvir. Ele queria encorajar os outros o máximo que pudesse.

No entanto, ele também duvidava que conseguisse.

O Death Spots estava uivando:

— Awoogahahaha! Awoogahahaha! Awoogahahahahah! — enquanto dominava Moguzo por completo.

Haruhiro, Yume e até mesmo Ranta queriam ajudar Moguzo, é claro. Mas eles não conseguiam se aproximar o suficiente.

Por que não? Será que é por causa dessa aura intimidadora? Será que o motivo é algo tão vago e indefinido como isso?

Não.

Eram os movimentos do Death Spots eram extremamente dinâmicos, parecendo que suas pernas tinham molas quando ele se movia balançando sua espada. Ele nunca parava de se mover, dificultando assim a concentração no alvo.

Ainda assim, ele deve ter hábitos e padrões que segue, certo? Se eu pudesse aprendê-los…

Não, não tenho tempo para me acalmar assim.

— Ohm, rel, ect, vel, darsh…! — Shihoru lançou Shadow Beat.

Seu timing parecia perfeito, mas não teve sorte, hein?

Death Spots balançou sua espada com um latido, cortando facilmente a massa negra semelhante a algas marinhas do elemental das sombras e fazendo-a desaparecer.

No entanto, por um instante, isso criou uma abertura, embora não merecesse ser chamada de abertura.

— Guh…!

Moguzo, que estava na defensiva todo esse tempo, passou para a ofensiva.

Ele já estava começando a se cansar, e devia ter levado alguns ferimentos também, mas se deixasse o Death Spot atacar por muito mais tempo, estava garantido que sua defesa seria quebrada. Ele não tinha escolha a não ser correr um grande risco. Foi isso que Moguzo deve ter decidido. Haruhiro não achava que ele estava errado. Era claramente a única opção. Mas, mesmo que ele fizesse…

— Gwoohahah…!

O Death Spots derrubou a espada bastarda de Moguzo não com sua espada semelhante a uma faca de trinchar, mas, surpreendentemente, com seu braço esquerdo.

Que diabos foi isso? Como isso é justo?

Haruhiro ficou perplexo, mas isso não deve ter sido nada comparado ao choque que Moguzo havia sentido. Na verdade, mesmo que ele não tivesse ficado chocado, o resultado teria sido o mesmo.

Com um — Gahwahahh…! — Death Spots golpeou sua espada no ombro esquerdo de Moguzo. A espada rasgou sua armadura, afundando muito mais fundo do que sua clavícula.

— Moguzooooo…! — Ranta pulou em direção aos Death Spots.

Você está louco. Isso é muito imprudente.

Ranta quase foi cortado em dois pelo golpe de retorno do Death Spots, mas ele gritou e se abaixou, fazendo com que o golpe não o atingisse por um fio de cabelo.

Mesmo assim, isso foi bom. Graças a isso, Moguzo conseguiu rolar para longe do Death Spots. No entanto, ele está sangrando muito e parece ser um ferimento grave.

— Mary, cure o Moguzo…! — Haruhiro não precisava ter dito nada. Mary já estava tentando curar o Moguzo.

Tempo. Tenho que ganhar tempo para ela.

Em algum momento, Yume preparou seu arco e flecha. — Ali! — ela disparou. De relativamente perto.

Ela acertou. Ela atingiu o Death Spots no flanco. O Death Spots uivou de raiva, virando-se para encarar Yume.

— Não desvie o olhar de mim…! — Ranta atacou. Mas o Death Spots desviou facilmente a espada longa de Ranta com sua espada, lançando um ataque feroz contra Yume.

Yume, é claro, fugiu. — Assustador, assustador, assustador…!

Ela largou o arco e usou sua habilidade Pit Rat para rolar e tentar fugir.

Haruhiro estava perseguindo o Death Spots, mas não podia fazer nada. Ou melhor, ele não conseguia nem mesmo acompanhar o Death Spots.

— Droga! — ele gritou.

— Ó escuridão, ó Senhor do Vício…! — Ranta entoou um feitiço. — Demon Call…!

Sabe-se lá de onde, surgiu algo que parecia um torso humano roxo e negro, sem cabeça. Ele tinha dois olhos parecidos com buracos e, embaixo deles, uma boca parecida com um chiclete. Era o demônio Zodiac-kun.

— Agora vá, Zodiac-kun! — ele gritou.

— …Não quero… De jeito nenhum… Keehehehe… Keehehehehehehe… Eehehehehehehehehe…

— Tch, sim, não pensei que isso fosse acontecer…

Que merda você está fazendo, cara? Isso é uma emergência. Haruhiro estava enojado demais para falar. Não que ele tivesse tempo para falar agora.

— Agh…! — Yume levou um chute do Death Spots e foi mandada voando.

— Arrg! Vamos lá, maldito…! — Ranta agarrou Zodiac-kun pelo braço e arrastou o demônio com ele.

Ele também é capaz de fazer coisas assim?

Então Ranta jogou Zodiac-kun no Death Spots. — Pegue isso…!

(Maldito seja você… Maldito seja você, maldito sejaaaaaaaaaaaaa…)

Zodiac-kun colidiu com Death Spots – ou melhor, acabou se agarrando ao rosto dele. O Death Spots puxou o demônio e o jogou longe em pouco tempo, mas, durante esse tempo, Ranta estava se aproximando. — Anger…!

Ele foi para o pescoço. Mas o Death Spots se torceu para sair do caminho, o que significa que a espada longa de Ranta só raspou alguns centímetros de seu pescoço, incluindo o pelo. Dito isso, ainda assim foi um golpe. O sangue não jorrou, mas houve um sangramento.

Legal, pensou Haruhiro. Este não é um inimigo imbatível. Nós podemos vencê-lo. Se fizermos tudo certo, podemos lutar contra ele. Talvez até conseguimos vencer.

Ele só se sentiu assim por um breve momento.

— Fshrrruuuuuuuuuuuuuuuuuu…! — A cor dos olhos do Death Spots mudou. Ele tinha um brilho em seus olhos que era completamente diferente de antes.

— Uwaah…!

Ranta foi pulverizado em um instante.

Mas, agora mesmo – o que aconteceu?

Haruhiro não tinha sido capaz de ver.

O que quer que tenha acontecido, deixou Ranta nocauteado e ensanguentado. O Death Spots está erguendo aquela espada – será que está planejando acabar com o Ranta?

Algo está agarrado ao braço da espada. É de cor roxa escura e os olhos de Haruhiro se arregalaram.

— Zodiac-kun…?!

— Keehehehe… Keehehehehehehehehe… Eekekekekekekeke… Keehehehehehehehehehehe…!

Com um latido, o Death Spots agarrou Zodiac-kun e, como se dissesse Você está no caminho, bateu o demônio contra o chão. Zodiac-kun desapareceu com um assobio, como se estivesse evaporando, mas, graças ao demônio, Ranta sobreviveu.

O Death Spots brandiu sua espada contra Ranta.

Quando isso aconteceu, Moguzo saltou, gemendo de esforço ao parar o golpe com sua espada bastarda.

Se Zodiac-kun não estivesse lá, ou não tivesse interferido com o Death Spots, o que teria acontecido? Provavelmente, Moguzo não teria conseguido. Zodiac-kun salvou Ranta.

Shihoru tinha acabado de ajudar Yume a se levantar, mas Yume ainda estava segurando a barriga. Parecia que ela estava sentindo muita dor.

Mesmo quando Moguzo foi empurrado pelo Death Spots, ele estava tentando afastá-lo de Ranta, que havia caído e não conseguia se mover.

— O Death Spots fica mais forte quanto mais ele é ferido! — Mary gritou, correndo até o Ranta. — Haru! Vou ficar sem magia logo! Mais duas vezes, três se eu forçar, esse é o meu limite!

Haruhiro inalou bruscamente e cerrou os dentes.

Moguzo… Mesmo com Mary curando seus ferimentos, ela não restaura sua energia. Ele já está com falta de ar.

Quanto mais o ferimos, mais forte ele fica? Quanto mais conseguirmos encurralá-lo, mais difícil será para nós, que já estamos encurralados? Que diabos é isso? O que podemos fazer a respeito?

Não há nada a fazer.

Fugir.

É tudo o que podemos fazer.

Mas será que podemos fugir? Se pudéssemos fugir, já teríamos feito isso no início. Não, no começo ele tinha três servos, então a situação mudou. Agora é apenas o Death Spots. Ainda assim, será que todos nós podemos fugir em segurança?

Caso ele nos persiga, é certo que nos alcançará. Se ele nos atacar por trás, não teremos chance. Seria questão de segundos para que ele matasse um de nós. Se alguém morrer em questão de segundos, outros seguirão – Não, não é uma boa ideia. Devemos correr juntos. Esse é o meu desejo, mas não é viável. Teríamos que sacrificar alguns de nós e, mesmo que conseguíssemos escapar, seríamos poucos, no melhor dos casos. Na pior das hipóteses, seríamos todos dizimados.

Uma pessoa. No mínimo, uma pessoa precisa ficar para trás. Uma pessoa atrasará o Death Spots. Literalmente, colocando sua vida em risco. Essa pessoa morrerá. Se uma pessoa morrer, os outros cinco poderão viver.

É a única opção. Eu sei disso. Nós faremos isso. Enquanto eu estiver agonizando com isso, o Moguzo pode ser derrubado. Se isso acontecer, estamos acabados. Será um massacre. Todos morrerão. Seremos eliminados. Não posso deixar isso acontecer.

Tenho de matar uma pessoa. Para salvar cinco. Mas, quem será? Quem vai atrasar isso? Tenho que dizer isso a ele? “Todo mundo vai correr, então cuide dessa coisa enquanto corremos. Por favor, morra.” Para, digamos, Moguzo, por exemplo?

— Okay! — Ranta se levantou. Parecia que ele estava curado.

Haruhiro fechou os olhos. — …Me desculpem, pessoal.

Por ser um líder tão patético.

Não consigo fazer mais do que o que está dentro dos meus limites.

Haruhiro subiu nas costas do Death Spots e o agarrou por trás enquanto ele tentava esmagar o Moguzo no chão. Ele conseguiu fazer isso com uma facilidade surpreendente, mas não o suficiente para ser decepcionantemente fácil.

Porque eu já me resolvi e não sinto mais medo, é isso? Não importa.

Death Spots tentou se livrar de Haruhiro.

Não vou deixar você fazer isso. Não vou deixá-lo ir.

Agarrado desesperadamente, Haruhiro bateu na cabeça de Death Spots com o punho de sua adaga. Ele bateu de novo, e de novo. Enquanto fazia isso, gritava:

— Moguzo, Ranta! Mary, Yume, Shihoru! Enquanto eu o seguro! Fujam!

— M-M-Mas…! — alguém disse, Moguzo, ele pensou, mas não tinha certeza.

— Vão…! — Haruhiro estava frenético. Ele atacou o Death Spots de forma violenta com sua adaga, repetidamente.

O Death Spots ainda era um kobold e sua estrutura corporal o tornava ainda menos capaz de colocar os braços atrás das costas do que um humano. Mesmo assim, ele estava conseguindo golpear Haruhiro com os cotovelos ou algo assim. Não parecia que seria capaz de cortá-lo com a espada, mas conseguiu acertar Haruhiro nas costas e na cabeça.

Ah, Droga. Sinto que vou choramingar. Parece que vou perder o controle antes mesmo de começar a choramingar. Mas não vou soltar.

— Vão fazer com que a minha morte seja em vão?! — gritou ele. — Eu não vou conseguir! Veja como estou machucado! Estou destruído! Por favor, corra! Vamos, estou implorando!

— Vamos! — Ranta gritou.

Oh, Ranta.

Isso é bom, você ser assim. Esse é o Ranta que eu conheço. Estaríamos em sérios problemas sem você na party. Continue arrastando todos com você dessa forma. É algo que só você pode fazer. Estou contando com você.

Por um instante, Haruhiro viu Yume olhando para ele. No entanto, o corpo de Yume estava virado para o outro lado – ela havia acabado de virar a cabeça para trás para olhar. Ela estava se preparando para ir embora. Ele se sentiu aliviado. Se Yume fugisse, ele tinha certeza de que Shihoru também fugiria.

Yume, quando você acariciou minha cabeça, fiquei muito feliz. Shihoru, não arraste suas lembranças do Manato por muito tempo.

— Haru! — Mary gritou seu nome. Vá. Por favor, vá. Sabe, acho que comecei a gostar de você, e quero que você continue vivendo, Mary, então, por favor, apenas vá.

Ele podia ouvir o rugido de Moguzo, sua voz se esvaindo na distância.

Ele podia ouvir o rugido de Moguzo, sua voz se perdendo ao longe.

Isso é bom, pensou Haruhiro. Corra, Moguzo. Você é forte. Sem dúvida, você tem ficado mais forte. Vai ficar ainda mais forte. Moguzo, você é o núcleo do grupo. Todos nós dependemos de você, podemos dizer isso.

Mas, não é mais “nós”, não é?

Porque não farei mais parte do grupo.

Estou completamente sozinho agora.

Não havia como evitar isso, eu mesmo tomei a decisão.

Não poderia ter feito outra escolha. Nunca teria pedido a nenhum de vocês para morrer por mim. Se fosse necessário, preferiria morrer sozinho.

Tenho certeza de que isso está sendo difícil para todos vocês. Vocês não querem me sacrificar para sobreviver, não é? Não quero que pensem assim, mas sei que vão pensar, não é?

Apesar disso, eu quero que vocês superem isso. Não sei como expressar, mas, a menos que vocês consigam superar, não terá valido a pena eu ter realizado essa proeza estúpida.

Michiki. Ogu. Mutsumi.

Se eu morrer aqui, terei o mesmo destino que vocês?

Se isso acontecer, espero que Mary lance Dispel em mim. Por favor, me transformem em cinzas. Quando isso acontecer, será que alguém vai entrar no grupo e ocupar o meu lugar?

Sabe, de alguma forma… Isso me faz sentir incrivelmente solitário e triste. Eu gostaria de não ter imaginado isso. Mas, talvez, eu estivesse no meu limite.

Haruhiro sentiu seu corpo flutuando no ar.

Uh oh.

Ele se soltou.

Ele havia se soltado do Death Spots.

Ele caiu no chão. O Death Spots estava se preparando para fugir. Ele não ia matar Haruhiro? Será que ele planejava deixar o Haruhiro meio morto para trás e perseguir o resto do grupo?

Não. Não, não, não, não, não, não, não, não.

Quanto tempo Haruhiro havia lhes dado? Até onde seus companheiros haviam fugido? Para ele, parecia que havia se passado muito tempo. Mas, talvez não tenha sido tanto tempo assim? Ele não sabia dizer.

— Ei…!

Haruhiro se levantou. O Death Spots não se virou.

Eu não vou deixar você ir. Você achou que eu deixaria?

Não seja ridículo.

–Naquele momento, ele viu a linha.

Não estava embaçada, Haruhiro viu uma linha de luz, clara como o dia, e se moveu.

Estou lento, pensou ele. Por que sou tão lento? Mas não sou só eu, o Death Spots também é lento. Bem, acho que está tudo bem, então.

Consegui alcançá-lo afinal.

É este o local? Nas costas do Death Spots? Deve haver um órgão interno ou algo assim aqui.

Ele se lançou sobre o kobold, cravando sua adaga nele. Ela deslizou suavemente, atingindo o ponto certo.

Haruhiro não duvidou por um momento. Este era o fim.

O Death Spots tropeçou, caindo no chão onde estava.

Por um tempo, Haruhiro enterrou o rosto no pelo sujo do Death Spots, mas eventualmente ele virou de lado.

Quando ele tentou falar, um estranho som de ohhh escapou de trás de sua garganta. Ao tentar tocar seu rosto e pescoço, tudo estava uma bagunça de sangue. Havia também dor. Então, passou por sua mente:

O que farei se me deixarem para trás assim? Eu realmente preferiria que isso não acontecesse. Mas, acho que não consigo me mover.

— Eiiiiii… — Haruhiro conseguiu elevar a voz e chamar por seus camaradas.

Ele acreditava que viriam por ele.

E ele estava certo.

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