Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 04 – Vol 03 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 04 – Vol 03

Capítulo 04 – Não vá com o fluxo

Depois de um dia de trabalho nas Minas Cyrene, a party vendeu seus espólios, jantou e todos correram para a Taberna Sherry.

— Claro, eu vou pegar uma cerveja, como um homem de verdade deve fazer — declarou Ranta.

— B-Bem, eu também, então — acrescentou Moguzo.

— Eu vou de hidromel — disse Haruhiro.

— Ah, eu também — disse Mary.

— A Yume acha que vai escolher limonada. É tão borbulhante e deliciosa.

— …Eu vou de limonada também — Shihoru assentiu.

Logo depois, as bebidas chegaram. Ranta tomou a iniciativa de começar a festa.

— Certo, todos com suas bebidas?! Bom trabalho hoje! Saúde…!

— B-Bom trabalho hoje! — disse Moguzo.

— Bom trabalho — concordou Haruhiro.

— Bom trabalho, pessoal — disse Mary.

— Bom trabalhinho-trabalhinho-trabalho — disse Yume.

— …Bom trabalho — acrescentou Shihoru.

Ranta e Moguzo engoliram suas cervejas de uma vez. Moguzo provavelmente fez isso só porque estava com sede, enquanto Ranta não queria perder para Moguzo.

Haruhiro, bebendo seu hidromel levemente azedo, mas doce, não entendia nada disso. O que é isso? Por que ele é tão competitivo?

— Bwahh! Eu… ganhei…! — Ranta bateu sua caneca de cerâmica vazia na mesa.

O que você vai fazer se quebrar? Haruhiro se perguntou.

— Moguzo! O que você acha disso? Eu ganhei! Wahahahahahaha!

— Uh… certo — disse Moguzo, colocando sua caneca na mesa sem terminá-la. — V-Você é incrível, Ranta-kun. Bebendo tudo de uma vez assim.

— Né? Eu sou incrível, não sou? Você realmente entende, Moguzo — disse Ranta orgulhoso. — Eu não poderia esperar menos do meu futuro parceiro de negócios.

Yume piscou repetidamente.

— Parceiro de piscadas?

— Não, parceiro de negócios… — Haruhiro pelo menos fez um esforço para corrigi-la. — E, espera, que tipo de parceiro seria esse? Um parceiro de piscadas…

De repente, Shihoru soltou um estranho “Hic”. Quando eles olharam, Shihoru estava cobrindo a boca com ambas as mãos e olhando para baixo. Seu rosto estava um pouco vermelho.

— O que houve, Shihoru? — perguntou Haruhiro.

— …N-Não é nada… Nada mesmo… — murmurou ela.

— Wahahaha! — Ranta exibiu um de seus sorrisos irritantes. — Shihoru, aposto que você estava imaginando algo estranho.

— …A-Algo estranho…?

— Não sei o que poderia ser. Não estou equipado com um motor de delírios tão poderoso quanto o seu, sabia?

— E-Eu não tenho um motor assim…!

— Então, isso significa que eu não tenho a mesma energia delirante que você, entendeu? — continuou Ranta.

— Eu não tenho isso…!

— Que acusação feia, Ranta! — disse Yume, segurando Shihoru perto de si. — Shihoru não é assim. Ela não tem nenhum ápice delirante, ou qualquer coisa estranha que você disse, entendeu?

— …Mas você errou as palavras — Mary sussurrou baixinho.

— O quê?! Yume errou de novo?!

Ranta riu, zombando.

— Você erra as palavras com muita frequência, sabia disso? Isso enlouquece as pessoas que te escutam, então não fale por um tempo! Cala a boca!

— Nããão, de jeito nenhum! — Yume retrucou.

— Você não tem o direito de recusar aqui!

— Yume tem a própria opinião dela também!

— Ninguém falou nada sobre você ter ou não ter uma opinião!

— Ranta, você falou!

— Eu disse que você não tem o direito de recusar! Direi-to! De! Re-cu-sar! Você sabe o que é isso?! O direito de recusar!

— A Yume sabe disso!

— É, bem, antes de falarmos sobre o que você sabe ou não, pare de errar as palavras com tanta frequência! Você tem buracos nas orelhas?! — gritou Ranta.

— Ranta. — Haruhiro colocou os dedos nos ouvidos. — Sim, eles estão aqui. Buracos nas minhas orelhas. Todo mundo tem buracos nas orelhas. Ou você é cego? Você tem buracos nos olhos?

— Hããã…? — Ranta percebeu seu erro, mas isso não foi suficiente para fazê-lo mudar de atitude. — Ele deu de ombros sarcasticamente. — Lá vamos nós de novo. É isso. Aqui. Esse é o problema com o líder da nossa party. Ele gosta de criticar qualquer pequeno erro que as pessoas cometem! Além disso, a maneira como ele critica é totalmente maldosa! Que personalidade horrível!

— Você é o último de quem eu quero ouvir isso… — murmurou Haruhiro.

— Se você não quer ouvir, então não aja de uma forma que me faça dizer isso, okay? Mostre um pouco de contenção, tá bom?

— …Ei, Moguzo, —  disse Haruhiro. — Escute, só uma palavra amigável de aviso, mas se você está planejando abrir um negócio com esse porra no futuro, você realmente deveria reconsiderar. Não há como isso dar certo.

Moguzo riu sem graça.

— Um negócio? — Mary perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

Haruhiro contou a ela o que havia acontecido na barraca de comida. — …Então, quando tiverem economizado algum dinheiro e se aposentarem de serem soldados voluntários, Ranta sugeriu a Moguzo que abrissem uma loja de soruzo juntos, sabe.

— Ohh, — Yume murmurou. — Soruzo, é aquela coisa que parece ramen, né.

— Ramen… — Por um instante, Haruhiro sentiu um gosto salgado se espalhar pela sua boca.

Ranta cruzou os braços, pensativo. — …Ramen.

— Ramen… — Shihoru tocou os lábios.

Moguzo se inclinou sobre a mesa. — …Ramen.

— Ramen—Espera… — Mary disse, com um olhar ligeiramente frustrado. — O que era isso mesmo?

— Hein? — Yume olhou ao redor, inquieta. — Ramen é… Hm… Hein? Isso é estranho. Yume, será que ela conhecia isso… de algum lugar? Talvez? O que era isso mesmo? Ahn? Sobre o que Yume estava falando com todo mundo?

Haruhiro coçou a cabeça. — …Sobre o que estávamos falando?

— Sobre ramen — disse Moguzo em um tom firme. — Estávamos falando sobre ramen. Nós… Nós provavelmente sabemos o que é ramen. Isso mesmo. Soruzo, é meio que como ramen. Quando eu comi pela primeira vez, pensei que tinha gosto de algo. Era de ramen que eu estava pensando. Eu não consegui lembrar na hora. Me pergunto por quê. Eu sempre adorei ramen. Ranta-kun.

— Hein? Ahn…? — Ranta perguntou.

— Algum dia, vamos fazer isso. Abrir um restaurante.

— Hã?

— Mas, eu, eu não quero abrir um lugar de soruzo, eu quero fazer ramen. Vou economizar dinheiro, estudar, e quando eu puder fazer ramen que tenha o sabor certo, vamos fazer isso, vamos abrir aquele restaurante.

— Um restaurante… — Ranta sorriu amplamente, abraçando Moguzo pelos ombros. Mesmo sendo o Ranta, esse era um sorriso que não era irritante de se ver. — Sim! Você será responsável pela cozinha e pelo capital! Deixe todo o resto comigo! Eu juro que nos levarei ao sucesso!

— Sim!

— …Cozinhar, tudo bem, mas também o capital…? — murmurou Haruhiro. O quê, você não vai colocar nenhum dinheiro? Haruhiro queria acrescentar, mas ele se sentiria mal fazendo isso depois de ver como Moguzo estava empolgado com a ideia. Eu posso avisá-lo a qualquer momento. Não preciso ser um estraga-prazeres agora. De qualquer forma, isso está muito longe. Provavelmente muito, muito longe.

O ditado sobre os planos mais bem feitos de ratos e homens veio à mente, mas Haruhiro não era tão rude a ponto de dizer para eles pararem de falar sobre isso. Ele achava que as coisas estavam bem do jeito que estavam.

Honestamente, ele estava até um pouco com inveja.

Haruhiro só conseguia pensar no amanhã, talvez três dias no futuro no máximo. Mesmo que ele quisesse pensar além disso, ele não conseguia.

E, tecnicamente, ele tinha algo que precisava decidir nos próximos três dias, que era o máximo que ele conseguia pensar, de qualquer maneira.

— Agora que todo mundo está aqui, há algo que eu queria falar com todos — disse Haruhiro.

Quando Haruhiro explicou rapidamente a proposta—

— Uhuu! — Ranta gritou, levantando o punho no ar com tanta força que parecia que ele ia pular em cima da cadeira. — Temos que fazer isso! Isso nem precisa ser dito, quero dizer! É uma moeda de ouro! Trabalho de ouro! Não fazer isso não é uma opção! O que vamos fazer se não fizermos?!

— …Hrmm… — Shihoru abaixo a cabeça, claramente não muito entusiasmada com a ideia.

É, isso era esperado, pensou Haruhiro. É a Shihoru afinal. Como será que Mary se sente?

Ela estava de olhos baixos, acariciando o queixo, parecia estar pensativa, mas ainda não tinha aprovado a ideia também. Ela provavelmente planejava acompanhar o resto da party. Ela poderia estar tentando ser atenciosa.

Tudo até este ponto estava indo como Haruhiro tinha esperado.

— Yume, — Yume inflou as bochechas, olhando para cima e para o lado diagonalmente. — Ela não se importa muito, talvez?

— …Ah. É mesmo? — Harurhiro perguntou.

— Hm? O quê?

— Ah, nada.

Se Ranta dizia que queria fazer algo, Yume geralmente se opunha. Era assim que geralmente acontecia, mas parecia que as coisas eram diferentes desta vez. Por quê? Haruhiro queria perguntar isso, mas se ele fizesse algo que incentivasse um conflito entre Yume e Ranta, isso não seria muito maduro, e ele não achava que seria certo para o líder da party fazer isso. Mesmo que Ranta fosse um caso perdido, ele ainda era um companheiro, e era melhor não balançar o barco.

Mas, espere, espere um pouco?

Isso significava que Haruhiro era contra, Ranta era a favor, Shihoru era levemente contra, Mary era neutra, Yume também era neutra…

— Eu… — Moguzo parecia mais sério do que nunca.

De alguma forma, isso deu a Haruhiro um mau pressentimento. Esse mau pressentimento estava certo.

— Eu gostaria de tentar… talvez?

— Moguzoooo! — Ranta estendeu o punho em direção a Moguzo. — Isso!

— S-Sim…? — Moguzo perguntou.

— Vem cá! Diz, isso! Isso!

— …Isso?

Quando Moguzo hesitante tocou seu punho no de Ranta, Ranta disse “Isso,” e tocou o punho de volta, depois eles tocaram os antebraços, depois os cotovelos juntos, dizendo “Isso,” finalmente terminando ao entrelaçar firmemente os braços.

— Wahahahaha! Sério! Sério! Esse é meu futuro parceiro de negócios! Nós dois somos da linha de frente, também! Não é exagero chamá-lo de meu parceiro! Somos como dois em um, Moguzo! Você não acha?! Você acha, né?! — Ranta gritou.

— Ah! Hã, sim. V-Você está certo. Hahaha…

— Bom, bom, bom, bom! Ei, Haruhiro!

— Hein? O-Quê?

— Voto da maioria. — Ranta colocou o braço em volta dos ombros de Moguzo, lambendo os lábios. Ele tinha um olhar nos olhos como um carnívoro prestes a devorar sua presa. — Vai, vamos votar.

— Não… — Haruhiro disse.

Espera, espera, espera.

Isso não é bom. É ruim. Eu não gosto de onde isso está indo.

Se Moguzo estava votando a favor, então junto com o voto de Ranta, seriam dois votos a favor. Haruhiro votaria contra, e provavelmente Shihoru também, dando dois votos contra. Os dois votos de Mary e Yume permaneciam incertos.

Se chegar a esse ponto, sinto que Yume vai me seguir, pensou Haruhiro. Mas, quando me pergunto se isso é garantido—não sei. Agora que Moguzo ficou do lado de Ranta, não posso ter certeza.

— Ah— — Haruhiro começou a falar, mas então olhou para Mary e Yume, avaliando-as.

Cara.

Mas então.

Qual é? Elas são a favor ou contra?

Não sei.

— Vamos decidir isso amanhã — ele disse.

— Hããããhhhhhhhhhhhhh?! — Os olhos de Ranta se arregalaram. — Que história é essa de amanhã, idiota?! Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje! Você é um preguiçoso?!

— …Está tudo bem — disse Haruhiro. — Não precisamos nos apressar. Ainda temos tempo antes do prazo. Podemos tirar um dia para pensar melhor, e ainda será tempo suficiente para decidir depois.

Mary levantou a mão para apoiá-lo. — Acho que é uma boa ideia.

Ela é como uma deusa. Ela parece radiante. Ah, acho que ela sempre é assim.

— Bem… — Yume deitou-se na mesa. Ela só havia bebido limonada sem álcool, mas estava agindo como se estivesse embriagada. — Yume concorda com a Mary, talvez. Deveria estar tudo bem, não?

— …S-Sim — Shihoru assentiu. — …É uma boa ideia. Também acho que sim.

Parece que Moguzo também não tinha objeções. — É, você está certo. Está tudo bem. Não há pressa.

— Vocês…! — Ranta gritou.

Ranta mal consegue se conter, mas e daí. Por enquanto, parece que eu posso lidar com isso. Haruhiro suspirou aliviado, olhando ao redor da taberna.

Sherry tinha o mesmo público de sempre. Em outras palavras, estava cheia de soldados voluntários.

Entre eles, deveria haver um bom número que já tinha aceitado a ordem e participaria da Operação serpente de Duas Cabeças. Talvez seja uma boa ideia reunir informações.

— …Eu não sou muito bom em fazer esse tipo de coisa — Haruhiro murmurou.

Honestamente, eu preferiria não falar com estranhos. Sei que não posso me dar ao luxo de dizer isso agora, mas mesmo assim.

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