Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 03 – Vol 03 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 03 – Vol 03

Capítulo 03 – Uma história de sonhos impossíveis

— Acoooorda!

— Waah?! — gritou Haruhiro.

O quê?! O que aconteceu?! Um incidente? Um acidente? Um desastre natural? Um desastre causado pelo homem?

Foi um cotovelo.

Haruhiro foi despertado bruscamente quando Ranta, o idiota, o acertou forte no plexo solar com o cotovelo.

— …P-Por que fez isso do nada?! Que inferno, cara! Não faça isso! Só posso tolerar até certo ponto das suas idiotices! — ele gritou.

— Heeein? Por que está tão bravo, Haruhiro? — perguntou Ranta. — Você estava dormindo o dia todo, então eu decidi ser um cara legal e te acordar gentilmente, sabe?

— Eu não consegui dormir noite passada! Tem algo de errado com isso?!

— Tem sim! Por isso estou falando sobre isso, dã! — disse Ranta.

— O que poderia estar errado com isso?! — exigiu Haruhiro.

— Quando eu me dei ao trabalho de voltar correndo aqui para te dar uma informação extra especial que eu ouvi, você estava roncando como um bebê, isso está errado!

— U-Um, Ranta-kun… — começou Moguzo.

— Sai daqui, Moguzo! Fique calado! Isso é entre eu e Haruhiro! Até resolvermos isso, nenhum de nós pode seguir em frente! É uma questão de acertar as contas como homens! Ai, Haruhiro! Vamos resolver isso aqui e agora!

— …Resolver o quê? — perguntou Haruhiro.

— Hã?! Você sabe o quê! Aquela coisa! Uh, basicamente… O que era mesmo?

— Como vou saber? — suspirou Haruhiro, sentando-se. Cada vez que se movia, o beliche rangia. Olhando para cima, ele viu o teto familiar da casa de alojamento dos soldados voluntários.

— Então — Haruhiro se virou relutantemente para Ranta. — Qual é essa informação extra especial?

— Isso mesmo! — Ranta sorriu.

Que expressão incrivelmente irritante. Como ele consegue irritar tanto as pessoas com um simples sorriso? É praticamente um talento.

Claro, é o pior e mais horrível talento de todos.

— Você não acordou na hora de sempre, e o Moguzo disse uma coisa estúpida sobre esperar e deixar você acordar sozinho, então eu fiquei com muita fome e fui à padaria. Sim, a padaria. Sabe onde é? Padaria do Tattan, logo fora da Cidade Oeste. Bem, quando eu fui lá, havia um monte de soldados voluntários. Eles estavam falando sobre isso. Agora, aposto que você quer perguntar o que é esse “isso”, certo? Bem, calma aí. Há uma ordem adequada, uma sequência, para tudo isso. É assim também nos encontros, não é? Oh, talvez seja cedo demais para você entender isso. Você ainda é só uma criança, afinal. Quero dizer, é bem óbvio que você ainda é virgem. Eu, claro, não sou. Eu sou o rei do sexo. É como dizem, candidatos experientes recebem tratamento preferencial. Você me entende? Com a minha técnica incrível, eu deixo aquelas gatinhas em um frenesi extático.

— …Okay, você poderia me avisar quanto tempo vou precisar ouvir suas baboseiras antes de chegar ao ponto? — perguntou Haruhiro.

— Não é baboseira — insistiu Ranta. — A única coisa que sai da minha boca é a verdade. Em outras palavras, tudo é fato.

— Então, qual é a informação extra especial? — perguntou Haruhiro.

— Antes disso, cara, desça daí. É extremamente desagradável ter que olhar para cima para falar com um cara que eu acho que está abaixo de mim.

Sim, era um beliche, mas não era tão alto. O nível superior estava na altura do ombro de Ranta, que estava de pé no chão. Mas, com Haruhiro sentado na cama, ele estava olhando para baixo para Ranta. Pode não ter sido especialmente agradável fazer isso, mas também não era ruim.

— Não quero.

— Que tal você tentar morrer então? Hein? — explodiu Ranta.

— …Cara, você reclama de cada coisinha — murmurou Haruhiro.

— Hein? Você acabou de dizer alguma coisa?

— Sim, disse — respondeu Haruhiro, irritado. — Disse que você é como um inseto incômodo. Uma mosca talvez?

— Seu idiota! Eu não sou um inseto incômodo, sou um benéfico!

— O quê, você não se importa de ser um inseto?

— Hã…?

Cansado da discussão inútil, Haruhiro desceu do beliche, sentando-se na estrutura do beliche inferior.

— Então? Qual é a informação extra especial? — perguntou. — Espere, quantas vezes vou ter que fazer essa mesma pergunta antes de conseguir uma resposta?

— Não tente conseguir coisas sem trabalhar por elas — disse Ranta. — Agora eu pareço um velho!

— Hah, hahaha… — Moguzo riu, fazendo com que Ranta abrisse um sorriso.

— Você entende, Moguzo. Diferente do Haruhiro aqui. Você entende o que torna uma piada engraçada. Haruhiro é um caso perdido. Ele não entende nada.

Haruhiro fez o possível para afastar os sentimentos sombrios que começavam a nublar seu coração.

— Então? Qual é a informação extra especial?

— Você está se repetindo, Haruhiro-kuuuun — disse Ranta.

— Então? Qual é a informação extra especial?

— Oh! Lá vem de novo! Você está se esforçando agora.

— Fala logo, maldito! — Haruhiro saltou, agarrou Ranta pelo pescoço e começou a estrangulá-lo. — Diga-me! Fala logo! Enquanto eu ainda estou me segurando!

— V-Você não está se segurando…! Ai! Isso dói! Para— Você está tentando me matar?! Tudo bem! Eu falo! Eu falo, ok! Ok?! É uma ordem! Tem uma ordem!

— Uma ordem…? — Haruhiro trocou olhares com Moguzo.

A barriga de Moguzo roncou. Seu rosto ficou profundamente vermelho.

— Ah. D-Desculpe. Estou com fome…

— Não, não precisa se desculpar — disse Haruhiro. — Você não pode evitar ficar com fome. Olha, por acaso temos um pouco de pão aqui, então por que não comer?

— Eu comprei isso, você sabe! — gritou Ranta. — Na Padaria do Tattan, o lugar barato perto da Cidade Oeste! Eu comprei o pão, então é todo meu!

Ranta estava sendo pão-duro, então Haruhiro e Moguzo decidiram ir tomar café da manhã. Talvez ele não quisesse ficar sozinho, porque Ranta os acompanhou, beliscando pão. No caminho, ele explicou o que era uma ordem, agindo como se o conhecimento o tornasse importante de alguma forma.

Segundo Ranta, as ordens eram emitidas para soldados voluntários pelo Esquadrão de Soldados Voluntários da Fronteira de Altana. No entanto, apesar de serem chamadas de ordens, ninguém era obrigado a segui-las. Os soldados voluntários decidiam por si mesmos se aceitavam ou não. Dito isso, se alguém adequado para o trabalho escolhesse não aceitar sem uma boa razão, isso tendia a fazer com que outros soldados voluntários olhassem para eles com desdém.

Bem, isso só significava que, se houvesse uma ordem que eles pudessem cumprir, era melhor aceitá-la e cuidar dela rapidamente.

Claro, havia uma razão mais concreta para aceitar uma ordem.

Dinheiro.

A recompensa por uma ordem consistia em um pagamento adiantado e outro pagamento na conclusão. Assim que aceitavam uma ordem, um soldado voluntário podia coletar o adiantamento. O restante seria pago se e quando a tarefa fosse concluída com sucesso.

Se embolsassem o adiantamento, mas não trabalhassem na ordem, haveria uma multa. Se o soldado voluntário em questão fosse julgado como tendo agido de má-fé, seria convocado ao escritório do esquadrão de soldados voluntários. Se não respondesse à convocação, uma recompensa seria colocada em sua cabeça, tornando-o um alvo para caçadores de recompensas.

Aliás, o trabalho de capturar recompensas era tratado como uma ordem. Às vezes, havia recompensas colocadas em criminosos ou comerciantes desonestos, e havia alguns soldados voluntários que preferiam o trabalho de caçadores de recompensas, perseguindo esses alvos.

A compensação para essas ordens não era dada em dinheiro, mas em um certificado de pagamento militar usado pelo Exército da Fronteira. Esses certificados eram chamados de “vales militares” e eram pequenas fichas feitas de cobre. Basicamente, era como um promissório. Os vales militares podiam ser trocados por dinheiro na Companhia de Depósitos Yorozu ou usados como dinheiro em negócios que tinham contrato com o Exército da Fronteira ou o Esquadrão de Soldados Voluntários.

Enquanto Ranta explicava tudo isso, Haruhiro e Moguzo decidiram ir à vila de barracas de comida perto da cidade dos artesãos para comer um prato de macarrão chamado soruzo.

A vila de barracas estava movimentada com artesãos mesmo cedo pela manhã, e naquela hora do dia, estava ainda mais animada do que o mercado no distrito norte. Soruzo era um prato de carne mergulhada em um caldo salgado com macarrão amarelo feito de farinha de trigo. Haruhiro não achava que era tão bom no início, mas parecia estranhamente familiar para ele, e então começou a comer às vezes. Depois de um tempo, ele se viciou na comida, e agora achava realmente saborosa.

Enquanto Haruhiro e Moguzo sopravam seus macarrões para esfriá-los, Ranta, que havia estado beliscando seu pão, finalmente cedeu à tentação e pediu uma tigela também.

— Humm…! Isso é uma delícia! Soruzo é incrível!

— Ah, você está exagerando… Além disso, seu nariz está escorrendo, Ranta, — disse Haruhiro.

— Claro que está escorrendo! Vai escorrer mesmo! Haruhiro! Não entende?! Esse soruzo é perfeito!

— S-Soruzo é mesmo gostoso, né, — disse Moguzo, já começando sua segunda tigela.

—Não.

— …Moguzo, se eu estiver errado, essa é a sua segunda—Não, terceira tigela? — Haruhiro perguntou.

— É, sim. É fácil de comer, sabe, então eu acabo devorando bem mais rápido…

— Gahahaha! — Ranta riu. — Bom trabalho, Moguzo! Você não é meu rival à toa! Mas… Eu também vou entrar na briga! Para a segunda  tigela! Meu nobre! Me vê outra!

— Já vai!

— Bem, tudo bem se você quer… — Haruhiro pegou o macarrão com seu garfo de madeira e lentamente os levou à boca.

Certo, é gostoso. Mas é de manhã. Não posso devorar a comida assim. Seria pesado demais para o meu estômago.

— Mesmo assim, Moguzo, isso é delicioso e tudo mais, — disse Ranta, — mas sabe? Se tentássemos fazer isso nós mesmos, aposto que conseguiríamos, não acha? Hein?

— Hã…? Ah, sim, uh… Não tenho tanta certeza… A sopa pode ser um pouco difícil…

— Não, cara, nós conseguiríamos, — disse Ranta. — Isso é fácil. Basta colocar vários ingredientes em uma panela. Depois é só ferver, e com certeza vai sair com um sabor bom.

— Não… Não acho que seja tão simples…

— Você acha? Parece que podemos fazer isso. O que tem nessa sopa?

— Vamos ver, provavelmente ossos de frango… Gordura de porco também, talvez. E então há os vegetais… Tem cebolas e cenouras aqui.

— Oh? Bom trabalho em descobrir tudo isso, Moguzo. Eu, nem fazia ideia, sabe?

— …Estou impressionado que você disse que poderia fazer isso, então, — Haruhiro fez uma observação para Ranta, mas ele foi ignorado, como era de se esperar.

Estou bem com isso, disse Haruhiro para si mesmo. Sério mesmo.

Moguzo levou sua tigela aos lábios e bebeu a sopa, franzindo a testa. — …Realmente. Se você adicionar alho, e talvez gengibre… Pode dar um sabor mais satisfatório.

— Ohh? Ohhh?! — exclamou Ranta. — Morguzo, podemos fazer isso, não acha, meu parceiro? Quando ganharmos algum dinheiro, que tal abrirmos um restaurante?

— Ah, hahaha… Mas somos soldados voluntários e tudo mais…

— Meu parceiro, não se preocupe com essas pequenas coisas! — declarou Ranta. — Se estivermos ganhando dinheiro, não importa qual seja o trabalho. Além disso, não podemos ficar nesse mundo violento para o resto de nossas vidas. Eventualmente, vamos nos aposentar e então teremos que começar uma nova carreira. Sabe o que é isso? Uma nova carreira. É uma segunda, ah, você sabe. O que é? Hm, é uma segunda… carreira, isso mesmo.

— Você só disse a mesma coisa de novo. —Haruhiro disse de forma prestativa.

—  Cale a boca, Haruhiro. Só cale a boca. Sério. Sério. Você pode sumir! Estou tendo uma conversa importante com Moguzo aqui! De qualquer forma, e aí, Moguzo? Quer fazer isso comigo? Loja de Soruzo do Ranta e Moguzo. Vamos dividir os lucros setenta para mim, trinta para você… é o que eu gostaria de dizer, mas estou disposto a dividir cinquenta a cinquenta. Vamos começar a estudar agora, para estarmos prontos quando a hora chegar. Que tal? Hm?

— Um restaurante, hein? — Moguzo parecia não estar totalmente contra a ideia. — Pode ser interessante. Fazer algo assim. Comparado a lutar… Bem, parece mais fácil pelo menos. Vou pensar sobre isso.

— Isso mesmo! Pense nisso! Seja super positivo! Vamos ganhar tanto dinheiro! Uma fortuna! Vamos abrir uma rede inteira de restaurantes! Primeiro, começamos com dez locais em Altana! Nosso objetivo será ter 1.700 em todo o Grimgar! Você e eu podemos fazer isso também! Bem, ainda está longe, porém! — Ranta sorveu barulhentamente sua sopa de soruzo e soltou um arroto fedorento e satisfeito. — Então! Finalmente, acho que é hora de eu falar sobre a missão! Você está mentalmente preparado? Posso começar? Estou preparado, não me diga o contrário neste estágio do jogo.

— Você está sendo extremamente irritante, então só diga logo… — murmurou Haruhiro.

— Haaaaruhiroooo! Quando você chama as pessoas de irritantes, você está sendo cem! Não, mil, dez mil, não, não, não, quinhentos milhões de vezes mais irritante! Entenda isso de uma vez por todas!

— É, é.

— Você só precisa dizer ‘é’ cem vezes, — disse Ranta.

— É— Espera, cem vezes?! Isso é demais!

— Não me subestime! Surpreender brilhantemente é o que eu, Ranta-sama, faço!

— …Até o Moguzo está rindo, — disse Haruhiro.

— F-Foi mal —, murmurou Moguzo. — É só que, dessa vez foi engraçado…

— Moooooguzoooo! O que quer dizer com ‘dessa vez’?! Não é só essa, são todas! Eu sou sempre engraçado! O rei comediante errante, Rantaman, é assim que me chamam! Se você duvida do meu senso de humor único, mesmo sendo meu futuro parceiro de negócios, não vou conseguir te perdoar!

 

(NT: “Rantaman” é um trocadilho que combina “Ranta” com o sufixo “-man”, que é uma forma comum em japonês para criar nomes de personagens que têm uma habilidade ou característica especial, muitas vezes associados a heróis ou figuras de destaque.)

 

— Único? — perguntou Haruhiro. — Isso não parece nada especial para mim.

— Haaaaruhiiiiro-kuuuun… — disse Ranta.

— …O que é essa forma de dizer meu nome? É bizarro.

— Eu quis dizer um em cem milhões, mas acabei falando só um em cem. Entendeu agora?

— Bem, se for assim, tudo bem. Agora, fale sobre a missão. Isso não está indo a lugar nenhum.

— Isso é culpa sua! — Ranta gritou.

— Não tente me colocar como o vilão…

— Você é o vilão!

— Chega de discussão, fale logo! Qual é a missão atual?! — Haruhiro exigiu.

— Hahahahahaha! Não se choque, ok?! — Ranta se levantou de repente, balançando os braços, imitando… cobras? Ou algo assim… com eles. — É isso!

— …Não, não tem como eu adivinhar o que é só com isso — Haruhiro comentou.

— É uma cobra de duas cabeças! — Ranta fez a cobra da mão direita cumprimentar a cobra da mão esquerda. — A operação para retomar a Fortaleza de Observação Deadhead e a Fortaleza de Ferro Beira Rio, codinome: ‘serpente de duas cabeças’! Participar dessa operação, não há segredo, é a missão! Bem, o prazo para ir para Beira Rio já passou, e dizem que essa é uma missão para equipes experientes, então, se formos participar, vamos para Deadhead. O pagamento inicial é de 20 pratas, com mais 80 na conclusão, totalizando uma moeda de ouro! E isso é para cada um de nós, okay?! Isso é incrível!

Os olhos de Moguzo se abriram e ele exclamou: Oooh…

— Uma moeda de ouro… — Haruhiro achou que era uma quantia alta. Mas, ao mesmo tempo, lembrou-se de que, quando perderam um companheiro, Renji havia se aproximado e lhe dito: “Dinheiro de consolação. Pegue.” E lhe entregado uma moeda de ouro.

Renji deve ser rico, pensou Haruhiro, embora fosse tolo ficar pensando nisso.

— Agora, Deadhead — Ranta disse, sentando-se novamente — está aqui. Ele apontou para um lugar na mesa. — …Talvez aqui? Talvez ao redor daqui? Ou poderia ser por aqui?

— Não vai dar para qualquer lugar? — Haruhiro perguntou.

— Bem, sim. Mas, sabe. É uma fortaleza orc a 6 km ao norte de Altana. Quando digo 6 km, parece bem perto. Ou melhor, é realmente perto. Claro, nosso Exército da Fronteira já atacou a fortaleza muitas vezes, e até mesmo a tomou no passado. No entanto, nunca conseguem mantê-la por muito tempo. E sabe por quê?

— Hmm… — Moguzo cruzou os braços em pensamento, inclinando a cabeça para o lado. — …Porque eles não têm coragem… ou algo assim? Não é isso, né…

— Claro que não é isso! Não, não! A resposta é, mais ou menos aqui… — Ranta apontou para um lugar perto da borda da mesa. — Fortaleza Beira Rio. Esta fortaleza está a cerca de 40 km a oeste de Deadhead, na margem de um rio largo, e se você subir mais um pouco, vai encontrar o território do antigo Reino de Nananka. Você sabe o que é? Não, aposto que você não sabe. O antigo Reino de Nananka. Significa orcs, cara, orcs. Hoje em dia, há um país cheio de orcs lá. Então, eles podem viajar de barco e levar suprimentos e tropas. Deadhead é uma fortaleza pequena, mas quando o Exército da Fronteira ataca, eles levantam sinais de fumaça ou algo assim. Quando fazem isso, reforços são enviados de Beira Rio imediatamente.

Haruhiro franziu a testa. — Mas são 40 km de distância.

— O exército orc tem o que eles chamam de dragões — Ranta disse, assumindo uma pose engraçada.

Isso é para ser algum tipo de animal? Um polvo? Não.

— Eles chamam de dragões, mas não montam dragões, eles montam esses lagartos enormes — Ranta explicou. — Os grandes lagartos são chamados de dragões-cavalos. Eles são incrivelmente rápidos e podem fazer o trajeto de Beira Rio até Deadhead em até uma hora.

— Ah — Moguzo bateu o punho direito na palma da mão esquerda. — É por isso que estamos fazendo os dois ao mesmo tempo?

— Pensamento astuto, exatamente o que eu esperava do meu parceiro de negócios. — Ranta tentou estalar os dedos, mas eles não fizeram barulho. Tentou novamente algumas vezes, mas não conseguiu.

Parece que ele finalmente desistiu.

— …Droga — Ranta murmurou. — Maldita pele seca.

Haruhiro suspirou. — Não tente culpar sua pele…

— Não se intrometa em tudo, nem mesmo quando eu estou culpando minha pele! O que você é? Minha esposa?!

— Então, continuando… Onde estávamos? — Haruhiro perguntou.

— Ignorando-me, hein?! Você tem coragem, camarada!

— Fortaleza de Ferro Beira Rio, não era? E Fortaleza de Observação Deadhead, estão atacando os dois ao mesmo tempo… Espera, de alguma forma, isso quase parece uma guerra, não acha?

— …Tch. Você insiste em me ignorar. Haruhiro, você não sabia? Nós humanos estamos em guerra com os orcs, os mortos-vivos e outros há muito tempo.

— Bem, eu tinha uma sensação vaga disso. Mas não parecia que estávamos indo com tanta intensidade, sabe?

— Quando surge a oportunidade, atacamos com tudo — disse Ranta. — Não faz tanto tempo assim, um monte de orcs entrou em Altana, esqueceu?

— Ah… Ish Dogran? Foi isso? O cara que Renji solou.

— Isso mesmo. Aparentemente, isso começou como uma vingança. Foi o que desencadeou tudo. E então, se vamos fazer isso, ao invés de apenas incomodá-los, é melhor tomarmos a fortaleza de uma vez por todas, é o que eu penso. Nós tomamos Deadhead várias vezes no passado, mas eles sempre a retomam rapidamente. Beira Rio que é responsável por isso. Então, não vamos cometer o mesmo erro novamente.

Ranta fala sobre isso com um tom condescendente, como se dissesse: “O Exército da Fronteira aprendeu com seus erros, wahahaha.” Mas, quanto mais ouço, mais claro fica que isso é uma guerra.

— …Não é meio perigoso? — perguntou Haruhiro. — E, espera, nós não vamos atacar apenas com voluntários… não tem como ser isso, né?

— Obviamente, o Exército da Fronteira nos acompanhará, ou melhor, eles são a força principal e nós os acompanharemos — Ranta resmungou. — Os voluntários estão lá para dar suporte. Tente pensar um pouco. Você é um idiota? Não fique só olhando com esses olhos sonolentos, Haruhirion.

— Não fale dos meus olhos. Vou te esfaquear pelas costas. E pare com esse negócio de Haruhirion.

— Haruhirion não sabe brincar, vejo eu.

— Há, cara…

— É-então — interrompeu Moguzo. — Q-Quantas pessoas vão participar disso…? Tipo, números.

— Números? — Ranta passou o polegar pelo queixo. — Deixe-me ver, em Deadhead haverá uns quinhentos ou seiscentos do Exército da Fronteira, disseram. Quanto aos voluntários, serão uns cem, talvez cento e cinquenta. Beira Rio é uma fortaleza difícil, então eu espero que a batalha seja bastante intensa. Ouvi dizer que os Day Breakers de Soma, os Berserkers de ‘Red Devil’ Ducky, os Iron Knuckle de ‘One-on-One’ Max e os Orion de Shinohara vão participar. Honestamente, isso é uma loucura. “Se você não tiver confiança nas suas habilidades”, parece que estão dizendo, “se você vier, vai morrer, então não venha, você só vai atrapalhar.”

Sinto que entendo porque Ranta está agindo como se isso fosse fácil, pensou Haruhiro. Ranta está subestimando a situação, deve ser isso. Ele acha que tomar a Fortaleza de Ferro Beira Rio será difícil, mas que Deadhead cairá facilmente. Na verdade, ele provavelmente acha que venceremos no momento em que começarmos o ataque.

— Então é isso disse — Ranta, fazendo com que suas “cobras de mão” simulassem mordidas. — Uma moeda de ouro! Temos que fazer isso, com isso em jogo! Está decidido! Sim! Vamos nos inscrever já! Faltam três dias até o prazo final, mas você conhece aquele provérbio sobre bater enquanto o ferro está quente, certo? Ou seria uma expressão idiomática? Bem, seja como for, é algo que dizem, e eu digo que vou ao escritório agora mesmo e—

— N-Não pode fazer isso — interrompeu Moguzo, impedindo Ranta antes que Haruhiro pudesse ter a chance. — …N-Nós temos que deixar todo mundo opinar primeiro…

— Wahhh? Quem se importa com isso? É só dizer: “Vamos fazer isso, ok, vamos lá,” e elas vão acompanhar. Elas nem vão perceber o que está acontecendo, essas garotas!

— Não pode estar certo sobre isso… — disse Haruhiro, coçando a cabeça. — Bem, eu vou mencionar isso a elas esta noite, e podemos decidir depois disso. Ainda temos tempo, então deve estar tudo bem.

Ranta bufou.

— Ah, tá bom, se você insiste.

Da próxima vez, vou dar um soco nele. Haruhiro prometeu a si mesmo isso.

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