Seishun Buta Yarou – Capítulo 2 – Vol 03 - Anime Center BR

Seishun Buta Yarou – Capítulo 2 – Vol 03

Capítulo 2 – A Juventude é um Paradoxo.

Tradutor: Ivo. | Revisor: Ivo.

 

Ele olhou para o mar. O mesmo ele de dois anos atrás sentou-se na escada que vai até a areia, olhando vagamente para as ondas.

Era um sonho da praia de Shichirigahama que ele já vira várias vezes. Então, mesmo dormindo, Sakuta tinha certeza de que isso era um sonho.

Ele sabia como as coisas iriam progredir a partir daqui, Shouko deveria chegar lá em breve.

“Você ainda parece cansado como sempre, Sakuta-kun.” Disse Shouko, chegando ao lado dele e se sentando.

“E você ainda é um pouco chata.” Respondeu ele.

“Vir para o mar todos os dias não acalma seu coração dolorido?”

“Saber a que distância está o horizonte é o problema.”

Embora o horizonte parecesse tão distante, na verdade tinha apenas quatro quilômetros. Provavelmente foi ensinada alguma lição sobre como as coisas que pareciam tão distantes eram na verdade surpreendentemente próximas.

“Minha nossa, então eu tenho que lidar com a responsabilidade disso. Como podemos fazer você voltar a ser feliz? Vou fazer o que puder para ajudar.” Sugeriu ela, olhando de lado para o rosto de Sakuta. Quando ela fez isso, seu cabelo esvoaçante balançou enquanto ela inclinava a cabeça adoravelmente.

“Acho que vou ficar feliz de novo se puder tocar nos seus seios.” Sakuta respondeu com negligência.

“Isso realmente te deixará feliz de novo?” Ela perguntou com um olhar duvidoso.

“Vai.”

“Mas eles não são… exatamente grandes, sabe?” Ela questionou com os olhos voltados para cima.

Sakuta não respondeu e apenas continuou olhando para ela, fazendo as bochechas de Shouko ficar cada vez mais vermelhas.

“…S-só um pouco.” Ela finalmente permitiu.

“Eu estava só brincando, não leve tão a sério, por favor.” Retrucou Sakuta, vendo que parecia que ela realmente o deixaria nesse ritmo.

(NT: vacilo….)

“Eu já sabia disso.”

“Certeeeeza?”

“Embora se isso realmente fizer você se sentir melhor, eu tenho uma ideia.”

Shouko sorriu como uma irmã mais velha faria.

“Não fique tão confiante com esse tamanho que você tem.”

“Agora você conseguiu!” Ela exclamou, ficando animada, indo para atrás dele. Com um grito curto, ela pulou em suas costas, colocando os braços ao redor dele por cima do ombro. Claro, isso significava que o peito de Shouko pressionava suas costas. Graças a isso, toda a concentração de Sakuta estava focada lá.

“Shouko-san…” Disse ele.

“O quê foi?”

“Você na verdade tem mais do que eu imaginava.”

“Isso mesmo, isso mesmo.” Ela respondeu em seu ouvido com uma voz satisfeita.

“Bem, continua sendo apenas mais do que eu pensava.”

“Seu coração está batendo tão forte e mesmo assim continua sendo um lerdo.”

“O seu também.” Ele apontou, mas mesmo com isso, ela não se afastou dele por um tempo.

Eles apenas olhavam para o mar, falando aos poucos enquanto permaneciam em suas posições. A conversa deles vagou, e Sakuta sentiu-se relaxar com o calor do corpo de Shouko. Por causa disso, ele não sabia o que os haviam feito parar, mas apenas pensou que a conversa tinha naturalmente terminado assim, pois logo Shouko disse:

“Você se sente culpado por não ser capaz de ajudar sua irmã, não é?”

“…Isso é tão ruim assim?” Ele perguntou por sua vez.

“Não é ruim, mas se você não estiver feliz, acho que vai ser difícil para sua irmã. Ela vai pensar que é culpa dela que seu sorriso morreu e ficará triste por causa disso.”

“Não é culpa da Kaede ter sofrido bullying.”

“Mesmo assim.”

Sakuta não tinha resposta para dar à ela.

“Acho que você já sabe, mas o sentimento de um pedido de desculpas é importante.” Ela continuou. “É importante, mas se uma pessoa tem esses sentimentos dirigidos a ela constantemente, ela será esmagada pelo peso deles.”

“O quê eu devo fazer então?”

“Que palavras você gosta de ouvir?”

Novamente, ele não teve resposta.

“Você gosta de ouvir “me desculpe” ?”

“Eu não.”

“Eu também não gosto. “Obrigado.”, “Você trabalhou duro.” e “Eu te amo.” são as palavras que gosto de ouvir, minhas três frases favoritas.”

(NT: a frase “trabalhou duro” pode ficar estranha para alguns, mas no japão eles costumam falar isso quase que pra todo mundo, então não estranhem a diferença de culturas japão-brasil)

Shouko apertou levemente os braços que ela tinha sobre ele por trás, abraçando-o fortemente. Ficava um pouco difícil respirar, mas era agradável e quente.

“Você trabalhou muito, Sakuta-kun.”

“O qu- ?!”

O coração de Sakuta bateu forte com as palavras dela em seu ouvido.

“Você fez muito pela sua irmã.”

Uma queimação floresceu atrás de seus olhos com a continuação dela, e quando ele percebeu o que estava por vir, era tarde demais. Em um piscar de olhos, lágrimas brotaram dos olhos de Sakuta.

Ele não tinha sido capaz de confiar em ninguém, não tinha sido capaz de pedir ajuda à ninguém, e não foi capaz de fazer nada além de observar enquanto o corpo de sua irmã estava coberto de feridas pela Síndrome da Adolescência. Não importa o quanto ele quisesse fazer algo, ele não podia, ninguém sequer acreditava no misterioso fenômeno que a estava atacando.

Sakuta explicou o que estava acontecendo, mas ninguém quis ouvir. Seus pais não aceitaram a realidade e os professores da escola começaram a evitar as responsabilidades, nenhum de seus amigos se aproximava mais deles. Quanto mais ele tentava, mais as pessoas ao redor se distanciavam de Kaede e de Sakuta. Eles eram vistos apenas como pessoas que não conseguiam ler a atmosfera. Foi doloroso, cansativo, inevitável e simplesmente frustrante.

“Eu…”

“Você já trabalhou duro o suficiente.”

Essas palavras romperam diretamente a represa de seus sentimentos, e ele não conseguia parar de chorar. Ele tinha pensado que ninguém entenderia, mas aqui estava alguém que o entendia. Alguém que entendeu… Foi um sentimento puramente feliz, ele próprio se tornando o sentimento que o salvou.

“Shouko-san, eu…”

Ele tentou deixar as ondas de suas emoções tomarem sua cabeça, mas ele não conseguiu, em vez disso, ele de repente percebeu que suas bochechas estavam sendo seguradas com força, impedindo-o de mover a cabeça…

Sakuta acordou, percebendo a pressão em seu rosto.

Sua bochecha direita estava quente, sua esquerda também. Ambas estavam doendo como se ele tivesse levado um tapa.

Quando ele abriu os olhos para aquela dor, a primeira coisa que viu foi o rosto de Mai de cabeça para baixo.

Sua expressão de desprazer arruinou o visual do avental que ela estava usando. Ela estava de cabeça para baixo porque estava agachada logo acima da cabeça de Sakuta enquanto ele estava deitado de costas, com as mãos segurando sua cabeça entre os dois.

“Sinto muito.” Disse ele, começando com um pedido de desculpas enquanto sua boca era esmagada em uma espiral.

“Pelo quê?”

“Bem…” Ele teve uma vaga ideia, de que ele talvez tenha dito um nome que não deveria enquanto estava dormindo

“Tenho certeza que você pode deduzir o motivo, certo?” Ele sugeriu hesitantemente.

“Eu só estava com raiva de ver você dormindo tão pacificamente quando estávamos sob o mesmo teto.” Ela mentiu enquanto franzia os lábios, olhando para longe.

“Porque você na verdade não conseguiu dormir na casa do seu namorado?”

“Ficar na casa do meu namorado mais novo não importa muito.” Disse ela, recuperando sua compostura normal. No entanto, ao terminar a frase, ela soltou um pequeno bocejo. Mesmo que ela tivesse dormido tão profundamente quando eles estavam na mesma cama em Ogaki… Talvez ela tenha prestado mais atenção nele como um homem agora, ou talvez ela apenas ainda estava cansada das filmagens em Kyoto… Sakuta decidiu ser otimista e ficar com a primeira opção.

“Não fique pensando em coisas atrevidas no seu mundinho.”

“Oh, o quê me denunciou?”

“Está escrito no seu rosto.”

“Mesmo que eu apenas estivesse pensando que minha inocente Mai-san é muito fofa?”

“Você realmente é atrevido.” Disse ela, dando-lhe um peteleco com força na testa. “Eu fiz o café da manhã, então vá lavar o rosto.”

Sakuta se levantou do futon no chão para ver torradas francesas e ovos mexidos na mesa.

“Desculpe por usar seus ingredientes sem pedir.”

“Por favor, pense nisso como sua própria casa e faça o que quiser.” Disse ele.

“Hup!” Sakuta disse, parecendo que estava prestes a se levantar, mas na verdade apenas erguendo a cabeça e a deitando nas coxas de Mai em algo que normalmente seria chamado de travesseiro de colo. No entanto, não era perfeito, Mai estava ajoelhada, então Sakuta estava estranhamente dobrado com seu torso fora do chão.

“Mai-san, meu pescoço dói.”

“Não faça nada só para reclamar depois.” Ela repreendeu. Mesmo assim, ela não fez menção de mexer a cabeça dele e o tempo passou alegremente.

 

 

“Eh!?” Eles ouviram do nada, de uma pequena distância, enquanto Kaede saía do quarto.

“Ah, bom dia Kae- Ah!”

No meio de sua saudação, Mai de repente se levantou, então a cabeça de Sakuta perdeu seu apoio e bateu no chão da sala.

(NT: e assim Azusagawa Sakuta entrou em coma por dois anos)

Ele não conseguia nem gritar de surpresa e apenas se contorceu no chão, segurando a nuca.

“Bom dia, Kaede-chan.” Disse Mai com uma expressão serena, ignorando o terrível destino de seu namorado. Sakuta decidiu que provavelmente havia chamado o nome de Shouko durante o sono, acidentalmente é claro. Mai não tinha dito isso explicitamente, mas esse era o orgulho dela como namorada dele, ela não queria admitir que estava incomodada com Shouko.

“B-bom dia. Eu não vi nada!” Ela parecia chorar quando Sakuta finalmente se levantou, só para vê-la se mexendo com as duas mãos cobrindo os olhos. “Eu ainda não consigo ver nada, está tudo escuro!”

“Bem, sim, vai conseguir assim que parar de cobrir seu rosto.” Sakuta respondeu.

“Eu também não posso ver o amanhã!”

(NT: referências…)

“Isso é apenas vida.”

“É como um drama sem enredo, não é?”

“As manhãs são animadas em sua casa, Azusagawa.” Disse Rio ao sair do banheiro, uma expressão estranhamente preocupada por trás dos óculos. Ele tinha certeza de que era porque ela não sabia como se encaixar na atmosfera aqui.

Os quatro cercaram o café da manhã que Mai havia preparado.

Eles começaram a comer com um “Itadakimasu”.

Foi a primeira vez que a mesa de jantar foi ocupada assim desde que Sakuta e Kaede começaram a morar aqui.

Demorou um pouco para que todos se sentassem, mas Kaede e Sakuta se sentaram lado a lado e começaram a levar a torrada francesa macia para a boca. Era estranhamente perfeita demais, então era um pouco difícil de comer.

“Onii-chan, isso é gostoso, é tão macio!” Kaede exclamou.

“Os ovos também estão bons.” Sakuta disse à ela.

“Eles estão derretendo na minha boca.”

“Vamos pedir que Mai-san cozinhe para nós todos os dias a partir de agora.”

“Vamos!” Kaede acenou com a cabeça com um sorriso.

“Não explore a Kaede-chan.” Mai o avisou, pisando em seu pé debaixo da mesa.

“Ai!”

“O quê foi, Onii-chan?”

“Meu amor está sendo testado.” Disse ele enquanto Mai pisava nele.

Kaede inclinou a cabeça o questionando, e Rio parou de comer por algum motivo também.

“Futaba-san, você não gostou?”

“Ah, não é isso.” Disse Rio, levando um pouco da torrada francesa para sua boca. “É só que já faz um tempo que não tomo café da manhã com alguém.”

(NT: se fosse no brasil isso ia acabar com o clima do café todo)

Agora que ela mencionou isso, Sakuta percebeu que ela costumava comer torradas no laboratório e beber do pote pessoal de café instantâneo do professor de física… Talvez ela não tenha tomado café da manhã com sua família.

Assim que ele abriu a boca para perguntar, uma vibração silenciosa rompeu o ar. Era um som fraco que você precisava ouvir com atenção, mas Sakuta percebeu imediatamente que era um toque de celular, pois Kaede começou a tremer ao lado dele.

“Ah, desculpe, é meu.” Disse Mai, tirando o telefone com capa de coelho do bolso do avental. “Me deem um minuto, é o minha empresária.”

Ela pediu licença e saiu para a varanda, colocando o telefone no ouvido.

“Olá?” Ela respondeu com um tom adulto.

“Ah, Mai-san?”

Sakuta não tinha certeza se era porque a outra pessoa estava falando alto ou porque o volume do telefone estava alto, mas a voz o alcançou também.

“O quê aconteceu?” Mai perguntou.

“Desculpe incomodá-la tão cedo, você está livre para conversar?”

“Eu estou.”

“Bom trabalho nas filmagens… Você está fora por acaso?” A voz perguntou, provavelmente ouvindo os sons captados pelo microfone. Bem, estritamente falando, ela estava na varanda.

“Estou na casa do meu namorado.” Respondeu Mai com facilidade, como se sua empresária já devesse saber que ela estava namorando.

Ou então era isso o que pensava Sakuta.

“Ahh, seu namorado… O QUÊ?!” A gerente gritrou de surpresa. Aparentemente, esta foi a primeira vez que ela ouviu sobre. “Você quer dizer, um garoto?! Você disse namorado?!”

“Eu disse.” Ela respondeu despreocupadamente para sua gerente confusa.

“N-não saia daí, por favor! Eu vou falar com o chefe! Visitarei sua casa mais tarde!”

(NT: o “não saia daí” tá se referindo à chamada)

Aparentemente, depois de desligar, Mai voltou para dentro, dizendo:

“Agora estaremos bem.” Enquanto removia a bateria do telefone.

“Sinto muito, Kaede-chan.” Ela se desculpou profundamente com Kaede ao se sentar.

“E-está tudo bem! Eu só tremo quando ouço aquele som.”

“Você está bem, Mai-san?” Sakuta perguntou.

“Graças a você, vou receber uma palestra do chefe da agência mais tarde.”

Sakuta permaneceu em silêncio.

“Foi só uma piada.” Ela sorriu como se nada tivesse acontecido, levando uma torrada francesa para a boca. “Isso está muito bom.” Elogiou a si mesma. Na verdade, estava muito saboroso, e Sakuta não estava brincando quando disse que queria que ela fizesse todos os dias.

“Não sei dizer se suas piadas sobre o showbiz são realmente piadas ou não, então, por favor, não faça isso.”

“Ter um namorado não é nenhum problema.”

“E quanto à sua empresária, então? Ela parecia em pânico.”

“Acabamos de fechar um contrato de anúncio, então ela é sensível à qualquer coisa que possa se tornar um escândalo. Bem, provavelmente apenas seremos advertidos ​​para não sairmos juntos por um tempo.”

“Isso não está nada bem, está?”

Parecia que isso iria evoluir para dizer à eles para terminar.

“Ah, e quanto a ela estar em pânico, ela sempre está.”

“Isso também não está bem, está?”

Ele não sabia muito sobre isso, mas um gerente deve lidar com o trabalho de talentos e organizar horários. Se eles tivessem na mesma condição de antes, isso seria uma preocupação. E no final, ela desligou, embora não tivesse tocado no assunto do telefone… E agora Mai havia removido a bateria do telefone em consideração a Kaede, então se ela percebesse que não havia contado a Mai o que ela supostamente devia, ela provavelmente entraria em pânico novamente.

Bem, Sakuta se preocupar com isso não ajudaria em nada, então ele apenas decidiu continuar comendo o delicioso café da manhã.

Quando o relógio bateu dez, Shouko visitou como sempre. Ela estava usando um chapéu de aba larga hoje, parecendo a filha de uma família rica que saiu para um passeio de verão.

“Minha mãe disse que eu deveria usar porque o sol está forte hoje.” Ela se desculpou ao notar o olhar de Sakuta. “Hum, você tem convidados?” Ela perguntou, vendo os sapatos desconhecidos no corredor.

“Algumas coisas aconteceram, mas você pode entrar.”

Shouko tirou os sapatos e foi até a sala para ver Mai e Rio lá e também Kaede.

“Você conhece muitas mulheres, Sakuta-san.” Ela disse.

Sakuta apenas olhou para ela.

“Ah, eu não quis dizer isso com segundas inteções.” Falou ela, acenando com a mão na frente do peito para tentar dissipar o mal-entendido. “Eu não falei.” Ela repetiu, embora Sakuta não tivesse dito nada.

“Você acha que eu sou algum cafajeste?”

“Não, só acho que você é surpreendentemente parecido com um dono de casa, talvez.” Disse ela com cuidado. Antes que os mal-entendidos pudessem se desenvolver ainda mais, Sakuta a apresentou à Rio, ela e Mai se conheceram quando pegaram o gato.

(NT: graças a gringa, eles fizeram uma piada no diálogo que não tem o menor sentido no português, então esse foi o melhor que eu consegui deixar)

“Esta é Futaba Rio, ela está no mesmo ano que eu na escola.”

“Eu sou Makinohara Shouko.” Disse Shouko com uma reverência elegante, o que gerou uma expressão um pouco tensa em Rio. Depois disso, ela olhou para Sakuta. Ele deu um leve aceno de cabeça. Ontem ele havia conversado com a outra Rio, mas ainda não havia mencionado Shouko para essa, então era apenas natural que ela ficasse surpresa.

Ele tinha falado com “Rio”, então embora ele quisesse já ter falado com essa, ele se esqueceu completamente.

Enquanto Shouko acaraciava Hayate, Sakuta conversou com Rio sobre ela.

“A Síndrome da Adolescência realmente te ama, não é?” Ela disse, nada feliz.

Mais tarde, como prometido, Sakuta e Shouko banharam Nasuno. Shouko o segurou e o levou para o banho. Hayate parecia pular atrás deles também, mas talvez estivesse cauteloso, já que não os seguiu até o banheiro.

Sakuta encheu a bacia com água morna e, ao seu sinal, Shouko colocou Nasuno nela. Ela se sentou obedientemente na bacia, e eles usaram uma jarra para derramar água sobre a parte de suas costas que estava fora d’água enquanto ela fechava os olhos de prazer.

Eles então adicionaram shampoo.

“Vá devagar em direção à sua pele.”

“Certo.”

Shouko esfregou Nasuno com suas pequenas mãos, pegando cada canto e curvas, provocando várias bolhas por todo o corpo do gato.

“Certo, feito.”

Nasuno saiu da bacia com um miado em resposta, caminhando bem na frente de Shouko.

“Ah, merda.” Disse Sakuta.

“Eh?” Falou Shouko questionada.

Quase ao mesmo tempo, Nasuno sacudiu a água de seu corpo, borrifando água em todos os lugares.

“Kyaa!” Shouko gritou, caindo de surpresa no chão molhado. Apontando o chuveiro para si mesma ao mesmo tempo. “Kyaaa!”

(NT: eu não acredito no que eu to traduzindo…)

Shouko deixou cair o chuveiro surpresa ao ficar encharcada, a água espalhando-se por todo o chão, encharcando impiedosamente todo o corpo de Shouko.

Sakuta rapidamente desligou o chuveiro assim que Shouko deu o grito.

Porém, era muito tarde agora. Shouko estava encharcada da cabeça aos pés, seu vestido branco fino colado em sua pele, mostrando não apenas suas roupas íntimas, mas sua pele também.

Nasuno passou por ela sem se preocupar, saindo para o corredor. Ela ainda estava molhada, então eles não podias simplesmente deixá-la sair.

(NT: nem na novel, nem no anime, o sexo do(a) Nasuno é descrito, então talvez eu fique mudando de gênero sem perceber algumas vezes)

“Kaede! Nasuno está a caminho, seque-a!”

Depois que ele terminou de gritar para Kaede, Sakuta ofereceu a mão à Shouko. Ela era surpreendentemente leve. Ele a conduziu pela mão até o vestiário e começou a secar sua cabeça com a toalha.

“Está tudo bem, eu mesma farei isso.”

“É justo.” Respondeu ele, ela não era uma criança, afinal. “Vou pegar uma muda de roupa para você, então tire-as. Você não vai querer pegar um resfriado.”

“Certo.”

Shouko colocou as mãos nos botões do peito, mas por causa de como elas estavam molhadas, ela não parecia ser capaz de desabotoá-los.

“Dê-os aqui.” Disse Sakuta, estendendo a mão. Shouko obedientemente se virou para ele. Eles certamente foram difíceis, mas Sakuta conseguiu desfazer o primeiro e depois o segundo.

A frente do vestido estava aberta e a camisola branca que ela usava por baixo era visível. Ela também estava encharcada e transparente.

Quando estava prestes a desfazer outro para torná-lo mais fácil de remover, ele sentiu alguém atrás dele.

“Sakuta, o que você está fazendo?” Perguntou Mai de onde ela estava, parada na frente da porta da sala.

“Tirando a roupa de Makinohara-san.”

“Não admita tão ousadamente assim.” Disse ela, aparentemente com raiva.

“Eh? Huh? Eu pareço um pervertido se aproveitando de uma garota inocente?”

“Você parece.”

“Espere um minuto, Mai-san, ela ainda é uma criança, certo?”

Shouko era muito jovem para Sakuta pensar nela como um membro do sexo oposto.

“Ela é uma menina.” Mai continuou, ainda descontente, aparentemente havia uma diferença de ponto de vista entre eles. Eles definitivamente precisavam de um delineamento claro aqui.

“Makinohara-san.” Disse ele.

“Sim?” Ela respondeu, calmamente, mesmo quando a conversa de repente voltou para ela.

“Você toma banho com seu pai?”

“Eu tomava até o meu terceiro ano.” Ela respondeu.

“E agora?”

“Não mais.” Ela respondeu claramente.

Agora que ela mencionou, mesmo sendo mais nova, Shouko já estava no sétimo ano do fundamental, e não era uma criança pequena, ela era uma menina, assim como Mai havia falado…

(NT: NÃO ME DIGA)

“Eeh… Mai-san, por favor, cuide do resto.” Ele tentou enganá-la com um sorriso forçado.

“Quando eu terminar, precisamos conversar.” Disse ela, infelizmente sem ser enganada.

“Espero que seja algo divertido.”

“Hum, está tudo bem com isso, por favor, não fique com raiva de Sakuta-san.” Disse Shouko, seu olhar puro focado em Mai.

Ele agradeceu a ajuda, mas nesta situação, ela conseguiu exatamente o oposto.

“Você não a domesticou bem.” Disse ela, com os olhos sérios.

“Eu não fiz nada, ela sempre foi assim.”

“Apenas saia logo.” Ela disse, expulsando-o da sala e fechando a porta com firmeza.

“Droga, ela está realmente brava…”

“Eu posso te ouvir, idiota.”

“…Sinto muito, por favor, me perdoe.”

 

2

Depois de falar com Mai e comer seu almoço, Sakuta vestiu seu uniforme escolar e foi para a escola como havia planejado. Cerca de dez minutos a pé sob o sol escaldante, ele se viu na Estação Fujisawa. Estava no centro da cidade, com uma população de cerca de 400.000. Lojas em geral e grandes varejistas praticamente cercavam a estação, e a própria estação era um ponto de encontro entre três linhas, as linhas J.R., Odakyu e Enoden, por isso tinha muitos passageiros até hoje.

Uma viagem tranquila para sudeste no Enoden com destino a Kamakura levou cerca de quinze minutos antes de ele desembarcar na estação Shichirigahama, uma pequena estação com apenas um único trilho passando por ela.

Sakuta saiu pelas barreiras de ingressos e foi recebido pelo cheiro do mar. Ele pensou que iria se acostumar com isso sempre que pegasse o trem, mas no instante em que saiu do vagão, ele podia sentir o mar mesmo agora. No mínimo, sua consciência havia realmente crescido a tal ponto que ele podia detectar as diferenças sutis que surgiam com a mudança da estação e do tempo.

(NT: Hikigaya chora de emoção nesse momento)

No entanto, nesta ocasião, ele não pôde deixar de estar consciente de suas pernas, pois Mai o fizera ficar ajoelhado por um longo tempo, fazendo-as parecer esquisitas.

Não havia outros alunos no curto caminho para a escola. Ele viu o estranho surfista local carregando suas pranchas, o que o fez pensar que o verão realmente chegara. Estudantes universitários dirigiram-se ao mar, rindo enquanto caminhavam.

Ele passou pelo portão, quase um terço aberto, para a escola. Ele podia ouvir os gritos das atividades do clube no campo de esportes, os jogadores de beisebol correndo atrás de sua bola. Ocasionalmente, o barulho agradável de um taco de metal batendo na bola também soava no ar.

Com o término do torneio de verão, os terceiros anos haviam se retirado, então a equipe deveria estar se reorganizando em um novo sistema. Apenas alguns dos muitos jogadores das escolas secundárias em Kanagawa teriam a oportunidade de entrar em campo no Estádio Koshien. Os alunos de Minegahara este ano encontraram os campeões em título no segundo jogo e foram derrotados. Precisamente porque o cume era tão distante, foi bastante deslumbrante ver aqueles alunos trabalhando até os ossos para ter uma chance de alcançá-lo.

Ouvindo seus gritos, Sakuta se afastou deles em direção ao prédio da escola em busca de alguma sombra.

“Futaba, você está aqui?” Sakuta chamou a levemente enquanto abria a porta do laboratório de física.

Não houve resposta e a sala estava vazia. No entanto, havia uma xícara de café na pia do laboratório, então parecia que a “Falsa” realmente tinha vindo para a escola.

Talvez ela tenha ido ao banheiro, ele pensou, enfiando a cabeça no corredor e olhando para o banheiro feminino no final do corredor. Ninguém parecia estar saindo.

A bolsa dela estava embaixo da mesa, então ela não parecia ter ido para casa.

Sakuta vagou pelo laboratório, com a intenção de esperar o retorno da Rio. A sala era quase tão grande quanto duas salas de aula normais, grande demais para ficar sozinho. Ele podia sentir os vestígios de pessoas que estiveram aqui das cadeiras colocadas aleatoriamente, e os gritos distantes dos alunos fazendo suas atividades do clube tornaram o silêncio na sala ainda mais evidente.

Estar aqui dava a sensação de que ele havia sido deixado sozinho na escola. Mesmo que apenas alguns momentos atrás houvesse tantas pessoas, já não havia mais… Ou assim parecia dizer a atmosfera no laboratório.

Essa sensação cresceu em um mal-estar, uma pressão crescente em torno de seu estômago. Ele se perguntou se Rio se sentia assim todos os dias, ou se era apenas sua imaginação.

Para tentar mudar o clima, Sakuta abriu uma janela, deixando entrar uma brisa quente junto com os aplausos de fora. Colocar a cabeça para fora da janela permitiu que o entusiasmo da multidão ao redor do ginásio o alcançasse. Muitos alunos com uniformes de basquete estavam ao redor do prédio, alguns em uma cor diferente, talvez de uma escola diferente.

“Ah, sim, Kunimi disse que tinha uma partida amistosa hoje.” Sakuta disse para si mesmo, repetindo o que Yuuma lhe disse no dia anterior durante o trabalho, que aparentemente eles teriam uma partida com uma escola próxima.

Nesse caso, a localização de Rio era desnecessária.

Voltando para a entrada, Sakuta trocou seus sapatos internos e se dirigiu para o ginásio, os ruídos da bola quicando, os gritos dos jogadores e o guincho de seus sapatos no chão se tornando mais claros conforme ele se aproximava.

(NT: Para os otakus leigos, no japão você tem que trocar pra uma pantufa ou um sapato diferente dos que você usa na rua quando entra em algum local)

As três portas igualmente espaçadas foram abertas para deixar a brisa entrar, e Sakuta viu Rio na mais distante.

“Então ela está aqui…” Ele murmurou, sua voz ligeiramente nervosa.

Ele encontrou a “Farsa” ontem, e falou com ela normalmente, seguindo seu conselho. Na época, ele não havia sentido nada, mas agora saber que havia duas Rios e colocar os olhos no outra fez um arrepio percorrer sua espinha.

Ele a observou com firmeza. Ela estava com o cabelo preso do mesmo jeito que quando se viram na livraria no dia anterior. Ela não estava usando o jaleco e suas pernas, geralmente escondidas pela bainha longa, estavam completamente à mostra, permitindo que suas coxas ligeiramente rechonchudas fossem vistas. Sua blusa parecia apertada em seu peito, e o colete em cima dela puxava para cima em uma curva. Sua gola estava bem arrumada e, junto com sua aparência séria, fazia com que o crescimento de seu peito chamasse ainda mais atenção.

Alguns dos meninos da outra escola olhavam furtivamente para ela e, ao passar por eles, Sakuta ouviu:

“Huh, ela é do terceiro ano?”

“Ela é meio gostosa.”

“Vá falar com ela.”

“Vai você.”

Ele podia entender seus sentimentos enquanto sua conversa inútil se desenrolava. Rio certamente parecia bem mais adulta com seu cabelo preso daquele jeito, e ela parecia sexy também. Além disso, seu olhar sem os óculos o escondendo parecia bastante apático e dava vontade de falar com ela.

Porém, Rio só tinha olhos para uma pessoa, e eles a seguia. Rio não estava assistindo a partida, muito menos seguindo a bola, ela estava observando Kunimi Yuuma.

 

 

“Kunimi está indo bem?” Perguntou Sakuta, ficando ao lado dela, falando como se tudo estivesse normal.

Ela se assustou.

“Huh, o namorado dela?” Veio uma das vozes de antes.

“Acho que não.” Foi a resposta.

Rio olhou para Sakuta e imediatamente desviou o olhar. Olhando para seu rosto de lado, ela parecia bastante desconfortável e como se não estivesse se divertindo.

“Eu só vim assistir enquanto fazia o trabalho do clube.” Ela disse fracamente.

“Mas eu não disse nada.”

“Você teria perguntado de qualquer maneira.”

“Bem, sim, ver você envergonhada é uma visão preciosa.”

“Morra.”

“Ainda há muito que quero fazer com Mai-san, então espere uns oitenta anos.”

“Você acha que ainda estará vivo aos noventa e sete?”

“Pessoas como eu têm vidas longas, certo?”

“Essa não é uma frase que você deveria dizer para você mesmo.” Disse Rio com um suspiro, seus olhos seguindo Yuuma.

(NT: no Japão, eles tem uma expressão que dizem que idiotas tem uma vida longa, por isso a piada)

Sakuta verificou a pontuação. A partida estava acirrada, Minegahara tinha uma pequena vantagem de apenas três pontos. No basquete, um tipo de cesta fazia três pontos, então isso poderia mudar em um instante. Naquele exato momento, um dos oponentes de camisa amarela deu um arremeso com essa intenção.

A bola traçou um arco no ar… Só para ricochetear na borda. Um jogador alto, vestido de branco, pegou a bola e lançou-a em um passe longo para Yuuma, que já estava perto da cesta do outro lado.

Os passos apressados ​​de ambas as equipes correndo encheram o ginásio.

Yuuma recebeu o passe e imediatamente driblou para a outra metade, fingindo passar entre as pernas do jogador amarelo e deixando-o para trás, chegando no agora espaço livre e indo pular para fazer uma cesta. De repente, um grande jogador saltou na frente dele, ele tinha quase dois metros de altura. No entanto, o movimento de Yuuma foi outra finta, e seus pés ainda estavam firmemente plantados no chão.

Agora que a defesa estava totalmente comprometida, ele reposicionou e atirou de verdade desta vez.

A bola de basquete desenhou uma parábola preguiçosa pelo ar, girando lindamente através da rede. As garotas que tinham vindo assistir a partida gritaram estridentemente, provavelmente eram do primeiro ano. Havia meninas da outra escola torcendo também.

“Mas que diabos, essa cena só me irrita, eu tô com inveja.”

“Você é muito mesquinho, Azusagawa.”

“Você não vai gritar “Kyaaaa, Kunimiiiii” também?”

Ela apenas encarou ele.

“Você vai surpreendê-lo e definitivamente conquistá-lo.”

“Eu estou apoiando ele.”

“Por dentro?”

Seu silêncio foi confirmação suficiente.

“Você não está apelando para ele o suficiente.” Disse Sakuta enquanto outros aplausos eram ouvidos quando os oponentes marcaram. A reação o deixou saber que o jogo tinha sido um vai e vem como este, de fato um jogo acirrado. Restavam apenas três minutos de jogo.

“Diga, Futaba…” Sakuta começou.

“Prefiro que você não me incomode.”

“O quê você gosta nele?”

A bola foi lançada bem no meio da quadra.

“Você é amigo dele e nem sabe disso?”

“Ele é um cara bom, bom o suficiente para me irritar, além de que ele não julga as pessoas com base em preconceitos ou rumores.”

Ele podia ver as coisas por si mesmo, não baseado em rumores ou boatos de outras pessoas. Yuuma disse que era assim que ele foi ensinado por sua mãe, mas Sakuta não achava que isso era algo que você pudesse ensinar. O jeito do mundo era que se você estivesse com pessoas de má reputação, sua própria reputação sofreria, então não era como se ele não pudesse entender os sentimentos de Kamisato Saki quando ela disse à ele para ficar longe de Yuuma. Não foi agradável ouvir isso, mas…

“O que te faz gostar dele? Eu sou um cara, então não entendo como alguém como ele encanta as garotas.”

Sakuta sabia que Yuuma tinha um rosto bonito e era mais alto do que ele. Ele era bom no basquete e tinha um físico bom. Ele tinha ouvido universitárias dizerem que ele parecia estranhamente infantil e fofo quando ria. No entanto, ele tinha a sensação de que nada disso era a razão dos sentimentos de Rio por ele.

“E o que você vai fazer quando souber?” Ela perguntou.

“Na verdade, nada, só estou curioso. É o tipo de conversa que os alunos do ensino médio tem, certo?”

“Esse direito é de apenas dos alunos normais do ensino médio.”

“Você está tentando dizer que é especial, Futaba?”

“Estou dizendo que não tenho uma vida normal de colegial.” Disse ela, sem se impressionar, seus olhos ainda seguindo Yuuma sozinho.

“Todo mundo tem direito ao amor, não é como um carro, você não precisa de uma licença.”

Todo mundo estava autorizado a amar. Na verdade, estava além de ser permitido ou não. O coração se movia como queria, para a esquerda ou para a direita. Só precisava haver alguém com quem você se divertisse, com quem se preocupasse, que parecesse que suas preocupações iam esmagar seu peito…

Não era nada especial.

“Eu também pensei nisso antes, mas você realmente é um romancista de coração.”

“Eu sou?”

“Você veio até aqui para perseguir seu primeiro amor, e levou um ano inteiro para esquecê-la, então você está namorando aquela celebridade, não é normal.”

“Vou começar a corar se você me elogiar assim.”

“É desnecessário eu dizer isso, mas eu não sou uma.”

“Que pena.”

“Não estou elogiando você, mas estou com um pouco de ciúme da sua lealdade aos seus sentimentos. As pessoas normalmente se retraem. Honestidade, franqueza e lealdade não são populares hoje em dia.”

(NT: De fato)

Mesmo quando Rio disse que ela estava com ciúmes, seu comportamento permaneceu despreocupado, e ela não parecia nada disso.

“Você também não se preocupa com a moda.”

“Se eu fosse direta, arruinaria tudo o que temos agora.”

Claro, Rio estava falando sobre Yuuma.

“E então? O que fez você se apaixonar por ele no final?” Perguntou Sakuta, vigorosamente retornando a conversa de volta aos trilhos enquanto a sentia começar a mudar habilmente de assunto.

Rio apenas o encarou com o olhar antes de dar um suspiro descontente, seus olhos lhe dizendo para ler a atmosfera.

“Huh, suspirando por uma história de amor.”

“Ouvir as palavras “história de amor” da sua boca me dá calafrios.”

“Então, terei cuidado para não dizer isso uma segunda vez.” Disse Sakuta.

De alguma forma, ele tinha a sensação de que era a primeira vez em sua vida que ele dizia isso.

“Uma corneta de chocolate.” Rio de repente murmurou.

“Quer que eu corra e compre uma?”

“Não, Kunimi me deu uma quando eu não almocei um dia.”

A escola não tinha um refeitório maravilhoso, então levar o almoço era o padrão. Se você não tinha um, então havia uma pequena van que é usada por uma mulher mais velha para vender pão, de uma padaria aberta do lado de fora do portão durante a hora do almoço.

Também havia uma loja de conveniência perto da escola, então se você decidisse usá-la, você poderia. No entanto, era contra as regras da escola deixar o local, então o número de pessoas que o fez foi limitado.

Assim, sendo a padaria a única maneira obediente às regras de conseguir o almoço, ela estava naturalmente sempre lotada, lotada de alunos famintos que vinham como uma praga de gafanhotos, esvaziando as caixas de pão.

Depois que se dispersaram, as únicas coisas que sobraram foram caixas de plástico vazias e uma mulher satisfeita.

“Foi no primeiro semestre do primeiro ano… Foi a primeira vez que fui para a van do pão…”

Os alunos ao redor da van certamente poderiam ser opressores, e os alunos de coração fraco provavelmente não conseguiriam encontrar coragem para mergulhar.

“E então Kunimi apareceu em uma armadura brilhante?”

“Ele apareceu comendo seus despojos, um pão de curry.”

(NT: “despojos”= restos, espólios e etc)

“O Príncipe do Pão de Curry, hein?”

“Ele falou comigo quando eu estava sobrecarregada… Ele sorriu e disse: ‘Você é uma garota, Futaba, então achei que você gostaria de algo doce’.”

Mesmo não tendo testemunhado isso, Sakuta podia imaginar a cena. A Rio estaria um pouco afastada da multidão, querendo comprar comida, mas não tendo coragem de se juntar à multidão. Então, assim que ela desistiu e partiu tristemente, Yuuma teria aparecido, com seu sorriso despreocupado de sempre…

Ele podia entender como esse foi o ímpeto.

(NT: “ímpeto” é o mesmo que “gatilho”, só que mais bonito)

Sakuta acenou com a cabeça com um “Humm” e esperou sua continuação.

No entanto, Rio apenas ficou lá e lentamente corou vermelha.

“E então?” Ele perguntou, uma vez que ficou claro que ela não iria continuar.

“É só isso.” Disse Rio como de costume.

“Entendo, só isso.”

“Sim.”

“Quanto custa uma corneta de chocolate?”

“Duzentos e trinta ienes.”

“Você é barata, hein?”

“Se fosse você, eu não teria me apaixonado.”

“Então, é a aparência dele no final.”

“Kunimi foi o primeiro além de você a me chamar de ‘Futaba’.”

Sakuta, Yuuma e Rio estavam todos na mesma classe no ano anterior, classe 1-1. Rio se destacou porque sempre vestia o jaleco e não participava de nenhum grupo de garotas. Claro, os meninos também não falavam com ela. A visão dela apenas sentada sozinha em sua cadeira deu uma impressão estranha, como se ela não estivesse preocupada com ninguém. Seus colegas de classe muitas vezes a chamavam de “Professora” ou “Jaleco” pelas costas.

“Se apaixonar por mim seria tão ruim?”

“Eu não sou seu tipo de qualquer maneira.” Disse Rio.

“Bem, você é do tipo que eu preferia ter como amiga em vez de namorada.” Respondeu Sakuta.

Rio riu de sua personalidade imutável enquanto falava.

“No final…” Ela continuou. “Eu acho que foi o momento. Eu estava realmente deprimida naquela época.”

“Hum? Aconteceu alguma coisa naquela época?”

“Na verdade, nada, só me senti deprimida, tenho certeza de que isso nunca aconteceu com você.”

“Você pode não estar ciente disso, então eu vou deixar você saber, mas eu sou um humano como você.”

“Essa é uma revelação chocante.” Ela respondeu.

“Bem, tanto faz. Então? Você pensou que Kunimi era especial porque ele foi gentil com você quando você estava para baixo?”

“…Eu certamente pareço mesquinha quando você coloca dessa forma.” Bufou Rio com autodepreciação.

Enquanto procurava uma resposta, a campainha para sinalizar o fim da partida soou.

“Obrigada!” Veio o grito estrondoso pelo ginásio.

Após a partida, os jogadores suados saíram do ginásio em grupos, sacudindo suas blusas e gritando sobre mergulhar no mar antes de correrem para o abastecimento de água e começarem a se lavar. Eles estavam todos tonificados por seus exercícios. A outra escola era aparentemente uma escola à beira-mar também, já que não eram apenas os alunos de Minegahara que estavam bronzeados.

As meninas do primeiro ano estavam choramingando, metade por timidez e metade por felicidade. As meninas desta escola estavam, em sua maioria, carrancudas e dizendo que os meninos eram os piores, sendo isso algo que só elas podiam fazer depois de uma partida.

Deixando tudo isso de lado, Sakuta não estava interessada em corpos de homens, então parou de assistir, era simplesmente repugnante.

Rio fez o mesmo, desviando o olhar. No entanto, foi por um motivo diferente do Sakuta. Que os gritos de Yuuma e dos outros enquanto brincavam com a água alcançaram seus ouvidos ficou claro por sua reação quando ela corou até o pescoço.

“Apenas olhe se você quiser assistir.” Sakuta disse à ela, enquanto Yuuma sacudia água como um cachorro, antes de usar uma toalha, se secar e colocar uma nova camiseta. “Ahh, ele está vestido de novo.”

Rio se voltou ligeiramente para enfrentá-lo, a fria premissa de morte em seus olhos. Ele provavelmente deveria parar de provocá-la, decidiu, para não arruinar a amizade deles.

“Então? O quê você queria?”

“Huh?”

“Você não gosta da escola o suficiente para vir durante as férias se não houvesse algo que você queria.”

“Bem, eu não me importaria que os feriados continuassem para sempre.” Se ele pudesse encontrar Mai todos os dias.

“Seus sonhos são como os de alguém no fundamental.” Rio o cortou, o olhar em seus olhos dizendo à ele para voltar ao assunto.

“Vou ser franco então.”

“Diga logo sem rodeios.”

“Futaba está na minha casa agora.”

O olhar de Rio de repente vacilou.

“Entendo, é por isso que você estava agindo estranho no telefone na noite passada.” Rio murmurou para si mesma.

“O que diabos está acontecendo?”

“Por que você não pergunta ao outro eu?”

(NT: o fato dessa última frase tá no masculino, eu posso explicar no server da scan no discord, já que ocuparia muito espaço aqui)

“Você admite que há mais de uma de você tão facilmente.”

Seu tom era profissional, como se ela estivesse falando sobre outra pessoa. Era exatamente como a Rio que Sakuta conhecia. Sua reação ao falar sobre Yuuma foi a mesma também. Infelizmente, ele não conseguia ver uma única coisa sobre que indicasse que ela não fosse Rio, como ele poderia chamá-la de falsa?

“Qual é a opinião do outro eu?” Ela perguntou.

“Se for possível, é por meio de teletransporte quântico ou algo assim.”

“O mesmo que eu pensei, então.”

Agora que ela mencionou, quando se encontraram na livraria, Rio comprou um livro sobre teletransporte quântico.

“Nesse caso, no entanto…” Ela continuou. “Não deveria haver mais de um de mim ao mesmo tempo, e teríamos que ter as mesmas memórias.”

A outro Rio também disse isso.

“É por isso que a outra você disse que eram suas próprias consciências observando vocês, divididas em duas por algum motivo.”

Ele não sabia se a explicação estava correta, mas entendeu.

“Entendo, e a razão pela qual nos separamos?”

“Ela disse que não fazia ideia.”

“E você acreditou nessa mentira óbvia?”

“Não suspeito que meus amigos estejam mentindo.” Disse ele.

“Sabia, você realmente acha que eu sou uma farsa, não é?”

Rio pisou fortemente no chão.

“Honestamente, eu pensei que você poderia ser no começo.”

“Parece que você não duvida mais.”

“Não importa como eu olhe para você, eu só consigo ver a Futaba. De qualquer forma, se você tem alguma ideia de por que sua consciência se dividiu em duas, me diga.”

“Você não pode simplesmente perguntar ao outro eu? Ela deveria ter uma ideia.”

“Por que você pensa isso?”

“Porque eu tenho.” Ela respondeu.

Em outras palavras, ela estava tentando dizer que se a outra fosse “Futaba Rio”, então ela deveria saber, e inversamente, se não soubesse, então ela era a farsa.

“Se a resposta das duas são o mesmo, você pode simplesmente me dizer, certo?”

O olhar de Rio passou por Sakuta por um momento, para onde Yuuma deveria estar.

“Estou voltando para o clube.” Disse ela, sem tolerar nenhum argumento e caminhando em direção ao prédio, quase correndo na verdade…

“Você não quer falar com Kunimi?”

Com a tentativa de falar sobre a Síndrome da Adolescência sendo inútil, Sakuta chamou ela da mesma forma que faria normalmente.

Tudo o que ela respondeu foi o silêncio. Ela não parou e continuou entrando no prédio, finalmente desaparecendo de vista.

“Essa restrição é a cara dela também.” Disse Sakuta, sentindo a própria dor de apenas assistir.

“O quê há com a Futaba?” Veio uma pergunta atrás dele, feita por Yuuma que tinha uma toalha na cabeça e vestia camiseta e shorts. Ele tinha uma bebida esportiva com etiqueta azul em sua mão, uma garrafa de dois litros, já com dois terços vazios enquanto ele bebia o último terço de uma vez.

“Hahh, estou vivo de novo.” Ele suspirou.

“Então você estava morto até agora?”

“Quase isso… Então, o que há com a Futaba?”

“Nada na verdade, Futaba está sendo tão Futaba como sempre.”

“O que isso deveria significar?”

Era apenas uma distração inútil, mas Yuuma decidiu deixar passar. Obviamente, Sakuta não poderia dizer sobre a existência de duas Rios, Yuuma pensaria que ele era louco. Na verdade, Yuuma provavelmente ouviria até que ele entendesse, mas Rio provavelmente não queria que ele soubesse.

“Ela estava aqui, certo?” Perguntou Yuuma.

“Você percebeu?”

“Eu a vi assistindo daqui desde o início da partida.”

“Concentre-se mais no próprio jogo.”

“Claro que posso vou olhar meus amigos ao meu redor, até mesmo em um tribunal.” Ele se desculpou enquanto jogava a garrafa vazia na lata de lixo. Sakuta pensou muito nisso, desejando que ele errasse, mas acertou.

“Você acabou de pensar em “Erre”, não é?” Yuuma perguntou.

“Você pode ler mentes?”

“Estava escrito em seu rosto.” Ele respondeu, cutucando levemente sua cabeça.

“Futaba vem com frequência?”

“Humm, eu não sei, acho que às vezes, talvez ela passe aqui por algum motivo no clube?”

“Eu me pergunto por qual deles ela está realmente aqui.” Disse Sakuta, olhando significativamente para Yuuma.

“Você tem sido muito agressivo recentemente.”

“Eu simplesmente não vou deixar você brincar com a Futaba.”

“Isso é ser franco.” Disse Yuuma quando a partida das meninas começou no ginásio. “Vou ter cuidado com isso… Aliás, para que você está aqui?” Ele perguntou como se fosse natural dizer isso.

“Eu não deveria estar?”

“Você não gosta da escola o suficiente para vir durante as férias se não houvesse algo que você queria.”

“Futaba já me disse isso.”

“…Há algo acontecendo com a Futaba?” Yuuma perguntou de repente depois de pensar por um momento.

“O que você quer dizer com alguma coisa?”

“Não há nada realmente acontecendo comigo, e você está aqui, embora seja feriado… Então eu pensei que devia ter acontecido algo com ela.”

A lógica era baseada no fato de Sakuta estar na escola… Era uma conclusão que ele nunca teria chegado sem conhecer os dois bem.

“Kunimi-senpai, o treinador quer repassar o jogo.” Um novato aproveitou a lacuna na conversa.

“Entendi, estou a caminho.” Disse Yuuma, movendo-se como se fosse entrar, mas parando e olhando para Sakuta primeiro. “Ligue-me se acontecer alguma coisa.”

“Quê?”

“Com a Futaba.”

“Eu ligaria se você me pedisse ou não, e é melhor você vir voando, mesmo que seja no meio da noite.”

“Eu não posso voar por conta própria, então vou andar o mais rápido com a minha bicicleta.” Yuuma respondeu com um sorriso, voltando para dentro.

 

3

Sakuta deixou o ginásio para trás e foi direto para a entrada de visitantes, cerca de trinta metros de distância da entrada principal. Havia um escritório lá dentro, que não era um lugar que ele ia com frequência e não era um lugar onde os alunos iam em geral. Eles normalmente usavam a enfermaria, duas portas abaixo.

Ele tirou os sapatos na entrada silenciosa de visitantes e colocou os chinelos. Ele não foi em direção ao escritório, mas sim parando na frente de um telefone público verde. Pegou uma única moeda de dez ienes da carteira e ergueu o monofone, em seguida depositando aquela moeda.

Ele discou para o telefone de sua casa e logo foi atendido.

“Olá, aqui é Azusagawa.”

Ele percebeu imediatamente que a pessoa que atendeu era Mai.

“Mai-san, por favor, diga isso mais uma vez.”

“Olá, aqui é Azusagawa.” Ela repetiu, soando mais como se estivesse atendendo a uma ligação de negócios desta vez, em vez da voz gentil de antes e ele podia praticamente ver sua expressão cansada.

“Tente parecer mais como uma recém-casada.”

“Você está muito animado com um telefonema.” Disse ela.

“Bem, isso é porque é uma ligação com você.”

“Não vou agir como uma recém-casada, mesmo que você peça isso.”

“Você não precisa ter vergonha.”

“Como estão as coisas aí?” Mai voltou à conversa principal, ignorando completamente as alfinetadas de Sakuta.

Ele queria continuar por mais um tempo, mas dez ienes tinha seus limites, então ele decidiu responder honestamente, afinal, foi ele que pediu isso pra início de conversa.

Ele colocou mais dez ienes.

“Futaba veio para a escola.” Disse ele.

“Entendo, ela esteve aqui o tempo todo também.”

“O que ela está fazendo desde que eu saí?”

“Principalmente ajudando a Kaede estudar. Ela está ensinando ciências agora.”

“Para Kaede?”

“Bem, tem uma certa distância entre elas.” Disse ela, deixando escapar uma risadinha. Kaede provavelmente estava espiando de seu quarto e Rio a estava ensinando da sala de estar. Kaede era maior que a Rio, então certamente deu uma cena bastante engraçada. Kaede tinha 162 centímetros de altura e Rio tinha apenas 155, então ele podia entender a risada de Mai.

“E o que você tem feito?”

“Eu limpei seu quarto.” Ela respondeu, propositalmente adicionando um pouco de malícia no seu tom.

“Então, Mai-san, você abriu meu guarda-roupa e olhou para as minhas cuecas.”

(NT: no inglês tava “looked at my boxers” que seria “olhando para minhas boxes” só que ficaria muito sem graça, então deixei como tá aí)

“Eu me livrei de todas as coisas ilícitas do seu quarto.”

“…É sério?”

“Você não precisa mais da roupa de coelhinha, certo?”

“Essa é a minha segunda coisa mais preciosa!” Ele se inclinou para mais perto do fone.

“Qual é o mais precioso então?”

“Você com certeza.”

“Certo, certo.”

(NT: meteu o fod@-se pra irmãKKKK)

“Eu estava falando sério.” Disse ele.

“Então você não precisa mais da segunda coisa.”

“Eh?”

“Se você me tiver, isso é o suficiente, certo?”

Ele não teve resposta.

“Estou errada?” Ela falou em um tom afiado.

“É o suficiente.” Ele respondeu baixinho, sem mais nada à dizer.

“Você não precisa ficar tão chateado com isso. Eu só coloquei de lado em vez de jogá-la fora.”

“Você é má, Mai-san.”

“Ah, sim, você gosta de Idols?” Mai perguntou, mudando de assunto de repente. Como foi muito repentino, Sakuta não sabia o que ela queria dizer.

“Eh? Por que você pergunta?”

“Havia uma revista de um mangá com uma foto de Idol na capa, algo por cerca de três meses atrás.”

“Ah, esqueci de jogar fora, você pode se livrar disso.”

“Entendo.” Mai concordou brevemente. Sua resposta soou como se ela estivesse pensando em outra coisa.

“Mai-san?”

“Oh, sim, minha empresária está chegando em cerca de dez minutos, está tudo bem se eu deixá-la entrar? Já que… Eu deveria ficar de olho em Futaba-san afinal, certo?” Ela perguntou, falando mais baixo, preocupada com Rio.

“Só se você falar como uma recém-casada.”

“Olá, aqui é Azusagawa.” Ela disse suavemente, dando uma aura de felicidade às palavras, assim como uma recém-casada como Sakuta havia imaginado. “Sakuta, você quer se casar comigo?”

(NT: se ele não quiser, eu quero)

“Agora mesmo, eu quero ser seu namorado.” Ele respondeu.

“Eu não queria que você simplesmente respondesse com um “sim”, mas isso parece estranhamente uma rejeição.”

“Honestamente, casamento ainda não parece real para mim.”

“Humm.” Disse ela, ainda não totalmente convencida disso. “Bem, eu concordo com isso, uma cena familiar feliz realmente é irreal agora.”

Mai estava quase falando sozinha, Sakuta pensou, porque seus pais se separaram quando ela era jovem e ela morava com a mãe por muito tempo, e agora ela tinha um relacionamento ruim com sua mãe e vivia separada dela.

“Na verdade, eu quero me casar.” Disse Sakuta.

“Por que disse isso tão de repente?”

“Eu quero ter uma família feliz com você.”

“Certo, certo. E então? Você está voltando para casa agora?”

“Esse é o plano, tenho algo para perguntar à essa Futaba.”

“Entendo… Bem, eu falo com você mais tarde.”

“Certo.”

Sakuta esperou o fim da ligação, colocou o fone de volta no lugar e guardou a moeda restante novamente em sua carteira antes de se virar para sair.

“Geh.” Ele não conseguiu segurar o susto depois de ver alguém parado atrás dele. A namorada de Yuuma, Kamisato Saki, estava a quatro ou cinco metros de distância.

“O que esse “Geh” quer dizer?” Ela perguntou, olhando para ele com as mãos nos quadris.

(NT: imgagina a cena, tu tá de boa fazendo um babytalk com a namorada, e quando vira pra trás tem uma mina com uma carranca te encarandoKKKKK)

Seus olhares se encontraram por vários segundos sem que eles dissessem uma palavra. Sakuta decidiu que isso era uma coisa boa, e já que ele não tinha nada para falar com ela, ele imediatamente voltou a colocar seus sapatos.

“Ei.” Ela chamou bruscamente, seu descontentamento evidente em suas palavras.

Sakuta continuou apenas a colocar seus sapatos.

“Fingir que você não pode me ouvir é seriamente irritante.” Disse ela friamente.

Sakuta deu um suspiro mental e se virou para encará-la.

“Que pena, eu só nem ousei sonhar que você, Kamisato Saki, vista como a garota mais fofa da nossa classe, falaria comigo, o solitário da classe. Uwah, estou tão surpreso.” Ele respondeu em um tom monótono e maçante para transmitir seu próprio humor.

“O que há com você? Isso é seriamente irritante.” Disse ela, olhando para ele como se ele fosse lixo.

Que humilhante. Se ele fosse ser olhado assim, ele preferia que fosse por Mai, isso acabaria sendo uma recompensa para ele, mas de Saki, era simplesmente desagradável.

“Sei muito bem que estou sendo chato.” Respondeu ele.

Claro que ele seria chato se fosse chamado de chato, mas particularmente a falta de negação sobre ela ser conhecida como a mais fofa deve ter sido muito agradável para ela.

“O que você quer então?” Ele perguntou. “Está aqui para me pedir para terminar com o Kunimi de novo?”

“Eu sou a única que está namorando ele.”

“Na verdade, nós queimamos a rosca.”

Saki não respondeu, mas suas bochechas ficaram ligeiramente vermelhas.

“Você está interessada nisso, Kamisato?”

“Eu não estou!”

“Fique tranquila, eu também não. Já que eu gosto de ser o dominante, não o dominado. Tanto é que se eu tento escrever ‘dominado’, acaba saindo ‘dominante’.”

“O que você está falando?”

“Em outras palavras, para evitar que eu fique ainda mais incômodo, apresse-se e vá direto ao ponto.”

Mai estava esperando por ele em casa, então ele queria voltar logo.

Mesmo que ela tivesse começado a conversa, Saki hesitou um pouco, olhando ao redor como se estivesse procurando pelas palavras.

“Azusagawa, você é amigo daquela mulher, certo?”

Ele permaneceu em silêncio.

“O quê?” Ela perguntou.

“Por “Aquela mulher”, você quer dizer a Futaba?”

“A mulher do jaleco.”

“Então, sim, Futaba.”

Saki fechou a boca novamente, mas desta vez seu olhar imediatamente voltou para o dele com sua expressão usual de confiança, a primeira expressão que ele viu dela.

“Aquela mulher está fazendo coisas muito arriscadas, você não acha?”

“Coisas arriscadas?”

Por um momento, ele pensou que ela estava falando sobre a Síndrome da Adolescência de Rio, mas ela disse “Fazer”, o que não se encaixava com o caso, e isso o deixou um pouco inquieto.

“O quê, ela está fazendo uma bomba no laboratório?” Perguntou Sakuta para avisa-la que era incapaz de descobrir o que ela queria dizer por conta própria.

“Huh? Você é idiota?” Ela olhou para ele, enojada do fundo de seu coração.

“O que é então? Apenas se apresse e me diga.” Ele solicitou, controlando sua raiva.

“Ela…” Mais uma vez, Saki parou de falar. Esta foi a primeira vez que ele a viu sendo tão vaga e quando isso estava começando a irritá-lo, Saki lamentou algo impensável. “Cerca de uma semana atrás… Ela tirou uma foto do que está sob sua saia.”

Demorou um pouco para ele entender o que ela disse.

O silêncio caiu entre os dois e eles podiam ouvir vagamente as chamadas do ginásio.

“O quê?” Sakuta finalmente entendendo, depois de cerca de cinco segundos.

“Eu estou dizendo à você! Ela pegou a câmera do celular e…” Saki colocou seu próprio celular sob a saia e cruzou as pernas, fazendo uma pose estranha que conseguia esconder sua calcinha.

“Acho que alguns jogos pervertidos são populares entre as meninas no momento.”

“Eles não são.”

“Kamisato, você está excitada?”

“Eu não estou!”

“Faça essas coisas com moderação.”

“Como eu disse, não sou eu! É aquela mulher, Futaba! Você é realmente irritante, apenas morra.”

A última frase foi dita em um tom frio, entretanto, sério. Sakuta percebeu que ele a provocou muito e se desculpou mentalmente.

“…Futaba, é?”

No entanto, ele não podia acreditar no que Saki havia dito.

“Exato.” Acenou Saki em sua pergunta.

“É realmente ela?”

“Sim.”

“Absoluta?”

Ela não respondeu mais e eles apenas se entreolharam por alguns segundos.

“…Então, era isso?”

Sakuta ficou bastante surpreso, e honestamente mais com isso do que com o fato de haver duas Rios. No entanto, ele não tinha visto ele mesmo, então não parecia realmente realista, então ele não pôde deixar de ficar menos comovido do que Saki.

Além disso, depois da Síndrome da Adolescência, Sakuta estava preparado para encarar coisas muito mais ridículas.

“Você não entendeu de jeito nenhum, não é, Azusagawa?”

“De que ela tirou uma foto sob a saia? Eu entendi.”

“Você não acha que ela pode estar… Mostrando?”

“Huh?”

“Você realmente não entendeu.” Disse ela, parecendo horrorizada com sua estupidez percebida.

“Eu não entendo o que você quer dizer com “mostrar”, isso é muito vago.”

Saki desviou os olhos para a declaração de Sakuta e começou a mexer em seu celular, sua expressão entediada.

Ela então levantou o rosto do aparelho e se aproximou dele com passos largos e aquela expressão entediada no rosto. A brisa levou um aroma cítrico para seu nariz, provavelmente o perfume de Saki.

“Aqui.” Disse ela, colocando a tela na frente do rosto de Sakuta.

Era a conta de alguém no Twitter. A imagem da tela era apenas uma foto de sua boca para baixo, então era difícil dizer quem era, mas Sakuta tinha uma única ideia. As duas pequenas pintas no lado direito de seus lábios estavam em um lugar bastante semelhante as de Rio.

Na postagem principal estava escrito: “Só um pouco”, e foi postada ontem com uma única foto. Era de sua blusa com os três primeiros botões desabotoados e aberta de forma sensual. O ângulo de cima dava uma visão brilhante de seu decote.

Mesmo sendo apenas uma foto estreita, parecia um uniforme escolar familiar.

“Esta é a conta secreta daquela mulher.”

“Conta secreta?”

“Uma conta mantida em segredo de amigos e conhecidos da vida real.” Saki disse à ele, cansada.

“Entendo.”

“Essa mulher não parece ter uma conta pública, então poderia ser qualquer um.”

“Então, por que você sabe sobre a conta secreta de Futaba?”

Uma conta secreta não teria significado se as pessoas que a conheceram na vida real pudessem encontrá-la. Elas não eram amigas, nem mesmo conhecidas, então não deviam ter contato.

“Eu vi o telefone dela quando fui para o laboratório mais cedo.” Saki facilmente admitiu que se encarregou de olhar.

“Sério, o que você está fazendo enquanto seu namorado joga a partida de treino dele…”

“Isso não tem nada a ver com o Yuuma!.” Saki exclamou, olhando para ele.

“O quê, vocês estão brigados?”

Saki permaneceu em silêncio e apenas olhou para ele de forma assassina. Aparentemente, ele estava certo, e algo aconteceu nos dias que se passaram desde o encontro deles na praia.

“Bem, tanto faz, Futaba tem sido descuidada e você tem sido imprudente.” Disse Sakuta. Graças à isso, Sakuta encontrou algumas informações que não teria de outra forma, mas… “Você também usa o telefone do Kunimi assim?”

Saki não disse nada e apenas continuou olhando com a mesma expressão assustadora de antes. Talvez tenha sido isso que causou a briga. Melhor não continuar seguindo a toca do coelho mais longe, ele pensou, antes que a raiva fosse direcionada para ele.

“Posso olhar?” Ele perguntou.

Com isso, ele pegou o telefone de Saki e olhou os envios.

Ele logo chegou ao fim, não havia mais de dez. A primeira era uma foto de seu pijama, um conjunto fofo com capuz, com shorts na parte de baixo, então suas pernas eram claramente visíveis com as coxas macias na parte de cima. Suas coxas suaves e excitantes. Ela foi postado escrito: “Postarei novamente se as pessoas gostarem”.

Havia outras nove postagens semelhantes, nenhuma delas com o rosto à mostra. A primeira postagem foi datada de 20 de julho, uma semana atrás.

Em cada uma das postagens, havia longas linhas de respostas.

‘essas coxas são ótimas!’

‘esses pijamas são fofos, quero usar assim!’

‘uma estudante do ensino médio? Com ESSE decote!?’

‘Lol, aí vem a mestre das tetas.’

E assim por diante… Muitas respostas pedindo para ver mais e mais.

“Se essa for realmente a Futaba.”

“Tenho certeza.” Saki disparou em confirmação.

“Por que ela está fazendo isso, então?”

“Para conseguir mais seguidores.”

Ela atualmente tinha cerca de dois mil.

“E o quê isso faz?”

“Não faz nada.”

“Mas que diabos…”

“A coisa sexy é porque ela quer atenção.” Saki disse à ele.

“Entendo…” Concordou Sakuta, ainda sem entender, ele não conseguia ver um motivo para ela tirar as fotos ou enviá-las. Pensando logicamente, foi uma ação estúpida, apenas isso. Mas a própria Rio definitivamente saberia que é algo idiota, então se havia uma razão para ela fazer isso, nada veio à mente de Sakuta.

“Quando as garotas do ensino médio fazem esse tipo de coisa?” Ele perguntou.

“Eu não faço.”

“Apenas me diga sem alarde.”

“Eu já disse que não, você é idiota?”

“Mesmo que você tire essas fotos?” Ele perguntou, mostrando à ela uma foto que ele havia aberto.

Era uma selfie de Saki abraçando um urso de um metro de altura, um personagem com uma expressão diabólica, o ‘Urso Gaburincho’.

(NT: Esse “urso Gaburincho” é um personagem do que parece ser o Power Rangers Japonês, talvez eu tenha escrito o nome do personagem errado, então pra quem quiser pesquisar o nome da série é: Zyuden Sentai Kyoryuger: Gaburincho of Music)

“E-ei, não fique olhando as fotos do meu celular! O quê você está pensando!?”

“Quando você julga as pessoas, é importante lembrar o que você mesmo fez.”

Ela arrancou o telefone dele.

“Nossa, você pode simplesmente perguntar pra ela sobre o resto.” Ela disse antes de sair furiosa.

“Ela tem um jeito estranho de se preocupar com as pessoas.” Sakuta murmurou para si mesmo enquanto a observava sair. Ela tinha um estranho senso de justiça.

(NT: Tsunderes are the justice)

“E agora… O que eu faço?”

Agora que Saki havia partido, seus pensamentos se voltaram para Rio. Ela estava agora no laboratório de física realizando algum experimento, então falar com ela seria simples, mas ele havia notado algo.

A conta que Saki havia mostrado à ele tinha a primeira foto postada uma semana atrás, e Rio disse ontem que fazia três dias que não havia outra Rio. Em outras palavras, uma semana atrás, deveria haver apenas uma… Então Rio estava tirando selfies eróticas e enviando-as antes que sua Síndrome da Adolescência fosse um problema.

“Honestamente, o que eu faço…”

Ele sabia que havia garotas do ensino médio que aproveitavam do seu sexo, que o usavam… Ou eram usadas para isso. A frase JK Business estava frequentemente no noticiário hoje em dia.

(NT: JK Business é um termo do japão pra estudantes do Ensino Médio que fazem encontros/namoros pagos, estilo o anime Rent-a-Girlfriend, só que como o ser humano é um bicho sujo, é comum essa prática dar em merd@)

Sakuta costumava tratar esse tipo de coisa como algo acontecendo em algum país distante, e não estava realmente ciente disso. Ele não tinha ouvido nenhum boato de qualquer um de seus colegas fazendo isso, e nunca tinha se envolvido com nada parecido com isso.

“Eu preciso falar com alguém…” Ele disse para si mesmo, mas não conseguia pensar em ninguém que tivesse conhecimento sobre esse tipo de coisa. “…Na verdade, há alguém.”

Ela não eram alguém que ele queria encontrar, e muito menos queria estar em dívida com ela, mas não havia ninguém com quem ele pudesse falar.

Suspirando, ele tirou os sapatos e voltou ao telefone público, tirando um cartão de visita da carteira junto com as moedas.

 

4

“Bem-vindo!” Veio a adorável voz de uma garçonete quando Sakuta entrou no restaurante em que trabalhava. “Eh? Senpai?”

Tomoe era quem cumprimentava os clientes, a dúvida em seu rosto provavelmente era porque ela sabia que Sakuta não tinha turno naquele dia.

“Hoje eu sou um cliente.” Disse ele.

“Mesa para um?”

“Estou me encontrando com alguém, ele estará aqui mais tarde.”

“Sakurajima-senpai?” Tomoe perguntou hesitante, com olhos adoravelmente voltados para cima.

“Não.”

“Kunimi-senpai?”

“Ele também não.”

Ela ficou em silêncio por um momento, aparentemente, ela não conseguia pensar em mais ninguém que ele encontraria.

“Um amigo imaginário?” Ela perguntou rudemente.

“Vou apalpar você.” Ele alertou.

Imediatamente, Tomoe cobriu seu traseiro.

“Você normalmente não pensaria que eu estava falando sobre o seu peito?”

“Você sabe que não tenho peito suficiente para tatear.”

(NT: KKKKKKKKKKKKKKKKK)

“Quando nosso relacionamento ficou tão erótico?” Ele perguntou.

“E-eu não quis dizer isso!” Tomoe protestou fazendo beicinho.

“Bem, você é muito fofa, Koga.”

“Basta, por aqui.”

Isso deveria ter sido um elogio, mas Tomoe não pareceu satisfeita e o levou à uma cabine interna enquanto reclamava baixinho. Era a mesa número cinco, onde Mai estava sentada ontem.

Sakuta se sentou obedientemente.

“Senpai, por que você está de uniforme?” Tomoe perguntou para ele.

“Eu fui à escola.”

“Para as aulas de recuperação?”

“Eu não sou você.”

“Eu também não tenho nenhuma.”

“Apenas alguns recados.” Ele disse para ela.

“Hmm.” Ela murmurou, insatisfeita com ele evitando a pergunta enquanto ela o encarava. Ela não o questionou mais.

“O de sempre.” Sakuta deu seu pedido.

“Certo, aproveite a estadia.” Disse ela com um sorriso e uma reverência educada após colocar o pedido no terminal.

Foi então que a campainha do cliente tocou.

“Bem-vindo!” Ela falou enquanto ia até a entrada.

No entanto, ela logo voltou para a mesa de Sakuta.

“U-umm, sua convidada.” Ofereceu Tomoe com uma expressão nervosa, olhando interrogativamente para Sakuta. Isso foi por causa da “convidada” ao seu lado.

Ela era uma mulher de quase trinta anos. Ela estava vestindo uma blusa branca de aparência bonita e uma calça adulta que ia até as panturrilhas. Ela tinha uma leve camada de maquiagem que lhe dava uma impressão ativa, como a de uma repórter de notícias… Ou seja, ela era uma repórter de notícias da vida real.

“Eu pensei que as coisas tinham ido longe demais entre nós, mas então você me ligou e me pediu para encontrá-lo.” Disse Nanjou Fumika enquanto se sentava em frente à ele com um sorriso.

“Pare de falar como uma esposa contando os dias para o divórcio.”

“Oh, você entendeu.” Disse ela, aparentemente tido realmente aquela intenção.

“Você gostaria de comer alguma coisa?” Tomoe perguntou, segurando o menu.

“Posso pedir um cheesecake e um conjunto de bebidas?” Ela perguntou sem pegar o cardápio oferecido, dando um sorriso para Tomoe.

“C-certo, um conjunto de cheesecake e bebidas.”

Tomoe entrou no pedido com movimentos bruscos, olhando para Sakuta enquanto o fazia, mas obviamente não podia perguntar que tipo de relacionamento eles tinham.

“Aproveitem a estadia.” Disse ela ao deixar a mesa.

“Ela era uma gracinha.” Disse Fumika.

“Não é?” Sakuta concordado.

“Do que você está tão orgulhoso?”

“Ela é minha maravilhosa kouhai.” Disse ele.

Enquanto ele falava, Sakuta se levantou e se dirigiu ao balcão, fazendo dois cafés, um quente e outro gelado.

Quando ele voltou, Fumika já estava com o cheesecake na frente dela, e já havia começado a comer porque a ponta pontiaguda havia se quebrado.

“Aqui.” Disse ele, colocando a xícara de café na frente dela.

“Obrigada.” Ela respondeu, imediatamente colocando seus lábios brilhantes na xícara e soprando levemente sobre ela.

“Você queria perguntar sobre como as meninas do ensino médio vivem hoje em dia, certo?” Ela perguntou.

No momento, ela estava focada em um programa de variedades na hora do almoço como apresentadora assistente. Era amplo, cobrindo entretenimento, política e economia, entre outras coisas. Eles freqüentemente tocavam em questões e na sociedade em geral relacionadas a menores, então Sakuta tinha entrado em contato com ela, presumindo que ela saberia sobre isso.

“Tem havido muitos problemas em sites de namoro online e namoro remunerado com o JK Business recentemente.” Fumika recitou como ela tinha feito ao telefone. Então ela foi tão longe a ponto de dizer que ela estava livre agora, e veio para encontra-lo. Ela então mostrou seu verdadeiro objetivo: “Ah, é claro, gostaria de entrevistá-lo em algum momento para compensar isso.”

“Não entendi o que você quis dizer com isso.” Disse Sakuta.

“Você deve saber o que eu quero, mesmo que eu não diga.”

(NT: se fosse um hentão, essa mulher seria uma comedora de casados)

Mesmo assim, Sakuta manteve sua expressão cuidadosamente em branco. Sakuta gostava de sua franqueza em momentos como este, e provavelmente gostaria dela se ela não quisesse fazer um relatório sobre ele. No entanto, era exatamente por isso que ele não conseguia baixar a guarda.

Fumika queria saber sobre a Síndrome da Adolescência que Sakuta havia experimentado. Os incidentes anormais nunca seriam aceitos como verdade pela sociedade, e ele seria denunciado como um fanfarrão e talvez até mesmo perseguido por câmeras. Havia o risco de que isso pudesse envolver Mai, Tomoe e Rio agora.

“Então, o que exatamente você quer saber?” Ela perguntou, levando um pedaço de cheesecake do tamanho de uma mordida para a boca.

“Sobre garotas tirando fotos de seus decote e colocando-as nas redes sociais.”

“Isso é voluntário? Ou elas estão sendo coagidos por alguém em algum site de namoro?”

“Eu acho que é voluntário.”

“Então é isso…”

“O que você acha?”

“Eu acho que as garotas do ensino médio crescem rápido hoje em dia.” O olhar de Fumika passou por Sakuta. Ele se virou para seguir seu olhar e ver um grupo de quatro alunas uniformizadas amontoadas ao redor de um celular, rindo, inteiramente em seu próprio mundo. “Quando eu estava no colégio, não tinha decote, não importa o quanto tentasse.”

“Eu realmente não me importo com o seu desenvolvimento.”

A blusa branca que ela estava usando agora não conseguia esconder o grande tamanho de seu peito.

“Mesmo que eu possa sentir o seu olhar direto no meu peito?”

“No que diz respeito à conversa, pense nisso como um elogio.”

“Pode ser porque os homens reagem assim.” Sugeriu ela.

Ela só continuou quando o silêncio de Sakuta deixou claro que ele não tinha resposta.

“Porque há uma demanda por isso.” Aparentemente ela estava mudando para o tópico principal. “Quando sinto seu olhar no meu peito, não me dá o mínimo de satisfação.”

“Sua piranha.”

“Ser vista como mulher é importante à sua maneira. Bem, depende de quem está por perto, vou repudiar pervertidos e chefes usando sua posição para isso.”

“Então, elas fazem upload de fotos como essas para ter essa satisfação?”

“Esse é um dos motivos pelos quais elas começam a postar mais e mais. Primeiro, começa com as pernas, uma sugestão de roupa íntima, depois elas recebem comentários como “que gata!”, “mostre-nos mais…” e “quero ver um maiô agora”, e assim aumenta gradualmente.”

Sakuta apenas olhou sem palavras para ela.

“Você não parece acreditar em mim… Mas as garotas que entrevistei disseram de forma diferente, claro, algo como: ‘Eu queria pensar que alguém precisava de mim’.”

Ele realmente não entendeu.

“Desculpe por colocar isso um pouco fora de ordem, mas as meninas que fazem isso tendem a ter um senso de isolamento mais forte do que as outras.”

“Isolamento…”

“Elas não conseguiram fazer amigos na escola ou as coisas não correram bem… Elas não conversam muito com a família ou tem um forte senso de expectativa por parte deles e, de uma forma ou outra, não chegam a um senso mútuo de compreensão… Então elas começam a pensar que ninguém as entende.”

“Entendo…” Disse Sakuta, apenas acenando com a cabeça, entendendo quase nada.

“Mas por causa disso, elas estão sempre em busca de validação, e acho que assim que alguém diz algo bom, elas ficam satisfeitos.”

“Então, porque isso as deixa felizes e satisfeitas, elas acham que precisam de mais e mais, como você disse antes?”

“Isso mesmo.”

“Mas o que elas acham que estão fazendo? Elas acham que é certo? Não, na realidade, elas querem fazer isso?” Essa era a pergunta que mais estava em sua mente.

“A segundo ano que entrevistei disse que ela sempre se sentiu suja fazendo isso, como se ela fosse patética por estar tirando fotos de si mesma em sua roupa íntima e que ficava com vergonha… Então, quando ela as postou, ficou preocupada em não receber nenhuma resposta, mesmo que fossem coisas como ‘vaca’ ou ‘repugnante’.”

“Então certamente elas podem simplesmente parar?”

Pensar que elas não deveriam ter feito isso em primeiro lugar, provavelmente foi muito simplista.

“Essa preocupação é o real problema.” Disse Fumika, antes de continuar quando Sakuta franziu a testa pensando. “Quanto maior o mal-estar e a preocupação, maior a felicidade quando elas obtêm respostas positivas.”

Sakuta acenou com a cabeça, entendendo como aquela amplitude poderia fazê-las felizes.

“A simples palavra “gata” acaba com esse desconforto e dá uma enorme sensação de satisfação, ao que parece.” Acrescentou Fumika.

“Mas isso não é contra-intuitivo?”

“É, isso apenas as satisfaz temporariamente… Mas o desconforto logo volta e elas querem mais.”

“Então… É para enterrar esse mal-estar e solidão?”

“Isso cria um ciclo vicioso do qual é difícil escapar. Elas não querem que ninguém próximo a elas saibam, então elas não podem falar com eles. Isso começa simplesmente cedendo à tentação levemente. É o que parece… Das garotas que eu vi, pelo menos isos eu posso confirmar.”

Sakuta pensou que entendeu, mas não tinha nenhuma confiança de que realmente de que conseguiu.

“Como você deve trazer isso à tona?” Ele perguntou.

“A pior opção é dizer coisas como “Não faça coisas estúpidas como essa”. Elas sabem que o que estão fazendo é estúpido e não acham que podem ser perdoadas por isso.”

(NT: as pessoas deveriam pensar mais antes de falar)

Ele podia entender isso, pelo menos. Memórias de quando Kaede foi intimidada passaram por sua mente. Quando ela parou de ir à escola, as pessoas lhe disseram “Você não tem força de vontade.” e “Controle-se.”.

Mas Kaede não estava se distanciando da escola porque gostava, ela não se tornou uma garota que amava o lar assim.

Kaede havia sofrido por não ir à escola e tentado melhorar, mas mesmo agora ele achava que isso poderia ter piorado seus ferimentos.

O que era preciso era entender seus sentimentos e que as pessoas a elogiassem pelo seu esforço. Ela não podia deixar de ir para a escola, ela queria, mas não podia. Ela precisava de pessoas que pudessem entender isso.

Sakuta tinha entendido isso pelos ferimentos dela… E Shouko finalmente explicou à ele. Explicou que ele deveria dar para ela palavras felizes em vez disso.

“Bem, você provavelmente já sabe disso.” Disse ela.

Mesmo assim, ele ficou grato por ter colocado em palavras, embora ele possa ter entendido de alguma forma, era importante se preparar antes de enfrentar esse tipo de situação.

“Nem um pouco, obrigado.”

“Ver você vir tão mansamente para mim é uma visão preciosa, estou perto de conquistar você?”

“Isso e aquilo são coisas separadas.”

“Ah nossa, que pena.” Disse ela, não parecendo nem um pouco chateada enquanto comia o resto de seu cheesecake. “Você estava perguntando isso por causa de alguma amiga?”

“Sem comentários.”

“Como você pode ser tão frio? Mesmo depois de eu ter te contado tudo isso.”

“É um amiga, sim.”

Deixá-la fazer parecer que estava fazendo um favor à ele seria irritante, então Sakuta admitiu facilmente.

“Tenha cuidado então.” Ela disse à ele.

“Eu pretendo.”

A questão era realmente o que ele poderia fazer.

“Uma vez que as coisas estão na internet, são bastante difíceis de remover. Uma vez lá, parar não é necessariamente o fim.”

Isso também foi um problema, não era mentira que esse tipo de coisa perseguiria você por toda a sua vida quando você fizesse algo assim.

“Mesmo que elas não mostrem o rosto, ainda há o risco de serem identificadas, encontradas ou ser apanhadas em questões criminais. Os telefones com GPS podem incluir informações de localização nas fotos, dependendo das configurações.”

Embora pudesse ser conveniente, uma vez que a informação estava lá fora, ela não poderia ser contida enquanto se propagava na velocidade da luz.

“Ainda há fotos da minha saia sendo levantada pelo vento durante uma transmissão, é um problema real.”

(NT: aí você me tent-… melhor parar por aqui)

“Você não está feliz por ser procurada?”

“Eu estava usando uma calcinha preta na época, então recebi telefonemas horríveis como: “Você é tão sem-vergonha de usar isso na TV durante o dia”. Queria que isso fosse esquecido logo, mas às vezes ainda vejo isso na internet quando estou pesquisando.”

Então estaria tudo bem se fosse à noite? Sakuta se perguntou. Ele não conseguiu imaginar que as pessoas se dessem ao trabalho de telefonar e reclamar.

(NT:KKKKKKKKKKKKKKKKK)

“Bem, isso é o suficiente sobre mim.” Disse Fumika com um sorriso.

“O quê é?” Sakuta a pressionou para perguntar o que ela queria de uma vez.

“Que tipo de relacionamento você tem com Sakurajima Mai-san?”

“Somos colegas de escola.” Respondeu ele estupidamente, matando a sede com seu café gelado.

“Isso é tudo?” Ela perguntou, claramente duvidando disso, com alguma base também.

Sakuta permitiu que suas cicatrizes fossem fotografadas em troca de informações sobre Mai, e Mai então negociou para evitar que isso fosse publicado, oferecendo a notícia de seu próprio retorno ao show business.

Em essência, Mai o havia encoberto, então, é claro, Fumika achava que havia algo mais do que ser “colegas de escola” ali. No mínimo, seria mais estranho se ela não pensasse assim.

“Ela ainda não teve nenhum escândalo amoroso, então algo como: “Ela encontrou um namorado!” seria um ótimo furo.”

“Nesse caso, eu nunca responderia a isso em uma entrevista, eu acho.”

“Acho que há outras empresas que querem isso também, então tome cuidado. Não posso aceitar que nosso relacionamento esteja ficando desagradável por causa de algo assim.”

“Eu entendo.” Ele respondeu. Embora ele não soubesse o quão realista isso era, Mai não parecia nem um pouco preocupada com isso. Durante o último semestre, eles normalmente iam e voltavam da escola juntos e ela tinha ficado na casa dele ontem com grande prazer. Ou ela não sentiu qualquer sensação de perigo ao fazer isso, ou estava fazendo isso apesar de saber. Ele deveria verificar com ela quando chegasse em casa.

“E então?” Fumika perguntou, inclinando-se curiosa.

“Então, o quê?”

“Quão longe vocês foram?” Ela perguntou como uma menina, seus olhos brilhando.

Sakuta não pode deixar de olhar horrorizado para ela.

“Você a beijou?” Ela continuou, despreocupada.

“Nanjou-san…”

“Vamos, me diga! Já? Já?”

“Você parece uma velha fofoqueira.”

“Isso você não precisa me dizer.” Ela falou, infantilmente, recostando-se na cadeira.

“Você não tem namorado?” Sakuta retrucou sem rodeios.

“Sabe, ouça isso, ele é horrível…” Ela começou, antes de reclamar do namorado por mais de uma hora.

Eles namoravam desde que eram estudantes e tinham a mesma idade. Ele trabalhava em uma grande empresa de comunicações e moravam juntos há três anos. Fumika parecia estar esperando por uma proposta, mas ele não parecia se sentir da mesma forma. Parecia que, em comparação com o trabalho dela como apresentadora, ele ainda não havia chegado “lá”, então ela contou o que ele havia falado na noite anterior.

“Então o que aconteceu no final?” Sakuta perguntou, tendo sido levado por sua raiva também.

“Ele disse que deveríamos terminar se eu não gostasse. Se eu quisesse, poderia conseguir um jogador profissional de beisebol, definitivamente.” Ela disse, mas ainda parecia que ela gostava dele.

Em troca de todas as informações que ela deu à ele, Sakuta continuou com aquela conversa por mais uma hora.

(NT: agora são duas velhas fofoqueiras)

 

5

Sakuta estava caminhando para casa sozinho depois de se separar de Fumika no restaurante. A hora estava se aproximando das sete da noite e, embora ele não pudesse ver o próprio sol, o céu ainda estava bastante claro.

Ao passar por um parque próximo, ele pôde ouvir os gritos das cigarras vindo das árvores lá dentro. Havia apenas uma chamando, e do próprio chamado provavelmente era uma grande cigarra marrom. Havia muitos mais por volta do meio-dia, o suficiente para fazer um verdadeiro barulho, mas o grito agora parecia um tanto triste.

Sakuta parou e olhou para a árvore, mas não conseguiu localizar o inseto.

“…Isolamento, hein?” Ele murmurou inconscientemente. Essa foi a palavra que mais preocupou Sakuta da conversa anterior, a palavra que se alojou em seu peito. Se o que Fumika lhe dissera fosse verdade, Rio estaria sendo atormentada por esse isolamento. “Ela realmente não tem personalidade para se encaixar em nenhum dos grupos da classe.”

A natureza argumentativa de Rio definitivamente sairia pela culatra nas comunidades que exigiam empatia e simpatia. A própria Rio provavelmente sabia disso também, e pode ser por isso que ela sempre se distanciou de seus colegas de classe.

Embora ela já falou com Sakuta e Yuuma, talvez não fosse o suficiente. Ou talvez ela também estivesse isolada fora da escola.

“Eu me pergunto como são as coisas na casa dela…” Sakuta pensou consigo mesmo, desistindo de procurar pela cigarra e indo para casa novamente.

Sakuta nunca tinha visitado a casa de Rio e não sabia em que tipo de casa ela morava, se era uma casa independente, um apartamento ou qualquer outra coisa. Ele nem sabia o que os pais dela faziam para viver. Tudo o que ele sabia era que ela morava em uma estação acima da linha Odakyu Enoden da estação Fujisawa, em Honkugenuma. Já era um pouco tarde, mas Sakuta só percebeu agora que sabia surpreendentemente pouco sobre a vida pessoal de Rio. Ela não costumava falar sobre si mesma sem pedir orientação e apenas respondia às perguntas com o que era realmente necessário, então havia poucas oportunidades de descobrir sobre ela em conversas.

“Bem, eu posso simplesmente perguntar para ela no final.” Afinal, você não poderia mudar uma situação apenas observando de longe, então ele só precisaria se envolver, mesmo que isso a fizesse pensar que ele era irritante.

Esses foram os pensamentos que ocuparam a mente de Sakuta enquanto ele bocejava para o céu.

“Eu estou de volta.” Falou Sakuta quando ele abriu a porta.

Porém, não houve resposta. Normalmente, Kaede viria tagarelando para cumprimentá-lo, mas, mesmo quando ele olhou para a sala, não havia sinal dela.

“Talvez ela esteja dormindo.” Disse ele enquanto tirava os sapatos e se dirigia para dentro e lavava as mãos antes de entrar na sala de estar.

Como ele havia pensado, Kaede estava deitada na frente da TV, cochilando com os dois gatos.

(NT: deveria ter uma ilustração dessa cena, pena que não tem ,_,)

“Bem-vindo de volta.” Veio uma voz da cozinha, fazendo Sakuta se virar para olhar naquela direção.

Rio estava ali com uma chama sob uma panela, mexendo o conteúdo para evitar que queimasse.

“Futaba, o que você está fazendo?”

“Curry.” Ela respondeu.

“Vestida assim?” Ele perguntou por sua vez, apontando para o jaleco que ela estava vestindo.

“O curry pode espirrar.” Ela se defendeu.

“Isso é mesmo comestível?”

Sua aparência era como uma bruxa científica, uma bruxa lógica e inexpressiva, e parecia que ela poderia até ter adicionado alguns produtos químicos duvidosos.

“Segui a receita ao pé da letra, então deve estar tudo bem.”

Agora que ela falou, Sakuta podia ver um livro de receitas aberto ao lado da panela que ele comprou quando eles começaram a viver por conta própria para aprender a cozinhar. Ele mal tinha aberto recentemente, então tinha esquecido onde estava.

“Oh sim, onde está Mai-san?” Ele perguntou. Kaede ainda estava dormindo no chão em frente à TV, mas Mai não estava à vista.

“Ela está lendo um roteiro em seu quarto. Ela também disse para lhe dizer para ir vê-la assim que você voltasse.”

“Vou me trocar então.” Sakuta não conseguia se acalmar se estivesse em casa com seu uniforme, era desconfortável. “Eu sou um daqueles que trocam imediatamente quando voltam pra casa.”

“Eu não queria saber.” Respondeu Rio, sem tirar os olhos do curry.

Sakuta foi até sua porta e bateu, apenas para garantir.

“Mai-san, posso entrar?” Ele perguntou.

Não houve resposta. Ele fez os movimentos certos, então mesmo que ela estivesse se trocando quando ele entrar, ela não deveria ficara com raiva. Enquanto esperava por uma feliz coincidência nesse sentido, Sakuta abriu a porta.

Ele a viu imediatamente, ela estava deitada na cama, com as pernas separadas na largura dos ombros enquanto seus olhos examinavam o roteiro em suas mãos.

Ela estava vestindo uma blusa com capuz e uma calça que ia até os joelhos. As panturrilhas de suas pernas, geralmente escondidas por meias pretas, eram visíveis.

Sua expressão era severa, e sua concentração penetrante misturava-se ao ar da sala, dando-lhe uma atmosfera tensa. Realmente não parecia que ele deveria incomoda-la.

Por enquanto, ele entrou silenciosamente e fechou a porta com cuidado antes de se ajoelhar no canto do quarto e esperar, naturalmente sentado em               suavidade à tensão que ela estava criando.

(NT: o autor gosta de meter umas palavras difíceis de vez em quando, pqp :v )

O aumento e a queda constantes do peito de Mai mostravam que ela estava respirando, e as piscadas repetidas deixavam claro que ela não estava prestes a cair no sono. Sakuta decidiu matar algum tempo para não incomodar. Ele olhou ao redor de seu quarto e viu que estava lindamente arrumado. Ela realmente tinha limpado para ele, e até mesmo a revista de três meses que ele tinha acabado de jogar no chão estava cuidadosamente colocada sobre a mesa.

Sem mais nada para fazer, ele estendeu a mão para pegá-la. Como Mai dissera ao telefone, havia um grupo de Idols adornando a capa, sete garotas de quinze ou dezesseis anos com rostos sorridentes. Olhando mais de perto para suas roupas, ele podia sentir que deveria ser algo como uma banda de rock. Misturada com sua natureza de grupo de Idols, acabou parecendo uma fantasia de Halloween bem feita, com um visual fofo e estiloso.

Abrindo a revista, as primeiras páginas eram fotos das garotas, com apresentações para cada uma delas. Aparentemente, eles foram chamadas de “Sweet Bullet”, e foram introduzidos com: “Este ano será o ano em que elas chegarão ao topo?!” Em letras grandes e brilhantes.

De repente, seus olhos encontraram um dos tópicos de suas integrantes, sob o título de “Coisas favoritas”, abaixo da altura e da cidade natal, estava “Sakurajima Mai”.

Seu nome era Toyohama Nodoka, dezesseis anos. Apesar de todas as outras membras terem cabelos pretos, só ela se destacou com seu cabelo loiro. Você não costuma dizer algo como “Morangos” para coisas favoritas? Sakuta se perguntou. As outras seis escreveram coisas desse tipo.

Sakuta acabou lendo seus perfis inesperadamente de perto e então fechou a revista e a devolveu à mesa.

Verificando Mai de novo, ele viu seus lindos lábios se movendo, talvez ela estivesse lendo junto com as falas, ele pensou.

“…Mai-san?” Ele chamou baixinho, cansado de esperar.

Mai não mudou nada.

“Isso significa que posso fazer qualquer piada sexual que eu quiser?”

“Eu posso ouvir você.” Ela disse, finalmente desviando o olhar do roteiro para Sakuta.

(NT: meta)

“Eu interrompi você?”

“Se eu não quisesse ser interrompida, não teria vindo ler o roteiro aqui. Seja bem-vindo.”

“É bom ver você novamente.”

Mai fechou o roteiro e se sentou, recolocando-se na beirada da cama. Sakuta foi se sentar ao lado dela.

“Você se senta no chão.” Disse ela, como se estivesse apontando para um canil.

Sakuta relutantemente se sentou no chão.

“Sua gerente veio?”

Se Mai queria algo com ele, era o que vinha à mente, então Sakuta começou a conversa.

“Ela veio, mas logo foi embora.”

“Vocês conversaram?”

“Sim, é por isso que ela veio aqui.”

Bem, claro. Julgando por seu leve desagrado, Sakuta podia mais ou menos imaginar como tinha sido.

“O que ela disse?”

“Ela não disse para terminarmos, mas disse que não deveríamos nos encontrar a sós por um tempo.”

Isso foi mais ou menos o esperado.

“Posso perguntar o porquê deles?” Sakuta perguntou.

“Acabei de começar a trabalhar de novo e ela quer evitar um escândalo. Acabamos de fechar um contrato de publicidade, por isso precisamos estar atentos aos patrocinadores. Se descobrisse que eu tenho namorado, a imagem da empresa poderia ser manchada por causa de mim.”

“Os estoques de um vendedor de bebidas esportivas vão cair só porque você tem um namorado… Isso é incrível.”

Embora ele tivesse a sensação de que não afetaria tanto a bebida…

“Eu poderia entender se eu fosse alguma Idol incrível e recebesse reclamações dos fãs, ou se tivesse um caso com algum ator casado, mas… Se estou apenas saindo com meu Kouhai da escola, especialmente alguém tão simples quanto você me dá uma imagem ruim, então o mundo já não pode mais ser salvo.”

“Bem, eu concordo com isso.”

(NT: eu também)

“Ryouko-san parece estar com a impressão de que eu sou uma daquelas Idols que ela pode proibir de namorar.”

Ela olhou para a revista na mesa de Sakuta que ele estava lendo antes.

“Ryouko-san é sua empresária?”

“Sim, Hanawa Ryouko-san. Ela odeia o sobrenome, pois ganhou o apelido de “Holstein” quando ela era criança.”

A mesma palavra de Hanawa é dita para um piercing no nariz, e disso eles foram para as vacas Holstein. Sakuta tinha certeza de que quem lhe deu o nome era algum adolescente idiota, mas ele podia apreciar o sentido de nomenclatura.

(NT: Eles estão falando sobre Kanjis, e dando uma pesquisada aqui “Holstein” tá no duplo sentido, se referindo a um time de futebol alemão e uma raça de vaca bovina com o mesmo nome)

“Só para você saber, Ryouko-san é plana.” Mai disse a ele.

“Eu não disse nada.” Disse Sakuta, fazendo silêncio porque o apelido o fizera imaginar alguém com seios grandes.

“Ela disse que odeia o sarcasmo por trás disso também.”

“Quanto?” Sakuta perguntou.

A expressão de Mai de repente virou desprezo quando ela olhou para ele.

“Eu estava perguntando há quanto tempo ela está por aqui.” Se defendeu Sakuta, é claro que ele não perguntaria quanto é o comprimento do sutiã.

“Ela está na empresa há três anos e tem vinte e cinco.”

“Então, você concordou com as exigências de Hanawa-san de 25 anos?”

“Não é algo que posso decidir sozinha, então adiei.”

“Você quer dizer que cabe à nós decidir?”

“Certo, é um problema para nós dois, não é?”

Isso parecia bom, um problema para os dois. Dito isso, só havia realmente uma resposta.

Era porque Mai sabia que ela mesma estava de mau humor.

“Acho que vamos precisar por um tempo, não é?” Ele perguntou.

Essa era a única escolha real, então Sakuta decidiu dizer isso para encerrar a conversa.

“O que você quer dizer com ‘vamos precisar’?” Mai perguntou, sua expressão desaparecendo e sua voz ficando sem tom.

Mai estava com raiva de sua empresária antes, mas agora Sakuta sentia um nó na garganta.

Ela estava calada, mas claramente furiosa.

“Huh? Por que você está zangada? Eu te deixei com raiva?”

Sakuta pensou que se ele levasse isso completamente a sério, isso se tornaria uma briga de verdade, então ele exagerou seu medo.

Quando ele fez isso, a postura de Mai mudou e ela olhou propositalmente para ele.

“Não fuja.” Disse ela, era assustador, mas também não, sua raiva se transformando em algo mais relaxado.

“É um recuo estratégico.” Insistiu ele.

“Você é realmente um sem vergonha.”

“Você não deve travar batalhas que não pode vencer.”

“Mentiroso, você luta quando precisa.”

“Isso na verdade me faz parecer muito maneiro.”

“Não diga isso sobre você.” Ela o repreendeu, enrolando seu roteiro e batendo na cabeça dele.

“Ai… Se eu começar a gostar desse tipo de coisa, espero que você assuma a responsabilidade.”

Mai apenas olhou para ele.

“Desculpe, foi uma piada.” Ele se corrigiu.

“Você está bem em não ser capaz de me ver por um tempo?”

“Se você pensar bem, mal conseguimos nos ver recentemente de qualquer forma.”

“Estou impressionada que você possa dizer isso nesta situação.” Disse ela, olhando com os olhos estreitos. Isso o assustou, então ele decidiu voltar ao tópico principal.

“Eu realmente não quero.” Ele admitiu. “Mas, bem, sua gerente está certa. Você acabou de começar a trabalhar de novo, então você deve se comportar por um tempo e recuperar sua popularidade, não é?”

“Isso é irritantemente lógico.” Disse ela, mas parecia querer essa resposta. Ela provavelmente sabia que ia acabar assim desde o início, mas ainda assim escolheu seguir as regras e trazer isso à tona como algo que ambos tinham que decidir.

(NT: seria mais estranho se não fizessem isso, apesar de no brasil isso acontecer com frequência)

Assim que a conversa terminou, a porta se abriu lentamente e Kaede espiou pela fresta, tendo acordado de seu cochilo noturno.

“Onii-chan, bem-vindo de volta, você terminou de falar com Mai-san?”

“Eu terminei.” Ele respondeu.

“Então, Rio-san disse que é hora do curry.”

“Não deveria ser ‘hora do jantar’?” Ele perguntou.

“Ah, o cheiro está bom.” Mai disse. E ela estava certa, o cheiro picante encheu a sala.

O curry estava bem cozido e acabou bem.

“Futaba, você será uma boa esposa algum dia.” Sakuta disse à ela.

“Qualquer um pode fazer curry desses.” Disse ela, nem um pouco envergonhada.

“A maneira como você cozinha faz com que pareça um experimento.”

As colheres de medida e escalas, muitas vezes não utilizadas por Sakuta, estavam na superfície de trabalho. Era fácil imaginar que ela havia tratado os ingredientes como faria com os reagentes de laboratório em um experimento e medido os temperos em miligramas.

Mesmo que ele não tivesse visto, ele tinha certeza de que estava tudo certo. Ter o jaleco no lugar do avental, fazia o curry ter um gosto vagamente químico.

Assim que os quatro terminaram de jantar, Sakuta saiu com Mai para levá-la em casa. Eles desceram de elevador até o andar térreo e saíram do prédio.

O céu que os observava estava, é claro, escuro, sendo quase oito horas da noite. Mesmo assim, o céu quase sem nuvens parecia um azul profundo.

Mai morava do outro lado da estrada, então não demorou nem um minuto para chegar. Os dois pararam um pouco antes das portas com travamento automático.

“Boa noite, Mai-san.”

“Sim, noite, Sakuta.”

“Até mais.” Disse Sakuta, levantando ligeiramente a mão antes de se virar.

“…Ah, espere.” Mai chamou baixinho.

“Você quer um abraço de despedida?” Ele perguntou, apenas para ser respondido com silêncio. “…Huh? Eu tinha razão?”

“Não… Mas também sim.” Disse Mai, olhando em volta com atenção.

“Mai-san?”

“Não poderemos nos ver por um tempo.”

“Não vamos.” Respondeu ele, não sendo capaz de apenas dizer “Sim” à isso. Mas Mai havia decidido.

“Talvez não até o início do segundo semestre.”

“Eu irei e encontrarei alguns esconderijos na escola então.”

“E você está bem agora?”

“Huh?”

“Você está bem se despedindo assim?” Ela perguntou, tentando-o com seu olhar voltado para cima, mantendo os olhos nele mesmo enquanto abaixava a cabeça ligeiramente em constrangimento.

“Ummm…” Disse Sakuta, desviando o olhar. Verificando secretamente o caminho para a estação e arredores.

“Não há pedestres.” Mai o alertou, fazendo suas costas ficarem duras. “Não há carros parando também.”

Se eles não precisassem se preocupar com os pedestres, então também não deveria haver paparazzis por perto.

Ele não podia desistir depois de ter dito tanto, claro que não.

Sakuta gentilmente colocou as mãos nos ombros de Mai. Seus olhares se encontraram por vários segundos e Sakuta moveu seu rosto na direção de Mai. Seus olhos tremularam fechados em uma ação provavelmente inconsciente. Mai se curvou ligeiramente para a frente, abaixando a cabeça. Olhando para o rosto dela, Sakuta tomou seus lábios.

“Ngh…” Veio o ruído levemente erótico do nariz de Mai, seu hálito quente passando por sua bochecha. Ele fez cócegas estranhamente. Com a concentração em seus lábios, Sakuta esqueceu de respirar e se afastou de Mai quando ele começou a sentir falta de oxigênio.

 

 

(NT: ERA ESSA A CENA QUE ESTAVAM ESPERANDO? PORQUE PRA MIM ERA, PORRA! desculpa, eu to muito feliz)

Mai olhou para Sakuta como se nada tivesse acontecido, mas ela não conseguia esconder o vermelho em suas bochechas.

“V-você não tem nada a dizer?” Ela perguntou depois de alguns segundos.

“Obrigado pelo banquete.”

“Idiota.” Disse ela, soando como se estivesse tentando esconder seu constrangimento.

“Então, eu quero um segundo.”

“Você é realmente um idiota.” Disse ela novamente, desta vez falando sério, seu constrangimento se transformando em raiva exasperada, que desperdício. “Continuaremos com isso mais tarde.”

“Eh, mas eu estou em chamas aqui, você não pode me pedir para me segurar.”

“Você não é um macaco no cio, então tenha paciência.”

“Foi você que me transformou em um macaco no cio.”

“Eu não preciso de um namorado macaco.”

“Eu estava apenas respondendo ao seu pedido.”

“E-eu não estava implorando.”

(NT: mas eu tava)

“Não estava meeesmo?”

“Eu não estava.”

“Você etava tão fofa agora pouco.”

“Você não pode dizer isso.” Protestou Mai. “Você vai se deixar levar.”

Sakuta apenas olhou em seus olhos.

“Não me olhe como um peixe morto.”

“Era para ser como um cachorrinho abandonado.”

“Você não tem nenhum talento para atuar, na verdade, é mais como um talento para atuar negativo.” Disse ela asperamente. “Boa noite então.”

Sakuta tentou resistir sem palavras.

“Sakuta, eu disse boa noite.” Ela repetiu como alguém que falaria com uma criança mal-comportada.

“Boa noite.” Sakuta respondeu categoricamente.

“Eu vou te ligar.”

“Uau, estou ansioso por isso.”

“Haaa…” Mai deixou escapar um suspiro exagerado. Um suspiro muito profundo. “Você só tem permissão para ser egoísta por hoje, ok?”

Depois de dizer isso rapidamente, Mai deu um passo mais perto e se esticou, colocando um suave beijo nos lábios de Sakuta, um beijo curto com um contato apressado.

“Isso não vai acontecer da próxima vez.” Ela o avisou.

“Eh? Esse é o sistema?”

“É.” Mai sorriu feliz ao brincar com Sakuta antes de girar e entrar, desaparecendo de vista.

“Droga, estou muito chateado agora… O que eu faço…”

No entanto, Sakuta não poderia apenas passar o resto do dia excitado, ele ainda tinha coisas para fazer hoje, ele tinha que ir para casa e ter uma conversa importante com Rio.

“Eu me pergunto se posso deixar o assunto de Futaba pra amanhã…” Decidindo que provavelmente não poderia, Sakuta refez seus passos de volta para casa.

(NT: reza a lenda que essa cena transformou um ateu em um religioso)

 

6

Quando voltou da casa de Mai, Kaede estava no banho e Rio lia à mesa um livro de capa dura, provavelmente uma Novel.

A cozinha, que pretendia arrumar assim que voltasse, já estava limpa, as panelas e frigideiras guardadas e as sobras embaladas e guardadas na geladeira.

“Obrigado, Futaba.”

“Claro.” Ela respondeu brevemente, focada em seu livro. “Você demorou muito para levá-la em casa.” Acrescentou ela de forma estranhamente significativa, mas não parecia estar condenando-o. Ela apenas parecia estar declarando um fato.

“O que você está lendo?” Ele perguntou.

“Sua irmã disse que era bom e me emprestou.” Respondeu ela, levantando o livro para mostrar a capa. O título era O Príncipe Nu e a Bruxa Infeliz, e o autor era Yuigahama Kanna, o autor favorito de Kaede.

Sakuta tinha lido muitos de seus livros por recomendação de Kaede, mas não gostou de nenhum deles. A maioria deles não tinha finais com os quais ele estava feliz, todos eles deixaram um sabor desagradável. Quando ele contou a Kaede, ela disse que não os recomendou, mas…

“Isto é chato?”

“Hum? Na verdade não… É sobre uma garota que acabou de conseguir seu primeiro namorado e está preocupada com isso.” Só de ouvir que ela poderia contar a história foi um alívio. “O namorado dela é popular… Então ela se preocupa que alguém “Simples como eu” não seja bom o suficiente para ele, e se uma garota bonita se aproxima, ela começa a se odiar e a pensar que eles seriam muito mais felizes juntos do que ele seria com ela. Ela ainda não é honesta, então ela desconta no namorado.”

Essa era uma descrição bastante específica, e parecia que a garota era bastante irritante.

“É agradável ler isso?” Sakuta perguntou.

“Sim, posso simpatizar com a personalidade dela.”

“Isso é realmente divertido…?”

“As garotas são criaturas de simpatia e empatia.” Disse ela, parecendo estar mais analisando do que sentindo, embora ela mesma fosse uma menina. Se ela estava se analisando de forma tão objetiva, ela poderia realmente estar gostando de lê-lo?

“O banho acabou, e estou com muito calor.” Disse a voz de Kaede, levando-o a passar para ela uma bebida da geladeira. “Estou com muito frio agora!”

“Futaba, você pode entrar no banho.”

Rio finalmente ergueu os olhos de seu livro e dirigiu um olhar de desdém para ele por trás de seus óculos.

“Só para deixar as coisas claras, não tenho intenção de fazer nada com a água que saiu de você.”

“Azusagawa.”

“Você entendeu?”

“Você deveria morrer no momento em que disse ‘água que saiu’ de mim.”

“…Eu vou tomar um banho então, tem certeza?”

“Tenho certeza, e agora estou numa parte boa.” Ela respondeu, mais uma vez movendo os olhos pelas fileiras de personagens.

“É uma cena de beijo?”

“Ela está disciplinando o namorado olhando para ele como excremento no chão.”

Isso soou como uma cena interessante um pouco diferente do que ele esperava.

“Parece divertido, vou pegar emprestado quando você terminar.” Disse ele, indo para o banho.

Ele tomou banho depois de se despir, esfregando seu braço dominante com sabonete em uma esponja, da mesma forma que sempre fazia, antes de usar aquele braço para esfregar o resto de seu corpo. Assim que terminou, ele enxaguou a espuma e lavou o cabelo, finalmente lavando o rosto e limpando tudo com o chuveiro e depois mergulhando no banho, demorando cerca de dez segundos antes de sair.

(NT: eu traduzi essa cena com um medo do c@r@lho, achando que ia falar o que ele lavou)

“Futaba, o banheiro está livre.”

“Você tomou um banho de pássaro*?”

(NT: para leigos, uma ducha)

“O verão está quente demais.” Claro, ele demoraria mais durante o inverno.

“Vou tomar banho então.” Disse Rio, colocando um marcador entre as páginas e entrando no provador, fechando a porta com firmeza. No entanto, as únicas portas da casa com fechaduras eram a da frente e o banheiro.

Ele podia ouvir vagamente o farfalhar de roupas além da porta. Ouvir seria assustador, então Sakuta sentou na frente do ventilador e o ligou, deixando o vento esfriar seu corpo.

“Leve-me ao seu líder!” Ele disse isso, mas parecia estranhamente sem sentido.

(NT: com certeza uma referencia que eu não entendi)

Após cerca de cinco minutos esfriando-se, ele se levantou e foi em direção ao banheiro.

Ele abriu a porta do vestiário, ouvindo um barulho vindo da área de banho, a bacia caindo no chão.

Ele podia ver uma silhueta feminina através do vidro fosco, de costas para ele, aparentemente ela estava se lavando.

“Futaba, você tem um minuto?”

“Posso começar?”

“Claro.”

“Por que você sempre fala comigo quando estou tomando banho?”

“Porque me excita ter apenas uma porta entre mim e uma garota nua.”

Apenas o silêncio o respondeu.

“Provavelmente porque é mais fácil falar sobre algumas coisas quando você não está cara a cara.”

“O que isso deveria significar?” Ela perguntou, cautelosamente. Mesmo assim, ela começou a se mover novamente, cobrindo-se de bolhas.

Sakuta ficou longe da porta e sentou-se no chão do vestiário. Ele não achava que a conversa iria terminar tão cedo.

“Em que tipo de casa você mora?”

“Do quê você está falando?” Ela perguntou em dúvida, mas Sakuta não ligou para ela e continuou.

“Um apartamento? Uma casa independente?”

“Uma casa independente.”

“É grande?”

“Existem alguma que não seja?”

“Você é rica por acaso?”

(NT: “eu sou rica! rica!”)

“Talvez.” Ela respondeu facilmente, não parecendo realmente estar falando sobre si mesma. Sakuta tinha a sensação de que era porque ela não se via como rica, mas sim seus pais.

“O que os seus pais fazem?”

“Meu pai é médico.”

“Sério?!”

“Não é nada para se surpreender, certo?” Ela perguntou.

“A sua casa é um hospital?”

“Ele não é um clínico geral, ele trabalha em um hospital universitário.”

“Existe uma rivalidade entre os dois tipos?”

“Aparentemente sim.”

“Isso é incrível.”

Ele podia ouvir a água fluindo e lavando as bolhas do banheiro. Depois de alguns momentos, a silhueta de Rio mudou para mergulhar na banheira.

“E a sua mãe?” Ele perguntou.

“Ela administra uma loja de roupas importadas.”

“Então ela é a presidente.”

“Ela é… Então, o que você queria perguntar?” Ela perguntou calmamente, tendo notado que Sakuta sabia um segredo sobre ela. “Você ouviu algo sobre a farsa, não foi?”

“Bem, é um pouco mais complicado do que isso.” Ele nunca teria pensado que Saki teria se envolvido. “Eu sei o quê você fez.”

“Entendo…” Disse ela sem emoção alguma, quase falando para si mesma.

O silêncio caiu por um tempo.

“Fiz a conta antes das férias de verão.” Admitiu ela em voz baixa. “Mas não sabia o que deveria escrever.”

Ela falou como se fosse um exercício escolar.

“Qualquer coisa serviria, certo? Algo como ‘Estou apaixonada por um cara gostoso que tem namorada’.”

“Será que outras pessoas gostariam de ver isso?”

“As meninas não são criaturas de simpatia e empatia?”

“Além disso, eles apenas pensariam que eu era uma mulher amarga e diriam que uma bruxa não deveria se precipitar.”

“Que humilde.” Disse ele. No mínimo, ele nunca pensou que Rio fosse uma bruxa ou algo assim. Ela deu uma impressão clara, mas essa era uma de suas partes encantadoras.

“Não sou insensível o suficiente para me confessar à uma celebridade famosa do país na frente de toda a escola.”

“Você está fazendo algo ainda mais ousado.”

Ela não respondeu.

“Você nunca me mostrou seu decote brilhante, embora nos conheçamos há mais de um ano.”

“Não tenho razão para lhe oferecer um serviço como esse.”

“Se não importa para quem você mostra, eu também não deveria estar bem?”

“Você é realmente um idiota.”

“Mai-san me disse isso também.” De uma forma muito mais agradável, entretanto… “Eu realmente não entendo, você geralmente é bastante cautelosa.”

“…Eu realmente odeio que você seja tão perceptivo.”

“Não, você é simplesmente fácil de ler.” Sakuta disse para ela.

Ela usava a saia mais comprida do que as outras alunas, e sempre estava com a blusa completamente arrumada. Ela até usava seu jaleco na escola durante uma época do ano em que a maioria das garotas nem usava coletes. Além de ter mangas compridas, a bainha comprida também escondia a maior parte das pernas.

“E você ainda me assedia mesmo assim.”

“Tenho sempre o cuidado de não ultrapassar os limites.”

“Você é terrível.”

“Então você se cansou de mim e decidiu tentar fazer amigos online?”

“Eu me pergunto… Acho que é um pouco diferente.”

“Diferente?”

“Eu acho… Que eu só queria atenção.” Disse ela, zombando de si mesma. Ela estava agindo da mesma maneira de sempre, ela não parecia ter desistido e estava apenas falando em seu tom normal de costume.

Isso, na verdade, deixou Sakuta mais preocupado. Para ele, era claro que algo havia acontecido para fazer Rio enviar as selfies, mas não foi o caso. Os dias sombrios apenas se acumularam e as coisas terminaram assim sem que nada dramático tivesse acontecido.

Ele pensou que tinha sido como se o coração de vidro dela se enchesse de ressentimento, gota a gota, antes de finalmente transbordar. Lentamente, lentamente invadindo ela, então Sakuta não tinha notado nada.

“Coisas sexy desde o início não é muito justo.”

“Isso é tudo o que eu tenho.”

“Oh, você está tão confiante com isso?”

“…Na verdade, é mais um complexo de inferioridade.”

Se não fosse o caso, ele não teria entendido por que ela era tão cautelosa.

“No ensino fundamental… Cresci como mulher mais rápido do que minhas colegas de classe, então descobri como os meninos parecidos como macacos me olhavam.”

“Dizendo coisas como ‘cara, olha os seios dela’ ?”

“Na verdade, eles disseram exatamente isso.”

O próprio Sakuta sabia que era um macaco no fundamental. Mesmo agora, ele não achava que isso realmente tinha mudado, eles estavam na idade em que estavam absortos em corpos femininos, a idade em que até as linhas do sutiã através da blusa da escola os deixavam com calor e incomodados. Se uma ou duas meninas crescessem mais, elas seriam o foco das atenções, e na classe de Rio, parecia que tinha sido ela.

“Um dia depois da escola, voltei de levar o lixo da classe para o serviço de limpeza e ouvi os meninos falando sobre mim… Então comecei a odiei meu corpo e pensei que era suja…”

Isso deixou uma ferida duradoura, ou porque ela era sensível, ou apenas pelo choque da própria puberdade. Mesmo se tivesse acontecido apenas uma vez, ficaria no seu coração e influenciaria como você viveria por um longo tempo no futuro, mesmo se você não tivesse percebido na época…

“Me desculpe por isso.”

“Por que você está se desculpando?”

“Estou me desculpando como representante dos meninos que se parecem macacos.”

Ele ouviu uma risada um pouco cansada no banheiro.

“Desde então, passei a odiar a aparência dos meninos.”

Ele obteve os detalhes do que acontecera até então, mas era assim era irracional com o que ela estava fazendo.

“Mas você ainda posta essas fotos?”

Isso parecia completamente contra-intuitivo. Rio odiava os olhares dos meninos, mas mesmo que ela escondesse o rosto, ela ainda estava enviando fotos eróticas.

“Eu consigo reações com elas.”

“Você quer ser bajulada por velhos assustadores?”

“As únicas pessoas que podem escolher são aquelas com charme para faza-lo, nem todos podem conseguir o que querem.”

“Eu nunca pedi que você me desse os fatos.”

“Apenas as reações me deixaram à vontade, de quem quer que fossem.”

“Na verdade, parece que não é assim que você queria que fosse.”

“Pode ser por isso. No final, não pude deixar de lado meu ódio de ser observada… O que significava que o método que eu estava usando era contrário ao objetivo, me dando mais estresse. Então isso fez minha consciência não suportar mais, pelo menos parece plausível.” Ela se analisou com calma.

“Fazendo se separar entre a ‘Futaba que queria atenção’ e a ‘Futaba que não podia permitir esses métodos’ ?”

Ele achou que parecia ridículo, mas de alguma forma parecia se encaixar bem, e Rio poderia estar certa.

“Não acho que seja uma distinção tão clara… Mas isso se encaixa na tendência da explicação.”

“Entendi…”

Ele olhou para o teto, onde a luz estava piscando. Pensamentos não relacionados encheram sua cabeça por um momento, sobre como ele deveria substituir a lâmpada, mas depois sobre como eram caras, então logo desapareceram.

“A outra Futaba ainda está postando.”

“Eu sei. Eu verifiquei no cibercafé. Eu ia deletar a conta, mas ela já mudou a senha.”

“O quê você vai fazer?”

“Não há nada que eu possa fazer.” Disse ela, resignada.

“O quê isso deveria significar?”

“Ela também sou eu, ela não vai parar facilmente, se ela parasse, ela simplesmente não teria feito isso pra começo de conversa.”

“Mas você não disse que ninguém poderia impedi-la facilmente.”

Rio permaneceu em silêncio.

“O quê você quer?”

“Eu quero impedi-la, se possível.”

“Entendi, deixe comigo.”

(NT: esse diálogo ficou cem vezes melhor na novel do que no anime)

Ele não havia pensado em um método de fazer isso e não achava que ela responderia à sua persuasão. Assim como Rio disse, se ela parasse facilmente, ela não teria feito isso em primeiro lugar.

Isso não era lógico. Se pudesse ser interrompido logicamente, Rio teria sido melhor para lidar com a situação do que Sakuta. O motivo disso, era porque não foi assim que a situação se desenvolveu.

Sakuta se ergueu.

“Azusagawa, o quê você vai fazer?”

“Eu vou para a escola amanhã.”

“E então?”

“Falar com ela o dia todo.”

“E depois disso?”

“Irei depois de amanhã também.”

“Entendo… E depois falar com ela o dia todo de novo.”

“Eu acho.”

“Isso parece irritante.”

“Bem, você não viria para a praia se eu te convidasse, não é?”

“Eu rejeitaria você, cento e vinte por cento.”

Isso foi bastante convincente, e definitivamente algo que Rio diria.

“Você estava certo.” Disse ela. “Há coisas sobre as quais é mais fácil falar quando você não está cara a cara.”

Sakuta fingiu que não conseguiu ouvir a última frase e saiu do vestiário, quebrando a cabeça com as perguntas que cresciam em sua mente…

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