Baccano! - Epílogo - Vol 04 - Anime Center BR

Baccano! – Epílogo – Vol 04

Epílogo

Tradutor: PH

A Família Runorata

Nova Jersey – Subúrbios de Nova York

‏‏‎ ‎

“E?”

Um azul-claro que quase parecia transparente. Sob o céu congelante tingido dessa cor, um único homem ancião estava em um gramado. Atrás dele havia um jovem. Um subordinado de Gustavo, o homem que normalmente estava encarregado de relatar sobre o estado das coisas.

“Sim, senhor. Gustavo milagrosamente sobreviveu. Nós não sabemos que arma foi usada, mas sua artéria carótida foi rasgada. Os tiros em seu corpo foram o resultado de autodefesa dos funcionários. Sobre o ferimento na garganta, foi dito que foi autoinfligido em um momento de insanidade.”

O subordinado relatou sem um pingo de nervosismo para seu verdadeiro chefe, Bartolo.

Era como se ele fosse uma pessoa completamente diferente de antes, quando estremecia de medo diante de Gustavo.

“Em adição, a polícia também está acusando ele como sendo o principal suspeito do assassinato dos Genoard, e é apenas uma questão de tempo antes dele ficar sob custódia. Nós já fizemos os preparos necessários. O governo disse que seria melhor para nossos interesses caso não interferirmos mais que isso sobre assuntos relacionados a Gustavo.”

“É isso.”

Bartolo assentiu levemente com a cabeça, murmurando para si mesmo enquanto encarava o céu.

“Bem, suponho que possa se dizer que aquele rapaz é sortudo.”

“Perdão?”

“Na reunião com outras organizações, elas demandaram que eu entregasse Gustavo para elas. Ele fez algumas outras coisas no passado, então queriam que ele se responsabilizasse por suas ações.”

Como se estivesse discutindo negócios, ele calmamente chegou a uma conclusão:

“Seria ideal se ele tivesse conseguido colocar as mãos no território da Família Gandor, porque eu havia concordado com as Cinco Famílias que assim que fizesse isso, eu iria transferir o território para eles. E, se ele falhasse, eu iria entregá-lo. Apesar de ter falhado no fim, eles não podem agir por ele estar nesse território. Para Gustavo, isso é uma sorte tremenda. Porém, em troca, eu devo entregar parte de meus lucros.”

Bartolo pausou por um momento, antes de dar um leve um sorriso enquanto reclamava para seu subordinado.

“Os tempos mudaram bastante. Seja para matar um subordinado traidor ou para se vingar por seus irmãos, é uma era onde você precisa do reconhecimento do Conselho ou da Comissão.”

Após a revolução banhada no sangue de Luciano, o mundo mafioso rapidamente progrediu na direção da modernização das organizações. Laços com políticos foram sendo fortalecidos, e até mesmo a hostilidade com as gangues judias e irlandesas diminuiu.

A Família Runorata com dificuldades operou seus próprios negócios pouco modificados na ascendência dessa onda de modernização. Porém, isso não significava que eles queriam antagonizar os outros; Eles escolheram caminhar por um caminho de coexistência da mesma maneira que as outras organizações. Era apenas Bartolo que insistia, pretendendo ter o seu próprio jeito.

“Lucky Luciano era um homem poderoso. Porém ele não dirigiu sua própria organização, mas sim instaurou um estilo parlamentar, semelhante ao governo. Porque ele entendia isso: Se houvesse uma figura central na organização, era provável que a próxima pessoa a ser atacada seria ele. Nesse caso, qualquer um poderia tornar-se o líder. Ah, aquele homem dominou o mundo, ao menos por um curto período de tempo.”

Inconscientemente encarando seu subordinado, um resquício de expressão surgiu no rosto de Bartolo.

“Talvez agora seja a era mais difícil para nós e os Gandor. Nós seremos capazes de prevalecer? Eu realmente estou ansioso por isso.”

O subordinado estava um pouco surpreso com essas palavras.

“Então, e a Família Gandor?”

“Nós já assinamos um acordo. Por enquanto nós seremos iguais. Não como inimigos, mas para coexistir.”

“Vamos deixar assim? Então o que há com esse tipo de organização pequena tendo uma relação com aquele assassino chamado Vino?”

“Você não entende!”

Em um instante, Bartolo recobrou sua expressão fria, e silenciosamente encarou seu subordinado através de seus óculos.

“Nosso mundo é oito ou oitenta. Eles são uma existência que equivale a inimigos? Ou eles são existências que podem ser permitidas? É um caso de duas escolhas. A palavra ‘fraco’ simplesmente não existe em nosso mundo, e nós não podemos considerar nossos oponentes mais fracos que nós mesmos. E, tudo começa nesse instante… Gustavo e meus pensamentos sobre isso são o mesmo. É só que, eu trato eles como oitenta, e aquele cara trata eles como oito. Essa é a única diferença.”

Nesse momento, Bartolo acenou até um dos cantos de sua casa; Seu neto estava correndo em sua direção.

“Quando meu neto crescer, os Gandor serão inimigos ou vizinhos? Eu estou ansioso para esse dia.”

Bartolo caminhou e, finalmente, revelou as emoções complicadas sobre o homem com quem fez as negociações antes.

“Keith Gandor, hm? Que homem impressionante.”

‏‏‎ ‎

A Família Gandor

5 de janeiro de 1932

‏‏‎ ‎

Keith silenciosamente desligou o telefone e pegou seu sobretudo em preparo para ir para casa. Já fazia uma semana desde a última vez em que foi para lá, então havia certo ânimo em seu coração.

“A senhorita Kate ainda está bem?”

O resquício de um sorriso misturou-se com sua expressão fria; Keith assentiu levemente e saiu do quarto.

Caramba, o mano falou bastante no telefone.

Berga não fazia ideia se Keith estava ciente do que ele pensava, mas, de qualquer forma, só permaneceu em silêncio como sempre. Ou mais precisamente, ele estava certeiro como sempre com suas palavras.

‏‏‎ ‎

O escritório da Família Gandor. Eles já retornaram à rotina pacífica de trabalho dos velhos dias, e apenas Luck sozinho tinha assuntos pesando em sua mente enquanto estava sentado no sofá.

“Que tédio…”

Na verdade, isolando Gustavo, ele disse ‘Não recusamos ninguém’.

Apesar de que ele só disse por dizer.

“Você não pode fazer isso, compañero! Você não pode usar tesouras para cortar vegetais!”

“Eh… Mas tem um gosto bom. Isso mesmo, o que ‘compañero’ significa?”

“Significa companheiro, ou amigo!”

“Ah, uau, é a primeira vez que uma garota me chama de amigo.”

Na cozinha do escritório, Tick e a garota mexicana estavam inocentemente conversando e rindo.

Na primeira vez que ela veio ao escritório da Família Gandor, todos os seus homens tinham expressões idênticas de choque.

“Uh, Senhor Luck, aquela garota…”

“Por favor, não ligue.”

“Mas…”

“Mesmo se você ligar, por favor, finja que não liga.”

“Huh?”

Observando pelo canto de seu olho os seus subordinados, que pareciam incapazes de sair, Luck suspirou de novo.

Keith. O Tick por conta própria é o suficiente para preencher a cota de loucura. Quero dizer, eu até mesmo tive minha mão cortada por ela. Bem, deixa pra lá. As coisas tornam-se toleráveis quando eu levo em consideração o fato de que o número de pessoas habilidosas por perto aumentou.

Claire, que estava murmurando ‘eu me exercitei demais no trem…” havia desaparecido para algum lugar, provavelmente à procura da pessoa com quem ia casar. Ele sempre age como bem entende.

Mas a pessoa que havia sido a mais impulsiva de todas era, sem dúvidas, si mesmo.

Luck encarou o teto e suspirou, relembrando dos eventos daquele incidente.

‏‏‎ ‎

<==>

‏‏‎ ‎

“Senhorita! S-s-senhorita! Minhas sinceras desculpas! Por causa de um erro de minha parte, eu permiti que a senhorita ficasse envolvida em tal incidente assustador.”

Eve não permitiu que eles continuassem pedindo desculpas.

“Senhor Benjamin, senhorita Samantha, e-eu…”

Sentindo dois tapinhas em sua cabeça, ela olhou para cima, vendo Samantha sorrindo.

“Cê num tem qui si preocupá, tudu acabô!”

Assim que Eve estava prestes a sair, Luck lentamente caminhou em sua direção.

“Ah…”

Ela não conseguia falar. O inimigo de seu irmão, que, apesar todas aquelas coisas egoístas que ela disse e fez, ainda a salvou.

Se ela tivesse disparado a arma e acertado seu alvo, provavelmente nunca mais veria Benjamin e Samantha novamente.

Apesar de que havia sido salva por essa pessoa diversas vezes naquele quarto, no fim ela nunca disse um única palavra de agradecimento.

Mesmo assim, nas profundezas de seu coração, Eve ainda queria resgatar Dallas.

Que tipo de comportamento era apropriado ao falar com ele?

Então, Luck entregou um pedaço de papel para ela.

“Quando você sentir que minha dor desapareceu, por favor, faça como desejar. Eu devo deixar esse julgamento para quando você achar melhor.”

Com isso, o homem com olhos de raposa virou-se para sair.

Desenhado no papel estava um mapa detalhado, e havia até mesmo uma marca no centro do rio.

“Hm! Senhor Luck!”

Uma mão subitamente surgiu em sua frente, interrompendo-a.

“Não diga nada. Seja para me xingar ou agradecer, isso apenas irá me deixar irritado.”

Observando Luck indo embora, Eve apenas pressionou o pedaço de papel em seu próprio peito.

‏‏‎ ‎

Se isso fosse exposto, a próxima pessoa a ser afundada no rio pelos seus irmãos seria ele mesmo.

E além disso, como ele poderia explicar-se para seus companheiros mortos?

Se fosse Firo, ele definitivamente diria que não se importava: ‘Eles estão mortos, não há motivo para explicações, não é mesmo?’. Nesse aspecto, Firo era mais frio que si mesmo.

Mas ele não poderia fazer isso. Apesar de que as pessoas nessa área estão todas cientes de que podem morrer a qualquer momento, a realidade difere muito dos livros e filmes. Ninguém quer morrer. Nesse caso, eles e as pessoas comuns eram os mesmos.

Se ele tivesse que apontar a diferença entre eles, seria apenas uma coisa. Eles eram vilões. Isso é tudo.

Sim, vilões.

E era por isso que não perdoou Dallas e seus companheiros, e por que ele não demonstrou nenhuma simpatia com Eve.

Esse ato era nada mais que um dos ‘cálculos’ dos quais ele sentia orgulho.

Afinal, é impossível para ela. Apesar dela saber a localização, ela não pode tirá-los de lá.

Dallas e os outros estavam afundados na parte mais funda do rio próximo. Era possível procurar pelas profundezas com maquinários pesado, mas somente com o poder de Eve isso era impossível.

Ele apenas queria deixar a garota temporariamente relaxada, isso é tudo. Se ele contasse a localização, ela nunca mais iria contatar a Família. Não haveriam mais razões para ela guardar rancor dele. E apesar disso, Dallas e os outros continuariam pagando por seus pecados.

Tudo estava sob controle. Não havia nada com que se preocupar.

Apesar de que pensava dessa maneira, Luck não conseguia se livrar do sentimento de que era ‘inútil’.

Se ele realmente não quisesse que Dallas e os outros se livrassem, então poderia apenas ter criado um endereço falso. Mas por que ele acabou dando para Eve uma chance verdadeira de salvá-los? Por que ele não mentiu para ela? Essas perguntas continuaram incomodando Luck.

Aparentemente eles estavam certo: Talvez ele simplesmente não era apto para ser um mafioso. Mas agora, suas mãos já estavam sujas demais. Ainda mais, proteger essa terra era sua missão e dever. Esse terreno era a melhor representação da honra de sua família.

Em outras palavras, tudo se resumia a isso, e nada mais.

Isso provavelmente era seu mundo inteiro.

Poderia ser…

Luck relembrou do momento quando estava diante de Gustavo, lembrando do rosto de Eve. O olhar naqueles olhos era algo que ele não conseguia descrever. O olhar de alguém que se jogou por completo em um mundo em que acreditava, o olhar de alguém que estava preenchido por um certo tipo de determinação.

Poderia ser que isso era o que eu invejava? Aquela criança e seu coração queimando com paixão. Algo que eu provavelmente nunca conquistarei, não importa o que faça.

Porque ele não tinha mais a capacidade de preparar-se para a morte. Nunca mais.

Com esses pensamentos em sua mente, Luck silenciosamente imergiu-se em um livro.

‏‏‎ ‎

Os Ricos

“Ei, vamos fazer isso de novo alguma hora amanhã?”

“Na próxima vez, junte-se a nós também, Firo!”

Diversos grandes barris de vinho estavam posicionados no Alveare, porém, estes não eram mais usados para armazenar vinho, mas sim dominós.

Sentados nos barris, Isaac e Miria estavam batucando os objetos com seus pés.

“Eu recuso.”

Firo contestou bruscamente e suspirou ao perguntar aos dois:

“Ei, vou perguntar novamente… Qual é a graça disso? Derrubar em alguns minutos coisas que tomaram diversas horas para serem colocadas.”

Ouvindo isso, Isaac e Miria sorriram como crianças ao dizerem:

“Mas observar é bem divertido, não acha?”

“Divertido, né?”

“…… Sim.”

Firo concordou com eles nesse ponto. Apesar de que parecia tragicamente estúpido, ele também esqueceu de comer e focou em observar os dominós começarem a cair.

“É muito divertido! Claro, nós também estávamos felizes quando os dominós que colocamos caíram…”

“As pessoas olhando também estavam felizes, é matar dois coelhos com uma só cajadada!”

“Em outras palavras, nós podemos ganhar muito dinheiro!”

“Se nós e as pessoas observando estão felizes, então todas as pessoas na cidade estão felizes também!”

Confrontado por essa dupla genuinamente animada, Firo deu um sorriso de rendição.

“Verdade… Esse é o exato tipo de jogo que vem de duas pessoas com esse tipo de mentalidade.”

Suas vidas são assim também.

Apesar de Firo ter pensado isso, ele não disse em voz alta.

A vida desse casal é como a fileira central dos dominós. Movendo independentemente, passando por vários mecanismos, derrubando dominós. A vida de Ennis e a minha é a mesma coisa; Esses dois sempre impactam na vida de outras pessoas. Mas eles na verdade só estão vivendo fazendo o que bem entendem.

“Eu entendo. Na próxima vez irei ajudar vocês. Se eu tiver tempo.”

“Isso é ótimo! Agora Firo também é um amiguinho dominó!”

“Um dominador! Qual é melhor?”

“Por favor, me digam qual é a diferença dos dois.”

Firo colocou as mãos na cabeça e pensou:

Se houvessem mais pessoas como eles, o mundo provavelmente seria pacífico e harmonioso. Mas apesar do número de pessoas que foram influenciadas por esse casal ser grande, ninguém vai querer tornar-se como esses dois. Estou pensando demais.

Enquanto Firo sorria tolamente por suas próprias fantasias, ele colocou alguns dominós em sua palma.

‏‏‎ ‎

<==>

‏‏‎ ‎

Na casa da Família Genoard, Eve estava debruçada na mesa de jantar.

Enquanto segurava o pedaço de papel em sua mão, ela pensava sobre seu irmão mais velho e Luck, ponderando os assuntos silenciosamente.

Eu vou salvar o irmão Dallas assim? É certo fazer isso?

Esse era o seu desejo original, mas por que agora ela estava abalada?

Poderia ser que seu egoísmo foi abalado por aquela pessoa?

Mas sua determinação de salvar seu irmão não mudou.

O que eu deveria fazer? O que eu deveria fazer? Eu, eu…

“Por que está com tão pouca energia? Vamos, coma algo e então ganhe energia!”

Eve virou seus olhos na direção da voz animada, assim vendo um chef de cozinha asiático aproximando-se com alguns pratos em sua mão.

“Mesmo eu não sabendo o que você tem em mente, por que não comer primeiro? Pessoas ficam mais felizes quando comem.”

“Não diga coisas tão ingênuas com tanta irresponsabilidade.”

Jon, ao lado dele, subitamente interviu.

Eve, que estava sem apetite, sentiu a fragrância de comida e inconscientemente pegou um garfo e uma faca.

“… Delicioso. Assim como o que a senhorita Kate cozinhou.”

“Kate? Quem é Kate?”

Fang parecia surpreso, virando-se para o mordomo e Samantha, ambos visivelmente animados.

Eve, que estava com as sobrancelhas franzidas esse tempo todo, recobrou seu sorriso usual, e os dois ficaram felizes com isso, como se estivessem felizes consigo mesmo.

Olhando para as pessoas ao seu redor, Eve novamente sentiu o quão sortuda era. Mas, seu irmão mais velho e pai não estavam mais ali. Isso era um fato. Mesmo se alguém ficasse triste pelos mortos, não havia nada a ser feito. Porém’, Dallas de fato estava vivo.

O que eu devo fazer? Eve ponderou enquanto comia.

O que eu devo fazer? Como posso deixar Dallas, Luck, e também os outros Gandor felizes? Ah, eu, eu apenas pensei em minha felicidade.

O único objetivo em que estava pensando era imediatamente resgatar Dallas.

Se continuasse pensando sobre isso, ela ao menos poderia decidir o que era capaz de fazer.

É isso, eu… Eu quero me tornar como aqueles dois. Eu quero me tornar como aqueles dois ladrões que me trouxeram felicidade por um tempo, pensar sobre o que posso fazer pelas pessoas ao invés de por mim mesma. Então, não me confundir enquanto ajo. Priorizar os outros, nunca deixar a felicidade escapar novamente.

Eve pensou sobre o casal de ladrões, e sua ansiedade lentamente dissipou-se.

Como se querendo confirmar o seu jeito de pensar, ela firmemente segurou aquele pedaço de papel.

‏‏‎ ‎

Begg

Agosto de 2002

Algum lugar em Nova Jersey

‏‏‎ ‎

“Begg.”

Maiza chamou um nome que nunca havia dito em décadas, mas não obteve resposta.

Em um quarto de um certo hospital, Begg estava encolhido no canto de um quarto. Ele parecia estar murmurando algo para si mesmo, completamente indiferente em relação a tudo ao seu redor.

“Parece que ele começou a agir assim há algumas décadas… Há mais ou menos trinta anos atrás, desde que o senhor Bartolo Runorata morreu de velhice, ele está nesse estado. Você não sabia? Ele era um mafioso muito famoso nessa área.”

“Eu apenas ouvi seu nome.”

Bartolo Runorata. Apesar de Maiza nunca ter conhecido ele pessoalmente, sabia que era uma pessoa muito famosa nessa linha de negócios. O chefe de Begg, e também a única pessoa que ele confiava além de seus velhos amigos.

A última vez que Maiza viu Begg foi quando Bartolo ainda era o chefe da organização. Alguns eventos desconhecidos aconteceram na época e Begg subitamente perdeu todo seu vigor, fabricando novas drogas com os pedidos de Bartolo com uma expressão de extremo desespero pelo mundo desde então.

Vendo a lealdade inigualável de Begg com seu chefe, Maiza se preocupou muito com o que iria acontecer com ele após a morte de Bartolo.

“Você ainda me reconhece, Begg?”

Ele mais uma vez chamou por seu amigo, mas os olhos dele ainda não olharam em sua direção.

Vendo a enfermeira olhar para si, Maiza perguntou sem se importar.

“Quem paga pela conta médica?”

“Caridade nacional. Ah, enquanto o senhor Genoard estava vivo, ele frequentemente doava dinheiro. Mas a terapia com drogas tem seus limites, e ela não pareceu ter efeito nele.”

“Entendo…”

Além disso, Maiza não fez mais perguntas. Seu olhar voltou ao homem no canto do quarto.

“Ele está sempre assim. Não importa o que aconteça, ele não responde… Mas, eu poderia perguntar qual seria sua relação com esse paciente?”

“Um velho amigo.”

“……”

A enfermeira não disse nada. Essa pessoa viveu sem comer ou beber por décadas; Ele disse que era um velho amigo, porém não importa o quanto olhasse, esse homem parecia ter por volta de trinta anos. Sobre esse paciente, o FBI já ordenou dizendo ‘não ligue para ele’. Quem era esse homem?

A enfermeira estava confusa, mas não perguntou nada.

Maiza entrou no quarto e Begg ainda não respondeu.

“Nos dias de hoje, comparado a sua época, drogas mais poderosas foram descobertas. Drogas que beneficiam as pessoas, e também drogas que prejudicam elas.”

Maiza lembrou do passado ao sentar-se próximo a Begg.

“Nos dias de hoje, em becos, há um tipo com dezenas de vezes os efeitos colaterais das drogas que você fabricou. Mesmo sabendo que há uma chance de morte de 80%, muitas pessoas ainda usam. Humanos são criaturas inimagináveis.”

Então, Maiza chamou-o incontáveis vezes, em vão. Após isso, falou sobre muitas coisas, mas ainda não havia luz naqueles olhos.

“Begg…”

Maiza lentamente elevou a sua mão direita e a aproximou da testa de Begg.

Se você for ficar perdido para sempre nessa escuridão, por que não?

No instante que sua palma estava prestes a encostar na testa dele, algumas palavras familiares saíram da boca de Begg:

“… Czes, do seu lado…… O casco…… Olhe…… Olhe rápido…… Esse barco…… Vai para a América……”

Ouvindo essas palavras fragmentadas, Maiza silenciosamente abaixou sua mão direita.

Begg já havia retornado aos seus tempos de felicidade. Um momento em que ele, junto de uma criança a bordo do mesmo navio em que estava, discutia a exploração de dentro do navio.

“Eu vou voltar.”

Maiza lentamente levantou-se, preparando para sair, quando Begg disse mais algumas palavras:

“Obrigado, Maiza, por não, me, devo-vorar.”

A enfermeira olhou em choque, então Begg retornou ao mesmo estado de antes.

Parece que ele não está com raiva.

Maiza vestiu seu chapéu, assentiu, e caminhou para fora do hospital.

“Como foi?”

No banco de trás, uma criança na pré-adolescência estava esperando por ele.

“Ah, nada. Ele parecia um pouco cansado… Algum dia vai se recuperar.”

Enquanto falava, Maiza sentou no banco de motorista do carro.

“Algum dia, com certeza…”

Ele não continuou, e apenas ligou o carro com o jovem dentro. Eles dirigiram na direção de um lugar ao qual não retornam há décadas: Nova York.

‏‏‎ ‎

O Viciado em Drogas

Algum dia em janeiro de 1932

‏‏‎ ‎

Ah, isso é maravilhoso. Incrível.

Mas além disso, ainda há algo.

Algo faltando. O que é? Eu tenho que me lembrar.

Não havia nada aqui. Tudo estava focado em meu cérebro.

Diante dos meus olhos, tudo estava fundido. O céuflorestaruasdianoite tudo unido em uma só entidade. Isso era a realidade. Meus dedos também se fundiram, pulsos, pés, cintura, cabeça, peito, ossos, coração, tudo se uniu em um só ponto, toda a minha visão estava focada em mim mesmo. Meu corpo constituía o mundo inteiro.

Então, meus olhos também começaram a se fundir. Ah, eu posso ver todos os cantos do mundo.

Mas, nesse momento, qual era o formato do mundo?

Além dos olhos que se fundiram com o mundo, eu queria ver o mundo exterior.

Eu já me uni completamente com o mundo. Em outras palavras, o mundo era eu.

Então, eu sabia tudo sobre esse mundo.

Aqui, não havia mais ninguém além de mim.

‏‏‎ ‎

“…… R-Roy……”

‏‏‎ ‎

Quem está me chamando?

Quem? Não importa quem. Eu não quero vê-lo. Eu estou aqui. Ah, meu mundo começou a colapsar. Como se estivesse agarrando meus olhos, como se muitos pares de mãos estivessem me perseguindo. Pare, não me cerquem. Ah, voz, minha voz está ficando distante. Pareparepare pare pare pare pare pare pare pare pare pare pare pare pare pare pare—- Pare, seu desgraçado!

‏‏‎ ‎

“Roy…… Roy…”

‏‏‎ ‎

Meu corpo foi jogado no fundo do oceano. Era um mundo sem caos, sem poeira, um mundo completamente escuro. Se eu não flutuasse seria ruim. Eu iria me afogar. Aproximando cada vez mais da superfície brilhante, o mundo inteiro brilhava com uma luz clara. O céufloresta ruas,dia, noite, tudo aparecia de maneira familiar diante de meus olhos. Minhas memórias sob os raios de luz lentamente tornaram-se claras, minha consciência na superfície da água freneticamente afastou a água e nadou na direção da voz.

“Roy!”

Então, meu corpo finalmente subiu à superfície.

‏‏‎ ‎

<==>

‏‏‎ ‎

Quando acordou, Roy encontrou-se em um hospital.

“Incrível! Você finalmente acordou!”

“Edith.”

Olhando ao seu redor, viu que era um local familiar. Era o hospital de Fred em West Village. Quando ele machucou sua cabeça seriamente no passado, foi levado a esse lugar. Apesar de recentemente ter encerrado os negócios por causa de sua localização distante, ele abriu de novo há um tempo desconhecido.

Dormindo em um cama ao seu lado havia um velho que exalava odor de álcool pelo corpo inteiro, e um homem com os pés e rosto enrolados em bandagens.

“Você parece se importar bastante!”

O doutor coberto por roupas cinzes dos pés a cabeça disse. Isso mesmo, era Fred. De pé ao seu lado parecia haver um ajudante… Quando ele havia sido contratado?

“Você vinha para cá sempre que usava drogas. Originalmente esse lugar não era um hospital especializado em overdose de drogas, mas quando é você, é enviado para cá apenas quando está gravemente ferido.”

Então, o ajudante começou a inspecionar a mão direita de Roy, envolta por bandagens, com algumas ferramentas. Ele não brigou consigo nem tentou dar uma lição, e quando terminou o tratamento imediatamente saiu do quarto. Esse médico era sempre assim.

Olhando para o lado, ele viu Edith encarando-o, como se querendo dizer algo.

“Obrigado, Edith. Eu estava errado.”

Antes que ela gritasse consigo por ser um idiota, ele deveria se desculpar primeiro.

“É ótimo… Eu pensei que você não iria acordar! Isso é ótimo!”

Ela não chamou-o de idiota. Foi um pouco anormal.

Então, os dois não sabiam o que dizer em seguida. Após continuarem em silêncio por boa parte da metade de um dia, finalmente, Edith pareceu lembrar de algo, e quebrou o silêncio.

“Ah…… Isso, isso, o caminhão.”

Caminhão?…… Ah, me lembrei. O caminhão que roubei e dirigi quando roubei as drogas da Família Runorata. Sim, não importa o que, eu seria preso pela polícia.

Uma onda de impotência atingiu-me no abdômen. Mas eu já havia feito, era um fato.

Então, Edith riu.

“Relaxa, eu já resolvi isso.”

“Eh?”

“O senhor Gandor já ofereceu uma compensação ao dono. Sendo assim, foi resolvido sem passar pela polícia.”

“Resolvido… Pagou uma compensação por mim…”

No momento seguinte, Edith disse algo totalmente inesperado.

“Claro, isso foi emprestado para você! O senhor Gandor emprestou para você!”

“Huh? Eh? Eh? Eh?”

“O interesse é muito alto, então você precisa trabalhar como retribuição. O interesse do senhor Gandor é muito famoso no território!”

Nesse ponto, Edith sorriu gentilmente e encostou no rosto de Roy.

“Você precisa pagar por seus pecados. Como sou sua fiadora, então vou te dar uma ajudinha. Após o senhor Gandor arranjar um trabalho para ti, você deve trabalhar arduamente, tá bom? Também, não esqueça de se desculpar com o dono do caminhão.”

Ah não!

Ele originalmente pensou que havia escapado do Ceifador que era a Família Runorata, mas ele nunca pensou que sua garganta novamente seria agarrada pela mandíbula da hiena que era a Família Gandor. Ele não podia mais escapar, mas se usasse drogas novamente, seria morto pela Família Gandor. Era melhor ele trabalhar com seriedade. Ele não deve escapar de novo.

Vendo a expressão de Edith, ele parecia saber tudo. Era como se estivesse nas palmas da mão dela. Após isso, provavelmente nunca poderia levantar a cabeça diante de Edith pelo resto de sua vida. Esse tipo de sentimento. Mas até mesmo isso não importava, ele apenas pensaria nisso agora. Apenas agora.

… Mas havia a sensação de que algo estava estranho. Como se algo estivesse errado.

Poderia ser, poderia ser que eu ainda estou sonhando?

Ele encarou Edith, que parecia querer dizer algo, então percebeu que ela não parecia a mesma de antes.

“Seu cabelo… Você cortou?”

“Demorou para perceber… Idiota.”

Apenas após ouvir isso ele sentiu que realmente havia acordado.

“Combina contigo. Sim, muito bem.

Ele estava muito feliz.

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|