Capítulo 36 – Rua Bolero (3)
Mesmo em um segundo olhar, as ações de Eward pareciam suspeitas. Acompanhado por um grupo de pessoas suspeitas, ele entrou em um prédio sem nenhuma sinalização na frente. Isso por si só já seria suspeito o suficiente, mas alguns bandidos corpulentos e cruéis estavam por perto para intimidar qualquer um que chegasse perto.
Este era definitivamente um local sombrio.
Eugene agarrou a maçaneta e tentou girá-la algumas vezes, mas a porta trancada se recusou a abrir. Parecia que algum tipo de magia havia sido conjurada em cima do mecanismo de travamento físico. Alguém já podia ter se perguntado, será que destruo? Mas Eugene nem parou para pensar.
As estrelas ao redor de seu coração brilharam, enquanto Eugene verificava o fluxo de mana que podia sentir da maçaneta.
Eugene se sentiu sortudo por ter começado a aprender magia. Se fosse no passado, teria apenas tentado romper à força, mas agora era capaz de descobrir a estrutura da mana que formava esse feitiço de bloqueio.
No entanto, só porque isso era verdade, não significava que Eugene sentisse a necessidade de mudar seu método. Significava apenas que sua ação habitual não exigia tanto poder quanto antes. No final, ele ainda iria arrombar a porta à força.
Se as realizações de Eugene em magia fossem maiores, talvez não fosse o caso, mas no momento, ele não poderia desbloquear o feitiço conjurado na porta usando sua própria magia.
Uma mortalha visível de mana cobriu a mão de Eugene, e ele então empurrou essa mana para o feitiço de bloqueio. Graças ao fato de que ele já estava ciente da estrutura que o feitiço de bloqueio havia tomado, não foi preciso muito esforço para dominar o ponto fraco dele.
Embora possa parecer óbvio dizer isso, para desfazer um feitiço usando esse método, é preciso ser capaz de controlar sua mana como se fossem suas próprias mãos e pés. Mesmo um mestre feiticeiro com bastante habilidade em magia acharia essa tarefa impossível, mas Eugene a realizou com facilidade.
Creak.
Embora o método possa parecer grosseiro, os resultados foram inegáveis. A maçaneta que foi aberta à força tinha quebrado completamente internamente. Depois de confirmar que o feitiço de bloqueio também havia sido quebrado, Eugene levantou um pé.
Bang.
Com um chute forte, Eugene quebrou a fechadura da porta. Enquanto isso fez a porta se abrir e Eugene entrar sem qualquer hesitação, ele ainda manteve a guarda alta. Uma de suas mãos estava apoiada no cabo da Winith, que Eugene tinha pendurado em seu quadril.
Apenas fazendo isso, sua vigilância saltou de meramente adequada para quase excessiva. Contanto que sua mão estivesse apoiada em sua arma, ele poderia sacar instantaneamente e tê-la pronta para qualquer situação. Eugene estava assegurado por isso.
— Haaaah.
Era difícil ver à sua frente, pois o andar inteiro estava cheio de uma espessa nuvem de fumaça. O próprio ar parecia pegajoso e grudado no fundo de sua garganta, a fumaça tinha um sabor doce e saboroso. Isso entorpeceu seus sentidos e fez com que sua visão ficasse um pouco tonta. Eugene circulou a mana da Fórmula da Chama Branca por todo o seu corpo, e a leve tontura desapareceu imediatamente.
— Então é um antro de ópio.* — Eugene murmurou com um bufo de desdém.
Sons estranhos vazavam das salas fechadas ao seu redor. Fazia sentido encontrar um lugar assim em uma rua como esta, mas pensar que Eward viria imediatamente aqui assim que terminasse seu sonho com a súcubo fez os olhos de Eugene ficarem frios.
— Eu posso entender a necessidade de um lugar onde ele possa recuperar o fôlego, mas isso está indo longe demais.
Como alguém poderia respirar direito em um lugar como este? Apenas os sonhos de uma súcubo por si só eram suficientes para enfraquecer e arruinar sua mente, mas se além disso ele estava cheirando drogas em um antro de ópio, estava praticamente fazendo buracos em seu próprio cérebro.
Enquanto limpava a fumaça do caminho, Eugene continuou avançando.
— Quem é Você? Como chegou aqui?
— Feche a porta!
Homens fumando seus cachimbos se levantaram para enfrentá-lo quando ele passou por suas alcovas. Havia humanos, povo-fera e povo-demônio — esse antro de ópio era praticamente um fórum para inclusão racial. Eugene deu seus sinceros aplausos aos homens que vieram cambaleando em sua direção.
— Se caras como vocês tivessem nascido trezentos anos atrás, o mundo poderia ter dado as mãos em amor e paz. — Elogiou Eugene, sarcasticamente.
Um dos homens gritou:
— De que diabos esse desgraçado está falando?
Eugene continuou:
— Mas não pense que vou deixar vocês irem por causa disso, seus desgraçados.
Eugene não desembainhou Winith, nem passou direto por eles. Em vez disso, as estrelas que circulavam em torno de seu coração entraram em ação.
Bambambam!
Ele instantaneamente criou alguns mísseis mágicos e os enviou perfurando a fumaça.
Embora pudessem estar drogados, os viciados que se levantaram para enfrentar o intruso eram aqueles que estavam bastante confiantes em suas próprias habilidades.
Míssil mágico era apenas um feitiço ofensivo do Primeiro Círculo. Não era tão rápido ou tão forte. Então os alvos de Eugene se esquivaram do feitiço com um bufo de desdém.
Ou pelo menos tentaram esquivar. Embora tenham reagido imediatamente aos projéteis com suas tentativas de evasão, a trajetória caótica dos mísseis tornou impossível para eles evitar os ataques.
“Eles são muito óbvios”, observou Eugene com desdém.
Não havia como Eugene se deixar enganar pelos movimentos evasivos de caras como esses. Para falar a verdade, ele tinha certeza de que poderia tê-los acertado mesmo que lançasse o feitiço com os olhos fechados.
— Onde está Eward?
— Gaaah…!
— Você não precisa me dizer. Eu mesmo posso procurá-lo.
Murmurando isso, Eugene tirou Winith de sua bainha.
Com um silvo arrepiante, a lâmina azul-prateada apareceu. Os homens que foram mandados voando sentiram suas respirações sendo tiradas por essa visão. Eles sabiam que iam morrer. Embora Eugene não exalasse nenhuma intenção óbvia de matar, seus instintos pressentiam a desgraça inevitável. Eles desistiram de qualquer resistência e simplesmente se enrolaram em bolas, enterrando a cabeça nos braços.
No entanto, Eugene não brandiu sua espada na direção deles e, em vez disso, levantou a lâmina em direção ao teto.
Whoooosh!
Uma brisa feroz envolveu Winith. Era a forma de um espírito inferior do vento, uma sílfide. Mas uma sílfide invocada por Eugene era realmente capaz de criar uma rajada tão forte que seria impossível acreditar que era apenas um espírito de rank baixo.
Isso tudo porque ele estava na Terceira Estrela da Fórmula da Chama Branca. Embora fosse capaz de invocar espíritos intermediários com sua quantidade atual de mana, Eugene não estava a fim de fazer.
Ele calculou que era muito melhor aumentar a quantidade de sílfides de baixo consumo de mana que ele invocava, pois tinha muito melhor controle sobre elas, do que drenar toda a sua mana para invocar um espírito intermediário. Eugene tinha muita capacidade de combate para se colocar em uma posição em que precisava depender apenas do poder de um espírito para sua própria proteção.
— Ahhh…!
Os viciados ainda espalhados pelo chão ao redor de Eugene o encaravam com olhos temerosos. Eugene estava agora de pé no centro de uma tempestade de vento feroz enquanto mantinha Winith no ar.
Roooar!
A tempestade de repente se espalhou. As rajadas de vento que ele enviou soprando em todas as direções espalharam a fumaça e abriram todas as paredes e portas bem trancadas naquele andar.
— O-O quê?!
Os viciados encontrados em todas as salas anteriormente fechadas soltaram gritos. Eugene passou os olhos por todos os quartos em uma única passagem. Havia muitas visões perturbadoras, lascivas e simplesmente repugnantes, mas Eward não era uma delas.
Não havia necessidade de Eugene continuar procurando por Eward sozinho. Ele havia espalhado várias sílfides junto com as rajadas de vento, e agora estavam soprando por todo o prédio. Elas logo lhe disseram onde ele precisava ir. Mesmo enquanto continuava a reprimir sua irritação fervente, Eugene se dirigiu para cima.
Baaang!
Vários mísseis mágicos foram combinados para abrir um buraco no teto. Então Eugene usou o vento para levantar seu corpo pelo buraco.
Repetindo esse processo, ele chegou ao terceiro andar.
Eugene aterrissou em um corredor cheio de fumaça e poeira. Com um zumbido, as sílfides que o seguiram começaram a gerar algum vento. Usando isso para espalhar a fumaça, Eugene caminhou propositalmente pelo corredor.
Havia apenas um quarto no final do corredor, o que significava que Eward tinha que estar ali. Mesmo enquanto continuava olhando para a porta trancada do quarto, os pés de Eugene de repente deslizaram para o lado.
Hiss.
Um barulho arrepiante passou quando algo roçou o lado de sua cabeça. Sem entrar em pânico, Eugene manipulou o vento ao seu redor.
Boom!
O vento se reuniu em um ponto acima dele antes de explodir como uma bomba. Caindo do teto, o homem que tentou atacá-lo foi enfiado com força na parede enquanto sua boca espirrava sangue. Era um dos dois homens que estavam esperando por Eward no restaurante.
— Se você está tentando me apunhalar pelas costas, então deve pelo menos mirar corretamente, maldito.
Eugene estalou a língua para o homem antes de enfiar a mão esquerda em seu colete.
A emboscada ainda não havia acabado. Sem sequer abrir a porta, alguém dentro da sala atacou Eugene conjurando um feitiço que irrompeu pela porta.
Com uma bufada, Eugene tirou o item que estava pegando. Então jogou casualmente a luxuosa caixa de madeira que havia obtido da casa de leilões no caminho do ataque.
Dentro da caixa estava o fragmento da Espada do Luar que havia comprado na casa de leilões.
Gwaaah!
O feitiço foi dividido em dezenas de fios que varreram as paredes circundantes. O fragmento não quebrou ou mostrou qualquer outra reação à mana do feitiço.
— Que performance impressionante. — Murmurou Eugene enquanto agarrava o fragmento que havia caído no chão.
Embora nenhuma aparência da espada original tenha sido mantida, as características da Espada do Luar ainda podiam ser vistas naquele pequeno fragmento.
Eugene continuou falando enquanto olhava para frente.
— Se você tivesse me acertado com aquele ataque agora, o poder poderia ter me matado.
Atrás da porta que havia sido rasgada pelo ataque, um homem com uma túnica preta estava parado ali. Ficou ainda mais óbvio pelo seu traje, mas o feitiço que conjurou já havia revelado sua identidade como um mago negro.
Em pânico pelo fracasso de seu feitiço de ataque, o mago negro gritou:
— Quem é você?
Ele conjurou aquele feitiço com a determinação de matar, mas de alguma forma foi bloqueado usando algum método desconhecido. Será que esse intruso usou magia agora mesmo? Mas como nunca tinha ouvido falar de um feitiço defensivo com tal efeito?
— Por que está fazendo tanto alvoroço aqui?
O mago negro também exigiu.
Era verdade que foi Eugene quem começou a atacar unilateralmente. Depois de espancar os guardas do lado de fora, ele invadiu a porta da frente e quebrou os tetos do primeiro e do segundo andares para chegar ao terceiro. Então o mago tinha motivos para se sentir injustiçado.
No entanto, Eugene não se importava com isso. Não sentiu a necessidade de explicar a situação ou mesmo revelar seu nome.
Escapar da realidade através de um sonho feito por uma súcubo era patético, mas compreensível. No entanto, Eward havia cruzado a linha desta vez. As drogas já estavam um passo longe demais, mas ele estava até se relacionando com um filho da puta que usava magia negra.
—Não se envolva com magia negra.
Gilead tinha até dado a Eugene um aviso severo sobre tal conduta antes de partir para Aroth. Mas o que o verdadeiro filho de Gilead achava que estava fazendo, andando com alguém que poderia até ser chamado de inimigo de Vermouth?
— Saia do caminho. — Eugene cuspiu uma ordem, enquanto colocava o fragmento da Espada do Luar de volta no colete.
— Se fugir agora, não terei que tentar pegá-lo.
— Pensei que você fosse um pirralho atrevido, mas isso é—!
O mago negro rosnou:
— Você ao menos percebe onde está agora e na presença de quem está se comportando tão rudemente?
Eugene respondeu friamente:
— Eu sei exatamente com quem estou me comportando tão rudemente. Esse é Eward Lionheart, não é?
O que fez Eugene se sentir ainda mais furioso e desdenhoso foi que, apesar de toda a comoção, Eward ainda não tinha levantado a cabeça, quanto mais emitir um som. Eward estava tão chapado de álcool e drogas que ainda estava enterrado nos lençóis de sua cama grande, rindo consigo mesmo.
— Parece que seu distinto jovem mestre ainda nem entende o que está acontecendo. — Observou Eugene sarcasticamente.
O mago negro de repente gritou:
— Matem-no!
O povo demônio que estava perto de Eward entrou em ação. Eles eram os que apoiaram Eward no caminho do restaurante até ali. Os três daemons se jogaram diretamente em Eugene.
“Então, eles estão todos aqui”, observou Eugene para si mesmo.
Com esses três, Eugene finalmente conheceu todas as cinco pessoas que escoltaram Eward para este antro de ópio. Um deles ainda estava embutido na parede do lado de fora, e o outro começou a tentar conjurar um feitiço bem na frente dele.
Fwoosh.
As estrelas ao redor de seu coração começaram a ressoar enquanto chamas brancas se espalhavam para cobrir o corpo de Eugene. Quando começou a avançar, faíscas de chamas se espalharam dele. Eugene abaixou o corpo e puxou Winith para trás.
“Um leão de juba branca esconde suas garras, não precisa dar o primeiro passo.”
Foi só quando os daemons chegaram ao alcance que Winith fez seu movimento.
Pwooosh!
As garras do leão golpearam para frente, rasgando tudo em seu caminho.
— Aaaargh!
Sangue jorrou do peito do daemon que se aproximou de Eugene.
No momento seguinte, Eugene deu um passo à frente. O vento em volta de sua espada explodiu, e o corpo do segundo demônio, que havia sido retardado pelo medo, foi jogado para trás pelo vento.
— Ugh!
O daemon que estava logo atrás do segundo se assustou com essa visão e tentou recuar. No entanto, foi muito mais rápido para Eugene mergulhar para frente do que para o daemon recuar. Embora o daemon tenha alongado suas unhas em garras semelhantes a lâminas e rapidamente golpeou Eugene, o braço do daemon foi completamente decepado no pulso antes que pudesse completar seu ataque.
O daemon nem teve chance de gritar de dor. Já tendo chegado ao alcance, a mão de Eugene agarrou o daemon pelo rosto.
Crack!
Com esse aperto, Eugene esmagou a cabeça do daemon no chão.
— I-Isso é insano — O mago negro murmurou enquanto seu rosto empalidecia.
Embora as habilidades de Eugene fossem inegavelmente incríveis, foram as chamas brancas cobrindo o corpo de Eugene que realmente chocaram o mago negro. Aqueles fios de fogo dispersos que pareciam a juba de um leão… Apenas uma escritura de treinamento de mana em todo o mundo poderia causar um fenômeno tão único.
Essa era a Fórmula da Chama Branca da família Lionheart.
O mago negro gaguejou:
— V-você seria… Sir Eugene Lionheart?
Ele parou de tentar conjurar seu feitiço. Em vez disso, deu um passo para trás, o tempo todo suando profusamente, e largou o cajado. Eugene sacudiu o sangue de sua mão depois de se levantar.
— Saia do caminho. — Repetiu Eugene.
Por um momento, o mago negro considerou se deveria continuar resistindo ou apenas se submeter. Nenhuma escolha impediria que isso se transformasse no pior cenário, então…
O mago negro escondeu a intenção assassina em seus olhos e sutilmente se arrastou até o cajado que havia caído.
— E-Ei, espere um momento… Permita-me explicar a situação…
O mago negro pronunciou suas palavras, tentando ganhar ainda mais alguns segundos de tempo precioso.
No entanto, Eugene não tinha intenção de ouvir sua história. Ele havia dito ao mago para sair do caminho, mas ele não o fez. Como tal, Eugene estava agora decidido sobre o que fazer a seguir.
Eugene diminuiu a distância entre eles em um instante e estendeu a mão para pegar o homem. Infelizmente para ele, havia muito pouco tempo para ele conjurar um feitiço corretamente, então imprudentemente explodiu sua mana. Embora não fosse tão poderoso ou tão eficaz quanto um feitiço adequado, estava apenas tentando impedir que Eugene se aproximasse expelindo cegamente sua mana.
No entanto, isso ainda não causou nenhum obstáculo a Eugene. Eugene usou a espada de luz na arma que já estava coberta pela lâmina de vento. A explosão de mana não conseguiu parar o corte de Eugene sem qualquer refinamento.
—Que louco!! — O mago negro gritou.
Como ele poderia ter imaginado que seu último esforço poderia ser destruído tão facilmente? Ele não conseguia acreditar que Eugene tinha apenas dezessete anos.
“Eu vou morrer…” Ou pelo menos foi o que o mago negro pensou.
A espada de Eugene parou bem na frente de sua garganta. O mago tremeu nervosamente, incapaz de engolir com medo de que isso fizesse com que sua garganta fosse cortada.
— Fique quieto. — Eugene cuspiu esta ordem enquanto passava pelo homem.
Eward ainda estava embriagado de todo o álcool e drogas que havia usado. No entanto, Eugene não se aproximou de Eward e, em vez disso, lentamente voltou seu olhar para o local na cama ao lado do herdeiro decepcionante.
Lá estava uma tigela contendo uma massa de carne grotescamente balançando.
— Pode ser isso o que eu acho que é? — Eugene perguntou enquanto apontava para a massa de carne.
Este não era apenas um simples pedaço de carne. Estava em um ‘cálice’ usado para certas cerimônias.
Eugene prometeu:
— Se houver um coração humano naquela tigela, pode ter certeza de que vou esfolar você vivo e cortá-lo em pedaços, começando pelos dedos dos pés.
— Realmente não é. — Implorou o mago negro enquanto se ajoelhava imediatamente.
— Essa coisa aí dentro realmente não é um coração humano. É o coração de um m-monstro.
— Que tipo de monstro?
— Um unicórnio….
Em vez de ouvir mais, Eugene verificou o interior da tigela por si mesmo. De fato, ele podia ver que o coração era grande demais para ser humano, e também tinha um tom levemente azulado. Unicórnios eram monstros com mana tão forte e poder divino que eram chamados de bestas divinas.
Se era para ser usado como um ‘sacrifício’, então o coração de um unicórnio era muito mais valioso do que o de um humano.
— Quem está do outro lado é um Rei Demônio? — Eugene finalmente perguntou.
O mago negro reagiu em choque.
— Como ousa… Quero dizer, como alguém como eu poderia conseguir um contrato com um dos Reis Demônios?
— Então quem é? — Eugene perguntou.
— É… É o Barão Olpher de Helmuth… — O mago negro finalmente respondeu com a cabeça baixa.
Eugene não estava familiarizado com esse nome. Sua testa franziu quando se virou para olhar para o homem.
— E quem é esse maldito? — Eugene perguntou novamente.
O mago explicou:
— Ele é um íncubo que serve a duquesa Giabella.
— Duquesa Giabella? Você está falando de Noir Giabella?
— Sim senhor….
Noir Giabella era a rainha dos Demônios da Noite. Eugene bufou e balançou a cabeça. Não era de surpreender que aquela maldita súcubo ainda estivesse viva depois de trezentos anos. Embora Helmuth do passado distante não fosse nada mais do que um inferno governado pelos cinco Reis Demônios, sem nenhuma das pompas de uma nação real, Helmuth atualmente era um país genuíno governado conjuntamente pelos Reis Demônios do Encarceramento e da Destruição.
Embora não fosse possível para ela ficar no mesmo nível dos Reis Demônios, se era a rainha que governava todos os Demônios da Noite, fazia sentido que Noir Giabella fosse chamada de Duquesa.
Lutando para conter sua irritação, Eugene disse:
— Então, o que você está dizendo é… Esse maldito desgraçado… Estava prestes a assinar um contrato com um mero servo de Noir Giabella, um íncubo que nada mais é do que um barão… É isso que está dizendo?
— S-Sir Eugene. — Gaguejou o mago negro, sem saber o que dizer.
— Então ele estava planejando oferecer o coração de um unicórnio, enquanto estava louco de drogas e álcool, em troca de um contrato com um mero barão íncubo. Entendi certo?
— Foi o desejo do próprio Sir Eward…! — O homem se desculpou apressadamente enquanto batia a cabeça no chão pedindo desculpas.
— Eu estava apenas seguindo o pedido de Sir Eward. Ele também foi quem me deu o dinheiro para comprar o coração de um unicórnio. E-Eu acabei de ouvir o pedido de Sir Eward… E simplesmente não pude recusar sua ordem.
— Claro, você não pôde recusar. — Eugene falou sarcasticamente.
— Afinal, deve ter ficado tão animado. Aquele idiota ainda é o filho mais velho da linha direta do clã Lionheart. Além de te dar dinheiro, ele até queria fazer um contrato com seu mestre. Se tudo tivesse funcionado como planejado, sua força teria aumentado muito graças a esse maldito arrombado chamado Olpher.
— …
O mago negro ficou em silêncio.
— Não, pensando bem, não terminaria apenas com você ficando mais forte. Se o acordo tivesse sido fechado, você poderia até ter conseguido negociar um contrato com aquela vadia da Noir.
Era por isso que ele estava tão ansioso para conseguir que Eward assinasse um contrato com o inimigo de Vermouth e do clã Lionheart.
— Você estava disposto a fazer esse contrato, porque também estava ganancioso pelos resultados. Portanto, não jogue toda a culpa nos outros e fique de boca fechada se não quiser que eu te mate. — Ameaçou Eugene.
O mago negro não conseguiu mais desculpas. A intenção assassina que Eugene estava exalando era muito feroz e assustadora para ele ousar abrir a boca tão cedo. Eugene desviou o olhar do bruxo negro para olhar para Eward, que ainda estava deitado de costas, os olhos entreabertos e com baba pingando de sua boca de queixo caído.
Antes de tudo, ele precisava se acalmar. Eugene respirou fundo antes de dar outra olhada no rosto de Eward.
— Esse filho da puta.
No final, ainda não conseguiu conter seu temperamento. Cuspindo um xingamento vil, Eugene deu um tapa na bochecha de Eward.
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Notas:
Antro de ópio: Casa de ópio ou antro de ópio era um estabelecimento em que o ópio era vendido e fumado. As casas de ópio estiveram presentes em muitas partes do mundo no século XIX.