Capítulo 37 – Eward Lionheart (1)
Slaaap!
A cama saltou em sua estrutura com um som tão terrível que era difícil acreditar que veio de apenas um tapa. O golpe pesado, que estava carregado com todas as emoções de Eugene, acordou Eward da névoa de álcool e drogas que estavam nublando sua mente.
— Aaargh! — Eward soltou um grito.
Embora tivesse acordado, ainda não tinha entendido a situação. Depois de primeiro colocar as mãos em sua bochecha dolorida, Eward levantou a cabeça, apenas para Eugene empurrar as mãos de Eward para o lado.
— Você já caiu em si? — Eugene perguntou enquanto batia em Eward mais uma vez.
No entanto, em vez de um tapa, seria mais correto chamá-lo de um ataque completo. A força do golpe até quebrou as pernas da cama, fazendo Eward cair para trás com as pernas para o alto.
— Aaargh! — Eward gritou mais uma vez.
— Nossa, irmão mais velho. — Suspirou Eugene.
Ele levantou as mãos para desferir outro golpe, mas Eward conseguiu reagir a tempo cobrindo a cabeça com os braços.
Eward só levou dois tapas, mas grossas lágrimas já escorriam por seu rosto. Considerando que o interior de suas bochechas havia sido rasgado, enchendo sua boca de sangue, e seus dentes definitivamente estavam soltos, era natural que Eward estivesse com muita dor.
Mas para chorar por causa disso? Ele não era apenas um homem de dezenove anos de qualquer família comum, ele era o filho mais velho da linha direta do clã Lionheart, um descendente de Vermouth! E estava chorando só porque levou dois tapas na bochecha? As lágrimas de Eward não fizeram nada para esfriar a raiva de Eugene. Em vez disso, tal visão só fez sua raiva aumentar ainda mais.
— Realmente acha que merece alguma simpatia? — Eugene zombou.
Desorientado, Eward balbuciou:
— Q-Quem é você? Por que estou—? O-Onde estou?
— Você está se fazendo de bobo ou realmente não sabe o que está acontecendo? Este último é definitivamente uma possibilidade, considerando que usou drogas enquanto já estava bêbado. Mas, tendo ido tão longe, não seria uma surpresa se você tivesse dificuldade em reconhecer seus próprios pais
Enquanto Eugene dizia tudo isso com uma voz calma, ele estendeu a mão.
Eward estremeceu e recuou. A visão dele pegando os lençóis manchados de sangue e puxando-os sobre a cabeça era ao mesmo tempo absurda e patética.
Eugene levou um momento para se acalmar antes de continuar.
— É por isso que preciso que caia em si primeiro. Agora, vire sua outra face para mim.
— Q-Quem diabos é você? — Eward repetiu sua pergunta.
Eugene perguntou em desaprovação.
— Você realmente está fora de si. Ainda não me reconhece? Não tem jeito mesmo. Parece que vou precisar continuar batendo em você. Se ainda não caiu em si, significa apenas que não está com dor suficiente. Se eu te bater mais algumas vezes, terá que voltar a si, mesmo que não queira.
Eward implorou:
— Para! Por favor, não me bata—.
— Em primeiro lugar, tire esse cobertor do caminho. Não tente bloquear. Se tentar bloquear inutilmente, posso acertar em outro lugar por engano, e isso será ruim para você.
Embora tenha dito isso, Eugene não esperou que Eward se movesse por conta própria. Ele puxou o cobertor e afastou as mãos de Eward cobrindo sua cabeça.
O lado do rosto de Eward que havia sido esbofeteado duas vezes já estava inchado e o sangue escorria de seus lábios rachados. Eugene agarrou o nariz de Eward e virou a cabeça para que o outro lado ficasse de frente para ele.
— Aaaaargh!
Ignorando os gritos de Eward, Eugene deu-lhe dois tapas na bochecha restante para que os dois lados parecessem iguais. Então ele agarrou a cabeça de Eward e a segurou no lugar com as duas mãos.
Eugene perguntou mais uma vez:
— Agora, você caiu em si?
— Uuu…. Uwahhh… — Eward só pôde soluçar em resposta.
— Ah, desculpe. — Eugene percebeu algo tardiamente.
— Você pode não ser capaz de me reconhecer, porque atualmente minha aparência está um pouco ajustada.
Eugene imediatamente removeu o feitiço de transformação e retornou à sua aparência original. Os olhos de Eward finalmente se arregalaram em reconhecimento. Seus olhos cheios de lágrimas vacilaram, procurando desesperadamente por ajuda enquanto gaguejava:
— E-E-Eugene.
— E aí, irmão mais velho.
Eugene o cumprimentou casualmente.
— Você— O-O que está fazendo aqui?
— Te segui até aqui, irmão mais velho.
Em seu coração, ele preferia xingar Eward, mas, por enquanto, Eugene decidiu se dirigir a Eward como seu irmão mais velho em um tom amigável.
— O que estava pensando? — Ele perguntou.
— Huh… O quê—? — Eward murmurou sem entender.
— Estou te perguntando, o que diabos estava pensando, irmão mais velho? Tipo, eu realmente tentei simpatizar com a sua situação, e entendo que você está sob muito estresse, sabe? Já que sua realidade fede a merda, entendo que pode querer brincar nas doces profundezas de um sonho de súcubo.
— Eu… Eu estava apenas—
— Achei patético e estúpido da sua parte, mas não era como se eu não conseguisse entender o porquê estava fazendo isso. E a força vital que estava oferecendo à súcubo pertencia a você em primeiro lugar, certo, irmão mais velho? Portanto, cabe a você decidir se quer escapar da realidade obtendo satisfação de seus sonhos. No entanto, isso está indo longe demais.
Tap.
Eugene pressionou as têmporas de Eward com as duas mãos. A pressão do vício fez com que os olhos de Eward ficassem vermelhos e injetados. Ele tentou se livrar das mãos de Eugene, mas Eugene se recusou a soltar Eward.
— Você não pode se envolver com magia negra. — Declarou Eugene solenemente, mantendo a pressão.
Eward gemeu.
— Aaah… Ahhh…
— Como o filho mais velho da linha direta dos Lionheart, o próximo na fila para se tornar o Patriarca… Como você poderia tentar fazer um contrato com um demônio? E ainda com algo como um íncubo?
— É-É… E-Eu simplesmente não pude evitar—
— O que quer dizer com não pôde evitar? Seu maldito! — Eugene de repente rugiu.
— Você ao menos sabe o que acontece se entrar na magia negra com um contrato em vez de pelo menos aprender a usá-la com o método adequado? Sua alma se torna propriedade do povo demônio. Você se torna um escravo que mata quando mandam matar e morre quando mandam morrer.
Havia dois métodos para começar a aprender magia negra.
Um método era aprender lentamente como controlar o poder demoníaco. No entanto, não era realmente um método que qualquer um pudesse usar. A menos que você fosse um mago verdadeiramente excepcional, não seria capaz de aprender a controlar o poder demoníaco sozinho.
Como tal, a maioria dos magos negros usava o outro método. Que era fazer um contrato com um demônio. Mesmo se lhe faltasse habilidade, ainda poderia pelo menos fazer um contrato; e mesmo que não pudesse controlar o poder demoníaco por conta própria, ainda poderia receber o poder demoníaco do povo demônio com quem fez o contrato.
A maioria dos magos negros aumentam sua força usando o poder demoníaco que recebem do povo demônio com quem firmaram contrato. Assim, mesmo com talentos lamentáveis, poderiam rapidamente aumentar seus níveis, mas não importava o quão fortes se tornassem, não poderiam mais escapar de seus laços com o povo demônio.
Eugene desencadeou uma tempestade de perguntas:
— Realmente acha que esse é um problema que afetará apenas a si? Realmente entende o que acontecerá se você se tornar um mago negro?
— Vejamos, a primeira coisa a cair na sarjeta por sua causa provavelmente seria a honra da família. Mas isso é só o começo. E se o povo demônio com quem você fez contrato dissesse para matar sua mãe? Em seguida, seu pai e, finalmente, seus irmãos. O que faria se ele lhe pedisse para trazer a Fórmula da Chama Branca da família principal e todos os tesouros do cofre do tesouro?
— E-Ele disse que eu não precisaria lhe mostrar obediência incondicional.
Eward protestou com uma expressão descontente.
— Ele disse que me trataria com a devida consideração—! Que não me daria ordens impossíveis ou irracionais… I-Isso foi o que ele prometeu.
— Quem prometeu isso? — Eugene zombou.
— Foi aquele desgraçado do íncubo? Seu idiota, realmente acha que os demônios são como os dragões ou os elfos? Para eles, quebrar uma promessa é tão fácil quanto um movimento do pulso.
Eward tentou argumentar.
— M-Mas… Nosso ancestral e os Reis Demônios—
— Esse maldito juramento foi feito com um Rei Demônio! Você realmente acha que uma promessa feita com um íncubo de baixo escalão terá o mesmo poder?
Com esse grito, Eugene apertou a cabeça de Eward em vez de soltá-la.
— Não vai precisar mostrar a ele obediência incondicional? Isso mesmo, não vai precisar. Pode se recusar a obedecer às ordens dele; contanto que esteja preparado para morrer. Mas realmente tem coragem de fazer isso? Poderia realmente desobedecê-lo se isso significasse que morreria em vez disso?
— …
Eward não pôde dizer nada em sua defesa.
Eugene zombou.
— Como se você pudesse fazer algo assim. É apenas um maldito que não pode nem se defender e, em vez disso, foge para o álcool e para os sonhos.
— V-Você… — Enquanto as lágrimas caíam de seus olhos, a voz de Eward encontrou alguma força.
— Você… O que diabos lhe dá o direito de me julgar?
— Hah, tudo bem então.
Com uma bufada, Eugene acenou com a cabeça em desafio.
— Acha que há algo de errado com o que acabei de dizer? Então por que não tenta se defender, irmão mais velho?
— V-Você não faz ideia. Você—! Desde quatro anos atrás, todos estão prestando atenção em você. Desde que foi adotado pela família principal, o papa—pa— o Patriarca tem despejado todo o apoio em você, então como pode—?!
— Se outra pessoa estivesse te ouvindo, poderia pensar que está sendo discriminado. Mas também recebeu muito apoio, não é, irmão mais velho? Você também não teve acesso à linha ley? E também não herdou a Fórmula da Chama Branca? Então, por querer aprender magia, eles até te mandaram para Aroth, e ainda teve a chance de se tornar o discípulo de um Mestre de Torre. Estou errado?
— Isso é…
— Tenho recebido o mesmo apoio que você, irmão mais velho. Não sou tão bom porque o Patriarca me favoreceu sobre você, é só porque nasci incrível demais.
Essas palavras fizeram os ombros de Eward tremerem de raiva.
Eugene continuou:
— Não só nasci com um grande talento, mas também me esforcei muito para me tornar forte. Aposto que trabalhei muito mais do que você, certo, irmão mais velho?
— Só porque… Você tem um talento inato… É impossível me comparar a você…!
Eward espremeu essas palavras amargas.
— Então é por isso que tentou entrar na magia negra? — Eugene perguntou.
— É por isso que assinaria um contrato com um íncubo, arrastaria o nome de sua família na lama e desistiria de tudo o que tem? E até onde acha que chegaria fazendo isso?
Eugene soltou a cabeça de Eward. Ele levantou um dedo para chamar a atenção do garoto e apontou para o mago negro ajoelhado no chão ao lado deles.
— Mesmo se eu lutasse com um desgraçado assim de olhos fechados, ainda poderia matá-lo em dez segundos.
Afirmou Eugene confiante.
— …
Eward mordeu o lábio em silêncio.
— Com a ajuda da magia negra, isso é o máximo que pode conseguir. Realmente achou que a força que obteria ao assinar um contrato com um íncubo seria tão incrível? Ah, verdade. Você poderia ter conseguido, de alguma forma usá-lo como intermediário para poder assinar um contrato com a Rainha dos Demônios da Noite. Era isso que estava esperando, irmão mais velho?
As bochechas de Eward tremeram quando ele cerrou os dentes. Na mosca! Eugene bufou e balançou a cabeça.
— Tudo bem, se conseguisse assinar um contrato pessoal com Noir Giabella, provavelmente teria ficado bem forte. — Admitiu Eugene.
— Mas o que faria com toda essa força? Realmente acha que seria capaz de se tornar o Patriarca com o poder da magia negra?
— E-Eu nunca…
Os olhos de Eward se retorceram em um brilho enquanto lutava para continuar falando.
— Eu nunca quis… Me tornar o Patriarca do clã Lionheart…!
— Então o que estava planejando fazer?
— Eu… Eu queria me tornar um mago negro e ir para Helmuth. Em um lugar assim, eu estaria livre… E meu valor seria reconhecido…!
— Hah, esse filho da puta.
O rosto de Eugene se contorceu em uma careta quando bateu na cabeça de Eward.
— Por que gostaria de receber a aprovação do povo demônio? O que acha melhor, ser reconhecido pela sua família ou ser reconhecido pelo povo demônio? E realmente acha que respeitariam você? Acho que confundiu alguma coisa, irmão mais velho. Sem o seu passado como o filho mais velho da família principal, você realmente não tem valor para eles.
— Por isso, ainda mais, quero me livrar desse título! Nunca quis me tornar o próximo Patriarca, e nunca pedi para nascer como o filho mais velho da linhagem direta! Quero ser livre, ser capaz de fazer o que quiser fazer—.
— Quão ganancioso pode ser?
— O quê?
— Com seu histórico atual, já não está livre para fazer o que quiser enquanto recebe apoio para seus objetivos também? O que mais você quer?
— Ah… Tem um monte de coisas que não posso—.
— Chega, não preciso mais ouvir. Por enquanto, apenas saiba disso, irmão mais velho. Não consigo entender por que fez isso e nem quero entender. O que há para conversar com um maldito que pensa que é o único que tem uma vida injusta e desafiadora? Um desgraçado que teve tantas coisas concedidas a ele desde o nascimento que outros só podem desejar, que inventa todo tipo de desculpas enquanto choraminga sobre isso e aquilo…
Eugene resmungou enquanto se afastava de Eward.
— Enquanto você estava em Aroth, bebendo, usando drogas e se perdendo em seus sonhos, Cyan e Ciel, que ficaram na propriedade principal, estavam realmente se esforçando ao máximo para melhorar a si mesmos. Sem falar de mim.
— …
Eward ficou sem desculpas.
— Isso é tudo. — Eugene descartou suas desculpas.
Não havia valor em continuar a conversa. Eugene girou como um redemoinho e chutou as costas do mago negro, que ainda estava ajoelhado em silêncio.
O mago negro grunhiu: — Ugh!
— Fique quieto e não invente nenhuma bobagem. — Eugene o advertiu.
O mago protestou: — E-Eu não estava fazendo nada…!
— Eu sei. — Disse Eugene.
— Mas você provavelmente estava pensando em fazer algo estúpido, certo?
O corpo do homem tremeu levemente. Esse pirralho monstruoso era capaz de ler a mente de outras pessoas?
Mas é claro que Eugene não era um leitor de mentes. Ele tinha acabado de dar um chute no cara para aliviar sua própria irritação crescente.
Eugene não perdeu o fato de que o mago negro se encolheu.
— Então realmente estava pensando em fazer algo estúpido? Certo, então, você estava pedindo por isso.
Ele chutou o mago mais uma vez, fazendo-o rolar pelo chão com um grito de dor.
* * *
As leis existiam mesmo nesta rua caótica. Embora os guardas encarregados dela pudessem fechar os olhos para as comoções habituais que ocorrem por causa da corrupção e das regras não escritas, o tumulto atual havia saído do controle.
Prédios ao longo do centro da rua estavam tremendo, paredes desmoronando e outro caos se seguiu. Mesmo os guardas matando o tempo enquanto desfrutavam dos prazeres da rua não podiam ignorar tal alvoroço.
— Sir… Eugene… Lionheart…
O capitão dos guardas de cara vermelha, que acaba de chegar, murmurou estas palavras.
Essas três palavras continuaram piscando na cabeça encharcada de vinho do capitão quando ele percebeu que as coisas estavam fodidas. Embora fosse comum ocorrerem incidentes na Rua Bolero, esta foi a primeira vez que uma figura tão influente esteve envolvida. Em primeiro lugar, tais figuras públicas raramente causavam um alvoroço tão grande, mesmo que se envolvessem em algum incidente.
— Foi legítima defesa. — Disse Eugene enquanto abria os braços, gesticulando para os arredores.
— Meu irmão mais velho bêbado foi carregado para este local, então eu estava apenas o seguindo para verificar se estava sendo sequestrado. Quando tentei ir atrás dele, fui parado, então perguntei a eles que tipo de lugar era aquele. Mas o que eu deveria fazer quando eles começaram a me ameaçar e tentar roubar minha carteira?
— …
O capitão se fez de burro.
— Então, para proteger a mim e minha carteira, lutei contra eles. Quanto ao que aconteceu lá dentro—
— E-Eu acho que temos uma boa ideia do que está tentando dizer.
O capitão da guarda interrompeu Eugene com uma risada desesperada, suor escorrendo profusamente pelo rosto.
— Nós vamos cuidar da limpeza, então se o bom Sir Eugene puder, por favor, deixe esse local para nós…
— Então vou sair e levar meu irmão mais velho comigo. Junto com aquele desgraçado. — Disse Eugene, apontando para o mago negro.
Com isso, o mago se virou para olhar em direção ao capitão da guarda com um olhar desesperado no rosto.
Este foi um incidente insuportavelmente vergonhoso para a cidade. Drogas eram supostamente proibidas em Aroth. Embora eles pudessem apenas ignorar essa regra, fechando os olhos para sua distribuição e uso, o fato de um antro de drogas ter sido revelado no meio da rua não era algo que pudesse ser encoberto pelas regras não escritas.
Além disso, tanto os magos negros quanto o clã Lionheart foram apanhados nessa confusão. Se apenas deixasse-os ir assim, a própria cabeça do capitão da guarda poderia ser cortada. O número de figuras proeminentes que tinham ligações com esta rua era demais para contar, então se as coisas continuassem como estavam, mesmo que o capitão não tivesse nada a ver com tudo isso, poderiam simplesmente cortar sua cabeça como parte de um encobrimento.
Chegando a uma decisão, o capitão da guarda disse:
— Bom… Minhas desculpas, mas não acho que podemos permitir que você faça isso. Vamos realizar nosso próprio interrogatório com esse mago negro—
— Cala a boca. — Uma voz fria desceu do céu.
Eugene, que estava olhando para o capitão dos guardas com um olhar de pena, levantou a cabeça para olhar para cima.
Lovellian estava de pé no ar.
— Como vou confiar em você para interrogar o suspeito quando está de olhos fechados para as coisas que estão acontecendo sob sua jurisdição? — Exigiu Lovellian.
— M-Mestre da torre. — Gaguejou o capitão da guarda.
— Eu mesmo cuidarei desse incidente. Se tiver alguma reclamação, pode ligar para o comandante dos guardas. Embora eu tenha que dizer, não acredito que ele se oponha a mim e seja um defensor nesta questão.
Lovellian desceu ao chão. O capitão da guarda cedeu e sem falar baixou a cabeça. No entanto, não foi o único a fazê-lo.
“Merda, ele chegou aqui tão rápido”, o mago negro pensou, enquanto seu rosto se contorcia em uma terrível carranca.
Mas não havia como a notícia ter conseguido chegar à distante Torre Mágica Vermelha tão rapidamente? Ele não conseguia entender como o Mestre da Torre, que tinha pouco interesse em outra coisa além de magia, poderia ter chegado ali tão cedo.
— Lamento ter ligado para você, sendo que já está tão ocupado.
Desculpou-se Eugene.
— Está tudo bem. — Respondeu Lovellian enquanto respirava calmamente.
Foi Eugene quem chamou Lovellian. Ele havia ordenado ao guia que o fizesse pelo terminal de comunicação. Embora pudesse ter escolhido confiar no nome Lionheart para comprar sua saída, olhando para o quadro mais amplo, ele pensou que seria um final mais limpo se tivesse a ajuda de Lovellian em vez de confiar no nome de sua família.
Eugene começou a explicar,
— Se gostaria de saber o que aconteceu—
— Posso entender mais ou menos a situação. — Disse Lovellian enquanto balançava a cabeça.
— Foi por minha negligência que ocorreu um incidente tão infeliz.
O corpo de Eward tremeu de medo.
Lovellian suspirou.
— Brincar com súcubos, esquecer as preocupações da realidade através de seus sonhos. Embora eu achasse que era um método de relaxamento muito necessário… Parece que tomei a decisão errada. Minhas desculpas, Eugene.
— Não há necessidade de se desculpar comigo. — Eugene acenou.
— Não, eu preciso me desculpar com você. Claro, vou me desculpar com Sir Gilead e a Senhora Theonis também, mas sou culpado por permitir que você testemunhe uma cena tão feia, Eugene. Além disso, você executou os deveres que eu deveria ter realizado.
Lovellian também era semelhante a Eugene em seu desdém pelos magos negros. Assim como sua reverenciada grande mestra, a Sábia Sienna, seus discípulos também desprezavam os magos negros.
Lovellian, em particular, como amigo de longa data de Gilead, estava bem ciente do quão absurdo era para um membro do clã Lionheart se envolver com magia negra.
— M-Mestre da Torre. — Eward tentou falar, mesmo enquanto seu corpo continuava tremendo.
— Bem… Eu só estava… E-Eu não fiz isso. Não comecei a aprender magia negra.
— Mas tentou, não foi? — Lovellian encarou Eward com olhos frios.
— Eward. Você… Manchou o nome do clã Lionheart. Insultou Sir Gilead, que confiou em você e o deixou aos meus cuidados. Além disso, insultou Samuel, que escolheu ensiná-lo, e insultou a mim, que optou por ignorar todas as suas fraquezas.
Eward gaguejou:
— N-Não, eu não pretendia fazer nada disso. Eu só estava—
— Se continuar a dar mais desculpas, eu… Vou ter que lhe mostrar imediatamente o custo de seus insultos. E estou realmente tentado a fazê-lo. — Interrompeu Lovellian, sem vontade de ouvir as palavras de Eward.
— Então, por favor, não diga mais nada. Se quiser continuar inventando desculpas, não as despeje em mim. Diga ao Samuel, que o ensinou, ao Gilead, que o enviou aqui, e à Theonis.
— Uh… Uwaaah…
Eward enterrou a cabeça nas mãos e começou a chorar.
Lovellian olhou para esta visão com um olhar de pena antes de soltar um longo suspiro.
— Vamos voltar.
Com essas palavras, Lovellian se afastou de Eward, e Eugene também não lhe deu outro olhar.
Ainda assim, no centro dos olhares de todos, Eward abaixou a cabeça para esconder o rosto.
Enquanto as lágrimas continuavam a sair de seu corpo trêmulo, a luz nos olhos de Eward cintilou e morreu.
O ar da noite estava frio.