Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 09 – Vol 05 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 09 – Vol 05

Capítulo 9 – Ajuda indesejada

Por aqui. É por aqui. Por aqui. Por aqui. Por aqui… Haruhiro continuava dando direções. Ninguém mais estava dizendo nada.

— O, o, o, o, o, o…

— O, o, o, o, o, o, o, o, o…

— O, o, o, o…

— O, o, o, o, o, o, o…

Os cachorros de um olho só rosnavam. Às vezes, uivavam alto também.

Até onde viemos daquela colina inicial? Quantos minutos se passaram desde que fomos cercados por esses cachorros? Será que é um tempo que pode ser contado em minutos? Dez minutos? Quinze minutos? Vinte minutos? Eu não sei.

Os olhos de Haruhiro pareciam sonolentos agora? Com certeza. Seus olhos deviam parecer bem sonolentos.

Isso. Isso é difícil, ele pensou. Meu coração parece prestes a ceder. Não consigo respirar direito. Estou suando como louco. Isso é nojento. Minhas pernas estão prestes a ceder também. Estou surpreso por ainda conseguir andar. É um milagre que eu esteja conseguindo.

No entanto, os cachorros caolhos saltavam em direção a Haruhiro e os outros, e depois recuavam, como se mantivessem uma distância fixa—era o que Haruhiro pensava. Era cerca de dois metros. Fora do alcance das armas da party.

Era questionável se Haruhiro e a party podiam continuar se movendo. Verdade, o cerco dos cachorros caolhos ao redor deles era frouxo, mas também parecia que estavam quebrando o círculo em resposta ao movimento de Haruhiro e dos outros.

Essas criaturas são cautelosas. Até um ponto quase covarde. Elas não atacam facilmente, pensou Haruhiro. Há uma depressão mais à frente. Um vale. Com muitas rochas em forma de pilares. Os Tokkis foram emboscados por cultistas em um vale denso com rochas como essas. Eu não quero entrar nesse vale.

Haruhiro respirou fundo.

— Ranta, Kuzaku, Kikkawa. Vocês três, trabalhem juntos para matar um deles rapidamente. Shihoru, use Thunderstorm. Yume, use flechas. Certifique-se de acertar. Se conseguirmos eliminar alguns deles num instante, o resto vai dar no pé. Vamos fazer isso. Entendido? A magia de Shihoru será o sinal para começar.

Será que elas vão fugir? Tenho alguma garantia? Não. Estou confiante? Também não. Mas não tenho escolha a não ser afirmar isso como um fato aqui. Não, é o que devo fazer. É por isso que fiz isso. Isso é bom.

Ranta apontou para o cachorro caolho à sua frente com a Betrayer.

Yume puxou a corda do arco.

— Jess, yeen, sark… — Shihoru começou a entoar.

Está indo bem. Estamos em um bom fluxo. Não trabalhamos os detalhes, mas estamos agindo em sincronia. As coisas funcionam quando estamos assim.

— Kart, fram, dart…!

Houve um flash de luz. Em seguida, um som estrondoso. Um feixe de raios caiu. Shihoru pegou três dos cachorros caolhos dentro da área de efeito de Thunderstorm. Os cachorros caolho foram lançados para longe sem emitir um único grito.

Yume soltou a corda do arco. Haruhiro avançou.

— Okay! — Kuzaku também foi.

Ele investiu com seu escudo, derrubando o cachorro caolho que Ranta havia apontado. O cachorro tentou se levantar imediatamente, mas Ranta e Kikkawa não deixaram.

Ranta bradou e Kikkawa gritou: — Aqui vai…!

A flecha de Yume perfurou o flanco de um dos cachorros, mas isso não seria o suficiente para matá-lo.

Tudo bem. Não é um problema. Já contava com isso. Haruhiro se aproximou de um cachorro caolho. Essa não era uma habilidade que ele usava frequentemente, e já fazia um tempo, mas ele se dedicou a ela agora.

Assault!

Ele liberou seu limitador interno. Essa era a imagem. Ele apunhalou e cortou freneticamente com a adaga na mão direita, e golpeou como um louco com o porrete na mão esquerda. Ele não respirava.

Faça isso. Faça isso. Faça isso. Faça  isso. Faça isso. Apenas faz!

Haruhiro não conseguia enxergar o cachorro caolho como um ser vivo; para ele, tratava-se de um objeto. Sua intenção não era apenas matar a criatura, mas sim aniquilá-la por completo. Ele a reduziriam a pó.

Mesmo quando o cachorro caolho caiu, Haruhiro não parou. Yume acertou uma flecha em outro cachorro caolho que tentou avançar em Haruhiro. A flecha fez com que esse cachorro recuasse.

Haruhiro permaneceu focado na tarefa de destruir o cachorro caolho à sua frente. Kuzaku e Ranta estavam começando a trabalhar em seu segundo cachorro caolho. Kikkawa desferiu um golpe no cachorro que tentou atacar Haruhiro—aquele que Yume havia acertado com uma flecha. Haruhiro estava acompanhando a situação com o canto dos olhos e em uma parte de sua mente, mas não tinha intenção de parar até que seu alvo fosse completamente destruído.

Esse alvo logo silenciou.

— O, o, o, o, o…!

Os cachorros caolhos restantes fugiram. Dos três cachorros que foram atingidos pelo Thunderstorm de Shihoru, um deles se levantou e correu atrás de matilha.

Haruhiro estava exausto. Não tinha mais forças. Sentia-se incrivelmente cansado. Queria sentar e descansar. Ou melhor, dormir. Queria tirar um cochilo, talvez dois cochilos. Claro, isso não seria uma opção.

— Vamos sair daqui! — ele gritou.

Eles conseguiram afastar os cachorros caolhos. Pelo que parecia, ninguém havia se ferido. Mesmo Haruhiro, cansado como estava, não tinha se machucado.

Eles tinham alcançado seu objetivo, embora fosse um objetivo secundário. O objetivo principal era resgatar os Tokkis. Era necessário seguir em frente. Agora era hora de avançar.

— Uh, vejamos… — Kikkawa estava olhando ao redor, inquieto.

Droga, pensou Haruhiro. Ele deve ter perdido a noção de onde estávamos enquanto nos movíamos cercados pelos cachorros caolhos.

Haruhiro limpou o suor do rosto com a mão. O-O que agora?

Temos que fazer algo.

Mas como?

Não importa. Escolha uma direção, qualquer direção—Não, má ideia, isso não vai funcionar, mas o que fazemos?

— Ah! — Kikkawa gritou, apontando para uma direção. — Ali! Ali está! Os restos dos prédios… aquele lugar que parece uma ruína!

Haruhiro olhou naquela direção. Sim. Lá está. É verdade.

— V-Vamos! — ele chamou.

Eu gaguejei. Mas e daí? Não é nada demais. Não se preocupe.

Era totalmente possível que os cachorros voltassem com amigos. Só para garantir, Haruhiro manteve parte de sua atenção focada na direção em que os cachorros haviam fugido enquanto a party seguia em direção às ruínas.

As coisas estavam meio bagunçadas no começo, mas conseguiram se recuperar enquanto caminhavam em um ritmo acelerado. Haruhiro não estava em ótimas condições, mas também não estava em má forma. Pelo menos, ele não estava mais respirando ofegante.

Se ele tivesse que descrever as ruínas com uma palavra, seria “branco”. De longe, pareciam uma colina branca, mas eram irregulares, o que permitia notar que havia prédios alinhados no local.

Como Kikkawa havia dito, era uma área grande. Como uma cidade composta apenas de edifícios brancos.

Uma cidade branca.

Se os Tokkis ainda estiverem lá, será que conseguiremos encontrá-los? Seremos capazes de nos reunir? À medida que se aproximavam, Haruhiro ficava cada vez mais incerto. Eu entendo por que Kikkawa chamou essa cidade branca de ruína. De fato, aquilo não é um prédio. Provavelmente, havia aqui, em algum momento, um prédio branco inimaginavelmente grande—quanto tempo atrás, não está claro. Esse prédio, seja pelo passar do tempo ou por algum acontecimento, desabou. O teto e as paredes caíram, foram demolidos, os pedaços se espalharam, e os pilares de sustentação foram quebrados. A maioria dos móveis apodreceu, deixando apenas alguns pequenos vestígios, e há fragmentos de estátuas e louças espalhados por todo lado. Todos são incrivelmente grandes.

Provavelmente, era um edifício onde gigantes viviam.

Como os materiais de construção eram completamente brancos e por conta da escala única do edifício, a palavra “templo” veio à mente.

Um templo de gigantes—é o que esse lugar era.

Se for o caso, acho que deveríamos chamá-lo de Ruínas do Templo dos Gigantes.

Bem, tudo isso era apenas imaginação de Haruhiro. Ele poderia estar completamente enganado, mas essa era a impressão que tinha.

Haruhiro e os outros olharam para os pilares agora inclinados, assim como para os que os sustentavam, embora ambos os tipos fossem mais precisamente descritos como pilares quebrados. O espaço entre eles era algo como um portão. Tinha mais de dez metros de altura e aproximadamente a mesma largura.

A escala era impressionante. Fez Haruhiro se sentir incrivelmente pequeno, e ele ficou parado por alguns segundos, olhando vagamente para aquilo. Ele realmente era pequeno.

— Devemos… entrar…? — Shihoru perguntou timidamente.

— N-Nós viemos até aqui. — Ranta, apesar de ser o Ranta, estava hesitante. — Não entrar seria, bem, sabe, né. Esse tipo de coisa é meio que, sabe o quê. Você sabe o que quero dizer. Qual é a palavra? Desconfortável, né? Basicamente. Não acha?

— Você só fala “sabe o quê”. — Yume parecia relativamente tranquila com a situação. — Mas, ainda assim, é enorme, né. Yume nunca viu nada tão grande antes.

— Se estivéssemos aqui para turismo… — Kuzaku levantou a viseira e apertou os olhos, — …seria um lugar divertido para explorar.

— Você pode estar certo. — Mary sorriu levemente.

— Quanto ao interior, pessoal — disse Kikkawa, um pouco envergonhado, — honestamente, eu não lembro muito bem. Desculpa. Eu estava mais preocupado com outras coisas na hora. Mas não acho que fomos muito longe. Tipo, quando saí daqui, não demorei tanto.

— Cultistas e gigantes brancos, né. — Haruhiro respirou fundo. — Não, é melhor assumirmos que pode haver mais do que isso. Afinal, tinham os cachorros de um olho só.

— Na verdade, parece que há mais do que apenas eles. — Ranta gesticulou com o queixo para cima e à esquerda.

Quando Haruhiro olhou, havia algo no topo de um dos pilares quebrados.

Branco. Claro que é branco—Um macaco? É isso que é? À primeira vista, parece um pequeno macaco branco sem pelos, mas com apenas um olho.

— Miau… — Yume preparou seu arco. — O que você quer fazer? Dessa distância, Yume acha que pode acertar.

— Não. — Haruhiro rapidamente balançou a cabeça. — Não, por enquanto…

Há mais de um desses macacos de um olho só, ele pensou. Tem um no topo daquele pilar quebrado também, e outro no topo daquela montanha de escombros. Se eu consegui identificar três tão rápido, deve haver mais por aí. Além disso, eles estão altos o suficiente para que só flechas ou magia possam atingi-los.

— Kikkawa, você já viu esses macacos antes? — Haruhiro perguntou.

— Não — respondeu Kikkawa. — Ah, mas talvez a gente só não tenha notado. A gente não foca muito nessas coisas, sabe. Como posso dizer? Se algo não está vindo para cima da gente, tendemos a ignorar.

— Nessas ruínas do templo—é assim que vou chamar esse lugar, a propósito—quando vocês lutaram contra os cultistas e os gigantes brancos aqui, havia outras criaturas?

— Tudo o que vi foram os cultistas e os gigantes brancos — disse Kikkawa. — Não sei o que aconteceu depois que me separei da party, então não posso dizer se continua assim.

— Entendi.

É uma decisão após a outra. Acho que vou ter que me acostumar com isso. Acostumar-se pode levar a baixar a guarda. Mas se eu não me acostumar, não consigo continuar.

— Vamos ignorar os macacos de um olho só — disse Haruhiro. — Vamos entrar.

Estamos andando lado a lado com o perigo aqui, pensou Haruhiro enquanto avançava. É vida ou morte. O que Kuzaku disse sobre ser um lugar divertido para passeios turísticos cruzou a mente de Haruhiro. Ele concordou totalmente. Nunca tinha visto nada parecido com esse lugar antes. Estava além de qualquer coisa que ele pudesse imaginar. Se fosse um turista, estaria maravilhado com a vista.

Haruhiro foi à frente da party para confirmar que era seguro, e os outros seis o seguiram.

Confirmar que era seguro.

Isso é possível? Ele se perguntou.

Ele estava fazendo o melhor que podia, na sua opinião, mas ainda não estava confiante. A verdade é que ele queria ter cem por cento de certeza de que era seguro antes de levar seus companheiros para lá. No entanto, realisticamente, isso não era algo que ele pudesse fazer. Era impossível.

Ele caminhou sobre a grama, passando pelos fragmentos brancos entre os pilares quebrados. Não havia nada oculto nas sombras desses pilares.

Acho que não há nada, acrescentou para si mesmo. Mas, mais ao fundo, não posso ter tanta certeza.

Ele não podia contornar cada obstáculo em trezentos e sessenta graus. Isso levaria uma eternidade.

Oitenta por cento é bom o suficiente? Setenta por cento? Ou cinquenta? Ele se perguntou. Não é algo que dá para representar com um número. Mas, bem, acho que está tudo bem. Embora, com esse grau de certeza, isso esteja longe de ser certo.

Ele passou pelo portão dos pilares quebrados e, além dele, dos dois lados, havia grandes fragmentos empilhados formando paredes. De certa forma, era como se estivessem formando um caminho. No entanto, embora ele pudesse chamá-los de paredes, estavam cheias de brechas. Se algo estivesse escondido nelas, seria difícil de notar.

Isso me faz querer chorar. Mas eu não vou. Haruhiro soltou um longo suspiro. Por enquanto, vou me esforçar ao máximo. Não posso fazer o que está além das minhas capacidades. Não tem como mudar isso.

Haruhiro usou Sneaking para progredir ao longo do lado direito. Armas em punho. Verificando as brechas o melhor que podia. Cuidadosamente. Mas não excessivamente. Era bom ser cauteloso, mas timidez excessiva não era bom.

Não pare, ele disse a si mesmo. Mesmo que seja assustador, não tenha medo. Os macacos de um olho não estão atacando. Também não há sinal de que estejam me seguindo.

Algum som? Ele sentia que podia ouvir algo, mas não tinha certeza.

A parede terminou—ou melhor, se abriu, formando algo como uma encruzilhada de quatro direções. Ele reuniu todos ali.

— Haruhiro-kun, você está bem? — Shihoru perguntou.

— Hã? O quê? Por quê? — ele gaguejou.

— Sua cor… no rosto…

— Não está boa? — ele perguntou.

— Ohh! — Ranta olhou para o rosto de Haruhiro e zombou. — Cara, você é mesmo um caso à parte. Sua pele sempre foi tão branca assim? Você está parecendo pálido. Ehehehe.

— Haru-kun — Yume disse com uma expressão séria, e de repente apertou a mão de Haruhiro. — Yume sabe que deve ser difícil, mas você tá fazendo o seu melhor.

— …C-Certo — Haruhiro respondeu.

— Cara, eu tenho que tirar o chapéu pra você, sério… — Kuzaku disse, e então fez exatamente isso. — Dá medo, cara. Avançar sozinho num lugar como esse. Eu não conseguiria fazer isso.

— S-Sério? Você acha…? — Haruhiro perguntou.

— Haru. Se você se cansar, me avisa — disse Mary, praticamente o encarando. — Por favor.

— …Se eu me cansar, certo.

— Então o grande Ranta-sama vai assumir o seu lugar! — Ranta anunciou.

— Isso, vou ter que dizer não.

— Uma recusa imediata?! Por quê?! — Ranta gritou.

— Bem… — Kikkawa deu um tapinha no ombro de Ranta. — Isso é meio óbvio, né? Não é?

Foi apenas por um breve momento, mas todos riram. Isso foi o suficiente para Haruhiro se recuperar, pelo menos mentalmente.

Eu sou tão simples, ele pensou. Não só simples, mas um cara vergonhoso que se deixa levar facilmente. Estou quase ficando eufórico só por causa disso. Mas não vou. Isso não seria bom. Se eu me acomodar, sinto que vou falhar.

Enquanto estava na encruzilhada, considerando para qual lado seguir—

Acho que posso amá-los, Haruhiro pensou. Acho que posso amar essa equipe. Exceto Ranta, claro. Mas, bem, ele é como um tempero a mais na mistura. Provavelmente. Ranta é Ranta, e, do seu jeito, estaríamos em apuros sem ele.

Ainda assim, pensando sobre como gostava de seus companheiros… Haruhiro realmente era um cara embaraçoso. Não era uma coisa ruim, claro, mas era vergonhoso. Além disso, Haruhiro achava que isso não combinava com ele. Pensar que amo meus companheiros. Isso não é quem eu sou, sabe? Eu sou mais um cara, bem, sem compromisso, de várias maneiras, certo…?

— Vamos começar indo para a direita — ele disse.

Não era intuição. Haruhiro não tinha uma intuição natural, como, digamos, Tokimune tinha. Haruhiro e a party haviam chegado até ali seguindo a parede direita. Se virassem à direita na encruzilhada, poderiam continuar seguindo a parede direita. Esse era o único motivo dele. Se não encontrassem nada, poderiam simplesmente voltar e tomar outra rota.

Ele queria se apressar o máximo possível, mas não tinham pistas concretas, então tinham que buscar de maneira lenta e constante. E, embora Tokimune talvez não fosse do tipo que fazia as coisas dessa forma, Haruhiro era.

Eles avançaram novamente com Haruhiro liderando o caminho e o resto da party seguindo atrás dele. Até alguns momentos atrás, honestamente, ele estava bem cansado, mas agora estava bem.

Provavelmente, ficarei bem por um tempo. Não posso ficar autoconfiante, no entanto. Haruhiro não tinha a habilidade necessária para se dar ao luxo de ser autoconfiante.

As brechas na parede… agora havia mais do que antes, e elas eram maiores. Mais do que apenas se esconder—uma pessoa poderia entrar nelas. Se os Tokkis estivessem bem, poderia ser porque fugiram por uma dessas brechas.

Quando Haruhiro avançou mais dois ou três metros, o caminho virou à esquerda. Após ali, havia muitos pilares quebrados e outros escombros, e, embora fosse possível continuar, a visibilidade à frente não era boa. Estava claramente perigoso.

Mas ele ouviu um som.

Haruhiro abaixou os olhos e escutou atentamente. Ele ouviu o som dos passos de seus companheiros. Então, um outro som.

— …Uma voz — ele murmurou.

Era provavelmente uma voz humana. Haruhiro levantou o rosto e se virou. Seus olhos encontraram os de seus companheiros. Parecia que eles ainda não tinham notado.

— Tem alguém aqui — ele disse.

— Eu vou na frente! — Kikkawa correu à frente, ultrapassando Haruhiro.

Haruhiro olhou para os olhos de seus companheiros. Eles tinham chegado até ali. Depois de todo esse esforço, ele queria resgatar os Tokkis. Todos os outros deviam sentir o mesmo.

Eles seguiram Kikkawa na ordem de Haruhiro, Kuzaku, Ranta, Mary, Shihoru e Yume. Kikkawa era rápido. Ele estava apressado demais. Mas era difícil culpá-lo. Tudo o que podiam fazer agora era correr, desviando dos obstáculos que obstruíam sua linha de visão.

Houve um grito abafado de Kikkawa, como se ele tivesse começado a chamar, mas se deteve. Ele deve ter querido chamar os nomes de seus companheiros. Dizer que estava ali, que tinha vindo para salvá-los. Mas a situação ainda era desconhecida. Nem era certo que os Tokkis realmente estivessem ali. Era cedo demais para gritar.

— Estamos quase lá! — Haruhiro gritou.

Ele não sabia se Kikkawa podia ouvi-lo ou não. Mas faltava pouco. Ele podia ouvir uma voz.

— Nghrahhhh…!

Era uma voz familiar.

— Tadacchi! — Kikkawa gritou. — Sou eu, Tadacchi! É o Kikkawa! O amigo de todo mundo, Kikkawa, está de volta! E adivinhe só, adivinhe só! Harucchi e seus amigos também estão aqui! Tadacchiiiiiiiii!

— Gwohrahhh! Zwahhhhh! Nuwagrahhhh…!

Tada está rugindo, Haruhiro pensou. Ele provavelmente não está em posição de responder. Ele está em combate, hein. Era o que parecia.

Kikkawa correu entre os escombros e os pilares quebrados. Haruhiro acelerou e conseguiu se aproximar logo atrás de Kikkawa.

Haruhiro o viu.

Tada.

— Wahhrahhh! Fwahhhhhgrah! Zwahhhhhh…!

Tada estava balançando seu martelo de guerra descontroladamente, contra humanoides usando algo como grandes lençóis brancos sobre suas cabeças e empunhando armas parecidas com lanças.

Esses são os cultistas, hein, Haruhiro pensou. São quatro. Quatro contra um.

No entanto, parecia que nem sempre tinha sido quatro contra um. Havia dois cultistas caídos.

Então, havia aquele rabo de cavalo. Aquela roupa de couro, parecida com um macacão. Perto dos dois cultistas caídos, aquele era…

— Inui-san! — Kikkawa gritou, atacando um dos cultistas. — Vocês não vão escapar com isso! Wahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Agora eram quatro contra dois. Tada ainda estava cercado por três cultistas. A roupa de sacerdote de Tada, seu rosto e até seus óculos estavam cobertos de sangue.

Haruhiro se posicionou atrás de um dos cultistas. O trabalho de um ladrão era ficar quieto e usar Backstab. Ele se aproximou, e sua adaga… não perfurou as costas do cultista.

— Hã?! — Haruhiro deu um salto para trás.

O cultista se voltou em sua direção. Qual seria a natureza daquele tecido branco que os cultistas utilizavam? O que havia de peculiar na maneira como aquilo o fez sentir?

O cultista investiu uma lança contra ele.

Swat. Ele usaria sua adaga ou cassetete para desviar? Não—Haruhiro optou por esquivar.

Aquele tecido branco. Não era um tecido simples. Sendo assim, as lanças deles poderiam não ser comuns, também. Ele precisava ser cuidadoso.

— Lâminas! — Tada rugiu enquanto balançava seu martelo de guerra descontroladamente. — Elas não atravessam bem! Mwahhhh! Fugahhhhhhhhh…!

— Sério?! — Kuzaku gritou enquanto investia contra um cultista com seu escudo.

— Hmm. — Ranta parou de repente. — Acho que espadas não vão funcionar contra eles, né.

— Seu idiota! — Yume deu um chute giratório nas costas de Ranta.

— Urgh! — Ranta avançou ameaçadoramente na direção de Yume. — O que você está fazendo?!

— O que está funcionado?! — ela gritou. — Para de falar besteira!

— Você é quem nunca faz sentido!

O idiota estava fazendo o que os idiotas fazem, mas por enquanto, Tada, Kikkawa, Kuzaku e Haruhiro se encontravam frente a frente com um cultista cada, convertendo a batalha em quatro confrontos individuais.

Não, Tada deve estar quase no seu limite, Haruhiro pensou. Precisamos deixá-lo descansar.

— Ranta! — Haruhiro evitou por pouco uma investida afiada de seu cultista. — Já chega! Troque com o Tada! Rápido!

— Ah, tudo bem, se você insiste! — Ranta tentou correr na direção de Tada.

— Você é um incômodo! Fique longe! — Tada declarou enquanto afastava a lança do cultista e continuava atacando. Ele atacava, atacava e atacava como um louco.

— Você ouviu o homem! — Ranta gritou.

— Então escolha o Kikkawa, ou o Kuzaku, ou até mesmo eu, mas venha aqui e ajude alguém! — Haruhiro gritou de volta. — Não consegue pensar por si mesmo, seu idiota?!

— Quem você está chamando de idiotaaa?! — Ranta saltou sobre o cultista que tentava atacar Haruhiro com sua lança. — Me chame de gênio! Um grande gênio!

O cultista levou um golpe no ombro direito da Betrayer de Ranta, mas, como esperado, não conseguiu cortar. O cultista cambaleou por um momento, mas foi só isso. Não, o cultista se virou na direção de Ranta depois disso, então talvez ele tenha conseguido algo mais do que isso.

Haruhiro se afastou um pouco do cultista. O que é isso? Ele pensou. Aquele tecido branco não parece um tecido comum. Parecia mais espesso, mas não é duro; é macio. Parecia mole. Seria algum material que não existe em Grimgar? Parece que eles estão apenas usando lençóis brancos sobre as cabeças, mas realmente são? Podem ser armaduras; eles até têm mangas adequadas. São longas e vão até os joelhos. Eles estão usando sapatos brancos nos pés também, é claro. Aqueles sapatos parecem ser feitos do mesmo material.

Há um buraco onde os olhos deles deveriam estar. Será que os cultistas têm um olho só? Bem, isso realmente não importa. De qualquer forma, esse pode ser o ponto fraco deles.

Yume estava colocando uma flecha no arco. Ela olhou para Haruhiro. Ela deveria atirar? Não deveria? Esse era o olhar em seu rosto. Bem… Haruhiro não tinha certeza. Parecia que ela teria dificuldade em acertar aqueles buracos em um alvo em movimento.

— Haruhiro-kun! — Shihoru segurava seu cajado com força nas duas mãos.

Ah, certo.

Quando Haruhiro acenou com a cabeça, Shihoru começou a entoar o encantamento enquanto desenhava sigilo elementais com a ponta de seu cajado.

— Ohm, rel, ect, el, vel, darsh!

Não era Shadow Beat. Com um vuuuuon, vuuuuon, vuuuuon, três elementais das sombras que pareciam bolas de algas marinhas negras apareceram, em vez de apenas um. Era uma versão superior do Shadow Beat, o Shadow Echo.

Os elementais das sombras avançaram, enrolando-se uns nos outros enquanto voavam. Todos os três colidiram com o cultista que Kikkawa estava enfrentando. No momento em que isso aconteceu, o corpo inteiro do cultista começou a se convulsionar violentamente.

Ele soltou um Guwah…

— Funcionou! — Shihoru exclamou.

Com um grito, Kikkawa rapidamente golpeou o cultista com a espada bastarda que segurava com as duas mãos. Ele não conseguiu cortá-lo, mas não precisava. Parecia que aquela capa, ou armadura, ou seja lá o que fosse, não conseguia absorver completamente o golpe, então ele só precisava continuar espancando o cultista repetidamente.

— Acaba com ele, Kikkawa! — Haruhiro gritou.

Antes mesmo de Haruhiro dizer qualquer coisa, Kikkawa já havia começado a golpear o cultista com pura força bruta.

— Wah, rah, rah, rah, rah, rah, rah, rah, rah, rahhhh!

Haruhiro ajudou o quanto pôde, principalmente usando o porrete em sua mão esquerda para bater no cultista.

— Ohm, rel, ect, el, vel, darsh!

vuuuuon, vuuuuon, vuuuuon.

Shihoru acertou o cultista que Tada estava enfrentando com o Shadow Echo também.

— Eu não…! — Tada balançou seu martelo de guerra, derrubando a lança do cultista de suas mãos e depois o chutando no chão. Em seguida, ele começou a esmagá-lo repetidamente com o martelo de guerra. — Quero! Sua! Ajuda! Drogaaa…!

Quanto aos dois cultistas restantes, só precisavam se unir e espancá-los até deixá-los inconscientes.

Quando não havia mais cultistas se movendo, Tada sentou-se.

— Droga. Estou. Cansado. Sério. Maldição. Idiotas. Morram. Merda. Que. Inferno…

Ele parecia estar murmurando algo perigoso em pequenos fragmentos, mas era um mistério como ele ainda tinha força para falar. Seus braços e pernas não pareciam quebrados ou algo assim, mas Tada estava tão coberto de sangue que era difícil dizer onde estava ferido.

Haruhiro olhou para os cadáveres dos cultistas e pensou: Esses caras também sangram vermelho, hein. As capas deles não estavam rasgadas ou cortadas. As capas não pareciam danificadas de forma alguma, mas o chão estava molhado com o sangue vermelho que escorria debaixo delas.

Ranta estava indo de um lado para o outro, pisoteando as cabeças dos cultistas que se presumia estarem mortos. Ele não estava fazendo isso para profanar os cadáveres, mas sim para confirmar que estavam realmente mortos—ou pelo menos era isso que Haruhiro queria acreditar.

Shihoru, Yume e Mary trocaram olhares. Cada uma tinha uma expressão ligeiramente diferente, mas todas estavam perturbadas.

Kuzaku levantou a viseira de seu elmo fechado e suspirou profundamente.

— Heh… — Kikkawa deu uma risada curta, então caminhou instavelmente até o rabo de cavalo e macacão de couro.

Até Inui, que estava caído de bruços no chão.

Kikkawa caiu de joelhos e abaixou a cabeça.

— …Que inferno, cara? Você não pode fazer isso comigo. Eu fui buscar o Haruhiro e os outros, como deveria. Depois disso, isso não é justo. Inui-san…

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