Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 10 – Vol 05 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 10 – Vol 05

Capítulo 10 – Nada Especial.

Haruhiro se agachou ao lado de Kikkawa. Ele não sabia o que dizer. Lutou para encontrar as palavras por um momento, mas sabia que não conseguiria dizer a coisa certa de qualquer maneira. Isso porque Haruhiro era medíocre até o âmago.

Haruhiro estendeu a mão, colocando-a suavemente no ombro do outro homem.

— Hm… — Ele o sacudiu. — Inui-san?

— O quê…? — Kikkawa olhou para Haruhiro, depois para Inui, de volta para Haruhiro e de novo para Inui. — …Hã?

— Heh. — Inui moveu levemente a cabeça, olhando para Haruhiro com o olho que não estava coberto por um tapa-olho. — Como você sabia…?

— Não, não é que eu soubesse — disse Haruhiro. — Você se mexeu um pouco. Isso me fez pensar, ‘Ah, ele está vivo.’

— O quêeeeeee?! — Kikkawa quase pulou de pé, mas caiu sentado logo em seguida. — Não, não, não pode ser?! Eu tinha certeza de que você estava morto…

— E-Ele está vivo…? — Kuzaku soou duvidoso.

— O cara está falando, então deve estar… — Até Ranta parecia chocado.

— Eu também pensei que ele tinha morrido… quero dizer, falecido… — murmurou Shihoru amargamente.

— É… — Mary assentiu.

— Ei. — Os olhos de Yume estavam arregalados. — É verdade, mas, sabe, Inuin é mesmo muito bom nisso, né. Fingindo estar morto.

— Huh… — Tada chutou o chão. Seus ombros ainda subiam e desciam com cada respiração. — Você. Achou. Que. Ele. Ia. Cair. Tão. Fácil. Assim. Hã?!

— Heh… — Inui resmungou, como de costume. — Essa é a técnica secreta e definitiva do meu estilo de luta de um olho só, Dokuganryu… ‘Morrendo Inui, Fazendo Idiotas Vivos Fugirem.’

— Então, basicamente, você estava só fingindo estar morto?! — Ranta mostrou o dedo do meio para ele.

— Ele é. Um. Teimoso. Do. Caramba… — O corpo de Tada tremeu. — Sempre. Foi…

— Ah… — Haruhiro se levantou apressadamente. — Ta-Tada-san?!

Tada caiu no chão, virando-se.

— O quê, o quê, o quê?! — Kikkawa gesticulou descontroladamente, como uma rã, enquanto corria até Tada.

Inui tentou se levantar, mas parecia ter dificuldade.

— N-Não consigo me mexer… Heh…

Aparentemente, Inui não estava ileso e havia fingido estar morto apenas como último recurso.

No final, até que Tada, que desmaiou com os olhos revirados, voltasse a si, e até que Inui pudesse se levantar, a party não teve escolha a não ser permanecer no lugar.

— Eu e Inui fomos iscas — Tada contou a eles quando recuperou a consciência, tomou um pouco de água e estava plenamente consciente. — Era a única maneira de proteger a Anna-san. Eles pegaram a perna da Mimori, então ela não conseguia correr. Eu e Inui atraímos os inimigos para nós, então Tokimune levou Anna-san e Mimori para se esconderem em algum lugar seguro. Bem, não que algum lugar aqui possa ser chamado de seguro.

— Então, quanto ao lugar para onde Tokimune foi… — Haruhiro segurou um suspiro, respirando fundo em vez disso. — Você não sabe, né.

— Podemos voltar ao lugar onde nos separamos — disse Tada.

— Já é alguma coisa — respondeu Haruhiro, mas ele não achava que isso seria suficiente. Ainda assim, ele precisava acalmar os nervos de todos. Tada e Inui podem não estar feridos fatalmente, mas estavam longe de estar em plena forma para lutar.

— Mano, você é surpreendentemente… — Tada começou a dizer, mas parou. — —Não. Eu e Inui despistamos vários inimigos. Podemos encontrá-los no caminho.

— Aqueles gigantes brancos, você quer dizer? — Haruhiro perguntou.

— Sim. Eles são lentos, mas grandes. Um golpe deles provavelmente te mataria.

— Mais alguma coisa? — Haruhiro perguntou.

— Depois que fizemos o Kikkawa fugir, apareceu um cultista com espada e escudo. Você deve tomar cuidado com aquele cara.

— Heh. — Os lábios de Inui tremeram. — Um arranhão… da espada dele… vai entorpecer seu corpo. Mesmo se você bloquear, ainda… vai te pegar… Heh…

— Oh? — Ranta de repente pareceu sério. — Parece legal essa espada. Eu quero ela. Quando a gente derrotar esse cara, a espada é minha. Entendido?

— Você é desnecessariamente obstinado, sabia? — Tada disse. Até ele parecia um pouco incomodado com Ranta.

— Bem, não me importo, mas… — Haruhiro não conseguiu conter um suspiro dessa vez. — Se você derrotá-lo, pode ficar com a espada ou qualquer outra coisa dele que quiser.

— Legal! Está prometido! — Ranta olhou para todos. — Se eu matar o cara, fico com a espada! Bem, mesmo que vocês o matem, ainda assim eu vou pegar, tá! De qualquer forma, a espada é minha! Está resolvido!

Todos os outros estavam com o ânimo baixo, mas Ranta parecia ter ganhado uma motivação extra, então provavelmente estava tudo bem. Ou melhor, tudo o que eles podiam fazer era deixá-lo fazer o que queria. Embora, se Ranta fizesse o favor a todos de morrer gloriosamente enquanto matava o cara da espada, Haruhiro estava disposto a considerar chorar por ele.

Tada e Inui conseguiam andar com as próprias forças, de alguma forma, mas correr estava fora de questão. Mary parecia aflita com isso. Deve ter sido incrivelmente frustrante para ela, como sacerdotisa.

A party teve que acompanhar o ritmo deles, o que significava que precisavam ir mais devagar. Se fossem forçados a recuar, isso traria uma decisão difícil. Mas, se esse momento chegasse, Haruhiro já havia tomado sua decisão.

Ele sentiria muito—não que isso fosse resolver—mas ainda assim deixaria Tada e Inui para trás. Se Kikkawa dissesse que ficaria para trás, ele poderia fazer o que quisesse. Enquanto Tada e Inui ganhavam tempo para eles, Haruhiro e os outros fugiriam dali.

Claro, não era algo que ele queria fazer. Haruhiro estava rezando do fundo do coração para que eles não se encontrassem nessa situação. Ainda assim, ele podia rezar fervorosamente o quanto quisesse, mas se fosse acontecer, aconteceria. Se acontecesse, seria tarde demais para pensar sobre isso. Por isso, ele já havia tomado essa decisão, para estar preparado.

Se esse momento chegar, eu tenho que ser cruel, Haruhiro disse a si mesmo. Eu posso fazer isso. Eu preciso acreditar nisso. Fazer-me acreditar, e seguir em frente se for necessário.

Tada e Haruhiro caminhavam lado a lado, com Kuzaku, Kikkawa, Ranta, Shihoru, Mary, Inui e Yume seguindo-os nessa ordem. Tada estava tão ensanguentado quanto antes, mas não mostrava sinais de dor ou de que iria parar. Ele era um cara teimoso. Isso fazia Haruhiro querer dizer, Você não deveria se esforçar tanto, mas a situação era o que era. Não se esforçar não era uma opção.

Depois de seguirem por um caminho com visibilidade ruim por um tempo e virarem à esquerda, chegaram a um lugar onde os escombros haviam formado uma espécie de teto. Tada foi para debaixo daquele teto.

Embora pudesse ser chamado de teto, havia luz entrando por buracos aqui e ali. Não estava escuro, mas ainda assim o ambiente parecia opressor e sufocante. Os escombros às vezes bloqueavam o caminho ou dividiam a passagem, tornando a disposição do local complexa. Era como um labirinto.

— Nós despistamos alguns dos cultistas aqui. — Tada usou o dedo indicador para empurrar os óculos para cima. — Eles ainda podem estar por aí. Fiquem atentos.

— Você sabe o caminho? — Haruhiro perguntou.

— Mais ou menos, sim.

— …Mais ou menos… — Haruhiro murmurou.

— Tadacchi tem um ótimo senso de direção, cara — Kikkawa disse animadamente. — Vai ficar tudo beleza, beleza! Tranquilo! Hein? Foi difícil entender essa? Provavelmente!

Haruhiro não pôde deixar de pensar: Falar “provavelmente” de um jeito bobo não vai fazer ninguém se sentir melhor, mas era melhor do que ter um Kikkawa desanimado. Ou será que era? Estou em dúvida.

Eles caminharam pelo labirinto de escombros, confiando em Tada para guiá-los. Viraram à esquerda, viraram à direita e depois voltaram pelo mesmo caminho.

Espera, nós voltamos?! Haruhiro pensou.

— Uh, Tada-san — começou ele.

— O quê? Seja rápido. Estou ocupado agora.

— …Okay, vou direto ao ponto então. Você está perdido?

— Eu? Me perder? — Tada perguntou, ofendido.

— Bem… Se não estiver, então tudo bem.

— Você está absolutamente certo — disse Tada.

Todos pararam.

Parecia que o tempo em si havia parado. Estava tão silencioso que era quase bonito.

Não, não era nada bonito.

— Estou perdido. — Tada apoiou seu martelo de guerra no ombro, com uma expressão irritada no rosto. — Há algum problema em eu me perder?

— Ele está tentando virar o jogo contra a gente… — Shihoru murmurou, incrédula.

— Não é isso. — Tada estalou a língua. — Não estou tentando virar o jogo. Não preciso fazer isso, então é estranho você dizer isso, sabe?

— Inui-saaaan — Haruhiro gemeu. Discutir com Tada só ia deixar todos loucos. Haruhiro se virou para Inui, que estava atrás dele. — Você sabe o caminho?

— Heh… — Inui levantou dois dedos. — Sempre há dois caminhos…

— Certo — disse Mary, fechando os olhos e olhando para o teto.

— Miau…? — Yume engoliu em seco, ansiosa. — O que isso quer dizer?

— Um é consultar o seu próprio coração. — Inui olhou para o horizonte. — O outro, consultar o vento. O caminho é sempre um desses dois… Heh…

— Uooou! — Kikkawa ergueu um punho no ar, empolgado. — Que maneiro! Deixa pro Inui-san dizer algo profundo! Você é o melhor! Mas não entendi nada! Ahaha!

— Nosso próprio coração, hein… — Ranta, sendo Ranta, parecia impressionado por algum motivo. — É isso. Sim! Isso é o que temos que fazer! Parupiro! Para de perder tempo e faz isso!

Haruhiro tentou ouvir a voz em seu próprio coração, mas tudo o que ouviu foi Quero esmurrá-lo, e isso não parecia ajudar muito. Em outras palavras, não era o momento para ouvir seu coração. Ele também não sentia muito vento no labirinto de escombros, e não era como se o vento fosse realmente responder a ele de qualquer forma. Se começasse a ouvir vozes no vento, estaria imaginando coisas.

O que ele ouviu não era o vento, e ele não estava imaginando.

Clack… Clack… Clack…

Era o som de dois objetos duros se chocando.

Antes que Haruhiro pudesse emitir um alerta, a coisa pulou de trás da esquina à frente.

— Cultista! — Haruhiro gritou.

Não, esse não era um cultista qualquer. Em vez de uma lança, este tinha um escudo espelhado e uma espada com uma aura ligeiramente arroxeada ao redor. Aquele som de clack, clack, vinha da bainha saindo debaixo do casaco do cultista. Esse era o som que fazia ao bater nos escombros.

— Tinha que ser você, né! — Tada gritou.

Tada desceu seu martelo de guerra, mas o cultista da espada bloqueou com o escudo. O cultista da espada avançou com sua espada. Tada saltou para fora do caminho, é claro, mas não conseguiu se firmar ao aterrissar e perdeu o equilíbrio. Haruhiro queria cobri-lo. Mas o inimigo tinha um escudo. Ele não poderia fazer isso sozinho.

— Eu cuido disso! — Kikkawa literalmente pulou sobre o cultista da espada. Ele saltou no ar e depois desceu a espada sobre ele.

O cultista da espada bloqueou a espada bastarda de Kikkawa com seu escudo. Sem perder o ritmo, ele também avançou com a espada, realizando o mesmo ataque que havia durante o combate com Tada. Kikkawa parecia ter antecipado essa ação, pois desviou habilmente a espada  do cultista utilizando a parte da lâmina mais próxima ao cabo de sua espada bastarda.

Zong! Houve um som desagradável.

— Que… droga…? — O corpo inteiro de Kikkawa tremeu, e ele quase deixou cair sua espada bastarda. Mesmo que ele não tenha realmente derrubado sua arma, ainda ficou completamente vulnerável.

O cultista da espada atacou novamente. Kikkawa não conseguiu desviar. Ele não conseguiu bloquear com sua espada bastarda também. A espada o acertou. No lado esquerdo do peito.

— Ugh! — Kikkawa tremeu novamente, depois caiu no chão. Como um verdadeiro guerreiro, Kikkawa estava usando uma armadura de placas. A espada não conseguiu atravessá-lo, mas deixou um amassado sério.

— Khhhhh… Kikkawaaaaa! — Tada voltou à posição de combate e desceu seu martelo de guerra. Ele atacou incessantemente.

Enquanto o cultista da espada se defendia do martelo de guerra de Tada, o resto da party se posicionou para atacar.

— Eu vou na frente! — Kuzaku gritou. Ele se defendeu com seu escudo enquanto tomava o lugar de Tada.

— A espada! A espada! A espada! A espada! — Ranta gritou. Parecia que ele planejava se posicionar no lado esquerdo, onde a mão que o cultista da espada segurava o escudo estava.

Haruhiro se posicionou atrás e à direita—ou começou a fazer isso, antes de reconsiderar.

— Haru! — Mary chamou.

Ele se virou.

Atrás de nós, pensou. Estão vindo mais por trás. Cultistas. Esses parecem ser portadores de lanças, então devem ser cultistas comuns. Mas não é só um. São dois—não, três deles.

Isso é ruim. Muito ruim. Poderíamos enfrentar quatro portadores de lanças, mas o cultista da espada está aqui, e ele é perigoso. Eles estão tentando nos cercar, então não podemos abandonar Tada e Inui e fugir. Estou sem opções?

Embora tenha sido apenas por um momento, Haruhiro ficou envergonhado ao admitir que sua mente quase travou.

— Ohm, rel, ect, el, krom, darsh! — Shihoru começou a entoar enquanto desenhava sigilos elementais com a ponta de seu cajado. Um elemental das sombras, como uma névoa negra, saiu de seu cajado e, em vez de voar, flutuou na direção dos novos inimigos.

Era o Shadow Mist—uma versão aprimorada do Sleepy Shadow.

A névoa negra estava entrando nas vestes dos cultistas como se estivesse sendo sugada pelos buracos dos olhos, mangas e bainhas.

Mas, isso vai funcionar? Haruhiro se perguntou. O Shadow Mist, assim como o Sleepy Shadow, induz um sono intenso no alvo. Em outras palavras, é um feitiço de sono. Mas, quando o inimigo sabe que está vindo, não é tão eficaz. A menos que eles não saibam que estamos aqui ou não pensem que serão atingidos por magia, é difícil colocá-los para dormir. É por isso que seu uso é limitado. Como agora, quando somos nós os atacados, é o tipo de feitiço que é basicamente inútil. Shihoru, claro, provavelmente sabe disso. Na verdade, ela deve saber melhor do que qualquer um.

E, ainda assim, Shihoru escolheu deliberadamente o Shadow Mist. Não é algo típico dela, mas talvez esteja arriscando muito.

Os cultistas cambalearam, então caíram um após o outro.

— É porque o Shadow Echo foi muito eficaz… — Shihoru abaixou a cabeça por algum motivo. — Desculpe! Por isso… Achei que poderiam ser fracos contra magia Darsh!

— Não?! V-Você não precisa se desculpar por isso, precisa?! — A voz de Haruhiro deu uma leve falhada. — Isso foi impressionante, Shihoru! Você é uma maga incrível! Você realmente nos salvou!

— P-Pare com isso… — Shihoru encolheu-se. — Foi quase uma coincidência total…

— Heh… — Inui ajustou sua tapa-olho, sem se importar com nada. — Ela é uma boa mulher…

Ela é mesmo, mas, não—Sério, você poderia não ser tão aleatório? Eu quero protestar. Haruhiro estava se sentindo irritado.

Era questionável se Haruhiro tinha algum direito de dizer algo como: Fique longe da nossa preciosa maga. Eu nunca deixaria um cara ridículo como você ficar com ela. Eu não aceito isso. Ele não achava que tinha, mas ainda assim sentia isso. Mas, é claro, não era o momento. Ele queria calar Inui, mas isso teria que esperar.

— Yume! Inui-san! Acabem com os cultistas antes que eles possam acordar! — Haruhiro ordenou. — Tada-san, Kuzaku, Ranta, mantenham cultista da espada ocupado! Kikkawa, você está bem?!

— S-Sim, de alguma forma! — Kikkawa respondeu. — Dói, mas acho que é só isso?!

— Okay! — Haruhiro avançou, atacando um dos cultistas que estava caído no meio deles.

O menor, ele pensou. Preciso matá-los no menor tempo possível. Este tem que ser o ponto. É o único.

O buraco.

Ele enfiou sua adaga com toda a força que pôde no único buraco ocular. Ele girou e puxou, depois esfaqueou novamente.

— Miaau! — Yume enfiou seu facão no buraco ocular de outro cultista.

— Heh! — Inui também o fez.

— Não… — Haruhiro montou em seu cultista e o esfaqueou novamente. —…baixem a guarda! Até que parem de se mover—certifiquem-se de que estão realmente mortos!

Quatro vezes. Cinco vezes.

O cultista está imóvel. Não parece que ele vai se levantar novamente. Ele está morto.

Eu o matei.

— Isso aqui. — Yume ergueu uma das lanças que os cultistas estavam segurando. — Talvez, você acha que pode ser útil?

Haruhiro guardou sua adaga, assentindo, e então pegou a lança do cultista que ele havia matado. Inui deu um sorriso de canto de boca, guardando sua espada e pegando uma lança.

Kuzaku e os outros estão tendo dificuldades, mesmo sendo três contra um, pensou Haruhiro. Por causa da espada. É uma arma difícil de enfrentar. Shihoru também tem dificuldade para usar sua magia, porque seria problemático se ela acertasse um deles.

Bem, e se formos seis contra um?

Haruhiro, Yume e Inui atacaram o cultista da espada com lanças por trás de Kuzaku e os outros. Quando o cultista da espada bloqueou as lanças com sua espada, zong, houve um impacto incrível que fez seus cérebros tremerem. Mas Kuzaku e os outros estavam à frente, e as lanças eram longas, então não havia muito medo de um contra-ataque.

Mesmo enquanto Haruhiro e os outros o desgastavam lentamente, o cultista da espada lutava bem. Não era apenas porque ele tinha uma espada e um escudo em vez de uma lança. Ele provavelmente estava em um nível mais alto do que os cultistas comuns. Seus movimentos eram simples e fluidos, não mostravam aberturas, e a maneira como ele usava sua espada e escudo era boa também. Ele era muito melhor nisso do que Kuzaku, o paladino.

Apesar disso, era um combate de seis contra um. A party tinha muita margem para manobras, enquanto o cultista da espada não podia baixar a guarda nem por um segundo. Além disso, Haruhiro, como era da sua natureza de ladrão, observava atentamente qualquer oportunidade.

Aquela linha nebulosa e brilhante é algo que qualquer um pode ver, ele pensou. Para ser franco, é apenas uma questão de probabilidade. Se fizerem a mesma coisa cem, mil, dez mil vezes, qualquer um ficaria melhor nisso. Eles começariam a ver caminhos que fariam com que dissessem: “Se eu fizer isso, vou conseguir.” Em uma situação específica, com certas condições, um caminho no qual estão confiantes de que levará ao sucesso surgirá naturalmente. Eles poderiam ver esse caminho em uma certa forma—uma linha, por exemplo—uma vez a cada cem vezes, mil vezes, dez mil vezes? De qualquer forma, é uma questão de probabilidade.

A única maneira de aumentar a probabilidade é aumentar o número de tentativas. Mesmo que a probabilidade não aumente, quanto mais tentativas houver, mais sucessos haverá.

Visualize e continue a mirar. Continue, com uma espécie de indiferença, mas tenazmente, mesmo assim.

Quando estou mirando, parece que surge uma chance a cada poucos segundos. Preciso julgar com precisão qual dessas é uma chance real.

Mesmo que não seja uma habilidade especial ou única, se eu continuar fazendo isso por um tempo, às vezes verei essa linha.

—Olha. Lá está.

Na próxima vez que a vir, não posso hesitar. Não há necessidade de pensar. Não há necessidade de medo. Apenas faça. Vá em frente.

Haruhiro agarrou o cultista da espada por trás, enfiando sua adaga com um golpe reverso no buraco do olho. Ele a puxou e, em seguida, saltou para longe.

O cultista da espada tentou se virar, mas Ranta, Kuzaku e Tada o atacaram, derrubando-o no chão.

— Oohohohoo! — Ranta exclamou alegremente enquanto tentava dar o golpe final.

— Saia do caminho, seu macaco. Coma— — Tada empurrou Ranta para o lado, preparando seu martelo de guerra antes de esmagá-lo na cabeça cultista da espada. — —isso!

Ele esmagou.

Haruhiro rapidamente olhou em todas as direções. Eles tinham eliminado todos os cultistas. Por enquanto, não parecia que mais reforços estavam chegando.

Eu devo estar com os olhos sonolentos agora. Como sempre.

Tudo bem para mim, ele pensou.

— Bom trabalho, pessoal — ele disse. — Vamos seguir em frente rapidamente. Kikkawa, você consegue se mover, certo?

— Eu consigo… acho que sim? — Kikkawa estava balançando o braço para testar se ainda funcionava, e estava de pé, então, bem, provavelmente estava bem. — Mas você não pode ser mais… sei lá. Não, isso pode ser só o seu jeito, Harucchi, mas quando acertamos tudo assim, não te dá uma animação? Tipo, não dá vontade de gritar “Hurra!”?

— Hurra.

— Cara, esse foi o “Hurra” mais sem emoção que eu já ouvi! — Kikkawa reclamou. — É tipo um ‘hurra’ ultra-raro, não acha?!

— Ele é assim mesmo. Chato! É o que ele é! — Ranta arrancou a espada especial das mãos do cultista. — Hyuk hyuk hyuk! Eu consegui uma espada! Pelo formigamento que você causa quando acerta, eu te batizo de Lightning Sword Dolphin! (Espada Relâmpago Golfinho) Yay! Sim! Sim! Sim!

— Lightning Sword Dolphin, hein. — Tada empurrou os óculos para cima com o dedo indicador. — É um nome bem legal.

— Eu não acho que seja bom — murmurou Shihoru.

— O que tem de errado com ele?! — Ranta se virou para Shihoru.

— Um golfinho é um mamífero aquático, certo? — Mary disse, olhando para Ranta com desdém. — De qualquer forma que você olhe, é estranho.

— Hein?! Quem decidiu que dolphin tem que significar um mamífero aquático?! — Ranta gritou. — Na minha cabeça, dolphin é só uma palavra legal, então Lightning Sword Dolphin é um nome legal! Bam! O que vocês acham disso?!

— Tanto faz — disse Haruhiro. — Vamos logo.

— Você precisa me dar mais atenção, Parupiroooo!

— Não, cara. Eu sou chato. Não consigo.

— Tá bom, retiro o que disse! Você é engraçado! — Ranta gritou. — Agora me dá atenção! Me dá atenção, por favor!

— Você é um saco — Haruhiro murmurou. — “Presta atenção em mim, presta atenção em mim, eu sou uma kenga por atenção”… o quê, tá apaixonado por mim?

— N-Não tem como eu estar apaixonado por você, né?! Seu idiotaaaaa! — Ranta berrou.

— Ahh. — Yume sorriu de canto. — Seu rosto ficou todo vermelho. Isso é meio suspeito, sabe.

— Eu não estou ficando vermelho! Espera aí, a viseira do meu capacete tá abaixada! Você nem consegue ver meu rosto para dizer isso!

— Só falei pra ver sua reação — sorriu Yume. — Mas do jeito que você tá protestando, isso também é suspeito, hein?

— …Hum. — Kuzaku levantou a viseira e fez um gesto com os olhos na direção à frente. — Sério, não tá na hora de seguirmos em frente?

— Heh… — Inui estendeu a mão para Shihoru. — Se quiser, que tal eu te acompanhar?

— Não. — Shihoru recuou, balançando a cabeça. — Estou bem, obrigada. Além disso, você está meio morto, de qualquer forma…

Inui desabou no chão e não tentou se levantar por um tempo.

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