Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 11 – Vol 05 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 11 – Vol 05

Capítulo 11 – Leopardo, Baleia e Golfinho.

Tada não estava reclamando, e sua expressão não havia mudado, mas sua respiração estava ofegante. Parecia que ele estava tendo dificuldades.

Quanto a Inui, ele estava segurando o cajado de Shihoru enquanto ela o puxava. Inicialmente, ele havia pedido para que ela lhe desse um ombro ou segurasse sua mão, mas quando Shihoru recusou friamente, ele implorou para pelo menos deixá-lo segurar o cajado. Shihoru, no fim, cedeu. Mesmo que metade disso fosse encenação, Inui provavelmente estava sofrendo de alguma forma também.

Kikkawa aparentemente havia fraturado algumas costelas. Parecia que elas doíam quando ele se movia.

Haruhiro e os outros ainda estavam vagando pelo labirinto de escombros. Eles tentaram voltar para o ponto de entrada, mas acabaram se perdendo ainda mais.

— Se a Anna-san estivesse aqui… — Kikkawa lamentou. — Anna-san faz, tipo, mapas como hobby e porque são úteis. Eles ajudam muito em momentos como esse…

— Com aqueles mapas…? — Haruhiro não pôde deixar de perguntar.

— Você só precisa saber como lê-los, cara — insistiu Kikkawa. — Se souber ler, consegue decifrá-los. Claro, às vezes estão errados, mas isso faz parte do charme.

— Deixa isso pra lá, Kikkawa — Tada disse, rindo. — Só nós precisamos entender a grandeza da Anna-san.

— É, você disse tudo — Ranta resmungou, claramente sem se importar. — Vocês podem guardar isso pra vocês…

Todos estavam exaustos. Mentalmente e fisicamente.

Haruhiro parou e olhou para o teto.

— …Oh.

— Hein? O que foi? — Kuzaku também olhou para cima.

— Espera aí. — Haruhiro não esperou por uma resposta dos seus companheiros antes de começar a escalar a parede de escombros para alcançar o teto.

Ele chamou de teto, mas não era como se houvesse uma única placa cobrindo tudo. Havia muitos espaços. Se algum fosse grande o suficiente, não seria impossível passar por ele.

Havia muitos relevos e depressões, então escalar não era tão difícil. No entanto, parecia que tudo poderia desabar facilmente, então ele precisava ser cuidadoso.

Deslizando seu corpo em um vão, ele subiu e subiu. Não olhou para baixo enquanto seguia para o alto.

Ele saiu.

Estava no topo do teto.

Era inclinado, então era um pouco difícil de se manter de pé. Enquanto permanecia agachado, Haruhiro olhou ao redor da área.

— Entramos por… qual direção? — murmurou. — Whoa. Não faço ideia…

Ele pensou que, se pudesse chegar ao topo, seria capaz de se situar e descobrir em que direção deveriam seguir para voltar, mas… agora que realmente havia feito isso, tudo que encontrou foi a si mesmo em pé no meio de uma montanha de escombros.

— Não vai dar, né — murmurou.

Não, mas não posso me deixar abater, pensou Haruhiro. Não é a primeira coisa que não dá certo. Normalmente as coisas não dão certo, e estamos sempre raspando o fundo do barril. Já caímos o máximo que podíamos cair. Só podemos subir a partir daqui.

— Estava sendo tão negativo que acabou se tornando positivo… — Haruhiro murmurou.

— Haruhiroooo…! — Ranta chamou.

— Tá, tá… — Haruhiro suspirou, depois respondeu de volta, — Já estou voltando!

— Descobriu alguma coisa?!

— Sim, que estamos completamente perdidos… — Haruhiro murmurou, depois começou a descer.

Por que ele parou e decidiu não descer? Ele não tinha certeza. Algo o incomodava. Mas o que era…?

Haruhiro se levantou.

— Oh… Whoa…

Ele cambaleou um pouco, o que o assustou. Ele desejou ter algo para se apoiar. Quando olhou, não muito longe, havia um lugar que parecia uma pequena concavidade, levemente inclinada e com profundidade rasa, como uma xícara delicadamente moldada.

Para chegar lá, ele teria que pular um vão de mais de um metro de largura. Haruhiro hesitou, mas decidiu tentar. Bem, não era um salto difícil de qualquer forma. Ele conseguiu chegar à concavidade em segurança.

O que? O que estava incomodando ele? Ele ouviu algo? Ou talvez, viu algo?

— Eeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Haruhiro! Seu idiota! — Ranta gritou novamente.

Haruhiro estava prestes a gritar Cala a boca!, mas pensou melhor.

— Ah! — ele exclamou.

Eles não estavam perto.

Estavam longe. Quase como pequenos pontos no horizonte, a mais de cem metros de distância. Ele não tinha certeza da direção. Nunca tinha sido claro sobre qual lado era norte, sul, leste ou oeste ali. De qualquer forma, da perspectiva de Haruhiro, eles estavam à frente e um pouco à esquerda. Havia uma pilha de escombros ali, quase como uma torre.

Ele os viu no meio do caminho. Movendo-se. Não conseguia distinguir suas formas. Mas, enquanto os escombros eram em sua maioria brancos, aqueles pontos eram pretos.

Um, dois, três. Havia três deles.

Três, Haruhiro pensou.

Tokimune, Anna-san e Mimorin somariam três.

Haruhiro levou as mãos à boca, formando um megafone improvisado, e estava prestes a chamá-los. Mas parou.

Má ideia? Talvez. Provavelmente seria melhor assumir que ainda havia mais dos cultistas e quem sabe o quê dentro do labirinto de escombros. Os cultistas abaixo poderiam ouvir a voz de Haruhiro.

Haruhiro enfiou a cabeça por um vão no teto.

— Acho que avistei eles. Tokimune-san e os outros. Mas não consigo ver claramente.

— O quêêêêêêêêê?! — Ranta gritou.

E agora, o que fariam? Atravessar o labirinto de escombros para chegar até a torre seria um grande trabalho, já que era um labirinto, afinal. Além disso, enquanto o ágil Haruhiro talvez não tivesse muita dificuldade em chegar lá, Kuzaku e Kikkawa, com suas armaduras pesadas, se esgotariam rapidamente. Mesmo que todos conseguissem chegar ao topo, ainda havia a questão de saber se conseguiriam chegar até a torre. Não havia caminhos ali em cima, e nem era plano. Ainda assim, não havia razão para não tentar.

As garotas subiram primeiro, seguidas por Inui, Tada e Kuzaku, com Ranta por último. Foi trabalhoso, mas eles conseguiram subir.

Realmente parecia haver pessoas na torre. Yume, com sua visão excelente, afirmou com certeza que havia três pessoas lá. Em termos de distância, não eram apenas cem metros; eram duzentos.

Haruhiro foi na frente, avançando lentamente enquanto procurava por pedaços de escombros que fossem viáveis como apoio. Mesmo que fosse uma rota um tanto indireta, ele priorizou a facilidade de passagem ao escolher o caminho. Se seus companheiros não pudessem segui-lo, não adiantaria de nada.

Para avançar apenas dez metros, estavam levando cinco ou dez minutos. Haruhiro estava mais ou menos bem, mas seus companheiros estavam ficando frustrados. Ele podia entender o porquê. Haruhiro tinha que se concentrar em escolher o caminho, e podia focar nisso, mas os outros estavam apenas o seguindo. Sempre que as pessoas têm espaço para isso, elas começam a pensar em coisas que provavelmente não deveriam.

Haruhiro estendeu o pé direito, testando os escombros. Será que esse serve? Não, está solto. Ele deslocou o pé para a esquerda, pisando em um pedaço diferente. Este parece bom.

— Ranta — ele chamou.

— Hein? O que foi?

— O que aconteceu com a Betrayer?

— Eu joguei fora — disse Ranta. — Quem precisa daquilo? Não eu. Porque agora eu tenho a Lightning Sword Dolphin. Se eu ficasse com aquilo, só seria bagagem extra.

— Que desperdício — Yume reclamou. Haruhiro não podia olhar para ela agora, mas tinha certeza de que suas bochechas estavam infladas.

— Eu acho legal, sabe — disse Kikkawa. — O jeito que o Ranta faz essas coisas. Você é o cara, Ranta.

— Ah, você é um cara que entende, Kikkawa — disse Ranta. — Eu não disse que você tinha potencial à toa.

— Quando é que você decidiu que ele tinha potencial…? — Shihoru murmurou.

— Agora? — Ranta respondeu.

— De certa forma, estou com inveja. — A voz de Mary estava tão incrivelmente fria que não parecia nada com inveja.

— Eu também meio que sinto isso.  — disse Kuzaku, num tom contido.

— Sério? — Mary parecia incomodada.

— Aquela ali é a Anna-san, sem dúvidas — Tada disse de repente. — Aquela é a Anna-san, Tokimune e Mimori. Sem dúvida. Eu reconheço.

— Sim… — Inui concordou. — Você está certo… Heh…

Espero que estejam certos, pensou Haruhiro. Mas não quero me empolgar antes da hora, nem me deixar levar pelas emoções e perder a concentração, então prefiro não pensar que são eles ainda.

— Haruhiro — Tada chamou de repente.

Assustado, Haruhiro quase escorregou e caiu.

Não faça isso!, ele quase gritou, mas reconsiderou. Ah, tudo bem, tanto faz.

— O que foi? — ele perguntou.

— Sabe, você é um líder surpreendentemente bom — disse Tada.

— …Não, não sou.

— Você é tão comum quanto uma joaninha, e não tão bom quanto o Tokimune, claro — disse Tada.

— Eu sei, né? — Haruhiro respondeu.

Ele não sabia bem por que tinha respondido assim. E, espera, o que Tada queria dizer com “comum como uma joaninha”? Isso não fazia sentido. Bem, talvez ele não devesse esperar sentido vindo de Tada.

Não era ruim ser elogiado, no entanto. Só que, mais do que qualquer coisa, fazia Haruhiro se sentir um pouco desconfortável, e o sentimento mais forte que tinha era o de querer dizer: Por favor, pare.

Ele queria fazer o seu melhor, dar o máximo por seus companheiros e por aqueles com quem tinha laços. Haruhiro realmente sentia isso, mas, ao mesmo tempo, não queria se destacar. Finalmente havia percebido que esse era o tipo de pessoa que ele era.

O que há de errado em ser comum?, pensou. Comum é bom. Comum é o melhor. Quero ser comum para sempre.

Haruhiro não estava particularmente com sono, mas com os olhos sonolentos, continuava procurando um caminho adequado para a torre, tendo pensamentos comuns, como: Ainda está bem longe e Não estamos chegando muito perto. Mas, afinal, ele era um cara comum, então isso não era surpresa.

No entanto, ele não parou. Não jogou a toalha. Se ele não desistisse, poderia seguir em frente, um passo, ou, bem, meio passo de cada vez. Mesmo que voltasse um pouco de vez em quando, bastava seguir adiante novamente depois. De forma simples e entediante, devagar e sempre.

— Eles tão acenando — disse Yume, acenando de volta com os dois braços. — Parece que os três tão bem.

Haruhiro estreitou os olhos e confirmou que as três pessoas na torre estavam acenando. Não, apenas duas delas estavam. Tokimune e Anna-san. Mimorin estava sentada e não se mexia. Tada tinha dito que Mimorin havia machucado a perna, ou algo assim. Esperava que a lesão não fosse grave. Ainda assim, ela havia chegado até ali, então não devia ser algo tão sério a ponto de não conseguir se mover.

Estamos indo agora, Haruhiro disse silenciosamente. Logo estaremos aí. Ou, bem, ainda pode demorar um pouco, talvez? Mas, chegaremos eventualmente. Faltam só uns cinquenta metros, acho.

— Tada! Inui! Kikkawa! — Anna-san chamou, esticando seu corpinho. Ela devia estar segurando a ansiedade até agora.

Tada ajeitou os óculos com o dedo indicador da mão esquerda e, em silêncio, ergueu o martelo de guerra.

— Heh… — Inui estava… com lágrimas nos olhos?

Kikkawa parecia prestes a chorar também, então Ranta deu um tapa em seu ombro.

— Vocês, hein! — Tokimune abriu bem os braços. — Viva Tokkis!

— O que é que ele tá fazendo? — Kuzaku sussurrou.

— Um “T”?… — Mary inclinou a cabeça, confusa.

— Ah… — Shihoru parecia desaprovar. — O “T” de Tokkis…

— Hoooh. — Yume assentiu, impressionada, e então olhou para Tada. — Isso é uma coisa que as pessoas fazem, né? Como que chamam? Er… uma pose de equipe, algo assim?

— Não. — Tada balançou a cabeça. — É a primeira vez que vejo isso.

— Pra mim também… — Inui disse. — Heh…

— Também nunca vi isso antes — disse Kikkawa. — Ah! É o “T” de Tokkis! É isso aí, né!

O que mais Kikkawa achava que poderia ser?, pensou Haruhiro. Tanto faz o que seja, acho. Sim. Seja o que for, não importa.

Mimorin realmente estava sentada. Agora, ela apenas levantou um pouco a mão. Ela estava olhando para Haruhiro. Eles estavam longe demais para ele distinguir seu rosto, mas ele podia sentir os olhos dela sobre ele.

Haruhiro levantou a mão direita em resposta.

Será que a geralmente inexpressiva Mimorin sorriu?, ele pensou. Quem sabe. Não que isso importasse. Sim. Não importa. Afinal, logo estaremos aí.

Haruhiro tentou pular um vão maior.

— …Whoa — murmurou.

Os olhos deles se encontraram.

Tinha uma cabeça de leão. Branca. Com um único olho. Seu corpo parecia uma escultura, mas o globo ocular era muito real, cru e vívido.

A área abaixo do vão era bem larga, e aquela coisa estava olhando para cima, direto para Haruhiro de lá de dentro.

Ah! Aha! Então é esse o que eu tanto ouvi falar.

— Um gigante bran…

O gigante branco estendeu a mão em sua direção. Haruhiro pulou para trás. Aquela coisa… conseguia alcançá-lo.

— OHHHHHHHHHHHHHHHH?! — Ranta gritou.

Kikkawa estava surtando, e Haruhiro achou ter ouvido as garotas gritarem também.

A mão do gigante branco atravessou o vão, e os escombros que formavam o teto começaram a desmoronar.

— R-Recuem! Recuem! — Haruhiro gritou, enquanto ele mesmo recuava.

Isso é ruim, ele pensou freneticamente. Mesmo pensando com calma sobre isso, é realmente muito ruim. Para voltar pelo caminho que cuidadosamente usamos para chegar até aqui, vai exigir o mesmo cuidado na volta, mas agora estamos com pressa. Mais do que isso, estamos em pânico.

— Hyahhhh! — gritou Kikkawa.

Quem foi esse? Kikkawa? Pelo visto, sim. Kikkawa sumiu. Deve ter caído em algum buraco por aí.

— Miaaau?! — Yume quase caiu em outro buraco também, mas conseguiu se agarrar na borda.

— Heh! — Inui estava tentando puxar Yume para fora do buraco. Ranta, Mary e Shihoru pareciam que iam ajudá-lo.

— Droga! Kikkawa! — Tada deslizou por uma abertura próxima.

— Haruhiro?! — Kuzaku virou o rosto na direção dele.

Tokimune e os outros também perceberam que algo estava errado, e tentavam vir para o lado deles.

Isso é péssimo, pensou Haruhiro. Um instante. Foi só um instante e tudo foi por água abaixo. Não é justo. Eu estava dando o meu melhor, do jeito devagar, constante e entediante, mas isso é horrível. Tudo foi por água abaixo. É horrível demais.

É assim que as coisas acontecem. Eu sei disso. Quando eu finalmente penso que consegui construir uma pequena montanha de esforço, sempre vem algo para destruí-la.

Mesmo assim, não vou choramingar. Preciso tomar uma decisão imediata. Isso exige uma resposta instantânea. Se eu errar… não, não tenho tempo para pensar no que acontecerá se eu errar.

— Ranta, desça lá! Inui, você também! Apoiem o Kikkawa e o Tada lá embaixo! Todos os outros, ataquem daqui de cima!

— Cara, o que você quer dizer com atacar… — começou Ranta.

— Tá com medo, Ranta?! — Haruhiro gritou.

— Não seja estúpido! Claro que eu não tô com medo! Pode vir! — berrou Ranta.

Era uma sorte que Ranta fosse um idiota. Inui e Ranta agiram imediatamente.

O gigante branco estava usando um braço para destruir os escombros de forma insana. Atacar de cima? Será que eles conseguiriam fazer isso?

Yume já estava sendo puxada para cima. Tokimune e os outros ainda iam demorar um pouco para chegar.

— Não se esforcem demais! — gritou Haruhiro para Tokimune, saltando de um pedaço de entulho para outro, indo em direção às costas do gigante branco. — Shihoru! Teste se magia Darsh funciona ou não!

— Certo! Ohm, rel, ect, el, vel, darsh!

Vuuuon, vuuon, vuuuon. Três elementais das sombras, que pareciam bolas de alga marinha preta, voaram em direção ao gigante branco.

Shadow Echo. Acertaram. Todos os três. Por um instante, parecia que o braço dele parou de se mover, mas foi só isso.

— Acho que não! — gritou Shihoru.

— Ufa! — Yume soltou uma flecha, mas ela ricocheteou. — Não adianta! É duro!

O olho, Haruhiro pensou. Aquele único olho. Parece que uma lâmina entraria ali. Mas o olho, hein. Como vou fazer isso?

— Ohhh! — ele gritou, em realização.

Assim? Será que é o único jeito?

Haruhiro se impulsionou dos escombros, saltando no braço do gigante. Era realmente duro. E frio. Como uma pedra. Impressionante que aquilo conseguia se mover. Haruhiro saltou do braço para o ombro. Depois, para a cabeça.

— Isso é perigoso, sabia?! — ele ouviu Ranta gritar.

É, você disse tudo.

Haruhiro se moveu para a frente da cabeça do gigante, torcendo sua adaga no único olho dele.

Ahh, isso parece ruim, percebeu. Essa coisa vai se debater, com certeza. Devo pular?

O gigante tinha mais de três metros de altura. Talvez não chegasse a quatro metros. Não era uma altura da qual ele morreria ao cair, mas ele poderia se machucar.

Enquanto hesitava, o gigante abriu a boca e soltou um rugido estrondoso. Go, go, go, go, go… Então ele mergulhou de cabeça nos escombros próximos.

Haruhiro conseguiu se mover para a parte de trás da criatura momentos antes do impacto, então sobreviveu, de alguma forma. Mas o gigante não tinha parado ainda.

Go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go…!

Ele socou a parede de entulho. A destruiu. Tudo o que Haruhiro conseguia fazer era se segurar. Não tinha ideia do que poderia acontecer com ele se fosse jogado fora agora.

Na verdade, será que parece que vou morrer mesmo se continuar segurando? ele pensou. Talvez. Pode ser uma situação em que, se eu não morrer, vai ser porque tive muita sorte.

— Gwahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! — gritou Ranta.

Haruhiro achou que viu Ranta correndo em direção ao gigante. Um segundo depois, o gigante estremeceu levemente e parou.

Foi por uma fração de segundo, acho, pensou Haruhiro. Não, não pode ser isso, pode? Lightning Sword Dolphin. É isso? Ele o cortou com a espada?

— Ah! — gritou Haruhiro.

Ele se jogou para longe das costas do gigante com toda a força que pôde. Quando o fez, o gigante já estava começando a se mover novamente, e se ele perdesse essa chance, achava que não teria outra.

Ele estava tentando ser cuidadoso para não cair de forma estranha, mas seu braço esquerdo bateu em algo, ele caiu de bunda, e suas costas colidiram com algo duro.

Isso dói!… era algo que ele não podia se dar ao luxo de dizer agora.

O gigante estava bem ao lado dele. Haruhiro rolou para longe. Por enquanto, só precisava se distanciar da criatura. Não importava como, ele só precisava conseguir essa distância.

Depois de se afastar mais, e de se esconder atrás de alguns dos escombros maiores, Haruhiro percebeu que não conseguia mexer o braço esquerdo.

Seu cóccix, ele não tinha certeza. Dói quando toca algo. Suas costas doíam também. Estava sangrando? Pelo visto, sim. Sua respiração estava normal. Tirando o braço esquerdo, bem, era só dor. Mas o braço esquerdo… ele não tinha certeza. Talvez estivesse quebrado.

O gigante continuava a destruir tudo, aparentemente de forma aleatória.

Onde estava Ranta? E o Tada? E o Inui?

Pelo menos, eles não pareciam estar lutando com o gigante.

— Haru-kuuuun! — Haruhiro ouviu a voz de Yume vinda de cima.

Por apenas dois segundos, ele pensou. Então, gritou de volta:  — Onde estão Tokimune-san e o grupo dele?!

— Haru-kun?! — Yume respondeu. — Ah, deixa eu ver… eles ainda não chegaram!

— E os outros?! — Haruhiro gritou.

— Estão bem!

— Saiam daqui! — Haruhiro gritou. — Afastem-se do gigante! Nos reunimos depois! Ranta! Tada-san, Kikkawa, Inui-san! Conseguem me ouvir?!

— Sim! — Ranta respondeu de imediato, embora Haruhiro não pudesse vê-lo.

— Entendido! — A julgar pela voz de Kikkawa, ele ainda estava cheio de energia.

— Estamos nos virando! — Tada respondeu um pouco depois dos outros dois.

Nenhuma resposta de Inui. Procurá-lo não era uma opção.

Desculpe, Inui-san, pensou Haruhiro.

— Yume! — ele chamou. — Vá na direção de Tokimune-san e do grupo dele, e assim que se juntarem a eles, esperem! Ranta! Tada-san, Kikkawa—e Inui-san também! Me encontrem e me sigam!

Haruhiro se lembrou da direção da torre onde Tokimune e os outros estavam. Para ir naquela direção, eles teriam que passar correndo pelo gigante, o que era perigoso, mas não havia escolha.

Quanto ao seu braço esquerdo, ele podia mover o ombro, mas nada abaixo do cotovelo. Claro, doía. Mas não tanto, ainda. O quadril e as costas também eram suportáveis.

— Vamos lá! — Haruhiro gritou, dando o sinal para todos, e então começou a correr.

Para garantir, ele escolheu um momento em que o gigante estava de costas para ele. Mas, quando tentou passar por ele, o gigante se virou, o que o fez entrar em pânico.

Haruhiro não pôde parar ou voltar atrás. Tinha que continuar correndo. Ele quase foi chutado pelo gigante. De algum jeito, conseguiu desviar da perna e virou-se de costas.

Ranta estava com ele. Kikkawa também. E Tada? Ou Inui?

— Go, go, go, go, go, go, go, go, go…! — O gigante emitiu seu rugido retumbante.

Haruhiro não tinha tempo para pensar. Precisava se preocupar consigo mesmo antes dos outros. Ele tinha ferido o único olho da criatura, mas ainda podia ver? Podia senti-lo? O gigante estava perseguindo Haruhiro!

— Por quê?! — Haruhiro gritou.

Os movimentos do gigante eram lentos, mas ele era duas vezes maior que um humano. Se corresse em linha reta, seria tão rápido quanto um humano, talvez mais. Sem mencionar que Haruhiro estava ferido. Não podia correr na sua velocidade máxima.

Quando Haruhiro saltou atrás de uma parede de entulho, o gigante colidiu com a parede e a pulverizou.

— Ai! — Haruhiro gritou.

Pedaços de entulho voaram para todos os lados, e Haruhiro correu enquanto eles choviam sobre ele. O gigante derrubou montes de entulho, saltando no ar em perseguição.

— Parece que… ele tá guardando rancor?! — ele gritou.

— Go, go, go, go, go, go, go, go…!

— O-Opa! I-Isso tá ruim!

Será que eu vou morrer? pensou Haruhiro. Eu vou morrer mesmo? Normalmente, eu morreria, certo?

Ele queria desistir.

Mas Haruhiro ainda estava correndo em direção à torre.

Devo mudar de direção? ele se perguntou. Afastar o gigante o máximo que puder e então… se eu fizer isso, posso salvar meus companheiros.

Mesmo que fosse morrer, ele queria, ao menos, fazer isso.

Isso mesmo. Ainda não é hora de morrer. Haruhiro ainda tinha coisas que podia fazer. Vou afastar o gigante dos meus companheiros. Não será tarde demais para morrer depois disso.

Certo.

Com um objetivo definido, sentiu a força crescendo dentro de si.

— Por aqui! — ele gritou.

Haruhiro tentou virar à direita. Foi então que aconteceu.

— Okaayyyyyyyyyyyyyyyyyyyy!

O que foi isso? Haruhiro parou e olhou para trás, mesmo sem querer.

Parecia que alguém tinha caído de cima. Ou seja, através de uma abertura no teto. O teto era bastante alto naquela área, deixando um considerável espaço acima da cabeça do gigante, que tinha quase quatro metros de altura. O teto devia estar cerca de dois metros mais alto que o gigante.

A pessoa tinha caído daquela altura. Não, não era isso—ela tinha saltado daquela altura sobre o gigante.

A pessoa cravou sua espada na cabeça do gigante com força. O gigante cambaleou. Não estava claro quanto dano aquilo causou, mas parecia que o gigante não podia simplesmente ignorar.

Então, a pessoa aterrissou nos ombros do gigante, golpeando o flanco do seu grande rosto com o escudo.

— Goooooooooooooooooooooooooooooooong!

A pessoa usou a espada não para cortar, mas para dar golpes fortes.

— Dahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Então, como um cervo correndo por um vale, ele pulou dos braços do gigante, para os joelhos, e finalmente para o chão.

— Wahaha! Aqui está Tokimune-san! — Tokimune bateu sua espada no escudo com força. — Vem, grandão! Vou acabar com você rapidinho!

— Não, isso claramente não vai funcionar, sabe? — Haruhiro deixou escapar seus verdadeiros sentimentos.

— Haruhiro! — Tokimune chamou.

— S-Sim.

— Você vai presenciar um milagre! Então, limpe olhos e observe!

— Se eu limpar meus olhos, não vou ver nada…

— Você é muito implicante! — Tokimune gritou.

Eu sou mesmo? Ou será que você é apenas muito despreocupado com as coisas, Tokimune? E aleatório, também. Estou feliz que você tenha aparecido para ajudar, mas isso é imprudente.

— Go, go, go, go, go, go, go, go…! — O gigante se agachou e atacou Tokimune.

Seu punho direito. Ele ia dar um soco. Não um direto. Um gancho.

— Ta-da-da-dahhhh! — Tokimune… não estava desviando.

Não, você não deveria desviar aqui? pensou Haruhiro.

Seu escudo. Tokimune pretendia bloquear o gancho direito do gigante com seu escudo.

—Não. Isso nem é uma opção. Ele é louco. Completamente louco.

— Guhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh…!

Houve um barulho incrível, e então Tokimune… não foi arremessado. Ele estava firme. Tinha sido empurrado cerca de um metro pelo impacto do gancho do gigante, mas parou ali.

— Yay! Ta-dah! — gritou Tokimune.

Antes que o gigante pudesse puxar o braço direito de volta, incrivelmente, Tokimune correu por ele. De onde vinha aquele senso de equilíbrio? Como ele conseguia se comprometer assim?

Em pouco tempo, Tokimune chegou ao ombro direito do gigante. Então, mais uma vez, ele bateu na lateral do rosto da criatura com sua espada e escudo.

— Gooooooooong! Dahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

O gigante cambaleou um pouco, mas logo tentou agarrar Tokimune com as mãos. Só que era lento e desajeitado. Tokimune saltou para longe, fazendo uma aterrissagem estilosa, e então desceu a espada nos joelhos do gigante.

— Toma essa! E essa! E essa! E essa! E essa! E essa, e essa, e essa, e essa! — gritou Tokimune enquanto golpeava o gigante.

— Go, go, go, go, go, go…! — o gigante rugia, enquanto descia o braço direito, tentando esmagar Tokimune. Era um golpe assustador, capaz de achatá-lo num instante, mas Tokimune esquivou-se rindo, usando um mortal para trás, por algum motivo.

— Isso foi desnecessário — comentou Haruhiro.

— Foi, sim, necessário! — gritou Tokimune, se aproximando do gigante e atingindo-o com a espada e o escudo. — Porque foi incrível! Forte e legal são sinônimos! Yeahhhhhh!

— Tch! Droga, Tokimune! — gritou um homem.

Era Tada. Tada estava lá, sangrando por todos os lados, mas correndo em direção ao gigante com seu martelo de guerra no ombro.

— Não me importa quem é o mais legal, mas eu sou mais forte! — berrou Tada. — Somersault Bomb!

Aquele golpe… ele correu, deu uma pirueta para frente e então desceu sua arma com tudo no inimigo. Aquilo não era uma habilidade de autodefesa de um sacerdote. Era uma habilidade de combate de um guerreiro pesado.

Esmagar! O martelo de guerra de Tada acertou o joelho esquerdo do gigante. O joelho do gigante afundou, fazendo voar fragmentos brancos por toda parte.

Tada rolou para trás, tentando se colocar atrás do gigante, mas não conseguiu se levantar, ficando deitado de costas.

— Urgh… Não tenho sangue suficiente…

— Wahaha! É porque você está se esforçando demais, Tada! Epa… — Tokimune deslizou pelos braços do gigante enquanto recuava, batendo com sua espada nos braços da criatura. Ele golpeava repetidamente. — Mas foi um bom ataque! Isso o desacelerou!

Era verdade, o gigante estava arrastando a perna esquerda. O Somersault Bomb! de Tada foi bastante eficaz.

— Sério?! A gente vai mesmo, mesmo, mesmo acabar com essa coisa aqui?! — uma voz gritou.

Alguém irritante havia chegado. Era Ranta.

— Isso significa, significa, significa que é minha hora de brilhar, certo?! — gritou Ranta.

Não, vai embora! Era o que Haruhiro queria dizer, mas Ranta não o ouviria.

— Yahoo! — berrou Kikkawa. — Eu também vou nessa!

— Haru! — chamou Mary.

— Haru-kun! — gritou Yume.

— Haruhiro-kun… — murmurou Shihoru.

— Haruhiro?! — gritou Kuzaku.

É, parece que agora todo mundo está aqui, Haruhiro notou. Vamos fazer isso. É assim que as coisas vão ser? Provavelmente é. Eu não gosto disso. Quero dizer, meu braço esquerdo, bunda e costas estão doendo. Se vamos fazer isso, temos que ganhar. Claro, o gigante desacelerou um pouco, mas será que podemos derrotar esse monstro?

Haruhiro não achava que seria tão fácil.

O gigante estava indo atrás de Tokimune, estendendo a mão direita, depois a esquerda. Tokimune estava evitando os golpes com agilidade e revidando, mas não estava conseguindo causar nenhum dano real.

Tada ainda estava no chão. Não parecia que ele seria capaz de se mover. Ranta e Kikkawa pareciam tentar cercar o gigante por trás. Yume, Shihoru, Mary e Kuzaku estavam tentando se aproximar de Haruhiro.

O braço esquerdo de Haruhiro estava começando a doer de verdade agora. A dor chamava sua atenção, e ele não conseguia evitar. Precisava voltar a se concentrar. Qual era o foco? No que ele precisava pensar? Reforços. Isso mesmo. Inimigos. Podiam haver cultistas chegando. Ainda não parecia haver nenhum.

Eles precisavam derrubar o gigante. Matá-lo. Aquele gigante. Como? O martelo de guerra de Tada. A pele do gigante… ou o que quer que fosse aquilo, era extremamente dura. Parecia que armas de impacto funcionariam, mas seria demais pedir para Tada acertar outro golpe como aquele. O sap de Haruhiro também era uma arma de impacto, mas seria difícil realizar um ataque poderoso com ele, ao contrário do que Tada fez. Na verdade, seria impossível. O cajado curto de Mary provavelmente teria o mesmo problema. Restava a magia, talvez. Os cultistas eram vulneráveis à magia Darsh. E o gigante?

Shadow Bond não podia prender inimigos poderosos, então seria inútil. Mesmo que Shadow Complex pudesse confundir o gigante, se ele se agitasse violentamente, não faria diferença. Essa habilidade também estava fora.

E quanto a colocá-lo para dormir com Sleepy Shadow? Ele acordaria se fosse atacado, então essa também não era uma boa opção. Shadow Echo também não parecia que faria uma grande diferença.

— O que fazemos? — Haruhiro murmurou para si mesmo, enquanto olhava ao redor e para cima.

Onde estavam Anna-san e Mimori? Será que Inui não conseguiu acompanhar o grupo, afinal? O que ele deveria fazer?

— Kuzaku, ajuda a cercar o gigante — disse Haruhiro. — Não chegue muito perto. Yume e Mary, deem cobertura para Shihoru. Shihoru, usa magia. Tenta acertar ele com um Thunderstorm.

— Certo! — Shihoru imediatamente se virou para o gigante. — Pessoal, recuem um pouco!

Tokimune e os outros se afastaram do gigante. Shihoru começou a desenhar sigilos elementais com a ponta de seu cajado enquanto entoava um feitiço: — Jess, yeen, sark, kart, fram, dart!

O alvo era enorme, então todo o feixe de raios atingiu o gigante. Houve um barulho impressionante, e o corpo do gigante estremeceu, com fumaça saindo de várias partes, mas, como se tudo estivesse normal, ele se virou nessa direção—ou melhor, na direção de Shihoru.

Ah, droga, Haruhiro pensou. Lá vem ele.

— Não vou deixar você fazer isso! — gritou Ranta, enfiando a Lightning Sword Dolphin no gigante. — Nãããããão!

O gigante estremeceu. Só isso. Então tentou agarrar Ranta.

— Go, go, go…!

— Whoa, hoh! — Ranta soltou um grito estranho e balançou a Lightning Sword Dolphin novamente. A ponta da lâmina roçou o dedo médio da mão direita do gigante.

O gigante estremeceu.

Ranta saltou para trás nesse momento, e Tokimune, Kikkawa e Kuzaku se aproximaram do gigante, atacando suas extremidades inferiores com espadas e escudos. No entanto, por mais que o golpeassem, não conseguiam causar o mesmo tipo de dano que o Somersault Bomb! de Tada.

— Go, go, go, go, go, go…!

— Whoa! — gritou Tokimune.

— Aah! — gritou Kikkawa.

— O q…?! — gritou Kuzaku.

Quando o gigante fez um grande balanço com ambos os braços, Tokimune, Kikkawa e Kuzaku foram forçados a recuar. Será que poderiam derrotá-lo apenas repetindo isso?

— Haruhiro! — Tokimune gritou enquanto desviava de um gancho de direita do gigante. — Como seu veterano, vou te ensinar o segredo para derrubar inimigos assim!

— Qual é esse segredo?! — gritou Haruhiro de volta.

— Ataque concentrado!

— Hein?

— Você concentra os ataques! Se tem cinco pessoas, são cinco vezes os ataques! Se tem dez, são dez! Você joga tudo de uma vez! Um ataque focado! Esse é o segredo!

— …Entendi — murmurou Haruhiro. Ele se sentiu um idiota por ter esperado algo mais.

Qual é a grande coisa sobre um ataque concentrado? Você só está concentrando os ataques. Qualquer um pensaria nisso. É óbvio, não é?

A questão era onde concentrar seus ataques. Como concentrariam seus ataques?

Um ataque concentrado, Haruhiro pensou.

— Mimori! Continua tentando, yeah?! — uma voz nova gritou.

Aquela voz, aquele jeito de falar—É a Anna-san, ele percebeu.

Ao olhar para cima, viu Mimorin enfiada em uma fenda no teto. Não, ela não estava presa; estava tentando descer. Seus seios eram meio grandes, porém, e ela parecia ter ficado presa. Mesmo assim, ela conseguiu se soltar.

Ou melhor, ela caiu.

— Kyah! — Mimorin aterrissou de bunda, soltando um gritinho surpreendentemente fofo ao fazer isso. Então gemeu. — Ngh…

A queda parecia ter sido dolorosa.

— Mi-Mi-Mimoriiiin?! — Anna-san estava tentando descer pela mesma fenda. Seus seios também eram grandes, mas, ao contrário de Mimori, seu corpo era pequeno, então não parecia que ela ficaria presa. — Você tá bem, tá?! Não se machucou?!

— Não foi nada grave — Mimorin usou o cajado como apoio para se levantar, e então sacou sua espada.

É verdade, Haruhiro se lembrou.

Ela era uma maga agora, mas Mimorin já tinha sido uma guerreira, e ainda carregava uma espada, além de seu cajado. O que Mimorin planejava fazer com seu cajado na mão esquerda e a espada na mão direita?

Por ora, ela olhou ao redor, um tanto inquieta, e então pareceu encontrar o que estava procurando. Ela começou a andar na direção dele, mas sua perna estava ferida, e parecia que sua bunda doía também, então estava cambaleando instavelmente.

— Espere, isso é perigoso — Haruhiro disse para ela.

Mimorin estava tentando enfrentar o gigante. Aparentemente, ela ia se juntar ao ataque concentrado. Por que todos nos Tokkis tinham que ser assim?

Concentrando nossos ataques, Haruhiro pensou.

Nenhum plano veio à mente. Lutar assim era absurdo. Por que precisavam derrotar o gigante, afinal? Causar um grande golpe para ganhar tempo e fugir seria o suficiente. Qualquer coisa além disso era desnecessária.

— Ranta! — gritou Haruhiro. — Continua atacando as pernas do gigante com essa sua Lightning Sword Dolphin! Quando você fizer isso, todo mundo vai atacar o olho! Ele ainda consegue enxergar com aquele olho! Vamos cegá-lo e fugir! Você pode reclamar depois, apenas faça o que eu digo agora! Vai, Ranta!

— Não se ache só porque você é o Parupiro! — gritou Ranta. Ele se aproximou do gigante e acertou sua perna com a Lightning Sword Dolphin. — Você vai chorar e me agradecer depois!

Nem pensar, Haruhiro pensou. Nunca vou te agradecer, mas, se fizer bem, posso te elogiar por isso.

— Hah! Hah! Hah! Hah! Hah! Hah! Hah! Hahhhhh…! — Ranta balançou a Lightning Sword Dolphin sem parar, como um louco, acertando a perna esquerda do gigante.

Cada vez que ele acertava o gigante, o monstro tremia. Tremor, tremor, tremor, tremor. Cada um desses tremores durava pouco, mas quando vinham em sequência, era como se o gigante estivesse paralisado, porque não conseguia se mover.

— Miaau! — Yume encaixou uma flecha em seu arco composto e disparou.

Em rápida sucessão, ela disparou, disparou e disparou.

Era a habilidade de arco, Rapid Fire. Com o nível de habilidade de Yume, a cada dois ou três tiros, um saía completamente errado ou não ia longe o suficiente, mas duas em cada cinco flechas atingiram o olho do gigante. Esse era um resultado tão impressionante que Haruhiro só podia imaginar que foi pura sorte.

— Haruhirooo! — Tokimune subiu correndo pelo corpo do gigante. — Parece que você dominou o segredo! Agora é hora do meu super ataque! Flutuar como um leopardo, picar como uma baleia!

Você errou alguma coisa aí, Haruhiro pensou. Provavelmente quis dizer “flutuar como uma borboleta, picar como uma abelha”.

Mas seria meio grosseiro corrigi-lo—ou talvez não? Além disso, Tokimune não flutuava como uma borboleta ou um leopardo, e definitivamente não picava como uma baleia ou uma abelha. No entanto, quando chegou aos ombros do gigante, ele esfaqueou com vontade o olho único dele.

— Eu também! Eu também! Me deixa participar! — Kikkawa tentou escalar o gigante também, mas falhou.

Kuzaku balançou a cabeça, como se dissesse É, não, eu não consigo. Haruhiro estava basicamente tranquilo com isso. Ele foi o primeiro a sugerir que todos deveriam atacar o olho, mas talvez Tokimune sozinho fosse o suficiente.

Claro, Mimorin, que estava ferida, não precisava fazer nada. Haruhiro correu até Mimorin, dando leves tapinhas em suas costas.

— Você já fez o suficiente! Vamos correr, Mimorin!

— Hã? — Mimorin olhou para baixo, na direção de Haruhiro, depois assentiu. — Certo.

Haruhiro balançou o braço direito, chamando em voz alta: — Retirada! Estamos recuando! Tokimune-san, desça logo! Kikkawa, você também!

— Zwahhhhhhhhhhhhhh! — Tada, que até então estava de cabeça baixa, gritou enquanto corria em direção ao gigante.

Antes que Haruhiro pudesse dizer Já fizemos o suficiente e detê-lo, Tada deu uma cambalhota para frente e esmagou seu martelo de guerra no joelho direito do gigante.

Somersault Bomb!

Crac. O joelho direito do gigante afundou.

Tada cambaleou para trás e caiu sentado.

— E aí, gostou? Eu sou o mais forte aqui… heh heh…

Quem liga?, pensou Haruhiro.

— Nwahhhh! — Ranta recuou dois, três passos, e depois cravou a Lightning Sword Dolphin no chão. — E-Eu… tô… tão… exausto… maldiçãããão!

Esse é o limite, né?, Haruhiro pensou.

O gigante começou a se mover.

No final, Kikkawa, que nunca conseguiu escalar o gigante por completo, desceu, meio que caindo no processo, e ajudou Tada a se levantar. Ele lhe ofereceu um ombro de apoio e o fez andar.

— Tadacchi! Consegue continuar, né?! — gritou Kikkawa.

— Mas é claro! — gritou Tada. — Quem você acha que eu sou?!

Tokimune fez uma aterrissagem graciosa.

— Anna-saaaan! Vamos dar o fora daqui! Você sabe o caminho, né?!

— Claro que sei, yeah?! — Anna-san ainda estava agarrada à parede de entulho, mas pulou agilmente. — Vocês me seguem, tá! Let’s go!

Será que tudo ia ficar bem? Haruhiro não estava totalmente convencido, mas ele mesmo não sabia o caminho, então não tinha escolha a não ser deixar que Anna-san os guiasse.

— Ranta-kun! — Kuzaku arrastava Ranta consigo.

— Go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go, go…!

O gigante parecia tentar se debater, mas com as duas pernas colapsando, foi forçado a se agachar. As duas Somersault Bomb! tinham machucado muito seus joelhos.

Haruhiro olhou rapidamente para Yume, Shihoru e Mary.

— Sigam a Anna-san! — ele gritou.

As três assentiram em uníssono.

Anna-san e Tokimune tomaram a dianteira; logo atrás vinham Yume, Shihoru e Mary; depois Kuzaku e Ranta, seguidos por Kikkawa e Tada; e, por fim, Haruhiro e Mimorin. Não estavam fugindo na velocidade máxima. Mesmo que Ranta fosse deixado de lado, Tada e Mimorin não estavam em condições de correr. O melhor que conseguiam era uma caminhada apressada.

Mimorin havia guardado sua espada na bainha e agora usava o cajado como uma bengala, mas ainda assim estava com dificuldades. Parecia que ela tinha perdido a força na perna esquerda. Além disso, estava sangrando.

Se o lado esquerdo dela estava fraco, talvez, se Haruhiro a apoiasse pelo lado direito, pudesse facilitar as coisas. Felizmente, era o braço esquerdo de Haruhiro que estava doendo. Se fosse o direito, seria mais complicado, mas assim ele conseguiria lidar.

Haruhiro deslizou suavemente entre o braço esquerdo de Mimorin e o flanco dela, passando seu braço direito em volta do ombro dela.

— Vamos fazer o nosso melhor — disse, tentando animá-la, mas Mimorin não respondeu. Quando ele olhou, viu que ela estava mordendo o lábio. Parecia que ia desabar em lágrimas a qualquer momento.

O gigante estava atrás deles, concentrando seus esforços em empurrar as paredes de entulho, agarrando pedaços de destroços e os lançando para longe. Tomara que nenhum desses pedaços viesse em sua direção.

Isso é meio estranho, pensou Haruhiro.

Afinal, eles estavam explorando o Reino do Crepúsculo com os Tokkis, que haviam descoberto juntos, e—bem, os Tokkis os apunhalaram pelas costas e tentaram passar a perna na party de Haruhiro, mas ainda assim eles se sentiam como companheiros, e foi por isso que a party aceitou o pedido de Kikkawa e chegou até ali.

Tendo chegado tão longe, Haruhiro queria salvar quem pudesse, e esse sentimento não era direcionado a nenhum indivíduo em específico, mas aos Tokkis como um todo. Claro, isso incluía Mimorin. Era só isso. O que ele estava fazendo agora era apenas uma parte disso. Ele poderia explicar que não significava mais nada, e talvez devesse, mas essa não era a hora, certo?

— Ei… Mimorin — disse Haruhiro. — Hã… O Inui-san meio que não está aqui, sabe. Ninguém disse nada, mas…

— Oh — respondeu Mimorin.

— Isso está certo? Quero dizer, claro que não está, mas…

— Está tudo bem.

— Hã?

— Acho que sim.

— Você acha?

— Ele é um sobrevivente teimoso, o Inui — Mimorin voltou à sua expressão impassível de sempre. — É como uma barata.

— …Uau — murmurou Haruhiro.

— Mas ele não é bonitinho como uma barata.

Não, tenho certeza de que baratas não são bonitinhas.

Mas, mesmo que ele dissesse algo normal assim, provavelmente Mimorin não entenderia. Ele tinha a sensação de que nunca entenderiam um ao outro. Também não precisavam. Ele não queria particularmente entendê-la.

Não importa, ele disse a si mesmo. Tanto faz.

Primeiro, precisavam sair do labirinto de escombros. Depois, sairiam do Reino do Crepúsculo. Quando pudessem receber as bênçãos do Deus da Luz, Lumiaris, se curariam com magia de luz. Então, retornariam ao Posto Avançado do Campo Solitário.

Não me importa o que acontecer depois disso, Haruhiro pensou em silêncio.

— Meu deus! — exclamou Anna-san, parando no meio de uma encruzilhada de quatro caminhos.

Todos tiveram que parar.

— Ei, ei, ei, ei, Anna-san! — Ranta bufou.

Cala a boca, porra

Shut the fuck up!— Anna-san se virou e disse algo numa língua estrangeira que provavelmente significava que queria que ele calasse a boca. — Yeah! Vamos embora, tá! Cometi um errinho! Nada demais, tá bom!

— Será que isso é verdade? — Kuzaku murmurou para si mesmo.

— Pessoal — Tokimune deu um joinha para eles, exibindo os dentes brancos. — Vamos, apenas confiem na Anna-san. Tenho certeza de que estamos prestes a testemunhar um milagre. Sim, um milagre. Sem dúvidas.

Tokimune parecia ser um grande fã de milagres. Haruhiro não pôde evitar a vontade de retrucar;

Eles são chamados de milagres porque geralmente não acontecem, mas se conteve. Principalmente porque tinha preocupações maiores.

Logo à frente deles, do outro lado da encruzilhada, um grupo de cultistas apareceu.

À direita também.

E à esquerda, do mesmo jeito.

— Pra onde, Anna-san?! — gritou Tokimune.

Anna-san apontou para o caminho à esquerda. — Por ali, talvez… Com certeza! Com certeza é por ali, né?

— Não vai adiantar perguntar pra gente — Haruhiro não pôde deixar de comentar.

Anna-san lançou um olhar irritado para ele.

— Um, dois, três, quatro… — Tokimune começou a contar o número aproximado de cultistas que se aproximavam. — Bem, vai ser difícil fugir. Vamos ter que matar eles, hein!

Haruhiro nem se deu ao trabalho de contar. Mas, sim, eles teriam que matá-los. Isso era um fato.

Haruhiro se afastou de Mimorin e tentou mover o braço esquerdo. Dói. Dói muito. Nem se movia direito. Ele puxou sua adaga com a mão direita. Havia cinco cultistas na frente, cinco à direita e quatro à esquerda. Era bastante. Talvez houvesse mais a caminho.

— Ohm, rel, ect, el, krom, Darsh! — Shihoru desenhou símbolos elementais com seu cajado e entoou o feitiço de Shadow Mist. A névoa negra em forma de sombra se materializou, flutuando na direção dos cultistas no caminho à direita.

Isso vai funcionar—ou deveria, pensou Haruhiro. Como está indo?

Os cinco cultistas desabaram.

Gostaria de dizer para Shihoru lançar outro feitiço no caminho à esquerda ou à frente, mas não era uma opção. Os cultistas já estavam perto demais, e alguns dos membros do grupo acabariam atingidos pela área de efeito.

— Cacete, Haruhiro! Que bom que vocês vieram! — gritou Tokimune.

Tokimune avançou. Ele desviou a lança estendida de um cultista com seu escudo e mirou no olho. O cultista se inclinou para trás para evitar, mas Tokimune continuou avançando. Ele empurrou o cultista, depois usou Bash no cultista à sua esquerda. Ao mesmo tempo, ele derrubou o cultista à sua direita com sua espada.

— Devemos a vida a vocês, cara! — gritou Kikkawa. — Amo vocês, Harucchi!

Kikkawa seguiu Tokimune. Parecia que Tokimune agia como nenhum paladino deveria, avançando e bagunçando o inimigo, enquanto Kikkawa atacava os inimigos que Tokimune deixava em completa desordem, ao mesmo tempo que recebia os ataques e servia de tanque.

— Estou de folga — disse Tada, embora tenha mandado um cultista voando com uma chuva de golpes de seu martelo de guerra.

Mimorin usava seu estilo de cajado e espada de duas mãos, protegendo Anna-san.

— Vai! Kill todos eles! Massacre, Vai! — Anna-san parecia ser a animadora designada da equipe.

— Ahh, isso é perigoso! — gritou Kuzaku.

Mesmo reclamando, Kuzaku avançou contra a linha de lanças dos cultistas à esquerda. Embora tivesse um escudo resistente, obviamente ainda era assustador. Mas, apesar do que dizia, ele não hesitava. Mesmo com as lanças arranhando seu escudo, ele se aproximou de um cultista e balançou sua espada longa. Ele atacou. Os quatro cultistas pararam de avançar.

— Não se preocupem! — declarou Ranta, atacando os quatro cultistas cujo ímpeto Kuzaku havia interrompido. — Eu estou aqui! Aqui vou eu! Técnica secreta… Dança do Golfinho!

Por um momento, a imagem vívida de um grupo de golfinhos saltando alegremente passou pela mente de Haruhiro.

Golfinhos. Eles eram criaturas marinhas. Desde que veio para Grimgar, Haruhiro nunca tinha ido ao mar nem uma vez. Apesar disso, ele sabia o que era o mar e conseguia imaginá-lo. Ele também sabia o que eram golfinhos. Será que Haruhiro já tinha visto golfinhos no mar antes?

De qualquer forma, isso não tinha praticamente nada a ver com golfinhos.

Ranta acertou as lanças dos cultistas com Lightning Sword Dolphin. Quando fez isso, os corpos dos cultistas tremeram. Aproveitando essa brecha, Ranta avançou e atingiu os corpos com sua técnica. Por causa dos mantos que eles usavam, não pôde cortá-los, mas os cultistas se contorceram e caíram. Kuzaku pressionou o ataque. Ranta aproveitou totalmente a situação para atacar também.

Stop-eye, depois… Quick-eye! — Yume ajustou uma flecha em seu arco composto, movendo os olhos ao redor e os estreitando.

Essas eram habilidades de arco e flecha. Stop-eye usava exercícios oculares especiais, técnicas de respiração e controle corporal para aumentar a precisão dos disparos. Quick-eye era uma espécie de truque para acertar alvos em movimento.

Ela disparou.

Um cultista foi atingido no olho por uma flecha.

— Muito bom, Yume! — elogiou Haruhiro enquanto avançava em direção aos cultistas caídos no caminho à direita. — Mary, cuide da Shihoru!

— Certo, pode deixar! — gritou Mary.

Mesmo com o braço esquerdo fora de combate, Haruhiro ainda conseguia lidar com isso. Ou melhor, ele tinha que lidar. Ia acabar com os cultistas que Shihoru havia posto para dormir.

Sua adaga perfurou o olho de cada um dos cultistas. Ele não fez nada desnecessário. Apenas cravou sua adaga, segurando-a com um golpe invertido, fundo no olho, torceu e arrancou. Haruhiro provavelmente estava com um olhar sonolento agora. Não sentia nada. Executou a tarefa como uma rotina.

Três caídos, faltam dois.

Cultistas estavam correndo em sua direção de mais adiante no caminho. Ou melhor, eles haviam virado uma esquina logo ao lado, então o perigo já estava próximo. Sim, eles. Infelizmente, não era só um. Dois. Não, três.

Reforços. Ele havia considerado essa possibilidade. Não tinha feito nada para se preparar. Não havia nada que pudesse ter feito. As mãos do grupo já estavam cheias o suficiente.

Imagino que não pode ser tão fácil assim, né? pensou Haruhiro.

— Haru?! — gritou Mary.

Parece que ela havia notado a situação difícil em que Haruhiro se metera. Isso poderia significar que a ajuda mágica de Shihoru estaria a caminho. Será que chegaria a tempo? Quem sabe. Poderia ir para qualquer lado. Afinal, Haruhiro já estava tentando usar Swat na lança do líder com sua adaga. Ele a afastou, de algum jeito.

As lanças continuavam vindo. Uma atrás da outra.

Parece que não vou conseguir lidar com isso, sabe?, ele pensou.

Enquanto concentrava seus nervos em desviar as lanças dos cultistas, Haruhiro se preparou para o pior.

Em vez de me resignar, preciso pensar no que fazer a seguir. Claro, não tenho tempo para isso. Ainda assim, preciso pensar e dar ordens. Eu posso não ser grande coisa, mas sou o líder, afinal. Não, talvez eu realmente não consiga…

Ele falhou ao tentar desviar. Isso foi porque estava pensando em coisas que não deveria.

No seu braço direito, a lança do cultista rasgou a carne entre o pulso e o cotovelo. Ele quase deixou a adaga cair.

Com a adaga na mão direita enfraquecida, Haruhiro tentou usar Swat para aparar a próxima lança. De alguma forma, conseguiu. Mas a próxima seria muito mais difícil. Na verdade, provavelmente impossível. Mesmo assim, ele não suportava a ideia de simplesmente morrer sem lutar.

Haruhiro tentou aparar usando Swat novamente. Errou.

— Heh! — Inui gritou.

Alguém havia agido antes dele. Atrás do cultista que estava prestes a empalar Haruhiro, surgiu um homem com um tapa-olho. Seu rabo de cavalo característico—ou talvez nem fosse tão característico, Haruhiro não sabia—tinha se desfeito, e seu cabelo estava solto e despenteado. Mas ainda era Inui.

Inui agarrou a cabeça do cultista entre as mãos, então torceu com força, e de repente…

Sabe, acho que já vi isso em algum lugar, pensou Haruhiro. Esse estilo de matar.

Inui provavelmente havia quebrado o pescoço do cultista. Não estava claro se o cultista havia morrido instantaneamente, mas ele caiu no chão, sem forças.

Os dois cultistas restantes deviam estar surpresos, pois se viraram para olhar Inui. Nesse ponto, Inui já havia desembainhado suas duas espadas.

Inui enfiou uma espada no olho de um dos cultistas. O outro virou o pescoço, evitando a outra espada de Inui.

 As costas, Haruhiro pensou.

As costas do cultista estavam meio viradas para Haruhiro. Quando isso acontecia, às vezes ele enxergava a oportunidade. Aquela linha.

Haruhiro praticamente se colou nas costas do cultista, chutando o calcanhar para trás do joelho dele, quebrando sua postura. Seu braço esquerdo não se movia direito. No entanto, não estava completamente imóvel. Ele colocou o cotovelo esquerdo contra o pescoço do cultista, então jogou o peso do corpo sobre ele. Ao mesmo tempo, reuniu o resto da força que tinha e cravou sua adaga no único olho do cultista. O corpo do cultista se sacudiu algumas vezes, convulsionando.

Está morto?

Sim, estava morto.

Haruhiro não conseguia mais segurar a adaga e a deixou cair. O cultista caiu no chão.

— Ai… — Haruhiro murmurou. Ele estava prestes a chorar. Neste ponto, sua mão direita estava praticamente inutilizada.

— Heh… — Inui pegou a adaga, então a segurou em frente ao nariz de Haruhiro. — No fim das contas, acabou tão fácil assim para você?

Não, você não sabe disso, Haruhiro pensou. O que isso quer dizer? Você é idiota? E, espera, por que você ainda está vivo? Caramba, você é persistente. Sério, você é como uma barata. Qual é o seu problema?

— Achei que você estivesse morto — Haruhiro se forçou a aceitar a adaga com a mão direita, que estava causando uma dor excruciante. Ele não sentia mais as pontas dos dedos. — Fico feliz de estar errado.

— Eu me chamo Inui, o Imortal!

— É só um título auto-proclamado, né.

— Finalmente, parece que chegou a hora de liberar meu verdadeiro poder! — Inui acrescentou.

— E você nem está ouvindo o que eu digo…

— Heh… — Inui tirou o tapa-olho e o jogou longe. — Agora, começo de verdade.

Seu olho esquerdo era… normal.

Ele não tinha perdido um olho em alguma lesão? Bem, para que servia o tapa-olho, então?

— Me siga, Harunire! — Inui gritou.

Inui parecia prestes a sair andando, mas então parou para matar dois cultistas, aqueles que Shihoru havia colocado para dormir e que pareciam prestes a acordar.

Eu realmente não entendo ele, mas ele parece confiável, Haruhiro pensou.

— Eu não sou Harunire, sou Haruhiro — disse ele.

Tokimune e seu grupo avançavam, e avançavam, e avançavam loucamente, tentando acabar com os cinco cultistas restantes. O grupo de Ranta havia derrotado dois dos quatro. Inui se moveu silenciosamente, não em direção ao grupo de Tokimune, mas ao de Ranta. Então, sem perder tempo, ele enterrou suas espadas nos olhos dos dois cultistas.

— Hã…? — Kuzaku disse.

— Ei! — Ranta gritou. — O que você acha que está… Espera, Inui?!

Kuzaku e Ranta ficaram perplexos.

— Insetos insignificantes… — Inui puxou suas espadas dos cultistas, então se virou lentamente com um sorriso diabólico em seu rosto de aparência envelhecida. — Prostrem-se diante do meu verdadeiro poder. Pois eu sou Inui! O lorde Demônio, Inui!

— De novo isso, yeah! — Anna-san bateu na própria testa. — Bem, tudo bem. Todo mundo, sigam o Lorde Demônio Inui, tá! Lorde Demônio Inui! Go!

— Hahaha! — Tokimune chutou o último cultista no chão, cravando sua espada no único olho dele. — Ei, Inui! Você está vivo! E entrou nesse modo, hein! Vamos só entrar no ritmo! Haruhiro, deixa o Inui fazer o que quiser! Quando ele fica assim, não há como pará-lo de qualquer forma!

Não é só o Inui, pensou Haruhiro, exausto. Todos vocês basicamente fazem o que querem, e ninguém consegue impedir.

Inui estava correndo pelo caminho de pedra a uma boa velocidade.

Haruhiro gemeu. — Vamos segui-lo.

Ah, tanto faz, pensou Haruhiro. Deixe o que tiver que acontecer, acontecer. Ou melhor, tenho certeza de que tudo vai se resolver.

Se as coisas dessem errado, eles poderiam usar os Tokkis como peões descartáveis e fugir. Mesmo que fizessem isso, sua consciência provavelmente não o acusaria. Não, provavelmente não—definitivamente não. Os Tokkis não teriam o direito de criticá-los. Haruhiro e a party já tinham feito o suficiente. Não, tinham feito mais do que o suficiente. A ponto de terem feito mais do que deveriam.

Entre aquele momento e quando eles finalmente saíram do labirinto de escombros, Haruhiro perdeu a conta de quantos cultistas eles eliminaram. Porém, com o tapa-olho removido, Inui estava absurdamente forte. Tokimune também estava em um ritmo ótimo. Kikkawa estava de bom humor. Tada parecia intenso. Ranta estava sendo barulhento e irritante. Kuzaku estava se esforçando. Anna-san se perdeu no caminho várias vezes. Yume, Mary e Shihoru se revezaram em ajudar Haruhiro e Mimorin.

Finalmente, quando escaparam do labirinto de escombros, Inui desabou de repente. Olhando de perto, não era apenas seu cabelo que estava bagunçado; ele tinha ferimentos por todo o corpo. Ele estava tão gravemente ferido que era um milagre que ainda estivesse se movendo como se nada estivesse acontecendo. Quando Mary, Anna-san e Yume tentaram cuidar dele, Inui nem se mexeu, mas quando Shihoru, relutante, falou com ele, ele se levantou de repente. Dito isso, ele estava tendo dificuldades para andar, assim como Tada, Mimorin e Haruhiro.

Independentemente de estarem com dificuldade ou não, eles tinham que voltar para aquela colina inicial.

Duas, talvez três vezes, Haruhiro viu Manato e Moguzo à distância. Aquela garota que estava olhando na direção dele, seria Choco, talvez?

De repente, Tokimune e os outros estavam tentando afastar um cachorro caolho.

Deixa ele em paz, Haruhiro se lembrou de ter dito. Embora, talvez ele não tenha realmente dito isso. Talvez não tenha sido Haruhiro. Alguém mais pode ter dito.

— Ohhh! Olhem! — Ranta gritou em voz alta, como um idiota.

Ele era um idiota, afinal. Haruhiro olhou, sem muito interesse, para Ranta. Ranta estava bem ao lado dele, apontando para alguma coisa. Haruhiro olhou naquela direção.

— Isso é uma má notícia… — Kuzaku, ou alguém, murmurou.

— Com certeza — alguém, talvez Tokimune, respondeu com uma risada.

Era uma silhueta do tamanho de uma montanha.

O gigante que eles haviam enfrentado no labirinto de escombros tinha, no máximo, quatro metros de altura. Eles já tinham visto um gigante antes nas Planícies do Vento Rápido também. Aquele os havia surpreendido, mas era nada comparado a isso. Estava a algumas centenas de metros de distância, mas era realmente do tamanho de uma montanha.

Aquele gigante estava se movendo lentamente.

Estava caminhando.

Quem disse: Um dia, vou derrubar essa coisa? Pode ter sido Tada.

Era impossível.

Espera, por que você iria querer derrubá-lo? Haruhiro pensou. Ele não entendia. Haruhiro não entendia nada disso. Ele nem sabia quando havia começado a andar novamente.

Mesmo quando foram atacados pelos cultistas escondidos nas sombras das rochas, e Mary foi forçada a balançar seu cajado curto, tudo o que Haruhiro pôde fazer foi rastejar e tentar escapar.

Depois de um tempo, ele perdeu a consciência. Sempre que voltava a si, alguém estava lhe oferecendo um ombro, e ele se surpreendia ao perceber que estava andando com seus próprios pés.

Ele estava com dor, sim, mas não tinha uma lesão na perna como Mimorin, então achava que estava em uma situação melhor.

Em algum momento, um pano foi enrolado na ferida de seu braço direito, e esse pano estava escuro, vermelho e encharcado. Quem o teria enfaixado?

A ferida em suas costas talvez fosse mais complicada do que ele pensava. Ele não conseguia sentir nada das costas até a cintura, mas parecia estranhamente pesado.

— Não morre, cara — Ranta disse com uma expressão séria no rosto.

Aquilo foi um sonho? Ou era realidade?

— Como se eu fosse morrer e deixar você pra trás… — Haruhiro murmurou.

Foi o que ele respondeu, mas pensou: Estou dizendo algo estranho. Não. Foi um erro. Por que eu teria que morrer antes de Ranta? Não seja idiota. Se você olhar a forma como agimos no dia a dia, Ranta com certeza vai morrer antes de mim. Eu não vou deixar que eu morra antes de Ranta, caramba.

Isso era o que ele queria ter dito.

Quando a colina inicial apareceu à vista, Kikkawa o carregou.

Tá tudo bem, não precisa fazer tanto por mim, Haruhiro pensou, mas não tinha forças para recusar.

Quando entraram no buraco e avançaram um pouco, parecia que a bênção de Lumiaris havia retornado. Mary lançou o Sacrament em Haruhiro. O efeito foi imediato. Ele ainda se sentia grogue, mas a dor desapareceu completamente. Sua cabeça clareou, e ele finalmente se encontrou com a deusa chamada alívio.

— Todo mundo está bem… né? — Haruhiro murmurou.

Os Tokkis tinham dois sacerdotes, Anna-san e Tada. Incrivelmente, nenhum dos dois tinha aprendido o feitiço Sacrament ainda, mas com a ajuda de Mary, a cura foi rápida.

— Essa foi uma experiência incrível — disse Kuzaku, sentado encostado na parede de pedra, soltando um suspiro profundo. — Não, talvez não seja tão incrível, mas sim algo terrível, eu acho…

— Honestamente… — Mary estava agachada ao lado de Kuzaku. — Já tive o suficiente…

— É isso mesmo — Yume estava balançando a lanterna que segurava sem motivo algum. Ela parecia sonolenta. — Pra coisas assim, sabe, uma vez por ano já tá bom.

— Eu acho que nem uma vez por ano quero isso… — Shihoru também parecia exausta.

— Fracos — Tada ajustou os óculos com o dedo indicador da mão esquerda. — Vocês todos são fracos. Por isso que nunca sobem na vida. Tentem aprender com o nosso exemplo.

— Nem a pau — Haruhiro respondeu firmemente.

— Hein? — Tada estalou a língua, olhando para Haruhiro de lado. — Bem, dessa vez, já que você teve a honra de nos ajudar, deve ter sentido muitas coisas também. Reflita sobre essa experiência e cresça com ela. Se não, não terá valido a pena deixarmos você nos ajudar.

— Hum, Tada-san, por que você tá sendo tão condescendente? — perguntou Haruhiro.

— Porque eu sou melhor que você, óbvio.

— …Você acha isso depois de tudo? — perguntou Haruhiro.

— O quê, Haruhiro? Você acha que é melhor do que eu?

— Não… Na verdade, eu nem ligo muito pra quem é melhor do que quem — disse Haruhiro.

— Hahahaha — Kikkawa riu. — Isso é tão você, Harucchi. Eu meio que adoro esse seu jeito, sabia?

— …Certo — Haruhiro disse. — Meio que invejo a forma como você leva as coisas tão de boa.

— Uhuu! Fui invejado! Yay, yay! Ei, ei, Anna-san, Anna-san, ouviu isso? Ouviu? Tem alguém que me inveja. Pela minha… superioridade? Raridade? Eu sou super de boa!

— Kikkawa, você não é! Você é shallow! Tá entendendo?! — Anna-san gritou.

— Hein? O quê? O quê? Não sei o que shallow significa, eu sou shallow?! Só brincando!

— Não é engraçado! Quer morrer?! Shallow significa frívolo! Tá entendendo?!

— Whoa. Frívolo, hein. Essa palavra soa meio chique pra mim?! Meu valor tá subindo de repente?! Ou, tipo, eu sou inestimável?!

— O valor do Kikkawa é forever zero, yeah?! — Anna-san gritou.

— O quê?! Tipo, multiplica ou divide, ainda é zero?! Nunca muda, é isso que você tá dizendo?! Whoa, Anna-san, eu não sabia que você pensava tanto assim de mim! Nunca teria imaginado! Tô tão feliz?! Parece que tem lágrimas nos meus olhos?!

Era estranho dizer isso agora, já que isso acontecia sempre, mas o otimismo de Kikkawa era tão fora da realidade que parecia um fenômeno sobrenatural. Haruhiro não ficava só surpreso ou espantado. Ele achava assustador.

Isso é assustador. Realmente é, ele pensou. Tem algo de errado com ele. Como ele consegue ser tão alegre e cheio de energia, mesmo depois do que passamos?

— Heh… — Inui andava cambaleando, depois parou em frente a Shihoru. Ele havia jogado fora seu tapa-olho, então não o usava mais, mas seu olho esquerdo ainda estava fechado. Talvez estivesse selando seu verdadeiro poder. O cara era um idiota.

— Permita-me conceder-lhe um direito muito importante — disse Inui. — O direito de ser minha esposa, é claro… Heh…

— Eu… Eu não quero isso — Shihoru gaguejou, mas respondeu imediatamente.

— Eu não odeio garotas tímidas — disse Inui.

— Eu, hum… Não gosto de pessoas como você, então…

— Você… não gosta de mim? — Inui perguntou.

— …Isso.

— Mas você também não me odeia?

— Eu… eu não diria que te odeio…

— Então você nem gosta nem odeia…

— B-Bom… Sim… É isso mesmo.

— Muito bem. — Inui deu meia-volta. — Com o tempo, você também entenderá… a verdade oculta, é claro… Heh…

— Eu não quero entender, não — Shihoru disse.

— Kwahaha… Heheheh… Há hahahaha! — Rindo enquanto se afastava, Inui foi embora para o Reino do Crepúsculo.

— Hein? — Haruhiro olhou para os Tokkis. — V-Vocês estão bem com isso? Inui-san está indo sozinho…

— Tá tudo bem, yeah? — Anna-san acenou com a mão e riu. — Ele tá de coração partido? Ele tá em choque, então é melhor deixar ele sozinho, tá?

— Mas, isso não é perigoso? — Haruhiro perguntou.

— Bem, ele provavelmente não vai morrer! — Tokimune riu enquanto se aproximava, mostrando os dentes brancos enquanto estendia a mão direita para Haruhiro. — De qualquer forma, obrigado, Haruhiro!

— …Suave. — Haruhiro apertou a mão de Tokimune hesitante. — Bem, é meio estranho depois de vocês tentarem nos passar a perna.

— Ahaha! Não deixe isso te incomodar! — Tokimune disse.

— Meio que percebi que me incomodar com isso não vai adiantar…

— É isso aí! Não tínhamos más intenções! Nos perdoe!

— Vocês poderiam, pelo menos, ter se desculpado primeiro, né? — Haruhiro perguntou.

— Cara. — Tokimune parou de apertar a mão de Haruhiro e deu um tapinha brincalhão nas bochechas dele. — Você age como se fosse fraco, mas consegue falar o que pensa muito bem, né.

— P-Pare com isso — disse Haruhiro. — Não me toque assim.

— Quando você me diz pra parar, só me dá mais vontade de continuar, sabe? — perguntou Tokimune.

— E-Então não pare!

— Entendi. Não vou parar.

— Uwaa… — Haruhiro resmungou.

— O que quer dizer com “Uwaa”? Não me faça te beijar.

— Não, sério, não faça isso! — Haruhiro gritou.

— Não! — gritou Mimorin.

Por alguma razão—não, a razão era óbvia—Mimorin se enfiou entre os dois. Ela puxou Haruhiro para longe de Tokimune e o colocou debaixo do braço. Só que Haruhiro não era um objeto.

— Sem beijos — disse Mimorin, ferozmente. — Isso é meu.

— Desde quando eu pertenço a você? — Haruhiro murmurou. — Vamos, me solta…

— Wahaha! — Tokimune levantou o polegar. — De qualquer forma, te devemos uma, Haruhiro. Uma grande. Eu sou esquecido, mas não esqueço esse tipo de coisa com frequência.

— Com frequência, né… — Haruhiro resmungou. — Então não é algo absoluto.

— Eu raramente esqueço — disse Tokimune.

— Tá certo. Tanto faz… — respondeu Haruhiro.

— Se precisar de algo, é só falar comigo a qualquer hora — disse Tokimune. — Se for pra vocês, os Tokkis estão prontos para quebrar uma perna, duas até, por vocês. Eu não empresto dinheiro, mas empresto minha vida.

— O dinheiro vale mais que sua vida? — Haruhiro perguntou, cético.

— Não. Quando dinheiro entra no meio, as coisas se complicam, sabe? Não gosto disso. Sou do tipo que prefere dar dinheiro do que emprestar. Então, se precisar de grana, peça pra eu te dar, e te dou tudo o que tenho. Não que eu tenha economias.

Haruhiro piscou. — Você não tem?

— É, nada.

— Nem eu — disse Tada, com uma atitude de Por que você tá dizendo uma coisa óbvia, idiota?

— Eu também tô, tipo, quase sem nada, acho? — disse Kikkawa.

— Eu não tenho nada — declarou Mimorin claramente.

— Anna-san tem dinheiro, yeah! Tipo, quinhentos gold?! Hahaha! It’s joker! Eu talvez tenha trinta prata, yeah?

E o Inui, que foi embora para o Reino do Crepúsculo? Haruhiro pensou. Não é da minha conta, acho.

Enquanto Haruhiro lutava para se desvencilhar de Mimorin, seus companheiros, Kuzaku, Mary, Yume e Shihoru, trocavam olhares. Todos pareciam perplexos demais para fazer qualquer coisa.

Os Tokkis. Essas pessoas eram ainda piores do que eles pensavam. Com o quão ridículos eram, era um milagre que tivessem sobrevivido até agora. E o pior, pareciam estar se divertindo mais do que qualquer um.

Esse estilo de vida era viável também? Haruhiro não podia aprovar, mas mesmo se alguém rejeitasse o modo de vida deles, os Tokkis provavelmente não se importariam. E, bem, Ranta talvez fosse o mais parecido com eles.

Falando em Ranta, ele estava estranhamente quieto. No momento em que Haruhiro pensou nisso, Ranta saltou em sua direção.

— Haruhirooooooooooooooooooooooooooo!

— Wah! — gritou Haruhiro.

Ele não sabia o que tinha deixado Ranta tão maluco, mas Ranta estava pressionando a ponta da Lightning Sword Dolphin contra a bochecha de Haruhiro. Estava perfurando um pouco.

— O q-quê você tá fazendo? Tá me furando… Hã?

— Eu sabia que não era imaginação minha… — Ranta jogou a Lightning Sword Dolphin no chão e começou a se arrastar. Ele não parecia estar se desculpando com Haruhiro. Devia estar deprimido. — Droga… Isso é terrível… Sério… Sério… Sério… Sério…

— O-O que houve? — perguntou Haruhiro.

— Tá tudo bem. — Mimorin ainda não soltava Haruhiro.

— Nada… — Ranta socou o chão. — Minha Lightning Sword Dolphin! O efeitoooo de choque dela se foooi! No caminho de volta, quando bati em um cultista, achei que tinha notado algo estranhooo…

— Uau. — Kikkawa pegou a Lightning Sword Dolphin e tocou na lâmina. — Você acha que, tipo, sabe? Tinha um número limitado de cargas, ou algo assim?

— Isso não é o que me prometeraaaaaam! — lamentou Ranta. — Eu só joguei fora a Betrayer porque consegui a Lightning Sword Dolphin! Agora isso nem é mais a Lightning Sword Dolphin!

— Tô vendo — Yume olhou para ele como se dissesse: Bem feito. — Eu te avisei que era desperdício. É por fazer essas coisas desperdiçadas que essas coisas acontecem com você, não acha?

— Cala a boca! Cala a boca! Cala a boca! — gritou Ranta. — Haruhiroooo! Seu desgraçado! O que você vai fazer sobre isso?! Como você vai compensar isso pra miiiiim?!

— Não é problema meu — disse Haruhiro. — Não importa como eu olhe, isso não é culpa minha.

— Bem, sabe? — Tokimune deu um tapinha nas costas de Ranta. — Apenas desista e tente esquecer, tá?

— Como eu poderia esqueceeeeeer! Eu perdi a Betrayer enquanto salvava vocês, então, basicamente, é tudo culpa de vocêêêêêêês! — gritou Ranta.

— Hahaha! — Tokimune riu. — Você poderia dizer isso, hein. Bem, vamos procurar outra. Uma arma boa. Que tal?

— Ooooooooooooh—essa não é uma má ideia, hein? — Ranta berrou, empolgado.

— Não aguento mais — Shihoru murmurou para si mesma.

Mary concordava com a cabeça. Kuzaku não disse nada, mas quase certamente concordava também.

— A propósito — disse Mimorin, finalmente soltando Haruhiro.

Mimorin levantou Haruhiro e o colocou sentado em frente a ela, em uma posição formal, de joelhos, com a expressão inalterada. Eles estavam cara a cara, e Mimorin olhava para baixo, diretamente para ele.

— Haruhiro — ela disse.

— Sim?

— Haruhiro, você não é lamentável. O jeito como você não é lamentável e tenta tanto… é fofo.

— Entendo — ele respondeu.

Hein? Por que será que estou com vontade de sorrir?

Haruhiro estava… feliz? Pelo jeito, sim. Não ser lamentável. Não era exatamente um grande elogio, mas talvez justamente por ser tão moderado, ele conseguiu aceitar com mais facilidade e se sentir bem com isso.

— Você acha? Bem… Obrigado.

— Eu…

— Sim?

— Eu quero te criar—

Ela ia dizer “te criar como um bichinho de estimação?! Haruhiro pensou.

Mimorin limpou a garganta e se corrigiu.

— Eu quero sair com você. Por favor, namore comigo.

Haruhiro abaixou a cabeça lentamente.

Estou feliz, Mimorin. Estou realmente feliz. Feliz por você ter me dado esse reconhecimento, ainda que moderado. Mas isso e aquilo são coisas diferentes.

Haruhiro não era exatamente decidido, mas ele conseguia dizer o que precisava. Conseguia falar com clareza.

— Desculpa.

 

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|