Depois de rejeitar seus “sentimentos”.
Abaixando a cabeça, ela começou a correr e saiu dali.
Imediatamente tentei persegui-la, mas não consegui.
Enquanto recusei o sentimento de uma pessoa, tentei impedi-la. Que irracional, cruel e contraditório. Não tenho qualificações para isso, a voz em meu coração me insultou magnificamente.
O céu gemeu como se lamentasse.
A chuva começou a cair.
Como as gotas de água atingiram todo o meu corpo, eu não dei um único passo daquele lugar.
“…Eu deveria ir …para Ryuu-san e as outras …para onde elas estão …Aizu-san e as outras…”
Eu não sabia o que tinha que fazer.
Resmungando delirante, finalmente parti.
Completamente encharcado, enquanto arrastava de forma irracional meu corpo que parecia derreter e desaparecer na chuva.
E então, cheguei ao local onde me separei de Ryuu-san e das outras que pararam a <Familia Freya>, o segundo distrito no lado nordeste da cidade.
— Bell Cranel, você está bem! Não conseguimos conter <Vana Freya> e os outros e ficamos preocupados…
— Todo mundo, elas ficaram feridas, não pudemos persegui-los… Sinto muito.
De pé sob a borda de uma casa em ruínas, Asfi-san e Aizu-san me notaram, além disso Ryuu-san e as outras estavam recebendo tratamento de Kami-sama e Hermes-sama.
Runoa-san e Chloe-san perderam a consciência em seus uniformes de bar cobertas de sangue, Anya-san abaixou a cabeça como se seu eu usual fosse uma mentira e estava sentada como uma concha na alma.
— Bell… E Syr!?
Pressionado por Ryuu-san que, embora estivesse ferida, era a única que podia falar.
— …Syr-san…está tudo bem. … A <Familia Freya > também, já se foram.
Eu só poderia responder isso.
Fora disso, eu não tinha como responder.
Na verdade, aquela Syr-san era uma farsa.
Eu machuquei a verdadeira Syr-san.
Como devo explicar isso a ela?
Agora, eu não tenho a capacidade de explicar tudo para ela.
— … Bell? O que aconteceu?
Aizu-san gentilmente estendeu a mão para mim, que estava parado sem se mexer.
Estremeci ao ver seus dedos tentando aquecer minha bochecha, fria e molhada pelos muitos pingos de chuva.
Exagerando, eu recuei.
— Bell…?
Mesmo que não houvesse nada para me sentir culpado, eu não conseguia olhar para o rosto de Aizu-san.
Não, não foi assim. Eu não queria que aqueles olhos dourados me vissem.
Eu não queria ser tocado, pela existência que ansiava.
Ao ansiar demais por um desejo (você), o bastardo estúpido e honesto (Bell Cranel) feriu alguém importante.
Aizu-san arregalou os olhos em confusão.
— Bell-kun…
Olhando para mim daquele jeito, Kami-sama não disse nada.
Ou possivelmente, seus olhos divinos viram através do coração dessa criança tola e entenderam tudo?
— … Quer seja pouco ou muito, todos se machucam. Além disso, vamos nos abrigar da chuva antes de pegarmos um resfriado, deixar Ryuu-chan e as outras descansarem.
Hermes-sama também fez essa proposta sem insinuar nada.
Carregando Ryuu-san e as outras, deixamos as ruas chuvosas para trás.
Isso foi ontem.
× × ×
— …..
A manhã do terceiro dia do “Festival da Deusa”.
A chuva que caíra como um mar de lágrimas havia parado. Em vez disso, nuvens cor de cinza agora cobriam o céu.
Eu estava olhando para aquele céu nublado sem realmente olhar para ele do corredor da <Mansão>.
Depois de carregar o Ryuu-san ferida e as outras para a <Senhora da Abundância>, voltamos para nossa sede imediatamente junto com Welf e os outros que estavam trabalhando no bar substituindo Anya-san e as outras.
Vendo as figuras de Anya-san e das outras que estávamos carregando, a dona Mia-san fez uma expressão assustadoramente séria. Ouvindo toda a história da boca de Hermes-sama – o <ataque da Familia Freya> – ela torceu o rosto e parecia estar pensando em algo.
… É inútil. Eu não consigo pensar em nada.
Do corredor que levava ao pátio da mansão, o céu parecia estreito, embora olhando para cima.
Apesar do que eu deveria pensar, meu coração e meu corpo estavam pesados como chumbo.
Escolhendo, rejeitando, mesmo que eu machuque essa pessoa, eu me machuco, mesmo que não deva me qualificar para isso.
Mas aquela expressão dela que eu vi no final estava gravada no fundo dos meus olhos.
— Bell.
— …Ryuu-san?
Voltando-se para a voz que me chamava, lá estava Ryuu-san vestinda com seu uniforme de bar.
— … Seus ferimentos estão bem?
Por que está aqui?
Por que você aparece na minha frente?
Meus lábios inconscientemente evitavam essas perguntas.
— Sim… <Dáinsleif> que estava lutando comigo parecia estar se segurando e não infligiu uma ferida mortal em mim.
No entanto, o dano causado por ser cortada por sua Arma Amaldiçoada vai demorar um pouco para cicatrizar…
Parece que Ryuu-san lutou contra Hogni-san assim como eu.
Talvez porque suas feridas ainda não estivessem fechadas, ela franziu a testa como se suportasse a dor quando colocou o peito sobre o uniforme.
No entanto, isso também foi apenas por um pequeno instante.
Erguendo o rosto, seus olhos de fada me perfuraram.
— Bell. Ontem, o que aconteceu?
— …
— Não é que eu não acredite em você. Mas como você sabe que Syr está segura? Em primeiro lugar, para onde diabos Syr foi? E mais do que tudo, por que a Familia Freya estava perseguindo ela…!?
Ryuu-san fez uma pergunta após a outra, o que foi extremamente natural.
Não lhe expliquei direito o que aconteceu depois que nos separamos dela e das outras, pois não tinha conseguido ordenar meu próprio coração. E para ser honesto, mesmo agora eu era o mesmo.
Mas… eu não conseguia mais ficar em silêncio.
Enquanto pensava desesperadamente no que deveria dizer a ela, comecei a explicar com grande dificuldade.
O fato da Familia Freya não ter como alvo Syr-san.
— A “pessoa idêntica a Syr-san que Ryuu-san e as outras viram não era Syr-san.
— Uma falsa Syr…!?
No meio do caminho, Ryuu-san ficou chocada várias vezes, mas ela me emprestou sua orelha até o final sem interferir.
E então eu a informei sobre isso.
— Syr-san… ela me pediu em ‘namoro’ …e eu …a rejeitei…
— O que?
Como se congelado, o tempo de Ryuu-san parou por um momento.
Esquecendo-se de respirar, ela ficou parada e, no momento seguinte, agarrou meus ombros.
— Porque!?
Meus tímpanos tremeram.
O eco agudo e penetrante atingiu todo o meu corpo.
Aquela voz alta, era tão alta e violenta quanto qualquer coisa que eu tinha ouvido até agora.
Muito surpreso, minha cabeça ficou em branco e Ryuu-san me perguntou com veemência.
— Por que você a rejeitou!? Os sentimentos de Syr! Sua determinação!
— …!!
— Você! Sim é você!! Você não deveria fazer isso…!
— …
— Então, todo mundo… eu também…
Sua voz agitada aos poucos perdeu o ímpeto e finalmente se tornou tão pequena e efêmera que quase desapareceu.
Seus olhos azuis celestes me refletiam como se me culpassem, ou possivelmente como se estivessem agarrados a mim.
Cara a cara a uma distância onde eu poderia tocar seus lábios se quisesse, se fôssemos vistos de lado, pareceríamos amantes – ou possivelmente como um casal antes de nos separarmos.
Seus dedos delicados cavaram em meus ombros.
Cerrei os dentes, resistindo desesperadamente à vontade de abaixar o rosto, e espremi uma resposta.
— Existe, uma pessoa que eu desejo… eu sempre, sempre observei essa pessoa…
— …!!
— Quero alcançá-la… e quando chegar a ela, quero transmitir-lhe meus sentimentos. Portanto, não posso aceitar… os sentimentos de Syr-san.
Não importa o quão doloroso fosse, era algo que eu tinha que dizer a ela.
As mãos da chocada Ryuu-san perderam a força e caíram de meus ombros.
O silêncio encheu o lugar.
Eu abri a boca várias vezes.
Mas enquanto eu enterrava em muitos túmulos as palavras que nunca se tornaram uma voz, sob seu olhar.
— … É óbvio. Por que não pensei nisso? Assim como Syr tem sentimentos por você, é natural que você tenha sentimentos por alguém… não é nada estranho…
As palavras que vazaram de seus lábios ligeiramente trêmulos não estavam me criticando.
Em vez disso, elas mostraram compreensão e me apoiaram, como se não houvesse nada de errado.
Isso foi excessivamente doloroso.
— … Sinto muito. Fiquei chateada. Eu não pensei… sobre seus sentimentos…
Eu não poderia responder nada.
Ryuu-san estreitou os olhos e franziu a testa dolorosamente, segurando o peito com as duas mãos como se reprimisse uma onda violenta de emoções.
Ambos os olhares caíram no chão. Estávamos apenas nós dois no corredor que havia retomado sua tranquilidade.
Os ponteiros do relógio moveram-se deixando-nos para trás.
Quem quebrou aquele longo impasse, como esperado, foi Ryuu-san.
— Bell… Eu, eu vou encontrar Syr.
— …
— Normalmente, esse seria o horário em que ela viria ao bar. Ainda assim, ela não veio. Algo provavelmente aconteceu. É por isso… Vou procurá-la.
Você não sabe sobre a residência de Syr-san. Seria o mesmo que procurá-la aleatoriamente.
Mesmo se eu disser isso a ela, a vontade de Ryuu-san não será abalada.
Virando apenas o rosto para o lado, como se procurasse a figura de alguém importante, ela olhou para o céu cinza coberto de nuvens.
— O que você fará?
Ryuu-san voltou seu olhar em minha direção e depois de hesitar algumas vezes, ela me perguntou com uma voz rouca.
Eu certamente deveria me preocupar com isso.
Pensando em Syr-san, tive que me mover com cuidado.
Se não o fizesse, iria machucá-la novamente.
Mesmo assim, torci a cara como uma idiota e respondi.
— Eu também… irei.
× × ×
As ruas estavam envoltas em alvoroço.
Infelizmente o céu estava nublado, mas cada uma das ruas principais mostrava atividade.
Em seu centro tentando aproveitar o último dia do “Festival da Deusa”. Como o nome “Festa da Abundância” indica, trigo, legumes, frutas e vários tipos de colheitas também encantam os olhos das pessoas hoje.
— Sendo o terceiro dia, parece que finalmente vamos poder curtir o festival, né?
Olhando para aquela cena de lado, Lilly murmurou em um acesso de raiva.
Ao lado dela Welf, Mikoto e Haruhime que a acompanhavam, devolveram um sorriso irônico.
Até ontem, a <Familia Hestia> estava sendo pressionada por seu trabalho de meio período na <Senhora da Abundância>. Mais do que por causa de Syr que estava de folga, eles estavam trabalhando dias consecutivos sem tempo para descansar para cobrir a lacuna deixada por Anya e as outras. Depois de ser liberada daquele trabalho árduo, mais severo que uma exploração na Masmorra, pode-se dizer que foi inevitável soltar um suspiro pesado, mesmo que fosse outra pessoa que não Lilly.
Mia também não era demoníaca o suficiente para fazê-los trabalhar até o último dia do festival – ela não deveria ser.
— Anya-sama e as outras voltaram, mas… elas estavam todos feridas, certo?
— … Sim. Naquele estado, não acho que elas possam trabalhar muito.
Ao responder às palavras de Haruhime, Lilly franziu a testa.
A razão oficial pela qual Lilly e as outras foram libertadas foi porque Anya e as outras voltaram, mas realmente não era hora de fazer negócios.
— Quem atacou Anya-sama e as outras foi a <Familia Freya> e Bell-sama também estava envolvido…
— Parece que Syr-dono também não voltou ao bar. Bell-dono foi procurá-la junto com Ryuu-dono, que veio à mansão mais cedo…
Ao retornar um aceno para Lilly, Mikoto falou.
Quando perguntaram a Hestia e Bell o que havia acontecido no dia anterior, mesmo tendo recebido um resumo, sua articulação foi ruim. Especialmente a de Bell, que parecia ter dificuldade em falar. Era difícil pensar que nada havia acontecido.
Eles deixaram Ryuu entrar na mansão e silenciosamente concordaram em deixá-la sair com Bell, mas Lilly, Haruhime e Mikoto tinham expressões preocupadas.
— Ei, não vamos procurar aquela garçonete também?
Welf, que havia permanecido em silêncio até agora, abriu a boca.
Reunindo os olhares de Lilly e das outras, ele deu sua opinião.
— Bell à parte, também estivemos sob seus cuidados várias vezes. Incluindo aquela mulher e também o bar. … Além disso, há algo que me preocupa.
Welf, diferente de Lilly e das outras, havia adivinhado o motivo pelo qual o menino, que era igual ao irmão mais novo, estava de mau humor. Foi ele mesmo quem propôs a Bell que esclarecesse a situação como um homem.
Assim como as partes envolvidas, ele também sentiu uma certa culpa na consciência.
No entanto, além disso, o fato da Família Freya ter se envolvido o prendeu.
Ele pensou em quem Syr poderia ser, mas estava vacilando entre a dúvida e o medo.
— …Agora não parece que podemos aproveitar o festival apenas com Lilly e vocês, hein?
Sim, também penso o mesmo. Sinto muito que você estava se divertindo, Haruhime-dono, mas…
— Não, está tudo bem, Mikoto-sama. Afinal, poderemos ouvir a orquestra do festival no próximo ano.
Lilly e Mikoto assentiram, e Haruhime, que estava trancada no Distrito do Prazer até agora, também sorriu e deu sua aprovação.
— Desculpe, meninas. …Tudo bem, vamos tentar perguntar honestamente primeiro?
Welf e as outras começaram a se mover pelas ruas movimentadas, procurando por alguém que tivesse visto a garota de cabelos grisalhos.
Notas: Salve pessoal, começando mais um volume.
Esse Volume é bem grande, mas só tem 5 capítulos, cada capítulo vai ser dividido em 4 partes, em cada semana 1 capítulo vai ser feito.
Algumas pessoa falaram no Discord que Hedim ‘a mestre de Bell’ é homem, sim eu sei disso, mas na tradução estava como mulher pq era na perspectiva de Bell.
Na capa desse volume 17 estão os Cavaleiros Branco e Negro, Hogni Ragnar e Hedin Selland, Hogni é o que deu uma ‘espadada’ no peito de Ryuu no volume anterior, e Hedin ‘a mestre de Bell’.
Abaixo tem uma imagem do ‘Elfo’ Hedin. (Nessa capa do Vol 17 ele parece homem msm.)