Capítulo 20
Mãe (1)
— Mãe, estou de volta — Gi-Gyu cumprimentou sua mãe.
— Aí está você, Gi-Gyu! Já faz tanto tempo desde a última vez que te vi, meu filho — a mãe dele
respondeu alegremente.
— Me desculpe, não tenho vindo com muita frequência — Gi-Gyu se desculpou.
— Não diga isso. Você deve estar muito ocupado com seu trabalho, então estou grata por estar me visitando agora — sua mãe o tranquilizou. Ela não podia virar o pescoço por causa de sua condição, então estava olhando para o teto enquanto falava com ele.
— Por que ainda não está dormindo? — Gi-Gyu perguntou. Era tarde da noite, então esperava que ela estivesse dormindo, mas ainda estava bem acordada. Sua mãe respondeu: — Eu não consegui… dormir. Mas Yoo-Jung está dormindo, então não a acorde.
— Tudo bem.
Gi-Gyu já tinha visto Yoo-Jung dormindo em um sofá próximo, então o aviso de sua mãe foi mais um lembrete para ele. O cobertor de Yoo-Jung caiu no chão enquanto dormia, então Gi-Gyu o pegou e a cobriu. Então, ele começou a massagear as pernas de sua mãe e perguntou: — Como está se sentindo?
— Estou bem, graças ao meu filho — sua mãe respondeu rapidamente.
— Você sempre diz que está bem. Vou falar com seu médico amanhã de manhã e ouvir a verdade da boca dele. Então, tem certeza que está bem?
— É claro. Estou vivendo uma vida tão luxuosa, tudo graças ao meu filho, não é? Mas Gi-Gyu, estou bem em ficar na enfermaria conjunta em vez dessa chique privada. Essa deve ser cara — sua mãe disse hesitante.
— Por favor, não diga isso — Gi-Gyu respondeu. Parecia que sua mãe estava um pouco preocupada com o preço do quarto privado. Então, ele a tranquilizou: — Ganhei muito dinheiro recentemente, então, por favor, não se preocupe, mãe. Tudo o que precisa fazer é se concentrar em melhorar.
— Mas não posso deixar de me preocupar em sobrecarregar você, Gi-Gyu — respondeu sua mãe. A resposta dele foi continuar massageando seus braços silenciosamente.
Toc toc
Nesse momento, alguém bateu na porta. Gi-Gyu abriu o sorriso e disse em voz alta: — Pode entrar, hyung.
— Umm… sinto muito por visitá-la tão tarde da noite. Vim aqui com Gi-Gyu, então achei que seria rude não vir vê-la — disse Tae-Shik para a mãe de Gi-Gyu se desculpando.
— Bem-vindo — a mãe de Gi-Gyu cumprimentou Tae-Shik, que estava corando e tossindo, sem jeito. Isso acordou Yoo-Jung, que cumprimentou Tae-Shik: — Tio! Seja bem-vindo!
— Yoo-Jung! Te acordei? Sinto muito. Você deveria voltar a dormir — Tae-Shik se desculpou.
— Tá tudo bem. Tenho prova amanhã, então preciso estudar, de qualquer maneira — Yoo-Jung respondeu com um sorriso. Tae-Shik tossiu de forma deselegante novamente e colocou a cesta de frutas sobre a mesa. Ele explicou: — Comprei algumas frutas para você. Por favor, aproveite-as com Yoo-Jung.
— Ah, não precisava. Já estamos muito gratas por tudo que fez por nós. Não precisa trazer nada quando me visitar — a mãe de Gi-Gyu respondeu calmamente.
Feliz por ver Tae-Shik e sua mãe conversando agradavelmente, Gi-Gyu anunciou: — Já vou voltar, então vocês dois tenham uma boa conversa. — Gi-Gyu queria ter uma conversa privada com sua irmã, então levou Yoo-Jung para a sala de descanso.
Gi-Gyu perguntou: — Como estão seus estudos? Está preparada para as provas?
Gi-Gyu era um irmão muito atencioso e comprometido. Ele se mantinha bem-informado sobre o horário escolar de Yoo-Jung. Ela dava o seu melhor para não sobrecarregar seu irmão com essas coisas, mas Gi-Gyu não pôde deixar de se preocupar com sua irmã.
— Tá indo tudo bem… — Yoo-Jung respondeu fracamente.
— Não precisa se sentir pressionada em tirar boas notas. Tudo que quero é que viva sua vida do jeito que quer. Sempre mantenha o que eu disse naquela época em sua mente, tá?
— Sim… Tá bom. — Yoo-Jung assentiu enquanto esfregava os olhos sonolenta.
Só então, uma mulher idosa apareceu do nada e perguntou a Gi-Gyu: — Você é o irmão mais velho de Yoo-Jung?
— Perdão? — Gi-Gyu perguntou em confusão.
— Vovó! Ainda não foi para a cama? — Surpresa, Yoo-Jung perguntou, aparentemente familiarizada com a estranha. A mulher idosa explicou: — Não conseguia dormir, então estava andando quando ouvi sua voz, Yoo-Jung.
Então, a mulher mais velha de repente segurou as mãos dele com força, mas ele não se afastou; em vez disso, Gi-Gyu gentilmente segurou suas mãos em troca. Com os olhos cheios de calor, a mulher idosa disse: — Tenho me perguntado como Yoo-Jung foi criada para ser uma jovem tão íntegra. Agora, posso ver que é tudo graças a você, meu jovem. Você tem uma boa energia.
— Obrigado — Gi-Gyu agradeceu enquanto olhava para Yoo-Jung. Quando ele deu a sua irmã um olhar curioso, Yoo-Jung coçou a cabeça e explicou: — Eu a encontrei desmaiada no jardim do hospital, então…
— Meu Deus, isso não é verdade. Você fez muito mais que isso! Graças ao raciocínio rápido de Yoo-Jung, a vida dessa velha foi estendida um pouco mais — explicou a idosa agradecida.
— Bom trabalho, Yoo-Jung. Estou tão orgulhoso de você — Gi-Gyu disse para a irmã com um sorriso fraterno.
— Sim, você deveria estar orgulhoso dela, jovem. Yoo-Jung se gabou tanto de seu irmão mais velho que sinto que já te conheço — a mulher mais velha disse a Gi-Gyu intimamente. Gi-Gyu estava realmente orgulhoso de sua irmã por crescer e ser uma jovem tão gentil. Ver uma estranha agradecendo a ela fez Gi-Gyu acreditar que todas as dificuldades que ele passou no passado valeram a pena.
A mulher idosa virou-se para Gi-Gyu e murmurou: — Meu jovem…
— Sim, vovó — Gi-Gyu respondeu respeitosamente.
— Posso ver muitas energias colidindo ao seu redor. Por favor, não se perca e tenha cuidado. Espero que supere todas as dificuldades que está prestes a enfrentar no futuro — continuou a mulher.
— Hm? Vovó? — Gi-Gyu perguntou confuso, incapaz de entender o que a idosa estava falando. Antes mesmo que pudesse pedir uma explicação, a mulher idosa de alguma forma o deixou para trás. Teria sido rude exigir uma resposta da senhora idosa a esta hora, então ele decidiu perguntar mais tarde se tivesse uma chance.
Gi-Gyu e Yoo-Jung conversaram por mais alguns minutos antes de voltarem para ver sua mãe. Depois, ele voltou para a sala de descanso para dormir.
***
— Hyung, ainda está aqui? — Gi-Gyu perguntou a Tae-Shik quando acordou com um barulho alto. Ele notou Tae-Shik sentado na frente dele, cochilando. Tae-Shik também acordou e respondeu: — Como eu poderia ir embora depois do que me contou sobre o portal? Vamos primeiro conversar com o médico da sua mãe sobre a condição dela agora de manhã. Então, você vai vir para a associação comigo e vamos falar sobre o portal lá.
Gi-Gyu se encolheu e perguntou: — Você vai informar isso para a associação?
— O quê? Acha que sou um idiota? Nunca faria algo assim. Só precisamos de um lugar tranquilo para conversar, só isso — respondeu Tae-Shik, irritado.
— Tudo bem — Gi-Gyu assentiu em compreensão. Como o escritório de Tae-Shik tinha uma barreira forte, ele deve ter pensado que seria mais seguro conversar lá. Alguns itens poderiam neutralizar tais barreiras, mas a que havia no escritório de Tae-Shik foi criada por um jogador de suporte. Isso significava que era mais forte do que a maioria, portanto, mais segura.
Gi-Gyu estava indo em direção ao quarto de hospital de sua mãe quando alguém o chamou por trás: — Você é o guardião da paciente Lee Su-Jin, certo?
— Ah, sim — Gi-Gyu respondeu. Quando se virou, viu um médico de jaleco branco atrás dele. O médico perguntou: — Podemos conversar um momento em particular?
— Claro — Gi-Gyu respondeu imediatamente.
— Posso me juntar a vocês? — Quando Tae-Shik perguntou ao médico, o médico pediu permissão a Gi-Gyu, que assentiu sem hesitar.
Em vez de irem ao quarto da mãe de Gi-Gyu ou ao seu próprio escritório, o médico os levou a um banco do jardim do lado de fora do prédio do hospital. Gi-Gyu achou isso estranho, mas seguiu sem dizer uma palavra. Tae-Shik, por outro lado, parecia muito preocupado por algum motivo. Os três sentaram-se juntos no banco.
O médico perguntou a Gi-Gyu e Tae-Shik: — Gostariam de beber alguma coisa?
Gi-Gyu balançou a cabeça e Tae-Shik perguntou: — É alguma má notícia?
Quando o médico se encolheu visivelmente, Tae-Shik explicou: — Já estive em muitos hospitais antes. Meus pais também faleceram dentro de um hospital, então sei o que fazer.
— Ah, entendo — respondeu o médico. Ao ouvir o tom preocupado de Tae-Shik, Gi-Gyu também ficou tenso. Ele perguntou ao médico: — Há… Há algum problema com minha mãe?
— Erm… Sim — o médico respondeu hesitante. Ele estava planejando começar com uma conversa banal antes de trazer lentamente o tópico principal, mas por causa de Tae-Shik, parecia que tinha que ir direto ao ponto. Percebendo o que o médico estava tentando fazer, Gi-Gyu ofereceu: — Eu preferiria se me dissesse de uma vez. Tae-Shik hyung provavelmente sabia disso, e foi por isso que disse aquilo.
Gi-Gyu explicou ao médico o que Tae-Shik estava tentando fazer. Percebendo que não tinha escolha, o médico assentiu e respondeu: — Certo. — O médico agora parecia mais relaxado e menos sobrecarregado enquanto continuava: — Sua mãe está em estado grave. Ela se recusa a mostrar, mas a paralisia completa do corpo danificou gravemente seus músculos. Seu corpo também está tendo dificuldade em absorver todos os nutrientes. Todas as complicações relacionadas à paralisia progrediram significativamente. Posso ver que você tem tentado o seu melhor para cuidar dela, mas infelizmente, é tarde demais. Nosso hospital está fazendo o melhor que pode, mas nesse ritmo…
— Quanto tempo? Quanto tempo ela tem? — Gi-Gyu perguntou sem rodeios.
— Entre três meses e um ano — o médico murmurou. De repente, algo ridiculamente pesado começou a pressionar o peito de Gi-Gyu. O médico continuou: — Há mais. Encontramos outro problema enquanto examinávamos a lesão na coluna dela. Para ser honesto, ainda não conseguimos descobrir a origem desse problema. E até acredito que a questão principal é completamente outra; a paralisia e esse adendo só são efeitos colaterais.
— O que é?! Por favor, só me diga de forma clara! — Gi-Gyu gritou, mas os outros pacientes e transeuntes no jardim não prestaram atenção nele. Afinal, uma cena como essa era muito comum no ambiente hospitalar.
O médico olhou para ele sem jeito enquanto Tae-Shik segurou o ombro de Gi-Gyu para detê-lo. Todos aqui, incluindo Gi-Gyu, sabiam que o médico estava fazendo o seu melhor, mas às vezes isso não era suficiente. O médico respondeu: — Não sei. Eu sinto muito.
— Haa… — Gi-Gyu suspirou em desespero enquanto as lágrimas escorriam por seus olhos. Gi-Gyu não estava em condições de fazer perguntas racionais, então Tae-Shik pegou o leme e perguntou: — Tudo bem. Agora, há alguma coisa que você possa fazer?
— Em uma situação como essa, só há uma solução. — Quando o médico respondeu, Tae-Shik murmurou em compreensão: — Elixir…
O médico concordou: — Sim. Só um elixir pode salvar a paciente Lee Su-Jin.
***
“Não exagere.”
-Mestre…-
Gi-Gyu não respondeu aos murmúrios preocupados de Lou e El. Em vez disso, ele continuou a os balançar violentamente. Um grande minotauro não conseguiu desviar de Lou e El e caiu em três pedaços. Seu cadáver desapareceu em poucos segundos, deixando um único cristal em seu lugar.
“Você precisa se controlar!”
Lou gritou, mas Gi-Gyu o ignorou novamente e saiu em busca de outro minotauro para caçar. Perto dali, avistou outro monstro vagando com um machado na mão. Normalmente, Gi-Gyu teria se aproximado com cautela, já que seu método de caça preferido era um ataque surpresa. Mas, as coisas eram diferentes agora. Como um cavalo indomado, ele correu em direção ao monstro e girou Lou para baixo.
Dun!
O minotauro o avistou e bloqueou Lou com seu machado. Gi-Gyu balançou El com a outra mão, mas o monstro deu um passo rápido para trás e rugiu: — Moarrrrrr!!!!!!
Da, da, da, da, da…
De repente, o chão começou a tremer quando sons de trovão ecoaram por toda a floresta arborizada.
“Desse jeito, todos vamos morrer! Não tá vendo um monte de minotauros vindo em nossa direção?”
Ao lutar contra um minotauro, era necessário cortar seu pescoço ou usar magia do silêncio para impedi-lo de gritar alto. Seus gritos tinham o efeito de atrair todos os minotauros próximos. Era muito parecido com como os lobos uivavam para reunir sua espécie.
Normalmente, Gi-Gyu teria seguido essa estratégia à risca, mas agora, ele estava caçando como se algo desconhecido o tivesse possuído.
Dun! Dun! Dun!
A essa altura, os tremores de terra estavam mais fortes do que nunca. O minotauro que Gi-Gyu estava lutando agora já estava morto, deixando outro cristal para trás. Mas quando Gi-Gyu olhou para cima, ele estava cercado por dezenas de minotauros furiosos.
— Moar!
— Moarrr!
— Moarrrrr!
Os minotauros começaram a rugir novamente, mas seus gritos não pareceram preocupar Gi-Gyu, que murmurou: — Que barulheira…
Ele chutou o chão mais uma vez e balançou Lou e El. As duas espadas, embora mergulhadas a uma velocidade incrível, foram bloqueadas pelos machados dos dois minotauros.
— Moarrrr!
Slam!
Gi-Gyu ficou temporariamente no ar quando outro minotauro avançou em sua direção. O monstro deu uma cabeçada em Gi-Gyu, o fazendo grunhir: — Ugh!
Um dos chifres do minotauro atingiu Brunheart, salvando Gi-Gyu de um torso mutilado; o outro chifre deixou um corte gigante em seu desprotegido braço direito. O sangue do ferimento derramou em sua fina camisa branca, a deixando lentamente vermelha. Gi-Gyu caiu de joelhos e vomitou uma grande quantidade de sangue. Ele rapidamente abriu sua bolsa e bebeu uma poção.
— Moar!
Vários minotauros tentaram atacar Gi-Gyu com seus machados, mas cometeram o erro de atacar simultaneamente. Consequentemente, todos os machados se enroscaram antes que pudessem atingir Gi-Gyu. Quanto aos poucos selecionados que não se envolveram, eles atingiram o local onde Gi-Gyu estava ajoelhado antes de escapar.
“Seu maluco desgraçado! Você vai morrer!”
Lou gritou de novo, mas Gi-Gyu desamarrou sua bolsa e tirou uma bomba de fumaça sem dar trela para seu Ego. Ele a jogou em direção ao Minotauro, e então ocorreu um massacre frenético. De dentro da fumaça preta, só os gritos dos minotauros e os ruídos de metais colidindo uns com os outros soaram.
Além disso, se podia ver Lou e El piscando ameaçadoramente de vez em quando.
***
— Haa… Haa… — Gi-Gyu ofegou alto. Já fazia duas semanas desde que visitou sua mãe no hospital. Desde então, não voltou para vê-la; em vez disso, passou todos os momentos de vigília e sono na Torre. Ele estava agora no 19º andar. O andar seguinte era onde ele tinha que fazer o terceiro teste.
Gi-Gyu havia matado inúmeros monstros enquanto avançada para este andar. Consequentemente, as habilidades de seus Egos aumentaram significativamente. Eles não ganharam novas habilidades ou alterações adicionais em suas telas de status, mas o aumento geral de nível em suas habilidades foi surpreendente.
Gi-Gyu estava ficando mais forte a uma velocidade incrível, mas a dor que sentia por dentro era ainda maior. Parecia que ele tinha um buraco voraz no peito, e tudo começou no dia em que teve aquela conversa devastadora com o médico de sua mãe. Depois de ofegar como um cachorro por um tempo, Gi-Gyu finalmente acalmou sua respiração e se sentou no chão em silêncio.
“Você finalmente se acalmou? Seu idiota maluco.”
-Mestre, você está bem agora?-
— Desculpe por ter deixado vocês dois preocupados. — Gi-Gyu murmurou e se deitou no chão. Ele sussurrou: — O que faço agora?
Um elixir não era algo que nem o poderia pudesse comprar. Mas com certeza não era algo que Gi-Gyu conseguiria pagar com o que tinha, mesmo que estivesse à venda. Mesmo o jogador mais forte não poderia comprar um elixir. As pessoas gostavam de dizer que um elixir só era dado para aqueles que eram escolhidos por Deus.
Gi-Gyu estava deitado no chão em algum lugar do 19º andar, cercado por mais de cinquenta cristais azuis-marinhos.