Capítulo 154
O Selo (2)
Lim Hye-Sook cruzou as pernas e sorriu, brilhando com uma beleza sedutora. Quem acreditaria que ela era uma velha enrugada um segundo atrás?
— Seu pai, Cronos…
Gi-Gyu a interrompeu: — Por favor, espere.
— O que é? — A voz de Lim Hye-Sook ficou um pouco fria. Ela estava com raiva porque Gi-Gyu a interrompeu? Ou ela percebeu o que Gi-Gyu estava pensando?
Agindo curioso, ele perguntou: — Como você mudou sua aparência assim?—
O rosto de Lim Hye-Sook se enrugou em uma carranca feia. Ela entendeu o que ele estava tentando fazer. — Você está com medo. Não quer ouvir sobre seu pai, certo?
Gi-Gyu não negou sua acusação, e sua carranca desapareceu logo. Ele estava realmente curioso sobre sua troca de aparência instantânea, mas também sabia que isso não era prioridade agora. A razão pela qual ele fez uma pergunta tão boba para interrompê-la foi…
‘Me lembro muito claramente.’ Ele se lembrava de como seu pai olhou para ele como se fosse ontem. Foi também por isso que ele nunca perguntou à mãe sobre o pai. Ele se ressentia de seu pai por abandonar sua família. Honestamente, Tae-Shik era mais um pai para Gi-Gyu do que Kim Se-Jin. Então, Gi-Gyu aceitou Tae-Shik como um pretendente em potencial para sua mãe.
Gi-Gyu olhou para o relógio, a única coisa que seu pai deixou para ele.
‘Mas ele ainda é meu pai…’
Seu pai o amava? Este pensamento, ou esperança, foi a única razão pela qual Gi-Gyu manteve este relógio. Ele pensou que estava pronto para ouvir sobre seu pai, mas talvez tivesse pensado errado. Seu coração batia descontroladamente, e não havia nada que ele pudesse fazer sobre isso.
— Haa… — Lim Hye-Sook suspirou. Ela não parecia mais irritada enquanto falava calmamente: — Entendo como deve se sentir, jovem. Mas, quanto você sabe sobre Kim Se-Jin?
Era estranho ouvir uma bela jovem falar como uma idosa.
Gi-Gyu respondeu: — Não muito.
— Então você não sabe de nada?
— Tudo o que sei é que ele foi um dos precursores e seu nome era Kim Se-Jin. Ele era marido da minha mãe e meu pai. E que morreu em um acidente.
— Hmm… — Lim Hye-Sook descansou o queixo na mão e perguntou: — Tem certeza de que está pronto para ouvir esta história?
Gi-Gyu hesitou.
***
— Haa… — um homem suspirou enquanto estava sentado em um banco perto da sede da ACJ em Gangnam.
Toda a preocupação e ansiedade fizeram Sung-Hoon parecer mais velho do que era. Ele continuou balançando a cabeça enquanto xingava: — Droga.
Ele não pôde deixar de olhar em volta com desconfiança, como se estivesse sendo observado.
— O que devo fazer? — Sung-Hoon parecia dividido por causa do que tinha visto dentro do portal de Gangnam.
‘Ranker Kim Gi-Gyu… A aparência dele era…’ Sung-Hoon contemplou preocupado. Ele já havia relatado o que testemunhou para Tae-Shik. Mas…
— Haa… — Sung-Hoon suspirou novamente enquanto se perguntava em voz alta: — Devo relatar isso ao presidente também?
Ele continuou roendo as unhas. Normalmente, ele não teria que fazer um relatório separado para Oh Tae-Gu depois de se reportar a Oh Tae-Shik. Isso porque fazia parte do dever de Oh Tae-Shik transmitir todas as informações importantes ao presidente. Mas as coisas eram um pouco diferentes sempre que Gi-Gyu estava envolvido. Por alguma razão, Tae-Shik raramente relatava qualquer coisa envolvendo Gi-Gyu para Oh Tae-Gu.
‘E o presidente me deu uma ordem separadamente…’ Sung-Hoon pensou com a testa franzida. Tae-Shik designou Sung-Hoon como secretário de Gi-Gyu, mas Oh Tae-Gu o convocou não muito depois de começar a trabalhar para Gi-Gyu.
Sung-Hoon se lembrava bem da missão secreta que o presidente da ACJ lhe deu.
— Se vir o jogador Kim Gi-Gyu agindo de forma estranha, deve me reportar pessoalmente. — Oh Tae-Gu fez um pedido estranho; na época, Sung-Hoon não pensou demais nisso. Afinal, o presidente deu a ele essa ordem, então Sung-Hoon nem pensou em questioná-lo.
Mas com o passar do tempo, Sung-Hoon aprendeu mais sobre Gi-Gyu e…
‘Ele é perigoso.’ De fato, Gi-Gyu era uma figura ameaçadora. E Sung-Hoon sabia instintivamente que, se contasse ao presidente Oh Tae-Gu sobre o que viu, Gi-Gyu estaria em perigo. Sung-Hoon não sabia o que fazer.
— E se eu contar a ele ou não, nem importa. Ele provavelmente já sabe. — Oh Tae-Gu era o presidente da ACJ, então ele precisava de outras fontes de informação. Este era especialmente o caso, já que muitos jogadores testemunharam o que Gi-Gyu fez dentro do portal de Gangnam.
Então, isso significava que Sung-Hoon não precisava relatar nada?
— Não. — Sung-Hoon sabia muito bem. Se ele não se reportasse ao presidente, teria problemas. Como não relatar era semelhante a desobedecer ao presidente, Sung-Hoon poderia até ficar em perigo. Na melhor das hipóteses, ele seria suspenso ou demitido da associação.
Na pior das hipóteses, ele poderia…
Arrepio.
Sung-Hoon tremeu de medo. O presidente da Associação Coreana de Jogadores era um homem perigoso. Além de ser o presidente da ACJ, ele também era Asura – um alto ranker e chefe do exército secreto da associação, Grigory.
— Haa… — Sung-Hoon precisava tomar sua decisão rapidamente.
***
— Tsk. — Lim Hye-Sook estalou a língua em aborrecimento. Ela ainda estava esperando que Gi-Gyu tomasse sua decisão. Ela pensou que ele a visitou porque estava pronto para ouvir sobre seu pai, mas aparentemente pensou errado.
‘Cronos…’ Lim Hye-Sook pensou com incerteza. Este era o codinome do pai de Gi-Gyu, Kim Se-Jin. As coisas que ela sabia sobre aquele homem eram informações que ela só poderia contar ao jovem diante dela.
Infelizmente, o filho de Cronos, que tinha seu próprio segredo, não estava pronto para ouvir o que ela tinha a dizer. Finalmente, Gi-Gyu abaixou a cabeça e murmurou: — Sinto muito.
Por um lado, Lim Hye-Sook se sentiu frustrada; por outro lado, entendia por que isso era tão difícil para Gi-Gyu. Ele havia sofrido um trauma que envolvia seu pai, então fazia sentido que ele estivesse tendo dificuldades para superá-lo.
— Eu entendo — respondeu Lim Hye-Sook e acenou com a cabeça. — Então por que não falamos sobre outra coisa hoje?
Gi-Gyu olhou para ela em confusão.
Lim Hye-Sook sorriu e continuou: — Você não tem outras coisas sobre as quais está curioso? Não precisamos falar apenas sobre seu pai. Tenho certeza de que tem algumas perguntas para mim.
— Por exemplo… — Lim Hye-Sook sedutoramente cruzou suas longas pernas novamente — Por que vivo parecendo uma velha? Deve estar curioso, certo? Ou talvez queira saber o segredo da minha juventude?
Lim Hye-Sook era uma sedutora. Lou parecia irritado enquanto murmurava:
“Nojenta. Se ela se parece assim, por que se preocupa em parecer tão enrugada? E por que ela se incomodou em mostrar? Tsk. Que mulher burra.”
Gi-Gyu não se importou com o comentário de Lou, pois não se importava com a aparência de Lim Hye-Sook. — Tenho certeza que tem seus próprios segredos que gostaria de manter, conselheira Lim Hye-Sook.
— Hmm… eu só estava brincando. Você levou isso muito a sério.
— Sinto muito — Gi-Gyu se desculpou.
Lim Hye-Sook riu e respondeu: — Bem, não há necessidade de se desculpar.
Era hora de obter algumas informações úteis, então ele perguntou: — O que eu realmente quero saber são as mudanças. Minhas mudanças recentes, para ser exato.
Os olhos de Gi-Gyu não vacilaram quando ele continuou: — E eu também gostaria de saber sobre o selo.
O olhar nítido e claro em seus olhos foi uma mudança abrupta em seu comportamento que surpreendeu Lim Hye-Sook, mas ela não demonstrou.
‘Hm…’ O jogador na frente dela não parecia mais um jovem frágil que não conseguia superar seu trauma.
‘Acho que era isso que ele queria’, ela pensou secretamente. Ela percebeu que não era culpa de Gi-Gyu por não ter conseguido superar seu trauma. Talvez o tipo de trauma que ele sofreu não fosse algo que alguém pudesse superar.
Lim Hye-Sook decidiu não pressioná-lo mais. O melhor que ela podia fazer agora era responder a quaisquer perguntas que ele tivesse com o melhor de suas habilidades.
— Isso é fácil de fazer. — Lim Hye-Sook sorriu e se levantou.
Um momento depois, Lim Hye-Sook estava bem na frente dele. Eles estavam tão próximos que Gi-Gyu podia sentir sua respiração.
Ela lentamente tocou o peito e sussurrou: — Não se preocupe. Eu não vou morder.
***
Depois de pensar muito sobre, Sung-Hoon finalmente se levantou. Ele parecia um pouco menos sobrecarregado, indicando que havia tomado uma decisão. Os outros agentes da associação eram como transeuntes, o contornando. Honestamente, ele não deveria ter perdido seu tempo pensando por tanto tempo. A associação ainda estava sobrecarregada com muito trabalho relacionado aos vários portais inclassificáveis. Nada foi resolvido ainda, e a tensão permanecia no ar. Mas Sung-Hoon não conseguia deixar de se preocupar com outras coisas.
‘Mas isso é igualmente importante.’ Sung-Hoon pensou. Ele estava lidando com os jogadores mais poderosos do mundo. Essas pessoas podiam destruir ou salvar a humanidade. Alguns podem acreditar que ele estava perdendo tempo se preocupando com isso, mas Sung-Hoon discordava.
Passo.
Sung-Hoon caminhou um pouco mais rápido. Ninguém prestou atenção nele quando entrou no prédio principal da associação. Ele continuou a andar sem hesitar. Tantas pessoas passaram ao seu redor, mas Sung-Hoon nem as notou. Ele tinha um destino claro em mente.
— Com licença — Sung-Hoon finalmente parou e cumprimentou. Ele se apresentou: — Sou Heo Sung-Hoon e sou do departamento de manutenção de portais administrado pelo gerente-geral Oh Tae-Shik.
— É claro. O que posso fazer por você? — perguntou a secretária.
— Estou aqui para ver o presidente.
***
— Ugh! — Lim Hye-Sook engasgou. Ela viveu mais do que a maioria, então acreditava que nada poderia chocá-la. Mas neste exato momento, ela não pôde deixar de ficar impressionada. Na verdade, foi mais espanto do que qualquer coisa.
‘Está escuro.’ ela imaginou. Estava escuro, como se nenhum raio de luz tivesse atingido aquele lugar. Era como ela imaginava que seria o fim do mundo.
Um lugar onde nada pode sobreviver.
Um lugar onde nenhuma luz pode entrar.
Um lugar cheio apenas de escuridão sem fim.
Ela não conseguia respirar quando, milagrosamente, viu um pequeno feixe de luz. Lim Hye-Sook se dirigiu a ele como se acreditasse que poderia salvá-la.
E…
— Ack…! — Lim Hye-Sook gritou.
— O que há de errado? — Gi-Gyu perguntou enquanto a observava agarrar o peito e ofegar.
Ela silenciosamente começou a se afastar de Gi-Gyu, que apenas olhou para ela inocentemente. O medo tomou conta dela, e ela não conseguia encontrar o olhar dele. Lentamente, ela se afastou dele, esperando que ele não notasse. Mas é claro que não teve essa sorte.
— O que você está fazendo? — Gi-Gyu perguntou confuso. Lim Hye-Sook não podia acreditar que ela pensou que poderia escapar dele quando ele estava bem diante de seus olhos. Isso apenas mostrava como estava chocada e assustada.
Plop.
Lim Hye-Sook se jogou em uma cadeira. Ela não tinha certeza se tropeçou e caiu ou se seu corpo escolheu sentar. Parecendo preocupado, Gi-Gyu perguntou: — É… tão ruim assim?
Gi-Gyu sabia que seu corpo não estava em boas condições. Lim Hye-Sook o salvou uma vez no portal, então ele esperava que ela pudesse lhe dizer o que estava errado e como consertar. Mas, a maneira como ela reagiu foi inesperada.
— Você… — Lim Hye-Sook finalmente abriu a boca e gritou: — O que é você?!
Ela gritou, e sua voz carregava tanta magia que toda a sala tremeu. Uma comoção pode ser ouvida do lado de fora da sala. Gi-Gyu suspeitou que os membros da guilda Gipsofila estavam vindo para cá.
— O que você está fazendo? — Gi-Gyu perguntou confuso.
— É tarde demais… — Lim Hye-Sook parecia perdida enquanto sussurrava: — O selo já está quebrado.
Ela falava tão baixinho que Gi-Gyu mal conseguia ouvi-la.
***
Toc toc.
— É Heo Sung-Hoon. Posso entrar, presidente?
Sung-Hoon abriu a porta do escritório de Oh Tae-Gu.
