Capítulo 164
Os Três Testes (1)
A cena era tão surpreendente que Gi-Gyu, por mais que tentasse, não conseguiu esconder ou controlar seu choque.
Ele observou silenciosamente enquanto seus inimigos se aproximavam dele por todos os lados. Ele cerrou os punhos e pensou com raiva: ‘Então o sistema quer que eu experimente a morte?’
O sistema da Torre sabia o que realmente era a morte? Gi-Gyu já havia experimentado isso várias vezes antes.
Terrível escuridão e solidão.
Desespero e dor.
O medo indescritível.
‘Isso é a morte.’ Gi-Gyu se lembrava muito bem. Não era algo que ele queria experimentar novamente, mas…
— Se for necessário, eu o farei — anunciou. Ele estava no andar de testes; se ele não cumprisse a meta estabelecida pelo sistema, não poderia sair desse espaço. Só a morte o esperaria se não passasse neste teste. Então, de qualquer maneira, ele teria que morrer.
Lou disse a Gi-Gyu:
“Dê o seu melhor.”
Gi-Gyu assentiu. Ele viu a primeira fila de soldados vindo em sua direção. Eles pareciam soldados de infantaria de posição mais baixa porque usavam armaduras medianas e seguravam armas medianas.
O exército correndo em direção a ele tinha orcs, goblins, homens-lagarto, outros monstros de baixo nível e até mesmo monstros únicos, mas não tinha um único humano.
— Matem ele! Matem o rei! O rei está fraco agora! Esta é a nossa chance! — o demônio com os chifres gigantes ordenou. Sorrindo arrogantemente para Gi-Gyu, ele rugiu novamente: — Matem-no!
— Krrrrk! — os monstros gritaram de animação. Gi-Gyu cerrou os punhos novamente e examinou seu corpo. Por mais que tentasse, não conseguia encontrar nenhuma arma em lugar nenhum. Tudo o que ele tinha para lutar eram as próprias mãos.
“Idiota.”
Gi-Gyu ouviu Lou novamente, que explicou:
“Por que você acha que não tem uma arma? Isso foi quando eu estava sendo traído pelos outros demônios. Não se lembra?”
Os olhos de Gi-Gyu se arregalaram quando de repente se lembrou do que tinha ouvido falar sobre isso. Anteriormente, Lou havia explicado como foi traído quando era o rei do inferno. Gi-Gyu não sabia dos detalhes, mas…
— Isso significa…?
Lou explicou:
“Isso mesmo. Este teste foi feito usando minha experiência, memórias e dados armazenados na Torre.”
— Isso faz sentido. — Gi-Gyu rapidamente entendeu o que Lou estava tentando dizer. Por alguma razão, seu cérebro estava trabalhando mais rápido do que nunca. Gi-Gyu geralmente tinha dificuldade em seguir as explicações de Lou, mas hoje algumas dicas de Lou foram suficientes.
Gi-Gyu cerrou os punhos novamente e uma longa espada negra se materializou em sua mão. — Então está dizendo que eu sou você agora.
O Imperador das Espadas Malignas e da Magia Negra.
Rei dos Demônios.
Governante do Inferno.
O passado deslumbrante de Lou se tornou o presente de Gi-Gyu. Para este teste, a consciência de Gi-Gyu e o corpo de Lou eram um só.
“Exatamente.”
A voz de Lou permaneceu um pouco amarga enquanto ele continuava,
“Você não vai morrer facilmente. Talvez nem precise morrer…”
Os monstros que avançavam em direção a Gi-Gyu hesitaram quando viram a espada. Desde que seu rei se tornou o governante fazendo todos se ajoelharem diante dele, seus instintos mudaram. Todos estavam cientes do poder de seu rei. E agora, esse poder incrível era todo de Gi-Gyu para usar.
O demônio de dois chifres gritou frustrado: — Por que diminuíram a velocidade?! O que pensam que estão fazendo?!
Sua energia excepcional correu em direção aos hesitantes monstros da linha de frente. O líder deles continuou: — Qualquer um que recuar será morto por mim! Matem o rei! Matem o rei!
A voz do demônio de dois chifres era irritante. Gi-Gyu franziu a testa em desagrado.
Lou anunciou:
“Divirta-se.”
A voz de Lou ficou mais baixa enquanto ele continuava:
“Pode ficar louco nesta batalha. Eu adoraria se você pudesse matar aquele maluco do Belphegor.”
Gi-Gyu riu das palavras de Lou. Eles estavam dentro da sala de teste, mas isso parecia um pedaço da memória de Lou. Gi-Gyu imaginou o que Lou estaria sentindo, olhando para os demônios que o traíram.
— O que devo fazer? — perguntou Gi-Gyu. Infelizmente, ele ainda não podia usar confortavelmente os poderes de Lou. Como não sabia exatamente quais habilidades Lou possuía, não conseguia descobrir como lidar com o exército aparentemente interminável.
“Você já sabe como usar meus poderes.”
Lou disse a ele.
— Entendi. — Gi-Gyu deu um passo lento para frente. O único passo fez todos os monstros correndo em direção a ele recuarem. Frustrado com o medo dos monstros, Belphegor gritou novamente.
— Ugh! — De repente, Gi-Gyu vomitou sangue. Estava claro que seu corpo estava em péssimo estado. Era uma surpresa que ainda não estivesse morto. A dor fazia parecer que suas entranhas estavam sendo rasgadas em pedaços. Ele dar um passo em meio a toda aquela dor era um milagre.
— O rei mal conseguiu escapar do ataque dos Seis Reis! Ele é um perdedor! Não o temam! — Belphegor ordenou enquanto ria do estado enfraquecido de Gi-Gyu.
“Hmph.”
Lou sorriu enquanto observava Belphegor. Gi-Gyu deu mais dois passos, fazendo os monstros hesitarem ainda mais. Eles começaram a recuar lentamente. O pavor que estava profundamente enraizado neles os fazia temer até mesmo o menor movimento de seu rei.
Infelizmente, Gi-Gyu estava em péssimo estado, como Belphegor havia afirmado. O corpo de Lou estava em frangalhos após o ataque surpresa dos Seis Reis.
Pinga.
O sangue escorria dos numerosos cortes e machucados em seu corpo, encharcando o chão. Era uma observação passageira, mas Gi-Gyu percebeu que Lou também sangrava vermelho como ele.
Aparentemente não afetado pelos muitos ferimentos, Lou murmurou:
“Se está tão interessado em me matar, deveria fazê-lo você mesmo, Belphegor. Que nojento!”
Lou riu de Belphegor abertamente quando Gi-Gyu deu outro passo à frente.
E…
— Morte — Gi-Gyu sussurrou, fazendo uma fumaça negra sinistra explodir de seu corpo.
Kaboom!
Uma nuvem negra rastejou em direção aos monstros como uma criatura viva. O espaço entre Gi-Gyu e os monstros foi inundado pela escuridão antes de engolir os monstros.
— Krrrrk! — A nuvem negra aparentemente comeu tudo em seu caminho, porque apenas gritos foram ouvidos e esqueletos se espalhando na poeira foram vistos. Não houve um único monstro que sobreviveu à fumaça.
Um súbito silêncio caiu.
— … — Belphegor parecia sem palavras quando percebeu que um pedaço de seu exército havia desaparecido.
— Droga — Belphegor jurou. Tremendo em descrença, ele murmurou: — Os seis reis o feriram gravemente, mas ele ainda pode fazer isso?!
Belphegor não podia acreditar no que estava vendo. Os soldados de infantaria que ele havia enviado certamente não eram soldados de elite experientes ou mesmo demônios de alto nível. Mas deveriam ter sido suficientes para drenar ainda mais o poder do rei. Infelizmente, ficou claro que Belphegor havia subestimado o rei. Com um único ataque de morte, o rei traído massacrou uma unidade inteira.
— Vou fazer isso eu mesmo! — Belphegor anunciou. Recuar não era mais uma opção, e ele não podia deixar o rei viver. Ele arriscou tudo por esta chance. Se o rei sobrevivesse e voltasse depois de se recuperar, então…
‘Será o fim de todos nós’, pensou Belphegor em desespero. Eles não teriam esperança se esse rei traído sobrevivesse. Belphegor, um dos seis reis, deveria estar desfrutando de luxo e poder. Mas por causa desse rei, ele vivia escondido, pois temia por sua vida.
Isso tinha que parar.
Dun, dun.
Belphegor, o demônio gigante com dois chifres, avançou. O chão tremia e cedeu a cada passo. A Morte de Lou, que estava avançando em direção a Belphegor, também tremeu.
— Humph! — Belphegor franziu a testa em aborrecimento e socou a fumaça negra, dispersando-a.
Whoosh!
O vendaval criado por seu soco fez o espaço tremer e afastou a energia de Lou. A Morte, que parecia poderosa o suficiente para engolir tudo e qualquer coisa, parecia indefesa contra o poder de Belphegor.
— Durma! — Belphegor gritou enquanto balançava sua maça. Seu tamanho fazia com que suas gotas de suor parecessem uma chuva torrencial.
— Krrrrk! — Alguns monstros sobreviventes gemeram quando Belphegor pisou neles. Ignorando a dor de seus soldados, Belphegor se moveu e rugiu novamente: — Durma!
A Morte de Lou se acalmou, como se estivesse realmente adormecida.
Morte era uma habilidade incrível, mas Belphegor também não era fraco. Belphegor era um dos Sete Reis originais que governaram o inferno. Ele ainda era considerado um dos reis e tinha o poder de derrubar esse novo rei do inferno.
Belphegor gritou com fúria: — Eu vou te matar!
O campo de batalha não tinha muitos lutadores fortes sobrando. Os outros cinco reis ficaram gravemente feridos durante o ataque surpresa ao novo rei. Então, eles estavam descansando no momento, e apenas Belphegor ainda era forte o suficiente para lutar. Os outros reis poderiam se juntar a ele em breve, então Belphegor tinha que agir rapidamente para se tornar o herói desta guerra.
Belphegor continuou a gritar e se mover em direção a Gi-Gyu.
Boom!
Boom!
Boom!
Boom!
Os pés de Belphegor estavam se movendo cada vez mais rápidos quando, de repente, pararam. Alguém parou na frente dele e murmurou: — Rei da Preguiça.
A criatura estava encharcada de sangue, parecendo uma arma nesse estilo. O sangue fez sua armadura já preta parecer ainda mais escura. Seus olhos estavam vermelhos como se estivessem prestes a explodir, e o chão sob seus pés também estava vermelho.
Belphegor respondeu: — Rei.
— Então você é o Rei da Preguiça Belphegor, hein?
Belphegor parecia confuso com a pergunta de seu inimigo. Parecia que ele até esqueceu que estava aqui para matar o rei.
‘Tem algo de errado’, Belphegor pensou surpreso. Normalmente, o rei já o teria atacado. Foi por isso que Belphegor se cobriu com dezenas de barreiras para proteção.
Ainda assim…
Belphegor percebeu abruptamente que aquele que estava diante dele não era quem parecia ser. — Quem é você?! Você não é o rei!
Mas a criatura que usava o corpo do rei não respondeu. Em vez disso, ele sorriu divertido.
Após um breve silêncio, a criatura murmurou: — Lou me pediu para te contar…
— Lou? — Belphegor franziu ainda mais a testa, seu corpo tremendo de fúria. — Onde está o rei?! Devo capturar e matar o rei! O rei…!
Belphegor gritou, mas não ousou se aproximar de seu inimigo. A criatura na frente dele tinha que ser uma farsa vestindo o corpo do rei, mas Belphegor ainda estava com medo.
A boca do rei se abriu e uma voz sinistra anunciou: — Vou comer todos os seus parentes vivos. Voltarei ao inferno e destruirei todos que trabalharam para você. Eles vão morrer gritando seu nome, Belphegor.
Belphegor tremeu de medo e raiva. Ele gritou: — Seu desgraçado!
Belphegor balançou sua maça. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo, mas sabia que precisava matar a criatura.
Aquele no corpo do rei empurrou a maça com uma mão e avançou na velocidade da luz. Antes que Belphegor percebesse, a espada do rei cortou seu braço.
— Ackkk! — Belphegor gritou quando seu braço caiu no chão.
— C-como…?! — Seu corpo estava sendo protegido por dezenas de barreiras. Essas barreiras eram dos governantes da Torre, o que significava que nem mesmo o Imperador das Espadas Malignas poderia passar. Então, como essa criatura poderia feri-lo tão facilmente?
— Ughhhh! — Belphegor gritou de dor. Fazia muito tempo que não sentia esse tipo de dor. Para sua surpresa, aquele no corpo do rei já estava em cima de seus ombros quando ele sussurrou: — É melhor você adorar seu verdadeiro rei.
Um sorriso gelado apareceu no rosto de Gi-Gyu enquanto ele se agachava em cima de Belphegor.
— Ackkk! — Belphegor gritou o nome do rei em fúria: — Lúcifeeeeer!