Genius Warlock
Capítulo 4
Oliver ficou acordado a noite toda.
Depois de sair da estalagem, Oliver passou todas as noites sem dormir.
Não conseguiu dormir mesmo cansado da jornada longa.
Não era porque Oliver estava física ou mentalmente exausto, mas sim o oposto, animado.
Durante seus dias no orfanato e na mina, todos os dias eram iguais.
Podia adormecer a qualquer momento porque não se interessava em nada além de sobrevivência, mas os últimos dias foram diferentes.
Cada dia foi emocionante.
Ele pensou nisso várias vezes ao dia… Na verdade, dezenas ou centenas de vezes, sobre a vez que extraiu as emoções do empregado da estalagem e atirou nele com o Projétil de Ódio.
A sensação misteriosa e ainda familiar o fez sentir como se estivesse voando no céu com asas.
Recordar essas memórias não só deixou Oliver animado, mas também o fez se sentir mal ao mesmo tempo.
Porque sentiu que se ele tivesse se concentrado um pouco mais naquele momento, poderia ter extraído muito mais emoções em uma velocidade muito mais rápida.
Sentiu que se tivesse contido sua alegria e se concentrado um pouco mais, poderia ter disparado vários tiros ao mesmo tempo, não apenas um.
Lamentou porque poderia ter lançado magia negra avançada em vez de imitar o que Joseph fez.
Oliver refletiu sobre cada um desses arrependimentos.
E ele fez treinamento de imagem na cabeça para aliviar esse desapontamento. Onde extraia mais emoções, disparava mais projéteis de ódio e aumentava a velocidade, a precisão e o poder.
Com o tempo, também deu uma forma única ao projétil de ódio.
Mesmo que fosse apenas uma imaginação, Oliver tinha a confiança para aplicá-la na realidade.
Se não fosse pelas palavras do Joseph, seu mestre e professor, ele teria extraído suas emoções e experimentado com elas imediatamente.
— Não pratique magia negra sem a minha permissão.
— Mestre… por quê?
— Ao contrário das formas criadas usando emoções que não podem ser vistas pelas pessoas, feitiços de magia negra podem ser vistos. Chegaremos ao nosso destino em breve e não quero que atraia atenção inútil. E, principalmente, um verdadeiro Bruxo nunca usa as próprias emoções para Magia Negra.
— As emoções são recursos limitados, de modo que sua alma ficará vazia se usá-las com imprudência, então, a menos que esteja realmente sem opções, evite usar suas emoções.
— Então… posso praticar se eu extrair de alguém?
— Não. Nunca use magia negra sem a minha permissão. Esqueceu o que eu disse na estalagem? Deve me obedecer e seguir sem fazer perguntas. Então vou te ensinar.
Por causa dessas palavras, Oliver não teve escolha a não ser praticar magia negra apenas na mente.
Era frustrante, mas não tinha o que fazer.
Joseph exigiu obediência, então precisava obedecer ao máximo possível para ser ensinado, mesmo que fosse apenas superficialmente.
Antes que percebesse, o céu escuro ficou cinza e depois gradualmente azul.
O Sol nasceu novamente, e Joseph também se levantou do assento.
— Humm…! Dormir nas ruas não é tão ruim. O quê? Já acordou? Não, você não dormiu, não foi?
Joseph disse, olhando para Oliver com uma pele pálida e olheiras aumentadas ao redor dos olhos.
Como de costume, Joseph foi a um riacho próximo para lavar o rosto e enxaguou a boca com um enxaguante.
Grrrrrrrrrrrrrrrrrrr!
Joseph disse depois de cuspir o enxaguante espesso num cuspe:
— Você não costuma dormir? Ou não está dormindo de propósito? Não vou te carregar mesmo se você se cansar no meio do caminho.
Oliver respondeu com um olhar para Joseph:
— Desculpa, mestre… Não consegui dormir porque fiquei animado quando ouvi que estávamos quase chegando no destino.
Oliver não estava mentindo.
Mal podia esperar para chegar no destino e começar a aprender magia negra.
Era um sentimento que sentiu pela primeira vez na vida, então não podia controlá-lo.
Joseph falou com uma voz suave como se não gostasse desse olhar motivado:
— Bem, não é que eu não entenda. Todas as outras crianças também eram assim.
— Outras crianças?
— O quê? Você acha que foi o único talento que já encontrei? Tem muitas outras crianças talentosas além de você.
Oliver viu a luz ao redor do Joseph.
A luz se distorceu sutilmente.
Isso significava que o que ele estava dizendo era meia-verdade.
— É claro que nem todos são talentosos. Tem muitas outras crianças além de você. Mas você sabe o que fazer se veio de um orfanato, né?
— Vou me comportar bem, Mestre.
— Sim, você é o mais novo que acabou de chegar. Tem que se comportar como um recém-chegado. Rank é realmente importante na nossa sociedade.
Oliver assentiu com a cabeça.
Não era muito diferente do orfanato e da mina.
Os fracos ou os recém-chegados sempre faziam o trabalho mais difícil e dormiam na pior posição.
A fim de sair de tal tratamento, era necessário ser mais forte do que as outras crianças ou ficar próximo de alguma forte.
Até agora, Oliver ficou quieto para se manter fora dos holofotes, porque não se interessava em nada, então não sabia o que fazer agora já que ficou interessado.
Joseph advertiu Oliver: — Entendeu o meu ponto?
— Sim, Mestre… Vou obedecer ao mestre e às regras do lugar em que vou morar.
— Isso mesmo. Siga as regras se quiser aprender.
Oliver assentiu com a cabeça mais uma vez.
Depois de um tempo, Joseph e Oliver pegaram um pedaço pequeno de pão para comer e caíram na estrada de novo.
O número de árvores diminuía gradualmente, conforme se aproximavam do destino, e o cheiro artificial peculiar da cidade tomou conta. Logo, uma cidadezinha ficou à vista descendo a colina.
— Aquela é Wineham.
Ouvindo as palavras de Joseph, Oliver viu a cidade e arregalou os olhos.
Foi por causa do número de pessoas na cidade e das várias emoções que exalavam.
— Não é uma cidade grande, mas também não é uma pequena. O que achou?
— Parece… tão cheia de vida.
Oliver respondeu, olhando para o brilho de irritação, raiva e ressentimento girando ao redor do povo.
— Bem, talvez. Algumas das fábricas grandes, que apoiavam a cidade, serão realocadas para “Landa”. É por isso que todos estão emocionalmente instáveis.
Oliver não entendeu completamente o significado, mas entendeu que a saída das fábricas era a causa dessa luz instável.
Joseph começou a andar quando terminou de falar, enquanto Oliver seguia o exemplo; assim, logo chegaram a uma fábrica desgastada construída nos arredores da cidade.
Tinha um porco sorridente e uma salsicha pendurada como uma placa no prédio com o teto inclinado para um lado.
— Essa é…?
— Oficialmente, uma fábrica de salsichas pequena e feia. Extraoficialmente, é a base da nossa família.
Joseph entrou, e Oliver o seguiu.
Pouco depois de entrar na fábrica, Oliver viu o interior dela.
Havia um pouco de carne estragada, um moedor enorme, um carrinho carregando carne moída e jovens trabalhando lá.
Mesmo sendo jovens, pareciam mais velhos do que Oliver, já que todos estavam na casa dos vinte e poucos anos.
Assim que Joseph apareceu, eles pararam o que estavam fazendo, aproximaram-se dele e curvaram a cabeça.
— Eu saúdo o Mestre.
— Bem-vindo. Mestre.
— Como foi a jornada, Mestre?
O cheiro de carne estragada e suor emanava do corpo deles, mas tentaram o melhor para parecerem bem na frente do Joseph.
Como se estivesse familiarizado com a visão, Joseph empurrou as costas do Oliver e falou.
— Este é o garoto novo que eu trouxe. Ele será um membro da família a partir de hoje, então ensinem as regras e tudo sobre este lugar.
As crianças sorriram brilhantemente com as palavras do Joseph.
Pareciam felizes como se tivessem um novo irmão, pelo menos do lado de fora.
— Sim, pode contar com a gente. Mestre.
Ao ouvir a resposta, Joseph saiu em silêncio deixando Oliver para trás.
Oliver não entendeu o que estava acontecendo e logo foi deixado sozinho em um lugar estranho.
Não, não estava sozinho, já que tinha trabalhadores com olhares ferozes ao redor.
Eles fecharam a cara e falaram como um cão raivoso.
— O quê…? Não entendeu o que está acontecendo? Bora, prepare-se para trabalhar!
Assim começou a nova vida do Oliver.
Ting! Ting! Ting! Ting! Ting! Ting! Ting!
De manhã, foi ouvido o som de batidas na frigideira.
As crianças, que estavam dormindo em um colchão encharcado, acordaram uma a uma com o som doloroso de metal.
Se houvesse alguém que ainda dormia sem acordar, as crianças que desempenhavam o papel de supervisores gritavam com elas.
— O que vocês estão fazendo, seus pedaços de merda! Não sejam preguiçosos. Levantem logo!
Depois de ouvir o grito, as crianças acordavam com pressa porque sabiam que, se não o fizessem, seriam chutados, e o primeiro a acordar entre eles foi Oliver.
Uma semana se passou desde que chegou, e ele estava se adaptando rapidamente à vida aqui.
Era uma de suas habilidades únicas; adaptar-se rapidamente onde quer que estivesse.
Na parte da manhã, saía do armazém chamado de alojamento e limpava o interior da fábrica.
Após terminar a limpeza, comia o pão e a sopa fornecidos.
Era um pão velho e duro, mas era uma refeição muito boa em comparação com o mingau aquoso da mina.
Após a refeição, voltava a trabalhar na fábrica.
Para Oliver, isso não era difícil porque era um trabalho em que precisava fazer salsicha com a carne que vinha naquele dia.
O cheiro de carne estragada era ruim, mas não era grande coisa para Oliver, que mal sentia o gosto ou cheiro, e era fácil em comparação com o trabalho pesado que precisava fazer na mina onde não tinha luz solar.
A carga de trabalho também era irregular no dia a dia, mas era basicamente pequena e não tinha nada do que reclamar.
Pelo contrário, era a mente, não o corpo, que estava passando por um momento difícil.
Obviamente, Oliver esperava que Joseph lhe ensinasse magia negra assim que chegasse a este lugar, mas, ao contrário das expectativas, o Mestre só saiu depois de deixá-lo aqui.
Oliver queria perguntar o que estava acontecendo, mas não podia por causa da experiência no orfanato e na mina, também por causa do desejo de obedecer.
Trabalhar não era um problema, mas queria saber quando poderia aprender magia negra.
Oliver não estava confiante em lidar com a decepção no caso de ter que continuar trabalhando na fábrica sem ser capaz de aprender magia negra.
Foi então…
PÁ!
Uma dor ardente percorreu pelo rosto dele, enquanto tropeçava para trás.
Quando a visão turva ficou clara, viu um homem parado na sua frente; um jovem feroz com um corpo másculo.
Ele disse, colocando a mão no peito de Oliver.
— Seu maldito filho da puta…Não falei para você mover toda a carne?
Ele era o supervisor encarregado dos trabalhadores do sexo masculino.
— Mas… eu… movi.
Oliver respondeu com uma pronúncia abafada por causa da dor.
Insatisfeito com o olhar no rosto dele, o supervisor colocou a mão nele mais uma vez.
— Seu maldito… Ei, ensinem uma lição para ele! Posso estar saindo deste lugar em breve, mas não suporto a ideia desse otário ficando no lugar onde eu trabalhei. Não é como se a gente tivesse uma escassez de trabalhadores.
Com as palavras do supervisor, os trabalhadores ao redor, bem como os outros colegas supervisores, assentiram com a cabeça.
Como se gostasse da atmosfera, o supervisor energético falou, agarrando Oliver pela gola.
— Ei, merdinha. Já te aviso que se quiser ficar aqui como trabalhador, é melhor melhorar esse comportamento. Não adianta fingir ser um tolo. Se eu pegar você fazendo alguma coisa estranha, vou te colocar no moedor e te transformar em carne moída. Sacou?!
Oliver assentiu com a cabeça, por causa da sua experiência de se tornar submisso sempre que alguém ficava com raiva dele.
O rosto do supervisor se distorceu ainda mais por causa do desprezo.
— Ugh! Seu retardado… Hoje, vai limpar toda a bagunça daqui como punição!
Oliver assentiu novamente.
Só então o supervisor soltou a gola do Oliver.
Naquele momento, outra supervisora interveio.
Era uma mulher com pele pálida e cabelo roxo e curto.
— Ei, você não pode simplesmente jogar seu trabalho em outra pessoa. A limpeza da oficina de hoje é de vocês.
Os olhos de todos se focaram nela.
O supervisor que bateu no Oliver enrugou o rosto, e a supervisora cruzou os braços sem recuar para ele.
Todos engoliram a saliva e pararam de respirar, enquanto Oliver tinha apenas um pensamento.
‘Quando o mestre vai me ensinar Magia Negra?’