Capítulo 236
Crescimento (1)
Nenhum humano tinha permissão ou poderia oferecer um receptáculo a um ser físico.
Mas…
‘Eu posso fazer isso.’ Gi-Gyu tinha certeza disso.
Considerando o poder que o Ego de Asmodeus detinha e os estados das duas mulheres, isso poderia funcionar. Elas deveriam aceitar a energia de Asmodeus sem qualquer resistência.
Gi-Gyu tinha a habilidade especial de injetar esse poder nelas. Ele poderia fixar seus receptáculos em suas novas formas físicas e revivê-las.
Além do mais…
‘Elas vão ser ainda mais fortes do que antes.’
Sim, ele poderia fazer isso. As correntes de metal lhe ensinaram muitas coisas. Apesar do breve contato, as correntes injetaram nele muitas informações, como se estivessem esperando por ele.
Poder e informação. Essas duas coisas ajudaram Gi-Gyu a perceber seu verdadeiro potencial.
Psshhh.
O Ego de Asmodeus em sua mão se transformou em pó. Mas a poeira permaneceu suspensa no espaço em vez de se espalhar. Enquanto ele movia a mão sem pressa, a poeira a seguia como se ele fosse um maestro.
Este processo rompeu e rasgou a energia neste espaço. Mas as partículas do Ego obedeceram calmamente a Gi-Gyu e se moveram para envolver as duas mulheres.
[Manipular este poder é proibido.]
Como foi que ele pôde ouvir o anúncio do sistema mesmo aqui? Ignorando, Gi-Gyu continuou com sua tarefa.
[Manipular este poder é proibido.]
[Manipular este poder é proibido.]
[Manipular este poder é…]
O mesmo anúncio do sistema tocou em sua cabeça várias vezes. Apesar dos inúmeros avisos de Gaia, Gi-Gyu não parou. Afinal, ele só poderia salvá-las manipulando esse poder.
‘Só desta vez.’
Ele sabia que não tinha permissão para usar esse poder. Mas esperava ter permissão para usá-lo mesmo assim. Gi-Gyu esperava que sua determinação chegasse a Gaia.
E talvez tenha funcionado porque o sistema parou de avisá-lo.
Psshhh.
Os dois cadáveres lentamente começaram a absorver o Ego de Asmodeus, que havia se transformado em pó.
O poder que Gaia o advertiu para não usar.
O poder que poderia alcançar o impossível: Oferecer receptáculos a corpos físicos.
O poder que nenhum humano tinha permissão para usar.
Era…
[Você despertou uma nova qualificação.]
[Você pode usar o poder de deus temporariamente.]
O poder do deus morto.
O novo poder de Gi-Gyu veio desse ser.
***
— Haa… — Fumaça branca apareceu quando Gi-Gyu exalou. O que ele estava fazendo exigia tanto foco que parecia que seu cabelo ficaria branco. A informação das correntes de metal permitiu que ele usasse o poder de deus, mas ele era um novato no uso desse poder. A informação que recebeu era exatamente o que ele precisava para salvar as duas mulheres.
A corrente de metal tinha uma consciência própria? Ou havia um arranjo diferente dentro do selo?
Gi-Gyu agora se sentia relaxado o suficiente para se perguntar sobre essas coisas. Afinal, ele havia completado sua tarefa.
— …
Na frente dele estavam Yoo-Bin e El; elas estavam muito mais estáveis do que antes. Ainda estavam dentro de sua ilusão, um lugar onde ele ainda estava conectado a elas por meio de sua sincronização.
— Fiz tudo o que pude — Gi-Gyu murmurou baixinho. Ele já havia usado todos os poderes que vinham com o título de Mestre de Egos e as informações da corrente de metal, então não havia mais nada que ele pudesse fazer.
Agora…
— Depende de vocês.
El e Yoo-Bin tinham que fazer o resto do trabalho. Seus corpos e receptáculos foram fixados e estabilizados. Além disso, suas receptáculos estavam muito mais fortes do que antes, pois o poder de um rei do inferno foi usado para recriá-las.
Gi-Gyu olhou para as duas mulheres. O sucesso desse processo agora dependia inteiramente delas, mas ele não estava preocupado. Ele não tinha dúvidas sobre a sobrevivência delas.
Além disso, não importas o que aconteça, nada poderia acontecer com elas neste momento. Era tudo graças ao poder que Gi-Gyu usou para restaurá-las.
Dos numerosos poderes divinos, ele havia usado…
‘Ordem.’
Era exatamente o oposto do Caos. Ele havia injetado esse poder nos receptáculos das duas mulheres, que restaurou o equilíbrio e criou ordem dentro dos receptáculos. Mas ele não poderia se envolver até que o resto do processo estivesse completo. E essa parte do processo elas deveriam terminar.
Como sua parte acabou, ele tinha que deixar este espaço. Quanto mais tempo as mentes dessas mulheres estivessem presas aqui, mais afetariam umas às outras.
— Cancelar… — Gi-Gyu disse com um suspiro exausto. Isso também quebraria sua sincronia com elas, mas seria uma quebra limpa. Seria apenas o suficiente para expulsá-las deste espaço.
E…
Plop.
Gi-Gyu desmaiou. Quando abriu os olhos novamente, viu Lou e Soo-Jung de pé sobre ele.
— Bom trabalho.
— Você fez bem.
Gi-Gyu respondeu com os lábios secos: — Por favor, cuide delas.
Com isso, ele ficou em silêncio.
Lou riu e perguntou: — Ele acabou de adormecer?
— Bem, você está surpreso? — Soo-Jung sorriu também. Ela acrescentou: — Ele fez isso, então não é de admirar que esteja cansado. Vamos só fazer o que ele pediu.
Soo-Jung revelou um sorriso misterioso enquanto observava Gi-Gyu.
— Hmph. — Lou parecia descontente, mas não conseguia esconder seu óbvio alívio.
Um silêncio confortável caiu. Devido ao processo de renascimento, El e Yoo-Bin estavam se mexendo.
Baal perguntou a Soo-Jung em sua voz de barítono: — Não deveríamos contar a ele agora?
Soo-Jung assentiu.
***
Enquanto o calor engolfava seu corpo, Yoo-Bin abriu os olhos.
‘Onde estou?’
Sua voz se recusava a funcionar. Ela podia pensar, mas não podia falar ou mover seu corpo. Era como se seu corpo tivesse desaparecido. Um medo avassalador tomou conta dela. Ela tremeu quando as memórias do que aconteceu ressurgiram. A última coisa de que se lembrava era de ter sido sequestrada por alguém. O que aconteceu depois também emergiu gradualmente em sua cabeça.
‘Ah…’
Se pudesse falar, ela teria chorado. Ela se lembrou de seu corpo sendo roubado por Asmodeus. Ela não se sentia culpada por matar os pesquisadores de laboratório responsáveis pela possesão de Asmodeus.
Mas…
‘Vovó…’
Suas próprias mãos feriram fatalmente Lim Hye-Sook. E isso não foi o fim. Conforme ela se lembrava mais do que havia acontecido, também se lembrava de como se sentia.
Como era ser exilado de seu próprio corpo? Atualmente ela estava sentindo muitas emoções, sendo a raiva apenas uma delas.
‘Ah…’
A cada nova lembrança, ela sentia mais vontade de chorar. Em um pedaço de memória, ela recuperou brevemente a consciência e tentou avisar Gi-Gyu.
Mas ele ignorou o aviso dela e…
‘Oppa.’
Ele tentou salvá-la. O calor ao seu redor estava aumentando lentamente. As memórias que se seguiram depois foram…
Yoo-Bin lembrou-se de soluçar e tremer como um bebê.
‘Oppa, de agora em diante, vou trabalhar para me tornar alguém que pode te ajudar.’ Ela se lembrou de ter feito essa promessa. E assim, ficou mais forte.
Gi-Gyu arriscou sua vida para salvá-la. Então, ele era como um cavaleiro de armadura brilhante para ela. Ela sabia que El havia roubado seu corpo, mas não se importava. Afinal, ela mesma permitiu que El entrasse em seu corpo.
‘El.’
As emoções enterradas lá no fundo despertaram lentamente e…
A jovem fechou os olhos. Ela podia sentir uma abundância de poder.
***
‘Mestre?’
O que era essa energia que ela sentia dentro dela? Era tão familiar, mas tão estranho.
Ao contrário de Yoo-Bin, El se lembrava de tudo, incluindo sua corrupção.
‘…’
Ela também sentiu uma mistura de emoções, mas as controlou e também seu tremor muito mais rápido do que Yoo-Bin.
‘Mestre.’
Seu mestre lhe dera outra chance. Ao contrário de Yoo-Bin, que era humana e, portanto, fraca, El se lembrava de tudo e entendia o que estava acontecendo.
Seu receptáculo estava se estabilizando, mas o que continha era diferente.
Os restos de seu eu corrupto e tudo o que restou da Vida estavam sendo queimados.
E…
‘…’
Seu Mestre. Ela não estava se referindo a Gi-Gyu.
El parou seus pensamentos, acreditando que esta era sua chance. Felizmente, ela ainda não havia pecado. Ela ainda não havia prejudicado ninguém em nome de Gi-Gyu. Seus desejos só a prejudicaram quando a corromperam.
Ainda não era tarde demais. Graças a essa chance que seu mestre lhe deu, El poderia fazer tudo voltar ao normal. Ela estava confiante de que poderia fazer isso.
‘…’
Ela sentiu como se seu corpo estivesse se movendo. Quando olhou dentro de seu receptáculo, se deparou com uma coisa nova.
Energia maligna de feitiço, mas familiar.
El sabia que isso originalmente pertencia a Asmodeus. Pode ter sido capaz de torná-la mais forte, já que ela era um anjo caído agora, mas…
‘Vou jogar fora.’
Foi dado a ela por seu mestre, mas ela iria desistir.
Não, na verdade, ela o usaria para se tornar mais poderosa. Ela poderia usar o poder de seu antigo mestre para assimilar essa energia de feitiço na Vida. Sua condição atual permitia que ela fizesse isso.
‘Eu posso fazer isso! Posso ser ainda mais útil para meu Mestre!’
El estava determinada a consertar as coisas e se tornar mais forte. Essa mudança tornaria tudo possível.
Ela fechou os olhos. Poderia levar muito tempo, mas planejava reparar todos os seus erros, por mais que demorasse.
***
Parecia que ele teve um sonho. Foi um pesadelo terrível, mas não conseguia se lembrar.
— Ugh… — Gi-Gyu acordou com um gemido. Ele não conseguia abrir os olhos e seu corpo se recusava a obedecê-lo.
— Você se esforçou demais, Mestre. Usou um poder proibido e, para isso, terá que ficar assim por um tempo. — A voz soou um pouco zangada, mas não havia como negar o calor nela.
— … — Gi-Gyu, com os olhos ainda fechados, sorriu.
‘El.’ Ele podia senti-la parada ao lado dele. Gi-Gyu estava desesperado para abrir os olhos para vê-la, mas não conseguiu. Ele tentou mover sua energia, mas falhou.
— Por favor, descanse, Mestre. Ficarei ao seu lado até você melhorar — prometeu El.
Gi-Gyu sorriu brilhantemente novamente. Parecia que ela havia se recuperado completamente.
E…
— Obrigada, Oppa. — Outra voz agradeceu. — Graças a você, vou viver como eu mesma novamente. — A voz de Yoo-Bin estava cheia de gratidão genuína.
Felizmente, parecia que El e Yoo-Bin haviam retornado com sucesso. Antes de ouvir suas vozes, ele ficou um pouco preocupado. Mas agora que pareciam bem, todas as suas preocupações desapareceram.
Lou murmurou: — Pare de sorrir, seu idiota.
— Acho que você tá se achando o máximo, né? — Soo-Jung o provocava.
Gi-Gyu não conseguia mexer o corpo nem abrir os olhos, mas ainda sorria.
— Olhe para ele sorrindo. Ugh. — A voz de Lou parecia tão irritante quanto antes, mas Gi-Gyu não conseguia parar de sorrir.
— Meu pupilo, recupere-se o mais rápido possível. Você ficará bem em um ou dois dias se ficar na cama assim. Tenho certeza que suas mulheres leais estarão ao seu lado, então divirta-se.
Creak.
Ele ouviu a porta se abrir.
Antes de sair, Soo-Jung acrescentou: — Depois que você melhorar, ficará muito ocupado.
