Chitose-kun wa Ramune Bin no Naka – Volume 1 – Capítulo 01 - Anime Center BR

Chitose-kun wa Ramune Bin no Naka – Volume 1 – Capítulo 01

Capítulo 1

Bad Boys Populares Se Dão Bem na Escola

Tradutor: qa1n

Revisor:

Sons, pensamentos e etc em itálico

Mensagens em sublinhado

 

Uma parada de estudantes em blazers fazia seu caminho para uma subida que seguia junto com o rio até a barragem. Uma onde de pétalas de cerejeiras flutuava pelo ar, descansando em seus cabelos e ombros. Por dentro dos blazers, os alunos vestiam camisas brancas com saias tão longas quanto antiquadas, ou então calças folgadas. Sapatos duros, ainda não acostumados com os pés dos usuários, faziam barulho a cada passo.

Clunk, clunk, clunk.

Scuff, scuff, scuff.

O ritmo dos meus pés em rasgados, marcados, e usados tênis Stan Smith fazia um contraste com os novos e pesados sapatos escolares.

De repentemente, eu percebi que meu cadarço estava desamarrado, então eu me agachei. Minha mochila da Gregory, que já tinha visto dias melhores, deslizou para o lado e fez minha bolsa carteiro cair dos meus ombros.

Eu olhei ao redor, sentindo os batimentos do meu coração enquanto eu trouxe tudo para dentro. O gentil sol da primavera. O barulho do rio em baixo. Os novos estudantes andando ao meu lado, seguindo honestamente para a escola no meio dos colegas ainda desconhecidos. Que amizades inquebráveis iriam se formar? Que casais acabariam se formando? Isso tudo ainda estava por vir para eles.

Saku Chitose da Classe Cinco é um puto de merda .

Alunos do ensino médio eram o centro do mundo. Você vê isso na mídia, também. Pense no assunto. Cada novel, mangá, série de TV, e filme feito nesses dias possui uma criança do ensino médio como protagonista. Nunca foi uma criança do fundamental, certo? E apenas ocasionalmente você vê um aluno da faculdade ou um adulto já na força de trabalho. Quero dizer, a palavra juventude em si é sinônimo de ensino médio. É como quando você crescer e se tornar um adulto, você vai querer olhar para sua época no ensino médio e ficar com os olhos marejados. Você quer relembrar daqueles momentos um tanto quanto vergonhosos e ainda assim preciosos três anos.

…Mas isso é apenas superficial.

A verdade é algo que todos sabem. Se você é sortudo, você vai passar seus dias de bobeira com seus parceiros, entrando em brigas bobas, então rindo um com outro enquanto colocam os braços um nos ombros do outro. Você confessa seus sentimentos para aquela garota que você tinha um crush. Você espera que ela termine as atividades do clube, então vocês dois param no parque no caminho para casa para conversar. Vocês vão para o festival de verão juntos vestindo yukatas e assistem juntos os fogos de artifício. Você puxa ela para um lugar mais reservado do templo, e então quando ninguém está vendo vocês tem o seu primeiro… cê sabe. Coisas do tipo. Mas apenas algumas pessoas têm oportunidade de experienciar esses tipos de momentos tão doces e tensos. Apenas aqueles capazes de escalar até o topo da hierarquia escolar e se tornam a elite, os poucos, as crianças populares.

Você tem suas crianças populares e impopulares.

Eu sempre odiei tais definições, onipresentes elas são no entanto. Desde que tais termos surgiram, crianças do ensino médio só tinham uma coisa em mente: Por favor, deixa eu ser popular. Ou ao menos, não estar na base da pirâmide. Por favor.

A cerimônia de entrada que os pequenos primeiranistas estavam se encaminhando para era apenas o primeiro round da batalha. No momento em que eles voltarem por este mesmo caminho mais tarde no dia de hoje, eles já teriam uma boa ideia do que está por vir. Eles saberiam quais dos colegas eram prováveis de serem a vida e alma de cada classe e quais estavam destinados a passar três anos tentando se camuflar com as paredes. Se eles não estivessem nervosos agora, então eles só poderiam ser loucos.

Saku Chitose….

Não acredite no que a sociedade te diga, pequenos primeiranistas. Esqueça sobre quem é gostoso e quem não é. Esqueça sobre quem é “sociável” e quem é “anti-social.” Mande eles irem a merda– e seja apenas aquela pedra que rola onde quiser. Depois de um ano batendo e colidindo uns aos outros, você será uma pedrinha legal e suave de qualquer jeito.

Na minha posição como estudante do segundo ano, que já tinha sido rotulada como “popular” por todo mundo. Eu me sentia mais do que qualificado para dar a esses noobs um conselho.

Clunk, clunk, clunk

Scuff, scuff, scuff.

A brisa veio calorosa nas minhas bochechas enquanto afastava os últimos vestígios do frio do depressivo inverno da região de Hokuriku.

Primavera é a estação dos novos começos. O céu azul, os cabelos negros ao vento e as saias balançantes das garotas, os blushes rosa cor de cerejeira em suas bochechas–tudo falava sobre os novos encontros, novas possibilidades de romance. Enquanto eu andei na direção da escola, eu tinha uma pequena primavera em meus passos, como um velho cheio de juventude por ir na casa de banho de um velho amigo.

Saku Chitose…

Você sabe, eu continuei lendo e relendo esse post, mas eu tenho que dizer, parece que alguém tem algo contra mim. Eles utilizaram meu nome completo e tudo.

Eu sorri amargamente para a tela do meu celular. Pelos últimos minutos eu estava tirando ele do meu bolso para olhar antes de guardá-lo novamente, e então fazendo de novo e de novo.

No meu celular, eu tinha o site ‘oculto’ da escola aberto.

É tipo aqueles fóruns anônimos, e cada escola tinha sua própria seção na qual qualquer um poderia postar se quisessem. Tinha muitos posts. Foi popular por uns dez anos, mas então ele se tornou esse grande “problema social” por conta do bullying online, então começou a morrer pela falta de usuários e tal.

Bom, nesses dias nós temos o Twitter e o LINE para abafarmos nosso stress. Mas esse tipo de rede social vinha com um risco. Faça um único movimento errado, e sua verdadeira identidade pode ser descoberta. Então nós estudantes de elite da prefeitura da escola de alto nível Fuji localizada na prefeitura de Fukui trouxemos todos os nossos trash-talk, zoeiras, xingamentos e etc de volta para os fóruns ‘ocultos’, e eles acabaram sendo revividos recentemente.

“Ele é um brocha de pau pequeno; é isso que ele é. Looool!”

“Yeah, eu ouvi dizer que ele não conseguiu aguentar quando ele estava comendo aquela mina do 3° kkkkkkk”

Hey! Eu não vou deixar essa passar!

Eu senti meu espírito afundar enquanto eu escaneava todos os comentários que estavam concordando. Ser chamado de puto, okay, eu posso viver com isso. Mas, ter rumores sobre minha performance sexual no ar… Esse tipo de coisa poderia afetar de verdade a autoestima de um cara gostoso como eu.

E mais uma coisa… As outras crianças sendo taxadas ao menos tinham codinomes ou eram referidas por suas iniciais. Porque eu era o único sendo difamado pelo nome real enquanto esses tolos me arrastavam tão pesado..?

Quase todos os posts sobre mim eram difamações absurdas.

Por que as pessoas não podem escrever algo legal de vez em quando? Tipo, “Chitose é tão gostoso! Eu quero estar em seus braços!” ou coisa assim?

“Bom dia, Saku. Por que você está parado no caminho?”

Alguém tocou meus ombros, e eu me virei para ver Yua Uchida, que esteve na minha classe no ano passado. Ela estava sorrindo, sua expressão me lembrava de um brilhante girassol florescente.

Seu cabelo longo estava jogado para trás de um dos ombros, balançando suavemente ao vento. Quando ela sorria, o que era comum, os cantos dos seus olhos se enrugavam fazendo os famosos ‘pés de galinha’ que eram adoráveis e que poderiam provavelmente acabar com todas as guerras e trazer a paz para a humanidade. Ela não era exatamente a maior beleza da escola nem nada, mas ela era o tipo de garota cujo nome iria aparecer nas viagens escolares quando a conversa iria para o caminho de quem são as mais gostosas e tal.

Na verdade, ela não se destacou no primeiro momento, mas conforme o ano se passou, ela começou a florescer saindo de sua fase do fundamental. Durante o segundo semestre do ano passado, ela naturalmente começou a orbitar junto conosco, crianças populares.

“Dia, Yua. Dá uma olhada nisso.”

Eu balancei meu celular no ar, e Yua aproximou seus ombros do meu para conseguir ver a tela. Enquanto ela se inclinava, eu pude sentir o cheiro de seu shampoo. Tinha cheiro de orgânico.

“Ah, isso. Bom, não se preocupe.”

Yue sorriu para mim, seus olhos formando os pezinhos lindos enquanto ela acariciava minhas costas tranquilizadoramente.

“…Com licença? Essa é uma forma de reação? É como se você estivesse dizendo, ‘Bom, não tem como negar, então supera.”

“É isso que eu estou dizendo. Olha, Saku. Você é gostoso, e as garotas te amam, então é óbvio que você vai ter hater. É apenas inveja.”

Honestamente, eu concordava com Yua. Era inútil até mesmo tentar descobrir quem estava escrevendo essas besteiras sobre mim. Poderia ser o cockblock, o idiota que eu encontrei antes da pausa de primavera  Ou podia ser algum x com rancor, alguém que eu nem sei que existe.

Só pensar sobre qualquer famoso criativo… um ator, um músico, escritor, pode escolher. Quanto mais popularidade eles adquirem, mais haters eles acumulam ao mesmo tempo. Há uma boa quantidade de cuzões aí no mundo que querem arrastar as pessoas bem sucedidas para a lama e expor qualquer ponto fraco que elas possam ter.

Na verdade, quando sua proporção de fãs e haters era algo em torno de 50/50, é aí que você sabe que você está indo bem. A coisa que realmente me assusta é não fofocarem sobre mim.

“Mas isso é loucura! Eu quero dizer, aqui está um cara super gostosão, estiloso, abençoado nos sports, notas lá em cima, excelente ao conversar com todo mundo, super legal e também um líder incrível– com, se me permite adicionar, um apreço para humor negro e inteligente. Eu sou sensacional. Por que eles me odeiam?”

“Se você realmente não consegue saber, eu fico feliz em te contar. Mas eu sinto que você já sabe.”

Enquanto nós passávamos pelos familiares portões da escola, nós pegamos nossas cópias da lista de classe que estava sendo distribuída. Começando no segundo ano, as classes iriam ser separadas entre exatas e humanas, e a lista de classe iria mostrar essa separação. Pessoalmente, eu prefiro o sistema no qual eles colocam as listas em um quadro de avisos–por algum motivo é muito mais excitante–mas dessa forma é mais fácil de ver que classe cada pessoa está, então eu acho que faz mais sentido, sendo lógico.

Enquanto nós líamos pela lista de classe, o rosto de Yua se acendeu.

“Sim! Nós estamos na mesma classe de novo. Mais um ano juntos!”

“Não é apenas nós. A lista de classe é basicamente igual a do ano passado.”

“Yeah, mas… você podia ao menos agir como se estivesse mais excitado de estar na mesma classe que eu de novo!”

Eu ri, dando de ombros para a atuação de Yua. Então eu dei uma olhada mais de perto para a lista. Junto com Yua e eu, os jogadores principais do grupo popular da Classe Cinco do ano passado estavam todos reunidos, tendo optado pelo curso de humanas.

Nossa escola tinha a política de tentar manter as crianças juntas o máximo possível, mesmo quando eles tinham que nos separar pelo estudo do curso.

Isso ajudava a mitigar o stress que vinha com uma mudança de classe abrupta, e isso nos ajuda a focar nos nossos estudos ao invés de fazer novos grupos de amigos todos os anos. Você consegue ficar com seus parceiros, e as hierarquias sociais continuam no lugar. É uma política comum em escolas de elite como a nossa. Então foi uma surpresa para mim.

Dito isso, fora do nosso grupo original, tinha um bom número de desconhecidos das outras classes misturados também. Eu ouvi de um sênior uma vez que os grupos de ciências sociais e humanas sempre acabavam com uma mistura de estudantes.

Apesar deles tentarem evitar o máximo possível mudança de alunos de classe, porque cada estudante escolhe seu próprio curso, existe um limite no que eles podem fazer. Então algumas crianças acabam sem muito dos seus amigos na sua nova classe, ou até mesmo sem amigo algum. Eles tentaram arrumar isso até um certo ponto ao juntá-los todos juntos–com, claro, as crianças problemas e os delinquentes. Então eles tentam fechar os buracos com grupos pequenos de crianças populares que são boas em fazer amizades com todo mundo.

Quero dizer, a escola nunca iria admitir isso, claro. Mas todo mundo fala sobre como os segundos e terceiros anos definitivamente têm “classes populares” e “classes de lobos solitários”.

“E nós ainda somos a Classe Cinco, também. Aw, eu estava pensando em como aqueles comentários de ‘Saku Chitose da Classe Cinco’ iriam ser desatualizados. Mas parece que pelo menos mais um ano, eles vão se manter atuais.”

“Yeah. Eu tenho certeza que aqueles anons vão estar comemorando o fato de que eles não têm que ir editar todas suas mensagens para algo como ‘Saku Chitose da Classe Dois’  ou coisa do tipo.”

“Hey, você está do lado de quem, afinal?”

“E aí? Dia.”

Eu levantei uma mão casual em comprimento enquanto eu abri a porta da sala do 2° Ano, Classe Cinco, minha voz era alta e alegre. Eu não tinha ideia de quem eu poderia encontrar na classe, mas eu customizei meu cumprimento para se adequar a todas as eventualidades. Era bem um oi para uma classe nova cheia de variáveis desconhecidas.

“Hey, Saku! Bom Dia! Aahh, hey, Ucchi!”

Um cumprimento veio voando na minha direção, cortando através dos papos e conversas excitadas da sala, clara e afiada como o canto de um pássaro no alvorecer. A dona da voz era Yuuko Hiiragi, e enquanto seu cumprimento era indisciplinado e sem refino, ela tinha a aparência de uma jovem lady elegante, a própria definição de princesa da classe.

Seu penteado deve ter levado três vezes o tempo de Yua. Suas curvas estavam todas nos lugares certos; ela tinha a figura “ideal” que todos os garotos sonhavam. Você poderia colocá-la naqueles grupos de idols, de tipo, vinte membros, e ela ainda iria se destacar como uma das melhores. Todo mundo bajulava a garota e se sentia ansioso sobre a Yuuko, e ela levava tudo em passos largos. Ela quase esperava. Similar de como um bebê recém nascido nunca pensou se ele é adorável ou não. E ela era tão natural nisso que todo mundo dava um passe livre para ela.

Às vezes, garotas perfeitas existiam–e não era apenas o personagem principal de uma novel ou mangá. Ela transcendia conceitos mesquinhos como ser arrogante uma agir que nem uma garota malvada, e era aceita por todos.

Incidentalmente, as crianças na escola todos basicamente decidiram entre eles que Yuuko e eu éramos o ultimato. Ou pelo menos, ela era a minha “primeira esposa”.

“Nós temos Yuuko, Kazuki, Kaito… Wow, todos os jogadores chave estão aqui.”

“Hey, Yuuko. Hey, vocês dois.”

Yua e eu retornamos o cumprimento da Yuuko e nos dirigimos aos outros que estavam em um círculo, enquanto eles naturalmente se mexeram para deixar espaço para nós.

“Yay! Nós estamos todos juntos novamente!”

Yuuko levantou as duas mãos para pedir um high five duplo de mim. Eu bati minhas mãos com as dela, então entrelacei meus dedos aos seus.

“Você está feliz, também, Saku?”

“Claro. Se você e eu tivéssemos sido separados, Yuuko, eu teria que me arrastar para escola em desespero todos os dias.”

Yuuko sempre me tratou como aquele amigo homem engraçado. Ele não tinha nenhum pensamento de ter esse relacionamento físico comigo assim. Na verdade, ela tinha provavelmente cumprimentado Kazuki e Kaito do mesmo jeito apenas alguns momentos atrás.

Yuuko nunca nem ao menos pensou em coisas como não gostarem dela ou ser considerada irritante pelas outras pessoas. E ela não agia desse jeito apenas com nós caras populares. Ela agia assim com todo mundo, até mesmo os nerds. E claro, eles iriam ter uma ideia errada, e iriam pensar que na verdade tinham alguma chance com ela, e então tentariam pedir ela pra sair. Ela iria acabar com esse ??? olhar no rosto. Isso aconteceu vezes demais para contar.

Eu estava apenas contemplando a popularidade da Yuuko quando a Yua me virou com um olhar

de desprezo.

“Esse cara aqui estava realmente aproveitando o caminho para a escola, observando as primeiranistas.”

Yuuko se virou para mim, rapidamente entrelaçando seus braços com os da Yua e franzindo a testa.

“Ew, Saku, que pervertido! Quando você tem garotas tão bonitas como nós na sua classe!”

“…Você apenas está com inveja que você não teve um cara quente como eu como sénior esperando para elogiar sua beleza quando você estava fazendo sua primeira, inocente e ansiosa caminhada para a escola. Estou certo, Yua?”

O adorável duo riu e revirou os olhos. Nós estávamos tendo um momento legal–até que repentinamente, alguém me deu um ataque de karatê por trás. Ouch.

“Foi mal, cara. Eu achei que você merecia um ou dois socos.”

O responsável era Kaito Asano, que estava com um sorriso provocante. Ele já era o ás do time de basquete e nem tinha começado direito o seu segundo ano. Ele era o seu típico garoto jovial com um bom físico e habilidades superiores nos esportes.

E ele era mais alto do que eu. Eu só podia esperar que o padrão de calvície estava em seu futuro.

“Você tem que elogiá-lo pelo timing, no entanto. Ele tinha que te cortar; aquele playboy nojento ostentando as suas concubinas.” 

Kazuki Mizushino sorriu como um tubarão. Como ele era o ás do time de futebol tão rápido, ele mal tinha chegado no seu segundo ano? Ele sempre agiu tão suave, mas a criança sabia o que ele estava fazendo.

E ele era discutivelmente mais bonito do que eu. Eu só podia esperar que um ataque de diarreia explosiva durante a aula estivesse em seu futuro.

“Saku, você parece um tanto quanto irritado.”

…Hmph. E ele estava sempre abordando os tópicos importantes.

“Está tudo bem. Eu só estava pensando em como vocês dois são um par de insetos irritantes tentando se enxerir na minha relação com meu harém. Três é companhia, mas cinco é uma multidão, vocês sabem. E eu iria cortar esse rolê de ‘concubina’ logo, a não ser que você queira ler seu nome no site de fofocas da escola em breve.”

Todo mundo bufou enquanto eu zombei de Kazuki, mantendo um olho na Yua.

Sorrindo, Kaito colocou os braços por cima dos meus ombros.

“Aw, Saku. Os comentários te afetaram de novo?”

“Vai a merda. Por que você parece tão feliz com isso?”

“Por que não estaria? Um patife como você que deixa as garotas chorando pela escola… Você precisa sofrer as consequências, ou os planetas irão sair do equilíbrio!”

“Se eu estou lá com meu nome verdadeiro, esse babaca deve estar lá também. É isso que mostra que o universo não está em equilíbrio.”

Mas Kazuki meramente sorriu. “Desculpa chover na sua praia, mas eu nunca deixei nenhuma garota chorando. Eu simplesmente dou amor e deixo elas querendo mais.”

“Ah, me poupe.”

Agora que eu terminei de brigar verbalmente com Kaito e Kazuki, eu limpei minha garganta para mostrar uma mudança de assunto.

“De qualquer forma, parece que a Equipe Chitose está de volta a ativa.”

“Eu prefiro os Anjos da Yuuko Hiiragi.”

“Nah, Bombeiros Dinamite do Kaito.”

“Agência Criativa do Kazu.”

“Yua 5.”

“Welp, hora de debandar! Muitas diferenças criativas!”

Nós todos dividimos um soquinho para selar o acordo.

“Bom dia!”

“Dia!”

A porta da sala continuou aberta enquanto nós saímos conversando, e as crianças continuaram a vir todas com os olhos brilhantes. Todos pareciam nervosos, entrando em uma nova classe e um ambiente social não familiar.

“Hey, é o Chitose. Você deixou o cabelo crescer no intervalo de primavera? Eu posso cortar para você.”

“Não, obrigado. Conhecendo você, eu vou acabar com uma artéria cortada por engano.”

Haru Aomi era a garota que me ofereceu o corte de cabelo. Ela estava na Classe Três no ano passado.

Ela tinha membros longos e era a ala-armador do time de basquete feminino. Ela não era assim tão alta, mas ela tinha um corpo de modelo–não exatamente magra, só com ossos e corpo fino.

Ela não ligava para o seu cabelo no mesmo nível de Yua ou Yuuko; ao invés disso, ela o mantinha em um cabo de cavalo curto para que não atrapalhasse. Ela não tinha os ativos do mesmo nível das outras garotas, mas tinha algo em seu rabo de cavalo balançante e um pescoço exposto que atraía o seu olhar.

Kaito se inseriu em nossa conversa.

“Hey! Você deveria me cumprimentar primeiro. Nós dois estamos no time de basquete.”

“Oh, eu já vi o suficiente de você. Não há nada excitante nele. Certo, Nanase?”

“Eu estou cansada do Kaito, também. Mas eu estou feliz que o Chitose e o Mizushino estão aqui. Pelo menos uma vez temos alguns colírios!” Yuzuki Nanase colocou sua cabeça por cima do ombro da Haru. Ela tinha um cabelo liso na altura do ombro que me remetia a um comercial de shampoo.

Ela estava na Classe Três ano passado também, a ala armadora do time de basquete feminino. Ela e Haru eram BFFs, provavelmente conhecidas por toda a prefeitura. Mas principalmente pelas suas jogadas na quadra.

Se você fizesse uma votação para ver quem era a garota mais popular do nosso ano, o nome da Nanase definitivamente iria aparecer lá em cima junto com o da Yuuko. Se Yuuko era do tipo idol-pop que combinava fofura e status, então Nanase era mais como uma atriz. Ela podia ir atuar como uma garotinha fofa até uma femme fatale, de amigável e avoada, de corajosa até uma folha trêmula que dava vontade de proteger.

Pessoalmente, eu tinha o sentimento que era algo mais calculado do que a Yuuko. Yuuko não tinha ideia do seu charme, mas Nanase radiava uma aura de perfeição que parecia ser perfeitamente construída. Eu tinha o sentimento que ela sempre estava pensando em como ela estava sendo vista pela escola. Eu podia dizer, porque eu sou exatamente assim.

Ambas as garotas tinham corpos incríveis, mas enquanto a Yuuko era suave como um marshmallow em todos os lugares interessantes, Nanase era firme e no tamanho certo.

…Eu não estava falando dos seios. Tira sua cabeça desses sites.

Nanase estava sorrindo agora, andando em minha direção. “Bom, agora que nós temos todos os colírios aqui… É hora de aproveitar a festa! Mostrem os abs para nós, garotos!”

Kazuki e eu imediatamente entramos no papel, cobrindo nossos corpos com nossas mochilas e gritando.

“Nããão! Não objetifica meu corpo!”

“Mulheres estão sempre atrás disso!”

Então Haru entrou em ação. “Aw, vamos lá, não precisa ser tão inocente, garotos. Só precisam deitar e procurar algumas sujeirinhas no teto. Vai acabar antes mesmo de perceberem.

“Er, garotas, que ano em que vocês nasceram mesmo? Por que vocês estão agindo como aqueles executivos bizarros de bigodes pós 50?”

 

 

Enquanto nós dois estávamos pulando e gritando, Yua se juntou a diversão e proveu o papel de desordeira para a pequena esquete de comédia das duas garotas. Ela não tinha se tornado um membro dos populares faz muito tempo, mas você nunca adivinharia isso se visse ela.

“Ucchi!” Haru gritou. “Perfeito, nós estávamos precisando de uma desordeira na Classe Três no ano passado! Nanase sempre desiste quando eu estou no clima da comédia. Você deve ser minha nova dupla!”

“Ucchi, quando ela sai dos trilhos, você tem que ir com tudo. E eu,” adicinou Nanase.

“…Er, okay. Mas vamos começar do começo? Na verdade, a gente nunca conversou antes, então que tal a gente se introduzir, certo, pessoal?”

Yua piscou um pouco enquanto olhava para a Haru e a Nanase. Ah, ela realmente tinha sido inundada de informação. Mas essas duas eram duas das garotas mais populares da escola; não tinha ninguém que não conhecia seus nomes. É o que é.

Mas a princesa natural, Yuuko, estava calma como um monge.

“Yuzuki, Haru, é tão incrível estar na mesma sala que vocês esse ano! Eu sempre quis ser amiga de vocês. Mas não se esqueçam que Saku e eu somos o ship ideal! E Ucchi é a… entrada? Sobremesa dele, okay? Mas, tirando isso… Irmãs!!!”

Assim como Yua, Yuuko nunca tinha realmente se relacionado com a Nanase e a Haru antes. Do seu próprio jeito descontraído e alegre, ela estava tentando marcar seu território. Era meio fofo. Exceto que era claro que ela não tinha ideia do que uma sobremesa era.

“Deixando isso tudo de lado, é ótimo dar as boas vindas aos novos membros do Time Chitose,” Eu disse.

Haru e Nanase não deixaram de perceber.

“Eu prefiro Os Desafiantes Perigosos da Aomi.”

“Não, não, Cruzados Lunares da Yuuki.”

“Ah, eu senti que ia acabar assim.”

Yeah, nosso grupo iria definitivamente acabar consistindo nos membros mais populares da nossa nova classe.

Eu olhei em volta para os outros alunos. Alguns deles eu lembrei de ver antes. Vários pareciam nervosos. Outros estavam falando bem alto, e alguns estavam até mesmo dando olhares invejosos para nós, talvez desejando estar em nosso lugar, ou ao nosso lado. Outros olharam  para suas mesas ou para o quadro negro em silêncio. E havia outro grupo que obviamente nos odiava.

Era uma reação entendível. Aqui estamos nós, rindo e falando em voz alta, todos tão amigos em uma classe tão nova. Eu podia entender tais olhares.

Desculpa, mas é assim que nós somos.

Eu sei que eu era um pouco autoconsciente, e eu acredito que Kazuki e Nanase eram, também. Mas não era como se nós estivéssemos nos mostrar ou ostentar as novas adições ao nosso grupo. Hey, pessoal, olhem para nós! Nós somos tão populares!

Não, nós estávamos apenas felizes de estarmos na mesma classe de novo com nossos amigos. Só os velhos parceiros, se divertindo.

Eu juro, isso é tudo que nós estamos fazendo.

Mas considerando o número de pessoas que acabam não aproveitando o ensino médio do mesmo jeito que nós, era talvez óbvio que eles estivessem sempre me caracterizando como uma criança popular detestável que não tinha entendimento nenhum dos seus arredores e então escrevendo aquele monte de asneira nos fóruns.

As crianças impopulares, os perdedores, e os otakus, eles nos estereotipam como todo mundo. Os populares são todos assim; eles deveriam ser mais isso; eles são apenas estilo sem substância alguma; são um bando de cuzões que pensam serem melhores que nós.

Eu acho que é por isso que os professores tentam manter os populares juntos. Tipo, junto com bem, vocês sabem? Deixa as crianças com as outras crianças que eles têm mais probabilidades de serem amigos. E preencha os buracos com aqueles que não vão se dar bem com ninguém. Talvez eles até conseguem aprender uma coisa ou outra do pessoal popular. Talvez nossas habilidades comunicativas vão atravessar um pouco suas conchas. E todo mundo vai poder relaxar e focar nos estudos, sem nenhuma discórdia na hierarquia.

De qualquer forma, o status quo funciona bem para o Saku Chitose.

A morte é melhor do que uma vida sem beleza. Essa é minha filosofia. E a beleza que eu digo, eu quero dizer uma vida na qual eu sou legal e atraente e tenho um bando de garotas dando em cima de mim.

$$

“Certo, sentem-se, todo mundo.”

Repentinamente, veio uma voz lenta, meio irritada da frente da classe. Não é o tipo de atitude fresca que você esperaria no seu primeiro dia de aula, não é?

Uma vez que todo mundo percebeu que nosso professor tinha entrado na sala, eles rapidamente voltaram para suas mesas. Ele nem precisava ter dito isso–talvez o cara estava apenas economizando sua energia. De qualquer forma, nós somos uma das escolas mais top da prefeitura, então não é como se nós gastássemos muito tempo para sentar e ouvir, diferentemente de algumas outras.

“Eu sou Kuranosuke Iwanami, o professor tutor da Classe Cinco do Segundo Ano. Vamos seguir daí e passar por mais um ano, certo?”

Ele tinha um cabelo de quem acabou de acordar, o qual claramente não tinha se preocupado em arrumar e passar um gel ou pomada. Ele também estava vestindo um terno bem gasto e um velho par de sandália de sola de palha.

Esse cara, que parecia com um daqueles conhecidos da escola que tinham sumido em algum momento e tinha sido encontrado na praia vendendo sua arte, também foi nosso professor tutor no ano passado. Sua matéria de expertise era a língua japonesa.

Ele era meio desleixado, mas ele era um professor bem querido. Todas suas classes de japonês sempre tinham as melhores notas. Em uma escola como a nossa, na qual tinha vários professores de elite, sua atitude descontraída, meio “meh” cativava seus alunos. Nós até mesmo o chamávamos de Kura.

“Aw vamuuuu! Nós conseguimos o Kura como tutor! Eu acabei de falar que esperava ter ele!”

Já que nós estávamos todos sentados alfabeticamente pelo sobrenome, Haru estava na mesa ao lado da minha. Agora ela estava sorrindo para mim. Eu podia sentir algo doce, provavelmente do spray corporal que ela passou após prática do clube. Ela me fazia me sentir inquieto por alguma razão.

“Yeah, vocês tiveram a Misaki-sensei no ano passado, né? Cara, que bad. Toda vez que ele me vê nos corredores, ela me diz para apertar minha gravata. Ela é gostosa, mas ela tem um olhar maligno.”

“Vários garotos gostam dela e daquele olhar. Você não, Chitose?”

“Hmmm… Nah, esse não é meu tipo. Feromônios demais. Algo muito grande lá atrás. Eu prefiro muito mais mulheres descontraídas que nem você, Haruo. Você é alguém fácil de conversar.”

“…O quê? Eu realmente espero que você não esteja tentando dar em cima de mim assim tão cedo no semestre. Por favor não tente; é muito brega.”

“Yikes. Desculpa. Eu me confundi e pensei que eu estava conversando com uma garota”

“Yeah, grande erro. Venha me ver depois da escola, atrás do prédio antigo.”

“Eu vou te dar alguns pontos pela escolha de um local clássico, Milady. A opção padrão para uma briga improvisada geralmente é o banheiro masculino.

Eu conheci Haru no ano passado através do Kaito. Ela tinha essa vibe refrescante de garota de esportes. E era alguém fácil de lidar. Você podia tratá-la como um garoto. Ela era muito parça.

“Você sabe, apesar de tudo eu acho que a Misaki-sensei é uma ótima professora. Muitos alunos gostam dela. Mas eu acho que você está certo sobre ela meio que ter algo lá atrás. Kura, no entanto, parece completamente descontraído.

“Sim, é um cara tão solto quanto sua gravata.”

“Eu estou vendo, tô vendo. Cara, eu odeio gravata apertada, especialmente depois de ficar toda suada pelo treino matinal do clube.”

Haru brincou com a parte da gravata próxima ao pescoço, afrouxando-a para entrar um ar.

Que garota atrevida. Mas ela fazia isso tão inocentemente. Eu disse que ela era parça, uma dos garotos, mas isso não significava que ela não tinha esse apelo feminino. Na verdade, isso era muitas vezes uma fonte de distração.

“Você poderia usar uma fita no pescoço ao invés da gravata. Deixaria mais livre.”

“Querido, você consegue me ver com uma fita?”

“Hmmm….”

“Eu conheço minha imagem, mas eu não sou fã de ouvir as pessoas falando; você entende o que eu quero dizer?”

“…Okay, eu prefiro você de gravata, Haru. Tamo bem?”

“Ah, Chitose, a luz está brilhando no seu cabelo como uma auréola, Como uma cesta de basquete, tão tentador…”

“Não enterre em mim!”

Misaki-sensei de lado, o corpo docente da Fuji High era bem de boa para os padrões de uma escola de elite. Somos permitidos alisar ou até fazer permanente nos nossos cabelos, experimentar os estilos de cabelo e até mesmo personalizar nossos uniformes até um certo ponto. Nós também podíamos checar nossos celulares no meio da aula enquanto fôssemos sutis. Muitos dos professores, incluindo Kura, nos deixavam tirar fotos da lousa para referência futura.

Você tem que ser bem inteligente para chegar nessa escola em primeiro lugar. Os professores não querem que nós tenhamos burnout nem que fiquemos neuróticos com nossos exames para a faculdade, então era provavelmente por isso que eles nos davam muito espaço para respirar.

“Certo, nós precisamos decidir o presidente e o vice da classe, também precisamos decidir a ordem dos assentos. Muito bem, Chitose-san, você pode assumir? E tente não Sauar, Saku.”

Eu estava tão distraído pensando no contraste entre o estilo esportivo da Haru e sua feminilidade que eu quase não ouvi o Kura me chamar pelo nome. É claro que fui aquele chamado para fazer o trabalho duro. Padrão.

Haru cutucou meu cotovelo. “Chitose, você foi nomeado. Até conseguiu uma piada de tiozão mal feita.”

“Certo, certo.”

Eu aprendi no ano passado que não tentar ir contra os pedidos do Kura não funcionava.

Além disso, Kura-ossan nunca dava mais lição do que alguém era capaz de lidar ou mais responsabilidade do que alguém podia aguentar. Mas ele vacilava no range de “Tal pessoa pode fazer isso facilmente” e “Isso vai ser realmente complicado de se fazer.”

Nessa ocasião, a primeira categoria se aplicava a mim. Qualquer reclamação seria seguida de um desleixado “Só se vira” do Kura.

Ainda assim, não era normal o Kura ser tão preguiçoso em seu primeiro dia do novo ano escolar, na frente de estudantes que ele nem ao menos conhecia. Eh, eu não iria ficar pensando muito no assunto.

Então segui para trás da mesa do professor.

Então eu limpei minha garganta.

“Uh…Então…Eu acho que todo mundo no segundo ano já conhece meu nome, mas só no caso…”

Eu comecei bem arrogante, puxando a lapela do meu blazer de um jeito bem legal. Então eu dei um aceno afiado para as crianças.

“Aparentemente, eu sou a empregada pessoal do Iwanami-sensei. O nome é Saku Chitose. Você pode me conhecer de alguns websites como puto e/ou cuzão. (notamusical)”

Todos eles sorriram, primeiro as garotas e então os caras. Suas reações me diziam que todos eles tinham lido as besteiras do fórum oculto.

“Tch.”

“…Zoado.”

Enquanto eu olhava mais de perto, eu podia ver que vários dos sorrisos eram sarcásticos. Provavelmente os mesmo alunos que estavam me dando um olhar maligno pouco tempo atrás.

Ainda assim, era o primeiro dia, então eu tentei fazer a boa para eles, pelo menos um pouco. Eu me direcionei para o Kazuki.

“Muito bem, pessoal fechem os olhos por favor. Agora, será que a pessoa ou pessoas que estiveram escrevendo tais coisas difamatórias sobre mim online vai levantar a mão?”

“Muito bom, muito bom, eu vi. Podem abrir os olhos agora. Kazuki, nós iremos tratar disso como homens mais tarde.”

“Me desculpa. Foi apenas uma brincadeira. Eu estava tentando animar minha mãe doente.”

“Masoquê? Coloca para ela assistir uma sitcom, então! Coincidentemente, eu vi sua mãe andando de bike outro dia–ela é uma super MILF, só para constar–e ela não parecia nenhum pouco doente!”

“Olha, Saku… Quero dizer, Saku Khouzaun…”

“De onde veio essa mistura terrível com holândes?!”

“Tsk,tsk, o que minha mãe iria pensar?”

“Exato, por culpa sua!”

A atmosfera tensa da classe se dissipou, e agora todo mundo estava sorrindo.

Era calculado, sim, mas eu não estava tentando passar por cima dos meu colegar de classe. Eu só queria me dar bem com todo mundo e aproveitar bem meu ensino médio. Para isso, eu precisava deixar o trabalho daqueles que queriam estragar a diversão chamando por nomes e negatividade bem difícil.

Mesmo os dissidentes, tinham se aclimatizado, apesar de seus lábios ainda estarem mostrando um certo desgosto.

“De qualquer forma, piadas de lado, vamos todos nos dar bem e fazer alguns amigos novos esse ano, kay? Kay, então para o presidente e vice, alguém quer indicar alguém?”

Kaito lançou na hora. “Depois dessa introdução, ninguém vai querer assumir! Você vai assumir o cargo, Saku. Afinal, você foi o presidente da classe no ano passado.”

Nanase e Haru deram suporte.

“Eh, claro. Dúvido que ele seja pior do que alguém.”

“É só um título, no fim de tudo.”

E… decidido em dez segundos.

Eh, mas eu meio que estava esperando isso depois de preparar o ambiente da classe. Ainda assim, não foi um resultado negativo para mim.

Minhas desculpas para qualquer um idealista que planejava balançar as coisas ao virar o novo presidente e mudando tudo. Se alguém do tipo falasse algo, eu desistiria. Mas eu teria que avisá-la…. Mudanças não dão muito certo no segundo ano do ensino médio.

Ser o presidente da classe não dava muito trabalho, mas você tem que ficar de olho nos haters, como o grupo de antes. E você tem que estar ciente das necessidades não só das crianças populares, mas também dos perdedores e dos lobos solitários, também. Yeah, você tem que ser capaz de tomar decisões de maneira astuta e ter certeza de seguir com elas, pelo bem de todos.

“Alguma outra indicação? Não? Okay. Então eu irei assumir. De agora em diante, eu clamo a todos vocês como meus súditos.”

Eu coloquei uma mão na cintura e fiz uma pose bem arrogante.

“Fala muito para a empregada pessoal do professor,” Haru alfinetou.

“Oh querido, eu me desculpo! Eu mal posso esperar para servir todos vocês o melhor que puder!”

Várias garotas riram com isso. “Engraçado demais!” Uma delas disse.

“Okay, agora quanto ao vice-presidente. Alguma indicação?”

Essa vai ser decidida em cinco segundos de novo; eu tinha certeza.

“Eu, eu , eu! Se o Saku vai ser o presidente, eu tipo tenho que ser a vice-presidente!!!”

Como esperado, antes mesmo de eu terminar de falar. Yuuko levantou sua mão. Sem surpresas aqui.

“Er, eu me lembro do vice-presidente do ano passado ficar de bobeira pela maioria do ano passado e empurrar todo o trabalho para o presidente. Se eu não estou louco, eu sinto que ela parecia um pouco demais com… Você.”

“Tá legal; tá legal! Eu tomei cuidado do coelho e da tartaruga da classe direitinho lá no fundamental 1! Eu tô preparada!”

“…Com licença; eu não sou um pet da classe.”

Ninguém se opôs a Yuuko como vice rep.

“Obrigada, pessoal! Eu vou ser a sua nova vice-presidente, Yuuko Hiiragi!”

Acenando, ela trotou até se juntar à mim na mesa do professor sem nem ao menos se importar em olhar para a classe para ver se eles estavam de acordo com isso. É assim que ela é. Ela me surpreendia do quanto ela conseguia ser tão calma e não precisava planejar nada sobre as coisas. Diferente de mim.

“Certo, agora vamos decidir a ordem dos assentos. Alguma ideia?”

Do meu lado, Yuuko levantou a mão novamente.

“Nós todos devemos poder sentar com o garoto ou garoto que é nosso crush!”

“Não, obrigado! Eu nunca serei capaz de estudar se eu estiver cercado por um harém de beldades.”

Er, Yuuko? Essa é uma classe basicamente formada das crianças mais populares, lembra? (E alguns lobos solitários.) Melhor não forçar as pessoas a conversarem ainda.

“Nós devemos fazer uma competição de braço de ferro. Os vencedores escolhem onde querem sentar.”

“Kaito, por favor. Os adultos estão conversando.”

“Nós devemos nos sentar com base nas notas do ano passado.”

“Kazuki, por favor. Eu realmente acho que a sua contribuição para essa discussão deveria ser o silêncio. Apesar de que… Vamos falar sobre as suas notas do ano passado…”

“Eu quero sentar lá atrás onde eu posso durmir em paz durante a aula!”

“Eu aprecio a sinceridade, Haru. Mas eu realmente acho que o seu assento deveria ser logo debaixo do professor.”

“Eu gosto dessa lógica. Me coloca lá atrás, também.”

“Se nós estamos indo pelo número de falhas na personalidade, eu acho que você e o Kazuki devem se sentar na frente, Nanase!”

“Nós deveríamos só tirar no papelzinho e fazer isso de maneira justa.”

“Vamos, vamos, Yua… Não estrague a brincadeira com lógica.”

“Espera, por que eu sou aquela sendo repreendida?”

Eu soltei um longo e suspiro voluntário antes de olhar para a classe. Então eu sugeri a escolha óbvia do início.

“Okay, crianças. Já que nós conseguimos chegar a um acordo, eu vou exercer minha autoridade presidencial. Agora ao ver todos vocês sentados assim de olhos brilhantes e cheios de vontade, eu penso comigo mesmo, Ah sim, que fresco adequado essa disposição do novo ano escolar é! Então eu proponho que nós continuemos sentados na ordem alfabética. Que tal?”

Eu esperei por alguns segundos, mas já que não havia nenhuma oposição, eu continuei.

“Qualquer um que tiver problemas, pode vir falar comigo. Problemas podem incluir, porém não são limitados a ‘Eu não consigo ver a lousa porque sou míope/ tenho astigmatismo’ ‘A cabeça gigante do Kaito está bloqueando minha visão,’ ‘Kazuki fica me encarando, e eu não estou confortável,’ e por aí vai. Nós iremos levar isso caso a caso. Kay?”

Eu estava ciente do fato que apenas as crianças populares estiveram contribuindo para a discussão até agora. Os outros provavelmente estavam com muito medo para fazer algo.

Aqueles que acabaram sentados na frente pela ordem alfabética podem ter seus arrependimentos, mas também era mais fácil ver a lousa dali. E não era válido vir até o presidente para reclamar. E já que eu tinha escolhido a ordem alfabética, ninguém podia me acusar de priorizar os populares. Meu plano era calculado para evitar o máximo de discórdia possível na classe.

“Certo, agora que todos estamos à bordo. Vamos nos manter sentados assim por esse ano. Eu estou ansioso para servi-los como presidente de classe.”

“Wow, que final mais meme. O que aconteceu com o humor?”

“…Ah, eu também concordo com a mudança de assentos se a visão do Kura te deixa desanimado quanto a seus estudos, ha-ha-ha.”

Já que era o primeiro dia de aula, e nós tínhamos a cerimônia de abertura e tudo, nós não tivemos nenhuma aula além da inicial com nosso tutor. Metade das crianças foram para seus clubes, e a outra metade foi pra casa. Kaito, Haru e Yuuko foram para o clube de tênis; Yua tinha ensaio da banda–todos os meus parças tinham atividades do clube para fazer. Eu fui o único deixado com a tarde inteira livre em minha frente.

Eu comprei um cafézinho da máquina e subi para o terraço da escola, meus chinelos soavam pelas escadas. Eu podia ouvir o trompete da banda ao fundo. Podia ouvir os gritos do clube de futebol, fazendo umas corridas de aquecimento. O som emborrachado das bolas de basquete e o barulho dos tênis na quadra. E até aquelas pauladas do taco de beisebol acertando as bolas. Enquanto eu estava à toa ouvindo todos esses sons típicos pós aula, eu fui atingido por um senso de melancolia.

Eu abri a porta do terraço e encontrei as grades virada para mim, formando uma cerca azul, flutuando por cima delas. Eu segui em frente, encontrando um rosto familiar que eu preferia não ter encontrado.

“Ah, olá, olá.”

Kura estava apoiado na caixa d’água, fumando um cigarro.

“Eu pensei que a escola tinha uma política de não fumar em suas dependências.”

Eu me movimentei até a pequena escada e me sentei ao lado de Kura.

“Só outra regra boba criada pelo comitê docente para manter as aparências. Enquanto eu não fumar na frente das crianças, quem se importa?”

“E quem eu sou, então, se não uma dessas crianças?”

“Você é um daqueles espertos o suficiente para entender qual é a melhor opção entre me dedurar para os outros professores ou fazer uso da chave extra do terraço. É quem você é.

“Bom, obrigado pelo elogio.”

Assim como a maioria das escolas do Japão, nossa escola não gostava dos alunos indo para o terraço ao seu bel prazer. Então, é proibido. Ainda assim, você às vezes pode conseguir permissão do Kura, o Guardião da Chave, para comer o seu bento no almoço com seus parças. Mas você tem que pedir adiantado, e é algo meio chato, então a maioria das pessoas não se importam.

Eu, no entanto? Bom, o Kura me apontou como o Faxineiro do Terraço, uma posição super falsa, só para que eu consiga subir aqui sempre que eu quiser, sem ter que pedir para ninguém. É bem legal.

“Você não se envergonha de ser um fumante nos dias de hoje, no entanto? A sociedade está tentando acabar com o seu tipo, sabia.”

“Eh, as pessoas estão apenas procurando um bode-expiatório fácil.”

“Você quem diz.”

Eu abri a tampinha do meu café, pensando amargamente sobre o fórum oculto da escola.

“Bom, se é verdade que o fumante passivo desenvolve problemas de saúde. E se alguém me diz que não gosta do cheiro, bom, eu realmente não posso argumentar contra isso. É os idiotas que se acham donos da moral que eu não aguento. Eles só querem cancelar os outros. É a mesma coisa em qualquer lugar na sociedade, das escolas até os locais de trabalho. É como uma caça às bruxas moderna. Eles vão te queimar na cruz não importa o que disser.”

Kura estava ácido hoje, mas durante o processo, ele continuou a soprar anéis de fumaça placidamente.

“Yeah, são aqueles que ficam cancelando sem pensar se estão certo ou errado que eu não aguento. Se vocês crianças se tornarem adultos assim, então eu terei falhado no meu dever como um lapidador de mentes afiadas.”

“Concordo. Deixa eu dar um trago?”

“Eu levantei minha mão para aceitar o cigarro–não seriamente, claro. Kura deu um tapa nela de leve.

“Não exagera, criança. Se eu acabar desempregado e sem-teto, eu vou atrás da sua cabeça.”

“Você é um excelente exemplo para nós sobre como não devemos confiar nos adultos, Kura.

“Oh, vai colocar sua cabeça no decote da Hiiragi ou da Nanase como um bom adolescente hormonal, que tal?”

“Vamos, vamos, não é assim que um educador deve falar, nem mesmo brincando.”

Eu tomei um gole delicado do meu café.

“….Então o que cê quer, Pssor?”

Quando a ‘aula’ acabou, Kura me disse para encontrá-lo no “lugar de sempre.”

“Então você é o presidente da turma, certo?”

Kura puxou um pacote amassado de Lucky Strike do seu bolso do peito e acendeu seu segundo cigarro seguido.

“Oh, opss, eu só vi agora que estou atrasado para o treino…”

Sentindo o perigo, eu tentei dar no pé antes, mas o Kura me segurou pelos ombros e me puxou de volta para as escadas. Ele era magro como um cabo de vassoura, mas forte o suficiente para tal. Eu me sentei obedientemente.

“Olha, Chitose… Você não acha que é melhor para a classe ficar toda unida? Sem ninguém deixado para trás, e tudo isso?”

“Ah sim, dependendo do charme do professor tutor, eu acho que essa é a melhor forma…”

Eu tinha percebido que tinha uma cadeira vazia no fundo da sala. Eu supus que a criança estava doente, mas parece que não.

“Nós tivemos um estudante faltando hoje, no primeiro dia da Classe Cinco do Ano Dois, certo? Seu nome é Kenta Yamazaki. No ano passado ele estava na Classe Um. Ele não era um estudante estrela nem coisa do tipo, mas tinha notas decentes e alguns amigos. Mas no começo do terceiro semestre, ele começou a faltar, e logo depois parou de vir completamente.”

Eu nunca ouvi falar desse nome antes. As faltas eram meio que uma raridade em nossa escola. A presença era bem sólida, falando de maneira geral.

Eu não sei como é nas outras escolas, mas a maioria dos estudantes da Fuji High planeja ir para a faculdade. Para começo de conversa, é por isso que eles estudaram para entrar aqui, já que é meio que uma escola-cursinho. Nosso corpo escolar é composto basicamente de gente esperta. E yeah, têm uns cuzões que escrevem merda sobre as pessoas nos fóruns da escola, e algumas vezes eles tentam superar uns aos outros nas notas (o stress nessa época chega a ser feio), mas basicamente bullying não é um problema por aqui. Algumas vezes alunos que passaram raspando no exame de entrada acabam saindo porque não conseguem aguentar o ritmo, mas essa não parecia ser a situação.

Eu dei de ombros. “Então, por que ele parou de vir?”

“O tutor da sua classe do ano passado esteve na casa dele várias vezes, mas não foi capaz de falar com o Yamazaki diretamente. Perguntar para os seus amigos não deu muito certo, também; eles não eram assim tão próximos. Eles só andavam juntos pelos interesses comuns.”

“Entendo. Então agora você tem oportunidade de mostrar suas habilidades como educador.”

“De qualquer forma, essas são as informações que eu tenho no momento. O interesse comum em questão, coincidentemente, são anime e light novels. Esse gênero todo, você sabe.”

“Er, isso é legal e tal, mas eu estou sentindo que não estamos na mesma página. Uma conversação é um jogo em dupla, sabe.”

Kura fingiu não ter me ouvido. Eu suspirei exageradamente. Então eu continuei, um pouco mais sério do que antes.

“Certo, você me pegou… Por que você está falando disso comigo?”

“Você é o presidente da classe, Chitose. O presidente de Classe é uma posição de responsabilidade, com o dever de cuidar dos seus colegas estudantes…”

“Yikes. No entanto, é apenas algo simbólico, não é?”

“Eu achei que você era minha empregada, Chitose.”

“Aw, vai a merda.”

Eu caí na armadilha do Kura. Eu percebi que ele tinha deliberadamente deixado que eu assumisse como presidente da classe para que ele pudesse empurrar esse dilema para mim logo depois. Não havia limite para as coisas que ele me obrigava a fazer, usando o ângulo de ‘presidente da classe” como alavanca.

“Apenas as crianças sabem o que as outras crianças passam na escola. Como os adultos são os únicos que sabem o que os outros adultos têm que lidar. Você tem alguma ideia porque um achado como eu continua solteiro depois dos trinta, hmmm? Você tem alguma ideia do porquê eu tenho que gastar a maioria do meu mísero salário de professor no ‘café’ local, Não Me Faça Tirar O Meu Blazer? Bom, você sabe?”

“Okay, bom, agora que eu sei que você é uma falha total, não só como professor!…Ych. Então você quer que eu convença esse tal Kenta Yamazaki a voltar para a escola, certo? Por que você não pede para a Yuuko?”

“Hiiragi não possui a sutileza necessária para algo do tipo. Ela vai avançar sem saber detalhe algum e vai acabar empurrando a criança ainda mais para dentro de sua concha. Você é melhor para analisar e atuar de acordo com a situação.

“Em outras palavras, você sabe que eu nem ao menos tenho a opção de dizer não, huh?”

“Então nós temos um problema que uma criança com as suas habilidades poderia resolver facilmente, mas você vai apenas virar as costas? Eu achei que você era mais capaz do que isso, Chitose. O super herói de todos.”

Kura me deu um sorriso repleto de significado.

Tch. Esse velho que nem fez a barba é um saco de se lidar.

Qual é aquele ditado? Não busque o que te escapa; não rejeite o que te persegue. Normalmente não faço esforço para ajudar os outros, mas em uma situação como essa na qual me foi pedido especificamente, eu me encontrei querendo fazer um bom trabalho. Aparecer por lá arrumar a casa, dar uma reverência curta e suave e conseguir o crédito por um trabalho bem feito.

No fim de tudo, eu tenho uma reputação a zelar. Se eu quiser manter minha vida nos trilhos sem problemas, eu tenho que ser o Saku Chitose que todos acreditam que eu sou.

“Você vai me deixar lidar com isso do meu jeito, certo? E eu quero uma compensação digna desse perrengue.”

“Ah é? Você quer que eu te leve para o “café”, também?”

“Eu passo. Eu já conheço várias garotas bonitas que estão mais do que dispostas a ‘tirarem o blazer’ de graça.”

“…Você conhece alguma que gosta de homens mais velhos?”

“Você é tão nojento…”

Eu me encontrei uma vez mais no caminho que segue o rio, o mesmo de hoje cedo. Mas dessa vez, eu estava andando na direção oposta.

Existem vários caminhos e ruas que levam até a escola, mas eu gosto desse. O leito do rio tem mais ou menos vinte metros de largura, flanqueado de ambos os lados por uma gama de casas que variam entre novas e velhas. E eu gosto de ver a simetria dos postes elétricos com cabos de eletricidade amoontados em pilões. Também tenho que mencionar a visão de fundo das montanhas. Não passam carros, também, então é um bom lugar para uma caminhada casual. Vários gatos ferozes, também, tomando sol e bocejando sem se importar com o mundo.

Enquanto a visão de alunos voltando para a casa ficou cada vez mais esparsa, eu observei alguém sentado ao lado da represa. Andando com cuidado, com passos leves, eu me dirigi a pequena rampa que permitia o acesso ao portão. Eu não queria perturbar sua paz. Ela estava irradiando uma aura de quietude.

Eu falei, esperando que minha voz não fosse mais alta do que o som suave da água do rio.

“Hey, Asuka.”

Ela levantou o rosto do livro que ela estava lendo e fixou seus olhos em mim. Então, a senior Asuka Nishino respondeu, em uma voz tão desdenhosa como a brisa gelada da primavera:

“Ah, é você. Eu tinha o sentimento que o veria hoje.”

O sol do fim da tarde fazia cabelo macio em suas bochechas quase brilhar, e seus olhos se curvaram em um sorriso, fazendo a pequena pinta debaixo do seu olho esquerdo subir. Essa expressão me atraiu enquanto ela levantava a mão em cumprimento.

Suas curvas eram tão belas quanto delicadas, e ela vestia sua gravata apertada em seu pescoço. Sua saia estava naquela zona neutra entre curta e longa. Sua beleza indiscreta e muda me atacou com tudo naquele momento.

“O que você está lendo?” eu perguntei.

“É a Dama Fantasma de Cornell Woolrich.”

“‘A noite era jovem, assim como ele. Mas a noite era doce, e ele era amargo.’ Essa é a nova edição, não é? Eu gosto mais dessa passagem de abertura do que qualquer outra coisa em qualquer outro livro que já li.”

“…Mas é claro que você já leu. Cara, você é tão irritante.”

Eu encontrei Asuka pela primeira vez em Setembro do ano passado. Eu saí do clube de baseball nas férias de verão em julho, e eu estava voltando para casa por esse caminho, sem muita certeza do que fazer comigo mesmo.

“Hey! Ele está escapando!”

“Vamos alcançá-lo!”

Scuff,scuff,scuff. Clomp, clomp, clomp.

Um pouco mais a frente eu podia ver um bando de crianças brincando juntas. Elas pareciam estar brincando algo como um jogo de samurai. Três deles estavam correndo em ‘alta velocidade’, carregando ‘espadas’, mais especificamente alguns galhos que eles arranjaram em algum lugar. E eles estavam perseguindo o quarto garoto. O garoto na fuga também tinha uma espada-galho, mas ele não parecia estar disposto a usá-la. Ele deveria ser o ponto fraco daquele grupo.

Eu assisti eles por um tempo, e então a criança que estava sendo perseguida acabou escorregando e caindo no rio. A correnteza era bem leve ali, então não havia perigo algum da criança se afogar ou coisa do tipo. Mas a subida era íngreme, e um garoto daquele tamanho iria ter uma grande dificuldade para subir sozinho.

“Perdedor!”

“Ew! Você está coberto de lama e gosma do rio! Fique longe de nós no caminho de volta para casa, entendeu?”

Os três ‘amigos’ da criança estavam zombando dele enquanto olhavam para baixo da subida. Nenhum deles pareceu disposto a dar uma mão.

Havia outros estudantes, no caminho para casa, mas eles pareciam estar ignorando a situação propositalmente. Alguns deles visivelmente aumentaram o passo para passar rápido pelo local.

Provavelmente eram apenas amigos desordeiros e não um bullying genuíno. Mas eu achei que o mínimo que eu podia fazer era resgatar a criança com cara de choro do rio, emprestar uma toalha, dar uma repreensão gentil nos seus amigos, e falar para eles pegarem mais leve da próxima vez.

Agora que eu tinha visto isso, eu não podia me fingir de cego e passar reto. Seria zoado.

Logo quando eu estava prestes a me intrometer…

“Hey, garotos, deixa eu brincar também!”

Com um splash, uma adolescente apareceu, pulando da colina no rio.

Eu pisquei, tentando processar o novo desenvolvimento da situação. Eu fiquei lá plantado como uma árvore, com o queixo no chão, encarando ela.

Ignorando os garotos boquiabertos, a garota começou a jogar a água do rio no garoto como se fosse uma brincadeira. Eu identifiquei rapidamente seu uniforme escolar. Ela era uma das nossas.

“Hey, vamos lá! Jogue água de volta!”

Os alunos que estavam ignorando a cena até então tinham parado e estavam com moscas na boca, enquanto encarava a garota com seus narizes enrugados. Alguns deles estavam sussurrando uns para os outros sorrindo. Eu não podia ouvir o que eles estavam falando, mas era óbvio que eles estavam falando sobre como essa garota tinha alguns parafusos a menos.

Eu estaria mentindo se eu dissesse que não estava pensando a mesma coisa. Era definitivamente estranho, no senso ilógico mesmo. O rio não era sujo, fedido nem nada, mas também não era o lugar ideal para você se molhar, também. Você tinha que aceitar ficar coberto de lama se você fosse brincar lá embaixo.

Mas a garota não parecia dar a mínima para o estado do seu uniforme ou os olhares dos passantes, ela continuou jogando água no garoto.

Seu sorriso era tão brilhante e radiante que o garoto pareceu ignorar a estranheza da situação e começou a jogar água de volta.

“Vamos lá se juntem a nós, garotos!”

A garota chamou as três crianças que ainda estavam em cima do rio. No primeiro momento, eles pareciam estar confusos, mas a exuberância da garota pareceu dominá-los. Eles deram de ombros e se jogaram no rio.

“Hey, onee-san, você é realmente doida.”

“Batalha de água! Batalha de água!”

“Hee-hee! Vocês nunca venceram de mim! Eu tenho anos de experiência na batalha de água! Hey! Baixinho! Você está me atacando por trás? Isso não é justo! E logo depois de eu ter te ajudado!”

“Você não me ajudou. Você só começou a jogar água em mim.”

Agora a criança bullynada estava se juntando com seus ‘amigos’ contra a garota.

“Não deixe ela fugir!”

“Peguem ela!”

Tromp,tromp,tromp. Sploosh, sploosh, sploosh.

Eles começaram um jogo de pega pega, bem ali, no rio. Era a mesma brincadeira de antes, mas dessa vez, ao invés de gritarem, eles estavam todos rindo juntos.

…Mas o que diabos está acontecendo?

Depois deles brincarem no rio por um bom tempo, eles subiram e chegaram na ribanceira.

Foi aí que eu finalmente entrei em cena e ofereci minha toalha do clube. As quatro crianças se dividiram, enxugando seus rostos um por um. Então eles disseram “ Você é uma onee-san bem estranha, cê sabia?” e então todos correram juntos, ombros a ombros e com as camisetas molhadas grudando nas costas.

A garota assistiu eles irem, e então vagarosamente se virou para me encarar. Seu blazer da escola, cabelo, rosto, tudo estava pingando de molhada. Sua camisa estava naquele estado transparente, e eu podia ver a camisola que ela usava por baixo. Mas eu realmente não conseguia aproveitar a sensualidade nas circunstâncias atuais.

Eu olhei novamente para o seu blazer e vi que ela estava no segundo ano.

“Encantado pela dama do lago? bom, do rio.”

“Uh, não. Eu estava pensando que você parece como o fantasma de alguém que se afogou no mar.”

“Sério?”

Mas a garota riu em voz alta em diversão.

“Aw, cara, eu preciso lavar e secar esse uniforme. Hey, você– você tem alguma roupa de educação física  na sua mochila ou coisa assim? Eu não tive educação física hoje.”

A garota piscou para mim enquanto tentava enxugar seu cabelo com minha toalha em vão, afinal ela já estava completamente molhada dos quatro garotos.

“Eu tenho, mas eles estão bem suados. E eles não estão com um cheiro bom.”

Eu entreguei para ela minha mochila de educação física, ela colocou o rosto ali e começou a cheirar.

“Aw, cara, isso tá horrível! É como se alguém tivesse usado um pano de prato para limpar o leite estragado.”

“Hey vamos lá, não está assim tão ruim. Você quer que eu te jogue te volta no rio?”

Eu estava só brincando contigo. Na verdade está até cheirosinho, cheira amaciante, posso pegar emprestado? Eu juro que lavo e te devolvo. Eu só vou voltar para a escola, me trocar, e então ir para casa. Se eu voltar a noite pingando e suja assim, as pessoas vão chamar o padre local.”

Mas a garota em questão não parecia estar se importando muito com o fato de que ela estava’ pingando e suja assim’. 

“Claro, mas eu posso te fazer uma pergunta?”

“Si–im?”

“Por que você fez aquilo? Uma pessoa normal teria resgatado a criança do lago e dado uma lição de moral aos amigos. Eu quero dizer, eu estava prestes a fazer isso eu mesmo antes de você aparecer.”

A garota coçou o queixo. “Hmm,” ela disse pensativamente. Parecia que ela tinha agido por instinto e não tinha pensado muito no assunto.

“Bom, eu estava meio que pensando sobre como iria ser bad pra aquela criança ser a única voltar para casa molhada e suja. Se todo mundo tivesse se molhado, então todos estariam no mesmo barco, eles podiam voltar para casa como amigos. Isso seria uma alternativa bem melhor na minha opinião.”

“Yeah, mas você acabou molhada e suja, também. Você nem ao menos era parte da situação até você se inserir. E todas as crianças voltando para casa estão rindo de você.”

A garota sorriu e me olhou nos olhos. Por alguma estranha razão, eu tinha o sentimento que ela estava lendo minha mente.

“Eu não tenho certeza do por que algo assim deveria me incomodar, mas okay…”

Seu sorriso gentil se tornou um sorriso desafiador.

“Se eu me importasse com o que as pessoas pensam, então eu não me jogaria no rio daquele jeito, certo? De qualquer forma, eu só pensei que parecia divertido… Então o que você está me falando agora é, tipo, irrelevante.”

Eu não tinha ideia de como responder.

A maioria dos seres humanos fatorava a percepção dos outros antes de fazer, bom, qualquer coisa.

Quero dizer, eu planejava ajudar a criança, mas de uma forma que iria me fazer parecer um herói. Então as pessoas pensariam tipo, “Wow, que cara do bem.” Caso contrário, eu acho que eu não teria feito nada.

Mas essa garota maluca na minha frente está dizendo que ela fez aquilo porque “parecia ser divertido.”

Era quase como se ela aceitasse a si mesma. Como se ela estivesse exatamente onde ela devesse estar no mundo, e ela só tivesse que responder para si mesma.

E no ato de ser ela mesma, ela resolveu a situação para a criança de uma forma que iria beneficiá-la muito mais do que a que eu tinha em mente.

“Posso te perguntar outra?”

“Claro.”

A garota estava torcendo a toalha, parecendo completamente suave com com qualquer coisa que eu poderia dizer,

“Qual é o seu nome?”

“Asuka Nishino. Você escreve Asuka com os kanjis de amanhã e brisa.”

Parecendo uma silhueta por estar contra o sol alaranjado se pondo, a garota me deu um sorriso suave. Naquele momento, ela parecia tão linda. O cabelo molhado grudado em sua bochecha? Lindo. O pedaço marrom de lama perto do nariz? Lindo. Ela tinha tirado seus sapatos e meias, e eu podia ver seus dedos. Eles eram lindos, também.

Uma brisa suave do fim do verão passou por nós.

Depois disso, eu estaria procurando por ela na escola–e no caminho de casa.

Amanhã. Brisa.

Esse nome era adequado para ela. Essa garota que vivia livre, pelas suas próprias regras. Na verdade, era perfeito.

“Então eu sou o presidente da classe de novo, e o Kura não esperou um minuto antes de me forçar a fazer algo para ele.”

Eu estava deitado ao lado da Asuka, e agora eu estava falando tudo sobre Kenta Yamazaki.

“Você é imperfeitamente perfeito, como sempre. Como um parque perfeito o qual você não pode queimar fogos de artifício.”

“Essa é uma comparação estranha. De qualquer forma, todo mundo prefere um parque legal e limpo, não é?”

“Mas o parque proíbe jogos com bola e passear com o cachorro, também. Sem equipamentos para jogar também, no caso das crianças se machucarem. Então sem crianças. Só adultos com cara de tacho, lendo livros como um bando de estátuas.”

“…Yeah, realmente parece muito chato.”

“Então se você pensa assim, tem que mudar as regras. Então o parque bonito vai se tornar um lugar legal de se visitar.”

‘É difícil mudar as regras uma vez que elas já tenham sido estabelecidas.”

“É? Tudo que você tem que fazer é tirar as placas dizendo para as pessoas não fazerem as coisas. Boom, feito.”

“Nós vivemos em uma sociedade litigiosa. Se algo acontecer, você terá um processo em suas mãos.”

Asuka fechou seu livro e colocou ele dentro da mochila. Então ela deu um pulo e ficou de pé com um “Hup!” antes de encarar o rio por alguns momentos, depois disso, ela se virou de novo para mim.

“Lá vai uma pergunta. Se a garota de quem você é mais próximo na classe e eu estivéssemos nos afogando–tipo num oceano ou um lago gigante–qual de nós você salvaria? Para esse cenário você tem um kayak. Um vermelho Liverpool. Mas o kayak só cabe dois.”

“A segunda pessoa podia só segurar na parte de trás do kayak.”

“Não, não, a água está infestada de crocodilos e piranhas.” Asuka colocou o dedo no meu rosto como se estivesse falando com uma criança.

“Euu nuuum sei se eu ia ser capaz de navegar em tais águas perigosas.”

Asuka continuou, como se eu não tivesse dito nada.

“Eu salvaria você. Sem hesitação. Mesmo se fosse entre o cara que eu mais gosto da minha classe e você. Eu gosto mais de você, sabia.”

“Então o que acontece com o Cara que Você Mais Gosta na Sua Classe, então?”

Eu joguei a questão de volta para ela, repentinamente meu coração estava batendo muito rápido. Ainda assim, eu sabia que ela não estava usando a palavra gostar no sentido romântico.

“Eu vou rezar pela sua alma. Eu vou rezar para que as piranhas e os crocodilos comam ele rápido. Deve doer bastante ser comido até a morte pelas piranhas, você não acha?”

Asuka juntou suas mãos em uma oração, seus olhos desfocaram como se ela estivesse vendo tal cenário hipotético.

“Mas se você entre você e um garoto, então eu salvaria o gatinho, é claro!”

“Eu vou segurar o gato. Eu juro. Deixa eu subir no kayak!”

“…Eu aposto que você não iria se importar em salvar ninguém. Você iria remar para longe sozinho.” Asuka se agachou na minha frente, abraçando seus joelhos e me encarando.

“Não, eu iria entregar o kayak para vocês duas. Eu iria nadar e tentar minha chance. Essa é a escolha mais bonita. É ela que eu iria querer acreditar.”

“Yeah, certo. Você estaria gritando, “Não deixe as piranhas chegarem em mim!”

“Não, eu iria aceitar meu destino. Enquanto os peixes estivessem comendo meus dedos e orelhas.”

“Geez, eles vão logo para os lugares que mais doem, huh?”

O comentário dela me machucou um pouco, então eu estava só tentando levar na brincadeira. Eu constantemente tinha o sentimento que ela não criava nenhum filtro ao meu redor e dizia o que vinha na telha.

“…Yep, esse é o Saku Chitose.”

Vê o que eu quero dizer?

Asuka pegou sua mochila que estava ao meu lado e colocou nos ombros. Eu queria continuar conversando, mas parecia que ela tinha terminado por hoje.

“Então por que você trouxe o cenário do kayak?”

“Não tem um motivo específico. Só veio à minha mente. Se você insistir em ser o herói, não tem problema. Vá dormir com os peixinhos. Mas se você voltar… nós teremos um duelo.”

“Você lutaria com um homem com piranhas presas em seu corpo? Talvez eu seja apenas uma isca extra-saborosa.”

Aquela noite, eu estava deitado na minha cama scrollando meu celular.

Eu estava em vários grupos do LINE desde o ano passado, mas hoje eu tive um monte de mensagens das garotas que eu tinha conhecido na minha nova sala e trocado contato com.

Eu passei pela lista, cansado dos mesmo velhos grupos. Enviando respostas básicas. Eu coloquei um pouco mais de esforço em responder as garotas que eu queria conhecer melhor. Era como se eu estivesse passando na seção dos vegetais no mercado, pegando os que pareciam mais gostosos, e colocando o resto de volta.

Relações com as outras crianças podem ser complicadas quando você é popular. Você tem que saber onde desenhar a linha. Outras crianças se aproximam de você livremente, ou porque elas gostam de você ou porque elas te odeiam, e você tem que decidir como e quando dar um corte nelas. Às vezes você é pego em uma armadilha. É como se estivesse jogando campo minado. Você nunca pode abaixar sua guarda.

E uma vez que você coloca a máscara de ‘bom garoto’, você tem que mantê-la até a graduação.

Pouco mais de trinta minutos depois, eu terminei de lidar com as minhas correspondências. Então eu finalmente pude abrir as mensagens dos meus amigos reais.

Primeiro era do Kaito.

Mestre dos Seios Saku, eu tenho uma pergunta. Qual tamanho dizes vosmecê, no assunto da nossa rainha do basquete, Yuzuki Nanase?

“Hmm. Eu diria que está se aproximando solidamente do território de um C.”

Espera, o quão grande é o da Yuuko mesmo?

“Eu estimo um almofadado D.

Obrigado, Mestre!!!

Kaito era tão idiota. E respondia rápido. Rápido demais.

A mensagem do Kazuki era bem simples.

O que vamos ter pro almoço amanhã?

“Comida da Cantina, creio eu. Vamos convidar a Nanase e a Haru?”

A mensagem da Yuuko estava repleta de emojis.

Querido! (vários corações cor-de-rosa) vamos dar nosso melhor como prez e como vice prez! (vários rostos com estrelas nos olhos)

(vários sinais de positivo) (vários corações vermelhos)

A mensagem da Nanase era interessante, de fato, muito interessante.

Eu esperava te conhecer melhor, Chitose. Estou ansiosa para conversar contigo.

“Eu esperava te conhecer também, Nanase. Estou aberto para conversa a qualquer hora.”

Por alguma razão, a mensagem da Haru era só uma foto de muito perto de um dogão no palito.

DOGÃO DO CÉU! eu estou queimando de excitação pelo novo ano escolar contigo!

“Você não pode me enviar uma selfie fofa como uma garota normal?”

Certo, já deu.

Colocando meu celular na cabeceira da cama, eu me dirigi até minha sacada. A lua formava um círculo perfeito no céu, como se tivesse sido desenhada com um compasso.

O ar de fora ainda estava bem quente apesar da hora, e tinha o cheiro da primavera. Eu estava inquieto por alguma razão, desde que eu era pequeno, eu sempre senti como se a lua cheia trouxesse algo de novo.

Era tarde da noite. Todas as pessoas que você andaria com, já estariam na cama agora. Não havia carros passando, também. Era dez da noite, afinal. Provavelmente a metade das pessoas dessa cidade já estavam dormindo. Os outros estavam provavelmente se arrumando para dormir. E eu estava lá nesse momento vago, com pensamentos estranhos vindo até mim.

Eu realmente existia nesta cidade? E se eu fosse um personagem de algum lugar fictício, apenas atuando conforme o papel escrito por alguém? E se eu explodisse e desaparecesse amanhã, como uma bolha? Eu deixaria alguma marca duradoura em alguém? O que iria acontecer com minha dor, tristeza e solidão? Ela sequer importaria? 

Essa pequena cidade patética, essa pequena escola patética… e todas as pequenas crianças populares patéticas nela. E se nós estivéssemos apenas andando em círculos dentro de um terrário de vidro, sem chance de escape?

Eu estiquei uma mão para a lua, quase como se tentasse medir a distância do quão longe dela eu realmente estava.

E eu pensei sobre Kenta Yamazaki.

 O que você está pensando agora, cara?

Se você estiver olhando a lua agora, você vê a mesma que eu ou uma que é completamente diferente?

Eu voltei para o dentro do meu quarto, peguei meu celular e selecionei um nome da minha lista de contatos. Então eu cliquei no botão verde de ligar.

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