Capítulo 253
Alcarte (5)
Eugene Lionheart tinha vindo para Helmuth.
Noir Giabella sorriu brilhantemente quando ouviu a notícia. Para um incidente dessa escala, uma reunião da Lealdade deveria ter sido realizada, mas Babel permaneceu em silêncio.
Era fácil adivinhar o motivo disso. Durante a Marcha dos Cavaleiros realizada na Fortaleza Lehain, o Corajoso Moron apareceu e até mesmo o Rei Demônio do Encarceramento entrou em cena. Gavid Lindman, que havia visitado o evento para avaliar a força do continente, foi forçado a se retirar humilhado.
— Um convidado importante chegou. — Noir disse com uma risadinha enquanto girava sua taça de vinho.
O Rei Demônio do Encarceramento havia dito que estava ansioso para que o Herói o visitasse em seu castelo. Como tal, Gavid, que era inabalavelmente leal ao Rei Demônio, não tinha como tocar Eugene atualmente.
Não era apenas Gavid também. Havia também o Rei Demônio da Destruição, que silenciosamente aguardava seu tempo em seu feudo de Lavista por centenas de anos. Mesmo que os servos que fizeram juramentos ao silencioso Rei Demônio da Destruição e o próprio Rei Demônio da Destruição ainda estivessem vivos e bem, era o Rei Demônio do Encarceramento que governava Helmuth nos últimos trezentos anos.
O Rei Demônio do Encarceramento era o imperador de Helmuth. Não havia ninguém entre os demônios que pudesse negar esse fato, e a maioria dos demônios de alto escalão eram membros das famílias vassalas que juraram lealdade ao Rei Demônio do Encarceramento. Enquanto o duque Gavid Lindman, que poderia ser considerado o auge desses súditos leais como a Lâmina do Encarceramento, permanecesse em silêncio, os outros demônios que estavam sob seu comando não se apressariam para fazer um movimento.
Em outras palavras, Eugene Lionheart era surpreendentemente capaz de andar com bastante segurança por Helmuth. Se escolhesse apenas viajar para as cidades ‘seguras’, quaisquer manifestações casuais de violência em nome do povo demônio não representariam uma ameaça para ele.
[O que pretende fazer?] Perguntou a voz de um homem.
Noir respondeu com uma risada:
— O que mais alguém como eu pode fazer? Não tenho certeza de como Gavid me considera, mas pessoalmente acho que ele e eu somos amigos. Além disso, eu também jurei lealdade ao Rei Demônio do Encarceramento.
Com essas palavras, o homem na tela na frente de Noir só pôde sorrir ironicamente.
— Considerando tudo isso, não tenho intenção de agitar as coisas desnecessariamente da minha parte. — Afirmou Noir. Ela tomou um gole de vinho e em seguida estufou o peito com orgulho.
O homem manteve o mesmo sorriso irônico no rosto enquanto olhava para Noir.
Se a natureza inata de todos os demônios era o caos, então a Rainha dos Demônios da Noite era a existência mais caótica entre todos os demônios caóticos que o homem havia conhecido.
No entanto, o que a Rainha dos Demônios da Noite queria não era apenas o caos. O que ela desejava era a segunda vinda daquela era de pesadelo de mais de trezentos anos atrás. Embora tenha dito que não tinha intenção de ser a primeira a provocar Eugene, se fosse o que ela tinha que fazer para promover seus objetivos, certamente interviria sem hesitar.
Em vez disso, a questão era: ela se moveria contra Eugene Lionheart? Não, esse tipo de ação não combinava com a natureza da Rainha dos Demônios da Noite. Dada a situação em que se encontrava, ela preferia fornecer alguma ajuda a Eugene em vez de machucá-lo.
Este era o Herói que havia sido reconhecido pela Espada Sagrada, o descendente do grande Vermouth, e isso não era tudo o que havia para ele. Eugene Lionheart tinha um ódio intenso por todos os demônios, um ódio que vinha de sua própria alma. Assim, ele estava claramente destinado a se tornar um inimigo do povo demônio e, com seus talentos inatos, experiência e força que se acumulava rapidamente, estava cada vez mais perto de ser capaz de mirar no pescoço do Rei Demônio.
Era por isso que a Rainha dos Demônios da Noite tinha tantas esperanças em Eugene Lionheart. Ela realmente desejava que ele se tornasse a centelha de uma guerra que finalmente quebraria esses trezentos anos de paz. Ela esperava sinceramente que algum dia ele desafiasse o Rei Demônio do Encarceramento. Uma vez que isso fosse alcançado, eles seriam capazes de guerrear mais uma vez contra o Herói, uma existência comparável ao Vermouth, e finalmente poderiam lutar mais uma vez.
— Hahaha. — Noir riu e seu corpo estremeceu em êxtase só de imaginar.
Ela poderia até morrer em tal guerra.
Mas realmente faria isso?
Só de pensar nisso era divertido.
Noir tinha o Olho Demoníaco da Fantasia, que tinha o poder de substituir a realidade por seus sonhos. Os sonhos que a Rainha dos Demônios da Noite poderia criar eram sofisticados o suficiente para serem indistinguíveis da realidade, então poderia realizar perfeitamente todos os seus desejos, mesmo que não pudesse obtê-los na realidade.
No entanto, havia um sonho que nem Noir Giabella poderia recriar. Apesar de suas inúmeras tentativas, até agora, Noir nunca foi capaz de representar a cena de sua própria morte em seus sonhos. Era muito simples dela mostrar à outra pessoa um sonho que a levaria à morte, mas Noir não poderia criar tal sonho de morte para si mesma.
A própria Noir sabia o motivo disso. Era porque ela achava impossível imaginar sua própria morte.
Seria um sono do qual ela jamais acordaria? Ou talvez fosse uma agonia intensa o suficiente para rasgar sua alma em pedaços? Haveria apenas um vazio esperando por ela? Ou…
Noir tentou várias coisas. Ela até convocou as almas daqueles que já haviam morrido e os questionou sobre suas mortes.
No entanto, Noir ainda não havia conseguido imaginar sua própria morte em seus sonhos.
Isso era natural. Quando você morresse, tudo chegaria a um fim verdadeiro e inquestionável. Então, em um sonho controlado por ela mesma, que garantia que um dia ela acordaria dele, como poderia ser possível para Noir criar tal fim? Ela era a mestra do Olho Demoníaco da Fantasia, o que lhe permitia substituir a realidade por sonhos de sua própria criação, mas no final, sua própria morte era uma cena inimaginável com a qual ela nem conseguia sonhar.
— Ah! — Noir de repente engasgou com a lembrança. — Não, tem uma coisa que me desapontou um pouco. É sobre outro dia, quando eu pessoalmente, bem, não, não pessoalmente, mas quando o conheci no campo de neve. Você sabia? Eu até dei a ele uma moeda especial e o convidei para vir visitar minha Cidade da Giabella!
[Ele deve ter jogado fora…] o homem instantaneamente supôs.
— Foi exatamente isso que aconteceu! Ele realmente jogou fora, na hora, assim que a recebeu. Isso não foi longe demais? Afinal, eu honestamente esperava que ele parasse pelo menos uma vez, Noir disse com um beicinho.
[Ele não deveria ter nenhum motivo real para ir lá, não é?] O homem apontou.
— Mas ele não tem motivo para não ir lá. — Argumentou Noir. — Você pode não saber disso, mas minha Cidade da Giabella está superlotada de gente desde o primeiro dia em que foi inaugurada. Todos os quartos dos nossos alojamentos estão sempre esgotados e há filas de espera de dias para entrar até nos cassinos mais populares e outros tipos de lojas. Está tão lotado que estão tendo que impor o controle de tráfego.
[Parabéns.] o homem disse, sua voz cheia de sinceridade.
A Cidade da Giabella, que se gabava de se tornar um novo marco de Helmuth, estava se revelando um sucesso que superava todas as expectativas.
Bem, era natural que desse certo. A pessoa responsável pela construção de toda a cidade era a Rainha dos Demônios da Noite, que não era apenas uma existência perfeitamente fascinante, mas também tinha um talento chocante para esse tipo de negócio.
Mesmo que o entretenimento oferecido pela cidade tenha ficado aquém das expectativas, Noir Giabella ainda tinha o Olho Demoníaco da Fantasia em cima disso. Os inúmeros humanos e demônios que já haviam entrado na cidade com certeza se tornaram prisioneiros dos sonhos que Noir Giabella havia mostrado a eles.
Apenas a quantidade de dinheiro ganho em só um dia era definitivamente astronômica, mas o que era realmente valioso para o povo demônio era a regularidade com que a força vital dos visitantes podia ser colhida.
— Por que você não vem se divertir também? — Noir ofereceu. — Se vier me visitar… Hehe, embora eu não cuide de você pessoalmente, posso aparecer para você em seus sonhos.
O homem sacudiu a cabeça. [Permita-me recusar sua oferta.]
Em sua recusa educada, Noir balançou sua taça de vinho agora completamente vazio e riu.
— Você é um homem interessante, Balzac Ludbeth, mas também é muito chato.
O Mestre da Torre Negra de Aroth, Balzac Ludbeth estava sorrindo ironicamente na tela na frente de Noir. [É mesmo?]
— No entanto, eu realmente gosto bastante desse seu lado. Sim… Haha, o objetivo final da sua magia é realmente muito divertido e interessante, mas na realidade, homens como você, que são tão obcecados por seus objetivos, são cegos para todo o resto, então são muito chatos. — Noir reclamou.
[Eu também a admiro bastante, Vossa Graça. Afinal, você doa uma grande quantia em dinheiro para a Torre Mágica Negra todos os anos. Além disso, não é apenas com a Torre Mágica Negra, você também me forneceu bastante apoio pessoal.] Balzac disse agradecido.
— É mesmo? — Noir levantou uma sobrancelha. — No entanto, na verdade estou bastante insatisfeita com você. Por que não atraiu Eugene Lionheart para visitar a Cidade da Giabella?
Balzac confessou: [Na verdade, não sou tão próximo dele. Sir Eugene, de fato, não gosta de mim.]
— Se esse for realmente o caso, então Eugene Lionheart deve ter um coração muito duro. Afinal, você não mostrou a Eugene Lionheart todo tipo de gentileza, Balzac? Pensei ter ouvido que você o alertou sobre vários perigos e o ajudou a desenvolver sua assinatura? Ele ainda não gosta de você mesmo com tudo isso? — Noir perguntou.
[Como já sabe, ele tem grande ódio e preconceito contra todos os magos negros. É uma pena, mas sinto que não há como evitar] Balzac admitiu com um encolher de ombros.
Noir murmurou.
— Hmmm… Embora eu tenha visto muitos magos negros ao longo de minha longa vida, nunca vi um tão peculiar quanto você. Se sabia que seria alvo de todo esse ódio, por que não vendeu informações sobre Eugene Lionheart desde o início?
Balzac desculpou-se. [Nunca obtive nenhuma informação que valesse a pena vender.]
— Você realmente não vai vender nem para mim? — Noir perguntou com uma risada sedutora enquanto cruzava as pernas.
[Sem chance] Balzac respondeu sem qualquer hesitação.
Noir ficou realmente muito satisfeito com esta resposta.
— Você realmente é uma aberração, Balzac. Bem, se fosse apenas um mago, seria apenas mais um cara qualquer, mas como é um mago negro, é bem incomum. É por isso que é tão interessante. — Noir o elogiou. Ela inclinou a cabeça e riu.
Balzac Ludbeth, Edmund Codreth e Amelia Merwin — esses três magos negros eram chamados de Três Magos do Encarceramento. O Rei Demônio do Encarceramento assinou o mesmo contrato com cada um desses três magos negros, mas o poder de cada um deles era uma questão completamente diferente.
Se alguém simplesmente olhasse para eles em termos de força, então Amelia Merwin, que viveu por mais de duzentos anos, estava sem dúvida no topo. Edmund Codreth, que foi agraciado com Vladmir, estava no topo em termos de suas capacidades como um mago negro.
Então… E quanto a Balzac Ludbeth? Não havia realmente nada que se destacasse nele. Embora fosse conhecido por ser um gênio da magia, na medida em que já havia sido considerado para o cargo de Mestre da Torre Mágica Azul, quando comparado a Amelia ou Edmund, Balzac realmente não tinha nenhuma vantagem.
No entanto, o Rei Demônio do Encarceramento assinou um contrato com Balzac Ludbeth. Além disso, Noir Giabella também o apoiava. As verdadeiras intenções do Rei Demônio do Encarceramento para assinar um contrato com Balzac eram desconhecidas, mas Noir se divertiu com as aspirações de Balzac.
— Já que é esse o caso, permita-me dizer-lhe algo que o interessará. Edmund Codreth partiu para Samar há dez dias. — Informou Noir.
[Como esperado…] Balzac murmurou.
— Você também os conhece, certo? Entre as tribos de Samar… Eles eram chamados de Kochilla? Aqueles que são humanos, mas comem sua própria espécie e agem como demônios. A tribo com a qual Edmund tem lidado. Ele disse que iria a Samar para algo a ver com eles…
Noir parou de falar por alguns momentos, e seus olhos se arregalaram, seu rosto assumindo uma expressão inocente.
— Ele não me contou os motivos exatos. Bem, não que eu tenha perguntado. Balzac, você sabe por que Edmund está indo para Samar?
[Que pergunta desagradável de se fazer. Afinal, você já sabe a resposta para isso.] Balzac a acusou.
Noir não negou.
— Não tenho intenção de impedi-lo. O mesmo vale para Gavid, e provavelmente até para o Rei Demônio do Encarceramento também. Embora não saibamos exatamente o que Edmund pode estar planejando fazer lá, ele provavelmente terá sucesso. Se não tivesse confiança para ter sucesso, um mago negro prudente como ele não teria ido lá em primeiro lugar.
[Esse provavelmente deveria ser o caso,] Balzac respondeu calmamente.
Noir estava curioso sobre a base da calma de Balzac. No entanto, não investigou nenhum detalhe. Em vez de saber o que aconteceria com antecedência, era definitivamente mais agradável para ela, manter um certo grau de ignorância e receber uma surpresa.
— Meu corpo está coçando. — Noir murmurou em voz baixa enquanto os dedos dos pés se curvavam vertiginosamente. A sensação de coceira subiu dos dedos dos pés e fez seu peito bater de excitação.
— Ei, Balzac, estou pensando em uma coisa. — Noir mencionou distraidamente.
[O que você poderia estar considerando?] Balzac perguntou educadamente.
— Só estou dizendo, não sou a Rainha dos Demônios da Noite? Isso significa que tenho incontáveis Demônios da Noite servindo sob mim. Também sou uma Duquesa de Helmuth, a Lorde de Vaniris, a Mestra da Floresta Negra do Crepúsculo, e agora, a prefeita da Cidade da Giabella. — Noir listou seus títulos.
Balzac assentiu. [Sim, eu sei de tudo isso.]
— Então não seria inapropriado da minha parte me mover sem uma comitiva? No entanto, como estou acostumada a me mover sem uma grande comitiva, não deveria estar tudo bem eu me mover quando quisesse?
[Quem se atreveria a julgá-la por fazer o que deseja, Vossa Graça.]
— É sobre Eugene Lionheart. — A voz de Noir baixou quando disse o nome dele. Lançando olhares para Balzac como uma garotinha tímida, continuou falando com a mesma voz baixa. — Isso é contra as regras, mas deixa eu te contar um segredo. Você quer saber o que descobri sobre o uso dos portais de dobra por Eugene Lionheart hoje?
[…]
— O que há com esse silêncio? — Exigiu Noir. — Sou uma duquesa de Helmuth. Tudo bem eu quebrar um pouco as regras, não? De qualquer forma, dei uma olhada… Ele chegou hoje ao Feudo Malera. Sabe onde fica isso?
Balzac fez uma pausa. [O Feudo Malera… Sim, eu sei. É no sudoeste de Helmuth.]
— Fica bem ao lado de Karabloom. — Esclareceu Noir.
Karabloom era o feudo governado pelo Dragão Negro Raizakia. O Castelo do Dragão Demoníaco flutuava nos céus acima do feudo.
Balzac esqueceu de responder por um momento enquanto procurava em suas memórias. Ele não conseguia entender por que Eugene Lionheart havia chegado ao Feudo Malera.
— Parece que você também não sabe o motivo? — Noir avaliou.
Balzac admitiu: [Exatamente.]
— Tenho um leve palpite, mas… Como não ouvi dele pessoalmente as intenções de Eugene, não posso ter certeza. É por isso que estou tão curiosa. É também por isso que continuo considerando minha pergunta anterior. — Noir disse enquanto seu sorriso mudava.
Sua expressão não tinha mais a timidez de uma garotinha; em vez disso, era o sorriso perverso de uma babaca que descobrira a oportunidade perfeita para uma brincadeira engraçada.
— O mestre do Castelo do Dragão Demoníaco já mudou, mas esse fato não foi anunciado ao mundo. É por isso que o Castelo, Karabloom e todas as leis estabelecidas por aquele maldito Raizakia permaneceram como estão. — Noir resmungou.
Raizakia era um terrível inimigo de todos os humanos. Não era apenas o Castelo do Dragão Demoníaco; os humanos nem sequer tinham permissão para cruzar as fronteiras do território de Karabloom.
— Se Eugene Lionheart está indo para Karabloom… Isso significa que ele quer entrar no Castelo do Dragão Demoníaco? Se assim for, então eu deveria ser capaz de ajudar com isso. Se eu fizesse um movimento, poderia enviar Eugene Lionheart para o Castelo com muita facilidade. — Noir meditou.
[Se for Vossa Graça, então certamente é possível. No entanto, não há nenhuma necessidade real de você fornecer qualquer assistência, não é? Tanto quanto sei, a atmosfera em Karabloom tem sido bastante incomum ultimamente.]
O Feudo Malera não era o único território próximo a Karabloom, onde ficava o Castelo do Dragão Demoníaco. O lorde do Feudo Ruol que ficava nas proximidades, Conde Karad, era da linhagem dos Demônios Gigantes e, embora fosse jovem, era um nobre talentoso e forte. Nos últimos anos, o Conde Karad esteve em uma rivalidade com o Castelo do Dragão Demoníaco, que se manteve em silêncio por centenas de anos.
Talvez tenha sido por medo do nome do duque Raizakia, mas ele ainda não havia se candidatado diretamente a um desafio de rank ou a uma guerra de território. No entanto, o conde Karad continuava a se intrometer nas fronteiras de Karabloom. Se a tendência continuasse, então uma guerra territorial estava fadada a eclodir mais cedo ou mais tarde.
[Não sei por que Sir Eugene quer entrar em Karabloom. Afinal, ainda não é certo que haja algo que ele queira ver lá. No entanto, pelos rumores que circulam, há uma coisinha que eu sei com certeza,] Balzac revelou.
— O quê?
[Pelo que ouvi, o conde Karad contratou a Besta Demoníaca de Lavista em preparação para sua guerra contra o Dragão Negro Raizakia.]
— Parece que você pode ouvir rumores sobre Helmuth mesmo em Aroth?
[Não é como se eu não tivesse meus próprios olhos e ouvidos em Helmuth, assim como você.]
A Besta Demoníaca de Lavista, o Feudo do Rei Demônio da Destruição.
Havia apenas uma existência a que esse nome poderia estar se referindo.
Trezentos anos atrás, havia quatro demônios que eram chamados de ‘Filhos da Fúria’. Entre eles, ao lado do líder dos elfos negros — a princesa Rakshasa Iris — estava o depravado Oberon, que governava seu bando de feras como o predador alfa.
O pecador que rasgou a garganta de Oberon e o matou, o predador que sucedeu Oberon para se tornar o novo líder de seu bando de povo-fera, foi o primeiro e único filho dele, Jagon.
— Outros demônios não gostariam de enfrentar o risco incerto de lutar contra Raizakia, mas Jagon… Ele é apenas uma fera sem qualquer capacidade de raciocinar. Não sei quanto o Conde Karad precisou pagar para contratá-lo, mas Jagon deve ser o mais forte entre todas as forças que podem ser recrutadas por dinheiro em Helmuth. —Noir lembrou.
[Há também alguns outros rumores. Dizem que o Dragão Negro está lidando com um grande problema pessoal. Ele pode até estar morrendo. Aparentemente, esta é a razão pela qual ele não foi visto nos últimos duzentos anos… O Dragão Negro realmente morreu?] Balzac perguntou timidamente.
— Ele provavelmente não está morto… Ainda? — Noir disse em um tom incerto.
[Então está dizendo que nem você sabe ao certo, Vossa Graça?]
Noir não respondeu e apenas sorriu brilhantemente.
Olhando para o sorriso dela, Balzac continuou falando, [Se Jagon realmente foi contratado pelo Conde Karad, Karabloom será muito perigosa para Sir Eugene. Se Jagon realmente é o louco que os rumores o pintam, ele definitivamente vai lutar contra Sir Eugene, que dizem ser a segunda vinda do Grande Vermouth.]
Noir assentiu.
— Isso também pode ser bastante interessante.
[Hã?]
— Você não concorda? Jagon é descendente de Oberon. Ele também é um vassalo do Rei Demônio da Destruição. Eugene Lionheart é o descendente de Vermouth e o herói…
Por alguns momentos, Noir imaginou os dois em sua cabeça. Então pulou da cadeira. Ela não aguentava mais.
— Quero ir ver Eugene Lionheart. — Declarou Noir. — Mesmo que ele discorde, vou mandá-lo para o Castelo do Dragão Demoníaco.
[Hã?] Balzac repetiu-se.
Noir disse com otimismo:
— Talvez esta oportunidade possa até desencadear uma amizade entre Eugene Lionheart e eu. Afinal, estou ajudando-o! Nesse caso, não seria possível solicitar um coração de dragão imaturo em troca de minha ajuda? Além disso, eu poderia fazer esses pequenos brotos de amizade eventualmente florescerem em amor, levando ao amor proibido entre um Herói e um povo demônio… Hmm, isso também é muito bom em sua imoralidade.
Balzac percebeu algo que ela mencionou. [Você acabou de dizer um Coração de Dragão imaturo…?]
— Ah, isso era para ser segredo… Não pode contar para ninguém, tudo bem? — Noir o avisou com um sorriso enquanto balançava o dedo na cara de Balzac.
Balzac mudou de assunto. [Você está indo para lá agora?]
— Não há razão para eu ir mais tarde, certo? Também estou livre no momento. Bem, então, tchau, Balzac. — Noir disse enquanto seus olhos se curvavam em um sorriso. — Vivo ou morto, até a próxima~