Capítulo 3
A Jovem Dama Renova a Prisão
No espalhafatoso salão de banquetes, Elliott e seus acompanhantes estavam desfrutando de mais um brinde alto enquanto ignoravam todas as pessoas ao seu redor falando em voz baixa.
[Ha ha ha ha! Oh, isso é delicioso!], Elliott exclamou.
Margaret o parabenizou. [Você finalmente conseguiu, Sua Alteza!]
[Sim, finalmente, eu trouxe aquela mulher horrível para responder por seus crimes! Margaret, agradeço sua ajuda] (Elliott)
[Ah, não, eu não fiz nada] (Margaret)
As pessoas assistindo tudo vaiaram. O clima havia se tornado romântico, e Elliott e Margaret não se importavam mais com quem os via. Seus rostos se aproximaram, e então…
[Sua Alteza!!!] (Sykes)
Um jovem bem constituído correu para o corredor.
[Sykes, você tem o pior momento], Elliott zombou, olhando para o filho do comandante dos cavaleiros.
Sykes agarrou o braço do Elliott. [Temos uma emergência! Por favor, venha imediatamente!] (Sykes)
[Ei, o que é isso?] (Elliott)
Em pânico, Sykes começou a arrastar o Elliott para longe. Ele puxou o príncipe através da multidão, parecendo um pouco com um ex rejeitado sequestrando a noiva no meio de seu casamento.
Antes que ele pudesse castigar o Sykes por essa indignidade, Elliott precisava acalmá-lo ou ele vai se machucar. Ele deu um tapa na mão que o Sykes estava usando para segurar seu braço e gritou: [Ei, pare de me puxar! Seu aperto é muito forte e dói!]
[Oh, desculpe!], Sykes rapidamente soltou.
Elliott pensou que finalmente poderia perguntar qual é o problema, mas o Sykes não estava desistindo.
[Agora, por favor, venha por aqui!], ele gritou.
[Huh?! Ei, pare com isso!] (Elliott)
Sykes pegou o Elliott nos braços, carregando-o como uma princesa, e saiu correndo a uma velocidade que envergonharia um cavalo.
As pessoas deixadas para trás começaram a sussurrar imediatamente.
[Sykes… acabou de levar o príncipe Elliott? O-O que isso significa?], Margaret perguntou, inclinando a cabeça.
[Oh, meu Deus! Isso significa que seu verdadeiro amor é o Lorde Abigail?!] (Dama)
[Não, do jeito que as coisas estão agora… Espere, nosso príncipe arrogante está no fundo?!] (Dama)
[Teremos que avisar a todos que não puderam vir aqui hoje!] (Dama)
As jovens que observavam à distância continuaram a espalhar informações importantes que poderiam afetar a posição do Elliott.
Quando o Sykes encontrou o Elliott e o puxou para o calabouço – usando métodos que ele nunca deveria ter usado em público – a situação havia progredido, o que quer dizer que ficou ainda pior.
[Pelo amor de Deus, o que a Rachel fez isso—? O qu?!] (Elliott)
Elliott, que esteve resmungando durante todo o caminho, ficou pasmo. Sykes pensou que estava preparado, mas até ele ficou sem palavras com o que viu agora. Foi muito além de qualquer coisa que ele tinha imaginado. A prisão havia se transformado completamente em meros trinta minutos.
A calabouço é uma grande sala quadrada dividida em duas por barras de ferro. Em frente às grades há uma sala para os guardas da prisão vigiarem e, em uma extremidade da parede, há uma escada feita da mesma pedra que o resto da sala. A única mobília é uma mesa e uma cadeira simples, não havia necessidade de mais porque os interrogatórios eram realizados no escritório da guarda real. Da mesma forma, os servos do palácio traziam as refeições dos internos das cozinhas, de modo que também não havia equipamento para cozinhar.
Se eles forem para sofrer, ou se o responsável for cruel por natureza, o prisioneiro não receberá nada disso. Eles se amontoariam na pedra nua, tremendo de frio e comendo comida de bandejas deixadas no chão. Toda vez que defecavam ou tomavam banho, ficariam à vista do guarda.
Essas condições fariam a maioria das pessoas estremecer, ainda mais se forem presas aqui. No entanto, a maior parte disso não passa de lenda urbana. Hoje em dia, é quase impensável usar o calabouço. O tratamento dos prisioneiros tornou-se muito mais humano, e aqueles que merecem alguma consideração são trancados em quartos de hóspedes inescapáveis, onde são mantidos sob vigilância apertada. Quanto aos pequenos criminosos, não há necessidade de prendê-los no palácio real em primeiro lugar. Há uma prisão perfeitamente boa nos arredores da cidade. Eles podem ir lá junto com os plebeus.
Rachel Ferguson é o tipo de pessoa que se encaixa nessas condições. Ela é filha de um duque, mas, tendo incorrido na ira do príncipe, espera-se que sofra horrivelmente. Não há pessoas assim hoje em dia. Ela é um espécime raro.
Mas quando o príncipe Elliott chegou à prisão… ele não conseguia compreender a cena que se desenrolava à sua frente.
Dentro do calabouço, a filha do duque está relaxando no chão. Ela deveria estar sentada em um ladrilho de pedra, mas em vez disso ela se sentou em um tapete com desenhos geométricos. O banheiro e a área do chuveiro anteriormente expostos agora têm uma cortina florida pendurada ao redor. Em cima do tapete está um sofá confortável e acolchoado que poderia ter arrastado até um sábio para uma vida de preguiça. Ela foi até lá e ficou deitada lendo um livro. Claro, ao lado dela há uma luz brilhante o suficiente para ler.
[Hm?] (Rachel)
Rachel resolutamente ignorou todos do outro lado das barras enquanto levantava a chaleira de cima de sua lâmpada de álcool e despejava a água fervente em um bule. O cheiro de chá preto parecia fora de lugar flutuando por uma cela sombria.
[Mmm!], Rachel sorriu com satisfação enquanto cheirava.
O queixo do Elliott caiu ainda mais com o absurdo de um jogo de chá dentro da prisão. Sykes e o guarda da prisão se entreolharam, mas nenhuma palavra foi dita.
Pelo menos cinco segundos se passaram antes que o príncipe voltasse a si e agarrasse as barras de ferro.
[Você! Onde você conseguiu isso?!] (Elliott)
[Eu providenciei para mim. Não coloca pressão sobre o tesouro], Rachel respondeu secamente.
[Esse não é o problema!] (Elliott)
[Estes são meus pertences pessoais. Você não tem o direito de reclamar sobre eles] (Rachel)
[Eu disse que esse não é o problema!], o príncipe repetiu, ainda mais alto dessa vez. Ele rangeu os dentes, irritado que eles estavam apenas falando um com o outro. [Onde você conseguiu todas essas coisas aí?!] (Elliott)
Rachel olhou ao redor, como se algo estivesse faltando, então abriu uma das caixas de madeira e tirou alguns biscoitos de chá. É uma das caixas de madeira que supostamente não eram mais necessárias. Sim, eram as mesmas caixas que estavam lá antes da Rachel ser jogada.
[Foi assim que ela conseguiu?!], Sykes gritou.
[O quê?!], Elliott latiu.
O guarda da prisão explicou o que havia acontecido para o príncipe confuso.
Agora que o Elliott sabia como o truque tinha funcionado, ele começou a ficar tonto enquanto observava sua ex-noiva mordiscar alegremente biscoitos e beber chá preto.
[V-Você está me dizendo que ela viu isso chegando e trouxe os suprimentos necessário de sua família até aqui?], o príncipe murmurou para si mesmo, chocado.
[Meu povo os trouxe aqui para mim, para ser mais precisa], Rachel respondeu, despreocupada. [Bem, como você pode ver, eu estava preparada para essa eventualidade] (Rachel)
Ignorando o príncipe sem palavras, Rachel abriu seu livro no lugar que ela havia marcado e retomou a leitura.