I Don’t Want This Reincarnation – Capítulo 29
Uma Caminhada Matinal (1)
Cuidadosamente, abri a janela.
Click.
Eram duas da manhã e estava muito tranquilo lá fora na escuridão espessa…
— Mmh…
Kim Woo-jin, que estava dormindo no sofá, se sacudiu e virou.
— …
Depois de olhá-lo por um momento, virei minha cabeça e me joguei da janela sem hesitar.
Vuum~
Assim, ativei a minha habilidade, envolvendo meu corpo ao vento, logo pude ver uma vasta rua vazia sob meus pés.
Click.
Sem rodeios, voltei a fechar a janela e coloquei a mochila que estava segurando na mão sobre minhas costas…
Por poder haver algum observador enviado por Cheon Sa-yeon, resolvi sair pela janela ao invés da entrada do prédio; como as pessoas com a habilidade de voar eram raras, o céu se tornava a única maneira de viajar com segurança.
— Esse deveria ser o lugar certo…
Depois de voar para o leste por cerca de 20 minutos, olhei para alguns dos prédios ao redor.
No entanto, minha atenção só foi chamada por um grande hotel de luxo.
— Tenho certeza de que ele está em algum lugar por aqui… Ah.
Encontrei um sedan preto estacionado no beco escuro ao lado do hotel.
Swoosh—
Fui rapidamente direto para lá, aterrissei no chão e bati na janela do carro…
Toc! Toc— Click!
Como era de se esperar, a janela foi aberta e Ha Tae-heon foi visto no banco do motorista.
— Há quanto tempo.
Quando o cumprimentei com um sorriso, ele levantou o queixo, sinalizando para que entrasse.
— Com licença.
Sem demoras, abri sua porta e coloquei minhas nádegas no banco de passageiro.
Click.
E assim que a fechei, pude ver o interior limpo do veículo misturado a um cheiro levemente pesado.
Era a colônia que Ha Tae-heon utilizava?
— Vamos indo então.
— Ah, espere um minuto.
Como se houvesse trabalhado até esta hora, Ha Tae-heon ainda trajava um terno.
Peguei um chapéu preto da minha mochila e o estendi a ele.
— O que você está planejando agora…?
“O que você quer dizer com ‘O que você está planejando’? Isso é marcação?”
— Precisamos parar em um lugar antes do portal.
Os olhos negros de Ha Tae-heon, que estavam olhando para o chapéu, voltaram-se para mim.
Poder ver aquele olhar severo, num ambiente já escuro, fez minha boca ficar seca.
— Já que veio até aqui, por favor, venha comigo.
Enquanto eu falava com um sorriso espertinho, Ha Tae-heon franziu a testa.
— Ahem— Item—Cof! Rank S— Cof! Ou—Cof! Superior.
Antes que ele pudesse mudar de ideia, tossi e o lembrei mais uma vez do meu valor.
— Coloque seu cinto de segurança…
Vrum—!
Assim que apertei meu cinto de segurança, Ha Tae-heon ligou o carro.
Geralmente, aqueles com habilidades de artesanato, que sempre estavam interessados em materiais e itens dropados dos cadáveres dos monstros de um portal, se dedicavam a estudar e produzir outros itens em institutos de pesquisa estabelecidos por grandes Guildas como Requiem ou Roheon.
Por outro lado, havia muitos outros que não faziam assim. Como por exemplo, no Mercado Vermelho…
Um estabelecimento de venda de itens num espaço “torcido” por um usuário de habilidade espacial, onde artesãos trabalhavam nas sombras e se reuniam.
— Vamos lá.
Numa estação de metrô vazia, falei enquanto olhava para um muro.
— Haa…
Ha Tae-heon, que estava de pé atrás de mim, suspirou e colocou o chapéu de antes.
Lentamente ergui minha mão a fim de tocar a parede plana…
Blum~
Que então ondulou como água e engoliu minha palma.
— Hm…
Logo, assim que confirmei que não havia problemas, atravessei a parede.
Bluumm~~~
Assim que passamos pelo muro, a primeira coisa a vista foi, sob o céu roxo claro, lojas com panos vermelhos forrados que se estendiam numa fila, tais que tinham vários itens expostos em seus balcões.
O interior do mercado, composto por diversas lanternas coloridas voando como pétalas de flores, era animado como se um festival estivesse sendo realizado.
— Vamos acabar com isso e sair daqui — declarou Ha Tae-heon com uma voz cansada enquanto me seguia por trás.
Embora sua roupa consistisse em um terno preto e um chapéu, ele ficava muito bem; como era de se esperar do personagem principal.
— Não se preocupe. Posso consegui-lo em pouco tempo.
— Conseguir o quê…? — indagou ele com uma voz curiosa.
Contudo, não senti a necessidade de explicar, então caminhei adiante enquanto fazia um movimento para ele me seguir.
— Líquidos de caracol, é ótimo para sua pele!
— Vendemos espadas e escudos feitos de conchas do monstro Tartaruga Cinza!
— Quanto por três desses?
O mercado estava lotado de pessoas comprando e vendendo itens…
Olhei cuidadosamente para as lojas, lembrando o conteúdo da novel.
“Foi dito que ficava no beco à direita de uma loja que só vende tecidos vermelhos, certo?”
Vermelho, vermelho…
Como havia tanta gente indo e vindo, não era fácil verificar cada uma das barracas e seus itens.
— !
Enquanto eu me esforçava para ver o interior da loja envolto em multidões, meus pés vacilaram e meu corpo tropeçou.
— Augh—
— Tsc.
Ha Tae-heon rapidamente agarrou meu corpo em queda; eu teria caído de cara no chão de terra se ele não tivesse feito isso.
Sorri estranhamente quando olhei para o Ha Tae-heon, que me segurou pela cintura.
— Obrigado, vo—
— O que está procurando?
Foi o que Ha Tae-heon disse enquanto me lançava um olhar severo novamente, me soltando.
— Se eu deixar isso com você, ficaremos vagando por aqui até de manhã. Me diga, o que está procurando.
— Não, não er…
Não sabia que seria tão difícil encontrar…
Mas já que não tive coragem de reclamar abertamente, respondi mansamente: — Uma loja que só vende tecidos vermelhos…
“Só quero ver você achar ela. Não é tão fácil quando há tanta gen—”
— Ali. Uma loja que só vende tecidos vermelhos.
— Perdão?
“Ali…?”
Ha Tae-heon apontou para o outro lado com uma expressão mal-humorada.
Havia uma loja que só vendia tecidos vermelhos em exposição.
“Como? O protagonista pode até mesmo encontrar esse tipo de coisa?”
Eu não conseguia acreditar…
Ha Tae-heon seguia olhando para mim enquanto me via frustrado.
Como que…
Logo, do mesmo modo que foi mencionado na novel, entrei no beco à direita. E, enquanto caminhava por ele, que era estreito e bagunçado, pude ver uma loja velha e gasta, como se estivesse prestes a ruir.
— Tem alguém aqui? — gritei ao afastar o pano que cobria a entrada.
O interior, onde grandes pedaços de couro eram amontoados ao acaso, não podia ser descrito como limpo.
Ha Tae-heon, que gostava tanto de coisas arrumadas quanto limpas, tinha a testa enrijecida.
— Quem é?
Subitamente, alguém saiu do escuro.
Era um velhote com um corpo muito magro e uma barba cinza que descia até o peito.
“É ele.”
Quando vi os óculos escuros redondos e pretos em seu rosto, esbocei um sorriso e o cumprimentei educadamente.
— Olá, estamos aqui para ver os seus produtos.
— Produtos?
O velho levantou suas longas sobrancelhas que chegaram até suas têmporas.
Seus olhos eram claramente diferentes, sem os óculos escuros.
— Como pode ver, este velho só tem peles de animais. Você quer olhar mesmo assim?
— Não…
Tap.
Bati repetidamente na mesa empoeirada com meus dedos.
Tap.
— O que eu quero é um “Inventário” que você mesmo fez.
— …
Ha Tae-heon, que estava parado ao meu lado, parecia um pouco surpreso.
Era compreensível.
Afinal, você nunca teria imaginado que um velho tão maltrapilho seria um inventor de itens do tipo inventário.
— Sinto muito, meu jovem…
Depois de um momento de silêncio, o velho abriu a boca…
— Você pegou a pessoa errada. Eu sou apenas um velhote cuidando desta velha loja.
Ele então tossiu severamente e virou as costas para mim. Sua mão sobre sua bengala acidentada tremia levemente.
— Se entende, apenas vá embora.
— Então você não precisa disso?
Tirei cuidadosamente os itens que tinha na minha mochila.
O rosto velhote que olhou para trás com uma expressão confusa, foi instantaneamente alterado para um de espanto.
— I-Isso é…!
Uma luz azul nebulosa se espalhou na loja escura.
Ao ver o item na palma da minha mão, Ha Tae-heon murmurou: — A Asa de uma Borboleta Cauda de Safira?
“Correto.”
Uma das Asas de uma Borboleta Cauda de Safira, que não perdia a luz por muito tempo, brilhava intensamente.
— E-Espera! Me mostre!
O velho, que há pouco estava agindo impotentemente, como se fosse cair a qualquer momento, jogou sua bengala de lado e correu na minha direção.
Sorri brilhantemente e ergui minhas mãos para cima.
Assim, o velho, que tinha apenas metade da minha altura, bateu os pés e gritou: — Ei, me deixe ver só um pouco!
— Haha, o que você quer ver?
— É óbvio que quero confirmar com meus próprios olhos se isso que tem em mãos é uma verdadeira Asa de Borboleta Cauda de Safira…!
— Infelizmente, só darei isso para o criador de inventários. Você não pode ver.
— O-O quê…!
Com as minhas palavras, o velho mordeu o lábio e tremeu.
Li Wei, o criador de apenas 800 itens de inventário e o primeiro controlador espacial do mundo, era um velho louco por coisas brilhantes. Ele, que usou seus poderes para reunir objetos brilhantes ao redor do mundo, tinha alguns itens favoritos; como essa Asa de Borboleta Cauda de Safira.
— Aliás, eu sinto muito pelo incômodo. Pensei que ele estaria aqui, por isso trouxe a asa…
Apenas alguns poucos sabiam que Li Wei estava atrás das Asas da Borboleta Cauda de Safira. Logo, isso também significava que havia muitas poucas pessoas que podiam trazê-las até sua pessoa.
— Bem, eu até consegui quatro.
— Quatro?!
O velho Li Wei arregalou os olhos.
Eu sorri com piedade.
Não havia como ele não cair na armadilha.
O número de Asas da Borboleta Cauda de Safira que Li Wei possui atualmente…
— E-Eu sou Li Wei! Sou o criador de inventários! Agora me mostre!
Era 96.
— O quê?! Você, velhote? Mas antes não tinha dito quê…
Abri bem meus olhos, fingindo estar assustado.
— I-Isso porque eu estava tentando me livrar de todos os idiotas que vêm atrás de mim o tempo todo! Vamos lá, me mostre!
Li Wei voltou a bater suas pernas como se estivesse frustrado.
“Oh meu deus, me perdoe.”
Sorri e desta vez escondi a asa nas minhas costas.
— Ei, seu desgraçado! Eu lhe pedi que me mostrasse, então por que está a escondendo?!
— Ah, mas… e se você…
— V-Você— Argh!
Li Wei, que estava me encarando de frente, virou as costas e começou a olhar o entorno da loja.
— …
Enquanto eu via sua figura com alegria, meus olhos acabaram se encontrando com Ha Tae-heon que estava ao meu lado.
— …
Seu olhar sobre mim era desconfortável; era como se estivesse dizendo que eu era o maior golpista do mundo…
“Por quê? O que eu disse?”
— Aqui, pegue!
Depois de procurar por um tempo, Li Wei atirou algo em mim.
Era uma pequena bolsa feita de couro.
— Oh.
Assim que toquei na bolsa, senti instantaneamente uma energia única nas pontas dos meus dedos; estava claro que era um item de inventário.
— Qual é o seu tamanho?
— 100 itens de qualquer tamanho.
— Você não tem de 200?
— Não!
Você poderia colocar 100 coisas ali dentro. Contudo, para mim, teria sido melhor se houvesse 200… bem, isso vai ser o suficiente.
Afinal, consegui um item de Inventário que normalmente custava pelo menos 700 milhões de won por 4 Asas da Borboleta Cauda de Safira.
— Aqui está; suas Asas.
Guardei o item de inventário em minha mochila e entreguei as asas a Li Wei.
— Oh, oh….!
Logo, ele, que pegou cuidadosamente as asas com as duas mãos, soltou um grito de alegria e pulou para cima e para baixo.
— Finalmente, coletei todas as 100! Hehehehe— Lindas, lindas! Hehehe!
— …
Fiquei meio arrepiado ao ver Li Wei acariciando as asas com um rosto meio perturbador; ele realmente parecia um verdadeiro louco…
Após arrastar Ha Tae-heon, que tinha uma expressão de julgação em seu rosto, até a porta, gritei: — Então, meu velho, voltarei outra vez.
— Cale a boca! Não volte mais!
Embora Li Wei fosse um controlador espacial, também era um criador excepcional… Já em outras palavras, ele era uma pessoa complicada que acabava por fazer itens de inventário.
— Ufa…
Deixei a loja pensando que deveria voltar mais tarde. E como eu havia conseguido facilmente o item planejado, não pude deixar de esboçar um sorriso de orgulho.
— Nós temos o que precisamos, então vamos para o portal.
— …
Mesmo me vendo animado, Ha Tae-heon, de alguma forma, me encarava com um olhar muito mais complicado do que antes.
— Por que está me olhando assim? Tem algo a dizer?
— Não…
Ha Tae-heon, que havia ficado parado por um tempo, logo retomou os passos e se afastou de mim sem dizer uma palavra.
Inclinei minha cabeça, olhando para as suas costas.
“O que há com ele?”
Mesmo se me perguntasse, eu não saberia a resposta.
— Haa…
Suspirei e comecei a segui-lo.