Capítulo 2 – Eu quero proteger você. (Parte 1)
Tradução: Tinky Winky
Kuzaku honestamente não entendeu o que estava acontecendo no começo. Tudo tinha sido intenso, violento e extremo. Foi só depois que Rock e o morto-vivo Arnold começaram sua incrível luta que Kuzaku assistiu.
Haruhiro se foi. Ou melhor…
Onde Haruhiro estava antes, agora estava aquele cara Sakanami de olhos loucos, o ladrão de Typhoon Rocks.
Além disso, ele estava de pé como Haruhiro. A forma como seus ombros estavam ligeiramente curvados, sua cabeça ligeiramente inclinada para frente e seus joelhos levemente dobrados era idêntico. Kuzaku não se lembrava de Sakanami de pé assim, então ele provavelmente estava imitando Haruhiro. Ele era uma cópia perfeita de Haruhiro. Talvez seja por isso que Kuzaku não percebeu quando Haruhiro desapareceu.
Kuzaku sentiu que seria imprudente fazer um barulho, então ele perguntou a Shihoru em um sussurro: “Onde está Haruhiro?”
Enquanto mantinha os olhos fixos na batalha que se desenrolava entre Rock e Arnold, Shihoru simplesmente respondeu: “Salvando Mary”.
Faz sentido, Kuzaku pensou com satisfação.
Haruhiro foi salvá-la. Para salvar Mary, foi sozinho.
Ele teria problemas por conta própria? Naa, era realmente mais fácil para ele se mover quando estava sozinho. Mesmo se Kuzaku tivesse ido com ele, ele só estaria no caminho. Haruhiro conseguiria isso. Isso era o que Kuzaku queria pensar. Haruhiro tinha um forte senso de responsabilidade. Ele podia fazer as coisas quando era hora de fazer as coisas. Claro, isso faz questionar se houve um momento para não fazer as coisas.
Kuzaku tinha o mau hábito de perder o foco, não, deixando sua mente vagar às vezes. Ele não tinha percebido até estar no grupo de Haruhiro por um tempo. Observando Haruhiro, ele percebeu o quão fácil ele estava levando as coisas.
Mesmo com seus olhos sonolentos, Haruhiro estava sempre alerta. Na verdade, quanto mais focado ele se tornava, mais sonolento seu olhar parecia. Haruhiro não perderia o foco em um momento chave. Ele estava sempre com os olhos sonolentos, alerta, usando a cabeça e agindo em nome de seus companheiros.
Kuzaku sempre desejou que pudesse ser assim também, e tentou, mas de repente se viu relaxando. Mesmo no meio de uma batalha intensa, havia momentos em que ele sentia que não conseguia se concentrar totalmente.
Talvez seja porque sou tão dependente, pensou Kuzaku.
No final, ele tendia a deixar as coisas para os outros. Em algum lugar em seu coração, ele sempre confiou em outra pessoa. Ele estava tentando entrar na mentalidade de que ele tinha que lidar com as coisas sozinho, mas ele simplesmente não conseguia.
Estou desesperado, Kuzaku pensou. Foi frustrante também. Ele tinha esse corpo grande, mas para que o estava usando? Se ele não podia suportar a carga, não havia sentido.
Aposto que Moguzo não era assim.
Kuzaku só tinha visto o cara lutar uma vez. A batalha na Fortaleza Capomorti. Ele tinha sido ótimo. Kuzaku era provavelmente mais alto, mas Moguzo era mais grosso, mais sólido. Ele parecia tão claramente confiável.
A visão do Rage Blow de Moguzo cortando um orc ainda estava gravada nos olhos de Kuzaku. Ele não sabia como chamá-lo além de incrível.
No Reino do Crepúsculo, Akira-san exibiu Punishment para eles. Sua habilidade tinha sido como uma cristalização do mais alto nível de técnica, e era difícil imaginar como era possível chegar a esse nível. Kuzaku só conseguiu assistir com espanto.
O Rage Blow de Moguzo , por outro lado, não. Não era que Kuzaku pensasse: “Ei, até eu poderia fazer isso”, mas se possível, ele queria aprender a usar sua própria espada dessa maneira.
A posição do quadril de Kuzaku estava muito alta. Era instável. Ele percebeu isso, então ele estava tentando consertá-la. Ainda assim, quando ele verificava ocasionalmente, seus quadris estavam muito altos na maioria das vezes. Ele não era do tipo flexível, e seus braços e pernas eram longos, dificultando os movimentos mais finos, comparados a Haruhiro e… Sim, aquele traidor estúpido, Ranta, assim como Yume, que era tanto uma caçadora quanto uma garota, ele era devagar.
Ele sabia que certamente tinha muitos pontos a melhorar. Ele queria se livrar deles um por um. Também tinha pontos fortes, como quão grande era, então colocá-los em uso efetivo também era importante.
Shihoru o havia avisado para não deixar as coisas pesarem muito sobre ele, mas o que mais ele deveria fazer? Kuzaku era o tanque.
Haruhiro disse a ele: “Mas agora, Kuzaku, você é o tanque do nosso grupo, e acho que você é o único que pode ser.”
Ele se lembrava com precisão. Jamais esqueceria aquelas palavras.
Toda vez que ele pensava neles, seu coração afundava.
Tenho que fazer isso, penso. Vou fazer.
Eu juro que vou me tornar um grande tanque.
Era bom que seu coração estivesse partido. Agora, sem distrações, ele pode se concentrar totalmente em um único objetivo.
Ainda estou preocupado com Mary… Mas.
Bem, para ser honesto, claro que é. Ele estava fora de si de preocupação. Tipo, o que eles estavam fazendo com ela? Esses tipos de preocupações surgiram, é claro. Mesmo sabendo que era inútil pensar nisso, não ajudava nem um pouco.
Se ele pudesse ter tomado o lugar dela, ele teria. Afinal, ela era uma garota. É mais difícil para ela.
Essa era mais uma razão pela qual ele não podia perdoar aquele idiota, Ranta.
“…Ei?” Kuzaku piscou e olhou para cima. “Ei? Espera. Isso é estranho. O que…?”
Havia uma pequena colina na frente deles, e no topo estava um goblin montado em um lobo gigante e um pequeno orc aparentemente chamado Jumbo. Na base da colina havia uma massa de orcs, mortos-vivos e mais alinhados, mas não havia tais sinais.
“Ranta não desapareceu?” Kuzaku sussurrou.
“Parece que ele foi a algum lugar. Agora mesmo,” Yume disse calmamente. “Oh, aquele humano desapareceu quando Ranta também. Eles levaram outros junto com eles.”
“Uau. Eu perdi totalmente isso ..” Kuzaku suspirou. “Maldito Ranta. Para onde foi?”
“Descobri.” Shihoru mordeu o lábio. “Talvez. Sobre Haruhiro-kun, quero dizer…”
“Isso é… um pouco ruim, não é?” Kuzaku perguntou inquieto. Yume gemeu.
“É ruim, mas…” Shihoru balançou a cabeça levemente. “Não há nada que possamos fazer. Mesmo se nos movermos… Acho que não podemos alcançar Haruhiro-kun agora. Podemos muito bem nos perder… Por enquanto, temos que confiar em Haruhiro-kun.”
“A sério…?” Kuzaku ficou sem palavras.
“Confie em Haruhiro.” Para Kuzaku, isso foi fácil. Ele tinha certeza de que Haruhiro conseguiria isso, e se Haruhiro não pudesse, então ele simplesmente não poderia ajudar. Mas confiar em Haruhiro e deixá-lo para ele basicamente significava fazer Haruhiro carregar todo o fardo.
Mais uma vez, como sempre, tudo caiu para Haruhiro.
Isso fez Kuzaku querer rir. Zombosamente, de si mesmo. Eu sou muito impotente.
“Não é um problema”, disse o autoproclamado cavaleiro das trevas mais forte em serviço, Moyugi, dos Typhoon Rocks, pressionando a ponte de seus óculos com o dedo médio da mão direita. “Eu me preparei para isso.”
“Preparou?” Kuzaku trabalhou sua garganta para engolir sua saliva, mas não havia mais nada em sua boca para engolir. “Quão?”
Parecendo presunçoso, Moyugi não respondeu.
Kuzaku não sabia se o cara era inteligente, ou tático, ou qualquer outra coisa, mas ele era bajulador, muito importante, agia como se estivesse tirando sarro dos outros, e era um homem geralmente detestável.
O Sacerdote, Tsuga, estava sorrindo. Esse cara o lembrou de algo. Essa coisa, você sabe. Isso. Um Jizo. Sim. Ele era como um Jizo.
Mas o que era um Jizo mesmo? Ele não sabia o que era, mas conseguia se lembrar de sua forma. Aquela estatueta careca de pedra. Tsuga era como um Jizo.
Kajita, o de óculos escuros, que estava deitado ali desde que foi lançado voando por trás deles e caiu ali com um baque, de repente gritou “Oop!” e se levantou.
O que oop quer dizer? Kuzaku se perguntou. Sakanami ainda estava imitando Haruhiro.
Você pode desistir agora, Kuzaku pensou. Parece que eles já estão mirando em nós.
Rock riu alto quando agarrou Arnold, ou quando ele foi empurrado para trás e agarrado, socado e socado, chutado e chutado, cabeçada após cabeçada, uma e outra vez. Ele é alto? Kuzaku se perguntou. Eram todos um bando de esquisitos.
Bem, não foram apenas os Typhoons Rocks. Fosse o grupo de Akira-san, o grupo de Soma ou os Tokkis, todos eram muito estranhos.
Eu não consigo acompanhar essas pessoas, foi a opinião honesta de Kuzaku.
Nesse sentido, o grupo de Haruhiro é diferente. Muito diferente. Eles eram normais, você poderia dizer. reconfortante. Ele tinha certeza de que poderia se dar bem com eles.
Isso não significava que tudo daria certo, mas ele aprenderia a gostar e respeitar seus companheiros. Mesmo que Ranta fosse a única grande exceção a isso, havia exceções para tudo, então ele podia tolerar isso. Tinha que.
Foi um grande choque quando Mary o rejeitou, mas nenhum dos dois era criança, Mary era adulta, então ela o rejeitou, por mais estranho que fosse dizer assim, e eles conseguiram continuar como camaradas, como se nunca tivesse acontecido, respeitando uns aos outros e seguindo em frente. Embora ele tenha pensado que era impossível em um ponto, eles escaparam de Darunggar e conseguiram retornar a Grimgar. Altana se sentia distante, mas tinha certeza de que eles retornariam de alguma forma.
Ou pelo menos era o que ele pensava.
O que dizer disso? Kuzaku pensou. Por que as coisas ainda estão tão ruins? Isso é apenas a vida? Mesmo se for, não estamos sendo submetidos a muitos testes?
Eu não posso aceitar isso.
Se isso era realidade, ele tinha que aceitar como era. Até Kuzaku entendeu isso. Ele só queria reclamar.
Ele se encontrou em Grimgar de repente, ele não teve escolha a não ser se tornar um soldado voluntário, ele viu todos os seus companheiros morrerem, todos menos ele. Ainda assim, ele conseguiu tentar se manter positivo e fazer o seu melhor. Ele era obstinadamente persistente e, graças a isso, foi admitido no grupo de Haruhiro. Kuzaku sentiu que havia feito o melhor que podia.
E por tudo isso, é isso que eu recebo? Um pouco duro, não acha?
Não sei, acho que mereço um pouco mais.
Isso é ingênuo da minha parte? Meu coração parece pronto para quebrar. Ele não podia permitir isso. Haruhiro ainda estava lá, tentando fazer alguma coisa. Kuzaku estava apenas observando. Como ela pôde deixar seu coração partir? Vá com calma. Seja forte.
Mas suas pernas estavam fracas e ele só queria se sentar.
E quanto a Shihoru e Yume? Elas claramente não estavam tão calmas, mas também não pareciam ter cedido ao desespero. Como ele deveria manter o foco em um momento como este? Ele queria que alguém lhe dissesse como. Ele queria perguntar a Shihoru ou Yume. Não, isso não era… Ele queria que elas o apoiassem.
“…Xingamento.” Kuzaku cuspiu essas palavras e enfiou o queixo. Não era assim que deveria ser. Ele não deveria conseguir que elas o apoiassem; Ele tinha que apoiá-las. Esse era o tipo de homem que ele queria ser. Idealmente, ele queria ser como outra perna para Haruhiro. Não, isso não era tudo.
Sim, não, não era. Isso parecia aberto a interpretações errôneas.
Era como, bem, Shihoru provavelmente estava apoiando Haruhiro mental e espiritualmente. Kuzaku não era inteligente ou frio como ela, então ela faria isso com seu corpo. Sim, como um tanque, ele apoiaria Haruhiro como uma parede ou um pilar, fisicamente. Isso era tudo. Ele tinha uma imagem disso, então agora ele só precisava fazer isso acontecer.
Se Haruhiro voltasse em segurança… era isso. Mary também, é claro.
