Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 3 – Volume 17 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 3 – Volume 17

Capítulo 3

Não é possível que o rei que não dorme durma?

Quem ou o que deixou isso aqui?

Há quanto tempo aquela montanha permanecia sozinha no meio do interminável deserto plano que eram as Planícies do Vento Rápido?

As pessoas tinham um nome para ela.

Monte da Tristeza.

Havia diversas teorias sobre sua origem. Esta foi geralmente a mais aceita:

A forma em grande parte destruída do antigo castelo no cume era visível mesmo à distância durante o dia. Embora pudesse parecer um castelo comum, não era. Há muito, muito tempo atrás, era um templo para os deuses antigos. Naquela época, um rei teve a audácia de construir um castelo sobre as ruínas daquele templo. Então, quando o rei morreu, o castelo foi deixado como sua lápide. O intrépido rei foi reverenciado por seus grandes feitos e, em sinal de tristeza, as pessoas cantaram canções de lamentação diante de seu túmulo.

Mesmo com inúmeras estrelas brilhando no alto, a escuridão da noite nas Planícies parecia sufocante e espessa. Se alguém olhasse para o céu para resistir a ser esmagado pela escuridão opressiva, seria impossível perder as luzes brilhantes no topo do Monte.

Batedores enviados pelo Corpo de Soldados Voluntários relataram que atualmente havia obras para restaurar o antigo castelo. Em particular, as imponentes paredes logo além da encosta íngreme perto do cume tinham sofrido reparos consideráveis.

Com exceção do caminho estreito até o portão, havia barricadas em estilo abatis colocadas ao redor do castelo. Se, se aproximassem pela estrada, seriam destruídos por arqueiros, besteiros e fundeiros (estilingues). Se tomassem outro caminho, teriam que remover as barricadas. Isso levaria algum tempo durante o qual eles seriam obviamente alvo das mesmas armas de longo alcance que teriam enfrentado ao longo do caminho. O Corpo de Soldados Voluntários poderia fazer com que seus magos liderassem um ataque frontal e superassem rapidamente esses obstáculos, mas teriam que estar preparados para sofrer um pequeno número de baixas.

É por isso que eles entraram pela porta dos fundos.

Agora, não era o caso de haver uma porta da frente e uma porta dos fundos para este castelo no topo da montanha.

A informação sobre uma “porta dos fundos” veio de Shinohara. Seu clã, Orion, investigou o Monte da Tristeza por um tempo porque se tornou um covil de mortos-vivos. Eles até se infiltraram no castelo muitas vezes.

Dito isto, o foco dos Orion não era o antigo castelo.

O castelo foi construído sobre as ruínas de um antigo templo. Se as histórias fossem verdadeiras, o rei que o construiu também foi enterrado lá. No entanto, não importa o quanto procurassem, Shinohara e seu grupo não conseguiram encontrar nenhum lugar onde um indivíduo de tão alto status pudesse ter sido enterrado.

Seria possível que o túmulo do rei estivesse em outro lugar? Orion continuou sua busca e, finalmente, eles o encontraram.

Estava em um lugar subterrâneo.

Abaixo do castelo havia um cemitério secreto.

Bem, para ser mais preciso, era um espaço que eles teorizaram ser um cemitério, mas isso está ficando muito minucioso, então por enquanto continuaremos a chamá-lo de Cemitério.

Os Orion passaram anos pesquisando e finalmente conseguiu encontrar duas maneiras de entrar no Cemitério. Uma entrada no antigo castelo, outra no sopé do Monte da Tristeza, cada uma fechada por uma porta de pedra.

Os Orion conseguiram entrar no Cemitério pelas duas entradas. Era, sem dúvida, um cemitério. Shinohara e Kimura tinham mais ou menos certeza de que o rei havia sido enterrado sob o castelo. Eles alegaram ter encontrado evidências suficientes para se convencer disso.

Shinohara chamou o quarto onde o rei dormia de tumba. Incrivelmente, Os Orion conseguiram pisar lá. Porém, toda vez que entravam no túmulo, pessoas morriam. Por causa disso, Shinohara foi forçado a ordenar uma retirada.

A razão pela qual tudo isto foi relevante para a operação de tomada do Monte reside no fato de o acesso ao Cemitério poder ser feito tanto pelo sopé como pelo castelo.

Chamaremos a entrada no sopé de “entrada do sopé” e a entrada no castelo de “entrada do castelo”. Ambos levaram ao Sepulcro. Aliás, a entrada do castelo ficava bem mais perto do túmulo.

Em suma, era possível entrar pela entrada do sopé, passar pelo Cemitério, passar pelo sepulcro e depois entrar no castelo.

A invasão ao Monte da Tristeza foi uma operação conjunta entre o Exército da Fronteira e o Corpo de Soldados Voluntários.

O comandante Jin Mogis, do Exército da Fronteira, enviou cem de seus melhores homens sob o comando do general Thomas Margo. Além disso, também participaram Haruhiro, Kuzaku, Ranta, Yume, Mary, Setora e vinte e três membros dos Orion liderados por Shinohara.

O Corpo de Soldados Voluntários enviou o Time Renji, os Tokkis, os Anjos Selvagens, Iron Knuckles e os Berserkers para um total de setenta pessoas.

Disto, surgiu uma força individual de vinte e seis membros: dez de Orion, incluindo Shinohara e Kimura; O grupo de Haruhiro, o Time Renji e os Tokkis, tentariam invadir o castelo passando pelo Cemitério.

O resto que restou foi a força principal. Seu papel era adotar uma postura como se fossem tomar o Monte da Tristeza em um ataque frontal, o que forçaria o inimigo a permanecer pronto para o combate enquanto aguardava um sinal da força individual.

Não era exagero dizer que o sucesso ou o fracasso desta operação dependeria da força individual.

Na verdade, a força principal não atacaria até que a força individual chegasse ao castelo e enviasse o sinal. Se não conseguissem resultados, a operação nem sequer começaria.

— Ah…! Kuzaku lançou um golpe poderoso com sua grande katana, perfurando um peão morto-vivo.

— Nahaha…! Vou te mostrar como eu lido com esses peões! O cavaleiro das trevas mascarado soltou uma risada sinistra, antes de saltar sobre um peão como se fosse algum tipo de pássaro monstruoso. Sua katana brilhou maldosamente enquanto ele gritava: Pawwwn!

Ele cortou a cabeça.

— É assim que se faz!

— Infeliz… Kuzaku murmurou, enquanto continuava a balançar sua grande katana tão facilmente como se fosse um porrete. A cada movimento ágil da lâmina, ele cortava outro peão.

— Hoo-hah! —Yume, inacreditavelmente, estava chutando eles. Ela usou um chute frontal para empurrar para trás um dos peões que se aproximava dela e imediatamente o acertou com um chute giratório para fazê-lo voar. Parecia que seria isso, mas então ela pulou no ar, gritando “Cha-cha-cha-chai!” enquanto dava mais três chutes, cada um mais rápido do que seus olhos podiam acompanhar, fazendo-o voar. Então, ainda por cima: “Hah-nyah!”, ela bateu com a palma da mão, lançando-o novamente no ar.

— O que você é, algum tipo de mestre de kung-fu? — Disse o cavaleiro das trevas mascarado, que cortava peões da esquerda para a direita enquanto gritava ‘peão, peão, peão’, como se fosse algum tipo de efeito sonoro.

Por que ele estava se divertindo tanto com isso? Bem, talvez porque fosse Ranta? Sim, esse era Ranta.

Mary e Setora ficaram de costas uma para a outra, usando seu bastão de batalha e lança para afastar qualquer peão que se aproximasse delas.

Haruhiro não tinha certeza do que era, mas como Ranta e Yume estavam se movendo muito, ele se sentiu relaxado quando viu Mary e Setora mantendo a posição no mesmo lugar. Não foi exatamente reconfortante. Isso seria exagerar o efeito. Afinal, isso ainda era uma batalha. Sim. Ele não tinha tempo para relaxar.

Haruhiro ficou atrás de um peão que estava se aproximando de Mary e o agarrou. Ele segurou a cabeça dele com a mão esquerda, enquanto usava a adaga na direita para abrir rapidamente a garganta dele.

A palavra “peão” aparentemente deriva de uma palavra para “soldado de infantaria”. Esses peões do Cemitério tinham seus corpos inteiros envoltos em algo que pareciam bandagens esbranquiçadas. Por esse motivo, os Orion também se referiram a eles como peões ou simplesmente múmias. Mas em vez de serem feitas de pano ou gaze, as bandagens pareciam mais sujeira, uma combinação de lama e argila. Se você cortasse ou quebrasse suas cabeças, eles desmoronariam como aquele que Haruhiro acabara de matar. Os peões eram aparentemente feitos de terra e ossos.

— Obrigada, Haru! Mary gritou, o que fez Haruhiro se sentir um pouco aliviado, pois ela estava muito quieta recentemente. Se ao menos Setora também se animasse um pouco, pensou ele. No entanto, ele não queria que as duas se obrigassem a agir alegremente. Ele sabia que elas ainda fariam o que fosse necessário. Ele confiava nelas. Se elas de alguma forma falhassem em alguma coisa, Haruhiro teria que encobri-las. Afinal, ele era o líder.

Esta parte do Cemitério era chamada de hall de entrada, uma grande sala imediatamente após a entrada no sopé. Foi os Orion quem chamaram assim, é claro. Mas era isso mesmo? Parecia ter sido construída mais como um teatro.

Pouco depois de entrar no hall de entrada, os membros do Orion dispersaram mais de uma dúzia de bastões luminosos que emitiam uma luz poderosa, tornando a sala clara o suficiente para que pudessem ver. No entanto, a luz não alcançava o teto e não estava claro se as paredes e o piso eram de paralelepípedos ou lajes de pedra. Era mais baixo no meio e mais alto nas bordas, com o centro baixo não parecendo completamente diferente de um palco. Seja qual for o caso, Haruhiro e os outros estavam caminhando em direção àquele lugar que parecia um palco.

Os peões eram fracos, mas atacaram um após o outro. Foi um verdadeiro esforço tentar fazer algum progresso. Não parecia provável que o grupo sofresse quaisquer baixas, mas se Haruhiro e seu grupo estivessem sozinhos, poderiam ter sido forçados a recuar.

—Vamos com calma! Shinohara usou um escudo com um brilho prateado fosco para acertar um peão. Sua espada era curta, mas larga, com a ponta da lâmina cortada diagonalmente. A forma era um tanto incomum, mas terrivelmente nítida. Ele cortou os peões como se fossem feitos de papel.

Orion era um clã famoso. Shinohara não era o único habilidoso entre eles. Tinha um cara chamado Matsuyagi, ou algo parecido, que usava uma maça em cada mão, lutando como um louco. Foi um espetáculo para ser visto. Eles também tinham dois magos, um caçador e um ladrão. Foi fácil ver que eles estavam bem equilibrados.

(Nota: Maça- Ferramenta semelhante a um martelo para bater ou esmagar, consistindo em um pedaço pesado de madeira ou metal preso no centro a um longo cabo de madeira, geralmente segurado com as duas mãos.)

— Uau!

No entanto, aquele Sacerdote de óculos estava fazendo muito para se livrar desse senso de equilíbrio apenas por existir.

— Mwahaha!

Kimura agia de forma estranha constantemente. Agora, como Haruhiro estava fazendo Mary lutar, ele não estava em posição de dizer que Kimura deveria ficar fora da ação. Mesmo assim, Kimura não precisou ser tão proativo para passar para a linha de frente. Afinal, Orion tinha muitos outros lutadores.

Seu estilo de luta também era estranho. Ele se protegeu com um pequeno escudo em forma de ‘escudo’ enquanto se aproximava dos peões, depois os atingiu com sua maça. Por alguma razão, recusou-se a usar os tradicionais movimentos laterais, diagonais ou descendentes que Haruhiro esperava. Ele sempre batia por baixo. Cada golpe foi um movimento ascendente. Seu objetivo era sempre o mesmo.

— Kehfwah!

A virilha.

Kimura balançou sua maça para cima, na virilha de um peão.

— Swajah!

Quando ele atingiu os peões na virilha, eles não desmoronaram, mas explodiram. Kimura gostou da sensação.

— Nufoh! Tovahhh!

Uau, esses eram alguns barulhos estranhos que ele estava fazendo.

Parecia que Kimura estava recebendo satisfação sexual ao esmagar as virilhas dos peões. Que tipo de sacerdote agia assim? Então, novamente, tendo perdido as memórias de seu tempo como soldado voluntário, talvez a vaga percepção de Haruhiro sobre como um sacerdote deveria ser fosse equivocada? Ele não podia negar a possibilidade.

— É hora da minha habilidade final!

Outro homem vestindo o mesmo uniforme de sacerdote de Kimura correu para a frente e deu uma cambalhota para frente.

Somersault Bomb!

Usando o impulso de quando girou no ar e segurou seu martelo de guerra com as duas mãos, ele esmagou um peão e o chão abaixo dele. Ambos foram completamente pulverizados.

— Oooorahhh…!

Então ele se virou, erguendo a arma e baixando-a novamente, tudo em um movimento rápido. Foi terrivelmente rápido.

Esse foi Tada. Tada-san. Ele estava Louco. Havia um som explosivo toda vez que Tada-san derrubava um peão. Sério, como fez esse barulho? Isto ia além da questão de saber se era ou não apropriado que um sacerdote lutasse assim ou não. O que estava acontecendo lá?

— Aqui vai meu ataque!

Ao lado de Tada, Kikkawa era peso leve. Ele circulou, acertando as cabeças dos peões. Kikkawa falava alto e parecia desesperado por atenção, mas movia-se com eficiência, sem perder tempo.

— Flutue como um leopardo!

Quando se tratava de Tokimune, era um pouco difícil dizer se ele estava se movendo com eficiência ou não. Ele certamente era leve, mas o que acontecia com a maneira como ele balançava a espada toda vez que acertava um peão? Parecia inútil, mas talvez ele estivesse fazendo isso para manter um certo ritmo? No entanto, isso levantou a questão de saber se o ritmo era necessário.

— E dói como uma baleia!

Vendo a maneira como ele pulou no meio de um grupo de peões, bateu o escudo no chão para fazer parada de mão e depois girou enquanto chutava os peões, talvez ele precisasse manter um certo ritmo. Não que Haruhiro soubesse. A sério. Haruhiro não tinha ideia. Mas, deixando isso de lado, ele tinha certeza de que o ditado deveria ser: flutue como uma borboleta e pique como uma abelha.

Enfim, os Tokkis eram todos malucos, mas o mais maluco de todos não era Tokimune ou Tada.

Não, era ela.

Ela deveria ser uma maga, mas ela usava espadas. Isso mesmo, espadas.

E ela também usou uma técnica de empunhadura dupla.

Ok, sim, ela estava carregando elas todo esse tempo. Duas espadas penduradas em seus quadris. Não deveria ter sido uma surpresa que ela as usasse. Mas a questão é que quando Haruhiro a viu lutar, foi algo incrível. Um grande espetáculo.

Se alguém estava dançando assim aqui, era ela, não Tokimune.

A esgrima de Mimori era… qual é a palavra? Magnífica. Seus movimentos não eram lentos, mas pareciam sem pressa. Ela cortou com força e dividiu um peão ao meio. Assim que terminou de mover a lâmina direita, ela não recuou. Ela continuou em frente com um grande movimento para a esquerda. Você pensaria que dar um soco como esse a desequilibraria, mas Mimori tinha uma boa postura. Mesmo que todo o seu corpo estivesse inclinado ou torcido com força considerável, sua estabilidade nunca vacilou. Mimori nunca parou, nem diminuiu a velocidade. Fluía constantemente de um corte para outro. Não havia nada de artificial nisso. Como se ela continuasse lançando golpe após golpe sem parar, e foi assim que aconteceu. Parecia que ela havia alcançado um certo estado de perfeição. Isso pode ser um exagero, mas realmente parecia que a esgrima de Mimori estava operando em outro nível. Realmente foi sublime.

E ainda assim, apesar de toda aquela habilidade com suas espadas, Mimori ainda era uma maga e lutava como só um mago poderia.

Enquanto cortava os peões, ela desenhou sigilos elementares com as pontas de suas espadas e entoou um feitiço.

— Delm, hel, en, balk, zel, arve!

Haruhiro teve alucinações com ruídos explosivos quando viu Tada pulverizar um peão com seu martelo de guerra, mas não, não eram reais. Esse barulho ensurdecedor que reverberou em seu estômago, foi assim que soou uma explosão.

Isso porque cinco, seis metros à frente de onde Mimori apontava a espada, houve uma explosão de verdade.

O feitiço mágico da classe Arve, Blast , provavelmente destruiu apenas três, quatro, talvez cinco peões no máximo. Mas teve um efeito muito maior do que isso.

— Veja isso…!

Anna-san estava sendo cuidadosamente protegida por Kikkawa e Tokimune. Nada poderia machucá-la. Agora, quanto à própria Anna-san, ela não estava fazendo nada. Bem, não, não é como se ela não estivesse fazendo absolutamente nada. Ela estava estufando o peito.

— Isso mostra o que podemos fazer, sim! Pegue isso! Aposto que vocês estão com medo agora, seus perdedores inúteis…!

Ela parecia muito vaidosa. Arrogante e mais do que feliz em mostrar isso.

Os sacerdotes estavam lá para agir quando algo acontecesse com seus companheiros. Então, de certa forma, Anna-san poderia estar fazendo a coisa certa. Os Tokkis tinham seu próprio jeito de lidar com as coisas. Eles não pareciam ter perdido ninguém, então Haruhiro teve que assumir que estava funcionando para eles. Ele até achou a atitude de Anna-san quase revigorante. Como sacerdote, ela esperava até que fosse necessária. Mas só porque ela tinha que ficar de fora, isso não significava que ela tinha que se desculpar por isso. Estava tudo bem para ela ser barulhenta e orgulhosa.

A verdadeira surpresa, porém, foi o Time Renji.

O guerreiro de cabelos curtos que tinha uma lanterna pendurada no cinto, Ron, e a pequena sacerdotisa, Chibi-chan, defendiam o mago dos óculos, Adachi, enquanto eliminavam peões constantemente. Enquanto isso, Renji estava fazendo o seu melhor e parecia que ele poderia derrotar todos os inimigos sozinho, embora isso não fosse realisticamente possível. A maneira como ele mantinha uma distância segura de seus camaradas e cortava com indiferença qualquer peão que se aproximasse demais deles parecia tão fácil que era como se ele estivesse fazendo uma pausa.

Não, ele estava lutando muito e conseguindo mais do que a maioria, mas não parecia que estava praticamente sonâmbulo? Foi assim que ele conseguiu fazer parecer trivial. Essa pode ser a coisa mais incrível sobre ele. De certa forma, isso deixou Haruhiro perplexo.

— Ei…?!

De repente, Haruhiro sentiu algo. O que foi aquilo? No momento, ele só conseguia descrever aquilo como “alguma coisa”, mas logo descobriu o que era.

Chegou voando. Em direção ao palco pela esquerda, não, para frente e para a esquerda.

— Kuzaku! Setora gritou um aviso antes que Haruhiro pudesse fazê-lo.

— Que?! Reagindo instantaneamente, Kuzaku atingiu algo com sua grande katana, mudando seu curso. Foi bem grande. O objeto conseguiu desequilibrá-lo, mesmo que só um pouco, então deve ter sido bem pesado. Que raio foi aquilo?

—Mais estão chegando! Haruhiro gritou.

Eles eram bolas? Não, eram balas. Mais ou menos do tamanho de um punho, hein? Falando em enorme.

— Cubram-se! Shinohara gritou enquanto se protegia com seu escudo.

— Miau! Yume se recostou e a bala que ela havia evitado bateu em um peão, derrubando-o. Eles estão atirando em bigas!

— Você quer dizer atirar às cegas! Ranta usou um movimento misterioso para se mover da esquerda para a direita, evitando duas ou três balas. Os tiros que erraram destruíram um peão.

— Assombrações! Shinohara gritou, indicando a direção de onde as balas tinham vindo com sua espada. Priorizem eliminá-los primeiro…!

Shinohara havia contado a eles sobre as assombrações com antecedência. Ao contrário dos peões, as assombrações eram apenas humanóides da cintura para cima. Eles ficavam no mesmo lugar com os dois braços tocando o chão e atiravam balas pela boca. As assombrações eram como torres fixas.

Com Kuzaku, Yume, Ranta, Mary e Setora presentes, o grupo poderia funcionar perfeitamente sem ele. Haruhiro começou a correr na direção que esperava que fossem os lugares das assombrações.

— Idiota! Ranta o alcançou e o deixou para trás. Deixe isso comigo!

Foi irritantemente rápido. Era tarde demais para tentar fazê-lo voltar agora. Haruhiro parou. Ele decidiu deixar Ranta cuidar das assombrações. Ele não seria o único a ir atrás delas, mas naquela velocidade, certamente seria o primeiro a chegar lá.

Não.

— Que…?! Ranta gritou surpresa.

Haruhiro olhou para ver uma figura correndo na frente de Ranta.

— Renji! Haruhiro ficou pasmo.

Quando ele chegou lá?

Renji deixou sua equipe e foi caçar sozinho.

— Murgh…! Os óculos de Kimura brilharam.

Na frente de Ranta, Renji parou de repente.

— Que…?!

Eles eram mosquitos? Não, provavelmente não. Parecia apenas um enxame de mosquitos. Um enorme enxame descendo sobre Renji.

— Guheh…! E pensar que um fantasma nos receberia no hall de entrada! Kimura não conseguia esconder sua empolgação. Ou ele simplesmente não estava tentando? Talvez não. Afinal, era Kimura.

— Tch…! Renji brandiu sua grande espada, tentando afastar o fantasma em forma de enxame. A força da lâmina foi capaz de dispersá-los, mas foi como empurrar o braço através de uma cortina. O fantasma era feito de muitas, muitas pequenas coisas parecidas com insetos, tornando difícil cortá-las todas com uma espada. Mesmo que a força da lâmina pudesse dispersá-los, eles retornariam rapidamente.

— Isso não vai funcionar…!

Está tudo bem, Kimura. Você pode ficar animado, mas não deve parecer tão feliz.

— Os fantasmas são muitos! Praticamente imunes! Para danos físicos! Entendi! O que usar magia! O que?!

— Ufa…! Ranta gaguejou. Ele diminuiu a velocidade porque mesmo que alcançasse Renji, ele não tinha certeza do que fazer com o fantasma, mas então alguém o empurrou para fora do caminho. Alguém de estatura muito baixa. E era…

— Luz…!

Chibi-chan… a sacerdotisa do Time Renji. Que estava fazendo?

— Lumiaris…!

Fazendo uma curva para frente enquanto dizia algo, Chibi-chan ficou na frente de Renji, virando as palmas das mãos em direção ao fantasma.

— Esse encanto não era um pouco curto?! Kimura gritou.

Uma encanto. Era uma música? Luz. Lumiaris. Geralmente é: “Ó luz, que a proteção divina de Lumiaris esteja sobre você”, não é?

Judgment!

A sério?

Sem exagero, Haruhiro pensou que ficaria cego. Seus olhos se fecharam por reflexo. Mesmo apesar disso, ele ainda conseguia ver uma intensa luz branca através de suas pálpebras, queimando suas retinas. Então houve o som. Chibi-chan estava a uma boa distância de Haruhiro quando lançou o feitiço, mas ainda parecia que havia um vento forte soprando contra ele.

— A magia da luz! Definitiva…! Kimura gritou animadamente.

Você é muito chato.

Haruhiro abriu os olhos. Ainda era difícil para ele ver. Mas o feitiço final de Chibi-chan, ou seja lá o que for, apagou o fantasma.

— Ah…! Renji voltou-se para os lugares das assombrações.

Na verdade, ele deve ter feito uma pausa antes. Não foi uma piada. Essa foi a única conclusão que Haruhiro pôde tirar.

Isto era diferente.

Não tanto a velocidade, mas a qualidade do movimento.

Estava em outro nível.

Renji estava andando enquanto balançava sua espada larga? Parecia algo completamente diferente, não é? A espada grande tinha um único gume e uma lâmina grossa, o topo cego era todo serrilhado. Também era muito longa, então tinha que ser pesada. Nenhum humano deveria ser capaz de usá-la da maneira que ele fez. Era como se Renji tivesse amarrado uma corrente ao cabo e a balançasse usando aquela corrente. Mas você teria que adicionar mais duas ou três daquelas grandes espadas na corrente, todas se movendo ao mesmo tempo, para ter algo parecido com o que quer que Renji estivesse fazendo. Ou talvez não? Sim, não, não foi isso. Não importa o que Renji estivesse fazendo com aquela grande espada, Haruhiro não seria capaz de descobrir tão cedo.

— Deixe-me um pouco!

Ranta estava dizendo alguma coisa. Mas Renji não iria ouvir. Era difícil imaginar que alguém pudesse detê-lo agora.

— Ele é surpreendente, né?

Por pura coincidência, Haruhiro viu Shinohara enquanto sussurrava isso. Ele estava aproveitando todas as oportunidades que podia para observar Shinohara. Graças a isso, ele foi capaz de detectá-lo.

Shinohara estava sem expressão.

Essa não era a cara de alguém elogiando outra pessoa. Quando uma pessoa perde toda a expressão assim? Haruhiro não conseguiu encontrar uma resposta.

Mas durou apenas um momento. Logo, Shinohara sorriu novamente. Seu sorriso habitual. Do tipo bom. Aquele sobre “Eu posso tolerar qualquer coisa”.

— Hmph… Tada colocou seu martelo de guerra no ombro e olhou ao redor da área.

Tokimune deu um pequeno giro em sua espada longa e cortou um peão. — Já terminamos mais ou menos agora? ele se perguntou em voz alta.

Renji havia caçado todos os lugares. Ranta estava pisando no chão em indignação.

— Ookok!

—O que você é, um macaco? Kuzaku murmurou.

Pelo que parece, não havia mais peões, pelo menos não na área iluminada pelos bastões luminosos.

— Dujuh…! Os óculos de Kimura brilharam novamente. Mas, cara, o jeito que ele riu… Haruhiro simplesmente não conseguia se acostumar com isso. Cada vez que ouvia isso, ele ficava com raiva. Também parecia ser diferente a cada vez. Portanto, sempre foi uma nova forma de raiva. Ele não precisava desse tipo de variedade em sua vida.

— Parece que já cuidamos deles. Gufufuh…

—Vamos nos apressar. Shinohara embainhou sua espada e se dirigiu ao hall de entrada. Mais aparecerão se nos sentarmos.

Foi apenas a imaginação de Haruhiro? Os restos dos peões e assombrações espalhados pelo hall de entrada pareciam estar se movendo levemente. Pelo que parece, a terra não estava realmente se movendo, então provavelmente era sua imaginação.

Pelo menos por enquanto.

Orion e os Tokkis começaram a se mover. Renji já estava indo cada vez mais em direção ao hall de entrada com Chibi-chan, Ron e Adachi a reboque.

Haruhiro sinalizou para Kuzaku, Yume, Mary e Setora com os olhos, depois seguiu o Time Renji.

Ranta ajustou sua máscara e depois se juntou a eles.

— …Este lugar me dá arrepios.

Haruhiro concordou completamente, mas o irritou compartilhar uma opinião com o cavaleiro das trevas mascarado, então ele continuou andando em silêncio.

Durante todo o tempo que passaram explorando o Cemitério, Orion derrotou um número considerável de inimigos. E ainda assim, mais apareciam cada vez que entravam no Cemitério.

Shinohara e seu povo até viram os restos mortais de seus inimigos se reunirem, formando novos inimigos.

O Cemitério nunca ficaria sem inimigos. Não faltavam materiais para fazer novos, e mais seriam criados enquanto os materiais estivessem lá. Isso significava que não importa quantos derrotassem, sempre haveria mais.

Obviamente, este não foi um fenômeno natural.

Tinha que haver algum poder trabalhando aqui para continuar produzindo-os. O portador dessa habilidade estava em algum lugar do Cemitério.

Parecia provável que mesmo agora, morto, o antigo rei não estivesse dormindo.

Fim do capítulo.

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