The Beginning After The End, Amongst the Fallen – Capítulo 5 - Anime Center BR

The Beginning After The End, Amongst the Fallen – Capítulo 5

EMILY WATSKEN

O toque metálico do ferrolho da minha porta sendo aberta me tirou do meu cochilo matinal. Acordei tantas vezes durante a noite que era difícil dizer se eu havia dormido ou se apenas fiquei de olhos fechados, eu estava sonolenta e tentando entender quem tinha entrado, mas no momento em que vi Oleander Brone entrando no meu quarto, fiquei tão acordada que parecia que alguém havia jogado um balde de água gelada em mim.

Um arrepio percorreu meu corpo quando meus olhos encontraram os dele. Instintivamente, minhas mãos agarraram o topo do cobertor fino, minha única fonte de calor nos túneis frios de Vildorial, e o puxaram até meu queixo. Isso fez com que descobrisse meus pés descalços, expondo-os ao ar frio, e era quase totalmente inútil de qualquer maneira, já que, mesmo coberta, eu sentia muito frio.

Brone zombou. Seu rosto fino e pontudo o fazia parecer um rato vestindo uma peruca preta. Minha bochecha se contraiu quando suprimi um sorriso imaginando essa cena, fazendo com que os olhos de Brone se estreitassem.

Uma de suas mãos finas em forma de garra estendeu-se e puxou o cobertor. Ele o jogou no chão e se voltou para a porta. “Levante-se, garota. É hora de ver o trabalho do dia. Se você fugir ou trabalhar contra nossos esforços de alguma forma, você será…”

Julgada por crimes graves e executada, ecoei em minha cabeça.

Em uma voz mais aguda e fina, quase um sussurro, ele disse a si mesmo: “Por que aquele louco do Gideon continua insistindo na utilidade desta criança, eu nunca vou entender. Pelos amor de Vritra…”

Gemendo, rolei para fora da cama e coloquei meus pés descalços no chão de pedra fria. Minha cabeça doía por causa da falta de sono e meu corpo rangia como se eu tivesse cem anos, provavelmente por causa das semanas mal dormidas na pequena cama miserável que eles me deram.

Brone esperou impacientemente do lado de fora do meu quarto enquanto eu vestia meu par de tênis finos. Eles não tinham me dado meias e havia uma lacuna de cinco centímetros entre a parte de cima dos sapatos e onde minha calça de tecido áspero terminava, permitindo que o ar frio mordesse meus tornozelos.

Acho que nunca vou ficar quentinha de novo, resmunguei internamente enquanto fazia movimentos desnecessários em meu minúsculo quarto, fingindo estar procurando por algo. Sério, eu estava apenas atrasando o início inevitável de mais um dia gasto estudando sais de fogo com Gideon enquanto Brone nos seguia, zombando e falando consigo mesmo.

Por fim, porém, o impaciente Instilor bufou, fui forçada a segui-lo para fora do meu quarto e pelos corredores esculpidos do Instituto Earthborn em direção ao laboratório do Gideon. Meu estômago roncou no caminho, mas eu sabia que não teríamos nada para comer por algumas horas.

Tochas a gás alinhavam-se nos corredores, então eu caminhei perto o suficiente da parede para desfrutar das explosões intermitentes de calor que elas forneciam, mas era apenas uma curta caminhada até o laboratório. Ainda assim, descobri que minhas pálpebras estavam ficando pesadas antes de chegarmos lá, apesar do frio e da fome.

Esfreguei meus dedos em meus olhos turvos enquanto Brone abria a porta do laboratório ao som de uma explosão que o fez pular para trás e eu acidentalmente me dar um soco no olho. Uma nuvem de fumaça negra e ardente saiu da porta, obscurecendo o Instilor e fazendo meus olhos arderem ainda mais.

“Em nome do Alto Soberano… que fedor é esse?” Brone rosnou, respirando com dificuldade.

“Oleander, é você?” Gideon gritou com entusiasmo de algum lugar lá dentro. “Entre. Espero que você tenha trazido minha assistente com você.”

Pressionando uma mão ao lado do meu rosto, que latejava dolorosamente, prendi a respiração, passei por Brone e entrei no laboratório, apertando os olhos contra a névoa ardente e as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Um momento depois, a fumaça passou por mim quando uma rajada de vento a empurrou de fora da porta para o corredor, e Brone, agora preso novamente no meio da nuvem, tropeçou para dentro do laboratório e bateu a porta atrás de si.

Brone tentou berrar e nos ameaçar, mas não conseguiu por causa de uma crise de tosse.

O rosto enrugado de Gideon estava manchado de fuligem e seu cabelo crespo tinha escurecido nas pontas. As bolsas pesadas sob seus olhos só tinham ficado mais proeminentes durante nosso tempo como servos contratados dos alacryanos, embora suas sobrancelhas não tivessem conseguido crescer novamente. Esta manhã ele estava com os olhos arregalados, bem agitado e estava sorrindo loucamente, olhando para o sufocante Brone.

“Eu não acho que vai ser muito bom contra os asuras, mas esses sais de fogo são uma bomba de fumaça e tanto, hein?” Gideon piscou para mim.

“Mais como uma bomba de fedor.” Eu disse.

Suas ferramentas foram espalhadas e bagunçadas por toda a bancada, de cada lado havia uma bandeja de sal e apenas uma placa grossa de metal, que estava dobrada nas bordas. Uma única brasa brilhante de sal de fogo estava no meio da bandeja. Ocasionalmente, uma pequena faísca saltava da brasa.

Um movimento no canto da sala atraiu minha atenção para um mago alacryano enfurecido. O cabelo loiro brilhante do homem estava manchado de escuro pela nuvem tóxica que acabara de ser enviada para sufocar os corredores dos anões. Eu não reconheci este, mas sempre havia um mago com uma marca ou crista de atributo fogo ou vento para nos ajudar em nossos experimentos.

O olhar de Gideon seguiu o meu e ele balançou a cabeça. “Imprestáveis! Eu juro, esses alacryanos estão apenas me torturando. Acho que nem ligam para os sais de fogo. Caso contrário, por que eles me mandariam o pior? É uma maravilha, realmente, que eles tenham conseguido recriar meu Dicatheous.”

O mago olhou furiosamente para Gideon, mas o velho inventor não se incomodou, como sempre.

“Mas o navio a vapor não foi projetado pelo Arthur Leywin?” Perguntei ao meu mentor, genuinamente curiosa. O Dicatheous foi projetado antes de eu começar a trabalhar com Gideon, mas eu tinha visto o navio concluído e as plantas nas quais foi baseada.

Ele revirou os olhos exageradamente. “Ele só fez o básico, quem fez tudo aquilo funcionar foi eu. Talvez Arthur pudesse ter efetuado alguma mudança se ele tivesse se concentrado em gerar mais tais ideias, lutando contra Agrona com sua mente pensante ao invés de ir pra todo canto de Dicathen e conjurar feitiços sofisticados em todo lugar que ele pisava.”

Eu queria falar mais sobre Arthur, mas Brone havia se recuperado de seu ataque de tosse e se aproximou de nós, seus olhos redondos injetados de sangue e um rastro de coriza escorrendo do nariz aos seus lábios. Ele enxugou o rosto na manga e olhou para Gideon.

“Você fez isso de propósito.” Ele disse antes de tossir novamente.

Os olhos de Gideon se arregalaram. “Caro Oleander, cada dia é um dia de experimento, de tentativa e erro! Você, como um inventor, deve entender isso tão bem quanto eu. Você me pediu para desvendar os mistérios dos sais de fogo dos anões.” Disse Gideon, praticamente gritando enquanto levantava a brasa quente da bandeja de sal com um pesado par de alicates. “E para ajudá-lo a encontrar uma maneira de utilizar a incrível energia latente presa dentro de cada um desses pequenos grãos.” Gideon acenou com a brasa de sal de fogo no rosto de Brone, fazendo o Instilor recuar e saltar para trás. “Eu fiz exatamente isso!”

O alicate e a brasa voltaram a cair na bandeja e Gideon se afastou de Brone. “Além disso, eu disse a este bufão para criar uma corrente que se movesse precisamente cinco metros por segundo através da brasa, mas claramente tal fundição cuidadosa está além dele!”

O carrancudo mago deu um passo para longe da parede e apontou para meu mentor. “Agora ouça aqui seu velho idiota—”

Brone acenou para o mago ficar em silêncio. “Não morda a isca dele, Albin. Gideon é especialista em ser terrivelmente frustrante, não é, Gideon?”

“Eu me esforço para estar no nível de enlouquecer algum dia, mas por agora sim.” Retrucou Gideon. “Agora, eu preparei vários outros experimentos hoje, a maioria dos quais provavelmente farão todos nós morrermos com este conjurador trabalhando ao nosso lado, então não há razão para bater papo mais.”

O mago alacryano, Albin, olhou severamente para Brone. “Senhor, uma palavra, por favor?”

O rosto de Brone se contraiu, mas ele acenou para o homem sair. Um filete fino de fumaça vazou de volta para a sala quando eles saíram, e eu podia ouvir Brone tossindo pela porta.

Suspirei e esfreguei meu olho dolorido novamente. “Gideon, por que estamos fazendo isso? Você sabe que eles são—”

“Já falamos sobre isso.” resmungou Gideon. “Se não nos tornarmos úteis, eventualmente minha genialidade não será suficiente para nos proteger, e nós dois seremos executados por—”

“—Crimes graves,” eu terminei.

“Exatamente.” Disse ele, balançando a cabeça para que seu cabelo crespo caísse ao redor de sua cabeça.

“Mas qualquer coisa que criarmos para os alacryanos só será usada contra nosso próprio povo…”

“Minhas invenções já se voltaram contra nós!” Ele estava falando sobre o Dicatheous, eu sabia. Ele ficou incrivelmente abalado quando encontramos o navio a vapor dos alacryanos, uma réplica quase perfeita de seu próprio projeto, em nossa costa leste… “Mas isso pouco importa. A guerra está perdida. Nossas mortes não podem servir a Dicathen agora. A única maneira de sobreviver é seguir o fluxo comum.”

Não disse nada enquanto observava meu mentor se movimentar, pegando uma ferramenta e depois colocando-a em outro lugar, mexendo em notas rabiscadas apressadamente apenas para jogá-las de volta na bagunça e passar para outra coisa.

“Além disso.” Ele murmurou de forma que eu mal pude ouvi-lo. “Pelo menos estou finalmente começando a investigar esses sais de fogo.” Ele se virou para mim de repente, balançando o dedo. “O verdadeiro problema, você sabe, são esses intermediários alacryanos! Eles não estão nos dando os recursos de que precisamos.”

“Eu não acho que Brone goste muito de você.” Eu disse com apenas uma pitada de sarcasmo.

Apesar das palavras de Gideon, eu tinha certeza de que seu trabalho com os sais de fogo era uma armadilha, alguma forma de enganar os alacryanos para que dessem a ele exatamente o que ele precisava para escapar. Era uma coisa muito Gideon de fazer. Ele não havia confirmado nada sobre seu plano, mas eu sabia que o antigo inventor não iria simplesmente desistir.

Gideon varreu um punhado de ferramentas pesadas de ferro de uma bancada secundária com um estrondo antes de espalhar vários pedaços de pergaminho manchado de fuligem, ignorando minha pergunta.

A porta do laboratório se abriu e Brone olhou ao redor da sala antes de perceber a bagunça. Seus olhos rolaram para o teto e ele respirou fundo, tossiu fracamente e caminhou até mim.

“Pegue isso, garota, e os ordene naquela prateleira ali.”

Fiquei ocupada, fazendo o que Brone pediu e depois fui organizar a desordem de Gideon sempre que possível e mantendo distância do Instilor.

Eu reorganizei a prateleira de ferramentas três vezes antes da porta do laboratório abrir novamente. Meu estômago roncou em expectativa, mas não era nosso café da manhã.

Dois anões algemados carregando uma caixa de metal grossa entraram. Os anões usavam aventais de couro manchados, luvas de couro pesadas e uma espécie de touca que protegia suas barbas. Cada um segurava uma alça em uma das extremidades da caixa, que brilhava com uma luz laranja sutil.

“Esta entrega está dez minutos atrasada.” Disse Brone com naturalidade enquanto os anões se arrastavam pelo laboratório para colocar a caixa em uma fornalha especialmente projetada, onde os sais de fogo seriam mantidos em uma temperatura natural até que estivessem prontos para serem usados.

Gideon estava bem atrás dos anões, já usando uma luva grossa para levantar a tampa da caixa de ferro. Ele olhou para dentro, então fechou a tampa e bufou de desgosto.

“Oleander, você pode me dizer como devo fazer o que você pediu, quando você só me dá metade do que eu preciso!” A testa de Gideon enrugou quando suas sobrancelhas inexistentes se ergueram. “Cinco grãos, Oleander! Eu pedi doze. Você acha—”

A birra de Gideon foi interrompida quando os dois trabalhadores sufocaram gritos de dor e caíram no chão. As runas ao longo de suas algemas brilhavam violentamente em vermelho. Os olhos dos anões giravam enquanto seus membros estremeciam em agonia.

Tive que desviar o olhar, meus olhos percorreram a sala em um esforço para evitar assistir os anões serem torturados. Meu olhar pousou no rosto de Gideon, que estava em branco e distante, não exibindo nenhum dos escrúpulos e ansiedade que eu sentia.

Eu sabia que meus próprios sentimentos estavam escritos em meu rosto, mas estava igualmente ciente de que Brone só teria prazer em me ver me contorcer.

Depois de deixar isso continuar por vários segundos, Brone mexeu em algo em seu bolso e as runas se apagaram. Os dois anões estavam ofegando, lágrimas e coriza escorriam por seus rostos, mas eles pararam trêmulos e fizeram uma reverência profunda para Oleander, seus narizes praticamente tocando o chão.

“Você ouviu, Gideon. A entrega não está só atrasada, como também não veio com a quantidade requisitada. Talvez a experiência do Clã Lastfire na arte da mineração de sal de fogo seja menor do que o prometido.” O Instilor deu a Gideon um sorriso cruel. “Não se preocupe. Tenho certeza de que podemos encontrar outras maneiras de fazer uso de seu clã, caso vocês se mostrem inadequados para a missão atual.”

Os anões se curvaram novamente, murmurando suas desculpas antes de agarrar a caixa de ferro vazia que continha os sais de fogo do dia anterior e sair correndo porta afora.

Brone deu a Gideon um olhar satisfeito, seu sorriso de lábios finos ainda estampado em seu rosto presunçoso. “Então, no que vamos trabalhar hoje?”

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