Tearmoon Empire – Volume 1 – Capítulo 4 - Anime Center BR

Tearmoon Empire – Volume 1 – Capítulo 4

Capítulo 4

A Empregada Leal

No interior escuro e quente da masmorra, Mia estava sentada com os joelhos próximos ao peito, aguardando a tão aguardada hora. Três anos haviam se passado desde que fora presa nesta masmorra. A grande quantidade de servos que faziam tudo o que ela pedia tinha ido embora. Durante as primeiras semanas, alguns a visitavam, mas foram embora com o tempo quando perceberam que ela não tomaria o trono. Assim, Mia mergulhou em uma profunda solidão, com raras exceções.

“Vim para lavar seu cabelo, Vossa Alteza,” disse a jovem empregada de cabelo vermelho, Anne, curvando-se educadamente para o guarda antes de entrar na cela. Embora Mia já estivesse acostumada, o interior da cela não era agradável. Um odor, não melhor do que o das favelas, pairava no ar. Mesmo assim, Anne não se abalou e se abaixou atrás de Mia sem pensar duas vezes. Pegou um pente que guardava no bolso próximo ao peito e passou nas madeixas enrijecidas de Mia. Estava sem ser lavado por vários dias, mas o cabelo resistia ao esforço de Anne. No entanto, após muito trabalho, ela conseguiu pentear o cabelo.

“Me desculpe pela minha falta de habilidade, Sua Alteza. Nunca fui boa com o pente.”

“…Por quê?” Um suspiro silencioso escapou da boca de Mia. “Por que você continua sendo leal a mim?” Mesmo depois que Mia foi capturada, Anne continuou visitando-a na masmorra, nunca esperando mais de um ou dois dias entre as visitas. Às vezes trazia alguns lanches, outras vezes vinha com água e um pano. Mesmo sabendo que Mia não podia tomar banho, ela fazia seu melhor para limpá-la e lavar suas roupas, dia após dia, semana após semana, sua lealdade nunca se abalou.

Mia nunca entendeu o porquê. Ela era a filha do imperador. Pelo que sabia, existiam muitas pessoas que lucravam por estar ao seu lado. Na verdade, isso descrevia a maior parte das pessoas que estavam ao seu redor. Mas Anne não era uma dessas pessoas. Pelo contrário, a jovem empregada tinha sofrido por sua proximidade com Mia e seu famoso egoísmo.

Para deixar claro, Mia não era uma tirana, mas quando Anne cometia um erro grave, sem dúvidas se tornava uma, deixando evidente sua insatisfação com palavras. Quando se irritava o suficiente, usava os punhos, os pés e, às vezes, até a cabeça.

Ocorreu a Mia neste momento que cabeçadas poderiam ter sido um comportamento um pouco inadequado para seu status. No entanto, ela nunca foi além disso. Nunca chegou a dizer a um soldado para “mostrar a espada para esse bastardo”. Afinal, isso parecia doer, e Mia não era fã de coisas que doíam.

Ainda assim, não foi uma boa princesa. Não era por nada que ninguém, exceto talvez por um pequeno grupo de fetichistas não importantes, ficaram felizes em serem abusados por ela. Não tinham nenhum motivo para gostarem de uma princesa com esse tipo de comportamento, muito menos de servi-la, principalmente após a sua queda. E aí estava Anne, o que havia lhe trazido até aqui? Ela era um desses fetichistas mencionados? Obviamente não.

“Eu nunca fiz nada pra você… Nunca te tratei de maneira especial…”

“Sim, você me bate algumas vezes. Teve até dias que me chutou,” disse Anne com um sorriso. “Para ser franca, Vossa alteza, seus chutes nunca me machucaram.”

“Ahn? Como assim?”

“Não tanto. Vivo comparando eles com as lutas que tenho com o meu irmãozinho,” Anne riu. “Mal dava para senti-los.”

Ela parou por um momento. Um silêncio pensativo se passou. Então concluiu.

“A razão de eu continuar vindo te visitar, Vossa Alteza, é que não consigo te deixar sozinha. É isso.”

Mia olhou para a sua empregada e a encontrou sorrindo, tão gentilmente. Seu momento de calma

foi interrompido por passos altos. Soldados indo em direção à cela para levar Mia à guilhotina. Antes de ser levada, Mia se virou para Anne. Ela se curvou mantendo a cabeça baixa enquanto dizia.

“Não posso fazer nada por você agora, Anne, mas muito obrigada. Espero que seu coração me perdoe. Esqueça a princesa que pagou sua lealdade com meras palavras baratas.”

No instante seguinte, Mia foi envolta por um calor.

“Vossa Alteza. Rezo para que os deuses te recebam bem no céu.”

Quando percebeu, Anne havia lhe abraçado, os olhos de Mia estavam cheios de lágrimas. Ninguém lhe abraçou desde quando ela foi capturada. O calor e a bondade de Anne enchiam seu coração de alegria… e arrependimento. O fato de não poder fazer nada para pagar a lealdade da empregada deixava um vazio e um remorso na alma de Mia. Ela colocou as mãos no peito, pressionando a dor que sentia lá dentro.

“Eu me lembro…”

Mia caminhou silenciosamente em direção a Anne, que profundamente se desculpava com a cabeça rente ao chão, e disse:

“Vossa Alteza, tem creme em seu vestido.”

“Silêncio!”

Mia repreendeu a empregada mais velha enquanto lentamente levantava Anne pelos ombros.

“Senhorita Anne, por favor, se levante.”

“M-M-Me desculpe Vossa Alteza…”

“Está tudo bem. Não estou brava,” disse Mia, mostrando um sorriso. “E o seu pé? Tem certeza de que não está machucada?”

“S-Sim. Er, muito obrigada. Muito obrigada mesmo.”

Os olhos de Anne ficaram descontrolados e perplexos enquanto ela era puxada para cima. Por outro lado, Mia continuava tranquila. Olhava diretamente para a empregada.

“Agora… Finalmente posso retribuir sua lealdade.”

Ela ajeitou a sua postura enquanto dizia em um tom formal.

“A partir de agora, você será a minha empregada pessoal. Deverá servir exclusivamente a mim e ficará encarregada dos meus afazeres diários.”

“…O que?”

As empregadas ao redor explodiram em emoção.

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|