Capítulo 284
Paimon (1)
Gi Gyu usou esses quatro dias para ajudar suas criaturas do Éden e verificar sua evolução.
— Hal — Gi Gyu chamou.
— Sim, Grande Mestre.
— Como vai?
Os lábios de Hal se curvaram em um sorriso. Ele agora tinha uma forma humana perfeita. Sua pele ainda parecia opaca e preta, quase como a de um cadáver, mas sua forma era perfeitamente humana agora. Ele costumava parecer muito com um cadáver, então isso era uma grande melhoria.
— Eu adoraria… — Hal parecia determinado. — Sair para a batalha novamente agora mesmo.
A evolução de Hal foi inesperada. Além disso, a maioria das criaturas dentro do Éden passou por uma evolução durante o ataque de Ha Song-Su.
— E o seu dragonete?
— Grr… — o Dragonete da Morte rosnou. Costumava ser o corcel fantasma de Hal, mas evoluiu junto com Hal para esta nova fera. Agora, Hal poderia lutar no ar sem o Rei Grifo.
— Excelente. — Gi Gyu acenou com a cabeça em satisfação. Em pouco tempo, ele terminou de verificar a evolução do seu subordinado.
Hal agora era o Cavaleiro Dragonete da Morte.
Os membros mortos-vivos eram agora cavaleiros esqueletos ou algo ainda maior.
Os louva-a-deus ganharam uma pele mais resistente e a capacidade de regeneração das quimeras também melhorou.
— E você, Hart? — perguntou Gi Gyu.
— Eu estou bem. — Hart também evoluiu, mas não durante a luta. — Não sei o que fazer com a enorme quantidade de energia mágica.
— E você ainda passa muito tempo com Baal?
— Sim, Grande Mestre — respondeu Hart. Ele estava aprendendo magia com Baal ultimamente.
Um ponto a ser observado é que apenas as criaturas que podiam usar energia feitiçaria evoluíram, não todas.
Uma dessas exceções era El.
Gi Gyu chamou ela: — El.
— Mestre.
As asas de El de alguma forma se tornaram ainda mais gloriosas, e algo como uma coroa adornava sua cabeça agora. A quantidade de poder que ela poderia utilizar também aumentou dramaticamente. Isso foi uma surpresa para Gi Gyu.
Enquanto ele conversava com El, um lobo negro veio se esfregar em Gi Gyu.
— Grrr… Grrr… — Bi não poderia mais ser chamado de cachorrinho. Agora um Fenrir, ele não poderia mais permanecer na forma de cachorrinho. Agora era um lobo bonito com uma pelagem preta brilhante.
Gi Gyu pegou Bi e deu um tapinha nele. — Bom trabalho evoluindo, Bi.
Felizmente, Bi ainda conseguia minimizar sua forma. Pareceria então um lobo em miniatura, não um cachorrinho.
— Agora, isso é tudo? — Gi Gyu perguntou. Ele terminou de avaliar a melhoria de suas criaturas e categorizar seus soldados de infantaria.
‘Mas estou curioso para saber por que muitos deles não têm mais uma tela de status…’ A tela de status para alguns ainda aparecia, mas estava faltando para a maioria.
— Eu me pergunto o motivo… — Gi Gyu murmurou, curioso sobre a mudança. Tudo começou com El quando sua tela de status desapareceu após sua evolução. Agora, isso era verdade para quase todos ligados a Gi Gyu.
Gi Gyu tinha algumas teorias.
— Será que Gaia está perdendo seu poder? — Se Gaia estivesse enfraquecida, havia a possibilidade de ela não conseguir manter a tela de status de cada ser.
Outra possibilidade era que as criaturas de Gi Gyu tivessem ganhado o tipo de poder que não poderia ser avaliado e marcado pela tela de status. Ou talvez o nível deles estivesse além do que a tela de status poderia medir.
Gi Gyu pensou em sua última teoria. ‘Talvez eu tenha me tornado quase tão poderoso quanto Gaia.’
Se ele fosse tão forte quanto Gaia, ela não teria autoridade para avaliar as criaturas de Gi Gyu. Ele tinha muitas outras teorias, mas achou esta a mais provável.
— Mestre — El o chamou.
Ele não respondeu. Ele apenas assentiu porque sabia o que El queria dizer. Gi Gyu murmurou: — Eu sei que está na hora.
Os quatro dias de Paimon terminaram. Gi Gyu estava prestes a ir embora quando várias criaturas imploraram. Eles pareciam chateados.
— Mas, Grande Mestre…
— Desculpe. Falarei com vocês mais tarde — desculpou-se Gi Gyu.
Botis, que parecia prestes a chorar, respondeu: — Claro, Grande Mestre…
Botis caiu fracamente. A maioria das criaturas que possuíam energia mágica evoluíram. Gi Gyu não sabia se era porque Haures também estava fora do Éden. Mas até onde ele sabia, a única criatura que não ficou mais forte nesta batalha recente foi Botis.
— Haa… — Botis suspirou. — Isso significa que posso ser mais fraco que Hal agora?
Botis se perguntou se precisava treinar mais. Ele não havia treinado muito desde que conquistou o Assento do Poder; talvez fosse hora de voltar a isso.
Ou…
Botis teve outra ideia, mas teria que esperar.
— Terei que contar ao grande mestre mais tarde — disse Botis para si mesmo. Ele assistiu Gi Gyu sair, sentindo-se um pouco melhor.
***
Clang! Clang!
O som de marteladas ecoou no ar.
— Não, isso não está certo! — Paimon gritou.
Gi Gyu parou diante de uma porta fechada e contemplou. Min-Su estava aprendendo uma lição importante com Paimon? Se ele entrasse, estaria interrompendo?
— De novo! — Paimon gritou novamente.
Gi Gyu abriu a porta. Isso nunca terminaria a menos que ele terminasse.
Crack!
No momento em que Gi Gyu entrou, ele viu Paimon quebrar uma linda espada.
Paimon gritou: — Você chama isso de espada?! Você tem que revelar seu verdadeiro talento! Seu-—!
Paimon parou de gritar quando viu Gi Gyu, mas não deixou cair a espada quebrada. Gi Gyu olhou silenciosamente ao redor da sala.
Min-Su estava suando e martelando alguma coisa.
Clang!
Em outro canto, o Velho Hwang fazia o mesmo.
Clang!
Aparentemente, apenas Paimon avistou Gi Gyu.
Paimon lançou um olhar para Gi Gyu, pedindo-lhe silenciosamente para não incomodar Min-Su e o Velho Hwang. Ele nunca pareceu tão sério para Gi Gyu antes.
Gi Gyu saiu da sala silenciosamente e Paimon o seguiu.
— Obrigado. — Paimon mostrou seu agradecimento a Gi Gyu por fazer o que ele havia pedido.
Gi Gyu lambeu os lábios antes de perguntar hesitante: — Isso não é abuso infantil, né?
Min-Su suava muito e martelava sem parar. Gi Gyu nem sabia dizer se o menino havia descansado nos últimos quatro dias.
Mas antes que Paimon pudesse responder, Gi Gyu balançou a cabeça. Min-Su não parecia estar sofrendo. Ele estava martelando com toda a paixão do mundo. O menino nunca pareceu mais sério e ansioso.
Não havia como isso ser abuso… Certo?
— Já está na hora? — Paimon perguntou.
Gi Gyu assentiu silenciosamente. Já se passaram quatro dias e ele ainda não havia obtido nenhuma informação de Paimon. Ele avaliou a condição de Paimon. Nada tinha mudado, mas Paimon certamente não estava em melhores condições.
Paimon só tinha mais três dias de vida. Gi Gyu não achava que seria impossível matar e sincronizar novamente com ele, mas a condição dele não podia ser restaurada ao normal.
Gi Gyu sabia que Min-Su e o Velho Hwang queriam mais tempo com Paimon, mas isso não era possível.
— Preciso ouvir tudo agora — anunciou Gi Gyu.
Paimon não pediu mais tempo. Ele apenas assentiu.
***
Paimon, Gi Gyu, Lou e El sentaram-se juntos na torre de controle da Árvore Sefirot. Hwang Chae-il estava evitando Paimon, talvez porque tivesse tentado roubar o legado de Paimon.
Creak.
A porta se abriu e mais uma pessoa entrou.
— Aí está você — Gi Gyu cumprimentou Soo-Jung brilhantemente.
— Ele finalmente está falando, então obviamente estou aqui para ouvir. — Soo-Jung se sentou com um sorriso.
Paimon sentou-se no meio de todos e limpou seu monóculo. Ele estava sem camisa e eles podiam ver o suor escorrendo por seu corpo magro, mas musculoso. Ele era a cara de um esquisitão perfeito.
Gi Gyu cutucou: — Eu mantive minha promessa. Não o incomodei durante os últimos quatro dias, então é hora de você cumprir sua parte no nosso acordo.
— Eu vou, então não se preocupe. — Paimon colocou seu monóculo. Seu tipo de arrogância não podia ser visto em nenhuma das criaturas de Gi Gyu.
Quando Paimon acenou com a mão no ar, um moletom branco apareceu. Ele colocou e disse: — Pergunte. Eu prometo que responderei com sinceridade.
Gi Gyu se ressentiu da atitude arrogante de Paimon, mas não pôde deixar de ficar animado com a perspectiva de descobrir as respostas.
— Diga-me o que você tem feito. Por que você estava na China e quem planejou a armadilha para mim? Conte-me tudo o que sabe sobre o plano de Andras. E como você clonou os reis do inferno? Conte-me sobre Ha Song-Su também. Preciso de respostas para tudo, até para as perguntas que não fiz. Diga-me coisas que preciso saber. Você sabe quais informações seriam úteis para mim, não é?
Com um sorriso relaxado, Paimon disse: — Vou começar devagar.
Gi Gyu franziu a testa com sua atitude despreocupada, mas Paimon começou sua história.
— Quanto você sabe sobre meu legado? — perguntou Paimon.
Gi Gyu não respondeu.
Paimon murmurou: — Parece que você não sabe de nada.
O Velho Hwang costumava manter o legado de Paimon seguro até que seu filho, Hwang Chae-il, o roubou. E foi assim que acabou nas mãos de Andras, e provavelmente foi usado para trazer Paimon de volta.
Infelizmente, Paimon estava certo. Gi Gyu não sabia de nada sobre isso.
Paimon encolheu os ombros e abriu a boca. — Meu legado não é apenas uma coisa. Estou preso em um deles.
Era uma explicação tão desconcertante quanto qualquer outra.
Percebendo a confusão de Gi Gyu, Paimon acrescentou: — Idiota. Você pode interpretar isso literalmente.
— Você está dizendo que colocou seu ego em uma das coisas que fez? — Lou perguntou.
— De fato. Não é à toa que você costumava ser meu mestre. — De todos no Éden, Paimon era o mais respeitoso com Lou. Ele explicou: — Assim como meu antigo mestre afirmou, eu queria ver toda a extensão da minha arma. Eu queria ver o que ele poderia fazer sem seu usuário. Sem a habilidade e o poder do usuário…
A loucura apareceu nos olhos de Paimon. Gi Gyu não tinha visto isso desde que sincronizou com ele.
Paimon continuou: — Eu queria criar uma arma que pudesse transformar qualquer usuário no maior lutador. Uma arma que é o próprio poder. Eu acreditava que algo assim seria a arma definitiva.
— É verdade… Uma arma suprema deveria ser capaz de fazer isso — concordou Gi Gyu.
Para um usuário ficar mais forte no momento em que segura uma arma seria um sonho. Teoricamente, uma criança poderia matar um dragão e um orc poderia derrotar um demônio superior. Isso não seria porque a criança ou o orc fossem especiais. Isso só seria possível por causa da arma.
— O propósito supremo de uma arma… — Lou murmurou.
Paimon continuou: — Trabalhei duro para criar esta arma suprema. Não hesitei em fazer tudo e qualquer coisa para conseguir isso. Dediquei minha vida a isso, estava até mesmo disposto a vender minha alma por isso.
Sua loucura começou a estragar sua voz enquanto ele continuava: — Uma arma precisa ser poderosa… Para fazer isso, precisaria de um bom material? Precisaria de uma técnica especial? Ou eu precisaria misturar magia nisso? Eu estava desesperado pela resposta e, no final, encontrei um registro antigo.
Um registro antigo? Quantos anos esse registro deveria ter para ser considerado antigo por Paimon? Gi Gyu nem imaginava.
Um sorriso largo apareceu no rosto de Paimon. Gi Gyu já podia adivinhar o que Paimon havia encontrado.
E Gi Gyu descobriu que estava certo.
Paimon acrescentou: — Um item de Ego. Eu acreditava que esta era a arma suprema.