Winter Rabbit in Wonderland – Capítulo 2 - Anime Center BR

Winter Rabbit in Wonderland – Capítulo 2

Capítulo 2

 

Era um adorável prédio de dois andares. Era um lar feliz, onde uma menina de cinco anos morava com o pai, a mãe e um filhote. No entanto, no momento, eles estavam presos em um pesadelo.

— Por favor, eu imploro, poupe a criança…

Uma mão tingida de vermelho agarrou o tornozelo de SoYoon. Ela congelou, tristemente olhando para a mão.

O breve momento de hesitação deve tê-los incomodado, enquanto o homem de pé com SoYoon disse com raiva: — O que está esperando?

SoYoon derrubou a faca que ela havia levantado acima da cabeça. Uma cabecinha encharcada de sangue rolou e parou na frente do pai.

— Emily! Emily! Seus demônios! A ira de Deus vai cair sobre vocês!

— São vocês que estão recebendo a ira de Deus. Parece que não aprendou com sua mãe que não deve ficar enfiando o nariz nos negócios alheios. Não é mesmo, jornalista?

Outra pessoa ao lado de SoYoon deu um passo à frente e entregou alguns documentos. Depois de ler e discutir seu conteúdo, eles se voltaram para SoYoon.

— Acabe com isso.

Os gritos agonizantes do jovem pai ecoaram por toda a casa.

SoYoon, sem se importar com o sangue respingado em seu rosto, esperou pelas próximas instruções do homem. O homem fez uma careta e disse: — Ei, alguém leva isso para o banheiro. Disseram que, se deixarmos sangue nos lençóis novamente, eles vão nos cobrar uma taxa de limpeza.

— Quem disse?

— A contadora, Holly. Ela é uma mera novata, mas com certeza tem muito a dizer…

SoYoon foi ao banheiro pertencente à família que acabara de matar. Enquanto se limpava, a porta do banheiro permaneceu aberta com uma pessoa a vigiando. Embora o olhar dele – examinando seu corpo nu para cima e para baixo – não fosse bem-vindo, ela não prestou muita atenção a ele. Tomou banho mecanicamente e vestiu o novo traje que estava pendurado na maçaneta da porta do banheiro. Quando terminou, o guarda se aproximou dela e deu um tapa nas algemas nos pulsos.

— Coloque-a — disse o guarda.

O guarda puxou as correntes presas às algemas de SoYoon.

SoYoon seguiu sem resistência, passando a cena horrível que ela havia causado. Enquanto caminhava em direção à porta, seus olhos se encontraram com um par de olhos verdes sem vida. Ela não sentiu culpa.

Quando SoYoon foi arrastada para o carro pelo guarda, se sentou, olhando fixamente para o cenário em movimento do lado de fora da janela. A vista e seu reflexo revezaram-se na janela preta. Ela concentrou sua atenção no reflexo de cabelos brancos.

Se lembrou do momento em que abriu os olhos, nove anos atrás. No momento em que ela acreditou ter sobrevivido – que fora levada ao hospital a tempo. Isso foi o que ela ingenuamente tinha pensado. Porém, a realidade em que ela se metera era mais ultrajante do que qualquer coisa que jamais poderia imaginar.

Ela abriu os olhos não na Terra, mas em outro mundo. Além disso, havia acordado em seu corpo de 18 anos. Mais tarde, descobriu que tinha sido a 137ª pessoa a viajar para cá.

Era um lugar estranho. Todos ao redor de SoYoon eram caucasianos, mas o único idioma que ela ouvia era coreano. Teria sido melhor se ela não pudesse entendê-los. Na época, ela não podia fazer nada além de deitar na cama e ouvir os futuros planos que as pessoas desse mundo escolheram para ela.

Sem uma escolha, ela se tornou o rato de laboratório do governo. As coisas que aconteceram depois foram infernais. Os pesquisadores cortaram sua pele e moeram seus ossos. Para testar a velocidade da recuperação, o corpo de SoYoon havia sido repetidamente quebrado, e SoYoon teve que suportar continuamente os dolorosos efeitos colaterais dos medicamentos que haviam a forçado a usar.

Devido aos medicamentos, a voz de SoYoon havia ficado baixa e seus cabelos castanhos ficaram brancos. Várias e várias vezes, experimentos, cirurgia, pesquisa, dissecção, recolocação e, finalmente, o que chamavam de feedback, que incorporava outros assuntos em um battle royale. SoYoon, que foi forçada a suportar essa grotesca repetição, de repente ficou absorvida pelo fato de que ela não foi a primeira a aparecer nesse reino.

— O que aconteceu com os outros antes de mim?

Era uma pergunta que fora dita por um objeto que já havia perdido a vontade de falar. O pesquisador encarregado dela pegou seu prontuário e registrou a pergunta. Sem hesitar, o pesquisador respondeu: — Incapaz de lidar com os experimentos, morreram.

— Todos eles…? — perguntou a paciente.

— Todos eles — repetiu o pesquisador.

— Por quê? — perguntou a paciente.

— Era um pouco extremo — respondeu o pesquisador. — Na época, os pesquisadores não sabiam onde traçar a linha do ‘já chega’. Viajantes de dimensão eram raros, então não tinha jeito a não ser fazer isso. Considere-se sortuda. As análises das falhas anteriores são o que a permitiu permanecer viva. Você provavelmente será um sucesso sem precedentes.

— Então… — disse a paciente.

A voz de SoYoon falhou. Embora ela pudesse ter previsto a resposta para sua pergunta, perguntou de qualquer maneira, na esperança de encontrar um oásis em um deserto sem água.

— Houve alguém que voltou ao seu mundo original?

O pesquisador levantou a cabeça. SoYoon conseguiu ler a resposta enquanto olhava nos olhos curiosos dele.

— Você quer voltar? — perguntou o pesquisador curioso.

Ela ficou calada.

O pesquisador riu por um longo tempo e depois se aproximou dela. — Tenho pena de você, então vou responder.

SoYoon não disse nada.

O pesquisador ignorou a reação de SoYoon e disse de maneira direta: — Não houve ninguém. Bem, nós testamos isso – descobrir uma porta para outra dimensão é bem incrível, não é? Mas cada um falhou. Ainda temos que descobrir o motivo. Embora um dia possamos ser capazes. — Em seguida, o pesquisador acrescentou com uma risada: — Você nunca vai retornar.

Naquela noite, SoYoon havia tentado suicídio. No entanto, o pesquisador de sobreaviso havia realizado procedimentos de emergência para trazê-la de volta à vida. Esse lugar nem sequer permitiu a liberdade de escolher a vida ou a morte. Ela vivia como um cadáver.

O tempo continuou a passar. Oito anos depois de chegar a esse reino, SoYoon finalmente conseguiu respirar o ar exterior. Embora tivesse recebido o respeitável título de “agente”, ela não era mais que o cão de caça do governo.

***

SoYoon olhou pela janela com olhos sem emoção.

‘Terminei meu trabalho hoje, então amanhã – não, já passou da meia-noite, então hoje – estou livre de lidar com os pesquisadores.’

Presa em um estado de monotonia robótica desde que se tornou uma agente, ela percebeu que não sentia nada enquanto observava a paisagem lá fora. Foi um milagre que um outdoor brilhante chamou sua atenção: /WONDERLAND/.

Era tão tarde que até as placas sobre os bares foram desligadas e, nesse mundo escuro como breu, o quadro de avisos brilhava com luzes dançantes.

— País das Maravilhas — SoYoon silenciosamente murmurou.

Cerca de meio ano atrás, SoYoon reconheceu esse lugar como o cenário da obra de fantasia Wonderland[1]. Ela carregava o mesmo romance com ela no dia em que fora esfaqueada. Quando soube do País das Maravilhas, enquanto ouvia a conversa de outros agentes – que, diferentemente dela, eram funcionários do governo, em vez de prisioneiros, ela não pensara muito nisso. Não, era mais preciso dizer que ela não conseguia pensar muito, porque naquela época não importava se esse lugar estivesse dentro de uma história ou de uma dimensão diferente.

Mas, estranhamente, no momento em que o sinal chamou sua atenção, um pensamento começou a surgir na mente de SoYoon. Escondida nas profundezas de sua mente havia uma centelha de esperança.

No Wonderland, o outdoor foi feito 10 anos antes do início da história. Por causa dos vários acontecimentos que ocorreram devido ao personagem principal, Alice, a primeira letra “W” não estava mais acesa e, até o final da história, nunca fora consertada. Isso significava que havia uma boa chance de que o enredo de Wonderland ainda não tivesse começado.

E se, quando a história terminasse, SoYoon pudesse voltar ao seu mundo? Disseram-lhe que nem uma única pessoa tinha conseguido voltar para casa. Mas nunca se sabe. As chances eram pequenas, mas não seria possível que nenhum dos outros soubesse que estavam na história?

O “D” no meio da placa brilhava em vermelho. Nem a mulher mais bonita se comparava ao sorriso adorável de SoYoon. Faíscas cintilaram para fora do “D”. A vibração dos cílios de SoYoon não poderia ter sido mais sedutora.

Havia quatro agentes no carro. As algemas ao redor de seus pulsos eram as únicas coisas que a restringiam. Eles haviam relaxado a guarda porque SoYoon sempre foi dócil e distraída. A única coisa que pode ser problemática era o rastreador que ela foi forçada a usar e o veneno que todos os agentes ingeriram ao deixar o local de pesquisa. De acordo com o Wonderland, o País das Maravilhas era uma comunidade não agressiva, e havia também um vendedor de poções muito habilidoso – embora controverso, devido à sua personalidade e preferências sexuais.

Se decidindo, SoYoon flexionou os pulsos com força. Embora as algemas usadas nas instalações de pesquisa a prendessem magicamente, as algemas não eram à prova de falhas. Mesmo no mundo real, eles às vezes falhavam. Força venceu tudo.

Crack!

Sua força superou os limites mágicos e, com um pequeno som, as algemas se quebraram.

— Acho que ouvi um som – ack!

SoYoon apontou os dedos nos olhos do agente ao lado dela e apertou o punho. Entre os dedos encharcados de sangue, restavam restos de matéria cerebral e fragmentos de crânio quebrado.

— Defesas…!

Para esconder os horrores deixados dentro da casa, os agentes especializados em magia começaram a lançar seus feitiços. A magia exigia quatro estágios: convocação, detecção, canto e conjuração. No entanto, o canto do agente foi interrompido quando os dedos brancos de SoYoon alcançaram sua boca e puxaram sua língua.

SoYoon jogou o órgão manchado de vermelho por cima do ombro e puxou uma faca do bolso interno da jaqueta. Ao mesmo tempo, chamas a atingiram do lado do passageiro. SoYoon passou ao redor deles sem esforço e matou o motorista.

O carro mudou de direção ao acaso até que a diminuição da potência o parou. A porta se abriu e finas pernas envoltas em um terno preto tocaram o chão. Seguindo atrás dela havia uma poça de sangue e órgãos.

SoYoon fechou a porta do carro e, depois de andar alguns passos, voltou para o carro. Abrindo a porta do carro, ela remexeu os cadáveres. Quatro carteiras, duas facas de tamanhos variados, um maço de cigarros e quatro walkie-talkies ativados por magia. Ela pegou cada item do carro, incluindo uma lata de café que haviam trazido como lanche. Finalmente, SoYoon estava contente; ela fechou a porta e começou a andar, na escuridão, em direção à única luz que piscava ao longe.

 

[1]Wonderland – Quando aparecer Wonderland é a obra em si. Vou usar palavra original em inglês para diferenciar a obra do lugar.

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