Capítulo 338
Os Reis do Inferno (6)
Os dias passaram rapidamente enquanto todos dentro do Éden se mantinham ocupados.
Sung-Hoon explicou: — Precisamos fazer um acordo oficial com o governo italiano, já que você criou um marco no Coliseu.
Uma reunião oficial estava acontecendo dentro do Éden depois de muito tempo. Como Gi Gyu não conseguia desfazer uma proclamação de marco, ele involuntariamente fez da Itália uma porta de entrada para o exército do Éden. Bem, havia uma maneira de desfazer isso, mas isso exigiria a aniquilação absoluta do Éden – o que não era realmente uma opção.
A maioria dos cidadãos italianos gostou da ideia, mas havia um problema.
— O recém-formado governo italiano não está muito entusiasmado com isso — acrescentou Sung-Hoon. O recente acontecimento em Roma quase destruiu o governo italiano. Como as numerosas figuras do seu governo eram viciadas nas Lágrimas de Deus, eles se transformaram em monstros e foram posteriormente mortos.
Mas já havia passado bastante tempo e pessoas novas agora ocupavam os cargos burocráticos.
‘Talvez seja uma coisa boa. Toda a corrupção foi removida.’
A maioria dos italianos ficou feliz com o resultado. Os políticos sujos finalmente desapareceram e os novos talentos se juntaram para construir um governo limpo.
— O pedido do governo italiano é justo. Eles não são obrigados a nos aceitar cegamente só porque Éden os ajudou antes. — Sung-Hoon olhou para Alberto antes de se virar para Gi Gyu. Sung-Hoon parecia temer que Gi Gyu pudesse ficar chateado com a exigência do governo italiano.
Alberto escolheu o atual chefe do governo italiano, mas não usou a sua influência ou poder para colocar esta figura no topo.
‘Ele só recomendou alguém que sabia que era ambicioso, mas ético.’ Gi Gyu ficou aliviado ao saber disso. Em suma, a influência de Alberto estava no auge, apesar de ele não ser o novo chefe político. Muitos italianos o consideravam um herói, e a população chegou a apelidá-lo de “Santo Dourado” porque ele salvou Roma. Os italianos também deram vários apelidos a Gi Gyu, mas a popularidade de Alberto na Itália era tão alta quanto a de Gi Gyu. Isso provava o quão influente ele era.
E provavelmente era por isso que Alberto estava preocupado com a possibilidade de Gi Gyu pensar que a exigência vinha dele.
Gi Gyu respondeu: — Eu sei disso. Você está me fazendo parecer tão mal.
— Hm… não é isso. Só estava me certificando de que você soubesse. — Sung-Hoon tossiu sem jeito. — E, na verdade, o acordo proposto inclui muitas condições favoráveis para nós.
Sung-Hoon ficou sério e perguntou: — Você conhece o Vaticano?
— …?
— Não estou falando daquele que você destruiu. Eu quis dizer o original, aquele que o portal de classe S destruiu.
— Ah. — Gi Gyu assentiu. — Conheço sim.
O Vaticano costumava estar localizado na Itália, mas mantinha um estado semi-independente.
Sung-Hoon respondeu: — Eles gostariam que adotássemos um formato semelhante.
— Você quer dizer… — Gi Gyu não conseguiu esconder seu choque. — Eles estão nos dando o Coliseu?
O Coliseu era o símbolo e orgulho de Roma e, atualmente, o marco do Éden ficava dentro dele.
— Isso mesmo, mas o nosso acordo com eles será diferente do que foi com o Vaticano. O governo italiano gostaria de partilhar o Coliseu com uma organização independente, a Éden. Se você concordar, o governo italiano ajudará a manter a entrada e a controlar os turistas — respondeu Sung-Hoon.
— Hmm…
— E… — Sung-Hoon acrescentou: — Eles sugeriram que, com a permissão do Éden, o interior do Éden poderia até fazer parte da atração turística.
Alberto concordou com a cabeça.
‘Acho que foi ideia do Alberto’, pensou Gi Gyu. Depois do que aconteceu em Roma, numerosos cidadãos romanos tiveram que residir temporariamente no Éden. Para acomodá-los, Gi Gyu mandou construir muitos edifícios às pressas. Logo se descobriu que os novos edifícios tinham uma arquitetura única, tornando-os uma atração turística perfeita.
‘E tem outra coisa…’ Gi Gyu foi informado de que os romanos que residiram no Éden poderiam se aclimatar de volta às suas vidas normais mais rapidamente do que aqueles que não residiram. Na verdade, esses residentes ficaram tristes por deixar o Éden.
Alberto explicou: — Temos muitas pessoas solicitando revisitar o Éden. Eles querem ver as particularidades do Éden novamente.
Parecia que Alberto estava falando em nome de muitos cidadãos romanos.
Gi Gyu perguntou: — Você está falando sobre as coleções do Velho Hwang?
— Sim — Alberto respondeu prontamente. — As coleções do Velho Hwang são incríveis. Nós, italianos, adoramos carros e só de olhar para eles alivia a nossa tristeza!
Alberto continuou apaixonadamente: — E não se esqueça de todas as estruturas incríveis como a Árvore Sefirot. E aqueles monstros! Este lugar nos permite conhecer, tocar e até conversar com monstros e mortos-vivos.
— E o mais importante… — Alberto parecia muito animado. — Estou falando do rio Sticks!
Gi Gyu, de alguma forma, sabia que era sobre isso que Alberto queria falar.
‘Não acredito que o canal que o velho Hwang escavou seja tão popular’, pensou Gi Gyu, admirado. Rogers Han começou a cavar o rio como punição durante sua prisão. E isso foi apenas o começo. Todos os futuros prisioneiros, incluindo os jogadores da guilda de Ferro e da guilda Caravan, foram então designados para escavar o rio.
Era uma visão maravilhosa de se ver quando finalmente foi concluída.
— Dragões! Ainda não consigo acreditar! Os cidadãos de Roma imploram para revisitar este lugar — exclamou Alberto.
Os dragões que viviam no rio eram Leviatãs.
— Ah. — Lou riu. — Acho que Leviatãs são muito populares agora.
Eles precisavam de muita água para utilizar todo o potencial dos clones de Leviatã. Felizmente, a conclusão do rio do Velho Hwang coincidiu com a chegada dos clones, então eles os colocaram no rio.
‘Será que…’ Gi Gyu se perguntou. O Velho Hwang começou a criar este canal na época em que o Leviatã apareceu. O Velho Hwang previu que isso aconteceria?
‘Não duvido.’ Gi Gyu tinha certeza disso, sabendo que o velho Hwang era um homem estranho.
No final, Gi Gyu sorriu e respondeu: — Vou pensar sobre isso.
— Por favor, considere isso com carinho… — Alberto implorou.
— Entendi. — Gi Gyu o interrompeu, preocupado que Alberto pudesse continuar falando sobre isso novamente. — Agora, isso é tudo?
Eles já haviam terminado de discutir os outros assuntos importantes que aconteciam dentro do Éden. Seus principais tópicos eram métodos de treinamento e preparação para futuras batalhas.
— Ainda temos mais duas coisas para discutir — respondeu Sung-Hoon.
— Ah, verdade. — Gi Gyu coçou a cabeça, percebendo que ainda havia duas coisas cruciais para discutir. O pedido de Alberto foi tão inesperado que Gi Gyu se esqueceu deles.
Sung-Hoon começou: — É sobre a estrutura de poder da guilda Caravan, sobre a qual Mamon nos contou.
Mamon costumava ser a figura principal que cuidava de toda a guilda Caravan. Ele havia se rendido recentemente ao Éden e trazido informações importantes sobre a guilda e como ela funcionava. Era com isso que Mamon contava para garantir sua segurança.
— Hmm… — Gi Gyu olhou para a tela gigante que resumia a estrutura interna da guilda Caravan. — Quantos… estão sendo controlados pela guilda Caravan?
— Com base no que sabemos até agora… um total de 100 países estão envolvidos. Chegou a várias guildas e associações. E a Coreia também, é claro.
Cem países estavam sob a influência da guilda Caravan – quão incompreensível era esse fato? O aparecimento da Torre e dos portais viu a destruição de muitos países. Atualmente, havia apenas cerca de 130 países no mundo, o que significa que a guilda Caravan tinha mais da metade do mundo na palma da sua mão.
— A situação é pior nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos — disse Sung-Hoon.
— É difícil de acreditar… nem sei por onde começar — murmurou Gi Gyu. Teria sido administrável se apenas a Coreia e alguns outros países tivessem estado envolvidos. Mas não havia como Gi Gyu conseguir lidar com tantos países com inúmeras pessoas neles. Era impossível dizer quanto tempo levaria para realizar algo assim.
Tao Chen entrou na conversa. — É aí que podemos ajudar.
Tao Chen se referia a si mesmo, Sung-Hoon, Alberto e todos os outros jogadores que ficaram do lado de Gi Gyu. Havia também Choi Chang-Yong e muitos outros mestres de guildas e suas respectivas guildas.
Tao Chen continuou: — Não podemos pedir que você faça tudo, Gi Gyu. Temos feito descaradamente você fazer todo o trabalho…
Como Tao Chen afirmou, todos estavam se acostumando com o poder de Gi Gyu. Eles esperavam involuntariamente que ele cuidasse de tudo.
— Vamos derrotar a guilda Caravan lentamente, de forma segura, e reunir mais ajuda. Algum dia, tenho certeza de que a eliminaremos completamente — acrescentou Tao Chen.
— Eu ficaria grato pela ajuda de vocês. — Gi Gyu assentiu. Ele podia sentir o quão determinados Tao Chen e outros estavam. Ele já estava bastante ocupado se preparando para sua batalha com Cronos. Qualquer ajuda que ele pudesse obter seria muito apreciada.
A reunião estava quase acabando. Mas antes de todos saírem, Sung-Hoon anunciou: — Então vamos falar sobre a última coisa. Precisamos descobrir o que fazer com Mamon e seus demônios.
Era uma das principais pautas da reunião. Gi Gyu não conseguia acreditar que havia esquecido disso.
— … — Gi Gyu coçou a cabeça e começou.
***
Aceitar Mamon como aliado era mais complexo do que parecia.
— Ele não se envolveu muito nos crimes da guilda Caravan, mas se sentou no campo inimigo e observou tudo se desenrolar — murmurou Gi Gyu.
Mamon cometeu muitos pecados contra os humanos. Claro, se Gi Gyu não estivesse aqui, ninguém poderia ter pedido a um rei demônio como Mamon que pagasse por seus crimes. Ele havia se rendido, mas ainda era necessário discutir seus crimes passados.
Depois, havia também a questão dos seus demônios. A maioria deles não cometeu muitos crimes desde que chegaram à Terra, mas muitos dos demônios poderosos deste grupo mataram e roubaram os corpos dos jogadores.
— Mas devemos ter em mente que ele se rendeu e nos forneceu muitas informações úteis sobre a guilda Caravan — acrescentou Gi Gyu. Era hora de considerar todos os fatos. — Além disso, ele trouxe muitos demônios jovens e inocentes e até mesmo alguns mais velhos que não cometeram nenhum crime contra os humanos. Não podemos pedir a eles que paguem pelos pecados de outros demônios.
Nem todos os demônios eram maus. Na verdade, eles eram muito parecidos com os humanos. Por um lado, havia demônios malignos, mas, por outro lado, havia alguns demônios mais inocentes que os anjos.
— Para falar a verdade, esta discussão não tem sentido — começou Sung-Hoon. Ele estava certo. Não fazia sentido considerar os crimes passados dos demônios e o que eles haviam trazido para eles agora. Eles realizaram esta reunião para informar a todos sobre isso.
Sung-Hoon continuou: — Considerando a sua habilidade única, não temos escolha a não ser aceitá-los. Podemos fazer com que eles se arrependam mais tarde, os fazendo se voluntariarem para ajudar os humanos de alguma forma. Mas neste momento, esses demônios trarão o poder tão necessário ao nosso exército. A presença deles será, sem dúvida, útil.
A habilidade de sincronização de Gi Gyu forçava o indivíduo a obedecê-lo incondicionalmente. Assim que Sung-Hoon terminou, alguém entrou na sala.
— Desculpem, estou atrasado. — O recém-chegado era Paimon, que ultimamente vinha fazendo experiências com Botis e, portanto, era raramente visto. Ele perguntou: — Vocês conhecem a proporção das diferentes energias dentro do Éden?
Era uma pergunta tão aleatória, e antes que alguém pudesse responder, Paimon continuou: — A abundante energia mágica que você trouxe encheu este lugar. Morte, Caos, Vida e energia divina também estão presentes, mas não tanto quanto a energia mágica.
Gi Gyu se lembrou da vez em que trouxe os romanos evacuados para o Éden. Os não-jogadores não poderiam sobreviver em um espaço saturado com energias que apenas os jogadores poderiam utilizar, então Brunheart teve que trabalhar duro para forçar as energias para um canto do Éden. Ela se desgastou porque Gi Gyu pediu que ela fizesse essa tarefa.
— A energia mágica neste lugar já é demais. Se você aceitar todos esses demônios… — Paimon sorriu sem jeito e disse: — Este lugar pode explodir.
— …
— A densidade de energia mágica não era tão grande mesmo no inferno. Ela tem o poder de se expandir. Manter esses demônios extras, sozinhos, colocou um fardo muito grande neste lugar. Se esses demônios sincronizarem com você e a energia mágica deles for adicionada ao Éden, isso ficará muito perigoso.
Com um aceno de cabeça, Gi Gyu perguntou: — Então, o que devemos fazer?
Paimon havia nomeado o problema. Agora era hora de ele sugerir uma solução. E se ele não tivesse um, Gi Gyu não teria escolha senão rejeitar esses demônios. No entanto, ele não poderia simplesmente libertar milhares de demônios no mundo. Era muito perigoso para eles viverem na Terra, então ele precisava encontrar outro caminho.
Além disso, Gi Gyu cobiçava o poder desses demônios.
Paimon, que estava observando Gi Gyu, sorriu. — Eu já te dei uma solução.
Paimon apontou para o canto onde o Velho Hwang, sorrindo, Hwang Chae-iI, constrangido, Min-Su, atordoado, e Hart, confuso, estavam parados.
O Velho Hwang começou: — Teremos que organizar outro compartimento e…
O sorriso do velho Hwang se alargou quando ele acrescentou: — Você poderia permitir que turistas visitassem o Éden?
O sorriso do velho Hwang não poderia ter parecido mais travesso.