Capítulo 6 (Parte 2)
Os passos da felicidade.
Tradução: Tinky Winky
Kuzaku se aproximou da montanha de troncos. Ele levantou um. Foi pesado. Longo também. Ainda assim, não era tão ruim que ele não pudesse aguentar. Quando ele o balançou sobre o ombro com um “Uuf”, o tronco balançou e Kuzaku tropeçou.
Yanni riu.
“Ei, Yanni-san. Não ria. Ainda não estou acostumado com isso. Depois de entender o truque, será fácil.”
Provavelmente era sobre o centro de massa. Ele tentou equilibrar o centro do tronco em seu ombro. Foi como esperado. O tronco não balançava muito.
“Olha. Você vê?”
Yanni soltou uma risada.
“…O que? Eu pensei que você era um pouco fofa, e é isso que eu recebo? Bom. Eu tenho que trabalhar, certo? Eu vou dar tudo de mim. OK. Aqui vou. Yanni-san, você vem? No entanto, mesmo que você não olhe para mim, não vou fugir ou relaxar.”
“Wolla.”
“Sim Sim. Significa ‘vamos lá’ ou ‘faça’ ou algo assim, não é? Quando você diz. Até um idiota como eu já percebeu isso.
“Uau.”
“Pressa? Certo. Está entendido.”
Kuzaku começou a andar, ainda carregando o tronco que tinha mais de dois metros de comprimento.
A que distância eles estavam da aldeia até a casa desse lenhador? Provavelmente cerca de trinta minutos? Carregando com um ‘baú’, provavelmente seria mais fácil. Quantas viagens ele teria que fazer hoje? A ideia era estonteante.
Yanni estava atrás de Kuzaku.
Se eu bater nela com o tronco agora. .. Não, ele estava pensando em coisas que não o levariam a lugar nenhum. Mesmo que ele derrotasse Yanni e escapasse, não haveria nada a fazer depois disso.
“Yanni-san não parece ser uma pessoa ruim de qualquer maneira”, ele murmurou.
Não era apenas Yanni. Do jeito que Kuzaku via, os moradores de Jessie Land podiam parecer feios, não, isso só se fossem julgados pelos padrões humanos de estética de Kuzaku. Mas ainda assim, mesmo deixando de lado os mortos-vivos, que não se sentiam como criaturas vivas, ele sentia que os moradores não eram exatamente agradáveis aos olhos, mesmo quando comparados a outras raças como orcs, goblins e kobolds.
Eles eram melhores que as pessoas estranhas de Darunggar, mas ainda eram assustadores. Em sua aparência externa, pelo menos. Ele não tinha certeza do que estava dentro.
Os aldeões que trabalhavam nos campos não pareciam estar armados e pareciam agricultores estereotipados. Até os caras de casacos eram todos bem construídos e portavam armas, mas não pareciam bandidos.
Pela maneira como se moviam, pareciam ter ficado muito fortes. Eles provavelmente passaram por algum tipo de treinamento, mas seus movimentos eram mais próximos aos de um caçador do que de um guerreiro. Jessie era aparentemente uma ex-caçador, então talvez tenha sido ele quem os ensinou.
Kuzaku gostaria de fazer todo tipo de pergunta a Yanni, mas isso não seria possível no momento.
“Bem, de que adianta pensar sobre tudo isso de qualquer maneira?” Ele murmurou.
Ele não foi capaz de manter a parte superior do corpo em posição no início, e foi difícil andar, mas ele rapidamente se acostumou e estava fazendo um bom trabalho. Quando ele movia seu corpo assim, isso o animava. Quando chegava a hora, ele provavelmente estava muito melhor preparado para o trabalho físico do que para o trabalho mental.
Toda vez que olhava para Haruhiro e Shihoru, Kuzaku estava sempre pensando. Seu campo de visão era limitado. Se houvesse um grupo de inimigos à sua frente, ele poderia pensar em como lidar com eles. Esse não era o seu limite, mas quando chegasse, digamos, daqui a um ano, ele não conseguia nem imaginar como seria. Mesmo um mês era muito tempo.
Ele tinha dificuldade em imaginar os detalhes precisos das coisas se estivessem a dez dias de distância. Amanhã. Dentro de uns dias. Isso era o melhor que ele podia fazer.
Ele não era bom em prestar atenção a todas essas coisas diferentes. Ele via seus companheiros o melhor que podia e tentava pensar neles, mas o que se passava dentro da cabeça das garotas era incompreensível para ele.
Yume era tão borbulhante que não fazia sentido. Ela era engraçada, porém, então estava tudo bem. Shihoru parecia ver tudo, e isso o assustou um pouco.
Mas ainda assim, Shihoru-san, e você? Você está sempre pensando no grupo, no grupo, no grupo. Você concorda com aquilo? Mesmo se ele quisesse perguntar isso, ele não poderia.
Quando se tratava de Setora, Kuzaku nem tinha certeza de que a havia registrado como humana para ele. E quanto a Mary…
Com tudo o que tinha acontecido, ele não podia deixar de pensar nela, e se viu observando para ver como ela reagia a cada pequena coisa.
Como isso.
Sim.
Quando ela estava curando Haruhiro.
A verdade era que, mesmo antes disso, ela estava pensando: Hein?
Desnecessário dizer que era natural que Mary se preocupasse com Haruhiro. Afinal, Haruhiro era o líder deles. Kuzaku também estava ciente de que Mary reverenciava Haruhiro. Reverenciava? Isso soou muito duro. Ela o adorava? Isso era ainda mais estranho. O que era? Tipo, ela avaliava suas habilidades altamente e tinha grande confiança nele, era isso?
“No entanto, eu também sinto o mesmo,” Kuzaku murmurou.
Mesmo colocando de forma leve, Haruhiro foi o salvador de Kuzaku. Sem Haruhiro, ele não seria quem ele era agora.
O que havia nele? Haruhiro não estava gritando com ele, dizendo para ele fazer isso ou aquilo. Ele liderou pelo exemplo. Não que Kuzaku quisesse ser como ele. Ele não podia, sabe? Era justo, ele queria segui-lo. Para emprestar-lhe a sua força.
Porque Haruhiro estava trabalhando mais do que qualquer um. Em vez disso, encorajar Kuzaku naturalmente o fez pensar: “Tenho que fazer mais. Tipo, eu posso fazer mais, certo? Eu tenho que ser capaz de fazê-lo. Quero dizer, Haruhiro está fazendo isso. Nosso líder tem olhos sonolentos e não é nada incomum, ele não é um herói sobre-humano, mas ainda é incrível.”
Mary tinha que sentir o mesmo. Mas isso era tudo?
Ele não podia se gabar disso, mas Kuzaku não era tão estúpido quando se tratava dessas coisas. Ele pode não estar no mesmo nível de uma mulher com boa intuição, mas seu sensor de romance funcionou muito bem. Por isso ele já estava desconfiado.
Era como, bem, você sabe, ele pensou. Quando Setora estava abraçando Haruhiro, Mary-san, sua atitude era um pouco estranha. Houve também momentos em que ela parecia prestes a explodir.
Embora, bem, mesmo que ela não tivesse esse tipo de sentimento por ele, eles eram companheiros do mesmo grupo e ele era o líder. Mesmo que Setora não tivesse vindo do nada, ver uma mulher que era uma completa estranha não muito tempo atrás entrar e levá-lo embora provavelmente era frustrante para as mulheres.
Se Yume ou Shihoru saíssem de repente com algum cara de quem nunca ouviram falar, Kuzaku poderia ficar um pouco chateado com isso também. Naturalmente, ele lhes daria suas bênçãos e superaria isso rapidamente, mas por um momento poderia sentir uma espécie de inveja tímida que não chegava ao nível do ciúme verdadeiro.
Especialmente com esse grupo, devido ao tempo que passaram em Darunggar, não interagindo muito com outros humanos, apenas estando perto de seus companheiros, eles provavelmente tinham um vínculo poderoso. Isso foi tudo?
Não é assim? Eu não me importo se você sair com minha irmã mais velha, mas eu não quero que você flerte na minha frente, e se você a machucar, você não vai se safar com isso, ok?
É isso que é para Mary?
Kuzaku tentou pensar assim.
Mas isso não era algo diferente?
Como você sabe.
Mary não estava realmente com ciúmes?
O fogo de seu ciúme não parecia queimar?
Por outro lado, talvez os próprios sentimentos de Kuzaku por Mary, que ele não conseguia deixar de lado completamente, o estivessem fazendo ver dessa forma. Kuzaku não achava que tivesse nenhuma evidência conclusiva.
Mas mesmo assim…
Mary usou Sacrament para curar Haruhiro, então estendeu a mão, tentando tocar o rosto de Haruhiro. Sua expressão naquele momento foi gravada na memória de Kuzaku.
Ela franziu a testa, estreitou os olhos e apertou os lábios, como se quisesse dizer alguma coisa, mas não conseguia dizer nada. Era como se toda a sua existência estivesse sendo atraída para ele, ou talvez a dela estivesse tentando atraí-lo com tudo que ela tinha.
Foi uma boa expressão. Bom para você, Kuzaku pensou do fundo de seu coração. Bom para você, Mary-san. Deve ter sido difícil. Você queria curar Haruhiro o mais rápido possível. Tipo, a cada segundo, você se sentia como se estivesse em uma cama de agulhas. Deve ter doído muito, como se você tivesse se machucado. Estou muito feliz por você. Finalmente você tem que curá-lo. Quero dizer, vocês são camaradas. Ele também é nosso líder. Então, é claro que você queria, certo? Você deve estar aliviada. Tenho certeza que você está feliz.
Mas era isso?
Para ser franco, Mary-san poderia estar apaixonada por Haruhiro, ele foi capaz de pensar imperturbável, meio satisfeito com aquela resposta.
Ele poderia ter negado como, Nah, isso não pode ser, mas ele não podia. Seu rosto o convenceu.
Então foi assim? Entendo. Tem sentido. Foi isso, hein. Ah, entendo, entendo. Eu entendo totalmente. Quero dizer, em retrospectiva é 20-20 e tudo, mas olhando para trás, eu sabia.
Mas e Haruhiro?
Bem, esta não é uma mulher comum, esta é Mary-san. Se você perguntar se ele gosta ou não, deve-se presumir que ele gosta. Mesmo com o quão quieto e insociável Haruhiro seja, certo? Não, não quero dizer isso como um desprezo, ele é apenas um cara sério. Sendo esse tipo de pessoa, mesmo se ele realmente se apaixonasse por ela, duvido que ele se confessasse ou algo assim. Haruhiro parece tímido, afinal. Além disso, eles são companheiros. Mesmo que pensasse: “Mary é linda. Eu realmente gosto dela”, ele se conteria. Romance ou camaradagem. O que você colocaria em primeiro lugar? Conhecendo Haruhiro, ele escolheria o último.
Por que ele não podia escolher os dois?
Foi assim que Kuzaku pensou, mas Haruhiro pode não lidar habilmente com isso. Isso poderia ser parte do que Haruhiro é.
E Mary era parecida com Haruhiro.
Você sabe o que isso significava. Era um problema pantanoso, certo?
Se todos ao seu redor dissessem: “Ok, tudo bem, se vocês gostam tanto um do outro, apenas saiam”, isso poderia ser um pouco difícil para Kuzaku, mas não era como se ela saísse com aquele idiota da Ranta. Nem ele seria um cara superficial com um rosto bonito.
Se fosse Haruhiro, ele poderia conter as lágrimas e desejar-lhes tudo de bom. Não seria mentira. Ele poderia dizer isso corretamente. Tendo sido completamente rejeitado por Mary, Kuzaku não tinha o direito de segurar as lágrimas para começar, mas isso era uma questão de suas emoções.
Ainda assim, mesmo que fosse mútuo, aqueles dois não ficariam juntos.
Nenhum deles diria ao outro: “Eu te amo”. Não parecia que eles poderiam. Mesmo que eles não colocassem em palavras, talvez eles pudessem obter esse tipo de atmosfera e fazê-lo …
Não, isso também não parece provável. Mesmo que vocês se amem, você não fará com que todos ao seu redor se preocupem com isso e, finalmente, não façam nada?
Além disso, havia Setora. Aquela mulher parecia ter algo sério para Haruhiro. Ela era claramente cem, não, dez mil vezes mais proativa do que Mary, então ela poderia muito bem ir para a cama dele uma noite. Se isso acontecesse, Haruhiro provavelmente não seria capaz de recusá-la. Afinal, ele era um cara sério. Se ela usasse seu contrato como cobertura, ela poderia fazer a ação.
Isso pode levar a bebês. Eles podem acabar criando aquelas crianças em Jessie Land.
Mary gostava de coisas fofas, então ela poderia adorar crianças mais do que você poderia esperar.
Se isso acontecesse, bem, seria um modo de vida, e Mary poderia olhar para trás e rir um dia, mas será que ela realmente faria isso? Como Mary se sentiria vendo tudo se desenrolar? Não iria doer muito? E não apenas uma vez, mas durante um longo período de tempo…?
Isso seria difícil.
Demasiado difícil.
Ainda assim, ele podia ver Mary desistindo, aceitando-o, aprendendo seu lugar, orando fervorosamente pela felicidade de Haruhiro e fazendo todo tipo de trabalho doloroso.
Isso não é… bem, uh , Kuzaku percebeu. Há uma sombra pairando sobre ela, pode-se dizer. Ela não parece muito feliz. Não sei o que é. É porque, como sacerdotisa, ela deixou seus companheiros morrerem? É como se ela tivesse desistido de si mesma de alguma forma.
Para Kuzaku, isso era uma fonte de preocupação. Ele queria que uma pessoa como Mary fosse feliz. Ele queria que ela sorrisse sempre, e queria fazê-la sorrir, se possível.
Embora não estivesse à altura da tarefa.
Eles eram camaradas. Não era bom ter esse tipo de coisa dentro do grupo. Ela não era capaz de pensar em romance agora. Essas razões que Mary deu para rejeitar Kuzaku podem não ter sido mentiras, mas provavelmente havia mais do que isso.
Basicamente, Kuzaku não era bom. Do ponto de vista de Mary, Kuzaku era muito infantil e ela não podia vê-lo romanticamente. Ele sentiu a mesma vibração vindo de Shihoru quando falou com ela, mas parecia que ele havia se estabelecido em uma espécie de posição de irmão mais novo.
No final, ele queria que as mulheres o agradassem. Ele parecia ter esses tipos de desejos.
Que homem patético. Era por isso que Mary não confiava nele.
Mas e Haruhiro?
No mínimo, ele tinha um forte senso de responsabilidade. Ele foi acomodado. Bem, ele tinha uma personalidade gentil. Não era muito interessante estar perto dele, mas era estranhamente reconfortante. Mesmo quando ele e Kuzaku dormiam ombro a ombro na mesma barraca, não era desagradável. Ele era um cara tranquilo.
Isso provavelmente combina bem com Mary.
Se Haruhiro e Mary entrassem nesse tipo de relacionamento, como Shihoru e Yume reagiriam? Mesmo se as surpreendesse, elas não diriam nada negativo. Elas provavelmente ficariam felizes e comemorariam com eles.
Explosão cerebral! Kuzaku notou. Eu só tive um flash de inspiração, sabe?
Por que não juntar os dois?
Deixados sozinhos, eles nunca farão nenhum progresso. Nesse caso, os outros precisam empurrá-los na direção certa. Eu poderia recorrer a Shihoru para obter ajuda. Eu sinto que ela me daria uma mão.
Kuzaku ainda gostava de Mary, mas sabia que não tinha chance. E ele poderia confiar Mary a Haruhiro.
Eu sei que não estou em posição de dizer algo tão importante, mas isso é melhor do que outro homem. Não quero ver Mary flertando com ninguém, obviamente, nem mesmo com Haruhiro, mas se os dois estiverem felizes, posso sorrir e aguentar.
O problema é…
Shuro Setora.
Aquela mulher estava no caminho.
Tropeçando em um buraco no chão, ele tropeçou. A tora balançou descontroladamente, como se estivesse pulando, e uma ponta atingiu o chão.
Yanni deu um grito rápido de “Ai!”
“I-Isso foi perigoso…” Kuzaku rapidamente ajustou seu aperto no tronco.
“Sheiwa!” Yanni o repreendeu. Provavelmente significava algo como: “Faça certo!”
“M-me desculpe, está tudo bem! Eu serei cuidadoso, então me perdoe.”
Quando ela se virou para olhar, ela quase perdeu o equilíbrio novamente. “Ai… ai…”
Yanni murmurou, “Wainea…” como se dissesse: “Não há como ajudar esse cara.”
Fim do capítulo…
