Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 1 – Volume 19 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 1 – Volume 19

Capítulo 1: Na solidão esmagadora

Tradutor: João Mhx

Como isso aconteceu?

Haruhiro olhou para as coisas pretas que se aproximavam.

Por que as coisas acabaram desse jeito?

Ele não estava com medo. Não, por algum motivo, ele não estava nem um pouco assustado.

Preto.

Por que eles eram pretos?

O sekaishu.

Negros.

Massas negras.

Pretas.

Ondas negras.

Negras.

Negras.

O que era o sekaishu?

Haruhiro não sabia. Como poderia saber?

Preto.

Escuro.

Sekaishu.

Infinitamente preto. Preto. Isso era uma cor? Ele não tinha certeza. Talvez fosse a falta de cor. Eles não eram brilhantes. Apenas preto. O sekaishu não refletia luz. Era por isso que eram pretos. Por que pareciam pretos.

“Por que você está sorrindo como um idiota?!”

Alguém agarrou seu braço. Seu braço direito. Perto do cotovelo. Doeu.

Ai, isso dói, cara.

Haruhiro não disse isso em voz alta. Ele simplesmente pensou. Está doendo. Dói muito. Sim, é claro que doeu. Como poderia não doer? Afinal de contas, olhe para o pulso dele. Não apenas o pulso direito, mas o esquerdo também.

Aquele cara. De Forgan. Takasagi de um olho só. Ele havia esfaqueado os pulsos de Haruhiro com sua katana. Sim, foi isso mesmo.

Foi isso que aconteceu. Ele havia sido derrotado. Seus pulsos, apunhalados por aquele cara. Os dois. Simplesmente horrível. Que coisa cruel de se fazer.

Ele havia sido derrubado com uma katana. Empalado. Aquele homem tinha usado sua katana para fazer isso. Não eram ferimentos superficiais. Eram muito graves. Afinal, ele tinha os pulsos – ambos os pulsos, esquerdo e direito – perfurados. Por causa dos ferimentos, suas mãos estavam meio moles.

Os ferimentos.

Cara, elas doem.

E quando alguém é bruto comigo desse jeito, elas doem ainda mais.

“Vamos sair daqui!”

Então, por favor, não puxe assim. Isso dói.

Dói mais do que eu posso suportar.

Talvez Haruhiro devesse ter dito algo. Ter se certificado de que o outro cara sabia. Por que ele não se manifestou? Dito isso, o outro cara era o Ranta. Ele simplesmente ignoraria Haruhiro de qualquer forma.

Mas ainda assim… “sorrindo como um idiota”?

Enquanto Ranta puxava Haruhiro, isso era o que mais incomodava o ladrão. Sorrir como um idiota. Ele? Era mesmo ele? Isso não podia estar certo. Não havia como ele fazer isso. Ele não podia sorrir nessa situação.

“Guhyahgh! Oh hee ahee!”

Kuzaku estava rindo, no entanto.

“Nee gee hyah! Gohyuk! Rehyuk! Ahyuk! Hyuk! Hyuk!”

Ele estava rindo como um imbecil.

Ainda assim, não era como se Kuzaku estivesse rindo porque achava algo engraçado.

Não era engraçado, não.

Não era isso.

Ele tinha enlouquecido.

E Setora estava andando em círculos como uma boneca quebrada.

Tudo tinha enlouquecido.

“Controle-se, seu idiota!” Ranta gritou bem na cara dele.

Logo depois disso, Haruhiro sentiu um forte impacto e tropeçou. Aparentemente, alguém havia lhe dado um tapa. Na bochecha esquerda. Com o punho fechado.

Haruhiro estava cambaleando. No entanto, de alguma forma, ele se manteve de pé.

Ele não entendia. Nada disso fazia sentido para ele. Por que ele estava se segurando para não cair? Havia alguma razão para que ele não se deixasse cair? Tudo parecia tão bobo. Ele desistiu e tentou cair no chão, mas Ranta puxou seu braço novamente.

“Cara, vamos lá!”

Eu lhe disse para não me puxar desse jeito. Você não me ouviu quando eu disse que estava doendo?

Ah, acho que não ouviu.

Pois é.

Era verdade, Haruhiro não havia dito nada.

Nada.

Ele não podia dizer nada.

Ele não queria falar.

Não fazia sentido.

De que adiantaria ele dizer isso?

Não adiantaria. Nada do que ele dissesse mudaria alguma coisa. Ele não podia mudar nada. Isso estava além das capacidades de Haruhiro.

Eu já tive o suficiente.

Era assim que Haruhiro realmente se sentia.

Está tudo bem. Eu desisto. Apenas me deixe e vá embora. Tenho que explicar tudo para você? Por que você simplesmente não consegue entender?

Haruhiro não queria ter que dizer isso. Ele queria que Ranta entendesse sem ter que dizer. Eles se conheciam há um bom tempo, então não parecia exagero esperar isso dele.

Por quê?

Por quê?

Por que você não entende?

Normalmente, você deveria ser capaz.

Descobrir isso por conta própria, não é?

Ah, certo. Sim, é isso mesmo. Você nunca foi normal, Ranta. Para o bem ou para o mal. Então, talvez você não entenda. Quero dizer, você é o Ranta, então posso realmente culpá-lo não é? Mas, sério, só dessa vez, tenta entender?

Estou no meu limite aqui.

Não, não apenas no limite, mas já o ultrapassei há muito tempo.

Quero dizer, vamos lá.

Isso é uma loucura, entende?

Está tudo bagunçado.

É uma bagunça, certo?

Não é?

É uma loucura.

Absolutamente louco.

Tudo isso é loucura.

Haruhiro procurou por ela e a encontrou em pouco tempo. É claro. Não é que ela tenha desaparecido. Ela estava bem aqui. Virando a cabeça lentamente, examinando a área. Seu queixo estava ligeiramente erguido e seus olhos semicerrados.

Não importa de que ângulo eu a veja, é ela.

Mary.

Oh.

É a Mary.

Essa é a Mary.

Em forma.

Mas não é ela.

Se fosse Mary, ele juraria que ela jamais encararia as coisas dessa forma. Aqueles olhos não pertenciam a Mary. Mas… jurar? Jurar a quê? O que neste mundo valeria um juramento? Ele não sabia. Haruhiro não sabia mais de nada.

De qualquer forma, ela era diferente. A maneira como ela agia não se parecia em nada com a Mary.

Apesar de ela ser a Mary.

Apesar de ela ser a Mary?

Ela era, mas não era.

Não era.

Não importava como ele pensasse sobre isso, ela era diferente. Ela realmente não era Mary.

Haruhiro não queria reconhecer esse fato. Ele não podia aceitar o fato e não conseguia suportar. Mas Haruhiro já sabia. Ele sabia, e por isso não podia agir como se não soubesse.

Ele estava lá.

Dentro de Mary.

O No-Life King.

Fui eu, Haruhiro não pôde deixar de pensar.

“Aghhhh!”

Fui eu quem fez isso.

A culpa é minha.

Tudo culpa minha.

Eu causei tudo isso.

“Não…”

Não fui eu, ele queria pensar.

Não foi.

Quero dizer, o que mais eu poderia ter feito? Não havia outra escolha, não é?

Não havia. Ou, pelo menos, não deveria. Qualquer um, não apenas o Haruhiro, teria feito o mesmo. Portanto, a culpa não era dele. Haruhiro estava pensando isso para si mesmo, com força, como se estivesse rezando para que fosse verdade. Ele queria negar a realidade diante dele de alguma forma. Provar que “não fui eu”. Não foi. De jeito nenhum, de forma alguma. Ele não precisava acreditar que estava errado ou que tudo era culpa dele.

Certo?

Não é assim, não é?

Todos concordariam, não é mesmo?

É claro que isso era apenas o que Haruhiro queria pensar. Ele sabia disso. Sabia disso com tanta intensidade que chegava a doer. Provavelmente, ele sabia disso melhor do que qualquer outra pessoa.

Não era culpa dele, mas era.

Ele havia tomado a decisão. Haruhiro havia tomado a decisão.

Haruhiro não poderia ter deixado Mary morrer naquela época. E esse foi o resultado. Essa foi a decisão que o colocou dentro de Mary. Foi Haruhiro quem o colocou dentro dela.

Ele nunca havia pensado que seria assim. Não sendo Deus, Haruhiro não poderia ter previsto isso.

Mas Jessie o havia avisado.

“Ela pode voltar à vida, como eu, que já morri uma vez.”

“Mas há um preço a pagar.”

“Isso não é normal.”

“É senso comum que as pessoas não podem voltar à vida, e isso é um fato.”

Era uma contradição. As pessoas não podem voltar à vida. E, no entanto, Mary tinha voltado. Estranho.

Mas não era como se Jessie estivesse mentindo para enganar Haruhiro. E de forma alguma ele havia forçado o ladrão a fazer isso.

No fim das contas, foi tudo culpa de Haruhiro. Haruhiro havia tomado a decisão.

“Há várias pessoas lá dentro.”

“São várias pessoas. Tenho certeza de que todos eles já foram indivíduos em algum momento.”

Isso foi o que Mary disse.

Basicamente, antes de Jessie, havia outros como ele.

Esses homens e mulheres o tinham levado, o No-Life King, para dentro deles.

Pode-se dizer que ele era uma espécie de parasita.

Dizia-se que o No-Life King havia morrido há mais de um século. Uma história estranha. Ele poderia morrer? Apesar de ser um rei imortal? Se ele podia morrer como as outras criaturas vivas, então ele não era imortal. Se ele era imortal, então não deveria ter morrido.

Bem, ele não tinha morrido.

O No-Life King nunca havia morrido.

Como pessoas como Jessie ou Mary, que haviam perdido a vida, conseguiram voltar da beira da morte? Como eles conseguiram se movimentar como se tivessem sido revividos?

Era o No-Life King.

O Rei Sem-Vida estava dentro deles.

Seu poder era a chave.

“Moron-piro!” Ranta o empurrou por trás. “Pare com isso! Corra como se estivesse sério! Eu disse para correr, idiota!”

Se ele tropeçasse, Ranta o colocava de pé. Se ele se inclinasse para a frente, Ranta o mandava voar com um chute na bunda. Por quê? Haruhiro não conseguia entender isso nem um pouco.

Por que Ranta não desistia? Como era a estrutura de sua psique? O que estava acontecendo na cabeça de Ranta? Haruhiro sabia que o cara era teimoso até a medula. Havia muitas coisas que lhe eram indiferentes, mas quando ele se fixava em algo, simplesmente não deixava para lá. Ainda assim, tinha que haver limites. No mínimo, Haruhiro não achava que Ranta era quem deveria estar dizendo “pare com isso”. Essa era a frase do ladrão.

No final, talvez Haruhiro tenha se mostrado o menos teimoso dos dois.

“Ei! É por aqui!”

“Parupiro!”

“Argh!”

“Seu completo idiota!”

Haruhiro correu pelas estradas da montanha, indo para onde quer que ouvisse a voz de Ranta. Não, não eram estradas nem nada do gênero. Elas ficavam no meio do mar de árvores que se espalhava pelas encostas da Cordilheira Kurogane. O solo era inclinado e as raízes se arrastavam por ele, entrelaçando-se, inchando em alguns lugares e caindo para formar depressões em outros. O piso era incrivelmente ruim, e aquelas coisas pretas, os sekaishu, estavam em todas as direções, de modo que os dois quase nunca conseguiam se mover em linha reta.

Será que esse é o caminho certo? Esse era um pensamento que raramente lhe ocorria. Ele já estava cansado. Sua garganta e pulmões doíam. Mas seus pulsos latejantes, esfaqueados por Takasagi, o incomodavam muito mais. As artérias provavelmente estavam bem, mas o sangramento não parava. Ele não conseguia pensar direito e não tinha tempo para se recompor, mas qual era o objetivo de pensar sobre as coisas?

É inútil. Não há possibilidade de escaparmos. Mais cedo ou mais tarde, a onda negra de sekaishu nos alcançará ou cortará nosso caminho. Isso vai acontecer a qualquer momento.

Ele não estava com medo. Na verdade, Haruhiro estava esperando ansiosamente por esse momento. Que isso acabe. Espero que tudo acabe. Se era isso que ele estava esperando, então ele poderia parar. Apenas calar a boca e ficar quieto.

Por que Haruhiro não fazia isso?

“Que diabos é isso?!”

Quando se deu conta, Ranta havia parado quatro ou cinco metros à sua frente. Ele se virou para olhar para trás, não para Haruhiro, mas para algo atrás dele. Será que isso vai acabar? Pensou Haruhiro automaticamente. Será que finalmente vai acabar?

Ele se virou, sentindo uma espécie de alívio, e viu que havia um enorme corpo globular negro como breu se elevando sobre ele. Do ângulo certo, poderia se assemelhar a uma árvore enorme. Mas, obviamente, não era uma árvore. Era muito preto e, se houvesse uma árvore tão estupidamente grande por aqui, ele a teria notado antes.

Não era uma árvore. Era preta. Era uma enorme massa negra parecida com uma árvore.

“Sekaishu…”

Ele havia se esquecido brevemente de que estavam sendo perseguidos pelo sekaishu. Ele estava convencido de que seriam pegos em pouco tempo. E, no entanto, aqui estava ele, ileso.

Haruhiro olhou em volta como se estivesse atordoado. Ele não viu nenhuma das coisas pretas por perto. Será que isso significava que os sekaishu não estavam atrás de Haruhiro e do grupo? Talvez eles nem tivessem notado o grupo em primeiro lugar.

“O No-Life King?” Haruhiro murmurou para si mesmo.

O que há com ele?

Como ele era relevante para isso?

“O mundo me odeia.”

Foi isso que o No-Life King disse. Com seu rosto. Com sua voz.

Isso… não era verdade para Haruhiro. O mundo não o odiava. Ele não era digno de seu ódio. Ele era insignificante. O fato de ele estar lá ou não fazia diferença para o mundo.

Não valia a pena levar Haruhiro em consideração.

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|