Arena – Capítulos 81 ao 90 - Anime Center BR

Arena – Capítulos 81 ao 90

Volume 2

Capítulo 81: Voltando para a Arena (1)

Os 60 dias de descanso passaram de forma tranquila. Morar com a Min-jeong não foi problema algum. Mesmo estando ocupada com o trabalho, ela ainda fez comidas deliciosas para mim e, nos dias em que estávamos muito cansados, saíamos para comer fora.

Eu, claro, fiquei em casa e usei Sylph para deixá-la impecável, de modo que não tivemos nenhuma discussão por isso. Na verdade, fiz com que Sylph memorizasse o lugar de cada item da casa. Com isso, a organização ficou bem mais fácil. Mesmo que eu fizesse uma bagunça na casa toda, Sylph podia usar o vento e limpar e arrumar tudo em um instante.

A família estava indo muito bem também. Minha irmã mais velha, que trabalhava para um grande escritório de advocacia, nem precisaria de comentários, e a minha mãe ainda estava vendendo frango frito. Nesses dias ela estava pensando em se aposentar e queria que a Hyun-ji assumisse o lugar, e queria isso rápido.

Mesmo com muito dinheiro, não havia motivo para colocá-lo na família. Se nós fôssemos pobres, eu poderia ter distribuído o dinheiro e salvado a todos.

O único problema da nossa família era a Hyun-ji.

— Meu filho, converse com a Hyun-ji.

— O quê aconteceu?

— Ela disse que quer se mudar.

— Se mudar?

— Ela disse que tem várias empresas em Seul e que quer se mudar para lá.

Não era uma desculpa infundada.

— Talvez ela esteja sentindo a pressão de ter se formado e agora ser uma desempregada oficial.

— Por que eu deveria tratar ela como rainha, se ela é uma desempregada?

— Então, o que você disse para ela?

— Eu disse para ela se mudar com o dinheiro dela e a sua noona também disse que não iria ajudar.

Mesmo não estando lá, eu tinha certeza que Hyun-ji devia ter ficado irritada e insistido bastante. Porém, o “combo” mãe-filha sem coração não deve ter se comovido nenhum pouco com ela.

— Isso não foi muito duro com a Hyun-ji? Pelo menos ela está pensando em arrumar um emprego.

— Ela pensa que quer, você também conhece ela muito bem. É como uma criança que não gosta de estudar falando que vai estudar. Ela não vai fazer isso de verdade.

Eu sabia disso muito bem. O anjinho desgraçado havia dito que eu também era assim por nunca ter passado necessidade.

— De qualquer forma, Hyun-ji pode te incomodar sobre isso, então tome cuidado.

— Entendido.

Assim que a ligação terminou, uma mensagem chegou.

Era da Hyun-ji.

[Hyun-ji: Oppa, tá em casa?]

[Me: tô sim]

[Hyun-ji: Ok]

“Ok, o que?”

Fiquei meio preocupado com o que viria.

Depois de alguns instantes, recebi uma videochamada da caçula da casa.

— Alô?

— Oppa~!

— Conheço esse tom… O que você quer?

— Hing, oppa! — soou como a Min-jeong, o que me incomodou ainda mais.

— O que você quer?

— Oppa, dá uma volta com o teu celular aí.

— Do que você tá falando?

— Quero ver onde você tá morando.

Ouvindo isso, vacilei.

Garota esperta.

Foi por isso que perguntou se eu estava em casa.

Só Min-jeong sabia que morava em uma cobertura luxuosa.

— Vai logo e me mostra. Hehe, oppa, você tá cheio da grana, então duvido que esteja morando num apartamentinho. E você morou naqueles apartamentos-porão enquanto tava estudando pra concurso, então deve tremer só de pensar neles.

Para uma idiota até que ela era esperta nessa área. Que discernimento inútil.

— Vai logo e me mostra.

— Não quero.

— Por que não?

— Sô tímidu. — respondi com voz fofa.

— Vem com essa pra cima de mim não. — A expressão de Hyun-ji ficou fria ao ouvir o meu tom meloso. — Oppa, eu sei que você está morando com a Min-jeong.

— E daí?

 Ela me contou tudo.

Yoo Min-joeng!…

Hyun-ji deu um sorriso doce.

— Toda vez que eu perguntava onde ela tava, me falava que tava fazendo compras. Ela compraria tanto se tivesse morando sozinha? Tá parecendo uma esposa recém-casada. Você não pode me enganar.

— Para uma idiota, até que…

 Ei, não me chama de idiota! De qualquer forma, você vai mesmo dizer que mora com a Min-joeng em um estúdio? Senti isso quando fomos para a Europa, mas, oppa, eu acho que você tem mais dinheiro do que eu imaginava.

Não pude deixar de estremecer com a astúcia incrível de Hyun-ji.

— Eu não posso te mostrar a minha casa.

— Hmph, mesmo? Então acho que vou ter que torturar a Min-joeng.

— Não incomode ela! Vou falar pra ela manter a boca fechada.

— Puahahahaha, boca fechada? Min-jeong? — Hyun-ji riu como se tivesse visto a comédia mais engraçada da temporada. — Ela pode não parecer, mas você sabia que ela é muito mole? Se eu provocar um pouquinho só, ela vai me falar tudo o que quero saber.

Engasguei levemente depois de ouvir as palavras dela.

— Deixe-me ver… quanto eu fiz ela falar mesmo… ultimamente os quadris dela andam meio doloridos…

— Ok, pode parar. Não vamos passar a barreira entre irmãos.

— Ela disse que não consegue nem manter a cabeça erguida, oppa, você deve ser um gênio!

Tossi, envergonhado com as palavras dela, só para ouvir a sua risada maléfica incomodando os meus ouvidos.

“O quão longe você foi, provocando a Min-jeong pra ela te falar? Essa minha irmãzinha é uma mulher perigosa…”

— O que você quer?

Então, Hyun-ji, que estava confiante até agora, mudou o tom.

— Oppa! Sério, você tem que me ajudar!

— Quer se mudar?

— Sim! Quero me erguer e viver em Seoul por conta própria!

— Você? Vivendo sozinha sem ninguém de olho? Tenho medo só de pensar…

— Hing, eu vou trabalhar duro de verdade. Já tô até procurando emprego, deixando currículo, aqui e ali.

— Então faça isso.

— Me dá dinheiro?

— Cai fora.

— Ang, oppa!

— Não enche.

— Me ajude, sou a sua única irmãzinha!

— Se uma é assim, imagino como teria sido ruim ter duas.

— Sério! Me ajuda aí.

O fato de ser uma chamada de vídeo deixou tudo ainda mais irritante. Tive que ver com os meus olhos Hyun-ji dando chilique e sendo chata pra caramba.

— Ouvi que a mamãe e a noona falaram não pra você. Se eu te ajudasse, com que cara olharia pra elas?

— Essas duas me querem fritando frango!

— Então frita. No seu nível, não existem muitas opções para crescer profissionalmente.

— Não é exagero cortar as minhas possibilidades e me fazer fazer alguma coisa até que seja a única coisa que sei? Eu preciso de uma chance!

— Esse tempo todo você não teve chances? Mesmo as suas notas do colégio entraram nessa, lembra?

— Eu vou mudar a partir de agora. Por favor, me dê uma chance…

Ah, Hyun-ji é mesmo a rainha das meias-verdades…”

O estranho era que eu via onde ela queria chegar, mas não tinha o que responder.

— Vou pensar e te respondo.

— Tá bom…

Terminei a chamada e soltei um suspiro de alívio. Tentar dialogar com Hyun-ji quando ela quer alguma coisa sempre foi cansativo.

Naquela noite, depois de sair do primeiro dia de trabalho, Min-jeong foi para uma festa de boas-vindas e chegou em casa tarde.

Tão logo entrou, ela correu para mim e fez uma reverência completa, como se fosse um escravo que fez algo errado diante do senhor cruel.

— Oppa, eu cometi um erro.

Ela devia ter escutado alguma coisa da Hyun-ji.

— Você reconhece o seu erro?

— Sim.

Com uma expressão tão lamentável, não podia dizer nada a ela.

— Por que você é tão fraca com a Hyun-ji?

— Não é que sou fraca…

E aí começou a história de Min-jeong.

Originalmente, ela, Hyun-ji e Ji-hyun, sempre andavam juntas, não importava o que. Eram o trio. Ela falou qualquer coisa sobre o hobby delas, que era revelar os segredos umas das outras.

Se você tivesse algo a esconder, as outras duas te fariam falar de qualquer jeito.

— É por isso que não temos segredos umas com as outras, e também porque somos tão próximas.

— É, saquei essa. Hyun-ji me chamou de gênio.

— Kyak! Me desculpa! Ji-hyun começou a perguntar sobre como eram as noites… ang!

Min-jeong agarrou a cabeça em miséria.

Assim, terminou o período de desculpas e Min-jeong disse, de repente: — Mas, oppa, como você vai ajudar a Hyun-ji a ganhar independência?

— Você foi pega pela Hyun-ji de novo?

— Hehe, sim.

“Essa Hyun-ji, sério…”

— Se ela vier pra Seoul e não tiver alguém pra tomar conta dela, as consequências vão ser loucas, como poderia deixar ela aprontar isso tudo?

— Ela não vai, oppa.

— Eu conheço a peça.

— Eu e você vamos trabalhar, e a Hyun-ji está tendo dificuldade em encontrar um trabalho. Com nós dois fora, você acha que ela vai sair sozinha? Mesmo se for por nós, ela vai dar o máximo.

Isso fazia sentido também. Mas eu ainda tinha a sensação de que essa fala toda era coisa da Hyun-ji.

Depois de ponderar, decidi mandar uma mensagem para ela.

[Eu: Hey]

[Hyun-ji: Sim, querido irmão!]

[Eu: -_-;; Tenho um estúdio, pode usar lá]

[Hyun-ji: Sério? YES!!!]

[Hyun-ji: Mas só um estúdio?]

[Eu: Então fica aí em Cheonan mesmo]

[Hyun-ji: Não, não, obrigada pelo estúdio! Arigato!]

[Eu: Vou te dar um cartão de débito pra despesas diárias e vou conferir todos os gastos. Se você gastar com qualquer outra coisa, ou fizer um saque, você já era.]

[Hyun-ji: Hmph, tendi]

[Eu: Por agora, vamos ver como se sai por meio ano, até Junho. Se você não tiver progresso até lá, volta pra Cheonan e vai fritar frango, ok?]

[Hyun-ji: ok, ok, eu te amo ❤]

[Eu: Cala a boca]

Então, Min-jeong recebeu uma mensagem. Depois de rir, ela me mostrou:

[Hyun-ji: good job, my girl]

“Que confusão. Meu…”

Eu não sabia se isso seria uma boa e apenas suspirei.

Amanhã, mamãe e noona teriam ouvido as notícias e diriam alguma coisa.

— Vou te falar isso, nunca convide a Hyun-ji pra cá.

— Tá bom.

— Promete?

— Aww, prometo.

De novo, de novo. Sempre com voz manhosa. Certeza que ela pegou esse hábito com a Hyun-ji. Ou pode ter sido o inverso, vai saber.

 

***

 

E assim, 60 dias passaram.

A tempo do exame, consegui várias balas .357 magnum de prata e balas 7.62 e guardei tudo no Armazenamento Espacial, que tinha chegado ao nível Inicial 4 e cresceu consideravelmente. Mesmo com os projéteis ainda tinha espaço.

Para o caso de me entediar, coloquei ali o violino e alguns livros de música.

“Hora de ir.”

Mandei um texto para Min-jeong e menti, dizendo que fui em uma viagem de negócios. Então, fui para um hotel nas proximidades.

Se eu morresse durante o exame, Min-jeong acordaria ao lado do meu cadáver. Não queria que ela vivesse com esse tipo de trauma.

Pensei bem e achei melhor deixar um testamento no meu celular, para a minha família e Min-jeong.

“Feito.”

As preparações foram finalizadas.

Não queria ficar esperando ansiosamente pelo tempo até o Exame.

— Olá e seja bem-vindo.

“Tô tão cansado de ver esse anjo bebê e ele ainda me cumprimenta.”

— Ver placa de dados. — chamei com familiaridade e logo fui conferir o Exame.

Nome: Kim Hyun-ho

Classe: 16

Karma: 0

Missão: Proteja os Elfos da Montanha Marrom

Limite de tempo: 12 meses

Meu rosto se torceu.

— Um ano, de novo?

— Isso mesmo.

— Mas não é demais?

— Achei que soubesse que outros participantes têm exames ainda mais longos.

Lembrei de Neilson Aslan e calei a boca. Eu estava numa situação muito melhor que a dele.

— Um Exame mais longo não te dá mais oportunidades de crescimento?

— Não acho que dessa vez vai ser fácil.

— Você ficou de boas por duas vezes, agora é a hora de pagar o preço.

Proteger os Elfos.

De quem?

“O inimigo são os mortos-vivos.”

Bastian, do Norte, cairia sob a guerra do exército de Odin.

O Clã Prata, ao Leste, não era um perigo real para os Elfos. O líder deles, Leon Silver, até tinha inteligência e fortaleceu o clã, mas eles não reconheciam a sua inferioridade.

Então o único inimigo restante eram os Zumbis que subiam o penhasco.

“Então tudo o que foi descoberto até agora aponta para o Mago Negro que move os mortos-vivos.”

Pelo fluxo geral dos Exames, eu tive uma ideia e resolvi perguntar ao anjo bebê: — O que tenho que fazer para bloquear os mortos-vivos?

— Não tenho certeza.

— É a Árvore da Vida, né?

— Não faço ideia.

— A Árvore da Vida é o centro desse Exame, não é? É por isso que os últimos dois, 4º e 5º, eram sobre salvá-la. Estou certo?

— Sei lá.

Encarei com força o anjo bebê. Ele, como sempre, estava simplesmente alegre.

Era como sempre, impossível dizer o que esse anjo pensava só de olhar pelas suas expressões.

Se bem que ele era um anjo, não um humano.

Mas eu achava que estava certo.

Volume 2

Capítulo 82: Voltando para Arena (2)

Passei pela porta do Exame e surgi no topo da Árvore da Vida.

Senti familiaridade ao ver o grande pico, que parecia tocar o céu. Fazia 60 dias.

Era madrugada, e o vilarejo estava quieto.

Era pacífico.

“O que os humanos têm contra os pacíficos Elfos para virem feri-los? Eles devem ganhar alguma coisa com isso…”

Os oponentes eram os mortos-vivos. Mortos que reviveram. Nem vivos, nem mortos. Controlados por um Mago Negro, usando a sua magia do mal.

Odin falou que a Magia Negra foi consequência das tentativas de decifrar os segredos da imortalidade, mas agora era considerada uma arte proibida.

Morte, ressurreição, imortalidade, vida.

Conforme conectei as palavras-chave aos Elfos, a Árvore da Vida me veio naturalmente.

Os Elfos tinham uma vaga noção disso.

“Teve aquela vez que Derrick mencionou os mortos-vivos vindo para a Árvore da Vida.” Ele disse que, como os zumbis eram atraídos instintivamente pela vida, a Árvore da Vida era uma grande tentação para eles, pois tinha grande força vital.

Mas o Mago Negro que controlava os zumbis devia ter outro objetivo em mente. Talvez algo relacionado à ressurreição, ou mesmo à imortalidade.

— Você acordou cedo. — Ouvi uma voz dizer, logo atrás de mim.

Era um guerreiro Elfo de meia idade.

— Sir Derrick!

— Por que você está tão animado em me ver?

— Só estou muito feliz em te encontrar.

“Já fazem 60 dias desde a última vez”

— Huh. De qualquer forma, já que você está acordado, vamos começar mais cedo.

— Você sempre acorda esse horário?

— Sim.

— Então também acordarei a partir de agora!

— Faça como quiser.

Derrick e eu saímos juntos. Assim como antes, o propósito de hoje era cuidar da pequena Árvore da Vida. Além de lutar contra os zumbis que subiam o penhasco.

Correndo ao lado do Elfo, senti uma sensação de dever cumprido.

Depois de terminar o 5º Exame, aumentei o limite do meu buff de força física com o Karma que ganhei.

Nível Intermediário 5. Era o limite que poderia chegar sem ter masterizado o Controle de Aura. E os efeitos desse nível me davam o físico de um Elfo. Dessa forma, não fico atrás nem mesmo de Derrick, o melhor guerreiro da raça. Claro, isso considerando apenas a estamina.

— Você está acompanhando bem. — Mesmo ele estava impressionado com a melhoria da minha aptidão.

— Melhorei bastante ultimamente.

— Mas você parece ter evoluído bastante desde ontem.

— Sério?

— Independentemente, é impressionante.

— Hehehe.

— Por causa disso, a partir de hoje vou começar a correr de verdade.

— Oi?

— Tente me acompanhar. — dizendo isso, Derrick avançou como uma flecha disparada.

Fiquei atordoado. Eu estava correndo na minha velocidade máxima, mas ele estava se movendo muito mais rápido que isso. Não podia acreditar.

“Mas eu não tinha atingido o limite físico dos Elfos?”

A questão era, como Derrick estava correndo mais rápido que eu? De qualquer forma, eu tinha que alcançá-lo primeiro.

— Proteção Divina do Vento!

Eventualmente, corri usando uma habilidade para me manter ao lado do Elfo.

Cada vez que dava um passo, o vento ao redor me empurrava para frente. Quase como um salto, o avanço ocorria a cada passo. Correndo assim, não foi difícil acompanhá-lo.

Enquanto corria, olhei para ele.

“Ele não parece diferente…”

A postura era a mesma de antes. Não conseguia encontrar nada de diferente entre nós.

Quando chegamos à pequena Árvore da Vida, perguntei a Derrick sobre isso.

Ele disse: — É algo como o aproveitamento de aura dos humanos.

— É Controle de Aura?

— Sim. Os humanos usam para ficar mais fortes, e nós Elfos sabemos como usar o poder da natureza. Conjurar espíritos é um exemplo disso.

— Então é por isso que a Árvore da Vida é tão importante para vocês…

— Exato. Em um lugar sem poder da natureza, a força de nós, Elfos, diminui consideravelmente.

Mesmo se alguém conseguisse aproveitar o Controle de Aura, não tinha sentido continuar se não houvesse aura. O mesmo acontecia com os Elfos sem a Árvore da Vida

— Quando essa árvore crescer, o poder de todo mundo vai ficar maior?

— Sim. Com duas Árvores da Vida, não teremos o que temer.

Nesse caso, o mais importante para mim no 6º Exame seria ajudar a pequena planta a crescer. Considerando a sequência dos 4º e 5º Exames, consegui ver a resposta.

“Mais que só lutar ao lado dos Elfos, isso pode ter um efeito ainda maior.”

Não importava que eu estivesse mais forte, eu seria de muita ajuda se estivesse lutando com os guerreiros Elfo? Se agisse assim, eu dificilmente conseguiria ganhar muito Karma no fim das contas.

“Yep, é isso mesmo. Foi a mesma coisa no primeiro Exame, usar a cabeça dá um prêmio maior do que só lutar.”

Primeiro, criei duas Chamas da Vida e as lancei para a pequena árvore.

“Coma bastante para crescer logo.”

Como em um agradecimento, a pequena Árvore da Vida balançou levemente. Mas eu sabia que era coisa do vento. Então, olhei com alegria para Derrick.

— Kim, você é o maior presente que a mãe natureza nos deu.

Engasguei ao ouvir o elogio inesperado.

— Huh? Por que você está assim?

— Hm, nada. Só estou emocionado.

Derrick sorriu.

Quase me apaixonei por ele naquele momento. Esse Elfo do mal disse coisas querendo conquistar o meu coração!

— Agora, se está tudo certo, vamos em frente.

— Certo.

Fomos em direção ao penhasco. Chegando lá, outros Elfos mais velhos já nos esperavam. Era um lugar que estava sempre sob guarda, com turnos que se estendiam por 24 horas por dia.

— Ei, Kim!

— Vamos lutar bem de novo hoje!

— Você melhorou bastante ultimamente.

Agora, eu era amigável com todos e todos disseram uma coisa ou duas com um senso de simpatia. Ótimo, era hora de mostrar a eles como as minhas habilidades melhoraram.

Subi a Proteção Divina do Vento para o nível inicial 5, e, graças à prática do violino, minha Capacidade física estava no nível intermediário 2.

“O limite de tempo é 12 meses. Preciso proteger os Elfos durante esse período para completar a missão.”

Era muito tempo. Não poderia gastar as minhas balas à toa.

Claro, meu Armazenamento Espacial estava agora no nível inicial 4, e, graças a isso, o espaço virtual foi aumentado e havia muitos projéteis armazenados. Mas com o número infinito de hordas de zumbis atacando todo dia por um ano, essas balas não seriam suficientes.

“Eu deveria guardar as armas duplas para alguma luta mais complicada.”

Então, comecei a lutar.

Os cadáveres gritavam enquanto subiam o penhasco.

— Eu vou primeiro. — começou Derrick, indo direto contra os zumbis enquanto empunhava as suas espadas duplas.

No primeiro contato, balançou ambas simultaneamente. Com os braços, pernas ou cabeças decepados, os zumbis caíram.

Derrick pisou sobre as criaturas que escalavam e diminuiu a velocidade da própria descida, derrubando aqueles em que tinha se apoiado. Enquanto isso, continuava a balançar as espadas com habilidade inigualável.

Vê-lo pela primeira vez em 60 dias me fez ficar boquiaberto, e não pude deixar de ficar maravilhado.

“Em que nível a minha Capacidade Física precisa estar para eu conseguir copiar isso? No mínimo nível avançado?”

— É minha vez agora. — dei um passo adiante.

— Oh, você, Kim?

— Essa eu quero ver!

— Boa sorte.

Os Elfos mais velhos me encorajaram.

Sorri para eles e usei a Proteção Divina do Vento antes de correr na direção do inimigo. Com os pés mirando para baixo, me equilibrei com os braços e pousei adequadamente. No segundo que caí no grupo de zumbis, usei toda a minha força e chutei para baixo. Foi um dropkick usando a minha velocidade de descida.

Uma incrível pressão surgiu, forçando o vento ao meu redor. A força estava maior por causa do aumento do nível da Proteção Divina do Vento. O pequeno tufão, que começou nos meus pés, varreu os zumbis, fazendo-os voar para longe juntos.

Com uma mão, agarrei uma fissura e, dependurado, continuei a chutar. A cada vez, a força derrubava dois ou três zumbis. Espanando as criaturas como um espanador espana o pó.

— Oh!

— Incrível!

— Foi um belo chute!

Os Elfos gritaram elogios do alto do penhasco. Com isso, me animei e, pisando novamente nos zumbis, atravessei o desfiladeiro. Os inimigos caíram em bandos. Claro, ainda não podia manobrar na paisagem, como Derrick, então ainda tinha que me segurar com uma mão. Na verdade, não era tão absurdo se mover pelo penhasco com os pés.

Outros Elfos se juntaram à briga e os zumbis foram varridos.

Depois de uma longa luta, a horda finalmente fez uma pausa no ataque.

— Whew, finalmente acabou.

— Hoje parecia ter muito mais mortos-vivos, foi só impressão?

— Acho que não. Também senti isso.

Os Elfos conversaram enquanto descansavam.

A luta foi vencida, mas as vozes de todos estavam cheias de preocupação. Derrick devia estar pensando em algo, já que encarava o espaço de onde os zumbis vinham.

— No que está pensando?

— Nos mortos-vivos.

— Tinha mais que o normal hoje?

Derrick assentiu: — Não sei se é só uma coincidência.

— Eu tenho certeza que não é. — O Elfo me encarou e eu continuei: — Ouvi que quem está controlando as criaturas é um Mago Negro.

— Tenho certeza que é. — Com essa fala, parecia que Derrick não sabia muito sobre Magia Negra.

— Se os zumbis aumentaram, significa que o Mago enviou mais que o normal.

— Certo.

— Pensa comigo. Até agora, o Mago Negro mandou zumbis atacarem todo dia. E a cada vez nós repelimos o ataque. — O Elfo assentiu e eu continuei: — Nós estamos lutando contra os zumbis quando o verdadeiro inimigo é o Mago. Não simples zumbis, mas um humano pensante.

— Sim.

— E ele continuou atacando e falhando. Um humano não tentaria outro método para atingir o seu objetivo?

— …

— Provavelmente, a razão pela qual o Mago atacou diversas vezes foi para fazer vocês se cansarem.

— Você quer dizer que ele quer nos deixar exaustos?

— Sim, mas depois de continuar aquela luta tediosamente repetitiva, foi ele quem perdeu a paciência primeiro. Ele percebeu que, se continuasse daquele jeito, seria uma batalha sem fim.

— Esse raciocínio faz sentido… Humanos têm expectativa de vida menor que a nossa, e uma falta de paciência igualmente curta.

— Então, para mudar alguma coisa, os números aumentaram hoje. — A cara do Elfo ficou sinistra ao ouvir essas palavras. — Mas isso é o que acho.

E eu podia estar errado.

Mas Derrick assentiu: — Não, Kim. A suas palavras estão certas. Esse raciocínio se encaixa na situação.

— Sério?

— Então, Kim, deixe-me te perguntar: o que você acha que devemos fazer?

— Desculpa? Isso não seria algo para as Mães decidirem?

— Sim, a decisão final será delas. O que eu quero é uma opinião que irá guiar essa decisão. Você é humano, assim como o Mago Negro, e ter a opinião de outro humano nessa situação seria de grande ajuda.

Hmmm… Essa seria uma opinião que será entregue às Mães. Tenho que pensar bem antes de falar.”

Volume 2

Capítulo 83: As Habilidades de Odin (1)

Depois de pensar com cuidado, eu disse: — Primeiro, nosso poder deve ser concentrado aqui.

— Você quer colocar os mais jovens nesse ponto?

— Sim. Da forma como vejo, esse é o lugar de maior risco. — Era um argumento simples.

O Visconde Bastian estaria mais que ocupado com a guerra contra Odin, e o Clã Prata não era grande coisa.

A área-problema. Ali, o lugar de onde o meu mau pressentimento estava vindo, era o ponto em que deveríamos aumentar as nossas forças.

— O Mago Negro está aumentando as suas tropas, então devemos fazer o mesmo e aumentas a nossas força.

— Ainda somos muitos.

— O que você quer dizer com muitos?

— …

— Claro, não estou duvidando das suas habilidades, Derrick. Mas que tal pensar assim?

— O que mais? — O Elfo mostrou interesse em minhas palavras.

— Eles se concentraram aqui, continuaram atacando e continuam falhando. Hoje, eles aumentaram em número e falharam de novo.

— Pois é.

— Então o que o Mago Negro vai pensar? Não vai querer mudar o lugar de ataque?

— Não tem outro ponto para atacar. Se não for nesse penhasco, outros caminhos são muito longos.

— Esse é o ponto fraco.

— O que?

— Eles vão continuar batendo aqui e nos fazendo focar nesse ponto, enquanto nos atacam por meio de um ponto fraco desprotegido. É o que eu faria se estivesse no lugar dele. — continuei a explicar. — Já que o ataque vive falhando, você não acha que poderia ser usado como distração? Não importa o tamanho do caminho.

O Elfo gemeu alto: — As suas palavras estão corretas. Eu devo voltar ao vilarejo imediatamente.

Parecia que ele ia entregar as minhas opiniões para as mães.

— Eu vou com você.

— Isso seria bom.

Nós voltamos para o vilarejo rapidamente. Como os 30 minutos de recarga tinham passado, pude usar a Proteção Divina do Vento e acompanhar o Elfo em sua velocidade máxima.

Conforme o nível subia, a duração da habilidade subia e o tempo de recarga diminuía. Por um momento, me arrependi de ter upado Teleportar ao invés de gastar o Karma investindo mais na Proteção Divina do Vento.

“Não, uma hora Teleportar vai ser útil.”

Não importava, essa era uma habilidade para fugir do perigo.

Tão logo chegamos ao vilarejo, Derrick e eu fomos na direção das Mães reunidas sob a Árvore da Vida. Elas estavam distraídas conversando e os seus olhares se focaram em nós.

— Oh, docinho! — A Mãe Anciã estava extremamente contente e correu em nossa direção. A mulher correu rumo ao marido como uma flecha, e Derrick respondeu alisando o cabelo dela com calma, uma cena muito boa de ver.

“Vendo isso, sinto falta da Min-jeong… Ao menos eles têm sido um casal por 200 anos, e o seu relacionamento é tão bom…”

E vendo Derrick agir como se esse tanto de amor fosse normal, quase me fez me apaixonar por ele de novo. Tive que respirar fundo algumas vezes para limpar a minha mente.

— Por que você voltou tão cedo?

— Tenho que te falar uma coisa.

— Ah, meu… só pra mim?

— Seria bom se todas ouvissem.

— Minha nossa, enquanto todas ouvem… — O que quer que ela tenha pensado a fez enrubescer. Apesar de saber que a realidade seria outra.

— Os movimentos dos zumbis ficaram cada vez mais suspeitos.

A expressão da Mãe Anciã mudou para decepção, enquanto as outras Mães, que esperavam um bom show, ficaram espantadas.

— Os detalhes vocês podem ouvir do Kim.

Agora todos olhavam para mim, enquanto repetia o que falei para Derrick. Dessa vez, consegui organizar ainda mais a explicação.

— Por agora, o problema mais importante são os zumbis do Sudoeste?

— Isso.

— Para nós, os humanos são mais assustadores. São eles que tentam sequestrar as nossas crianças e, tentando não serem pegos, usam métodos astutos para atingir os seus objetivos.

— Eu entendo. E como humano, estou envergonhado dos meus iguais.

— Eu não digo isso para ouvir esse tipo de coisa de você. É que nós não podemos diminuir a vigilância ao Norte nem por um instante. Teve aquela vez em que a Elise quase foi levada também.

Ouvindo isso, meus pensamentos voaram pela minha cabeça mais uma vez. Depois de organizá-los, respondi: — Sobre isso, tenho duas coisas a dizer.

— Tens a palavra.

— Primeiro, é claro que o maior perigo enfrentado pelo vilarejo agora são os zumbis. Mas nesse lado temos Derrick e muitos outros guerreiros respeitados lutando, então não temos medo dessa ameaça.

— …

— Mas todos vocês devem ter se assustado quando Elise quase foi sequestrada. Eu entendo. Essa criança adorável, levada por pessoas sem vergonha, quase foi perdida. — Ouvi suspiros de lamento e alívio vindos das Mães. Pensar naquele momento ainda devia doer. Essa era a força e a fraqueza das Mães. — Mas, por que vocês estão influenciadas por essas cicatrizes psicológicas, acho que a importância do caso foi mal medida.

Todos se surpreenderam, mesmo assim continuei a falar: — Por agora, sequestradores humanos invadirem não é um problema. Proibir as crianças de saírem do vilarejo sozinhas sem supervisão adulta, ou mesmo criar uma força-tarefa para caso haja um sequestro daria conta do recado.

— Ah…!

— Mas os zumbis são diferentes. Se a defesa ali falhar e a Árvore da Vida for danificada, uma situação tão desastrosa que nem mesmo ouso falar em voz alta iria acontecer. Então, que lado é mais importante?

O amor instintivo das Mães as faziam sentir que cada criança era preciosa. Por causa disso, elas não conseguiam ver o problema maior.

— Se as crianças forem sequestradas, podemos recuperá-las…

— Eu nunca tinha pensado nisso.

— Pensar em humanos sem vergonha colocando as mãos nos nossos pequenos era assustador demais.

— Um grupo de resgate, essa é uma boa ideia.

— Será suficiente deixar as crianças sob guarda das mulheres?

As mães começaram a debater e conversar. Um tempo depois, a Mãe Anciã falou: — Você tem bons pontos. Deixaremos isso para as mulheres e organizaremos um grupo de resgate separado.

— Se uma criança sob responsabilidade de uma mulher sumir, a força-tarefa deve ser notificada imediatamente para agir o mais rápido possível. — comentei.

— Sim, claro! Essa é uma boa ideia.

E com esses dois conselhos, a segurança das crianças foi recuperada. Aqueles que guardavam o Norte poderiam ser realocados para o Sudoeste na luta contra os zumbis. Tudo ocorreu sem problemas.

As Mães se decidiram e reuniram todos no vilarejo, notificando as decisões feitas.

— Essa é uma boa ideia.

— Foi o Kim que teve.

— O Kim é um gênio, faz sentido.

— Então é só eu tomar conta dos meus irmãos?

Todos assentiram e concordaram que era um bom plano. A minha reputação ficou ainda maior por causa disso.

Em especial os rapazes pareceram satisfeitos. Todo esse tempo, a área Sudoeste foi guardada pelos homens mais adultos, mas agora eles teriam uma chance de agir. Todos queriam a chance de lutar bravamente pelo seu vilarejo.

Assim, a fronteira Sudoeste foi fortalecida, e bloquear os zumbis ficou ainda mais fácil. Derrick designou os jovens Elfos para uma unidade de patrulha lutadora. Com isso, se houvesse invasão por outros lados, seria mais fácil identificá-la.

Por causa do perigo quase palpável, as crianças Elfo fizeram como mandado e brincaram dentro do perímetro do vilarejo. Na verdade, eles tinham perdido totalmente o interesse em brincar do lado de fora: estavam loucos para brincar de pega-pega.

Todos os dias, colocava duas Chamas da Vida na Árvore da Vida. Então, ia lutar contra os zumbis no penhasco. À tarde, treinei com brincadeiras, como pega-pega, e tarde da noite, antes de ir deitar, pratiquei com o violino.

Me livrei do som do violino com a ajuda de Sylph e treinei em silêncio, sem ninguém saber. Fiz isso porque tinha a sensação de que, se os Elfos se interessassem pelo instrumento, seria um incômodo para mim. Eles poderiam querer pegar e tentar tocar. Essa seria uma reação meio óbvia.

Acabei gastando quase um mês assim. Em uma monótona, mas prática, rotina.

— Humanos!… — Um grande barulho veio do vilarejo.

Um barulho que foi enviado até o desfiladeiro onde estávamos lutando contra os zumbis, fazendo com que eu e Derrick corremos de volta para lá.

A atmosfera ali estava caótica.

Claro, tanto os Elfos homens, que tinham voltado da patrulha, quanto as mulheres, estavam armados. As crianças deviam estar em suas casas, já que nenhuma podia ser vista.

O grupo que apareceu no vilarejo era composto de três humanos e do que pareciam ser 10 elfos magros de fome. Duas mulheres mais velhas, três homens e os outros eram jovens. Todos deviam ter sofrido muito, as suas faces mostravam emoções sinistras.

Embora os humanos estivessem armados, não empunhavam suas armas. Entre eles, havia uma cara familiar.

— Odin?

Ouvindo a minha voz, Odin olhou para mim, surpreso.

— Senhor Hyun-ho Kim?

Os Elfos olharam para nós e cochicharam: — Eles se conhecem?

— Kim parece conhecer ele.

— Ele é legal com o Kim?

— Se é amigo do Kim, não deve ser má pessoa.

— Vamos ver por enquanto. — A hostilidade dos Elfos diminuiu bastante.

Haha, é porque consegui muita credibilidade por aqui.”

Odin olhou para os Elfos ao redor antes de dizer para mim: — Parece que eles confiam em você.

— Pois é, eles confiam. Mas esses aí com você…

O homem fez que sim com a cabeça: — Eles eram escravos. Foi o máximo que consegui com o fundo que tinha disponível.

Então, as Mães apareceram. Ao lado da Anciã estava Derrick, como um guarda-costas.

Ela me perguntou: — Kim, vocês se conhecem?

— Sim, ele é meu amigo. E é confiável, não se preocupe.

Odin deu um passo à frente e a cumprimentou: — Eu sou Conde Odin, de Ulpenburg.

— O que te traz aqui? E esses Elfos que trazes…

Os 10 Elfos olharam para a Mãe anciã e as suas faces congelaram. Eu só podia imaginar as vidas que levaram até agora.

— Ouvi que meu amigo Kim Hyun-ho tinha feito amizade com os Elfos e que tem vivido entre os seus.

— Se você é amigo de Kim, suponho que não seja nosso inimigo.

— Sim. Os Elfos que trago estavam vivendo como escravos e foram resgatados.

— O que ele diz é verdade?

Com as palavras da anciã, os Elfos assentiram: — Esse humano nos comprou.

— Ele disse que nos traria para a Montanha Marrom no Leste.

— É um humano maravilhoso.

As outras três mulheres Elfo disseram, uma de cada vez.

A Mãe Anciã assentiu: — Não posso imaginar o quanto vocês sofreram. Esse lugar é seguro, fiquem conosco por agora.

— Obrigada!

— Agradecemos muito! — Os olhos dos Elfos trazidos por Odin se iluminaram.

Depois de tanto tempo com os Elfos, eu podia sentir o quanto amavam a natureza. Devem ter sofrido muito como escravos dos humanos. Podiam não ter sido designados a trabalhos pesados, mas só de ficar longe da natureza já era difícil demais para os Elfos.

— Estamos muito gratos pelo que você fez. Mas não sei que tipo de benefício essa ação trouxe a você.

Com as palavras da Mãe Anciã, Odin respondeu: — Primeiro, foi um presente para o meu querido amigo Kim Hyun-ho, que ama os Elfos, e, segundo, eu gostaria de discutir a possibilidade de um tratado com vocês.

Volume 2

Capítulo 84: As Habilidades de Odin (2)

Antes de tudo, as Mães instruíram os demais para levar os 10 Elfos que Odin tinha trazido. As jovens mulheres levaram-nos para as suas casas, para descansar e lhes dar comida.

Odin e eu fomos com as Mães para um lugar mais calmo e tivemos uma conversa: — Antes de tudo, agradecemos mais uma vez a sua gentileza e boa vontade ao ter gastado o seu próprio dinheiro para salvar os nossos.

— Imagina. Como humano, também estou enojado com essa crueldade.

— Você disse que era o Conde Odin de Ulpenburg? Com tamanha posição entre os humanos, não sei o motivo de querer ter uma relação conosco, considerando que não temos ligação alguma. Que benefícios isso traria para você?

— O mundo tem se tornado cada vez mais caótico, e proteger a si mesmo está ficando mais difícil. Acho que o mesmo vale para vocês.

— Sim. — A Mãe Anciã concordou, completamente.

Odin continuou: — Além disso, temos um inimigo em comum.

— Um inimigo em comum?

— O Visconde Bastian. Acabei de terminar os preparativos para entrar em guerra com ele.

— Bastian é o humano ao Norte daqui?

— Sim, ele mesmo.

— Você quer nossa ajuda para atacá-lo?

Odin balançou a cabeça: — Na verdade não. Não tenho dificuldades em lidar com ele.

— Você parece adequado. — Derrick, que estava quieto, finalmente falou. — Você é o humano mais forte que encontrei até agora.

— É uma honra. — sorriu Odin.

Eu e as Mães ficamos surpresos. Derrick era o Elfo mais longevo na Montanha Marrom, e ele disse que esse era o humano mais forte que já tinha visto.

Odin era um Participante incrível que já tinha terminado todos os 20 Exames em que participou até agora. Eu não tinha ideia do quão forte ele era.

— Então por que você quer se aliar conosco?

— Pois quero trabalhar junto para lidar com futuros perigos que ainda não podemos ver. — respondeu ele. — Visconde Bastian não é páreo para mim, mas eu não sei por que ele lutaria, mesmo sabendo disso. Acho que há alguém maior por trás disso tudo.

Ouvindo isso, as Mães se reuniram e começaram a discutir.

Também me perdi em pensamentos.

“Vamos pensar. Considerando tudo por agora, o Clã Prata dos Licantropos e o Visconde Bastian devem ter feito algum tipo de acordo. Devem ver os Elfos como algum tipo de alvo em comum. Enquanto o ambicioso Leon Silver possivelmente pensa em expandir o seu território para a Montanha Marrom, o Visconde Bastian deve estar querendo capturar todos os Elfos, vendê-los como escravos e lucrar com isso.”

Adicionando o Mago Negro que controlava os zumbis a essa mistura, a aliança dos três poderia conseguir o que quisesse ao atacar os Elfos.

“É isso.” Organizei os meus pensamentos antes de falar: — Tenho algo a dizer.

— Pode dizer, Kim.

— Bem, isso que o senhor Odin disse, sobre o perigo invisível, eu acho que é o Mago Negro.

— Mago Negro?

— Sim. Eu consigo imaginar o que o Clã Prata e o Visconde Bastian almejam ao focar nos Elfos. Os Licantropos querem território, e o outro quer escravos Elfos.

— Coisas cruéis.

— Os sem-vergonha juntaram forças. — As Mães estavam com muita raiva.

Continuei a falar: — O problema é o que o Mago Negro quer. E eu acho que é a Árvore da Vida.

— A Árvore da Vida?

— Sim. Ouvi de um feitiço do mal que traz zumbis para estudar a imortalidade. Nesse caso, a Árvore da Vida, que é cheia de força vital, não seria o espécime perfeito para isso?

— Não tinha pensado por esse lado… — Odin assentiu, concordando.

Continuei: — Tem algo que quero perguntar. Antes de eu chegar aqui, a Árvore da Vida começou a adoecer. Quando isso começou?

— Por que pergunta isso? — A Mãe Anciã perguntou.

— Quero saber se ela adoeceu por causas naturais ou se o Mago Negro colocou alguma maldição ou coisa do tipo.

As Mães entraram em choque.

— Não foram causas naturais, foram?

— Também pensei assim. Deve ser por isso que nunca acreditaram que ela estava morrendo.

— Se não eram causas naturais, isso explica como não encontramos a causa.

— As deduções de Kim estão certas.

As Mães começaram a falar todas ao mesmo tempo, e o lugar começou a parecer um mercado de peixe, assustando Odin.

— É sempre assim por aqui?

— Sim. Você se acostuma logo.

— É um sistema de governo divertido.

— Depois de se acostumar, você só vai conseguir suspirar.

A agonia de um homem em ter que ouvir as mulheres conversarem…

Depois de muito papo, uma decisão foi tomada.

— Decidimos que, se nós três vamos juntar forças, precisaremos de uma aliança, Conde Odin, de Ulpenburg.

— Sábia escolha. — Odin apertou a mão da Mãe Anciã, concordando com os termos. — Tenho um pedido: posso ver os zumbis? Queria medir o quão perigosos são.

— Gostaria de se juntar à luta por um dia? — convidou Derrick.

Odin sorriu e concordou com a cabeça: — Parece uma boa. Não tenho tido tempo de praticar as minhas habilidades ultimamente.

Decidi ir com eles. Não era todo dia que tinha a chance de ver Odin em ação.

Juntos, fomos até o desfiladeiro do Sudoeste.

 

***

 

— Tem um tanto bom deles. — Foram os pensamentos de Odin ao ver a horda escalando. — Vocês sempre lutaram contra todos esses?

— Esses tempos o número aumentou bastante. — respondeu Derrick.

Os Elfos que guardavam o penhasco estavam curiosos com o recém-chegado, Odin. Todos se interessavam por ver as suas habilidades.

Talvez tendo lido a atmosfera, o homem sorriu e tirou a espada da bainha: — Suponho que seja minha hora de lutar.

— Quando estiver pronto.

— Tudo bem se quebrar um pouco do penhasco?

Me surpreendi com essas palavras, enquanto Derrick sinalizou com o queixo para os outros Elfos, que saíram de perto da beirada.

— Vá em frente.

— Com licença. — Odin fechou os olhos e pareceu focar na espada.

Então, um halo azul começou a ser emanado da sua espada, como um brilho de calor.

— O-o que foi isso?

— Ele está focando Aura na arma. — respondeu Derrick.

— Isso é possível?

— Esse humano pode fazer mais do que isso. Só assistam.

O brilho azul emanado da espada eventualmente se tornou uma massa sólida.

— Espada de Aura. Faz tempo que não vejo algo assim. — comentou o Elfo.

— Uma Espada de Aura é algo incrível assim?

— É dito que, se o seu Controle de Aura chega a um determinado nível, isso é sim possível. Eu só vi algo do tipo há muito, muito tempo. Entre os humanos que nos atacaram, tinha um capaz de usar essa habilidade. — Assim que Derrick terminou de falar, Odin pulou no penhasco, indo diretamente rumo aos zumbis, e balançando a sua espada para todo lado.

O efeito disso foi chocante. A tempestade de Aura varreu os zumbis. A força do impacto quebrou uma fileira de rochas e criou um deslizamento.

Com um único golpe, Odin acabou tranquilamente com algumas centenas de zumbis.

“Ele é mesmo humano?” Fiquei embasbacado.

Nesse nível, ele era quase uma arma ambulante. Não faria diferença se estivesse carregando um míssil no cinto ao invés de uma espada!

— Ah, isso foi tão bom. — Odin voltou para o topo do penhasco com uma cara satisfeita.

— Aquilo foi incrível!

— Obrigado. Agora, tudo bem se eu ver as suas habilidades?

— Há de vê-las nesse instante. — Derrick puxou ambas as espadas.

Me preocupei um pouco. Embora a técnica de Derrick fosse impressionante, se comparada ao enorme poder que Odin demonstrou agora, parecia meio sem graça.

Mas essa preocupação foi meio infundada.

— Kasa. — Derrick Invocou um espírito.

A Kasa dele era um grande gigante de fogo. Um espírito enorme, com 5 metros de altura. A figura estava em chamas, como uma besta demoníaca das revelações.

— Um Espírito de nível superior! — Odin tremia de animação.

“Esse é um Espírito Superior?”

Por um momento, pensei na minha própria Kasa. Ela, cujo corpo tinha crescido e balançava a sua cauda impressionante.

Kuk, não importa o quanto pense nisso, ela não é tão legal quanto a do Derrick!”

Quando achei que não tinha como melhorar, o Elfo nos mostrou algo ainda mais legal. O gigante de fogo se uniu ao seu mestre e os seus corpos se tornaram um. As chamas de Kasa entraram no corpo de Derrick e foram absorvidas até desaparecerem. No lugar, labaredas quentes surgiram. Fogo saiu da respiração dele.

Derrick pulou até a beirada do penhasco. E, com um grande berro, empunhou as espadas duplas. Fogos de artifício surgiram. Havia chamas em todas as direções, como uma cachoeira de fogo.

Abaixo do penhasco, labaredas fluíam como um rio, derretendo os zumbis. Em um instante, centenas deles se tornaram cinzas e morreram. Ao final da celebração com fogos de artifício, não restou um zumbi escalando a montanha.

— Minha nossa…

Esse era o poder da Invocação de Espíritos?

Antes, achava que os Espíritos invocados e as armas eram diferentes e separados. E até agora achava que as habilidades de Derrick estavam nas espadas duplas, não na Invocação de Espíritos. Mas depois de ver o impacto da combinação das espadas duplas e do Espírito, senti como se tivesse conhecido um mundo totalmente novo.

“Eu posso combinar armas e Espíritos!”

Eu devia.

Pensava no Mosin-Nagant e nas pistolas duplas como ferramentas de suporte, e a Invocação como uma habilidade útil para muitas situações. Pensava neles como diferentes ferramentas para diferentes coisas.

Mas logo concluí que, se continuasse a pensar assim, nunca me tornaria como o Derrick.

Focar em uma delas ou usar ambas como uma.

Escolhi o segundo como meu caminho futuro.

“Fui muito descuidado quando pensei na Invocação de Espíritos até agora. Então eu devo testar mais possibilidades no futuro.”

Ponderei qual seria a minha tarefa neste 6º Exame.

— Faz um tempo que vi as suas habilidades. — Quando Derrick voltou, foi inundado de elogios.

— Foi incrível!

— Certamente Derrick.

O Elfo só sorriu.

Esses caras, eles estavam apenas se exercitando até agora. Pensando bem, não tinham nem usado a Invocação de Espíritos. Não deviam ter usado a sua força total.

— Que tal? — Derrick perguntou a Odin.

— É a primeira vez que vejo algo tão incrível. O mundo não sabe muito sobre os Elfos e sobre a Invocação de Espíritos, então foi difícil de entender.

Era verdade.

Derrick sozinho poderia, dentro de uma hora, tornar tudo dentro do Clã Prata um mar de fogo. Mas eles não sabiam o porquê de estarem mirando os Elfos.

— Só estranhei uma coisa. Todos os ataques têm esse número de zumbis?

— Curiosamente, eles aumentaram esses tempos.

— Mas para desperdiçar esse número de zumbis todos os dias, alguém precisaria de muitos cadáveres. E isso seria inviável.

Quando Odin disse isso, também parei pra pensar. Ninguém seria capaz de conseguir tantos corpos todos os dias, na surdina.

Volume 2

Capítulo 85: Exploração (1)

“Isso é definitivamente estranho.”

Você não poderia conseguir tantos corpos todos os dias. Ao menos seria dificílimo fazer isso em segredo.

Então Odin disse: — Talvez ele não esteja pegando novos corpos todos os dias. Se fosse assim, as notícias teriam se espalhado e, como a Magia Negra é banida, todas as nações do mundo se levantariam contra isso.

— Então?

— Até agora, vocês lutaram derrubando os zumbis que escalaram?

— Correto, dessa forma não gastamos tanta energia.

— Nesse caso, só consigo chegar a uma conclusão lógica — falou Odin. — Reutilizar os zumbis caídos uma e outra vez.

— Reutilizar? — As expressões dos Elfos mudaram.

— O fundo do penhasco é tão longe que não podemos ver. Se os zumbis caem dessa altura, não estariam inutilizáveis? Os pedaços deles ainda seriam usáveis? — perguntei.

Odin deu de ombros: — Não tenho certeza e não tem como saber sem conferir. Além disso, conseguir tantos corpos não é fácil. Mesmo se um país inteiro se mobilizasse, ninguém conseguiria fazer isso secretamente.

— Então deveríamos checar… — murmurou Derrick, enquanto olhava pelo penhasco.

— Se vai explorar, gostaria de me juntar a você. — Odin sugeriu, mas o Elfo negou com a cabeça.

— De agora em diante, são nossos negócios. Não há necessidade de se incomodar com isso.

— Entendo. Mas, como somos aliados agora, se precisar de ajuda, não hesite em pedir.

— Eu o farei.

Depois de voltar ao vilarejo, Odin se despediu: — Devo retornar agora.

— Mas já? Fica mais um dia antes de ir.

— Gostaria, mas não posso ficar mais tempo fora do meu território. Estamos no meio de uma guerra, então preciso voltar o mais rápido possível. — O homem sorriu e apertou a minha mão. — De qualquer forma, obrigado por hoje. Se não fosse por você, senhor Kim Hyun-ho, eu não teria sido capaz de me aliar com os Elfos, nem de ver um Espírito de nível superior.

— Imagina.

E, assim, Odin saiu com os dois que vieram com ele.

Eu também estava grato, graças a ele consegui ampliar o meu conhecimento através de uma experiência especial. A Aura da Espada de um Mestre de Aura. O verdadeiro poder e uso da Invocação de Espíritos Superior. Eram níveis incríveis que eu precisava alcançar um dia.

— Arma, Neilson H2.

Com um som, duas armas apareceram, uma em cada mão. Encarei-as com sinceridade. Como poderia usá-las com Espíritos Invocados? O único método que conseguia pensar era usando a Sylph para melhorar a precisão.

Se ela, que era um Espírito de vento, podia direcionar a mira, eu teria uma precisão de 100%, não importava a distância. Mas, mesmo assim, não teria diferença no poder. Uma arma é uma arma.

“O projétil magnum é bem forte, mas agora parece tão meh…”

Vendo Odin e Derrick agindo hoje me fez achar as armas de fogo obsoletas. Comecei a considerar uma má ideia tê-las escolhido como meu armamento principal.

“Deve ter um jeito.” Comecei a mentalizar formas de usar Sylph e Kasa no tiroteio. “Eu deveria usar a Sylph para fazer a bala voar mais rápido?” Mas isso era muito esforço para pouco resultado.

Mudar o rumo de um projétil disparado consumia muito tempo de invocação, como já tinha visto antes.

“Tenho que usar o mínimo para conseguir o máximo de poder.”

Pensei nos fundamentos da minha semi-automática Neilson H2. O gatilho é puxado, fazendo a pólvora acender e explodir, a pólvora pega fogo e forma gás. O gás preenche o espaço e, com a pressão, a bala é disparada. A pressão também pode ser usada para empurrar de volta o ferrolho.

“Pera aí. A explosão e a pressão não podem ser controladas por Kasa?”

— Kasa. — O cachorrinho não tinha sido invocado por um tempo, então balançava a cauda de um lado ao outro. — Ouça com cuidado. — Expliquei em termos gerais os princípios da minha arma e dei a ordem. — Você acha que pode usar o seu poder para aumentar a explosão da pólvora?

— Au! — Kasa fez que sim com a cabeça.

— E você pode controlar a pressão que vem da explosão? — Kasa assentiu novamente. — Então você pode acelerar a combustão da pólvora e focar toda a pressão que não é usada no ferrolho e no tambor na bala? Entende o que estou dizendo?

Queria usar o máximo da pressão de gás e focar no disparo do projétil. Muitas vezes, o que leva uma arma a quebrar é não aguentar a pressão, pois essa não é focada inteiramente na bala, mas dissipada.

Dessa forma, usando Kasa, eu poderia fazer o projétil mais poderoso e diminuindo as perdas da arma.

“Vamos tentar isso.”

— Sylph.

— Miau? — Sylph foi invocada. Mais uma vez, as duas figuras lutaram por um lugar no topo da minha cabeça.

— Se livre de todo som.

— Miau! — Sylph assentiu.

Mirei a minha arma para o céu.

— Kasa, pronto?

— Au, auau! — Fez que sim com força.

Puxei o gatilho. Graças à barreira de som da Sylph, o disparo não soou e tudo o que pôde ser ouvido foi o som do ar sendo perfurado.

“É um sucesso.”

O recuo foi muito maior que o normal. Com esse recuo, presumi que o disparo foi cerca de duas vezes mais forte que antes.

“Não posso ficar satisfeito com isso.”

Dessa vez, considerei como usar a Sylph também. Depois de pensar por um tempo, tive uma ideia de usá-la para aumentar o fogo: — Sylph, você pode adicionar mais oxigênio e aumentar a explosão assim que a pólvora acender?

— Miau. — Sylph assentiu.

“Bom!”

Um método de tiro usando os dois Espíritos, com pouco esforço.

— Vocês dois, vamos fazer isso. Prontos?

— Auau!

— Miau.

Os dois responderam com espírito competitivo.

Atirei pra cima mais uma vez. O recuo foi muito maior que o de antes. O som de uma bala cortando o ar pôde ser ouvido. Outro sucesso.

“Eu quero usar isso em outro lugar!”

Não podia esperar pelo amanhã.

 

***

 

No dia seguinte, do nada, Derrick falou: — Vou explorar o fundo do penhasco.

Decidindo tão rápido, os Elfos homens eram diferentes de suas companheiras fêmeas.

— Não importa o que, o objetivo é explorar. Vou escolher 5 para o grupo.

— Entre esses, certeza que um é você. Eu vou também.

— Eu também.

— E eu. — Os Elfos Anciãos falaram.

“Na verdade, eu também quero ir.”

As habilidades de todos eram incríveis, então não parecia haver lugar para mim ali. Até agora, eu tinha confiança, achando que as minhas habilidades eram decentes entre eles, mas percebi que tive uma desilusão.

Todos tinham vivido por um longo tempo, e provavelmente conseguiram os melhores Espíritos intermediários ou mais altos, e os meus tinham acabado de chegar no nível 6.

Decidi me afastar em silêncio. Mas, então, Derrick me perguntou: — Kim, você vai?

— Huh? Tudo bem eu ir junto?

— Não vamos lutar, mas explorar. Vai ser perigoso, sei disso, mas eu estou indo, então não tem com que se preocupar.

— Mas têm outros que querem ir, tem uma razão para me incluir?

— Acho que seria bom ter o ponto de vista de um humano, além da perspectiva de um Elfo. Não só isso, Kim, mas você é sábio e sem dúvidas será útil na exploração.

Whoa, ele me chamou de sábio. Cadê a mamãe a a Noona pra ouvirem isso?”

— Nesse caso, gostaria de me juntar. Tentarei ao máximo não atrapalhar.

— Não precisa se preocupar. As suas habilidades melhoraram drasticamente.

Ah, consegui outro elogio do Derrick-nim!” Senti o meu coração vibrar. Depois de ontem, minha imagem de Derrick cresceu ainda mais.

Incluindo eu e ele, um grupo de 5 pessoas foi formado.

— Cob, você pode invocar a Sylph, por favor?

— Ok.

Um Elfo guerreiro veterano chamado Cob, com cerca da mesma idade de Derrick, invocou Sylph. Uma forma de vida redonda, com grandes asas. Tinha por volta do tamanho da minha cara, mas as suas asas eram grandes o suficiente para me envolver por inteiro e mais.

Uma Sylph peculiar. Analisando o seu tamanho e presença, concluí que devia ser um Espírito intermediário. Era definitivamente mais incrível que a minha Sylph, mas nem tanto como o gigante de fogo do Derrick. Então, intermediário.

— Vamos lá! — Derrick pulou primeiro.

Todos pulamos, um de cada vez, em fila. Se alguém visse, poderia parecer um suicidio em grupo. Para diminuir a resistência do ar, me encolhi o máximo possível. Assim, aceleramos a queda cada vez mais.

“Isso é emocionante!”

A pressão do ar ao redor do meu corpo despertou vividamente os meus sentidos. Nenhuma montanha russa trazia um sentimento assim. Mas então, no meio da nossa queda, Derrick pareceu perceber uma coisa, antes de estalar os dedos. Em um instante, a Sylph de Cob estendeu as suas asas.

A parede de vento se expandiu e pegou os nossos corpos. Paramos no meio do ar.

— Aquilo. — Derrick apontou para algo.

Era uma teia de aranha gigantesca. Não apenas pelo tamanho, mas a grossura era como lã.

— Uma teia? — murmurei.

Derrick falou: — É a teia de Aracne.

— Oh, isso…! — Olhei para a luva que estava na minha mão. Essa luva Aracne que Odin me deu foi feita desse material.

— Deve existir uma Aracne aqui também.

— Será que era um habitat dela que foi dominado pelos zumbis?

— Provavelmente. A região sob o topo do penhasco era o território da Aracne, pelo que ouvi dizer. Mas não podemos ter certeza, porque não está no nosso território e nunca estivemos aqui antes.

— Também ouvi isso do meu pai. Foi há tanto tempo que eu tinha esquecido. — Os quatro Elfos dialogaram entre si.

Então, falei: — Posso chegar perto e dar uma olhada?

— Claro.

Cob e Sylph me aproximaram da teia.

Estendi a minha mão para o penhasco e agarrei uma ponta de pedra que se sobressaía. Como já havia uma rachadura, parte dela se partiu com a minha força. Peguei o pedaço de pedra e joguei na teia.

Surpreendentemente, a rocha deslizou para fora da teia.

— O que?

— O que é isso? — Os Elfos estavam surpresos.

Uma teia normal teria prendido a pedra, deixando-a grudada ou se rompendo com o peso. Mas essa não fez isso. Alguém tinha alterado as propriedades e eliminado a viscosidade da teia.

— Parece um trabalho do Mago Negro.

— Sério?

— Sim, se alguém não tivesse manipulado a teia, a viscosidade não teria desaparecido.

— Isso é verdade. — Derrick concordou comigo.

— E isso confere, mas você não disse que o território de Aracne é aqui embaixo?

— Sim.

— Mas nós mesmos nunca vimos. — responderam os Elfos.

Com isso, pude chegar a uma conclusão: — Acho que a Aracne que vivia aqui foi para o lado do Mago Negro.

Volume 2

Capítulo 86: Exploração (2)

— Se o Mago tem a Aracne morta-viva, seria bem mais forte que os zumbis feitos de cadáveres humanos, por que ele ainda não usou para atacar? — perguntou Derrick.

Eu disse: — Isso indica que o lado deles ainda não mostrou o seu verdadeiro poder. E o Mago usou Aracne para outro propósito.

— Outro Propósito?

Apontei para a teia: — Por que você acha que o mago colocou uma rede não-viscosa aqui?

— Não tenho certeza…

— É para reutilizar. — Derrick arregalou os olhos, enquanto continuei a falar: — Ele colocou essas teias por todos os lados para pegar os zumbis com segurança. Dessa forma, os corpos podem ser preservados e usados para atacar novamente.

— Vamos checar isso por agora… — Com as palavras de Derrick, Cob fez Sylph remover a barreira de vento e voltamos a cair.

A minha hipótese estava certa. Havia teias por toda parede do precipício. Várias estavam rasgadas, mas possivelmente graças aos esforços de Odin ontem.

— Droga. — Diferente do usual, Derrick xingou. E não julguei.

Até agora, eles lutaram pensando que estavam jogando os zumbis no chão, mas por causa disso as hordas continuavam atacando.

— Deveríamos ter explorado o penhasco desde o começo.

— Sim, se tivéssemos visto isso antes, poderíamos ter montado um plano.

— Droga. Desperdiçamos todo esse tempo. Devíamos ter feito picadinho deles assim que subiam. — suspiraram os Elfos, cheios de auto-culpa.

Dei umas palavras de encorajamento para eles: — Não acho que isso seja verdade. Como os zumbis não acabaram, o Mago Negro continuou a usar o mesmo método de ataque. — Eles me olharam estranho. — No tempo que isso nos deu, revivi a Árvore da Vida e consegui ajudar a pequena a crescer. Isso nos ajudou muito.

— Entendo… O tempo estava do nosso lado.

— Sim.

— Isso faz sentido. Como temos duas Árvores da Vida, nos tornamos mais fortes.

— Ho, pensando assim, não perdemos tempo algum?

— Esse é o Kim

— Usando um ponto de vista que não tínhamos pensado antes e entendendo a situação de forma diferente. — Cob e os outros Elfos veteranos me encheram de elogios. Isso me deixou envergonhado, ao mesmo tempo que me trouxe um bom sentimento. É muito bom ser reconhecido por alguém.

Continuamos caindo.

Comecei a me perguntar quanto tempo havia se passado quando ouvi: — Se preparem.

Todos pegamos as armas.

“Essa é uma boa oportunidade para conferir o que testei ontem.” Eu estava animado por isso.

Um tempo depois, chegamos ao chão. A altura da queda foi realmente imensa.

O lugar estava preenchido por zumbis, que rastejavam com os mortos-vivos feitos de cadáveres humanos.

— Não tem uma Aracne. — comentou Derrick.

Falei: — Significa que os zumbis feitos de humanos são descartáveis. Você não acha que o Mago Negro já foi embora?

— Ele foi?

— Sim. Olha: não tem bem menos zumbis do que achamos que teria? Ontem, graças a vocês dois obliterando as criaturas ao ponto de não sobrar nem a sombra deles, os números diminuíram pra caramba. Por causa disso, o Mago Negro deve ter concluído que não dava pra continuar e saiu.

— Hmm, é um raciocínio válido. Então, deixando os zumbis aqui…

— O mago deve estar querendo nos jogar para o último minuto. Se não houvesse nada por aqui quando chegássemos, saberíamos que o ataque está vindo de outro lugar, e iríamos dar um jeito de impedir assim que possível.

Então, Cob gritou: — Tem uma caverna aqui.

Todos olharam para a direção para a qual Cob apontou e, realmente, rumo ao interior do desfiladeiro, havia uma caverna.

— Precisamos checar isso.

— Espera. — parei Derrick.

— O que foi?

— Essa caverna, além dela, pode haver alguma abertura de um lado diferente?

— Não tenho certeza.

— Nesse caso, não precisamos checar. Existem grandes chances de ter armadilhas lá esperando nós entrarmos.

— Kim está certo. Farei Sylph olhar lá dentro. — Cob deu um passo à frente.

Derrick assentiu: — Boa ideia.

A Sylph de Cob entrou na caverna. Enquanto esperávamos o relatório da exploração, ficamos pendurados na parede do penhasco.

Depois de um tempo, ela retornou. Cob e o espírito pareciam ter algum tipo de conexão, ele assentiu e disse: — Como Kim disse, existem nove Aracnes morto-vivas lá.

— Você consegue conversar com a sua Sylph?

Com a minha pergunta, Cob riu: — Existe um método especial para se comunicar com um espírito intermediário.

— Uau… — Se os meus espíritos tivessem nesse nível, seria muito mais fácil dar ordens e fazer reconhecimentos. Eu realmente devia melhorar a minha habilidade principal.

— Mais alguma coisa?

Cob fez que não para a pergunta de Derrick.

O Elfo mais velho fingiu ponderar por um momento e, então, decidiu: — Vamos limpar tudo e voltar. Se deixarmos essas coisas aqui, o Mago Negro pode usá-las novamente.

— Concordo.

— Vai ser fácil.

— Meu poder resolve tudo com um golpe.

Com isso, Derrick invocou o seu Kasa.

Um gigante de fogo apareceu e se assimilou com o Elfo. Kasa se infiltrou no corpo de seu mestre e o fez brilhar com chamas azuis.

Todos os outros Elfos, de armas em punho, seguiram o exemplo e invocaram os seus espíritos.

— Sylph, Kasa!

 Miau.

— Auau!

Também invoquei os meus dois espíritos fofos e peguei as minhas armas duplas.

— Lembram do treino de ontem? Vamos tentar isso.

A dupla assentiu e a luta começou.

Derrick balançou a sua espada e as chamas foram disparadas aleatoriamente. Em um momento, um rio de fogo levou os zumbis e os transformou em montes de cinzas.

Usei as minhas pistolas duplas contra as criaturas que Derrick não matou. Cada vez que atirava, acertava dois zumbis na cabeça e um no corpo. O poder tinha ficado forte o suficiente para acertar três zumbis por tiro!

“Isso!”

Me animei e comecei a atirar para todo lado. Criaturas em todas as direções, em um raio de 10 metros, foram atingidas pela minha arma e caíram.

Em pouquíssimo tempo, não havia mais zumbis por ali.

Finalmente, Derrick empunhou a sua espada enquanto ia para a caverna: — Esse é o fim.

As labaredas que saíam da ponta da arma foram para a caverna, de onde gritos sombrios soaram, provavelmente das Aracnes sendo queimadas.

— Agora vamos voltar.

A limpeza foi feita rapidamente, e Derrick resolveu voltar.

— Parece chato voltarmos de mãos abanando, vamos pegar alguns espólios de guerra no caminho pra cima.

Ouvindo as palavras de Cob, Derrick riu e assentiu: — Tudo bem.

— Espólios de guerra? — perguntei.

Um Elfo veterando me ensinou: — As teias de aranha. Se trouxermos algumas de volta, as mulheres vão amar. São um bom material para roupas.

— Ah!

Usando o poder da Sylph de Cob, reunimos as teias espalhadas pelo lugar. Como o grude tinha sido removido, foi fácil de pegar.

“Seria incrível fazer uma camisa disso…”

Uma incrível camiseta, imune a espadas! Seria um equipamento defensivo de respeito, que poderia salvar a minha vida em várias situações.

Pegamos todas as teias de Aracne e voltamos para cima. A pilha de teias tinha o tamanho de uma pequena montanha.

— Vocês voltaram mais rápido que o esperado!

— Uau, o que é tudo isso?

— A esposa vai amar isso. Tudo bem se eu pegar um pouco também?

Derrick apontou para a pilha: — Podem pegar o quanto precisarem.

— Isso!

— Cada um pega o seu.

— Não sejam gananciosos, deixem um pouco para os mais novos.

— Kim, vem pegar um pouco também. Oh, espera, você não tem uma mulher para fazer algo pra você?

Com as palavras de Cob, não pude deixar de dar um leve gemido. Sentia falta de Min-jeong! Não era como se ela tivesse as habilidades para transformar isso em uma camisa, mas ainda assim.

— Minha esposa pode fazer pra você. Kim, o que você quer? — perguntou Derrick.

Oh, Derrick! Então a Mãe Anciã vai fazer a minha? Como é a mais velha, será que tem as melhores habilidades?”

— Quero uma camiseta para usar por dentro.

— Boa escolha. — Derrick pegou a minha porção de teia em meu lugar. E foi decidido que o restante seria distribuído entre os outros homens.

— Todos os homens vão enlouquecer se usarmos isso como cordas para os arcos.

— Isso deve ser suficiente.

Voltamos para o vilarejo, não havia mais razão para guardar o desfiladeiro. Primeiro, eu precisava descansar e pensar em outras defesas.

Os velhos guerreiros Elfo voltaram e as Mães correram em suas direções.

— Querido!

— Todos estão de volta?

— Você chegou cedo, meu bem!

— Bem-vindo de volta, amor!

É. Claro, as suas companheiras eram as Mães de mais de 200 anos desse vilarejo.

A Mãe Ancião também surgiu, se inclinando para Derrick: — Ah, meu… Que teia é essa? É de Aracne?

— É sim.

— Oh, minha, minha… Me dê isso aqui. Vou te fazer alguma coisa boa.

— Obrigado. — Derrick acariciou o cabelo dela e a Mãe Anciã amou o gesto.

Vendo a cena afetuosa do casal de meia-idade, me senti enciumado e triste novamente.

— Também peço uma camiseta para Kim.

— Ah, claro. Kim não tem uma companheira.

Argh… sendo tratado como solteiro..”

Mas, então, uma pequena criança correu até nós. Uma garotinha muito fofa, a Elise. Ela agarrou o calcanhar das calças da Mãe Anciã e chacoalhou.

— O que foi, Elise?

A pequena apontou para as teias de aranha.

— Isso? Isso vai ser usado para roupas para Derrick e Kim… Oh! — A Mãe Anciã deve ter percebido alguma coisa e deu um punhado para ela. — Faça o seu melhor. Kim disse que queria uma camiseta.

— Hehehe. — Elise sorriu timidamente para mim, abraçou a teia com ambos os braços e desapareceu.

Eu não conseguia pensar em nada, apenas olhei para o além.

Os resmungos de Derrick me trouxeram de volta para a realidade: — Agora que penso nisso, as suas idades são próximas.

— O quê?!

— Kim, quantos anos você tem?

— 29. — Não interprete mal. Tinha 30 anos em idade coreana, mas tinha 29 de verdade.

— Sim, idades semelhantes. Elisa faz 31 esse ano.

Me engasguei com as palavras de Derrick.

Uh, entendo.” A expectativa de vida de um Elfo é três vezes maior que a de um humano. Do lado de fora ela poderia até parecer jovem, mas a sua idade é cerca de três vezes mais que a aparência.

— Então… ela pegou a minha porção de teia pra…

— Ela vai fazer a sua roupa.

Pelo que entendi, fazer a roupa de um homem é dever da sua companheira. Mas Elise fazer as minhas roupas significava…

— Oh, uh… não! Isso não vai dar!

— O que não vai dar?

— Quero dizer, eu não posso! Sou humano e já tenho uma garota!…

— Nada será um problema. Você é nossa família.

— Ahh! Re-realmente, não!

Para tirar as suas palavras que pulavam, fazendo festa na minha mente, corri para a Árvore da Vida como um louco.

 

***

 

Olhando para Kim Hyun-ho correndo como louco em direção à árvore, como se estivesse fugindo de algo, Derrick disse: — Para nós, Elfos, fazer roupas é uma expressão de gratidão, mas ele parece ter entendido errado.

— Hohoho, ele deve achar que a companheira deve fazer as roupas.

Geralmente, fazer as vestimentas era uma forma de agradecer. Em geral, as mulheres faziam roupas para os homens por serem gratas por eles passarem o resto da vida juntos com elas.

— É divertido, vamos deixar assim.

— Aww, como você me conhece tão bem?

— Somos um casal.

— Hohoho.

O casal mais fofo e apaixonado do vilarejo mostrou a sua afeição hoje também.

Volume 2

Capítulo 87: Renascimento (1)

Faziam 2 meses desde o início do 6º Exame.

Durante todo esse tempo, aconteceu uma coisa. Elise me fez uma camiseta. Apesar de ser tão jovem, ela tinha habilidades impressionantes. Todos os Elfos são assim?

De qualquer forma, eu disse que não poderia aceitar, Elise começou a chorar e correu para algum canto, deixando a sua irmã mais velha, Ella, furiosa enquanto a trazia de volta.

Só depois de ouvir um longo sermão de Ella que entendi o meu mal-entendido.

Para acalmar a chorosa Elise, toquei o minuet de Bach para ela.

Como se nunca tivesse chorado, a pequena parou e ficou imersa na música. Depois de terminar, percebi que todos os Elfos do vilarejo estavam ao meu redor.

Logo percebi que, com apenas as habilidades que tinha do livro Suzuki volume 3, teria que fazer um recital.

Claro, normalmente demoraria alguns anos para chegar nesse ponto.

De qualquer forma, a música dominou o vilarejo como uma tempestade.

— Que melodia maravilhosa!

— Devemos fazer um instrumento desses!

No que tangia a instrumentos musicais, eles só tinham uma flauta de junco, então os Elfos correram para criar algo como o violino.

E, surpreendentemente, uma certa jovem Elfo fez um instrumento muito parecido com um jang — uma espécie de harpa.

A invenção da harpa élfica se espalhou rapidamente entre os habitantes e logo a música se tornou constante na vila.

Os homens gostavam tanto de ouvir a música que disseram que saber tocar era uma virtude, e uma tarefa para as mulheres.

“Esses Elfos são assustadores.”

O efeito cascata de quando eu ensinava qualquer coisa para eles não era brincadeira. Prometi para mim mesmo outra vez: nunca ensinaria a eles sobre jogos de azar.

Além de tudo, a ameaça dos zumbis passou, e os dias se tornaram mais tranquilos. Durante esse novo tempo livre, aproveitei para treinar o meu recém-criado estilo de pontaria.

Forçando a aceleração da rotação do projétil, a força é maximizada e o poder de penetração é aumentado. Em uma arma normal, existem espirais no cano. A bala passa por essas espirais antes de sair da arma em si. No momento do tiro, Sylph aumentava o giro do projétil, fazendo-o girar como um incrível parafuso.

Testei a força e, surpreendentemente, a bala penetrou na rocha. Normalmente, ela teria ricocheteado. “Que poder de penetração incrível!”

“Nesse ponto, mesmo se a defesa do inimigo impeça uma bala normal, essa aqui daria um jeito, né?”

Era um poder que ultrapassava o senso comum. Em uma distância de 10m, uma arma como essa conseguiria passar até mesmo um colete à prova de balas.

Era isso.

Para sobreviver na Arena, com métodos assim, eu tinha que evoluir as minhas habilidades. Não poderia ficar confortável com ferramentas, mas teria que combiná-las com as minhas habilidades principais, sinergicamente.

Depois de desenvolver um novo método de tiro, me senti mais à vontade e voltei a focar nos problemas dos Elfos.

Não sabíamos quando e onde o exército zumbi surgiria.

Atualmente, uma rede de busca generalizada tinha sido formada, criando uma segurança impenetrável, mas, em um caso de luta repentina, não sabia o que poderia acontecer.

“Os Elfos são incríveis, mas são muito poucos…”

Com Derrick como representante, só havia 34 guerreiros Elfos veteranos com mais de 200 anos. Elfos homens mais jovens, como Jake, tinham 97. E o número de Mães e moças mais jovens era quase o mesmo. Em uma emergência até conseguiriam lutar, mas a força poderia não ser suficiente.

“Esses números são poucos para manter a Montanha Marrom inteira como território e preservá-la.”

Tive uma ideia e me aproximei da Mãe Anciã em silêncio: — O que vocês achariam de ter outra vila élfica na Montanha Marrom?

— Outro vilarejo?

— Sim, não é possível?

— Por que não seria? A Montanha Marrom é enorme, mesmo com mais Elfos por aqui, ainda teríamos muito espaço.

— Você não acha que existem outros Elfos por aí cujas Árvores da Vida se deterioraram e que acabaram sendo alvos de humanos?

— Tenho certeza que sim. — O rosto da Mãe Anciã estava cheio de tristeza e pena. — Essa é a história dos que vieram para nós depois de serem escravos. Os Elfos não seriam alvos dos humanos se a Árvore da Vida estivesse em boas condições.

Continuei: — Então o que você acha de chamar esses Elfos para cá e formar outro vilarejo?

— Uma vila de Elfos precisa de uma Árvore da Vida… Ah! — A Mãe Anciã percebeu alguma coisa.

Eu também sabia disso. Em uma vila élfica, o centro deveria ser uma Árvore da Vida. Não apenas para o poder da natureza, mas também para o suporte espiritual.

Mas a Montanha Marrom não tinha duas Árvores da Vida?

— Com a Árvore da Vida que está crescendo no Sudoeste como centro.

— Sim, ouvi que a pequena está crescendo bem, graças a você.

— Se uma nova vila for criada por aqui, a população também cresceria. Se houvesse outro ataque de mortos-vivos, teríamos muito mais vantagem na luta.

— É uma boa ideia. Primeiro, vamos perguntar para aqueles que vieram da escravidão.

Depois disso, tudo se encaixou. Dos 10 Elfos libertos, 3 eram mulheres mais velhas que se juntaram às reuniões das Mães.

— A Árvore da Vida murchou por razões desconhecidas e, para evitar as invasões humanas, tivemos que nos esconder no fundo da floresta.

— Eu era da mesma vila. Pensei que a Árvore da Vida estivesse melhor, mas encontrei humanos escondidos quando fui conferir.

— Isso é estranho. Aconteceu algo parecido na minha vila.

Depois de ouvir tudo, contei para a Mãe Anciã a minha teoria: — Acredito que o mais provável é que exista um plano do Mago Negro em ir contra todos os Elfos do continente.

— O Mago Negro está nos atacando?

Continuei a explicar: — Escravos Elfos são vendidos a preços mais altos, então ele pode conseguir ajuda de terras vizinhas com certa facilidade. Usando um método qualquer, os Magos afetam a Árvore da Vida, enquanto as tropas da terra entram na jogada e levam os Elfos. Esse deve ser o padrão.

— Que horrível! Eles fizeram algo tão desprezível, agora é a nossa vez de agir!

— Sim, mas claro que essa é apenas a minha teoria, não temos certeza de nada.

A Mãe Anciã ficou chateada: — Tenho certeza que estão mirando nas Árvores da Vida. Baseado nisso, eles são nossos inimigos jurados.

— Concordo.

— Graças a você, fomos capazes de preservar a nossa Árvore da Vida. É um grande alívio. — A Mãe Anciã me olhou com carinho. — Seguirei a sua sugestão. Como uma Elfa, como poderia fechar os olhos para problemas que afetam os meus irmãos? Traremos eles para a Montanha Marrom.

— Ouvi que existem outras árvores na Montanha Marrom com potencial para se tornarem Árvores da Vida. Penso se seria capaz de fazer algo por elas também.

— Com os seus poderes, não tenho dúvidas! Bem…

— Uma vila para cada Árvore da Vida. Se inúmeros vilarejos forem formados, a Montanha Marrom não se tornaria um território Elfo impenetrável?

— Incrível! Se todos nos reunirmos aqui, ninguém poderá nos derrotar.

Ao fim da discussão, as Mães concordaram em seguir a minha sugestão.

Primeiro, decidiram chamar os Elfos da vila que duas das três Mães libertas vieram.

— Hei de cuidar disso. — disse Derrick.

Era uma tarefa que exigia deixar a Montanha Marrom. Sendo uma missão tão perigosa, com os Elfos tendo que entrar e atravessar territórios humanos, não havia escolha além do melhor guerreiro, Derrick, agir.

Ele chamou outros dois Elfos veteranos e três jovens para dar a eles certa experiência de mundo.

Pedi a Derrick: — Tente ficar o máximo possível nas terras de Odin.

— Aceitarei a ajuda dele. Fizemos um tratado, tenho certeza que nos acomodará.

Como eu tinha que dar uma chama para a Árvore da Vida, não podia acompanhá-los.

As duas Mães libertas foram com eles como guias, e, assim, o grupo de Derrick partiu.

 

***

 

— Você vai realmente deixar essa Árvore da Vida para nós? — As duas Elfas mais velhas estavam profundamente tocadas.

Em pouco menos de dois meses, Derrick completou a missão e retornou.

Os Elfos que tinham perdido a sua vila e passaram a viver escondidos nas profundezas da floresta foram trazidos com segurança.

No caminho, encontraram caçadores de Elfos três vezes, mas todos disseram que Derrick tomou conta deles.

E, assim, os quase 100 Elfos recém-chegados, ganharam a pequena Árvore da Vida como novo lar.

— A árvore está longe de estar madura, então ainda não está pronta para ser o centro de uma vila. — disse a Mãe Anciã.

As Mães do novo vilarejo acenaram as mãos: — Não, imagina! Embora ainda tenha que crescer, o seu potencial é infinito. E não é só isso, apesar de ser pequena, já é uma árvore da Vida completamente funcional.

— Obrigada mesmo por nos dar uma nova casa.

E, assim, uma nova vila élfica foi formada.

Para diferenciar os dois vilarejos, o novo foi chamado “Vila Pinheiro”, enquanto o nosso era “Vila Zelkova”.

Graças à criação da Vila Pinheiro, ficou mais fácil patrulhar a área.

Com a Árvore da Vida, os guerreiros do novo vilarejo começaram a se recuperar pouco a pouco, e ficaram entusiasmados em guardar o novo lar.

“Bom. Por causa disso, nosso poder cresceu bastante.” A minha ideia impulsiva rendeu bons resultados. “E se fizéssemos mais vilarejos dessa forma?”

E se eu criasse outra árvore e montasse outra vila?

Conseguiríamos acabar com os planos dos Magos Negros controladores de zumbis para o ralo. E eu poderia completar a missão sem esforço!

“É por isso que as pessoas deviam usar as cabeças.”

Sem lutar diretamente e perder sangue, eu fui capaz de ter um papel crucial para completar essa missão.

— Vamos criar outra! — corri para as Mães e insisti.

Elas já estavam cientes dos meus planos grandiosos e me deram boas-vindas calorosas.

— Por agora, vamos usar o seu poder para criar outra Árvore da Vida. — falou a Mãe Anciã. — No lado Noroeste, existe uma árvore de bordo com potencial. Considerando a posição, acho que ela é adequada.

— Então acredito que o próximo vilarejo será a Vila Bordo.

— Hohoho, acho que sim.

Nome: Projeto Vila Bordo.

Fiz duas Chamas da Vida e dei para os Elfos que patrulhavam o lado Noroeste.

Passei os meus dias treinando no topo da gigantesca Árvore da Vida na Vila Zelkova. Pensei em focar em aumentar as minhas habilidades de Invocação e Capacidade Física. Se usasse bem a cabeça, poderia sentar em um canto e completar a missão.

Cerca de uma quinzena depois de começar o projeto Vila Bordo, mesmo com as práticas de Invocação e de violino, não foram essas habilidades que evoluíram, mas uma estranha.

Chamas da Vida (habilidade sintetizada): cria uma Chama da Vida e dá vida.

2 usos por dia.

*Nível intermediário 2: efetiva para tratamento, recuperação, anti-envelhecimento, doenças e maldições.

Agora que pensava nisso, não era nada estranho. Eu sempre fazia duas por dia, seria esquisito se não evoluísse.

“Será que, se a habilidade tem um efeito maior quando usada, mais o nível aumenta?”

Em um RPG, quanto mais dano o seu ataque dá em um monstro, mais xp você consegue.

Senti que entendi um novo paradigma para o treinamento de habilidades.

Volume 2

Capítulo 88: Renascimento (2)

Ter aumentado a Chama da Vida para o nível intermediário 2 era uma boa notícia. Com isso, o projeto Vila Bordo ficou mais rápido. Todos os dias, eu alimentava a árvore com duas Chamas da Vida, e ela cresceu como um broto de bambu.

Os efeitos da Chama no Nível Intermediário 2, agindo diariamente, faziam com que a força vital jorrante fosse clara.

12 meses…

O objetivo era proteger os Elfos da Montanha Marrom, e, até agora, apenas 4 meses se passaram.

Nesse período, obtive muitos resultados.

Primeiro, exploramos o fundo do penhasco e conseguimos descobrir os planos do Mago Negro, além de destruirmos os zumbis restantes. Também, reunimos Elfos que não tinham para onde ir e criamos a Vila Pinheiro.

Esse pequeno vilarejo, com população de cerca de 100 Elfos, tratou o pinheiro que crescia como a coisa mais preciosa das suas vidas.

E não foi só isso. Eles se juntaram aos guerreiros Elfos veteranos da Vila Zelkova e, no caso de uma invasão zumbi, teriam criado uma forte linha de defesa. Estavam determinados a não perder o novo lar.

Como a Árvore da Vida estava crescendo bem, os guerreiros da Vila Pinheiro, que tinham perdido a sua força, descobriram que estavam recuperando-na lentamente.

“Se a árvore de bordo despertar como uma Árvore da Vida, outra vila poderá ser criada!”

Eu poderia terminar esse Exame sem grandes esforços.

Agora havia apenas uma coisa que eu desejava.

“Queria que não tivesse que lutar até que a Vila Bordo seja criada.”

O Mago Negro tinha praticamente zerado as suas tropas no penhasco, e teorizei que ele precisaria de um certo tempo para recuperar o seu exército zumbi.

O Exame duraria 12 meses.

Provavelmente, a verdadeira guerra começaria na segunda metade. Eles não dariam uma missão de lutar feito um cão de caça por 12 meses.

“Odin falou de um Exame em que ele teve que se preparar para uma guerra por um ano inteiro.”

Deduzi que seria avaliado no quão bem me preparei.

Claro, era sempre especulação da minha parte, e eu não tinha ideia do que iria acontecer.

Depois de outro mês, em um total de 5 meses, ouvi uma excelente notícia: — A árvore de bordo começou a se tornar uma Árvore da Vida.

— Mas já?

Para minha surpresa, Derrick fez uma rara expressão alegre: — Sim. Está devorando as suas chamas e crescendo bem.

— Um, e como está para ser o centro de um vilarejo? Não está pequena ainda?

— Está sim, mas, para os Elfos que já perderam a sua Árvore da Vida, não é algo para se preocupar. Uma árvore com potencial não é difícil de se achar, mas o complicado é ajudá-la a despertar e a crescer corretamente.

Além disso, a Montanha Marrom já tinha duas vilas élficas, e seria uma área segura, em que eles poderiam se proteger.

Uma nova vila, e o crescimento da árvore de bordo traria Elfos para cá.

— Devemos montar outro vilarejo então?

— Vamos.

Demos a notícia para as Mães na Vila Zelkova.

— Nesse caso, como na Vila Pinheiro, devemos encontrar Elfos que perderam os seus lares. — disse a Mãe Anciã, com alegria.

Reunindo os 8 Elfos libertos, perguntaram onde lares originais eram e onde se esconderam e viveram durante o tempo em fuga.

— No meu esconderijo, éramos 34. Mas isso há 7 anos, não sei em quantos estão agora… — disse a Mãe liberta. Ela agora era um novo membro das Mães.

— O lugar onde o nosso vilarejo estava já foi atacado por humanos. — falou um dos dois Elfos adultos.

Então, o outro falou: — Eu fui pego em uma missão de reconhecimento. Se o nosso esconderijo ainda não foi descoberto, ou se conseguiram ir para algum lugar seguro, são 41 naquela floresta.

Os 5 jovens Elfos restantes tiveram os seus lares atacados e os seus amigos e familiares foram escravizados pelos humanos.

“Droga…” Quanto mais eu ouvia as histórias sobre a natureza brutal dos humanos, mais forte ficava a minha raiva e o meu ódio.

“Malditos gananciosos. Machucaria viver em paz com todos?”

Mesmo na Terra, houve o período brutal em que raças escravizavam umas às outras, fazendo-os colonos.

Pensei que, talvez, os humanos fossem animais incontroláveis.

— Tragam todos, dos dois pontos. — decidiu a Mãe Anciã.

As outras Mães assentiram, concordando. Não houve discussão sobre escolher um ou outro, porque não poderiam simplesmente decidir isso.

Derrick ficou responsável por um grupo, enquanto o outro seria liderado pelo guerreiro veterano Cob.

Para formar um novo vilarejo, os dois grupos partiram.

“Boa sorte!”

Enquanto esperava pelo seu retorno seguro, fiz as Chamas da Vida e treinei as minhas habilidades, como sempre.

Como a árvore de bordo começou a crescer como Árvore da Vida, comecei a dar uma chama para ela e outra para o pinheiro.

Depois de uma quinzena, chegou uma carta de Odin.

A pessoa, que dizia ser do condado de Ulpenburg, saiu tão logo entregou a carta.

“Você está levando adiante um plano divertido. Também estou dando o meu melhor para resgatar os Elfos e levá-los para a Montanha Marrom. Se tudo correr de acordo com o seu plano, não acho que teremos que nos preocupar com o ataque zumbi.

Atualmente, estou no meio da guerra contra o Visconde Bastian. Os malditos conhecidos como licantropos do Clã Prata… acredito que eles se uniram aos humanos e que estão ajudando ele.

Mas eles não são fortes o suficiente para serem considerados meus inimigos. Eles me temem e estão evitando uma guerra em grande escala, mas eu acho que posso conseguir terminar em 3 meses.

Ajudarei tão logo essa guerra acabe, já que somos aliados.

-Odin”

Era tudo graças ao tratamento da Bella. Odin estava sinceramente me ajudando com tudo o que tinha.

De qualquer forma, ler que ele estava ganhando a guerra tirou um peso dos meus ombros.

“Mas tô ficando de saco cheio desses caras do Clã Prata.”

Lembrei de Leon Silver. Juno, Hye-su, Kang Cheon-sung. No dia em que perdi eles, a criatura não poderia ter sido mais assustadora.

Licantropos, incrivelmente inteligentes e carismáticos. Mas, olhando para trás, ele não era tão assustador assim. Nem tão inteligente.

A ideia de absorver a cultura e os métodos humanos e a forma como fortaleceu o clã me deixaram uma grande impressão, mas ele era um sapo no fundo do poço.

“É a arrogância dos ignorantes.”

Basicamente, pensar que era o mais forte era a maior fraqueza dele.

Em breve, ele devia sentir o amargo gosto da derrota.

“Se eu tiver a oportunidade, gostaria de acabar com ele com as minhas mãos.”

Eu tinha crescido tanto que estava irreconhecível comparado àquela época. Mesmo se fosse lutar sozinho contra o Clã Prata, teria confiança. Tinha que vingar os meus camaradas com as minhas mãos para liberar o meu ressentimento e tristeza.

“Nesse Exame, se sobrar tempo depois de lidar com a invasão zumbi, vou atrás deles.”

Claro, não seria idiota de ir sozinho. Talvez com um ou dois guerreiros, como Jake.

 

***

 

7 meses se passaram desde o início do Exame, quando Derrick e Cob voltaram com seus times. O primeiro trouxe de volta 31 Elfos, enquanto o segundo, 26.

Devido aos números reduzidos, sugerimos que os dois grupos fossem combinados e vivessem juntos na Vila Bordo, e eles concordaram alegremente.

— É uma Árvore da Vida de verdade!

— É pequena, mas está crescendo bem!

— Posso sentir a forte força vital. Huk, é tão lindo…!

Os Elfos foram tocados pela árvore de bordo que recém despertou e crescia rapidamente. Era uma cena que mostrava o quão importante essa planta era para eles.

“Como ousaram tentar levar algo tão precioso?” Isso apenas reforçou o meu nojo pelos chamados Magos Negros. “Humanos, quanto mais precisam machucar os outros antes de ficarem satisfeitos? Eu vou acabar com todos eles.”

De qualquer forma, 57 Elfos formaram a Vila Bordo no Noroeste.

A Vila Zelkova.

A Vila Pinheiro.

E a Vila Bordo.

Os donos originais da Montanha Marrom, os da Vila Zelkova, estavam localizados no meio do cume, com as vilas Pinheiro e Bordo ao redor.

Dava pra ver que os dois novos vilarejos se tornaram defesas contra a invasão zumbi.

Mas eles não se sentiam mal com isso.

Tomaram a decisão quando souberam que os zumbis poderiam atacar e, além disso, estavam extasiados por terem uma Árvore da Vida. Mesmo assim, a Vila Bordo fez sugestões: — Demos uma olhada por aí e vimos que têm mais umas duas árvores com potencial para serem Árvores da Vida.

— Que tal tornar elas em Árvores da Vida também, e trazer mais dos nossos que estão nas nossas circunstâncias anteriores?

Foram ideias trazidas por alguns representantes — Mães da Vila Bordo — para nós.

A Mãe Anciã da Vila Zelkova perguntou: — Vocês ouviram de outros irmãos desafortunados?

— Sim, mas foram boatos, então teríamos que procurar.

Com esse tópico, as Mães da Vila Zelkova começaram a discutir. Discutir? Estava mais para um bate-papo assustador.

Ao fim da conversa, a Mãe Anciã anunciou a sua decisão: — Pediremos ajuda ao nosso aliado, conde de Ulpenburg.

A ideia era a seguinte: ela enviaria Elfos para o condado e ajudaria na guerra de Odin, com a tarefa de encontrar Elfos escondidos.

— Enquanto trazem mais dos nossos, se os números forem baixos, se juntam à Vila Bordo. E, Kim?

— Sim, Mãe.

— Você pode fazer duas Chamas da Vida, certo? Continue dando uma para a árvore de bordo, enquanto usamos a outra para fazer outra Árvore da Vida.

— Entendi.

Primeiro, precisávamos perguntar para Odin se ele nos ajudaria nisso. Cob foi para o condado. Montando na sua Sylph, voou para lá rapidamente e logo voltou com uma resposta.: — Ele disse que faria o melhor para fazer acontecer.

Com as notícias de Cob, a Mãe Anciã deu início imediato ao seu plano.

Era uma missão perigosa, que requeria lutar ao lado de Odin contra Bastian, então Cob e outros 5 guerreiros experientes foram enviados. Derrick ficou na Montanha Marrom, sem saber quando a luta contra os zumbis começaria.

Assim, 10 dias depois de Cob e os outros saírem para o condado, começamos a ver os resultados.

— Aquele sem-vergonha do Bastian e os seus homens tinham 9 dos nossos como escravos. — Incrivelmente, o time de Cob se infiltrou no palácio residência de Bastian.

Ali, assassinaram 5 dos familiares do inimigo, e resgataram 9 elfos que estavam presos ali, conseguindo alguns méritos militares impressionantes. Graças a isso, Bastian e seus aliados foram jogados em um estado de confusão, deixando Odin bem feliz.

“Realmente impressionante. Guerreiros experientes!”

Assim, os 9 elfos resgatados foram divididos entre a Vila Pinheiro e a Bordo.

Íamos mandá-los todos para a Vila Bordo, mas alguns eram do vilarejo original daqueles na primeira vila. Eles se reuniram com dois familiares perdidos e o vilarejo se tornou um mar de lágrimas.

Assim, os Elfos da Montanha Marrom, usaram a crise como oportunidade de renascer.

Volume 2

Capítulo 89: Invasão (1)

Depois de 8 meses, algo estranho foi detectado.

— Achamos traços de todos os tipos de monstros. — A notícia foi entregue pelos guerreiros da Vila Pinheiro.

Derrick voltou para o vilarejo.

Os guerreiros veteranos estavam em uma pausa, então se juntaram às Mães para uma reunião.

Eu estava no topo da Árvore da Vida, praticando violino, quando fui chamado.

A ideia de criar uma nova vila veio de mim, então me tornei um importante conselheiro entre os Elfos.

— Como você disse, eles falaram que os maiores indícios eram de Aracnes. Além disso, não havia como monstros tão grandes andarem em grupos daquele tamanho, então podemos assumir que são zumbis e que estão sendo controlados. — disse Derrick.

— O fato de terem se mostrado deve significar que é quase hora da batalha. Passaram as notícias para a Vila Bordo?

Com a pergunta da Mãe Anciã, o guerreiro da Vila Pinheiro assentiu: — Claro.

Continuamos a reunião até que Derrick me encarou: — O que você acha?

Senti que Derrick realmente valorizava a minha opinião. Primeiro, organizei os pensamentos na minha cabeça. Tudo era uma pista. A verdade que descobri depois de me tornar um Participante: sempre lembrar de tudo e tomar tudo o que acontecia ao meu redor como aviso.

O mesmo valia para essa situação. O fato que os malditos nunca se mostraram, sentia que isso era algo.

E pensamentos vinham depois de pensamentos…

— Kim?

Com a pergunta de Derrick, disse: — Esses malditos estão fazendo truques.

— Truques?

— Alguma coisa te vem à cabeça?

A atenção de todos estava focada em mim.

Eu falei: — Acho suspeito que eles se mostraram de propósito. Por que não nos atacar e nos dar uma amostra do seu poder?

— Quando você coloca assim…

— Isso é mesmo estranho.

— São eles dizendo que vão atacar. — disse Derrick.

— Nesse caso, se focarmos neles, seremos atacados de outra forma, como na horda zumbi.

— Sim, eles devem ter sentido o aumento na população élfica na Montanha Marrom. Ao invés de atacar direto, devem estar montando outro plano.

— O que seria?

— Teorizei algumas coisas.

— Diga o que pensa. — falou a Mãe Anciã.

Soltei cuidadosamente o que pensava: — Pensa em quando todos os Elfos do continente perderam as suas Árvores da Vida e foram atacados pelos humanos.

— Quanto mais penso nisso, com mais raiva fico. Quando lembro das Árvores da Vida sofrendo com os atos dos magos negros…!

— Como puderam! — As Mães expressaram as suas raivas.

Continuei a falar: — Os exércitos humanos capturaram Elfos como escravos. Elfos vivos. Então o que aconteceu com os que morreram em batalha?

— …!

— Mortos… Elfos mortos…!

— Não!

Todos ficaram chocados.

— Se esses malditos foram capazes de transformar os seus iguais, os humanos, em zumbis, o que fariam quando vissem os Elfos? Se eles sofreram uma tragédia nas mãos dos magos negros…

— Eles viraram zumbis…

— Malditos bastardos!

— Como puderam?!

Todos estavam furiosos.

Algumas Mães estavam prestes a chorar.

Eu também estava com raiva, mas como os Elfos deviam estar se sentindo, considerando que eram tão próximos uns dos outros?

— Nos deram uma amostra dos monstros gigantes para atrair a nossa atenção, quando, na verdade, vão usar nossos irmãos, transformados em zumbis, para nos atacar secretamente, usando a sua agilidade e velocidade.

Com as palavras de Derrick, assenti: — Acho que sim. Agora mesmo, o melhor é enviar a notícia e alertar os vilarejos, além de formular um sinal que só nós possamos identificar. Como passar uma bandana no braço, por exemplo.

— Parece uma boa, todos podem usar um pano no braço direito, mulheres, crianças… — A decisão da Mãe Anciã foi final.

Derrick levantou-se: — Irei avisar a Vila Bordo.

— Eu aviso a Vila Pinheiro. — O mensageiro também se pôs de pé.

O sistema de alarme para as três vilas da Montanha Marrom agora entrou em prática. Todos amarraram pedaços de pano no braço direito, inclusive eu.

Uma semana depois, as minhas previsões se mostraram corretas.

Naquele dia, Derrick estava patrulhando quando avistou um grupo de cinco Elfos. Depois de verificar que não tinha o sinal, esfaqueou-os imediatamente. Em seguida, invocou Kasa, reuniu algumas chamas e as lançou como aviso para todos.

Com o alerta, todos os guerreiros que estavam dormindo saíram juntos.

Um total de 97 Elfos-zumbis foi aniquilado naquele dia.

Como se não bastasse, todos os moradores foram reunidos em um só lugar, e foi feita uma varredura minuciosa para verificar se havia zumbis escondidos entre nós.

Uma grande batalha no meio da noite. Nosso dano sofrido foi mínimo. Mas o que fizemos foi considerável. Sabíamos de antemão, e estávamos preparados, então foi uma vitória perfeita.

Eu também estava envolvido no plano, mas não precisei lutar nem uma vez. Tudo porque os Elfos guerreiros se moveram muito rápido.

Mas não podíamos comemorar essa vitória.

— Buáááá!

— Mark! É o nosso Mark!

— Sarah! Como…!?

— Malditos bastardos!

Entre os Elfos zumbis, havia uma quantidade considerável de membros das vilas Pinheiro e Bordo. E algo que mal podia assistir aconteceu.

Os rostos familiares foram cremados e cuidados pelas duas vilas, enquanto as cinzas dos restantes foram espalhadas em um ponto entre os três vilarejos.

— Vamos unir as nossas forças e superar isso, para que algo do tipo nunca mais ocorra conosco. — A Mãe Anciã disse palavras de encorajamento onde todos os Elfos estavam reunidos.

E, assim que o funeral terminou, os Elfos se aproximaram de mim: — Kim!

— Você foi impressionante.

— Se não fosse por você, estaríamos ferrados.

— Você é uma benção para nós!

— A Natureza é justa. Em compensação pelos maus humanos no mundo, ela nos deu você.

— Você é um gênio!

Fui inundado de elogios.

Minha sabedoria foi reconhecida e isso me fez feliz e chateado ao mesmo tempo.

“Todos me falam que sou ótimo e inteligente, mas eu ficava falhando nos concursos toda hora…”

As palavras verdadeiras do anjo bebê soaram na minha orelha: “Você nunca passou fome e caiu em si.”

 

***

 

— Como você falhou?! — Um homem deixou a sua raiva sair enquanto socava uma árvore com a sua bengala.

De meia idade, era tão magro que qualquer um questionaria como se mantinha vivo, estava vestido em um robe amarronzado sujo, e tinha compleição pálida.

Na frente do magricela raivoso, havia dois rapazes em mantos, com as cabeças baixas em vergonha, sem saber o que dizer.

— É que…

— Não achamos o culpado…

— Idiotas inúteis! — A bengala do homem voou na direção dos rapazes, que foram atingidos, fazendo sangue escorrer pelo rosto deles. — O tempo gasto nesse plano já está em quase 3 anos! 3 ANOS! O que outros fazem em 1 ou 2 anos estamos fazendo em 3! — Ele continuou, como se recitando uma história. — Por que a árvore que amaldiçoamos para que murchasse está melhor do que nunca? E por que o número de Elfos na Montanha Marrom dobrou em tão pouco tempo?!

— Nossas desculpas, senhor.

— Sinto muito!

Os rapazes foram intimidados e começaram a se desculpar.

O seu estado patético deixou o homem ainda mais furioso: — Pensem, pensem! Como aqueles Elfos estúpidos descobriram os nossos planos?!

Os Elfos com quem costumavam lidar não eram tão ágeis com as decisões. Eles tinham problemas de atenção, ainda mais com as vidas longas e lentas. Por isso os três decidiram ir atrás dos Elfos mais poderosos — que viviam na Montanha Marrom — sem pensar muito.

No começo, tudo foi de acordo com o plano. Colocaram uma maldição na Árvore da Vida, depois mudaram a atenção dos Elfos Guerreiros para outro lugar. Enquanto isso, usando um tanto considerável de cadáveres humanos, fizeram zumbis e continuaram a atacar e enfraquecer os Elfos. Ao mesmo tempo, criaram criaturas de corpos de grandes monstros e atacariam com eles. Tendo perdido a Árvore da Vida, os Elfos estariam fracos e seriam incapazes de se defender.

Mas agora, de alguma forma, a Árvore da Vida superou a maldição e ficou mais forte. Além disso, outra foi criada. E eles perderam todos os zumbis do penhasco.

O homem de meia idade reportou aos superiores que a falha no ataque zumbi era parte do plano. A sua ansiedade estava crescendo, então ele decidiu usar todos os preciosos Elfos zumbis que tinha guardado para outro ataque.

“Mas como isso é possível? Por que falhamos?!”

Em um único dia, os Elfos zumbis foram aniquilados. Não sobrou um único Elfo com feitiço negro nele.Em uma única noite. Os Elfos superaram tudo sem problemas, como se esperassem por isso.

“Não tem como esses malditos vagabundos terem ficados tão espertos.”

As velhas Elfos que eram chamadas Mães tinham um bom olhar para o futuro, mas eram fracas quanto a situações urgentes que estavam em constante fluxo. Por isso eles foram capazes de atacar os Elfos nesses sistemas matriarcais.

Mas, dessa vez, o oponente foi mais afiado e ágil que eles. Não tinha como ser trabalho de um Elfo.

“Isso mesmo, o Conde Odin de Ulpenburg formou uma aliança com os Elfos.”

Os Elfos que perderam os seus lares fizeram uma migração em massa e o Conde ajudou eles. Em retorno, os Elfos fortes ajudaram o Conde em sua luta contra Lorde Bastian.

Os Elfos da Montanha Marrom se uniram a um humano, o que é pouco comum para eles. Nesse caso…

“É um humano.” E um bem inteligente, que tinha a confiança dos seres de orelhas pontudas e era capaz de fazê-los entrar em ação.

— Me-mestre.

— O que devemos dizer para os superiores? — perguntaram cuidadosamente os dois idiotas inúteis.

O homem de meia idade se sentiu patético por ter caras como esses como discípulos: — Temos que ser honestos e falar pra eles que falhamos e pensar em um novo plano!

— Mas aí… nós…! — As faces dos dois discípulos mostraram medo extremo.

— Mas só uma falha não vai dar. — As palavras do mestre continuaram. — Deve haver ao menos um resultado para que sejamos perdoados por isso.

— De que resultado estamos falando…?

— Um humano, seus idiotas! — O mestre balançou a bengala novamente, batendo nos discípulos e gritando: — Um humano está aconselhando os Elfos, temos que pelo menos acabar com ele!

— Tem um humano?

— Ah… por isso os Elfos ficaram tão espertos… — Parecia que os discipulos pateticos não eram capazes de pensar tão longe.

O mestre gritou: — Ele é um grande obstáculo para os nossos planos futuros! Mas nós vamos cuidar dele… É a única forma de eu não passar vergonha/1 Temos que dar o nosso melhor e pelo menos nos livrar desse cara!

— Se mesmo os Elfos zumbis falharam, como vamos assassinar ele?

— Ele vai ter a proteção dos Elfos, certeza…

— Seu idiotas estúpidos! Claro que é impossível assassinar ele!

— Então…?

O mestre falou: — Mandem todos os monstros! É uma guerra total. Temos que tomar vantagem do caos da guerra para ter uma chance de eliminá-lo.

Volume 2

Capítulo 90: Invasão (2)

A ofensiva começou com força total.

Os Aracnes estavam por todo o lado, e todos os outros monstros gigantes também apareceram.

— Esses desgraçados decidiram avançar de todas as direções.

Essa era a única estratégia deles. Já que todos os seus planos falharam, eles estavam apostando tudo em um último ataque com tudo que tinham.

— Ou será que eles ainda têm uma carta na manga?

Ao considerar essa possibilidade, percebi que não poderia subestimá-los.

“Pense. Eles são aqueles que dominaram a magia negra — um poder que foi banido no continente inteiro. Por quanto tempo eles têm se escondido? E durante todo esse tempo, o quão cuidadosos eles se tornaram?”

“Homens como esses iriam atacar de forma tão simples? Meu instinto me diz que eles devem estar usando esses minutos como distração para algo maior.”

“A árvore da vida?” A ideia estourou na minha mente como uma bolha.

Eu não havia alertado os elfos sobre isso em específico, mas já havia dois ou três guerreiros experientes que constantemente guardavam a planta em cada vila. Eles tratavam a árvore como algo tão importante quanto as suas próprias vidas, então é claro que iriam dar tudo de si para protegê-la.

— Eu também lutarei.

— Por que não fica na vila? — A Mãe Anciã implorou — O querido Derrick elogiou suas habilidades, e o quanto elas melhoraram, mas para nós, você é muito precioso.

— Eu também sou um homem. Todos estão lutando. Não posso ficar e me esconder.

— Mas… mesmo sem lutar, Kim, você já fez muito por todos.

— Sim. A luta é nossa, então deixe que nossos guerreiros lutem.

— Será muito ruim se você acabar morrendo.

As Mães, uma a uma, tentaram me convencer a não ir, pois estavam preocupadas comigo.

Eu disse: — Não se preocupem. Eu valorizo a minha vida acima de tudo. Se eu me sentir em perigo, irei recuar imediatamente.

— Tome cuidado. — A Mãe Anciã desistiu de implorar por minha permanência, e permitiu minha saída.

— Eu tomarei. — E então, corri até onde a batalha estava mais caótica.

Os desgraçados estavam atacando do noroeste, oeste e sudoeste.

A vila Bordo lutava ao noroeste; a vila Pinheiro ao sudoeste e no oeste, a vila Zelkova tomava a frente. Naturalmente, ao lado dos guerreiros da vila Bordo, que não eram tão poderosos, os combatentes de Zelkova prestavam ajuda.

Eu me dirigi para o oeste, para onde Derrick estava lutando.

Os guerreiros de Zelkova se destacavam na multidão. Não só os veteranos, mas os novos também lutavam de forma incrível.

Em um instante, um deles subiu em uma árvore e atirou com seu arco. Depois, se pendurou de cabeça pra baixo em um galho usando os dois pés, e atirou mais outra flecha.

— Keek! Keleek! — Os aracnos foram atingidos e caíram por terra.

Um dos monstros atirou uma teia, mas o jovem elfo rapidamente virou o seu corpo e se esquivou em meio ao ar.

— Nossa. Esses são os resultados do pega-pega!

De fato. Se esquivar para não ser pego no topo da árvore do mundo, foi uma habilidade desenvolvida durante a brincadeira, que estava se mostrando útil aqui.

“Treinar com jogos valeu a pena!”

— Preciso testar o resultado dos meus treinos também!

“Minha habilidade de atirar melhorou graças a Sylph e o Kasa!”

Primeiro, eu invoquei meu Mosin-Nagant.

— Syph, Kasa, lembram-se? — As respostas foram um “Meow!” e “Mung mung!” animados, e eles acenaram em concordância.

A Sylph segurou a arma e puxou a alavanca, assumindo a posição de tiro. Ao lado dela, Kasa esperou paciente. Se eu tirasse uma foto da cena agora, acho que Cha Ji-hye iria desmaiar ao ver tamanha fofura.

Usando o poder dos dois espíritos, a poderosa Mosin-Nagant começou a atirar.

POW

 Keek! — O olho de uma aracne foi penetrado e ela colapsou no mesmo lugar.

POW!

— Kuek! — Outro tiro acertou o pescoço de um monstro gigante de pelo verde e o sangue jorrou da ferida aberta.

Aquele era um troll. Me lembrei do nome que eu havia lido em um livro de gravuras. Diziam que uma bala não era capaz de penetrar através da sua pele, mas a Mosin-Nagant conseguiu facilmente.

“Fiquei mais forte!” Senti uma pontada de alegria.

O troll não tentou desviar do tiro e acabou tropeçando. Outro acerto da Sylph acertou no pescoço novamente. Sofrendo a ofensiva da gata, o monstro caiu por terra.

Eu havia me tornado forte o suficiente para acabar com um troll em instantes.

Superando os limites de uma arma, meus ataques estavam sendo fortalecidos pelos espíritos. “Se eu continuasse a progredir nesse ritmo, não vou ter problemas nos testes.”

Enquanto os espíritos mantinham-se atirando, eu retirei minhas pistolas duplas e corri em direção aos inimigos.

— Slshh! Slshhh… — Aqueles que faziam esse barulho estranho de chocalho como uma cobra eram os homens-lagartos.

A altura deles era comparada a de um humano adulto, mas seus corpos eram cobertos de escamas. Eles tinham braços longos e caminham de pé como nós, mas suas aparências lembravam algo entre répteis e aliens. As armas que usavam eram suas próprias garras afiadas.

Pensei que seria difícil superar suas escamas firmes, mas, felizmente, a área ao redor do abdômen era um tanto mais mole, então armas conseguiam atravessar.

Mirando no torço, atirei várias vezes.

POW!

— Slshh! — Dois deles caíram.

Os homens-lagartos detrás dele não sentiram medo, e, em vez disso, avançaram pra me pegar. Eles viram como seu companheiro morreu, mas por serem mortos vivos, não tinham a habilidade de assimilar o perigo. Indiferente, continuei a matá-los um a um.

Ser um morto-vivo tinha suas vantagens, é claro. O desgraçado que tinha sido pego pelo meu primeiro tiro começou a se contorcer no chão e se levantar.

“Que saco.”

Eu só estava desperdiçando balas ali.

— Proteção Divina dos Ventos! — disse e pulei. Meu corpo levantou voo com o poder do vento.

A ventania me levou até o topo de uma árvore. Ao pousar, imediatamente peguei as cápsulas de magnum e as injetei nas câmaras vazias.

“Deixarei com os espíritos a parte da matança. Vou só evitá-los no meu caminho.”

Sylph e Kasa estavam fazendo a diferença com seus tiros fatais. Quando as cápsulas acabaram, Sylph rapidamente recarregava com o que estava disponível dentro da caixa cheia de balas 7.62mm do seu lado.

A luta continuou até que…

— É você. — Uma voz soou. Como eu deveria dizer…aquela voz não tinha chegado a mim através do ar, era algo que não podia ser experienciado pelos sentidos comuns. Sim, era mesmo estranho assim.

— Quem é você? — gritei.

— Quem você acha que eu sou?

De repente, uma fumaça negra ascendeu diante dos meus olhos. Ela tomou forma, e um homem idoso vestido com uma capa gasta apareceu — parecia um monge da idade média ou coisa parecida.

— Um mago das trevas?

— Hah, mais especificamente, eu sou um necromante. Há divisões dentro da magia negra, sabia? — respondeu. Ele parecia estar sorrindo.

— Você foi aquele que emprestou ao elfos sua sabedoria. Um subordinado do conde de Wolfenberg, talvez?

— Um amigo.

— Haha, então é isso. Mas você não negou seu envolvimento com os elfos.

— Você já sabia, de qualquer jeito.

— Um rapaz inteligente, de fato. Que desperdício. Acho que você se sairia bem como meu discípulo no caminho da magia negra.

— Passo. Sou péssimo nos estudos. — Embora seja diferente em caso de eu precisar estudar para não acabar morrendo de fome, acho.

— Minhas ordens são para matá-lo aqui. Esse é o objetivo que me foi dado.

— Suas ordens? Isso quer dizer que você pertence a uma organização.

— ….. erro meu. Falei demais, mas, bem, não importa. — Os olhos do idoso ficaram mais escuros. — Mortos não falam, de qualquer jeito.

No segundo seguinte, a pessoa havia desaparecido dentro da fumaça, e então ela se jogou contra mim.

— Mas que m-

Pulei em direção ao céu, alarmado. Graças a Deus eu ainda tinha algum tendo antes da duração da Proteção Divina dos ventos acabar.

Entretanto, a névoa me seguiu. Retomando a figura do mago, segurava uma bengala e tentou me atingir.

— Urgh. — Mal consegui evitar o ataque.

O homem estalou a língua, desapontado.

Senti uma má premonição e corri para longe da área o mais rápido que consegui, e parece que meus instintos estavam corretos. Vendo o quão desapontado ele ficou com o ataque da bengala, aquele não devia ter sido um golpe comum.

“Será que tem uma maldição ligada à bengala?” Como um mago das trevas, isso estava ao seu alcance.

Girei em um círculo no ar e atirei com minhas duas pistolas na direção dele.

POW

Os tiros das duas Neilson H2 passaram através da névoa. Eles, literalmente, atravessaram ele e fizeram a fumaça flutuar um pouco antes de retomar a sua forma.

“Não tem como atingi-lo com força bruta?” Ele poderia ser apenas uma aparição. “Não.” Quando ele se moveu para me atingir com a bengala, seus movimentos eram vividos demais para serem uma ilusão.

— Você tem armas interessantes aí. — sorriu e me atacou de novo. Ele avançava como um fantasma, o que fez os pelos do meu braço se arrepiarem.

“Espera, fumaça?”

Decidi tentar antes que a proteção do vento acabasse. No momento que o idoso se aproximou, dei uma cambalhota enquanto girava e desferi um chute.

PAAT!

O chute formou um semicírculo, similar àqueles que se viam em filmes. Do meu pé estendido, uma lufada de ar empurrou o mago. O poder por trás do ataque não tinha sido forte, mas o corpo inteiro do velho foi quase partido em dois.

O vento funciona, porque ele é feito de fumaça? Guardando as armas de fogo, eu levantei uma guarda de boxe. Pensei que aquela arte marcial nunca seria útil na minha vida, mas olha só. Estiquei o meu braço e soquei o homem no rosto.

As fortes rajadas fizeram a cabeça dele subir e descer violentamente.

— Urgh! Seu filho da puta! — Todas as vezes que era acertado, o corpo do mago ficava mais disperso, e a sua irritação aumentava. — O que diabos você é você?

— O quê?

— A sua energia parece estar aumentando. Você… é um invocador de espíritos?

— E daí?

— Merda. É claro.

Foi então que um elfo jovem correu até nós.

— Kim, você tá bem!? — chamou o Jake.

O mago também o viu se aproximar e franziu a testa.

— Assim não dá. Pensei que se eu interviesse pessoalmente, poderia lidar com você, mas… as coisas ficaram mais complicadas do que o esperado.

— Ser um invocador complicou as coisas pra você?

Isso podia significar que o vento não era a causa do seu sucesso, mas sim, porque a Proteção Divina do Vento era derivada de uma invocação espiritual.

— Não fique tão feliz ainda. É senso comum que magia negra e invocação espiritual são duas forças que não se misturam.

— De qualquer forma, parece que a sua posição na sua organização acabou de ficar… complicada? Já que você não conseguiu me matar. Será que você será substituído ou punido por essa falha?

— Hahaha, espertinho. Tá bom, aproveite a sua vitória. Hoje.

— É o que vou fazer.

— Mas lembre-se, eu me lembrarei de você. Vou voltar pra te pegar.

— Se não quer que eu me esqueça, por que não me diz o seu nome, então?

O mago começou a rir.

— Me chamo John Miller. Mas saiba que saber meu nome, não muda nada. Não crie falsas esperanças.

— Vá embora, John Miller. Espero que tenham pena de você, antes de te matar.

— Humpf. — O mago das trevas, ou melhor, o necromante chamado John, se dispersou em fumaça negra e sumiu.

— Você tá bem? — Jake perguntou novamente.

Assenti com a cabeça.

— Sim. Acho que aquele cara há pouco foi quem orquestrou tudo isso.

— Tá falando sério? Merda, devíamos ter o matado, mas ele escapou!

— Não seria tão fácil matá-lo.

Força bruta não funciona contra ele, e o sujeito pode se tornar uma névoa negra capaz de se mover como bem entender. Além disso, o necromante podia aparecer e desaparecer em qualquer lugar. Mas John Miller não parecia ser habilidoso em lutas corpo a corpo. Será porque ele é um mago?

Em vez de lutar diretamente, ele estava mais acostumado a ser de uma classe especial, que cria mortos-vivos e cria estratégias nas sombras.

Apoiei a mão no ombro de Jake e disse: — Vamos terminar essa batalha.

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