Circle of Inevitability – Capítulos 61 ao 70 - Anime Center BR

Circle of Inevitability – Capítulos 61 ao 70

Capítulo 61 – Descrição

Quanto mais Lumian ouvia a mulher à sua frente, mais ele concordava.

Ele não tinha certeza sobre o que aconteceria em uma sequência superior. Entre as poucas criaturas Beyonder com as quais interagiu, a ameaça representada pelo sujeito com a tromba em forma de vórtice era muito inferior à do monstro carregando uma espingarda.

Embora tenha se tornado um Beyonder, melhorando significativamente sua capacidade de combate corpo a corpo e exploração do meio ambiente, o problema estava principalmente no monstro Contratado.

Em primeiro lugar, não exibiu uma capacidade de perseguição relativamente forte. Em segundo lugar, faltavam ataques de longo alcance. Em terceiro lugar, a sua capacidade de invisibilidade não era ridícula. Foi completamente combatido pela compreensão do ambiente circundante e pelas características mínimas de um Caçador.

Além disso, tinha o problema comum dos monstros. Não tinha alta inteligência e não era tão inteligente em combate quanto o monstro espingarda. Ele facilmente caiu na armadilha do inimigo.

Com tudo isso combinado, o resultado final foi óbvio. Lumian nunca esperou que fosse equivalente a uma Sequência 7.

Ele nem mesmo comparou com o monstro espingarda, reconhecendo a grande diferença entre os dois. O monstro com espingarda tinha uma força a ser reconhecida, enquanto o monstro com uma boca enorme era fraco.

“Habilidade, inteligência, preparação, improvisação, fatores ambientais… Existem muitas variáveis ​​que podem afetar o resultado de uma batalha…” Lumian concluiu interiormente e perguntou sem muita esperança: — Posso orar diretamente pelos poderes do Contratado?

A mulher riu. — Essa é uma boa maneira de se matar.

Ela explicou casualmente: — Em teoria, é possível. Afinal, o poder selado em seu corpo não está limitado ao equivalente da Sequência 7. Mas seu corpo pode suportar uma benção tão tremendo ou melhor, corrupção? Se você não se importa em se transformar em um monstro, em uma marionete daquela existência, ou em se transformar em outra criatura, então vá em frente. Tsk, então não demorará muito para que eu veja você pessoalmente transformando sua irmã em um sacrifício.

Os cabelos de Lumian se arrepiaram com as palavras da mulher e um arrepio percorreu sua espinha ao perceber que não estava pronto para avançar além de seu nível atual.

Ele perguntou cautelosamente: — Então, a benção mais significativa que posso receber agora é Dançarino?

— Sim, é por isso que esperei que você se tornasse um Beyonder e digerisse um pouco da poção antes de lhe contar sobre isso, — explicou a mulher, tomando outro gole de seu líquido verde. — Somente quando sua mente, espiritualidade e corpo melhorarem significativamente você terá a chance de resistir à corrupção associada à benção. Então, você poderá controlar lentamente o poder.

— À medida que seu Corpo-Alma e Corpo do Coração e da Mente se fortalecem, e seu corpo se adapta às pequenas mudanças provocadas pelo poder da bênção, você pode considerar o Monge da Esmola.

Para Lumian, o mais importante era aprender a dança misteriosa. Iniciar a ativação incompleta do símbolo do espinho melhoraria significativamente sua capacidade de explorar as ruínas do sonho. Portanto, assentiu levemente, não pensando mais no Monge da Esmola e no Contratado.

— Como devo orar?

Ele já havia aprendido o ritual da dualidade, mas ainda não sabia o nome honroso, o domínio e os ingredientes correspondentes do alvo.

— Ahem, — a mulher tossiu.

Então, falou solenemente: — O que estou prestes a dizer sairá da minha boca e entrará em seus ouvidos… Você não deve contar a ninguém, ou irá prejudicá-los.

“Sair da minha boca e entrar nos seus ouvidos… Essa é uma frase que Aurore gosta de escrever… Essa mulher leu uma de suas novels?” Lumian pensou.

— Eu entendo.

Ele pensou por um momento e perguntou: — Alguma coisa dará errado ao ouvir isso?

A mulher tomou um gole de erva-doce absinto e sorriu.

— Quando você teve a ilusão de que não há nada de errado com você?

Lumian ficou atordoado por um momento antes de olhar para seu peitoral esquerdo.

A mulher zombou.

— Você pertence ao grupo de indivíduos que estão à beira de serem corrompidos. Felizmente, a marca deixada por aquela grande existência foi ativada e o poder correspondente desceu sobre você, selando a fonte da corrupção e estabelecendo o equilíbrio.

— A seguir, você realizará um ritual para confrontar o poder dentro do selo e orar pelas bênçãos correspondentes. É o mesmo que resistir proativamente a um certo nível de corrupção.

— Então, por que você deveria ter medo das questões menores que ouve?

“Quanto mais ouço, mais sinto que há um grande problema…” Lumian não estava muito confiante.

A mulher balançou a cabeça e sorriu.

— Não se preocupe. Quando eu revelar as palavras correspondentes, fornecerei a você um ambiente suficientemente oculto e proteção segura. No futuro, seria melhor realizar o ritual nas ruínas do sonho, onde há névoa cinza e proteção da grande existência. Não chamará diretamente a atenção dessa entidade.

— Além disso, antes do ritual, embaralhe cada segmento e descrição. Tente não juntá-los e analisá-los de maneira completa. Caso contrário, heh…

Ela riu e não entrou em detalhes sobre o resultado, mas Lumian podia imaginar o que aconteceria.

Observando que ele não perguntou mais nada, a mulher assentiu levemente.

— Vamos começar.

— A primeira parte é o Poder da Inevitabilidade.

— Usar isso é suficiente. Corresponde ao seu símbolo de espinho negro. O nome completo desse ser não é algo que você possa compreender no momento. Até eu devo fornecer alguma ocultação antes de ousar contemplá-lo.

Por alguma razão, Lumian sentiu a luz ao seu redor diminuir ligeiramente, mas não tinha certeza.

Naquele momento, a mulher controlou sua expressão e disse solenemente: — A segunda parte é:

— Você é o passado, o presente e o futuro.

— Você é a razão, o resultado e o processo…

À medida que a mulher pronunciava cada palavra com precisão, Lumian sentiu seus sentidos girarem. Ele percebeu que um vórtice de vento escuro o estava envolvendo.

A mesa, sobre a qual repousava o absinto de erva-doce, contorcia-se como se estivesse imbuída de uma força vital própria.

De repente, um som agudo ecoou.

Um verme, do tamanho do dedo indicador de um adulto, deslizou para fora da tábua de madeira e uma aura sinistra se espalhou instantaneamente.

Antes que Lumian pudesse observar as feições do verme, a mulher sentada à sua frente baixou o copo cheio do líquido verde e bateu-o na criatura grotesca, reduzindo-a a uma bagunça sangrenta.

Em seguida, a mulher pegou um guardanapo estampado, limpou a base do vidro e envolveu nele os restos do verme.

Ela tomou outro gole de absinto, como se nada de desagradável tivesse acontecido, e enfatizou: — Lembre-se, a primeira e a segunda partes devem ser recitadas no antigo Hermes. Jotun, Dragonês e Élfico também são aceitáveis.

“Semelhante a como o eu inicial no rito que ora a si mesmo não pode estar em Hermes…” Lumian acenou com a cabeça para indicar sua compreensão.

Embora sempre tenha sido audacioso, sentiu-se um pouco desconcertado e desconfortável ao ser confrontado com os estranhos fenômenos que se manifestavam durante a conversa. Seu coração disparou, mas a mulher enigmática agiu como se tivesse apenas detectado algumas impurezas na refeição. Ela continuou,

— A terceira parte pode ser falada em Hermes. O texto é o seguinte:

— Eu te imploro,

— Eu imploro sua bênção.

— Eu imploro que você me conceda o poder de Dançarino.

— Lembre-se, as três sentenças são progressivas.

Estas palavras não suscitaram uma nova mudança ambiental. As anomalias que causaram desconforto e apreensão em Lumian diminuíram gradualmente.

Lumian guardou-as na memória com seriedade e seguiu as instruções da mulher para embaralhar as palavras, para evitar possíveis problemas.

A mulher saboreou com satisfação o resto do absinto.

— O resto do ritual é semelhante à magia ritualística comum.

— Os ingredientes correspondentes são âmbar cinza, tulipas, cravo e almíscar de veado. Escolha dois para fazer velas. Os dois restantes podem ser usados ​​como ervas, óleo de essência e extrato durante o ritual.

Lumian franziu a testa ao relembrar o ritual dualista que havia aprendido.

— O local que representa a divindade deveria ter um item que esteja intimamente relacionado à divindade, mas meu símbolo de espinho está no meu peito.

O poder foi selado em seu coração e corpo espiritual.

A mulher assentiu levemente.

— Eu não te disse para fazer velas?

— Na hora de fazer a vela, tire 5 mililitros de sangue do peito. Não importa se é mais ou menos. Em qualquer caso, funda-o no material e deixe-o fazer parte da vela.

— No ritual, a vela é colocada no local da divindade. Há apenas uma vela.

— Por causa do seu sangue, a vela será ‘despertada’ pelo antigo Hermes. Depois de se tornar um símbolo, ela apontará diretamente para você.

“Parece uma variante especial do ritual dualista. Aurore não mencionou que isso poderia ser feito assim, então pouca gente sabe disso…” Lumian pensou por um momento e perguntou: — Posso usar perfume com âmbar cinza?

Ele lembrou que sua irmã o tinha, e ela gostava de chamar o âmbar cinza de “âmbar cinzento”.1

A mulher assentiu. — Claro, use-o como um óleo de essência.

“Eu possuo o âmbar cinza nesse caso. Tenho alguns cravos em casa…” Lumian ponderou onde poderia adquirir tulipas e almíscar de veado.

Depois de muita contemplação, ele só conseguiu pensar em três possibilidades:

Em primeiro lugar, Aurore, sendo uma Bruxa, pode já ter preparado os materiais necessários. Em segundo lugar, os materiais poderiam ser encontrados na residência do administrador. Em terceiro lugar, a casa do padre poderia ser uma fonte em potencial.

Lumian decidiu informar a irmã sobre o ritual e dividir as instruções em palavras individuais. Planejou aprender com ela as palavras antigas correspondentes de Hermes e perguntar sobre a disponibilidade dos materiais.

Se ela não os tivesse, exploraria outras opções.

Quando a mulher estava prestes a partir, Lumian perguntou apressadamente: — O que era aquele lagarto que saiu da boca do vice-padre?

A mulher sorriu e respondeu: — Não posso explicar para você.

Lumian lutou para manter a compostura e pensou: “Por que não apenas dizer que não quer me contar…”

Depois que a mulher saiu, Lumian pegou a caneta e o papel que trouxera e anotou as instruções do ritual de maneira desordenada. Então os numerou na sequência correta.

Ao sair do Antigo Bar, Lumian vasculhou a vila em busca do trio de estrangeiros.

Não demorou muito para que ele ouvisse um leve tilintar.

Os lábios de Lumian se curvaram em um sorriso enquanto ele acelerava o passo. Como esperado, Leah usava dois sinos no véu e nas botas, Ryan usava um chapéu-coco escuro e Valentine usava pó na cabeça.

Lumian teve vontade de abrir os braços e exclamar: — Meus repolhos, senti tanta falta de vocês! — Mas rapidamente lembrou que não havia interagido com os estrangeiros neste loop.

Ele massageou o rosto para parecer mais sério e caminhou em direção a Ryan e aos outros.

Ao passar por eles, ele baixou a voz e disse: — Eu sei quem você está procurando.

Ryan, Leah e Valentine ficaram boquiabertos com espanto.

Lumian não parou; ele continuou andando para frente.

Os três estrangeiros trocaram olhares, suprimiram suas expressões peculiares e seguiram Lumian como se nada tivesse acontecido.

  1. Infelizmente a piada só é entendivel em ingles[↩]

Capítulo 62 – Data

Lumian parou na beira da floresta, a uma curta distância de sua casa, e olhou para Leah e os outros.

Este local era bastante isolado, sem nenhum aldeão passando. A floresta era pouco povoada, tornando fácil localizar alguém escondido nas proximidades.

À medida que o tilintar se aproximava, Leah perguntou com um sorriso: — Como você sabe que estamos procurando alguém?

Lumian permaneceu em silêncio. Ele tirou o item essencial que trouxera consigo.

O livre bleu de casa!

Ele levantou o item e mostrou a Ryan e aos outros as páginas onde algumas palavras haviam sido cortadas.

Sem hesitar, Ryan assentiu e disse: — Então você escreveu a carta pedindo ajuda.

Eles nunca mencionaram uma carta de ajuda em Cordu, muito menos detalharam que a carta foi montada a partir de palavras recortadas de um livre bleu.

A menos que a outra parte tivesse um informante-chave em Bigorre, teria que ser o autor da carta.

Leah instintivamente olhou em volta.

Os dois pequenos sinos prateados pendurados no véu acima de sua cabeça estranhamente não emitiram nenhum som.

Valentine estava prestes a perguntar o que havia de estranho nas pessoas ao seu redor quando Ryan perguntou, intrigado: — Como você pode ter certeza de que estamos aqui por causa daquela carta?

“Você mesmo me contou…” Lumian sorriu.

— Para começar, são muito poucos os estrangeiros que vêm para Cordu. Menos ainda os que não compram lã, queijo e cordeiros e apenas vagam pela aldeia para conversar com as pessoas.

— Além disso, eu não disse nada. Só lhe mostrei este livre bleu.

A compreensão atingiu Leah e ela riu.

— Então é apenas um teste.

— Essa é uma ideia brilhante. Aqueles que não conhecem a carta não entenderão suas intenções, então não ficarão muito desconfiados. No máximo, eles vão pensar que é uma pegadinha, e você é o Rei Brincalhão de Cordu. — Ryan assentiu levemente.

Esta frase aparentemente inocente revelou que o trio havia aprendido algo conversando em Cordu nos últimos dias. No mínimo, identificaram os aldeões mais proeminentes e tomaram as medidas apropriadas.

Lumian imediatamente deu um sorriso provocador.

— Você acreditou? Você acreditou seriamente?

Vendo o espanto de Ryan e dos outros, ele acrescentou: — Eu só estava brincando. Contarei o verdadeiro motivo mais tarde.

Leah cerrou os dentes.

— Como esperado do Rei Brincalhão de Cordu. Você não tem medo de que não acreditemos no que você está prestes a dizer?

— Você pode escolher não acreditar. — Lumian usava uma expressão indiferente. — Ou você mesmo pode verificar.

Valentine, visivelmente insatisfeito, perguntou ansiosamente: — Em sua carta, você mencionou que as pessoas ao seu redor estão ficando mais estranhas. O que há de tão estranho nelas?

Lumian exclamou e estalou os nós dos dedos.

— Muita coisa. Para ser mais preciso, o padre acredita em um deus maligno, o pastor Pierre Berry transforma pessoas em ovelhas e as conduz de volta para Cordu. Madame Pualis anda em uma carruagem puxada por demônios pelo deserto. Quando o vice-padre dorme, uma criatura translúcida parecida com um lagarto sai de sua boca. Naroka claramente não está morta, mas ela quer ir para Paramita. Louis Lund, o mordomo do administrador, acaba de dar à luz um bebê. A coruja das lendas do Bruxo voa de volta para o aldeia de vez em quando…

Ryan, Leah e Valentine ficaram cada vez mais chocados enquanto ouviam. Eles não queriam acreditar, mas achavam que o garoto na frente deles não conseguiria inventar tantas histórias absurdas.

Eles eram todos investigadores oficiais experientes que haviam lidado com numerosos incidentes Beyonder, muitos deles envolvendo deuses malignos e artes místicas. No entanto, nenhum era tão ridículo ou exagerado quanto o que ouviam agora. Apenas o padre que acreditava em deuses malignos parecia normal.

Mais importante ainda, a maioria dos incidentes que eles haviam tratado anteriormente ocorreram de forma independente. No máximo, dois ou três ocorreriam simultaneamente. Além disso, eram intimamente relacionados, mas Cordu tinha muitas anormalidades horríveis!

“Que tipo de lugar é esse?” Quase instantaneamente, pensamentos semelhantes passaram pelas mentes de Leah, Ryan e Valentine.

Eles suspeitavam que haviam entrado inadvertidamente no lendário Abismo ou Inferno!

Quando Lumian parou, Leah não pôde deixar de perguntar: — Você não está brincando, está?

Havia alguém normal nesta aldeia?

Lumian sorriu.

— Ainda não terminei de falar. Há outra anormalidade.

— Esta é a terceira ou quarta vez que falo com você sobre algo assim. Ryan, Leah, Valentine, meus repolhos.

Ryan, Leah e Valentine não ficaram surpresos que Lumian soubesse seus nomes. Era inevitável quando eles conversavam na aldeia.

Eles ficaram ainda mais surpresos e intrigados com a primeira metade da frase.

— O que você quer dizer? — Valentine perguntou com uma carranca.

— O que quero dizer é que temos vivenciado repetidamente os últimos dias. Em outras palavras, caímos em um loop temporal. — Lumian não deixou os três estrangeiros adivinharem e deu uma resposta padrão.

Sem esperar que Ryan e os outros o questionassem, ele mencionou brevemente o que haviam vivido juntos e finalmente disse: — Pense bem. Foi realmente no dia 29 de março que vocês entraram na aldeia?

Leah e os outros quebraram a cabeça.

Depois de mais de dez segundos, Valentine revelou uma expressão de dor.

— Minha noção do tempo está confusa. Não consigo me lembrar da data exata dos dois meses anteriores… Mas eu me lembro. Lembro-me de comemorar o aniversário do meu filho mais novo antes de partir. O aniversário dele é…

Valentine levantou a cabeça e deixou escapar em estado de choque: — 10 de abril!

“Em outras palavras, a data real agora é meados de abril? A julgar pela aparência, o número de loops pelos quais passei antes de ter minhas memórias apagadas não pode ser mais do que alguns. Não pode ser mais de uma vez… Sim, esse foi o primeiro loop. O loop ainda nem havia começado, então pude enviar uma carta sem a ajuda do rio. Quando o loop acontecesse e o tempo retrocedesse, as memórias correspondentes seriam substituídas, mas os objetos materiais além do alcance não seriam capazes de voltar atrás?” Lumian tinha uma nova teoria sobre a carta.

Ele assentiu imperceptivelmente e disse a Ryan e Leah: — Vocês também podem contatar o mundo exterior e obter a data atual de uma forma que não levante nenhum sinal de alerta.

— Quando chegar a hora, você acreditará em mim.

— Sim, sim! Envie um telegrama! — Valentine saiu de seu estupor. — Peça ajuda aos superiores!

Lumian olhou para ele como se ele fosse um idiota.

— Pedir ajuda?

— Diante de um loop temporal tão bizarro, o que vocês, funcionários, costumam fazer?

Ryan ficou em silêncio por um momento antes de dizer: — Eliminar isso diretamente para evitar que a corrupção se espalhe.

— Portanto, pedir ajuda agora é tão bom quanto suicídio. — Lumian sorriu e encolheu os ombros.

Valentine respondeu fervorosamente: — De acordo com as regras, temos que reportar o mais rápido possível. Estou disposto a me sacrificar por isso!

— … — Lumian ficou atordoado.

“Essas pessoas existem?”

“Não, tenho que me livrar desse cara imediatamente, ou todos morrerão juntos!”

Felizmente, Leah e Ryan sentiram claramente que ainda poderiam ser salvos. Eles trocaram um olhar e assentiram.

Ryan deu um tapinha no ombro de Valentine e disse: — Fique calmo. Ainda não sabemos o que está acontecendo. Talvez haja uma solução melhor.

— Se realmente não pudermos nos salvar, reportaremos isso aos superiores.

— Isso mesmo, — acrescentou Lumian apressadamente. Ele contou as descobertas e especulações sem o símbolo em seu peito, as ruínas do sonho, a mulher misteriosa e a Sociedade de Pesquisa dos Babuínos de Cabelos Encaracolados. Finalmente, ele disse: — A chave para o problema provavelmente acontecerá na décima segunda noite. Temos que sobreviver até então. Só então poderemos realmente resolver o problema no próximo loop.

Vendo que ele havia revelado tantos detalhes e que poderiam verificar todos eles, Ryan e os outros ficaram completamente inclinados a acreditar nele. Valentine se acalmou e se lembrou da esposa e dos filhos.

Leah exalou. — Não admira que você nos conheça e saiba que estamos procurando alguém.

Acontece que eles haviam se comunicado em um loop anterior.

Ela inconscientemente tocou o sino de prata acima de sua cabeça, querendo fazer uma adivinhação, mas se conteve ao se lembrar das anormalidades que Lumian havia descrito.

Ela não queria explodir por causa de uma adivinhação que não deveria ser feita antes do início da verdadeira investigação.

Ryan pensou por um momento e disse a Lumian: — Você está nos contando isso porque quer que cooperemos com você e sua irmã?

— Muito astuto, meu repolho. — Lumian riu e disse sério: — Primeiro, contate o mundo exterior, dizendo que sua investigação fez algum progresso. O padre parece ter um certo problema. Em seguida, pergunte o que é aquela coisa parecida com um lagarto que sai da boca do vice-padre. É menos provável que isso assuste seus superiores, fazendo-os explodir tudo. Ah, certo, confirme a data real e tome cuidado na forma como isso é feito. Não deixe ninguém de fora suspeitar de nada.

— Em segundo lugar, minha irmã vai convidar a Madame Pualis para tomar o chá da tarde em minha casa esta tarde. Espero que vocês possam entrar furtivamente na mansão do administrador comigo e fazer uma busca.

— Quanto ao futuro, depende das informações que obtivermos hoje.

Ryan, Leah e Valentine se entreolharam e sentiram que o pedido de Lumian não era tão irracional.

Isso era o que eles teriam feito.

Os quatro chegaram à praça da aldeia. Ryan foi contatar o mundo exterior enquanto Leah, Valentine e Lumian esperavam sob o olmo do lado de fora.

Depois de se acalmar, Leah olhou para Lumian e perguntou curiosa: — Você é um Beyonder, e sua irmã também?

— Sim. — Lumian não escondeu.

Leah riu. — Você não tem medo de ser preso por nós?

— Estamos no mesmo barco agora. Diante de uma emergência em que o barco está prestes a afundar, só podemos ajudar uns aos outros. — Lumian encolheu os ombros. — Quanto ao futuro, falaremos sobre isso mais tarde. Ainda não se sabe se conseguiremos escapar desse loop.

— Isso é verdade. — Leah virou a cabeça e olhou para Valentine.

A razão pela qual ela tocou nesse assunto foi para deixar seu companheiro entender isso e não fazer nada estúpido.

A expressão de Valentine permaneceu fria enquanto ele assentia imperceptivelmente.

Leah então perguntou sobre algo que a preocupava mais.

— Por que você consegue manter as memórias de antes?

— Eu não vou te dizer. — Lumian riu.

Sem esperar pela resposta de Leah, ele abriu as mãos e disse: — Só estou brincando. Na verdade, também não tenho certeza. De alguma forma, mantive minhas memórias, e são apenas dos dois últimos loops.

— Pense no que aconteceu naquela época. Talvez isso seja muito importante, — disse Leah depois de pensar um pouco.

Lumian disse sinceramente: — Estive pensando, mas não descobri nada. Talvez eu só perceba de repente quando encontrar algo.

Leah estava prestes a ajudar a analisar a situação quando Ryan, que recebeu uma resposta, saiu do prédio da administração.

Capítulo 63 – Notícias Chocantes

Leah e Valentine perguntaram a Ryan em uníssono: — E então?

Embora já tivessem acreditado nas palavras de Lumian, era inevitável que as pessoas esperassem pela sorte. Ainda mantinham a esperança de que talvez o problema não fosse tão sério porque o garoto não tinha conhecimento suficiente para exagerar.

Ryan olhou em volta e viu que não havia mais ninguém perto do olmo. Ele falou em voz baixa: — Tive medo de perguntar diretamente. Só sei que a data real já é final de abril. Não sei a data exata.

Leah e Valentine ficaram em silêncio.

Eles realmente haviam caído em um estranho loop temporal!

A julgar pelos vários arquivos e informações, isso definitivamente não era algo que os três deveriam enfrentar ou lidar.

Eles eram Beyonders experientes que lidaram com muitos incidentes Beyonder. Foi a primeira vez que encontraram uma situação tão séria e anormal.

Leah não pôde deixar de olhar para Lumian. — Que tipo de lugar é Cordu?

Havia anormalidades por toda parte, cada uma mais exagerada que a anterior!

— Eu também não sei. — Lumian tinha uma expressão inocente. — Antes do loop, esse lugar era lindo e as pessoas eram simples. Todos eram normais e hospitaleiros.

Ele não disse aos três estrangeiros que a pessoa que estava diante deles também era uma das anormalidades.

Ryan suspirou e disse: — Nunca encontrei tantas anormalidades ao mesmo tempo, e cada uma delas é séria.

— Esta é a situação mais perigosa que já enfrentei, — repetiu Valentine.

Lumian já estava um pouco entorpecido com isso. Ele zombou e disse: — É normal que você não tenha encontrado isso antes, porque aqueles que encontraram algo assim estão mortos.

— … — Leah olhou para ele com um sorriso. — Não diga nada se não puder dizer algo bom. Pessoas como você não sobreviverão à infância em outro lugar.

— Infância? — Lumian zombou de si mesmo e perguntou a Ryan: — Você recebeu uma resposta sobre o vice-padre?

Ryan assentiu.

— Nos últimos anos, lendas semelhantes surgiram em vários lugares dos continentes Norte e Sul.

— Diz a lenda que o Céu baniu um grupo de elfos pecadores para o chão. Eles só podem residir dentro de corpos humanos, na esperança de redimir seus pecados e obter a absolvição antes de retornar ao Céu.

— Em algumas versões da lenda, esses elfos aparecem como lagartos translúcidos.

— No entanto, o elfo ao qual estou me referindo não é a antiga raça dos elfos. É mais parecido com uma mistura de fadas e vários espíritos.

“Últimos anos… de novo…” Lumian lembrou que a lenda da Madame Noite só surgiu recentemente.

“O que havia de errado com este mundo?”

Ele ponderou por um momento antes de perguntar: — Eles especificaram qual é o Céu, ou divindade?

Ryan balançou a cabeça.

— O que é notável é que toda pessoa que afirma ter visto um elfo acredita que ele pertence ao reino de sua divindade local.

A divindade local referia-se aos deuses ortodoxos da fé local.

“Céus de diferentes divindades?” Lumian olhou para o céu azul.

“Aquele elfo parecido com um lagarto veio do céu?”

“Porém, de acordo com Aurore, além do céu estava o cosmos. Cada estrela representava um mundo.”

“Então, o que esses seres extraterrestres eram?”

“Ou eram de um plano astral além do misticismo?”

Enquanto os pensamentos de Lumian corriam, ele perguntou curioso: — Em algumas versões da lenda, esses elfos aparecem como lagartos translúcidos. E os outros detalhes?

Ryan balançou a cabeça mais uma vez.

— Isso é tudo que eles conseguiram descobrir em um curto período. Eles podem precisar se comunicar com a sede para obter mais informações.

Leah ponderou e falou: — Estou familiarizada com a lenda dos elfos.

— Certa vez, conheci um nativo de Lenburg que contou que agricultores em muitas regiões da zona centro-sul relataram fadas travessas nos últimos anos. Essas criaturas conhecidas como Alpes vandalizaram suas casas e campos ou pregaram peças neles.

A zona centro-sul referia-se à área onde Lenburg, Masin, Segar e outros pequenos países estavam localizados. Também incluiu algumas áreas na República Intis, no Reino Loen e no Reino Feynapotter.

A maioria estava localizada em terras altas, montanhas, florestas, áreas repletas de ruínas e lendas.

Lumian ouviu com atenção e concluiu: “Este não é um fenômeno isolado…”

— Cada elfo parece ter sua maneira única de causar problemas, — Ryan refletiu. — E os lagartos que habitam os corpos humanos são talvez os mais malévolos. Não se sabe se são os mais perigosos. Com tantas anormalidades em Cordu, o elfo parasita não deveria ser um fenômeno isolado. Talvez alguém queira usá-lo para controlar o vice-padre.

“Linha de pensamento muito clara…” Lumian olhou para os aldeões que voltavam para casa depois de terminar o trabalho e disse a Leah e aos outros: — Encontre-me atrás da colina onde fica o castelo do administrador às 15h30.

— Vocês se juntarão a mim para procurar pistas?

— Claro, — Ryan concordou.

Leah, no entanto, chamou Lumian antes de partir: — Isso é tudo? Você deveria nos informar sobre a situação no castelo, seus habitantes e a anormalidade de Madame Pualis. Não podemos explorar e pesquisar sem preparação.

Lumian não queria se lembrar dos assuntos de Madame Pualis, mas tinha que admitir que o pedido de Leah fazia sentido. Ele teve que suportar o desconforto e contar-lhes toda a história.

Ryan e os outros estavam mentalmente preparados, mas ainda pareciam um pouco desconfortáveis ao ouvir a história.

Leah aliviou o clima com sua risada tilintante.

— Isso não importa para mim. Posso experimentar tal coisa no futuro. Esta é uma oportunidade que a maioria dos homens nunca encontra. Você deve apreciá-la.

No entanto, Valentine ignorou a piada e sussurrou com uma expressão fria: — Tudo isso precisa ser purificado… pu-ri-fi-ca-do!

Lumian não quis provocar Valentine e acenou com a mão.

— Te vejo à tarde.

Depois de dar alguns passos, Lumian se virou para olhar para Ryan com cautela e perguntou: — Bertrand tinha algum conhecimento do conteúdo do seu telegrama?

Bertrand era o responsável pelo telégrafo, e se ele sabia da data e da lenda dos elfos, isso significava que o administrador também sabia. E se o administrador soubesse, Madame Pualis também saberia.

— Não se preocupe, — disse Ryan de forma tranquilizadora. — Temos um código secreto. Ele não será capaz de decifrá-lo.

Lumian só então deu um suspiro de alívio e saiu da praça da vila, voltando para sua casa.

Enquanto ele se afastava, ele avistou Ava Lizier pastoreando um bando de gansos brancos de volta para casa.

— Ei, este não é o nossa Elfa da Primavera? — Lumian tentou tirar de sua mente as cenas sangrentas e cruéis da celebração da Quaresma e cumprimentou Ava com sua piada habitual.

Ava parecia um pouco envergonhada.

— Ainda não fui escolhida!

Seus traços faciais requintados faziam seu vestido branco acinzentado parecer menos rústico.

— Isso não será um problema, — disse Lumian com um sorriso. — Reimund e eu ajudaremos você a fazer campanha por votos.

Ava pareceu surpresa. — Você não sabe?

— O que eu não sei? — O coração de Lumian disparou.

Aconteceu alguma coisa na aldeia que não fez parte do processo histórico?

Ava observou a expressão dele e suspeitou que ele estivesse brincando com ela.

Depois de alguns segundos, a garota franziu a testa preocupada e disse: — Reimund está desaparecido. Você não sabia?

— Huh? — Lumian ficou tão chocado que não conseguiu esconder a expressão de sempre.

No loop anterior, ele e Reimund Greg se encontraram quase todos os dias, desde o segundo dia de 30 de março até 5 de abril, a Quaresma.

Naquela época, eles seguiram o procedimento ritual à beira-mar para levantar Reimund, que havia jogado a última oferenda, e jogá-lo no rio. Como os outros no passado, Reimund nadou para mais longe e só conseguiu voltar para casa depois de sair do local do ritual. Ele não sairia de casa até a noite.

Nos dois loops que se seguiram, Lumian teve muito o que fazer e não teve tempo de encontrar Reimund.

Mas agora, Ava estava contando a ele que Reimund estava desaparecido hoje!

Isso era algo que nunca havia acontecido no loop anterior!

Ao ver a expressão de Lumian, os olhos azul-água de Ava ficaram confusos.

— Você realmente não tem ideia… o pai de Reimund pode vir até você hoje para perguntar onde Reimund foi.

Lumian suprimiu as ondas tumultuadas em seu coração e perguntou: — Quando Reimund desapareceu?

“Será que algo aconteceu porque não acompanhei o processo histórico de encontrá-lo?”

— Dois dias atrás, — lembrou Ava. — Dizem que ele não voltou depois de sair de casa na tarde do dia 29. Sua família presumiu que ele estava no Antigo Bar ou conversando com os Observadores Verde.…

Ela fez uma pausa e baixou a voz.

— Eles suspeitam que Reimund está fugindo porque não quer aprender a pastorear.

“Eles acham que eu o instiguei e vão me questionar mais tarde?” Lumian entendeu aproximadamente o que havia acontecido.

A tarde do dia 29 lembrou-lhe o início do loop.

Os dois últimos loops começaram na tarde do dia 29!

“Em outras palavras, Reimund desapareceu desde o início do loop? Isto significa que talvez ninguém tenha mudado deliberadamente o curso da história porque já era tarde demais… Então por que existe tal anomalia e diferença?” Lumian mergulhou em pensamentos profundos.

Ava olhou para ele e perguntou baixinho: — Você sabe para onde Reimund foi?

— Não o vi nos últimos dias, — disse Lumian com sinceridade.

Ele começou a suspeitar que o desaparecimento de Reimund tinha algo a ver com o fato de ele ter sido jogado no rio durante o loop anterior.

Porém, era impossível para Reimund deixar Cordu por causa disso. Isso acionaria o loop.

Depois de se despedir de Ava, Lumian obrigou-se a manter a calma e voltou para casa.

Ele não se incomodou em discutir mais nada. Inicialmente, ele divulgou o desaparecimento de Reimund para Aurore.

O semblante de Aurore ficou solene quando ela franziu as sobrancelhas e sussurrou: — Se você não tivesse mencionado isso, eu teria esquecido completamente dessa pessoa…

Ela vestia um vestido vermelho rosa simples e andou de um lado para outro. Lumian começou a contemplar possíveis razões.

Depois de um tempo, Aurore olhou para o irmão e pronunciou solenemente: — Lembro-me que o cerne do ritual da Quaresma à beira-mar é oferecer sacrifícios ao conceito de uma fonte de água simbolizada pelo rio. É provável que Reimund, que foi jogado na água, também foi considerada um sacrifício e foi levado por uma determinada entidade?

— Posteriormente, como não houve recompensa tangível correspondente, o loop retratou sua ausência como um desaparecimento.

Lumian balançou a cabeça. — Isso irá desencadear o loop.

Os humanos que partiam de Cordu e da vizinhança agiram como um gatilho.

Aurore perguntou com uma voz profunda: — E se for na forma de um cadáver?

Capítulo 64 – Arma

“Na forma de um cadáver?”

O coração de Lumian afundou ao ouvir isso.

Se o corpo de Reimund tivesse saído do loop devido ao sacrifício, ele não seria capaz de reviver através do loop. Assim que a anormalidade em Cordu fosse resolvida, ele estaria realmente morto e não apenas desaparecido.

Embora Lumian não estivesse disposto a admitir que um sujeito tolo como Reimund fosse seu amigo, eles se conheciam há quase cinco anos. Brincaram juntos, pregaram peças juntos e experimentaram muitas coisas juntos. Independentemente disso, ele não poderia tratá-lo como um estranho.

Relembrando o passado, ele percebeu que, além de Aurore, Reimund era provavelmente a pessoa com quem ele mais interagia.

“Aurore não costumava dizer que os tolos são os sortudos? Por que isso está acontecendo?” Lumian não pôde deixar de responder: — Mesmo que ele se torne um cadáver, ainda haverá um espírito.

Aurore suspirou suavemente.

— Talvez a entidade que recebe o sacrifício não esteja interessada em espíritos e só queira carne e sangue? Talvez ela não quisesse acionar o loop e só quisesse carne e sangue em vez do espírito de Reimund, deixando-o em Cordu ou destruindo-o diretamente?

Nesse caso, o cadáver de Reimund equivalia a matéria pura sem qualquer espiritualidade. Poderia sair do loop sem desencadear uma reinicialização.

Ao ouvir a resposta de sua irmã, a mente de Lumian imediatamente repassou o que poderia ter acontecido.

Depois que todos saíram da água, Reimund nadou para mais longe. De repente, uma força invisível agarrou-lhe as pernas, cobriu-lhe a boca e arrastou-o para as profundezas do rio, onde se afogou.

Depois disso, seu espírito permaneceria no fundo do rio ou seria destruído. Seu cadáver seria levado para um lugar desconhecido e se tornaria um sacrifício…

Com esse pensamento, Lumian de repente ficou inspirado.

— Independentemente de o espírito de Reimund ter sido deixado para trás ou destruído, assim que o loop for reiniciado, ele deverá aparecer na forma de um fantasma.

— Logicamente falando, isso está correto. — Aurore assentiu pensativamente. — Depois de escurecer, farei um ritual psíquico e verei se consigo encontrar o espírito de Reimund. Sim, é melhor termos algo que ele usa frequentemente como médium.

Lumian respondeu sem hesitação: — Depois de explorar o castelo à tarde, irei para a casa de Reimund. Seus pais estão me procurando para perguntar sobre seu paradeiro de qualquer maneira.

Quando chegasse a hora, com suas habilidades de Caçador e a vigilância de Lumian, não seria difícil para ele obter um item que Reimund usava constantemente.

— OK. — Aurore não se opôs.

Lumian exalou e perguntou: — Aurore, uh, Grande Irmã, você é capaz de canalizar espíritos?

— Como uma Espreitadora de Mistérios, possuo conhecimento sobre vários assuntos, — Aurore riu em autodepreciação. — Como foi sua conversa com os três estrangeiros?

Lumian rapidamente contou sua discussão com a enigmática mulher e sua conversa com Ryan, Leah e Valentine, mas evitou mencionar a oração da entidade.

Aurore ouviu atentamente e soltou um suspiro.

— É perigoso resistir ativamente à corrupção, mas é a única maneira de explorar as ruínas do sonho, descobrir seus segredos e encontrar a chave para quebrar o loop. Será uma jornada difícil para você…

— O que há de tão terrível nisso? — Lumian deu um tapinha no peito. — Estou me salvando.

Aurore assentiu levemente.

— Você pode usar meu perfume de âmbar cinza. Também tenho almíscar de veado e ingredientes para fazer velas. Apenas tulipas precisam ser adquiridas em outro lugar.

— Lembro que Madame Pualis tem um jardim, mas não sei se está florido.

— Floresceu, — afirmou Lumian com certeza.

Durante o último loop, quando ele e Aurore visitaram o castelo para pegar a carruagem emprestada, notaram que muitas flores do jardim já haviam desabrochado, o que era incomum no início da primavera nas montanhas.

Aurore acenou lentamente.

— Independentemente disso, você deve explorar o castelo à tarde. Você pode colher algumas flores enquanto faz isso. Aquela mulher enviará esses itens para as ruínas do sonho para você?

— Sim, — respondeu Lumian, sentindo-se confiante em sua suposição.

Aurore ponderou por um momento antes de dizer: — Vou lhe dar o Broche de Integridade antes de partir esta tarde. O castelo de Madame Pualis está imundo e pode envolver mortos-vivos. Pode ser muito útil.

— Não é necessário. Guarde-o com você para se proteger de Madame Pualis, — insistiu Lumian, antecipando as objeções da irmã. — Valentine é um crente fanático do Eterno Sol Ardente. De acordo com você, como Beyonder, ele deveria ter escolhido o caminho do Sol. Ele será mais útil do que o Broche de Integridade.

Com base nas observações de Aurore nos últimos anos, os crentes fanáticos do Eterno Sol Ardente normalmente escolheram o caminho do Sol.

Isso também fazia sentido. Os crentes do Eterno Sol Ardente que escolheram o caminho do Sol tendiam a se tornar cada vez mais fanáticos, a menos que não acreditassem neste verdadeiro deus desde o início.

— Isso é verdade, — admitiu Aurore. — Você pode praticar uma maneira mais simples de ativar a Visão Espiritual. Depois, tire uma soneca ao meio-dia para reabastecer suas energias. Vou lhe ensinar as antigas palavras de Hermes e Hermes antigo necessárias para o ritual desta noite.

Ao ouvir as palavras de sua irmã, Lumian de repente se lembrou de algo que ela costumava dizer quando estava apressando seus manuscritos: — O cronograma é apertado e a tarefa é enorme.

……

Às 15h20, Lumian estava na encosta com vista para o castelo do administrador quando avistou Madame Pualis se aproximando da aldeia com sua criada, Cathy. Madame Pualis usava um lindo vestido azul acinzentado com um leve toque fofo, e seu cabelo estava preso em um coque elegante.

Assim que desapareceram de vista, Lumian correu para o fundo da colina onde Ryan, Leah e Valentine já estavam esperando. Eles pareciam estar com suas roupas originais, não tendo feito preparativos para o que estava por vir.

Lumian ficou surpreso ao ver que eles estavam desarmados e perguntou: — Vocês não estão carregando nenhuma arma?

Ryan, que tinha apenas um pouco mais de 1,7 metro de altura, sorriu e respondeu: — Não preciso carregar arma comigo.

Valentine, vestido com um colete branco e um casaco fino azul, ecoou o sentimento de Ryan: — Não preciso de uma arma.

Leah, por outro lado, tirou um pequeno e requintado revólver prateado de suas botas. — Esta é minha arma.

Ela abriu o cano para revelar balas de cores diferentes gravadas com vários padrões e símbolos. — Elas têm efeitos Beyonder diferentes.

Pa! Leah fechou o cano e perguntou a Lumian com um sorriso: — Que arma você trouxe?

“Um de vocês não precisa de arma, o outro não precisa carregar arma consigo, e um tem um revólver tão bonito e poderoso. Isso me faz parecer bobo…” Ele levantou a jaqueta escura que trazia nas costas e revelou um machado preto como ferro enfiado em seu cinto.

Sem esperar que Ryan e os outros falassem, ele suspirou e disse: — Vocês todos agem como Beyonders, e eu sou como um gangster se preparando para uma briga.

Leah riu, seus sinos tilintando: — Você tem talento para a autodepreciação.

— É melhor do que ser ridicularizado pelos outros, — Lumian apontou para a colina íngreme atrás deles. — Vamos subir agora. Não podemos perder mais tempo.

— Tudo bem. — Leah, com seu vestido justo, foi a primeira a subir.

Ela se movia com agilidade e seu equilíbrio era excepcional. Usando os sulcos do terreno, subiu o morro com facilidade.

O que foi ainda mais notável foi que os quatro sinos de prata em sua pessoa permaneceram imóveis e silenciosos.

Lumian seguiu logo atrás, usando a poção Caçador para fortalecer seu corpo e escalando a colina antes inescalável com a ajuda de pedras e raízes de árvores, embora não fosse tão despreocupado e ágil quanto sua companheira.

Depois de recuperar o equilíbrio, ele olhou para trás e viu Ryan agarrando o ombro de Valentine e levantando-o.

Num movimento rápido, Ryan saltou sobre uma pedra saliente no meio da colina.

Sem hesitação, ele avançou mais uma vez, entregando Valentine às proximidades de Lumian e Leah.

Ao longo de todo o esforço, seu físico parecia ter aumentado de tamanho.

Isso deixou Lumian pasmo.

Embora o morro não fosse alto, ainda era exagerado demais para ser escalado com apenas dois saltos.

Os Caçadores definitivamente não conseguiriam!

Depois de sair do torpor, Lumian olhou para o edifício em forma de castelo com duas torres e o jardim circundante. Ele sugeriu aos três estrangeiros: — Vamos até a porta dos fundos.

— Espere um momento. — Ryan o parou e olhou para Leah.

Leah permaneceu em silêncio e deu dois passos em direção à entrada traseira da estrutura semelhante a um castelo.

Seus lábios se moviam silenciosamente, murmurando algo baixinho.

No instante seguinte, os quatro pequenos sinos de prata presos ao véu e às botas tilintaram.

O som não era ensurdecedor, mas era urgente e intenso.

Leah girou e se dirigiu a Lumian e ao resto: — É um caminho traiçoeiro. Um problema grave, de fato.

Com isso, ela deu dois passos em direção à entrada principal.

Ding, ding, ding. Os sinos continuaram a tocar, tornando-se ainda mais insistentes e prementes.

— Provavelmente encontraremos problemas significativos se tentarmos entrar pela frente, — o tom de Leah era severo, mas havia uma sugestão de sorriso em seu rosto.

— E se entrarmos por uma janela? — Ryan perguntou.

Leah assentiu e mudou de rumo, caminhando em direção ao jardim.

Desta vez, embora os sinos tocassem, eram fracos e lentos.

Leah sorriu e exalou: — Esta rota é segura.

Lumian, que havia observado todo o processo, ficou perplexo. Ele não conseguia entender o que os três estrangeiros estavam tramando.

“É assim que os Beyonders operam?” Ele se lembrou dos ensinamentos de sua irmã e perguntou: — Adivinhando o perigo?

— De fato. — Leah assentiu e virou-se para Valentine. — Vou explorar adiante. Esteja preparado.

— Entendido, — Valentine respondeu seriamente.

— Que preparativos? — Lumian perguntou confuso.

Leah riu. — Preparar-se para lançar feitiços divinos e conjurar chamas.

“Então, qual é o propósito de criar chamas?” Antes que Lumian pudesse perguntar, Leah entrou no jardim e se dirigiu ao castelo.

Ela chegou a uma janela e sinalizou que tudo estava claro.

— Vamos, — Ryan informou ao grupo enquanto corria em direção a Leah.

Valentine e Lumian seguiram de perto.

Ao passarem por um canteiro de tulipas, Lumian estendeu a mão para colher uma, mas Ryan o deteve com o antebraço.

Ele não perguntou a Lumian por que estava fazendo isso e apenas disse gentilmente: — Não há pressa. Podemos colher flores mais tarde. Se a colheita causar algum incidente, nossa missão ficará comprometida.

“É verdade…” Lumian aproveitou totalmente essa experiência.

Logo chegaram a uma fileira de janelas na lateral do castelo.

Capítulo 65 – Terceiro Andar

A residência oficial do administrador era originalmente o castelo dos nobres de Dariège, sendo a defesa a principal prioridade. As janelas eram estreitas e altas, tornando a iluminação fraca mesmo durante o dia. No entanto, para torná-la adequado para viver, o proprietário instalou posteriormente muitas janelas de vidro novas no piso térreo.

Lumian olhou através do vidro estampado e viu que o salão de banquetes estava muito vazio.

— Há muito poucos servos… — Leah suspirou suavemente.

Com muitas janelas abertas durante o dia, o ar fresco misturado com a fragrância das flores entrava, criando excelentes condições para a infiltração de Lumian e dos demais.

Aproveitando a falta de criados no primeiro andar, os quatro entraram um após o outro. No entanto, não se apressaram em ir mais fundo e, em vez disso, encontraram um esconderijo próximo.

Leah virou a cabeça para Valentine, que estava agarrado atrás de um pilar ornamental, e disse: — Vou explorar adiante; prepare-se.

— Ok, — Valentine assentiu friamente.

Lumian estava agachado atrás de uma plataforma de pedra com um vaso de porcelana. Quando ouviu isso, colocou a cabeça para fora e os lembrou:

— Não há necessidade de explorar o primeiro andar.

— É frequentemente usado para entreter convidados, então não há nada de incomum.

Desde que o Administrador Béost e Madame Pualis se mudaram, sua irmã Aurore visitava o castelo ocasionalmente como convidada ou pegava emprestado um pônei. Algumas vezes, Lumian aproveitou para segui-la e “pegar emprestado” bolos, pães e bebidas.

Quando o administrador e Madame Pualis estavam fora, ele ocasionalmente procurava Louis Lund, o mordomo, e visitava com ele o primeiro andar.

— Vou direto para as escadas, — disse Leah, entendendo.

Ela não tentou andar em linha reta pelo salão de banquetes vazio. Em vez disso, tateou pelas paredes e circulou em direção às escadas.

Os quatro sinos prateados permaneceram estranhamente silenciosos.

Ao passar por um dos quartos, de repente ouviu passos se aproximando muito perto da porta.

Lumian, em posição privilegiada, ainda avistou um criado de camisa vermelha e calça branca, prestes a colidir de frente com Leah. Ela não tinha onde se esconder!

Leah não entrou em pânico. Ela se virou, colocou a mão na parede e escalou a pintura a óleo pendurada dois metros acima do solo.

Então, ficou na ponta dos pés e subiu na moldura. Ela ficou firme com as costas apoiadas na parede, sem deixar a pintura a óleo cair.

Lumian quis aplaudir porque isso lhe lembrava uma apresentação acrobática que vira em Dariège no ano passado, em um circo.

O criado saiu da sala e instintivamente olhou em volta antes de caminhar em direção à cozinha.

Assim que deu alguns passos à frente, Leah deslizou silenciosamente para o chão na frente da pintura a óleo. Então, ela rolou duas vezes e se escondeu atrás de um pilar. Depois que o criado desapareceu do salão de banquetes, ela encostou-se na parede novamente. Finalmente, chegou à escada e confirmou que tudo estava bem.

Ao ver isso, Lumian saiu correndo da plataforma de pedra e correu em linha reta.

Ele foi tão rápido que alcançou Leah em menos de três segundos.

No entanto, não foi o mais rápido. Ryan completou a jornada apenas no tempo que levou para respirar.

Valentine também não foi lento. Seu físico era claramente mais forte que o das pessoas comuns.

Sem mais palavras, Leah assumiu a liderança e os quatro subiram apressadamente as escadas, chegando ao segundo andar da residência.

Havia salas fechadas em ambos os lados do corredor, duas salas tinham luz entrando pelas janelas no final do corredor. O ambiente geral estava anormalmente escuro.

Ryan sugeriu, examinando os arredores.

— Vamos nos dividir e revistar quartos diferentes. Isso economizará tempo e tornará mais fácil nos escondermos. No entanto, não devemos permanecer separados por mais de um quarto um do outro, caso algo aconteça e não possamos salvar um ao outro a tempo.

Leah e os outros concordaram com a cabeça.

Lumian prontamente se aproximou do cômodo mais próximo, encostando o ouvido na porta para ouvir qualquer movimento lá dentro. Depois de um momento, girou habilmente a maçaneta e entrou.

O quarto pertencia a uma empregada.

Procurou por um tempo, mas não encontrou nenhuma pista. Ele foi para a próxima sala.

Dessa forma, os quatro evitaram cuidadosamente os criados e exploraram a maior parte do segundo andar.

Perto do final da busca, Lumian chegou à porta do quarto que o traumatizou: o quarto de Louis Lund!

Pela sequência histórica dos acontecimentos, este mordomo deveria ter dado à luz ontem.

“Seu estômago foi rasgado e, mesmo com suturas, ele não se recuperaria rapidamente. Ele deve estar se recuperando na cama…” Lumian pensou consigo mesmo, pensando se deveria abrir a porta e bater um papo com Louis Lund.

Como alguém que experimentou pessoalmente fenômenos bizarros, esse mordomo sem dúvida sabia muito.

No entanto, isso entraria em conflito com seu princípio de observação e exploração. Lumian não podia garantir que Louis Lund não revelaria sua presença a Madame Pualis.

O fato de ele ter dado à luz o filho da outra parte significava que não havia segredos entre eles.

Silenciá-lo apenas confirmaria as suspeitas de Madame Pualis.

“Que pena. Se eu soubesse alguma coisa sobre hipnose…” Lumian suspirou interiormente. Ele encostou o ouvido na porta, atento a qualquer som.

“Nada.”

Como Caçador, a audição de Lumian era aguçada o suficiente para detectar respiração a dois ou três metros de distância, mesmo com uma barreira entre eles.

“Ninguém? Louis Lund acabou de dar à luz. Para onde ele pode ir?” Lumian girou a maçaneta e empurrou lentamente a porta, espiando dentro.

O quarto estava limpo e livre das manchas de sangue que ele tinha visto antes. Louis Lund não estava em lugar nenhum.

Lumian franziu a testa e entrou.

Os sinais de presença humana recente eram evidentes: um cobertor amarrotado na cama, uma bituca de cigarro na mesa de cabeceira, um casaco preto pendurado na cadeira e leves pegadas no chão. Além disso, havia manchas de sangue na beirada da cama que não haviam sido limpas.

Além disso, Lumian também viu algumas manchas de sangue que não haviam sido removidas da beirada da cama.

Lumian acenou com a cabeça para si mesmo. “Ele realmente deu à luz aqui ontem…”

De repente, vozes fracas do lado de fora da janela chamaram sua atenção.

Ele correu até a janela de vidro, virou o corpo e espiou para fora.

Nos estábulos, Louis Lund — de cabelos pretos, olhos azuis e vestido com camisa branca, terno preto, calças escuras e sapatos de couro — conversava com o cocheiro da carruagem, Sewell, que havia enviado os irmãos para Paramita.

Lumian ficou surpreso com a aparência saudável e estável de Louis Lund.

“Esta é a pessoa que acabou de dar à luz ontem?”

“E foi uma cesariana!”

Lumian suprimiu o choque em seu coração e ouviu atentamente o que Louis Lund e Sewell diziam.

Inesperadamente, esses dois companheiros estavam apenas trocando experiências em jardinagem.

— Qual é o problema? — Com Lumian dentro do quarto por tanto tempo, Ryan, vestindo um chapéu-coco escuro, abriu a porta e entrou no quarto seguido por Leah e Valentine.

Lumian rapidamente os informou sobre a situação de Louis Lund.

Ryan ponderou por um momento antes de perguntar: — Você já ouviu falar da Mãe Terra?

A região de Dariège fazia fronteira com o reino de Feynapotter. Os pastores costumavam ir para lá. Aliada à educação básica da irmã, Lumian não era estranho a Ela.

— Sim, a divindade em que Feynapotter acredita.

Ryan acenou com a cabeça e disse: — A Mãe Terra está associada à fertilidade, cura e vida. Esses domínios são refletidos nos poderes Beyonder do caminho correspondente. Embora eu não esteja dizendo que a situação de Louis Lund esteja relacionada à Mãe Terra, é possível que a sua capacidade de dar à luz e a sua rápida recuperação estão ligadas a estes domínios.

— É mesmo… — Lumian achou isso plausível depois de pensar um pouco.

Afinal, o homem já era capaz de dar à luz. O que havia de tão estranho em sair depois de uma cesariana?

— Você encontrou algo? — Lumian perguntou a Ryan e aos outros.

Ryan balançou a cabeça.

— Eles eram todos aposentos normais de empregados. Talvez tenhamos que verificar o terceiro andar.

Lumian sentiu uma sensação de desconforto tomar conta dele.

Os aposentos de Madame Pualis e do administrador Béost incluíam quarto, escritório, solário e sala de atividades, todos localizados no terceiro andar.

Isso representava um risco significativo.

— Muito bem, — Ryan respondeu sem hesitação.

Os quatro começaram a subir furtivamente até o terceiro andar.

Muitas das portas estavam entreabertas e o corredor estava bem iluminado.

Lumian foi direto para o quarto que era adornado com um cobertor de veludo de cor clara na cama, uma pequena estante repleta de materiais de leitura para dormir, um vestiário espaçoso repleto de uma variedade de roupas, um cofre contendo coleções preciosas, um conjunto de sofás macios, uma mesa com cinco porta-retratos e documentos e um tapete branco fofo cobrindo toda a sala…

Lumian e companhia examinaram o quarto e dirigiram-se simultaneamente em direção à mesa.

Os livros sobre a mesa eram em sua maioria novels populares, incluindo a obra-prima de Fors Wall, “O Aventureiro 5: Contra-Almirante da Peste”, e o último trabalho de Aurore, “O Detetive Substituto”. Os documentos referiam-se principalmente a vários assuntos na área de Dariège. Quanto às cinco fotos expostas nas molduras, quatro eram de Madame Pualis e uma pertencia a um homem que Lumian não reconheceu.

— Nenhuma foto do administrador? — ele exclamou, surpreso.

Madame Pualis era a única nas quatro fotos, cada uma retratando-a em roupas e poses diferentes. A foto com um homem não era do Administrador Béost, que, afinal, era o dono da casa. Isso não era peculiar?

Leah assentiu pensativamente.

— Talvez o status do administrador nesta família seja semelhante ao de um mordomo. Você já viu a fotografia de um mordomo exibida na casa de alguém?

— Então quem é esse homem? — Lumian perguntou, apontando para o porta-retratos ao lado.

A moldura continha uma fotografia colorida de um homem de quase trinta anos. Ele vestia uma camisa vermelha, um casaco de veludo preto e calças escuras com borlas. Usava um par de botas curtas com cadarços e estava vestido de maneira muito elegante.

Ele tinha uma notável semelhança com Madame Pualis, com sobrancelhas claras, olhos castanhos brilhantes e cabelos castanhos repartidos em um estilo exagerado de 7-3. Seus lábios estavam curvados, dando-lhe o ar de um encrenqueiro que frequentava a alta sociedade.

Em suma, as características faciais deste homem não eram extraordinárias, mas eram agradáveis ​​à vista.

— Irmão de Madame Pualis? — Lumian arriscou um palpite baseado em sua aparência.

Capítulo 66 – Berço

Leah olhou para o homem da foto, perdida em pensamentos.

— Depois de receber o pedido de ajuda, partimos dois dias depois para recolher informações relevantes, — disse ela.

— O nome completo de Madame Pualis é Pualis de Roquefort, não é? — ela parou por um momento antes de continuar: — Investigamos a família Roquefort em Dariège e não encontramos nenhum vestígio de Pualis.

Em Intis, a mulher podia optar por manter o nome de solteira após o casamento. Se houvesse um “de” em seu nome, significava que ela já foi uma nobre. O significado de “de” em Intis era “origem”, e o sobrenome por trás dele era o feudo.

— Nenhum? — Lumian ficou surpreso. Ele sabia que algo estava errado com Madame Pualis, mas não esperava que a identidade dela fosse falsa!

Ryan assentiu. — Em Dariège, Roquefort é uma família numerosa com muitos membros, incluindo um senador provincial. Estávamos com pressa e não tivemos tempo de realizar uma investigação mais detalhada. Só pudemos confirmar que não existia tal pessoa como Pualis, mas um homem chamado Pulitt estava desaparecido há mais de um ano.

— Pulitt? — Lumian perguntou. — Qual é a relação dele com Madame Pualis? Eles são parecidos.

Ryan balançou a cabeça. — Sem informações suficientes, é impossível adivinhar. O que sabemos é que Pulitt de Roquefort era um dândi1 popular em Trier e tinha muitos filhos ilegítimos. Muitas pessoas o odiavam e detestavam. Talvez seja por isso que ele não teve escolha mas sair ou foi forçado a deixar Dariège.

— Dândi? — Lumian não estava familiarizado com o termo.

Aurore assinava revistas e jornais voltados para mulheres ou focados em assuntos nacionais. Havia alguns materiais sobre o sobrenatural, mas nenhum envolvia assuntos masculinos.

Lia riu. — Para simplificar, é um raparigueiro que se veste na moda, fala com elegância e age livremente.

Lumian suspirou e zombou: — O povo de Trier certamente sabe como viver a vida. Eles empacotam seus assuntos como um pensamento, uma doutrina e uma tendência.

Quando se tratava de trapaça, Triers2 estavam na vanguarda. O padre? Diante dos Triers, ele ainda era uma criança.

……

— No ano passado, Trier construiu inúmeras arcadas3, — observou Aurore enquanto tomava seu chá preto de marquês, presenteando Madame Pualis, Nazélie e os outros com as últimas tendências de sua residência subterrânea de dois andares.

— O que é uma galeria? É uma rua coberta com telhado de vidro e piso de mármore. Lojas elegantes e deslumbrantes se alinham em ambos os lados. Durante o dia, a luz vem de cima e à noite, lâmpadas a gás iluminam a área. Carruagens são proibidas de entrar. O fliperama mais famoso é chamado de Ópera de Arcadas…

Madame Pualis, segurando uma xícara de porcelana branca cheia de chá preto, observava Aurore com seus brilhantes olhos castanhos, ouvindo atentamente com um sorriso.

— Parece algo que preciso ver… — Nazélie suspirou, imaginando a elegância, a moda, a limpeza e o brilho do fliperama.

O conhecimento de Aurore sobre as últimas tendências da Intis foi a principal razão pela qual aceitaram o convite para o chá da tarde.

Depois de conversar um pouco, a discussão voltou-se para o trabalho e os relacionamentos de Aurore.

— O amor é tão insondável e evasivo… — Madame Pualis refletiu em voz alta.

“Então é por isso que você se apaixona por tantos homens ao mesmo tempo?” Aurore não pôde deixar de criticar interiormente.

Madame Pualis olhou para ela com um leve sorriso e suspirou.

— Às vezes fico com muita raiva por causa dos erros dele. Eu gostaria de poder matá-lo e mandá-lo para a morte, mas quando ele está realmente enfrentando a morte, não posso evitar salvá-lo e me recuso a contar os laços com ele. Talvez isso seja amor…

……

No quarto principal da residência do administrador.

— Madame Pualis pode ter se apaixonado por Pulitt, um dândi, e se envolvido em um relacionamento proibido, resultando na rejeição de sua família. Ela então teve que se casar com alguém e usar as conexões de sua família para garantir o cargo administrativo em Cordu para ele. — Lumian deduziu isso com base nas histórias escritas por sua irmã.

Isto explicava por que a posição do Administrador Béost na família era relativamente baixa.

— Talvez, — Ryan respondeu simplesmente, — Continue procurando, mas não tente abrir o cofre ou qualquer coisa que possa disparar um alarme.

Lumian e seus companheiros se dispersaram imediatamente e procuraram em outro lugar.

Apesar da habilidade de Caçador de observar traços sutis, Lumian ainda não encontrou nada.

O mesmo aconteceu com Leah e os outros.

Eles não tiveram escolha a não ser ir para o escritório e procurar pacientemente.

Com o passar do tempo, os quatro chegaram ao final do corredor, onde havia uma sala fechada em frente a um solário aberto. Ao lado havia uma escada que levava a uma das torres.

Ryan, que havia terminado de revistar o solário, virou-se para Leah.

Leah tocou o pequeno sino prateado pendurado em seu véu, murmurando para si mesma enquanto caminhava em direção à porta de madeira bem fechada.

Desta vez, os quatro sinos não tocaram.

Leah deu um suspiro de alívio e gentilmente empurrou a porta de madeira.

Era um quarto vazio com um berço de balanço no meio.

O berço era feito de madeira marrom e instalado dentro de uma moldura de madeira. Estava coberto com panos de algodão limpos, mas ligeiramente gastos, que mostravam sua idade. O berço estava vazio.

Este era o berçário onde outrora dormiram os dois filhos de Madame Pualis. Além da cama, não havia brinquedos no quarto. Espalhados no chão estavam trigo, cevada, arroz, centeio e outras plantas, fazendo com que parecesse bastante estranho.

Além disso, essas plantas estavam bem preservadas, como se tivessem sido trazidas há poucos dias.

O corpo de Valentine brilhava quando ele entrou na sala e circulou.

Logo, voltou para a porta e balançou a cabeça para Ryan e Leah.

— Não há aura maligna.

— Tudo bem. — Leah olhou para Lumian. — Devemos ir para a torre a seguir?

Lumian sempre teve curiosidade pelas duas torres do castelo. Ele nunca esperou ter a chance de “visitá-las” hoje.

Valentine deixou o estranho berçário. Ryan agarrou a maçaneta e planejou fechar a porta de madeira e restaurá-la ao seu estado original.

Neste momento, o olhar de Lumian desviou-se para dentro.

O berço de madeira marrom balançava suavemente, mas as janelas bem fechadas do quarto e o solário oposto, com suas vidraças do chão ao teto, não deixavam entrar nenhuma brisa no corredor!

— O que… — As pupilas de Lumian dilataram.

Leah percebeu sua angústia e se virou para olhar.

O berço continuava a balançar, como se um bebê invisível estivesse deitado dentro dos panos.

Leah levou a mão à glabela, como se tentasse aliviar os olhos cansados.

Ela se preparou para ativar sua Visão Espiritual e ver o que havia dentro do berço.

De repente, os quatro pequenos sinos prateados em seu véu e botas tilintaram, como se estivessem prestes a estourar!

O rosto de Ryan congelou quando ele gritou: — Saiam daqui!

Com isso, ele correu para o solário, quebrando as janelas do chão ao teto na tentativa de criar um caminho de fuga do castelo.

Bang!

Um baque alto ecoou por toda a sala quando Ryan bateu nas janelas, mas não houve som de vidro quebrando.

Os rostos transparentes de crianças apareciam na fileira de janelas, alguns deles meros bebês com rostos pálidos e inexplicavelmente aterrorizantes.

Quando Ryan ‘esbarrou’ neles, abriram a boca em uníssono e soltaram um gemido assustador.

Seus gritos ecoaram pelo terceiro andar do castelo, lançando uma escuridão misteriosa sobre toda a área. As paredes e o vidro eram adornados com rostos translúcidos de crianças, algumas chorando enquanto outras olhavam fixamente para Lumian, Leah, Valentine e Ryan.

Lumian estremeceu de medo ao sentir seus olhares frios sobre ele.

De repente, o corpo de Valentine foi engolfado por uma luz dourada escura, que rapidamente se espalhou para envolver Lumian, Leah e ele mesmo.

Uma sensação de calor se espalhou pelo corpo de Lumian, dissipando seu medo e enchendo-o de coragem. Ele sacou seu machado preto como ferro com nova confiança.

Enquanto isso, Ryan parecia ficar mais alto e mais imponente.

Raios de luz semelhantes aos do amanhecer o cercaram, fundindo-se em uma armadura de corpo inteiro branco-prateada e uma enorme espada larga de luz.

Com um golpe poderoso, Ryan cortou as janelas do chão ao teto, dispersando os rostos brancos das crianças na fumaça enquanto elas gritavam.

Mas o vidro não quebrou e mais rostos apareceram, seus gritos estridentes atormentavam Lumian e seus companheiros.

— Quem se atreve a invadir o castelo?

A voz de uma mulher ecoou pelos corredores.

Quase imediatamente, Lumian avistou uma pessoa do outro lado do corredor, parada no segundo andar.

Ela era uma mulher de meia-idade com cabelos e olhos castanhos. Ela era bastante bonita, sem rugas. Era a parteira que ajudou no parto de Louis Lund.

Em sua mão, segurava uma tesoura enorme que poderia decapitar um humano enquanto vestia um vestido branco acinzentado. Era como se ela tivesse acabado de podar um galho do jardim.

Ela olhou para Lumian e seus companheiros e falou com uma voz profunda e ameaçadora.

— Você merece morrer!

……

Na residência subterrânea de dois andares, Madame Pualis estremeceu repentinamente e seu semblante alterou-se.

Ela colocou delicadamente a xícara de porcelana sobre a mesa e sorriu para Aurore.

— Minhas desculpas. Acabei de me lembrar de um assunto urgente que requer minha atenção imediata em casa.

— Huh? — Aurore ficou chocada.

Pualis levantou-se da cadeira, com uma expressão cheia de arrependimento.

— Eu pretendia ficar e discutir seu trabalho e seu belo e comovente retrato do amor.

Aurore respondeu rapidamente: — Por favor, você é mais que bem-vinda.

— Não posso, infelizmente. — Madame Pualis balançou a cabeça. — Isso diz respeito aos meus filhos.

  1. indivíduo que se veste com elegância e requinte.[↩]
  2. habitantes de trier[↩]
  3. sucessões de arcos[↩]

Capítulo 67 – Feitiços Malignos

Valentine avistou a mulher de vestido branco acinzentado. Seus olhos brilharam de ódio enquanto ele esticava os braços como se estivesse abraçando o sol.

Um pilar de luz ofuscante desceu do céu e atingiu o alvo segurando a enorme tesoura.

Os arredores explodiram em luz em um instante. Os rostos transparentes nas paredes e no vidro desapareceram antes mesmo que pudessem gritar.

O corpo da mulher claramente pegou fogo e estava evaporando, mas desapareceu de repente.

Lumian achou esta cena estranhamente familiar. O monstro com orifício bucal enorme exibiu comportamento semelhante quando o estava caçando.

“Invisibilidade!”

A mulher pode não ter se escondido, mas certamente não estava morta. Assim, Lumian não sentiu nenhum alívio. Em vez disso, aproximou-se de Ryan, que agora era bem mais alto.

Ryan, coberto por uma armadura prateada e empunhando uma espada larga de luz, era a pessoa em que Lumian mais confiava entre os presentes.

Era evidente que Ryan era excelente em combate!

Leah ficou lá quando, de repente, o rosto de uma criança pálida surgiu na parede atrás dela, transformando-se na mulher de vestido branco acinzentado.

A enorme tesoura da mulher apertou o pescoço de Leah.

Crack!

A cabeça de Leah caiu, mas nenhum sangue jorrou. Seu corpo e cabeça rapidamente enrugaram e afinaram, transformando-se em uma efígie de papel esfarrapada que pousou suavemente no chão.

Não muito longe, sua silhueta vestindo um vestido de caxemira plissado se delineava.

Com um estrondo, Ryan, com o rosto escondido por uma viseira prateada, ergueu a Espada do Amanhecer e caminhou em direção ao local onde Leah estava, apontando a arma diagonalmente para a mulher.

A mulher brandiu a tesoura na tentativa de bloquear o ataque, mas foi empurrada contra a parede pela força do golpe.

Ela desapareceu mais uma vez.

Enquanto Valentine, vestido com uma jaqueta azul fina, ficava de costas, a mulher subitamente substituiu o rosto inchado e pálido.

Ela se inclinou e bateu na nuca de Valentine.

— Cuidado! — Leah gritou assim que avistou a mulher, alertando seu companheiro.

Valentine bufou e cruzou os braços.

Chamas douradas e ilusórias irromperam do vazio que o cercava, entrelaçando-se e transformando o corredor em um oceano pulsando com o brilho do sol.

A mulher estremeceu de agonia quando seu corpo foi consumido pelas chamas intensas.

Ela recuou para o interior das paredes, revertendo para o rosto inchado e pálido.

O rosto translúcido derreteu instantaneamente em fragmentos de gás negro dentro das chamas douradas e ilusórias antes de se dissipar.

Clang!

A Espada do Amanhecer de Ryan atingiu o mesmo local novamente, fazendo todo o castelo tremer.

Apesar de seus esforços, ele ainda estava um passo atrasado para deter a mulher.

Lumian rapidamente percebeu a gravidade da situação. A mulher que ajudou no parto de Louis Lund estava ligada aos rostos transparentes das crianças na parede e no vidro. Ela não só poderia se transformar em um deles, mas também em uma forma fantasma, evitando ataques e desviando danos.

Em outras palavras, poderia atacar de qualquer parede ou vidro no terceiro andar do castelo a qualquer momento, e os contra-ataques de Ryan e dos outros foram ineficazes.

Ao perceber isso, Lumian imediatamente se distanciou das janelas do chão ao teto e das paredes circundantes e caminhou até o meio do solário.

Naquele momento, rostos fantasmagóricos apareceram no chão e no teto.

A mulher surgiu de repente por trás dos pés de Lumian e rapidamente alcançou sua coxa com a tesoura.

O coração de Lumian disparou com uma sensação de perigo.

Sem se preocupar em confirmar de onde vinha o ataque, ele saltou no ar e desviou para o lado.

Apesar de seus esforços, ainda estava um pouco lento demais. Um corte profundo foi deixado na parte inferior de sua coxa e o sangue jorrou instantaneamente.

Assim que as gotas de sangue caíram no chão, a mulher — que havia trocado de lugar — apontou para elas e elas se condensaram em uma figura magra e cor de sangue.

Sem qualquer hesitação, a figura cor de sangue virou-se para Lumian, que havia rolado para a poltrona reclinável, e atacou-o, alimentando-se de seu sangue e ficando mais forte a cada gota.

Ao mesmo tempo, Lumian suportou uma dor intensa e sentiu o sangue descontrolado.

Quase instantaneamente, Ryan interveio.

No ar, ele ergueu a espada de luz e golpeou a figura cor de sangue, prendendo-a no chão e quebrando-a com os rostos transparentes ao seu redor.

Leah deu uma cambalhota para o lado de Lumian e pressionou a mão direita no ferimento da coxa dele.

Para surpresa de Lumian, o ferimento moveu-se magicamente junto com a mão direita de Leah, descendo até a lateral da panturrilha, que não era rica em vasos sanguíneos.

O sangramento diminuiu imediatamente.

A mulher apareceu de repente do teto. Seus olhos castanhos ardiam com uma vida.

O sangue que escorria da panturrilha de Lumian se acendeu, produzindo uma chama brilhante que lembrava o sol da primavera. Rapidamente se espalhou profundamente na ferida e nas veias de seu corpo.

Naquele momento, Lumian sentiu sua vida se esgotando rapidamente.

Com um estalo, Ryan esfaqueou a espada de duas mãos condensada da luz no chão.

Ao seu redor, na área onde Lumian e Leah estavam, raios de luz semelhantes aos do amanhecer apareceram, preenchendo todo o espaço.

À luz da manhã, as figuras cor de sangue restantes derreteram rapidamente, e as belas e brilhantes chamas na panturrilha de Lumian se extinguiram rapidamente.

A segunda queimadura selou suas feridas, estancando o sangramento.

Ryan sacou sua espada e gritou com uma voz profunda e autoritária: — Este ambiente é inadequado. Devemos partir imediatamente!

O que ele realmente quis dizer foi que a mulher não era tão poderosa quanto parecia. Ela era quase invencível e impossível de ser atingida devido às condições únicas no terceiro andar do castelo que aumentavam muito suas habilidades.

Sem esperar a reação de seus companheiros, Ryan atacou a mulher.

Embora ainda fosse um pouco mais lento que sua oponente, que conseguia se mover com a ajuda de rostos translúcidos, ele não poupou esforços e atacou com golpes poderosos, cortes diagonais e facadas. Ele forçou sua adversária a um estado de movimento constante, forçando-a a mudar constantemente de posição após cada ataque.

Juntamente com a luz sagrada invocada por Valentine e as chamas douradas que ele conjurou, os dois conseguiram subjugar temporariamente a mulher, evitando assim que Leah e Lumian fossem feridos.

Aproveitando a oportunidade, Leah pulou na poltrona e correu para frente e para trás pelo sofá, mesas, poltronas reclináveis ​​e enfeites, evitando tocar o chão.

Ao longo desse processo, os sinos prateados em seu véu e em suas botas soavam incessantemente, às vezes melodiosos e às vezes ásperos.

Lumian não se sentia mais seguro no chão. Ele subiu na mesa e examinou o teto acima e o chão abaixo, analisando os movimentos de Leah.

Com base em sua experiência anterior, ele deduziu a rota que a mulher estava tentando usar para escapar.

Logo, Leah cessou suas manobras acrobáticas.

— Para a torre, rápido!

Assim que terminou de falar, a mulher esticou a cabeça para fora do teto e gritou com voz severa: — Seus malditos bastardos!

Cada palavra foi pronunciada com precisão, fazendo com que os corações de Lumian e seus companheiros disparassem, suas cabeças girassem e sua visão ficasse turva. Foi uma experiência totalmente desagradável.

Valentine suportou o desconforto e esticou os braços mais uma vez.

Uma luz brilhante e imaculada inundou o teto.

— Vamos embora! — Ryan comandou.

Lumian imediatamente saltou da mesa, suportando a dor na panturrilha. Pisando nos rostos transparentes, ele correu em direção à torre, com Leah e Valentine logo atrás. Apenas Ryan, coberto com uma armadura prateada, não estava com pressa de escapar. Ele ergueu a Espada do Amanhecer e cortou a mulher que havia colocado a cabeça para fora, impedindo-a de interromper a fuga de seus companheiros.

Depois que Leah e os outros subiram as escadas que levavam à torre, ele se virou e começou a correr.

A mulher emergiu de um rosto transparente na parede lateral e soltou um grito agudo.

Acompanhado pelo grito, uma camada de chamas negras e malévolas acendeu na superfície da armadura prateada de Ryan.

Ryan imediatamente sentiu sua resistência se esgotando rapidamente.

Sem hesitação, ele desativou a Armadura do Amanhecer.

Pontos de luz parecidos com o sol da manhã se espalharam em todas as direções, junto com as chamas negras, e se dissiparam no ar.

Segurando a espada de luz, Ryan aproveitou a oportunidade para saltar e sair do terceiro andar do castelo, entrando pelas escadas.

Nesse momento, Lumian, ciente de que estava um pouco fraco e sem condições de aproveitar o ambiente, correu em segundo lugar. À frente dele estava Leah, cujo sino prateado tocava suavemente.

Leah de repente parou.

Lumian desacelerou apressadamente ao ouvir conversas.

Ele então olhou para frente e ficou surpreso.

A torre não era grande e poderia até ser considerada pequena. Havia escadas que levavam a vários lugares.

As paredes estavam lotadas de crianças.

Elas estavam vestidas com roupas diferentes. Algumas pareciam ter acabado de nascer, enquanto outras tinham três ou quatro anos. Seus membros pareciam garras de pássaros com pontas estranhamente afiadas.

Usando suas garras de pássaro, essas crianças pareciam pássaros em uma floresta, empoleirando-se na parede e ocupando a maior parte da área.

O couro cabeludo de Lumian formigou quando ele viu mais de cem rostos, corpos e garras de pássaros afiados e perversos de crianças humanas combinados com um método anormal de transfiguração. Ele mais uma vez sentiu como se sua mente, olhos e alma tivessem sido corrompidos, assim como quando testemunhou o parto de Louis Lund.

As crianças ainda não haviam percebido a intrusão. Um pequeno número delas discutia alegremente diferentes tópicos.

— O céu é tão azul lá fora.

— Eu quero sair.

— Sem chance.

— Mamãe disse que temos que ser capazes de retrair nossas garras e ser como humanos normais antes de podermos sair…

Naquele momento, Ryan alcançou os três e disse com urgência: — Fiquem longe!

Ele então se virou e barricou a entrada da torre como um gigante, segurando a Espada do Amanhecer na mão.

Leah e Valentine não perguntaram por quê. Eles correram freneticamente e encontraram escadas e outros obstáculos atrás dos quais se esconder. Embora Lumian não compreendesse, seus instintos de sobrevivência lhe disseram para seguir ordens.

— Todos vocês, venham aqui!

A voz aguda da mulher reverberou.

Cada palavra perfurava os ouvidos de Lumian e de seus companheiros, enfraquecendo-os simultaneamente.

Imediatamente depois, a mulher de vestido branco acinzentado apareceu no canto da escada. A torre inteira estava repleta de aura de vida e nenhum rosto pálido era visível.

Capítulo 68 – Purificação

Ao ver que Ryan estava bloqueando a entrada da torre com a Espada do Amanhecer, a mulher de vestido branco acinzentado sentiu um pressentimento.

Ela rapidamente virou a enorme tesoura, prendeu-a no pescoço e puxou suavemente.

Uma corrente vermelha vívida de sangue jorrou imediatamente, acompanhada por seu grito agudo. O sangue fluía em todas as direções como se tivesse vida própria, envolvendo todo o seu corpo.

Era como se a mulher tivesse se enfeitado com uma armadura de corpo inteiro cor de sangue.

Enquanto isso, Ryan segurou a Espada do Amanhecer para baixo com as duas mãos e se ajoelhou.

Com um estalo, ele esfaqueou a espada de duas mãos, que havia se condensado da luz, no chão de pedra à sua frente.

A espada larga se desintegrou, transformando-se em partículas de luz que lembravam o sol.

Elas eram densamente compactadas e inumeráveis, formando um furacão violento e bruxuleante que avançava.

Por onde quer que o Furacão de Luz passasse, o chão de pedra sofria. Alguns dos degraus foram achatados e apareceram rachaduras exageradas. A mulher foi completamente engolida antes que pudesse se esquivar.

A armadura cor de sangue em seu corpo durou um segundo antes de quebrar completamente e derreter na luz.

Desta vez, ela havia saído do ambiente especial do terceiro andar e estava em um local repleto de força vital. Ela não podia mais usar os rostos pálidos e transparentes para mudar de posição. Só pôde observar pequenas rachaduras cor de sangue aparecerem em seu corpo.

As rachaduras se expandiram rapidamente e instantaneamente se transformaram em uma ferida horrível que cortou a mulher.

Enquanto seus gritos reverberavam, seu corpo se desfez em pedaços de carne. Os pedaços de carne e seu espírito ainda estavam sendo devastados pela tempestade de luz até que o furacão cessou. A carne foi moída e o espírito se dissipou.

Embora Ryan tenha tentado ao máximo evitar que o Furacão de Luz implicasse os outros, ainda estava fraco demais para controlá-lo. Ele destruiu uma grande parte das paredes laterais e as escadas atrás dele. Se Lumian, Leah e Valentine não tivessem encontrado cobertura com antecedência, teriam ficado mais ou menos feridos.

Swoosh! Swoosh! Swoosh!

As crianças com garras de pássaros que escalavam o muro ficaram assustadas e gritaram.

Os ouvidos de Lumian e dos outros zumbiam como se tivessem sofrido um ataque sonoro.

— Vamos! — Ryan se virou e bateu na parede mais danificada próxima.

A parede quebrou e um grande número de pedras caiu.

Um enorme buraco pelo qual os humanos poderiam rastejar apareceu.

Quando Valentine e Lumian correram, Ryan agarrou cada um deles com uma mão e saltou de uma altura de mais de dez metros para uma árvore fora do castelo.

Bam! 

No ar, ele chutou a árvore e voou diagonalmente para longe do castelo.

Leah desceu sozinha, usando a saliência das paredes externas do castelo para descer rapidamente, aterrissando no chão em um instante ou dois.

Ryan, Lumian e Valentine esperaram por Leah por alguns segundos enquanto as árvores tremiam violentamente. Depois de encontrá-la, eles correram para o fundo da colina e saíram antes que os outros servos a alcançassem.

……

Em menos de um minuto, Madame Pualis ficou inexpressiva ao lado do buraco rompido na entrada da torre, usando um vestido fofo azul-acinzentado.

As crianças rastejando nas paredes rapidamente acusaram os forasteiros de serem bárbaros e cruéis, clamando pela sua mãe.

Madame Pualis, com o rosto pálido, permaneceu em silêncio.

……

Na floresta ao lado da Vila Cordu.

Lumian e seus companheiros pararam e olharam para o castelo.

Leah estava prestes a falar quando franziu a testa e disse: — Ouço um bebê chorando, está muito perto! — Ela se virou para Ryan e os outros e perguntou: — Vocês conseguem ouvir?

Lumian se assustou e ouviu com atenção, ouvindo vagamente o som de um bebê chorando, mas não era tão próximo quanto Leah havia descrito, na verdade, parecia distante.

— Posso ouvir um pouco, — Ryan respondeu com sinceridade.

A expressão de Valentine mudou como se ele tivesse pensado em alguma coisa.

Ao mesmo tempo, o rosto de Leah se contorceu de dor e ela instintivamente pressionou a mão no abdômen, onde havia um inchaço e contorções distintos.

Valentine rapidamente foi até Leah e colocou a mão na cabeça dela, dizendo uma palavra no antigo Hermes que Lumian acabara de aprender: — Sol!

Gotas líquidas douradas e translúcidas condensaram-se do nada e espalharam-se sobre o corpo de Leah.

Uma fumaça negra ilusória subiu imediatamente do corpo de Leah, e sua expressão alternou entre distorção e normalidade.

Finalmente, seu abdômen voltou ao estado original e parou de se contorcer.

— Ufa… — Leah deu um suspiro de alívio. — Eu evitei por pouco me tornar mãe de um monstro. Felizmente, cuidamos disso a tempo, antes que pudesse se desenvolver.

Ela tinha um sorriso no rosto, imperturbável pela experiência bizarra e aterrorizante.

Leah virou-se para Lumian, Ryan e Valentine.

— Vocês gostariam de se purificar com água benta? Preocupo-me que vocês possam se tornar mães sem saber.

— Sim! — Lumian concordou imediatamente, mas Valentine abordou Ryan primeiro. Colocando a mão na cabeça de Ryan, ele pronunciou a antiga palavra de Hermes, Sol! Gotas douradas de líquido se formaram e se espalharam, mas nada de incomum aconteceu com Ryan.

Valentine purificou-se em seguida e nenhuma fumaça preta apareceu.

Ele então caminhou até Lumian e colocou a mão na cabeça do Caçador. Sol! ele repetiu, e gotas de líquido translúcido caíram. Lumian de repente sentiu uma dor aguda no coração, como se uma cobra estivesse se enterrando. Cada vez que se movia, o coração de Lumian acelerava ou desacelerava, causando extremo desconforto.

No momento seguinte, Lumian ouviu a voz misteriosa que parecia vir de uma distância infinita, mas também soava próxima.

Não estava tão claro como em seu sonho, por isso o impediu de entrar em um estado de quase morte.

Assim como Lumian não aguentava mais, Valentine interrompeu a purificação e acenou com a cabeça friamente.

— Não há nada de errado com você também.

Ufa… Lumian deu um suspiro silencioso de alívio, sentindo-se como se tivesse sido retirado da beira da morte.

Naquele momento, entendeu aproximadamente o que acabara de acontecer.

De acordo com a misteriosa mulher, ele foi severamente corrompido por um certo deus maligno oculto. Ele só poderia manter seu estado normal confiando no selo oportuno daquela grande existência.

Aceitar a purificação da água benta era como um demônio abraçando a luz sagrada — ele estava fadado a ter problemas.

Em outras palavras, ele era um poluente de um deus maligno que precisava ser purificado!

“Se Valentine tivesse continuado ou tivesse sido um pouco mais forte, eu teria exposto minha anormalidade mesmo com o selo daquela grande existência… Não posso passar por purificação no futuro. Não conseguirei nem encontrar alguém para exorcizar o mal. Eu sou o mal que precisa ser exorcizado…” Lumian se alegrou e não deixou a dor remanescente aparecer em seu rosto.

Ao perceber que seus companheiros haviam sido purificados e todos os riscos eliminados, Ryan prontamente sugeriu: — Se formos até a periferia da aldeia agora, ativaremos o loop. Caso Madame Pualis descubra uma pista e nos alcance, podemos tentar fugir e reiniciar o loop.

Percebendo a expressão perplexa de Valentine, Ryan acrescentou: — Estou preocupado que se morrermos uma vez durante um loop, pode haver repercussões quando o loop for encerrado. Portanto, é melhor não morrer neste momento.

— Entendido, — Leah concordou antes que Valentine pudesse intervir com qualquer ideia radical.

Observando que seus dois companheiros chegaram à mesma conclusão, Valentine simplesmente assentiu.

Naquele momento, Lumian olhou para eles antes de acenar com a mão e declarar: — Vocês vão em frente. Estou indo para casa!

Ryan franziu a testa em confusão e perguntou: — Você não está preocupado que Madame Pualis possa vir atrás de você?

Lumian sorriu e respondeu: — Não sou como você. Assim que entrei na torre, tentei evitar o olhar das crianças monstros. Elas não me viram, e a parteira que me viu foi morta por você. Parece que até canalizar espíritos é ineficaz. Como Madame Pualis poderia ter suspeitado que uma equipe de infiltração poderosa como a sua tinha uma pessoa comum como eu?

— Pense nisso. Antes de sua chegada em Cordu, ninguém havia tentado se infiltrar no castelo. No momento em que vocês chegaram, algo ocorreu imediatamente. Quem mais poderia ser suspeito além de vocês?

— Se eu escapar com vocês, serei arrastado com vocês!

Ryan, Leah e Valentine ficaram sem palavras.

Esta era claramente uma operação arquitetada por Lumian. Por que parecia que ele não tinha nada a ver com isso no final?

Eles iriam assumir toda a culpa?

— Adeus! Se Madame Pualis não se atrever a confrontar Beyonders oficiais como vocês e o loop não for reiniciado, vejo vocês no Antigo Bar amanhã! — Lumian acenou com a mão e correu em direção à orla da floresta, lembrando-lhes: — Tomem cuidado, meus repolhos!

Assim que saiu da floresta, a expressão de Lumian ficou séria.

A explicação que ele deu para não escapar com Ryan e os outros não era a única razão. Foi mais uma desculpa.

Seu objetivo principal era voltar para casa imediatamente e encontrar-se com Aurore.

Assim que Aurore convidou Madame Pualis para o chá da tarde, alguém entrou furtivamente no castelo e eles eram os principais suspeitos.

Lumian tinha de informar a sua irmã que se Madame Pualis viesse interrogá-la e silenciá-la, ela deveria trair os três estrangeiros e concordar com a prisão de Madame Pualis. Ela poderia descobrir e revelar um segredo valioso para atrasar Madame Pualis por um tempo, impedindo-a de executar alguém no local.

Somente permanecendo vivo haveria uma chance!

Mesmo no loop, Lumian não poderia se dar ao luxo de morrer facilmente caso algo catastrófico ocorresse quando o loop terminasse!

Além disso, uma vez que Madame Pualis alcançasse Leah e os outros, se ela saísse vitoriosa, ou Ryan, ou os outros dois acionariam o loop e apagariam suas memórias. Se ela perdesse, com o que se preocupar?

Lumian cerrou os dentes e correu para casa pela estrada da aldeia, suportando a dor na panturrilha.

Ao ver Aurore parada na porta, parecendo completamente ilesa, ele deu um suspiro de alívio.

— Está tudo bem?

— Está tudo bem?

Os irmãos perguntaram simultaneamente.

Capítulo 69 – Ele?

Em resposta à preocupação da irmã, Lumian balançou a cabeça e declarou: — Estou bem.

Ele examinou os arredores e sugeriu: — Vamos conversar lá dentro.

Ao chegar ao fogão, narrou brevemente sua expedição com Ryan e os demais. Lumian então aconselhou sua irmã que se Madame Pualis os atacasse, ela deveria se render e trair os três estrangeiros sem hesitação.

Considerando os fenômenos que encontrou no castelo, Lumian acreditava que os irmãos não poderiam derrotar Madame Pualis. Eles nem sequer eram capazes de lidar com a parteira.

Aurore ouviu com atenção e não pôde deixar de rir.

— Do ponto de vista lógico, suas táticas são realmente as melhores, mas por que acho isso peculiar? É como se eu tivesse me tornado o vilão de uma história. Além disso, não sou o principal antagonista… do tipo carismático.

— O importante é a consequência, — enfatizou Lumian à irmã. — Em suas próprias palavras, é preciso suportar a humilhação, suportar o pesado fardo, preservar o corpo útil e esperar que ele prove seu valor no futuro.

Aurore não pôde deixar de esfregar a testa. — Eu te ensinei muitas coisas estranhas?

— Sim, — Lumian assentiu sinceramente.

Aurore revirou os olhos.

“Tudo bem, eu entendo. Não vou confrontar Madame Pualis até o momento mais crucial. Quando Madame Pualis percebeu que o alarme havia sido acionado e tentou sair, eu não a impedi. Apenas expressei relutância e conversei com ela por mais um minuto. Ok, por favor, explique os detalhes de sua exploração.

Ela sentou-se à mesa de jantar e ouviu atentamente, para o caso de Madame Pualis interrogá-la com raiva.

Lumian puxou uma cadeira do lado oposto da mesa de jantar e expôs as realizações da expedição e o processo de batalha.

Enquanto Aurore ouvia, sua expressão gradualmente tornou-se um tanto peculiar.

— Qual é o problema? — Lumian percebeu a anormalidade da irmã.

Após considerável deliberação, Aurore perguntou com uma expressão estranha: — Há um retrato de um homem no quarto de Madame Pualis e ele se parece com ela. Suspeita-se que ele seja irmão dela?

— Sim, os três estrangeiros especularam que ele poderia ser um membro desaparecido da família Roquefort chamado Pulitt, — Lumian relatou as declarações de Ryan e dos outros, incluindo o dandismo e o grande número de filhos ilegítimos.

Ele acrescentou: — De acordo com a investigação dos três estrangeiros, não existe Pualis na família Roquefort.

Aurore assentiu e exalou.

— Então tenho certeza de que meu palpite está correto.

Sua expressão permaneceu peculiar, apenas ficando mais pronunciada.

— Que palpite? — Lumian perguntou perplexo.

Aurore lançou-lhe um olhar de soslaio antes de responder: — Talvez Madame Pualis seja na verdade Pulitt.

— O quê? Isso é um absurdo! — Lumian exclamou. — Um é homem, o outro é mulher, e Madame Pualis teve dois filhos!

— Quem pode dizer que ela mesma deu à luz? Talvez o administrador tenha feito isso por ela, — rebateu Aurore, com um sorriso de escárnio curvando seus lábios. — E mesmo que sejam filhos de Madame Pualis, isso não significa necessariamente nada. No mundo do misticismo, tudo é possível. Considere isto: se Louis Lund pode dar à luz sendo um homem, então por que Pulitt não pode se tornar uma mulher?

— Isso pode ser verdade, mas… — Lumian ainda não estava convencido.

Aurore deu-lhe um sorriso malicioso.

— A razão pela qual me atrevo a fazer tal suposição, ao contrário dos três estrangeiros, é porque ouvi algo. Ou melhor, testemunhei algo.

— Você se lembra qual caminho é vizinho do caminho do Caçador?

— Assassino, — Lumian respondeu sem hesitação.

Ele se sentiu atraído pelo nome, que sem dúvida era mais legal do que Caçador.

— Em nossa organização, uh… a Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados, havia um homem que ficou fascinado pela ideia de um Assassino e escolheu esse caminho, — explicou Aurore, sua expressão ficando mais estranha a cada momento. — Em uma reunião, ele nos confidenciou com ar melancólico e preocupado que a poção que um Assassino precisa consumir após atingir a Sequência 7 se chama Bruxa.

— Bruxa? — Lumian teve uma sensação de desânimo no momento em que ouviu o nome da poção.

— Sim, Bruxa. No mundo do misticismo, Bruxos e Bruxas são dois conceitos completamente diferentes. Você costumava confundi-los e me chamava de Bruxa de vez em quando. Era bastante perturbador, — disse Aurore, aproveitando a oportunidade para esclarecer algumas coisas. — Beber a poção Bruxa vai te transformar em uma Bruxa. Atuar como uma Bruxa faz com que seu corpo passe por uma transformação completa, te transformando em uma mulher.

Hiss… Lumian respirou fundo, aliviado por sua primeira característica obtida ter sido a de um Caçador.

Se ele tivesse obtido algo relacionado ao caminho do Assassino, poderia muito bem ter se perdido devido à sua ansiedade.

— O que aconteceu com o homem que estava pensando nisso? Ele bebeu? — Lumian perguntou, incapaz de resistir.

Aurore respondeu com um sorriso: — Ele sofreu com isso por muito tempo. Ele não queria se tornar uma mulher, mas também não queria ficar na Sequência 8. Eventualmente, alguém o convenceu: ‘A vida é curta, por que não tentar?’

— Depois disso, eu o encontrei novamente em uma reunião. Não, ele já era ela naquela época. Ela já era uma mulher. Uma mulher linda e charmosa.

— … — Lumian ficou momentaneamente sem palavras.

Aurore sorriu para ele e acrescentou, claramente se divertindo: — No futuro, caso você alcance a Sequência 5 e não consiga obter os materiais da Sequência 4 para o caminho do Caçador, você pode considerar o caminho da Demônia. O caminho do Assassino também é conhecido como o caminho da Demônia…

“Demônia…” Lumian achou o nome Assassino desconcertante.

O mundo do misticismo estava repleto de perigos!

Ele habilmente conduziu a conversa de volta aos trilhos.

— Então Madame Pualis é verdadeiramente Pulitt, o mulherengo.

Até mesmo um Assassino poderia se transformar em uma Demônia. Um caminho que permitisse a um homem ter filhos provavelmente transformaria um homem em mulher.

Aurore assentiu com cautela e olhou pela janela.

— Suspeito que Madame Pualis só fez a transição para mulher depois de atingir uma Sequência específica. Ela teve que desaparecer para evitar ser descoberta pelas autoridades.

— Seu caminho anormal também incluiria a capacidade de promover a fertilidade, manipular a vida e controlar os mortos-vivos.

Aurore deduziu que ela poderia manipular a vida e controlar os mortos-vivos da batalha de Lumian com a parteira.

Essa era a mesma performance que Madame Noite, que se parecia com Madame Pualis, apresentou em Paramita com os mortos-vivos perseguindo-a.

Aurore exclamou de repente.

— Qual é o problema? — Lumian perguntou com cautela.

Sua irmã descobriu outra verdade sinistra?

Aurore fez uma careta para o irmão e respondeu: — No chá da tarde, Madame Pualis disse que o amor é insondável. Ela desejou que ele morresse por seu erro, mas quando ele enfrentou a morte, ela o salvou e se recusou a contar à outra parte.

— Eu não compreendi isso na época e não pensei nisso. Agora, me pergunto se ela tinha um motivo oculto para dizer isso.

Lumian ficou igualmente intrigado.

— Ela salvou alguém? Quando ela fez isso…

De repente, ele parou e olhou para Aurore.

Os irmãos lembraram que Madame Noite os salvou distraindo os mortos-vivos em Paramita.

— Mas isso foi do loop anterior… — Lumian estava prestes a disocrdar, mas não conseguiu.

Ele e Aurore trocaram um olhar e perceberam que seus olhos estavam cheios de choque e pavor.

Se Madame Pualis estava se referindo a esse incidente, isso significava que ela reteve algumas de suas memórias do loop.

— É impossível… — Aurore murmurou para si mesma. — Não importa. Vamos supor que seja verdade. Prefiro superestimar nosso inimigo do que subestimá-lo.

Lumian concordou. Então, ele teve uma ideia.

— Aurore, uh, Grande Irmã, considerando que Madame Pualis poderia ter sido um homem, ela se apaixonou por você?

— Eu não fiz nada de errado. Foi você quem espionou o parto de Louis Lund. Pualis está apaixonado por você, — Aurore respondeu.

Lumian murmurou baixinho: — Talvez ela acredite que você me instigou.

— Eu não costumo me associar com ela, mas uma vez levei algumas pessoas para vê-la tendo um caso com o padre. Ela me provocou por isso. Você, por outro lado, discute literatura e tendências com ela ocasionalmente. Você até vá até a casa dela para pegar um pônei emprestado.

— Huh… — A voz de Aurore aumentou em desgosto, — Então por que ela estava tentando me armar com aqueles homens horríveis de quem você me contou?

Lumian fez uma pausa antes de responder: — Talvez ela esteja tentando desencorajar seu interesse pelos homens e, em vez disso, levá-la até ela.

— Que tipo de coisas estranhas você tem lido? — Aurore olhou para o irmão.

Lumian não apenas conseguiu fornecer uma resposta racional, mas também o fez com vigor vigoroso.

— Suas novels. Você escreveu algo semelhante em uma delas.

— É mesmo… — Aurore mergulhou em pensamentos profundos.

Depois de um momento, ela olhou pela janela e disse: — Já faz um tempo, mas Madame Pualis não veio atrás de nós. O loop não começou de novo…

— Talvez ela não queira matar os estrangeiros. Se um investigador enviado pelas autoridades fosse morto, isso causaria problemas ainda maiores, — especulou Lumian. — E ela não suspeita de mim, então ela também não suspeita de você.

A testemunha estava morta e ninguém mais o tinha visto.

Aurore acenou com a cabeça e disse de forma autodepreciativa: — Nem estou com vontade de jantar.

De repente, Lumian teve uma ideia. — E se formos para o castelo?

— O perpetrador retorna à cena do crime? — Aurore riu.

Lumian assentiu.

— Quero investigar o castelo. Madame Pualis não suspeita de mim, então posso passar despercebido.

— Ah, e ainda não colhi nenhuma tulipa. Posso pedir algumas sob o pretexto de fazer fragrâncias.

Como Aurore e Madame Pualis pareciam ser amigas, não houve problema com as ações de Lumian.

Aurore pensou por um momento antes de dizer: — Podemos tentar, mas não podemos ter certeza de que Madame Pualis não causará problemas.

— Sim, se você não voltar em meia hora, irei até a periferia da aldeia e acionarei o loop para recomeçar.

— Tudo bem, — Lumian concordou.

……

Quando Lumian chegou mais uma vez ao castelo do administrador, o sol já havia se posto atrás da montanha, pintando o horizonte com uma tonalidade vermelha.

Passando pelo jardim, Lumian chegou à entrada principal aberta e se aproximou de um criado.

— Com licença, minha Grande Irmã Aurore está criando uma fragrância. Poderia me emprestar algumas tulipas da Madame Pualis?

O criado, vestido com camisa vermelha e calça branca, respondeu sem qualquer indício de suspeita.

— Vou perguntar à Madame.

Ele rapidamente desapareceu no castelo. Pouco depois, reapareceu.

— Madame disse que você pode ir direto ao jardim para colhê-las.

“Ela realmente não suspeita de mim? Além disso, é como se nada tivesse acontecido…” Mesmo assim, ele se absteve de entrar no castelo e se dirigiu ao jardim em busca das tulipas.

Foi lá que Lumian avistou as flores e uma empregada podando uma árvore florida na sombra.

Enquanto ele a avaliava casualmente, seu olhar congelou de repente.

A empregada tinha cerca de quarenta anos, cabelos castanhos, olhos castanhos e um rosto bonito sem rugas. Ela não era outra senão a parteira que lutou contra Valentine e os outros e acabou sendo morta por Ryan!

No entanto, aqui estava ela, aparentemente ilesa, com o rosto envolto em uma sombra projetada pelas flores e árvores.

Capítulo 70 – Canalização Espiritual

No instante em que pôs os olhos na parteira, o coração de Lumian pareceu parar de bater.

“Ela ainda está viva?”

“Eu claramente a vi morta por Ryan, e seu espírito foi destruído!”

Lumian lembrou-se vividamente de como a parteira acabou sendo reduzida a pequenos pedaços de carne espalhados pelo chão. Algumas partes nem foram encontradas.

“Este deve ser um maldito encontro com um fantasma! Não, espere, ouve o som da respiração!” Lumian pensou em algumas cenas das novels de sua irmã e seu coração passou da quietude para uma batida rápida.

Se não fosse a ‘parteira’ que não olhava para ele, preocupada em podar os galhos da árvore florida, ele teria reagido ao estresse.

Kachá, kachá. Pequenos galhos de árvores que cresceram ao acaso caíram no chão, tirando o atordoado Lumian de seu torpor.

Ele inconscientemente deu um passo à frente, caminhando em direção ao local onde as tulipas floresciam.

A ‘parteira’ não o impediu nem se virou.

Lumian não pôde deixar de lançar outro olhar para ela. Ela estava focada em podar os galhos. As sombras projetadas pelas flores e árvores faziam seu rosto parecer escuro e sombrio.

Não ousando demorar, Lumian colheu algumas tulipas e saiu do castelo do administrador.

Seu coração ainda batia forte mesmo quando ele voltou para a aldeia.

Depois de se acalmar, Lumian caminhou em direção à casa de Reimund Greg. Ainda era muito cedo para Aurore desencadear o loop.

Também era um prédio de dois andares, mas comparado à casa de Lumian e Aurore, era claramente mais antigo, mais dilapidado e mais estreito. A parede externa revelava a cor cinza da pedra em meio às muitas plantas verdes que rastejavam sobre ela.

Naquele momento, a porta dos Greg estava aberta, permitindo ver o fogão à esquerda, a mesa à direita e os barris de madeira atrás.

Lumian lembrou que os barris de madeira eram utilizados para armazenamento. Havia duas camas simples de madeira no espaço que isolavam. Eles pertenciam a Reimund e sua irmã.

Lumian não bateu e foi direto para a casa dos Gregs, como sempre.

As irmãs mais velha e mais nova de Reimund estavam ajudando a mãe a preparar o jantar. O pai de Reimund, Pierre Greg, estava sentado em uma cadeira à mesa de madeira, bebendo vinho barato com uma expressão sombria.

— Ouvi dizer que Reimund está desaparecido? — Lumian perguntou a Pierre Greg com um olhar preocupado.

Pierre Greg parecia ter envelhecido significativamente e as poucas rugas em seu rosto eram ainda mais pronunciadas.

Ele olhou para Lumian e perguntou confuso e surpreso: — Você não sabe?

Nesse momento, a mãe de Reimund e as duas irmãs pararam o que estavam fazendo e se viraram para olhar para Lumian.

Lumian não poderia ser mais honesto.

— Tenho estado ocupado com meus próprios assuntos. Não vejo Reimund há dias.

Pierre Greg já havia perguntado e sabia que Lumian estava falando a verdade. Caso contrário, suspeitando que esse malandro tivesse instigado Reimund a fugir de casa, ele teria ido interrogá-lo naquela tarde.

— Duas tardes atrás… disseram que era dia 29… Reimund não voltou depois de partir, — disse Pierre Gregg com uma expressão sombria. — Estávamos procurando por ele. Seus dois irmãos ainda estão procurando. Para onde você acha que ele teria ido?

Lumian hesitou antes de responder: — Ele costuma dizer que não quer aprender a pastorear, mas não tem muito dinheiro com ele.

Enquanto falava, caminhou naturalmente até os barris de madeira no fundo do primeiro andar e passou por eles para chegar à cama de Reimund.

A cama era muito simples, como se tivesse sido montada com algumas tábuas de madeira. Porém, os lençóis azul-acinzentados, o travesseiro recheado de palha e a colcha com vestígios de remendos estavam todos limpos. Era evidente que eles eram lavados com frequência.

Isso porque Aurore adorava limpeza e não permitia que piolhos aparecessem em casa ou em seu corpo. Até Lumian desenvolveu esse hábito. Portanto, quando interagia com seus companheiros, ele os incentivava conscientemente a manter a higiene pessoal. Ele não permitiu que aqueles sujeitos ficassem sujos e convivessem com piolhos e pulgas o dia todo.

Se Reimund e os outros relaxassem em algum momento e fossem descobertos por ele com piolhos, definitivamente seriam enganados. Eles poderiam até ser empurrados para o rio e obrigados a se lavar, mesmo que se recusassem a fazê-lo.

Depois de alguns anos de opressão, Reimund costumava ajudar a limpar a casa quando voltava.

— Não encontramos nenhuma mensagem, — disse Pierre Gregg com uma expressão preocupada enquanto o seguia até a cama.

Lumian sentou-se ao lado da cama de Reimund e enfiou a mão debaixo do travesseiro.

Ele encontrou dois itens: uma caneta-tinteiro vermelha escura rachada e um caderno cheio de caligrafia.

Reimund tinha fome de conhecimento, mas tinha poucas chances de receber educação.

Na época do imperador Roselle, aldeias como Cordu tinham escolas municipais obrigatórias, instaladas no mesmo prédio do escritório do administrador. O edifício também continha um centro de recrutamento do exército, uma comissão de exames físicos de recrutamento e outras instituições, mas, em última análise, havia apenas alguns funcionários.

Nas últimas décadas, muitas aldeias perderam as suas escolas. A Igreja fornecia escola dominical para populações maiores, mas Cordu dependia de anciãos instruídos para ensinar as crianças esporadicamente. Com o tempo, alguns jovens voltaram a ser analfabetos.

Quando Lumian estava de bom humor, alegava que precisava de dinheiro para beber. Então, ele vendeu suas antigas canetas-tinteiro e livros de exercícios para Reimund, Ava e outros por um preço baixo, ensinando-lhes algumas palavras no processo.

Reimund levava cada lição tão a sério quanto fazia o treinamento de combate e ajudava os pastores a fazer queijo nas montanhas para ganhar dinheiro.

Ele estava determinado a mudar seu destino.

Lumian retirou a caneta-tinteiro e o caderno, olhando para eles por um longo tempo.

— Eu perguntei ao padre. Ele disse que são apenas palavras simples que não formam uma frase. — Pierre Gregg suspirou.

Lumian folheou o caderno de exercícios, notando como a caligrafia melhorou de confusa e feia para algo aceitável.

— É verdade, não há mensagem. — Ele concordou com Pierre Gregg antes de acrescentar: — Mas eu me pergunto se é um código que pode ser decifrado em uma frase. Você já ouviu uma história semelhante, certo? Aurore contou para muitas crianças da aldeia. Eles mencionaram isso em casa?

Isso incluía o irmão e a irmã mais novos de Reimund.

— Sim. — Pierre Gregg assentiu.

Os aldeões de Cordu costumavam se reunir na cozinha à noite para conversar, rir e contar histórias quando não tinham dinheiro para comprar algo no bar. Os convidados de primeira viagem tinham que seguir as normas sociais de Intis e trazer uma garrafa de vinho, mesmo que barata.

Pierre Gregg ouviu uma história semelhante de seu filho mais novo durante tal reunião.

Lumian ergueu o caderno com confiança.

— Vou levar para Aurore para ela examinar e ver se consegue encontrar alguma coisa.

— Tudo bem, — Pierre Gregg não achou que fosse algo valioso.

Após sair da área cercada por barris de madeira, Lumian caminhou em direção à porta e Pierre Gregg sentou-se novamente.

Alguns passos depois, Lumian ouviu Pierre Gregg suspirar e murmurar: — Se ele não quisesse aprender a pastorear, ele poderia ter me contado. Por que ele simplesmente foi embora… Nossa família logo ficará rica. Ele não precisará aprender mais a pastorear…

“Rica?” O coração de Lumian disparou quando ele se virou, fingindo curiosidade.

— Qual é essa chance de riqueza?

Pierre Gregg não ergueu os olhos, mantendo a cabeça baixa enquanto dizia desanimado:

— O horóscopo da nossa família está prestes a mudar. Nossa sorte vai melhorar…

“O que…” Lumian sentiu um arrepio na espinha.

— Quem te disse isso? — ele perguntou.

Pierre Gregg não respondeu, continuando a lamentar.

……

Ao voltar para casa, Lumian informou imediatamente à irmã que a ‘parteira’ ainda estava viva.

Aurore franziu as sobrancelhas loiras. — Ela não é necessariamente uma pessoa viva.

— Huh? — Lumian ficou surpreso.

Aurore ponderou e disse: — Não discutimos isso antes? O caminho de Madame Pualis pode ter o poder de controlar os mortos-vivos. Pode ser um zumbi.

— Impossível, — disse Lumian. — Eu a vi sem ativar minha Visão Espiritual. Além disso, não havia sinais de costura em seu corpo. Naquela época, ela foi cortada em vários pedaços pequenos por Ryan. — Lumian relembrou e disse: — Além disso, ouvi a respiração dela!

Neste ponto, Lumian fez uma pausa.

— No entanto, ela era realmente um pouco lenta. Sua expressão era sombria e seus olhos não eram vivos o suficiente. Ela parecia quase exatamente com Naroka! Aquela que vi na noite do loop anterior, quando Naroka tomou a iniciativa para entrar em Paramita!

Naroka, cujo rosto estava pálido e os olhos inexpressivos.

É claro que a parteira obviamente se parecia mais com uma pessoa viva.

Aurore acenou com a cabeça e disse: — Um estado especial mais próximo dos mortos-vivos?

Incapaz de deduzir uma resposta, ela gesticulou para que Lumian dissesse mais alguma coisa.

Lumian contou detalhadamente tudo o que aconteceu nas palavras do pai de Reimund, como se nada tivesse acontecido no castelo.

Aurore ouviu em silêncio e assentiu.

— Madame Pualis não parece querer prosseguir com a questão do castelo. Eu me pergunto o que ela está escondendo…

— Além disso, sua descoberta prova que uma parte da anormalidade na aldeia está relacionada a ela, mas ela não parece estar envolvida no loop…

O que ela quis dizer foi que o envolvimento de Madame Pualis na anormalidade era principalmente a fertilidade, a morte, a alma e a Paramita. Nada a ver com o loop temporal.

— Eu também acho. — Lumian teve essa ideia durante suas explorações. — Parece que a pessoa por trás do padre e companhia provavelmente não é Madame Pualis.

Referindo-se às palavras do pai de Reimund, ele adivinhou:

— Aquele que espalha a notícia de que fazer algo pode afetar o horóscopo e obter boa sorte?

Aurore acenou lentamente.

— Investigaremos amanhã e veremos se podemos canalizar o espírito de Reimund esta noite.

……

Depois do jantar, Aurore viu que já era hora e começou a montar o altar.

Ela estava orando para si mesma, então colocou apenas uma vela, mas a vela foi substituída por outra feita de flores do sono e outros materiais.

Aurore santificou uma adaga de prata e criou uma parede de espiritualidade. Então, pingou o extrato feito de baunilha noturna e flores da lua nas chamas, provocando uma névoa nebulosa.

Vendo que os preparativos estavam concluídos, Aurore olhou para o caderno no altar e deu um passo para trás. Ela disse no antigo Hermes: — Eu!

Ao pronunciar a palavra, seus olhos escureceram, como se um vento invisível girasse ao seu redor.

— Eu convoco em meu nome:

Esta foi a segunda frase que ela disse, e mudou para Hermes.

Como ela não sabia onde estava o espírito de Reimund, não conseguia se comunicar diretamente com ele. Ela só poderia tentar invocá-lo. Como uma Beyonder não oficial, ela não ousou orar para a Deusa da Noite Eterna, que estava no comando deste domínio. Ela só podia confiar em si mesma. As chances de sucesso não eram altas, a menos que o espírito de Reimund estivesse de fato em algum lugar de Cordu e muito próximo.

Aurore continuou a recitar: — O espírito permanece na Vila Cordu.

— O homem chamado Reimund Greg.

— O dono deste caderno de exercícios…

A chama laranja da vela balançou de repente, absorvendo a névoa circundante e tornando-se um pouco maior.

Sua luz ondulou e foi tingida com uma cor azul profunda.

Gotas de suor apareceram na testa de Aurore quando ela começou a pegar emprestado força de vários materiais.

Em meio ao vento uivante, uma figura apareceu acima das chamas azuis.

Já tendo ativado sua Visão Espiritual, Lumian viu uma figura translúcida. Ele tinha cabelos e olhos castanhos, parecendo bastante comuns. Era Reimund Greg.

Ele realmente ainda estava na aldeia.

O corpo de Reimund estava inchado, seu rosto pálido e lágrimas cor de sangue escorriam dos cantos dos olhos.

“O que…” Aurore estava claramente atordoada.

“Depois que o loop foi reiniciado, Reimund apenas desapareceu e não se afogou. Como seu espírito acabou assim?”

“Isso mesmo. Se ele não tivesse se afogado, como poderia ter se tornado um espírito?”

“Eles eram autocontraditórios…”

Em meio à confusão, Aurore perguntou: — Reimund Greg, por que você desapareceu?

A expressão de Reimund de repente tornou-se feroz quando ele gritou bruscamente: — Eles me afogaram!

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