Capítulo 22
O sonho de um “monstro”
Bachira sonhava com sua infância.
Ele está jogando futebol com seus amigos. Bachira, que tem a bola na mão, está ultrapassando seus três amigos um após o outro. Ele faz uma finta, passa a bola por entre as pernas deles e finalmente chuta a bola presa com o pé de trás em um movimento complicado.
“Bom ♪”
Seu calcanhar esquerdo atinge o centro da bola e um impacto agradável percorre seu corpo. Fwsh. É muito divertido marcar um gol exatamente como ele imaginou!…… mas seus amigos não parecem estar se divertindo nem um pouco.
“Bachira, você é tão forte, é tão chato!”
“Vamos parar de jogar futebol, vamos para casa jogar!”
Por quê? Por que eles dizem isso?
“Todos precisam ser um com a bola! Então vocês podem fazer jogadas incríveis! Não há nada mais divertido do que jogar futebol!”
Os três fazem caretas como se dissessem: “Que diabos é isso?”.
“Você é estranho.”
“Ele é meio assustador… Os olhos dele não estão certos.”
“Vamos lá. Ele só pensa em futebol… Que esquisito!”
Todos se afastam.
“Eu…eu não sou estranho!”
Ele sentiu uma pontada de frustração. Bam!
“Guá!”
Antes que ele percebesse, ele acertou um chute de voleio no rosto do amigo.
“Não sou estranho!”
Ficou tão frustrado e desapontado que ele brigou com eles, mas…
“Huh!? Você é totalmente estranho!”
“Acha que pode nos vencer no três à um?”
“É! Peguem ele!”
Eles revidaram e o espancaram até deixá-lo no chão.
―
“Meguru, você não é estranho.”
Foi o que sua mãe disse a ele.
“Certo, mãe? Eu sei que esses caras estão errados.”
“Bem, eu não acho que eles estejam errados. Lutar é ruim, mas… É que eles não conseguem sentir… o que você consegue sentir.”
Ela coloca um curativo adesivo no topo do nariz dele.
“Então, o que eu devo fazer? Eu só quero que eles joguem futebol comigo. É muito mais divertido do que jogar sozinho.”
Ele se pergunta por que eles não entendem.
“Isso é admirável, Bachira! É maravilhoso ter algo em que você quer acreditar. Apenas viva sua vida acreditando nisso.”
Sua mãe sorriu alegremente e deu uma tapinha gentil em sua cabeça.
“Quando as pessoas se tornam adultas… elas querem acreditar, mas esquecem como. Então, se você fingir que não ouve… eventualmente, você realmente não ouvirá mais sua própria voz.”
Na frente de sua mãe há uma grande tela.
“……o que você está tentando acreditar é algo tão passageiro e precioso…”
Em uma tela parecida com uma parede, sua mãe passa o pincel.
“É a voz do “monstro” em seu coração… Eu também, sempre confiei nessa voz.”
Havia um “monstro”. Como uma chama bruxuleante na escuridão, como uma coluna de fumaça ascendente, um “monstro” azul e preto.
(Esse é o “monstro” dentro da mamãe… Então, que tipo de “monstro” está dentro de mim…?)
―
O pequeno Bachira está jogando futebol novamente. Mas ele não tem mais amigos. Quando ele coloca a bola no chão, uma chama azul-escura aparece. É o “monstro”. O “monstro” vem roubar a bola. Ele rola a bola para trás. O “monstro” persegue a bola mais longe.
“Nyahaha ♪ Aqui!!”
A bola quica levemente entre suas pernas, ele se vira e então para.
Jogar futebol com o “monstro” é muito divertido. A mãe dele disse a ele que esse “monstro” era seu amigo imaginário. Um amigo que ninguém mais pode ver, só para você. Mesmo que digam que é estranho, o “monstro” vai jogar futebol para ele. É por isso que é muito mais divertido!
Bachira em seu sonho se torna um estudante do ensino fundamental e depois um estudante do ensino médio.
“Nyahaha ♪ Aqui!!”
Ele joga futebol com um “monstro” há muito tempo. Porque só esse “monstro” entende o que Bachira imagina.
No entanto… Bachira no banco está dormindo com uma cara inocente, chupando o dedo.
(……Mamãe, eu quero um. Eu quero um amigo de verdade com quem eu possa me divertir jogando futebol…)
