Capítulo 73 – Assassinato

— Impossível! Isto é impossível! Como ele ainda poderia estar vivo?! — Yuan’er gritou incontrolavelmente após ver o homem saindo da água. Ninguém jamais sobreviveu contra o Lorde do Rio, mas hoje, estavam testemunhando a primeira pessoa a conseguir isto.

Yuan’er reconheceu Li Huowang. Este era o mesmo Taoísta de vermelho que matou dezenas de membros da sua família!

Antes mesmo que pudesse descobrir o que estava acontecendo, o estranho Taoísta caminhou lentamente até a margem, deixando pegadas vermelhas no chão.

— Rápido! Mate-o rápido! Não deixe ele tocar aquele sino! — Yuan’er gritou em pânico. Apesar do fato que havia apenas um inimigo e que tinham centenas de pessoas, Yuan’er teve uma sensação estranha, teve a sensação de que deveria fugir imediatamente.

Whoosh whoosh whoosh!

Várias flechas foram disparadas no homem, mas nenhuma conseguiu atingi-lo.

Shriak!

Então, Li Huowang rasgou o corpo do homem ao meio na frente de vários olhos.

Os bandidos da água originalmente pretendiam cercar e atacar, porém, a cena sangrenta gelou o sangue deles.

Era o Inferno.

Sentiram como se tivessem sido jogados na décima oitava camada do Inferno enquanto a raiva em seus olhos era substituída por terror.

Entre o pavor, esqueceram de tudo e começaram a fugir com as pernas trêmulas. Todos ignoraram o comando de Yuan’er e correram por suas vidas. Estavam completamente aterrorizados.

Por outro lado, quando perderam a vontade de lutar e se viraram para Li Huowang, um massacre foi desencadeado na ilha de junco.

— Bisavô! Rápido! Pense em algo! — Yuan’er gritou enquanto via seus próprios sobrinhos sendo rasgados, falhando em compreender o que estava acontecendo.

Foi só agora que entendeu a pessoa aterrorizante que havia enfurecido.

Enquanto isso, o velho anteriormente digno estava em pânico. Rapidamente juntou as palmas e começou a entoar algo na direção do lago vermelho-escuro.

Ele não teve que entoar por muito tempo antes de ver um pedaço de carne enorme flutuar na superfície. Ao ver aquele pedaço de carne, a visão do velho apagou e quase desmaiou de choque.

O Lorde do Rio que seus ancestrais rezaram por tanto tempo foi morto pelo Taoísta!

Nesse momento, o coração de Yuan’er estremeceu ao ver o que estava acontecendo. Ele imediatamente carregou seu bisavô nas costas e correu na direção de uma das cabanas.

Yuan’er ignorou os gritos vindo de trás e entrou na cabana.

Enquanto isso, Li Huowang permaneceu no lugar enquanto via Dan Yangzi matando um por um os bandidos da água. Toda vez que matava alguém, sua visão ficava num tom mais profundo de vermelho, até que chegou num ponto em que nem conseguia ver onde estava.

No começo, não queria impedir Dan Yangzi, mas quando viu o homem implacável matar uma pessoa após a outra, finalmente saiu do seu devaneio.

— Pare! Pare de matar! — gritou Li Huowang.

Assim que ouviu o grito, Dan Yangzi agarrou um homem com um ponto de cinábrio na testa antes de se virar lentamente, revelando um sorriso doentio em seu rosto ensanguentado: — Meu querido discípulo, por que eu deveria parar?

Li Huowang queria dizer algo, mas quando olhou para o lago envolto na escuridão e seus companheiros desaparecidos, não conseguiu encontrar motivos para mandar ele parar.

A dor em seu coração quando agarrou a cabeça e gritou: — POR QUÊ?! Por que podem matar as pessoas do meu lado, mas não posso fazer o mesmo?!

No momento que voltou, Dan Yangzi já havia desaparecido. Ao mesmo tempo, ele agora estava parado onde seu Mestre estava antes.

Na frente dele estava uma mulher gorda chorando em desespero enquanto segurava um homem com a cabeça meio enrugada; parecia ser seu marido.

— Mate-a! Ou você não mata, ou mata todos! — Uma voz explodiu do lado direito do seu ouvido.

Ao ouvir aquelas palavras, os olhos de Li Huowang tremeram enquanto puxava lentamente a espada no pescoço.

Com um brandir único, a mulher ficou parada e seu choro também parou.

No momento que a matou, Li Huowang sentiu algo especial apressar da base da sua espinha e ir direto ao crânio.

Aquela sensação substituiu o desespero e a dor em seu coração.

— He… hehe… — Ele segurou a espada, falhando em suprimir a risada maníaca. Então, adentrou lentamente na aldeia.

Logo, o local todo ficou encharcado numa chuva de sangue.

As cabeças foram arrancadas dos corpos e os cadáveres esfriaram.

Enquanto isso, Li Huowang continuou rindo — quanto mais matava, mais alto ria.

O som de metal rasgando carne continuou enquanto a superfície amarela-escura da ilha era tingida de vermelho lentamente.

No momento que o sol se pôs completamente, não se ouvia mais sons de choro na ilha de junco.

No salão ancestral, o ensanguentado Li Huowang segurou a espada manchada de sangue e caminhou lentamente na direção de um jovem magro.

Não havia outras vozes. O jovem na frente dele era provavelmente o último membro da Família Yuan na ilha.

Enquanto o jovem olhava para o homem que abateu sua família, quebrou completamente; suas calças foram manchadas de urina enquanto balançava loucamente as mãos na frente de si enquanto murmurava algo.

Enquanto isso, Li Huowang levantou a espada lentamente.

Entretanto, quando estava prestes a cortar, ouviu uma voz familiar.

Ele virou o corpo rigidamente e viu a encharcada Bai Lingmiao. Ela estava tremendo na porta enquanto segurava uma pedra brilhante.

Quando a viu, sua intenção assassina e a sensação estranha em seu cérebro desapareceu como uma maré recuando: — Você ainda está viva?

Somente quando falou aquelas palavras que percebeu que sua voz fora substituída por um tom severo e sombrio. Suas cordas vocais foram danificadas pela espada.

— Sei nadar. Quando era mais nova, havia uma pequena lagoa na frente da minha aldeia onde costumava nadar — explicou Bai Lingmiao.

Li Huowang caminhou até ela com a espada em mãos, tirou o manto Taoísta ensanguentado e a cobriu.

Naquele momento, seus sentidos clarearam, como se tivesse acabado de acordar. Ele olhou para as redondezas atordoado, observando todos os cadáveres.

Independente de idade ou gênero, todos morreram pelas suas mãos.

Havia mães abraçando suas filhas e berços sem vida.

Naquele instante, um senso de culpa inundou seu coração, quase o sufocando.

Li Huowang pegou uma adaga do chão, rangeu os dentes e apunhalou a palma com força.

Ele jamais entendeu por que Hu Jie, seu paciente vizinho no hospital psiquiátrico, tentou cometer automutilação, porém, teve a sensação de que agora poderia entender até certo ponto os motivos de Hu Jie.