Circle of Inevitability – Capítulos 241 ao 250 - Anime Center BR

Circle of Inevitability – Capítulos 241 ao 250

Capítulo 241 – Espírito Indomável

Combo 53/100


Após ouvir as palavras de Lumian, Franca exclamou: — Droga! Estamos lidando com esse bando de novo? O que Hugues Artois está aprontando?

— Eu também não consigo entender o propósito por trás de causar uma explosão em uma fábrica de produtos químicos… Talvez seja apenas uma coincidência. Bono Boa Vida e Hugues Artois têm um relacionamento muito bom. Não é incomum que ele faça uma visita, mas acontece que houve uma explosão na fábrica de produtos químicos hoje, — Lumian ponderou antes de falar.

Ele não conseguia ignorar todas as coincidências da vida, mas também não conseguia tratar cada uma delas como um problema.

Franca assentiu pensativamente e comentou: — É verdade.

— No entanto, devo lembrá-lo de que a explosão da usina química não é insignificante. Ela pode já ter resultado em inúmeras mortes, e isso tem grande significado para certos rituais obscuros. Os vivos são sempre o terceiro melhor sacrifício.

— Isso também poderia ser parte de um ritual? — Lumian ficou um tanto surpreso.

Franca o corrigiu, — Não há distinção real entre usar uma faca para sacrificar alguém e usar uma explosão química para matar a vítima pretendida como parte de um ritual para a divindade que o hospedeiro deseja invocar. Sua compreensão de magia ritualística ainda é muito limitada. Alguns rituais podem de fato exigir tais explosões para serem eficazes.

“É semelhante ao Feitiço de Substituição, exigindo que um substituto assuma a identidade a ser substituída por um longo período antes do ritual.” Lumian entendeu a ideia.

Franca soltou um suspiro.

— Esta é apenas minha conjectura. Não significa necessariamente que seja verdade. No entanto, devemos alertar os Beyonders oficiais para ficarem vigilantes quanto a sinais de um ritual e investigar o papel do membro do parlamento nesta catástrofe.

— Porra, se aquele sujeito não fosse um membro do parlamento, eu o teria capturado hoje à noite, pendurado no teto e lhe dado uma surra. Eu o interrogaria sobre suas intenções e sua conexão com aqueles hereges.

— Fuuu, naquela explosão agora, inúmeros indivíduos perderam seus pais, cônjuges, irmãos ou filhos. Imagino quantas pessoas estão rezando, se preocupando e sofrendo por seus entes queridos feridos.

— Como Jenna, — Lumian interrompeu.

Franca ficou momentaneamente atordoada. — O que você disse?

— A mãe de Jenna trabalha na Fábrica Química da Boa Vida. Você não sabia? — Lumian perguntou.

Franca ficou surpresa antes de perguntar preocupada: — Como está a mãe dela?

Lumian contou brevemente como acompanhou Jenna até a Rue Saint-Hilaire em busca de Elodie e usou o último resquício de Agente de Cura para salvá-la da quase morte.

Franca soltou um suspiro de alívio e expressou em angústia: — Por que eu não estava lá!? Por que eu não estava lá!?

Os lábios de Lumian se contraíram quando ele disse calmamente: — Você ainda tem uma chance. Jenna está preocupada com as despesas médicas subsequentes.

— Vou para o Hospital do Palácio Sagrado imediatamente! — Os olhos de Franca brilharam, e ela estava prestes a sair correndo do apartamento.

Lumian a chamou apressadamente: — Não se esqueça de levar o Agente de Cura do Poison Spur Mob com você. Estou preocupado que a condição dela possa piorar.

Assim como o Monsieur Ruhr.

Sem esperar pela resposta de Franca, ele acrescentou: — Além disso, ajude Jenna a trazer o vestido que ela usou esta manhã.

— Certo… Preciso pegar emprestado 4.000 verl d’or de você e oferecer metade da Coletora de Sacrifícios como garantia. Já reuni os ingredientes suplementares para a poção do Piromaníaco.

— Tão rápido? — Franca exclamou, surpresa. — Eu nem comecei a procurar!

Lumian sorriu mais uma vez.

— Ontem à noite, encontrei o Chefe na entrada do escritório do membro do parlamento e confessei meus planos de avançar e sobre o adiantamento do meu pagamento. Pedi que ele ficasse de olho nos ingredientes suplementares para a poção do Piromaníaco.

Quanto mais Franca ouvia, mais complicada sua expressão se tornava.

— Você é mais astuto do que eu imaginava, garoto… Contar a Gardner sobre esse assunto é realmente a melhor abordagem.

— No entanto, você não pode me considerar? Você não sabe que eu também queria ajudá-lo a reunir os ingredientes suplementares para a poção do Piromaníaco através de Gardner? Ele é um Sequência 6: Conspiracionista ou um Sequência 5, e tem um grupo de Caçadores trabalhando com ele. Ele não tem falta em tais coisas. Felizmente, eu não o abordei nos últimos dois dias. Caso contrário, certamente teria suspeitado que estávamos tendo um caso.

Lumian sempre presumiu que Franca buscaria materiais por meio da Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados. Ele não esperava que ela abordasse Gardner Martin por conveniência e proximidade, quase expondo seu relacionamento secreto.

Franca retornou ao seu quarto e pegou uma nota de 4.000 verl d’or de algum lugar. Ela a entregou a Lumian e o lembrou solenemente: — Assim que obtiver o ingrediente principal, não se apresse para preparar a poção. Você deve garantir que sua condição possa suportar o impacto de seu avanço. Caso contrário, é melhor adiar por um tempo. O ingrediente principal é muito mais fácil de preservar do que a poção em si.

— Estou bem ciente, — Lumian respondeu calmamente.

Depois de um momento de reflexão, ele perguntou: — Antes de ir até Jenna, seria sensato informar as autoridades. A explosão acabou de acontecer, então pode haver algumas pistas deixadas para trás.

— Sim, — Franca concordou.

Antes de se despedir, Lumian perguntou curiosamente: — Se os vivos são o terceiro melhor sacrifício, quais são os melhores e o segundo melhor?

— O segundo melhor são seres com características de Beyonder. E os melhores… — Franca sorriu. — São semideuses.

Quartier de Noël, sexto andar do Hospital do Palácio Sagrado.

Quando Jenna voltou do banheiro para a enfermaria, ela viu seu irmão Julien ajudando sua mãe, Elodie, a dobrar as pontas do cobertor.

Elodie permaneceu inconsciente, mas sua aparência mostrava sinais de melhora.

Julien se levantou e chamou sua irmã para o lado. Ele sussurrou, — Celia, não se preocupe com as próximas despesas médicas. Eu encontrarei uma solução. Continue frequentando suas aulas de atuação no Teatro da Velha Gaiola de Pombos.

O coração de Jenna se encheu de gratidão quando ela perguntou: — O médico falou com você?

— Sim, ele acabou de fazer isso. — Julien assentiu com solenidade.

Jenna apertou os lábios e garantiu a ele: — Não se preocupe. Meus amigos concordaram em me emprestar dinheiro. Posso pagá-los em três anos com juros mínimos. Com meus ganhos como cantora e seu salário, se economizarmos, deve ser o suficiente sem afetar nossos respectivos estudos.

Houve um momento de silêncio enquanto Julien refletia, antes de finalmente falar: — Foi o Ciel?

— Sim, ele é um deles, mas eu tenho outros amigos também. E Franca, a ‘Botas Vermelhas’ que mencionei ontem à noite. — Jenna sentiu a necessidade de esclarecer a situação, temendo que seu irmão pudesse recorrer a medidas extremas.

Ela se lembrou de como, dois anos atrás, Julien havia pensado em se vender secretamente para a Corporação de Exportação e Importação de Balam, sem o conhecimento da mãe, para se tornar um mercenário descartável e pagar todas as dívidas, permitindo que Jenna perseguisse seus sonhos como uma atriz aprendiz. Felizmente, esse plano foi frustrado no final.

Quando Julien estava prestes a responder, seu olhar caiu sobre uma mulher alta e esbelta parada na entrada da enfermaria.

Ela vestia uma blusa, calças de cor clara, um top fino de xadrez preto e branco e botas vermelhas vibrantes. Seu longo cabelo cor de linho estava preso em um rabo de cavalo simples. Com sobrancelhas que se estendiam em direção às têmporas e olhos que brilhavam com energia, ela exalava um charme irresistível.

Jenna se aproximou dela ansiosamente.

— Franca.

Rue des Blouses Blanches, dentro do esconderijo.

Lumian, tendo adquirido a Estrela do Sol e atualmente destilando seu extrato, sentou-se e aguardou a resposta da Madame Mágica.

Na mesa à sua frente, sangue de salamandra de fogo, pó de piroxênio de magma e pó de bálsamo da coroa vermelha estavam cuidadosamente dispostos.

Assim que o extrato da Estrela do Sol estava prestes a ser concluído, a “boneca” da altura de um braço, vestida com um vestido dourado claro, com características faciais requintadas, mas ligeiramente peculiares, apareceu no parapeito da janela.

Ele colocou uma lata de metal no parapeito da janela e cheirou o ar.

— Use este extrato na próxima vez que me invocar.

— Tudo bem. — O pedido da outra parte era tão incomum que Lumian ficou momentaneamente surpreso. Sua resposta instintiva era a única coisa que ele podia oferecer.

Em um instante, a mensageira desapareceu diante de seus olhos. Lumian abriu a lata brilhante e viu o pequeno “coração” carmesim queimando silenciosamente dentro.

Sem hesitar, pegou uma caneca de cerveja preparada e colocou a característica de Beyonder do Piromaníaco.

Imediatamente depois, Lumian despejou mais de 50 mililitros de sangue de Salamandra de Fogo no copo.

Com um som crepitante, o líquido carmesim evaporou, transformando-se em uma névoa de sangue que girava ao redor do “coração”.

A característica de Beyonder suavizou-se consideravelmente, sua superfície ondulando como a água de um lago.

Seguindo as instruções da fórmula da poção, Lumian adicionou pó de Piroxênio de Magma, pó de Bálsamo de Coroa Vermelha e extrato da Estrela do Sol na caneca de cerveja. Ao fazer isso, a névoa de sangue ao redor do “coração” encolheu abruptamente, dando origem a um líquido amarelado com bolhas vermelhas.

Aos olhos de Lumian, esta era a poção do Piromaníaco.

Em vez de consumi-la imediatamente, Lumian fechou os olhos.

Em sua mente, conjurou imagens do corpo sem vida de Flameng balançando em uma moldura de janela, o testamento do lunático escrito em uma folha de papel branco. Ele imaginou Monsieur Ruhr, seu corpo devastado pela decadência. Ele imaginou Madame Michel, afogando suas mágoas em bebida e cantando ruidosamente, apenas para finalmente encontrar sua morte enforcando-se na luz da manhã. Ele também viu os gritos que ecoavam pela Praça Sifflet.

Então, vislumbrou seu próprio eu teimoso e determinado como um andarilho. Ele testemunhou seu espírito inabalável, recusando-se a se render apesar dos golpes repetidos. Imaginou um resultado alternativo para si mesmo. Ele testemunhou a tristeza, a raiva, a impotência e a opressão que vieram com a busca pela esperança, apenas para ser engolido pela escuridão.

A risada zombeteira do destino ressoou em seus ouvidos, acendendo um fogo intenso em seu coração.

“Se esta é a conclusão inevitável;”

“Se este é o destino da insignificância,”

“Se os esforços não produzem frutos e a esperança permanece para sempre fora de alcance;”

“Então lutarei com cada gota do meu ser para mudar tudo!”

“Mesmo que não haja luz à frente e a esperança se reduza a um mero lampejo, lutarei até meu último suspiro!”

“Membro do parlamento filho da puta!”

“Filho da puta do Guillaume Bénet!”

“Hereges filhos da puta!”

“Filho da puta do Termiboros!”

‘Foda-se a inevitabilidade!”

Os olhos de Lumian se abriram rapidamente enquanto ele solidificava seu princípio final de atuação como Provocador.

Provocação simboliza espírito indomável!

Ele não precisava disso para ajudar na digestão. Com um fogo queimando dentro do peito, ele pegou a caneca de cerveja e engoliu o líquido.

Queimou da boca, desceu pelo esôfago, chegou ao estômago e queimou seu coração.

Capítulo 242 – Piromaníaco

Combo 54/100


Instantaneamente, Lumian sentiu um inferno rugindo dentro dele. A agonia escaldante queimou seu corpo e alma, engolfando-o completamente. Essa sensação não era estranha a ele. Fossem os ferimentos terríveis infligidos durante sua perseguição ao monstro flamejante ou a beira de perder o controle ao receber uma bênção, tudo o havia incendiado.

Neste exato momento, o fogo atormentador falhou em extinguir a determinação ardente em seu coração. Ele desafiou o destino, ansiando por alterar o curso dos eventos, para incinerar as chamas opressivas do desespero e da desolação.

Em vez de sucumbir à dor e cair no chão, Lumian permaneceu de pé. Cerrando os dentes e contorcendo o rosto, ele se recusou a se curvar.

Gradualmente, a agonia tornou-se insuportável, e seu corpo começou a se curvar. No entanto, Lumian reuniu todas as suas forças para endireitar as costas, assim como havia confrontado Guillaume Bénet, o padre, e Termiboros, que havia desencadeado uma calamidade cataclísmica sobre Cordu.

Passo a passo, ele abaixou seu corpo e o levantou novamente. O cheiro de carne chamuscada encheu suas narinas, e a voz do infinito reverberou em seus ouvidos.

Uma dor familiar e excruciante perfurou seu crânio, provocando um grito involuntário. Rachaduras se formaram em sua pele, e um líquido derretido semelhante a lava correu por baixo.

Desesperado, Lumian se apoiou na mesa à sua frente, buscando apoio.

O local em que ele tocou imediatamente ficou preto e carbonizado, impregnando o ar com o cheiro de madeira queimada.

Seu grito instintivo foi abafado. Sua boca estava aberta, expelindo gás escaldante.

Em vez de abrir imediatamente o frasco de perfume âmbar cinza, ele confiou no fogo dentro de seu peito para combater a angústia crescente e os pensamentos cada vez mais nebulosos que brotavam de dentro.

Segundos passaram. Lumian, com os dentes cerrados, sentiu as chamas dentro de seu peito surgindo, misturando-se com o inferno que rugia por todo seu ser.

Gradualmente, as dores múltiplas diminuíram e seus pensamentos confusos gradualmente se clarearam.

Usando as mãos como apoio, Lumian se levantou e dirigiu seu olhar para o espelho de corpo inteiro no quarto.

Refletido no espelho, seus cabelos loiros mantinham um tom de preto, seu traje reduzido a farrapos. Seu corpo tinha marcas de queimaduras que rapidamente formaram crostas e caíram no chão, revelando sua pele clara.

Simultaneamente, Lumian viu duas chamas carmesins ardendo dentro de seus olhos azuis. Foi somente depois de se esforçar para recuperar a compostura e acalmar seu coração acelerado que as chamas gradualmente se dissiparam.

No segundo seguinte, no próximo batimento cardíaco, Lumian levantou a mão direita, manifestando uma chama vermelha na palma.

Ele ascendeu triunfantemente à Sequência 7 do caminho do Caçador, emergindo como um Piromaníaco!

De sua palma, chamas surgiram, entrelaçando-se com o tom carmesim original, comprimindo-se constantemente.

Após um intervalo de mais de dez segundos, a chama carmesim se transformou em um branco incandescente. A temperatura e a força explosiva que continha aumentaram para alturas maiores.

“Posso empunhar a chama carmesim diretamente ou, acumulando-a e comprimindo-a por um tempo, liberar uma chama branca ainda mais abrasadora…” A palma de Lumian parecia imune ao calor abrasador enquanto ele permitia que a chama branca queimasse silenciosamente.

Tendo já realizado uma avaliação preliminar de sua condição e do conhecimento místico que havia adquirido, Lumian havia adquirido uma compreensão bastante abrangente dos poderes concedidos a um Piromaníaco.

Primeiro e mais importante, a espiritualidade de um Piromaníaco sofreu uma melhora notável, levando a uma mudança transformadora na Visão Espiritual de Lumian. Não mais confinado a um espetáculo caótico, ele agora possuía a habilidade de empregar um método de ativação mais discreto e rápido. Além disso, ele podia finalmente perceber os matizes e sombras que sua irmã havia descrito, discernindo os vários componentes do Corpo Etéreo.

Essa nova percepção provou ser inestimável para um Caçador, permitindo que Lumian entendesse melhor o estado físico de um adversário e, assim, mirasse nele com maior precisão.

Em segundo lugar, seu instinto para o perigo havia sofrido um aprimoramento significativo. Já se foram os dias em que ele só sentia problemas à beira da erupção. Por meio da observação cuidadosa de seus arredores e da assimilação de informações, Lumian agora podia ativar sua intuição preventivamente. Consequentemente, podia detectar se estava sendo seguido e empregar suas técnicas antirrastreamento de forma mais eficaz e perfeita.

Em terceiro lugar, seu comando sobre as chamas trouxe consigo um punhado de feitiços complementares.

No momento, a habilidade primária de Lumian envolvia controlar as chamas que se originavam de dentro dele ou eram conjuradas por suas próprias mãos. Embora ele possuísse uma afinidade por chamas e substâncias inflamáveis ao seu redor, sua influência sobre elas permanecia um tanto limitada. Era possível que, ao digerir a poção do Piromaníaco ou avançar para uma Sequência mais alta, mudanças correspondentes pudessem ocorrer.

Além disso, Lumian podia empregar as chamas que ele criou como armas contra seus adversários. No entanto, uma vez que as chamas deixassem seu corpo, não mais estariam sob seu domínio, a menos que ele tivesse pré-investido uma porção de sua espiritualidade nelas.

Em essência, alterar a trajetória de uma bola de fogo em pleno voo provou ser um grande desafio, exigindo um gasto suplementar de espiritualidade.

O controle de chamas poderia ser categorizado em sete aspectos distintos:

Primeiro, compressão — um bombardeio na forma de uma bola de fogo. Quanto mais a compressão durava, mais chamas se reuniam, resultando em um ataque mais potente.

Em segundo lugar, Lumian podia acender uma camada de chamas sobre seu corpo, proporcionando-lhe uma medida de defesa contra efeitos de congelamento, gases venenosos e outras formas de ataque.

Em terceiro lugar, podia criar várias armas temporárias usando chamas, capazes de infligir danos escaldantes, cortantes e perfurantes. Dependendo do tempo gasto canalizando as chamas, essa habilidade poderia ser categorizada como forte ou fraca.

Em quarto lugar, Lumian havia dominado a arte de explosões controladas. Ao empregar espiritualidade adicional e manipular a estrutura, ele poderia moldar uma Bomba de Chamas que detonaria em um tempo predeterminado, em vez de imediatamente após o impacto.

Em quinto lugar, ele possuía o poder de ataques de efeito em área. Ao estender o alcance das chamas em vez de lançá-las para frente, Lumian podia garantir controle preciso sobre sua detonação, fazendo-as explodir em um local desejado ou se manifestar em diferentes formas.

Em sexto lugar, Lumian havia aprimorado a técnica de Infusão de Fogo. Por meio de combate corpo a corpo e do choque de força, ele podia gradualmente injetar chamas no corpo de um oponente antes de detoná-las.

Por fim, o sétimo aspecto envolvia imbuir sua arma com fogo.

Os feitiços do tipo fogo que Lumian adquiriu foram fundamentais nesses vários aspectos, aproveitando certas técnicas para obter efeitos que ele normalmente não conseguiria produzir.

Os feitiços à disposição de Lumian eram os seguintes: Corvo de Fogo, Lança Flamejante, Muralha de Fogo e Bola de Fogo Gigante.

De todos eles, o feitiço Corvo de Fogo se destacou como o mais encantador. Com sua ajuda, Lumian podia condensar rapidamente um bando de corvos flamejantes ao seu redor, concedendo uma fração de sua espiritualidade a cada um. Isso lhe concedeu um grau de controle mesmo depois que eles partissem de seu corpo, permitindo que eles ajustassem momentaneamente sua trajetória de voo e travassem em seus alvos pretendidos.

Sem essa magia, Lumian, um recém-convertido em Piromaníaco, precisaria gastar pelo menos três vezes seu estoque atual de espiritualidade e energia para atingir um resultado similar. Além disso, os Corvos de Fogo teriam uma disposição significativamente mais desajeitada e rígida.

Lança Flamejante, por outro lado, envolvia a rápida condensação de chamas brancas, embora pudessem apenas manter o formato de uma lança. Infundidas com espiritualidade, elas podiam guiar grosseiramente a bola de fogo criada por Lumian.

Ao utilizar o solo como um canal e extrair sua própria essência, Muralha de Fogo invocava um par de serpentes flamejantes que deslizavam em direção ao inimigo, erguendo uma barreira escaldante ao redor deles.

A Bola de Fogo Gigante exigia um intervalo de dez a vinte segundos, semelhante à compressão de várias bolas de fogo vermelhas em uma única explosão devastadora.

Enquanto as chamas do Piromaníaco se originavam de sua forma física e infligiam principalmente danos corporais, elas também eram capazes de queimar um Corpo Espiritual. Lumian não estava mais indefeso contra criaturas de natureza semelhante à alma, embora ainda dependesse de assistência externa.

Além disso, as modificações da poção haviam concedido ao seu corpo uma resistência notável às chamas. Mesmo se mergulhado em gordura animal e submetido às chamas de uma tocha por meio dia, o dano que ele sofreria seria mínimo. No entanto, a força de impacto da explosão de uma bola de fogo ainda poderia machucá-lo de maneira convencional.

Lumian acreditava que, à medida que avançasse para Sequências superiores, seu corpo poderia até se fundir com o próprio fogo.

Com um movimento casual de sua mão direita, a chama branca e brilhante se dissipou no ar.

Então, com firmeza, ele convocou uma espada longa feita de chamas vermelhas, materializando-a do nada.

Lumian brandiu a lâmina de fogo algumas vezes, sua decepção evidente. Ele murmurou silenciosamente para si mesmo, “Ela possui a habilidade de ferir o inimigo, mas não pode bloquear ou desviar…”

A espada flamejante não tinha uma forma tangível. Lumian supôs que precisaria atingir uma Sequência mais alta antes de poder tornar tal arma tangível.

Ele dispensou a espada longa flamejante e sacou a adaga de Hedsey.

Enquanto seus dedos acariciavam a superfície da adaga, uma chama ardente envolveu a lâmina.

Lumian apertou o punho com mais força e executou alguns golpes com a adaga. Ele observou a rápida dissipação de faíscas vermelhas no ar, criando um espetáculo etéreo.

“Ela pode bloquear e causar dano de fogo. Embora possa não ter temperaturas escaldantes nesta forma, continua altamente útil.”

“O problema atual reside no fato de que armas comuns não podem suportar exposição às chamas por muito tempo…” Lumian ponderou, assentindo em aprovação.

Tendo confirmado seus poderes de Beyonder como um Piromaníaco, ele rapidamente organizou sua mesa e vestiu uma camisa de linho, uma jaqueta marrom e calças escuras.

Lumian lançou um último olhar para seu reflexo no espelho, com um sorriso nos lábios.

Ele colocou o boné azul-escuro na cabeça, girou nos calcanhares e caminhou decididamente em direção à porta.

Chamas vermelhas irromperam silenciosamente em seu rastro, uma exibição efêmera e ofuscante.

Na Avenue du Marché, em frente ao edifício de quatro andares de cor cáqui que abrigava o escritório do parlamentar.

Lumian mais uma vez se viu sentado entre os vagabundos no beco em frente, observando silenciosamente o fluxo constante de pessoas entrando e saindo do estabelecimento visado.

Após a explosão na Fábrica Química da Boa Vida, inúmeros trabalhadores perderam tragicamente suas vidas, deixando muitos outros feridos. A cidade inteira de Trier estava agitada com repórteres de notícias se aglomerando na cena. Como resultado, o escritório de Hugues Artois permaneceu iluminado com lâmpadas de parede movidas a gás, enquanto sua equipe atendia incansavelmente visitantes com intenções variadas.

O membro do parlamento ainda não havia retornado para casa, e sua comitiva naturalmente permaneceu dentro do prédio de cor cáqui. Cada cômodo parecia irradiar luz, transbordando de atividade.

Encostado no muro da rua, Lumian observava o vai e vem do escritório do parlamentar, com a mente agitada pela contemplação.

Ele ansiava por acender um fogo!

Ele ansiava por incinerar o canalha desprezível responsável pela disseminação de doenças!

Ele estava totalmente ciente das consequências terríveis que o aguardavam. Como um Piromaníaco, entendeu que ele sozinho ainda não era forte o suficiente para enfrentar os Favorecidos do deus maligno que cercavam Hugues Artois.

No entanto, ele simplesmente ansiava por agir. Não conseguia se livrar da sensação de que, não importa quão feroz uma guerra possa ser, tudo começou com uma única faísca.

Capítulo 243 – Visita

Combo 55/100


A fúria de Lumian não significava que ele perderia a compostura — apenas se disfarçaria e entraria furtivamente no escritório do parlamentar, onde encontraria o sujeito que ousou “tossir casualmente” e o incineraria na hora.

Não era um plano ridículo, mas sem informação suficiente, correr tal risco poderia facilmente se transformar em suicídio.

Em primeiro lugar, Lumian não tinha conhecimento do número ou da força dos hereges presentes no escritório do membro do parlamento.

Ele também não tinha ideia de quantos protetores o Departamento 8 ou as duas Igrejas designaram para Hugues Artois, nem conhecia suas habilidades.

Além disso, ele não tinha detalhes precisos sobre o paradeiro ou a situação do alvo. Mesmo que conseguisse se infiltrar no escritório com sucesso, encontrar o alvo não seria uma tarefa fácil.

Por fim, ele ainda não havia elaborado um plano para entrar furtivamente e, mais importante, um plano para uma retirada segura.

No entanto, Lumian não podia negar que o caos causado pela explosão da Fábrica Química da Boa Vida proporcionou uma excelente oportunidade para sua infiltração.

Por enquanto, sua estratégia temporária era ser um caçador paciente. Ele seguiria o alvo silenciosamente, observando seus movimentos e esperando o momento perfeito para atacar.

Com base no status do alvo na campanha de Hugo Artois, Lumian supôs que o homem não poderia ser muito poderoso. Ele certamente não possuía habilidades divinas. Mesmo se fosse um Beyonder de Sequência Média, ele provavelmente não estaria acima da Sequência 7.

Lumian não estava muito preocupado se seu julgamento estava errado e o alvo fosse um Sequência 6 ou mesmo um Sequência 5. Na verdade, ele acreditava que o Sr. K acharia a caça aos hereges bastante intrigante!

Fuuu… Lumian expirou lentamente, seu olhar fixo no prédio de quatro andares de cor cáqui brilhantemente iluminado. Ele continuou a reunir informações úteis para sua próxima operação.

Com o passar do tempo, notou catadores de meia-idade carregando sacos de linho, vasculhando o lixo empilhado ao lado do prédio.

Essa visão fez Lumian suspirar, alimentando o fogo da determinação em seu coração.

Em Trier, as pessoas não podiam catar lixo só por catar. Cada catador tinha um empregador, quer trabalhasse em período integral ou parcial. Eles eram designados para áreas específicas de catação e não tinham permissão para cruzar fronteiras. Violações frequentemente levavam a conflitos e encontros violentos. Como resultado, Ruhr e Michel desejavam fervorosamente que Hugues Artois organizasse banquetes todos os dias em vez de vagar por áreas onde os banquetes já estavam sendo realizados, já que esses lugares pertenciam a outros catadores.

A diferença entre catadores de tempo integral e de meio período estava em seus termos de emprego. Os de tempo integral recebiam um salário mensal de seus empregadores, e os empregadores eram donos de todo o lixo que eles coletavam. Ocasionalmente, se tropeçassem em itens valiosos ou utilizáveis, poderiam decidir se os entregariam ou os manteriam para uso pessoal. Os de meio período, como Ruhr e Michel, não tinham um salário fixo. Eles catavam de manhã e à noite, entregando tudo o que encontravam em um local de descarte de resíduos designado, normalmente de propriedade de seus empregadores.

Essas circunstâncias restringiam os vagabundos de rua a procurar comida e roupas, com pouca oportunidade de trocar seus achados por dinheiro.

Lumian esperou pacientemente até as 21h, observando enquanto o número de convidados que visitavam o escritório do membro do parlamento diminuía gradualmente. As pessoas saíam para as sacadas para fumar ou fazer uma breve pausa.

E então, seus olhos se arregalaram quando ele avistou uma figura.

Parado na sacada de um quarto no segundo andar, lá estava ele — um homem magro e pálido, com cabelos cacheados amarelo-escuros e olhos castanhos penetrantes.

Vestido com uma camisa azul, colete preto e um terno, completo com uma gravata borboleta, ele segurava um cigarro, envolto em uma nuvem de fumaça, ocasionalmente dando uma tragada. Lumian já o tinha visto antes na Adivinhação por Espelho Mágico de Franca. Era o dono do lenço.

Coff, coff, coff! Um acesso de tosse violenta sacudiu o frágil jovem, como se ele quisesse expelir seus pulmões de seu corpo.

Por fim, cuspiu outra grande quantidade de catarro depois de alguns resmungos.

Tirando um lenço, ele cuspiu o catarro viscoso nele, embrulhando-o e guardando-o no bolso. Ele não o descartou descuidadamente.

Os olhos de Lumian se estreitaram. “Ele sabe que sua fleuma pode transmitir doenças como resultado do misticismo.”

À medida que mais pessoas se aglomeravam nas sacadas de seus respectivos quartos, Lumian rapidamente identificou os rostos familiares.

O membro do Parlamento, Hugues Artois, do distrito comercial, ocupava o quarto no último andar, que ostentava a maior varanda.

A mulher ruiva morava no mesmo andar, bem ao lado dele.

No segundo andar, na extremidade oposta do corredor do doente, havia um homem na casa dos trinta com óculos de aro dourado, um documento sempre na mão. De vez em quando, ele vagava até a sacada para fumar um cigarro e apreciar a vista, demonstrando uma falta de preocupação com as consequências da explosão da Fábrica Química da Boa Vida.

O terceiro andar abrigava um homem alto, musculoso e de meia-idade, que ocupava o escritório central.

Diretamente abaixo de Hugues Artois, no quarto andar, estava uma jovem refinada com uma camisa branca e um casaco azul-escuro. Ela dividia o mesmo lado do prédio que o homem com óculos de aro dourado, evitando deliberadamente qualquer proximidade com o doente.

Lumian observou atentamente e deduziu que os quartos adjacentes às do cuspidor faziam parte de um escritório coletivo, provavelmente acomodando vários funcionários.

Isso implicava que a probabilidade de eles possuírem qualquer status significativo ou poderes Beyonder era insignificante.

“Então, os outros hereges intencionalmente se distanciaram do homem que tossia e cuspia incessantemente. Eles acreditam que o escritório do membro do parlamento é fortemente protegido, e que o indivíduo possui poderes Beyonder. É altamente improvável que um ataque seja direcionado a ele. Verdade. Se um ataque ocorresse no escritório do membro do parlamento, o alvo seria, sem dúvida, Hugues Artois e não um de seus subordinados. Só então valeria a pena o risco…” Lumian ponderou essa percepção seriamente por um momento e de repente sentiu uma oportunidade surgindo.

O dilema agora estava em como Lumian poderia se infiltrar no escritório do membro do parlamento sem ser notado, principalmente devido ao seu cabelo dourado chamativo com um toque de preto. Afinal, ele não tinha a ajuda de Franca.

Após cuidadosa consideração, Lumian elaborou um plano.

Ele saiu das proximidades do escritório e retornou ao esconderijo na Rue des Blouses Blanches.

Sem hesitar, ele ergueu um altar e ofereceu uma prece à grande existência, buscando Sua proteção.

Lumian acreditava firmemente que, como o abraço de um anjo o protegeria dos olhares curiosos de qualquer divindade, isso definitivamente garantiria efeitos antiadivinhação suficientes!

Assim como antes, ele se viu banhado no brilho radiante e na majestade divina do anjo. Dominado por emoções indescritíveis, ele testemunhou cascatas de asas luminosas envolvendo-o.

Após completar o ritual, Lumian levou a mão à cabeça.

Seus cabelos dourados e pretos explodiram em chamas, caindo em cascata como grama seca até que restaram apenas algumas raízes de cabelo.

Colocando seu confiável boné azul-escuro, ele escondeu suas feições atrás dos Óculos Espreitador de Mistérios. Com sua aparência transformada, Lumian deixou a Rue des Blouses Blanches e se aventurou em direção à Avenue du Marché, perto do Le Marché du Quartier du Gentleman. Lá, ele localizou uma loja de roupas que não era especializada em roupas baratas.

Os dois vendedores, um homem e uma mulher, ficaram surpresos ao ver uma pessoa vestida como um vagabundo entrando, sem saber como reagir.

Em um tom de pânico, Lumian explicou: — Eu encontrei um ladrão pervertido que roubou minhas roupas e calças. Não tive escolha a não ser comprar este conjunto de um mendigo próximo.

A vendedora lutou para conter o riso.

Elas já haviam testemunhado situações semelhantes inúmeras vezes antes, cientes de que aqueles que davam tais desculpas frequentemente se envolviam em casos com certas mulheres, fugindo nus com suas carteiras quando seus maridos retornavam, apenas para buscar refúgio nas roupas de um mendigo.

Quando alguém afirmava com segurança que sua situação era resultado de um caso extraconjugal, isso geralmente significava que ele realmente havia encontrado um ladrão perverso.

No final, Lumian adquiriu um terno que parecia decente, mas na verdade era bem comum. Ele incluía uma camisa, casaco, gravata borboleta e uma bengala escura. Além disso, optou por uma peruca marrom e uma barba falsa.

O custo total chegou a 78 verl d’or.

Após cobrir cuidadosamente seus rastros e retornar ao esconderijo na Rue des Blouses Blanches, Lumian tirou seu disfarce e mais uma vez colocou os Óculos do Espreitador de Mistérios. Seguindo sua lembrança, ele habilmente aplicou maquiagem para atingir o efeito desejado.

Seu objetivo era se transformar em uma versão mais velha. Enquanto olhava para o espelho, Lumian gradualmente assumiu a aparência de um homem de meia-idade, completo com uma barba castanha falsa afixada em sua boca e queixo.

Assim, Lumian assumiu a identidade de Bono Boa Vida, o proprietário da Fábrica Química da Boa Vida.

Embora a semelhança fosse de apenas 40 a 50%, qualquer pessoa familiarizada com Bono Boa Vida instintivamente confundiria Lumian com o homem, desde que não o examinasse ou o distinguisse de perto.

Com esse disfarce, Lumian pretendia se infiltrar no escritório do parlamentar!

Antes de embarcar em sua missão, ele se aventurou no subsolo e escondeu as roupas de vagabundo em uma caverna dentro da pedreira.

Saindo do metrô de Trier, Lumian correu para o prédio de quatro andares de cor cáqui que abrigava o escritório do membro do parlamento, com uma bengala na mão.

Após observar por um breve momento e garantir que as pessoas em cada quarto permanecessem relativamente inalteradas, ele abaixou a cabeça, escondendo parcialmente o rosto, e se aproximou da entrada.

— Quem você está procurando? — perguntou um guarda armado, vestido com um uniforme azul escuro, bloqueando seu caminho.

Lumian levantou a cabeça, retirou a mão e respondeu com ansiedade na voz: — Estou procurando o membro do parlamento.

Um dos guardas viu claramente o rosto do visitante sob o brilho do poste de luz e exclamou involuntariamente: — Monsieur Boa Vida, o que o traz aqui novamente…

De repente, ele interrompeu suas palavras, percebendo que aquele cavalheiro, que havia sofrido recentemente uma explosão devastadora em sua fábrica, tinha uma abundância de problemas para resolver naquela noite, juntamente com inúmeras preocupações que exigiam assistência.

Os dois guardas se abstiveram de fazer mais perguntas e se afastaram, permitindo a passagem de Lumian.

O saguão no térreo estava agitado com atividade, apesar do horário tardio. Repórteres, autoridades, representantes de organizações de caridade, equipe do hospital se reportando e vários funcionários responsáveis ​​por recebê-los enchiam o espaço.

Lumian preservou seu desejo de permanecer discreto. Com a cabeça abaixada, obscurecendo parcialmente o rosto, ele seguiu diretamente para a escada. Empregando a mesma tática, passou pelos dois guardas armados e subiu para o segundo andar.

Orientando-se, Lumian contornou os dois funcionários que saíram de uma sala próxima e chegou em frente ao escritório do jovem doente.

Incorporada na porta vermelha havia uma placa de identificação de alumínio branco com algumas palavras douradas: “Secretário Assistente, Tybalt Jacques.”

“Tybalt…” Lumian sorriu, calçou as luvas e bateu levemente na porta.

Capítulo 244 – Vermelho e Preto

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Toc, Toc, toc.

O escritório reverberou com uma batida urgente.

Uma voz fraca e desinteressada flutuou no ar.

— Entre, por favor.

Lumian girou a maçaneta e abriu a vibrante porta vermelha. Diante dele estava um jovem frágil e magro.

Vestido com uma camisa azul, colete preto e terno sombrio, ele estava de pé ao lado da mesa ampla, com os olhos fixos na porta.

Quando Tybalt Jacques reconheceu o visitante como Bono Boa Vida, uma risada escapou do secretário assistente.

— Não se preocupe. A decadência é um destino inevitável. Ela aflige humanos e organizações igualmente. Uma vez que a decadência se instala, todos os tipos de problemas surgirão…

Antes que Tybalt pudesse concluir, ele viu Lumian se aproximando. Com a guarda erguida, ele deixou escapar: — O que você pensa que está fazendo…

Bam! Lumian deu um soco, acompanhado por uma chama carmesim ardente.

Sua ação interrompeu as palavras de Tybalt, forçando-o a instintivamente levantar o antebraço para bloquear o golpe.

Chamas tremeluziram, consumindo as mangas de Tybalt.

Simultaneamente, uma voz provocadora chegou aos seus ouvidos.

— Tão fraco?

Originalmente, o plano de Lumian era cobrir seu punho com chamas, lançando um ataque surpresa em seu adversário sem alertar os funcionários próximos. No caos que se seguisse, pretendia usar a Mercúrio Caído e infligir um ferimento nele. Então, antes que seu inimigo pudesse se recuperar, Lumian passaria por ele à força, saindo do prédio de cor cáqui que abrigava o escritório do membro do parlamento pela sacada.

Ao longo desse esforço, empregaria bolas de fogo, Corvos de Fogo e outras técnicas para impedir seu oponente. Mesmo se ele sofresse ferimentos, tinha que escapar para um beco próximo e desaparecer no Subsolo de Trier antes que o pessoal de segurança de Hugues Artois, a mulher ruiva e os outros membros da campanha pudessem reagir. Afinal, a “armadura” de fogo que ele criou tinha o poder de incinerar patógenos. Com contato limitado, as chances de contrair uma doença eram mínimas. E se algo conseguisse passar, os sintomas seriam leves o suficiente para Lumian suportar até as seis da manhã.

Se o pior acontecesse, poderia pegar emprestado um pouco do Agente de Cura de Franca.

Até mesmo Ruhr, um catador com sua idade avançada, sucumbiu à doença apenas uma ou duas horas após ser exposto ao patógeno. Lumian acreditava que seria um problema ainda menor para ele.

Claro, a condição era que o catarro espesso representasse um dos métodos mais potentes de Tybalt. Ele não conseguia imaginar uma doença altamente virulenta que desencadeasse sintomas em um ou dois minutos. No entanto, Lumian não tinha todas as chances do mundo para se proteger.

Porém, agora, após uma rápida troca de palavras, Lumian percebeu que Tybalt Jacques era muito mais fraco do que havia presumido!

Essa revelação alterou instantaneamente o curso de ação de Lumian.

Silenciosamente, seu corpo foi envolto em um manto vermelho-fogo.

As chamas ondulavam como líquido, envolvendo perfeitamente sua pele, cabelo, vestimentas e chapéu. Elas ficavam ali, tremeluzindo.

Chamas vermelhas continuaram a emergir de Lumian, fundindo-se com o inferno.

Era como se Lumian tivesse se enrolado em um manto carmesim. Em meio ao turbilhão de chamas, seu semblante disfarçado e seus olhos azuis, cada um abrigando um fogo ardente, apareceram.

Com um estalo, ele descartou a bengala escura e lançou um punho envolto em chamas em direção a Tybalt.

O cabo da bengala permaneceu aceso, eliminando quaisquer vestígios de impressões digitais, suor ou marcas de mãos.

Bang! Bang! Bang! Tybalt cambaleou dois passos para trás, como se estivesse lutando contra uma tempestade de fogo. Seus olhos queimavam com uma intensidade avermelhada.

Ele bufou e expeliu uma espessa fleuma em Lumian.

O catarro viscoso amarelo-esverdeado encontrou o manto de fogo e foi instantaneamente incinerado, emitindo um som crepitante.

Bam! Bam! Bam! Os braços de Lumian, envoltos em chamas carmesim, balançavam repetidamente, prendendo Tybalt a um canto do escritório. Suas costas pressionadas contra a parede, sem escapatória ou recuo. Tudo o que ele podia fazer era aparar defensivamente com seus braços.

Ao testemunhar a inutilidade do escarro da doença e o ar ao redor esquentando sob a influência das chamas, fazendo sua pele queimar, o coração de Tybalt se contraiu e ele estava prestes a gritar por ajuda.

No entanto, assim que ele abriu a boca, o punho flamejante de Lumian colidiu com seu braço, fazendo-o tremer. Suas palavras ficaram presas em sua garganta.

Tybalt tentou pedir ajuda, mas seus apelos foram repetidamente interrompidos pelo adversário. A voz profunda de seu inimigo ressoou em seus ouvidos.

— Isso é tudo o que você tem?

— Como um novato fraco como você ousa cuspir de forma tão imprudente?

— Sua divindade não lhe ensinou a se comportar com civilidade?

— Vou trazer cem vagabundos para cuspir na sua boca!

A zombaria inflamou os olhos de Tybalt, e ele momentaneamente esqueceu de procurar ajuda. Tudo o que desejava era que a outra parte sofresse e perecesse.

Bolhas translúcidas se materializaram em sua pele exposta, cheias de um fluido preto-amarelado doentio.

Bang! Bang! Bang!

O punho flamejante de Lumian consumiu a manga de Tybalt, rompendo a bolha translúcida dentro dela. No entanto, o repugnante líquido amarelo-escuro não conseguiu tocar sua carne. Foi primeiro chamuscado pelas chamas antes de ser detido pelas luvas.

Os patógenos persistentes na superfície das luvas se dissiparam rapidamente sob o efeito das chamas vermelhas.

Em meio aos ataques implacáveis, mas não letais, todas as bolhas translúcidas estouraram por conta do próprio ambiente cada vez mais sufocante. O líquido amarelo-escuro fraco chiou e evaporou, formando uma névoa quase imperceptível ao redor de Tybalt.

No entanto, a névoa foi consumida pelas chamas ou derretida pelas altas temperaturas. Ela não conseguiu romper o manto de fogo e corroer o corpo de Lumian.

Naquele momento, Tybalt, espancado várias vezes, recuperou-se da Provocação. Ele abriu a boca e gritou por ajuda.

Gás de alta temperatura e chamas dissipadoras infiltraram a boca de Tybalt quando o punho de Lumian atingiu. O calor contorceu sua expressão, deixando-o incapaz de gritar.

— Você está se sentindo bem? Está se divertindo?

— Quando você cuspiu sem se importar, você já pensou que isso levaria à sua própria morte?

— Tirar a própria vida não é diferente de matar uma galinha!

Lumian fixou seu olhar nos olhos de Tybalt, testemunhando o desespero, o medo e os pedidos de misericórdia emergirem lentamente.

Ele não cedeu. Com os punhos em chamas carmesins, ele desencadeou outro ataque implacável de golpes.

Ele não tinha intenção de escapar das fracas tentativas de defesa de Tybalt; cada golpe atingia seu alvo.

Com um baque suave, Lumian parou abruptamente e retirou as mãos.

Tybalt permaneceu imóvel contra a parede, com o olhar vazio.

As chamas que envolviam o corpo de Lumian se dissiparam como um rio recuando, deixando para trás um rastro carmesim em seus passos.

Sem dar a Tybalt um segundo olhar, Lumian abaixou-se para pegar sua bengala. Ele pegou o dedo do Sr. K e o pressionou contra a parede ao lado de Tybalt.

Feito isso, Lumian tirou sua meia cartola e colocou-a sobre o peito, curvando-se para Tybalt.

Então, passou por sua presa sem vida, parecida com uma estátua, e se aventurou na sacada. Escondido pelas sombras, ele se pressionou contra a parede e saltou sem esforço para o lado do prédio de cor cáqui.

Só então os ocupantes no andar de cima sentiram que algo estava errado. Vários indivíduos saíram correndo, espiando o mundo exterior. A figura de Lumian já havia desaparecido nas profundezas do beco escuro.

Simultaneamente, um som abafado emanou do corpo rígido de Tybalt.

Estrondo!

Em um instante, ele irrompeu de dentro, com chamas vermelhas espalhando carne e órgãos internos em todas as direções.

Infusão de F!

Infusão de Fogo do Piromaníaco!

Antes da partida de Lumian, Tybalt estava à beira do precipício da morte. Seus órgãos e cérebro foram consumidos pelas chamas injetadas. O que se seguiu foi principalmente a aniquilação de seu Corpo Espiritual.

Houve três razões pelas quais Lumian mudou de ideia no último momento, optando por abrir mão do método mais rápido e simples de derrotar Tybalt.

Primeiro, utilizar o fantasma Montsouris poderia potencialmente impactar a família de Tybalt. Se possível, era preferível evitar tais medidas, apesar da alta probabilidade de que eles já tivessem sucumbido à influência de uma divindade maligna. Segundo, ele poderia utilizar a implosão para criar uma cena horrível de carnificina, coberta de carne e sangue. Juntamente com a impressão digital do Sr. K, isso apontaria os investigadores subsequentes na direção da Ordem Aurora. Também serviria como uma indicação clara de que Tybalt era um seguidor de um deus maligno. Terceiro, ao utilizar a Infusão de Fogo, ele poderia atrasar a explosão e destruir o Corpo Espiritual de Tybalt, minimizando assim a eficácia das investigações do Favorecido do deus maligno por meio da canalização espiritual.

Além disso, havia outro motivo. Bater e amaldiçoar Tybalt até a morte trouxe a Lumian uma inegável sensação de satisfação.

Em pouco tempo, um grupo de sete ou oito indivíduos, incluindo Hugues Artois, a mulher ruiva, e a secretária de óculos, chegaram à porta de Tybalt Jacques.

O que seus olhos viram foram carne espalhada, fragmentos e órgãos internos, junto com marcas de queimaduras que marcavam o chão.

A visão do vermelho e do preto misturados foi chocante, deixando todos os presentes sem palavras.

— Quem poderia ter feito isso? — exclamou Hugues Artois, com horror estampado em seu rosto.

Em sua mente, o assassinato de Tybalt e as consequências macabras serviram como um aviso assustador e uma prévia de sua morte iminente!

Afinal, quem faria tal coisa para atingir um secretário assistente?

A mulher ruiva lançou um breve olhar para Hugues Artois antes de falar em tom andrógino:

— Com base nas evidências diante de nós, parece que o perpetrador é um Piromaníaco, ou talvez até mais forte. Dadas as capacidades de Tybalt, ele deveria ter sido morto em dez segundos. No entanto, o agressor prolongou deliberadamente o ato.

— Parece que o objetivo era criar essa cena macabra. Ela carrega a marca registrada daqueles lunáticos da Ordem Aurora.

Os olhos de Hugues Artois se estreitaram e ele ficou em silêncio por alguns segundos.

— Por que a Ordem Aurora me atacaria?

— Não sei. — A ruiva olhou profundamente nos olhos de Hugues Artois, balançando a cabeça levemente.

Enquanto os Beyonders oficiais conduziam sua investigação, a equipe original da campanha retornou ao escritório de Hugues Artois.

A mulher ruiva voltou sua atenção para a secretária com óculos de armação dourada.

— No que Tybalt tem se envolvido ultimamente? — ela perguntou.

— Devido à sua doença crônica, ele intencionalmente descartou seu lenço doente e acabou com a vida de dois catadores idosos que não tinham filhos, — respondeu a secretária com óculos de aro dourado com sinceridade. — Consegui manter esse assunto em segredo.

A ruiva murmurou para si mesma, com a voz quase inaudível: — Dois velhos catadores sem filhos… Parece que a morte de Tybalt é inegavelmente direcionada ao Membro do Parlamento.

Capítulo 245 – “Discurso”

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Todos os olhos se voltaram para Hugues Artois, o distinto membro do parlamento, seu nariz proeminente e têmporas grisalhas dando-lhe um ar de refinamento. Ele rapidamente recuperou a compostura e sorriu enquanto falava.

— Não precisa se preocupar. Se o agressor possuísse os meios para romper duas camadas de defesa e me confrontar diretamente, não haveria razão para passar pelo trabalho de assassinar Tybalt. Isso parece mais um ato de chantagem, uma ameaça superficial.

Os quatro membros da campanha presentes assentiram simultaneamente, concluindo que a dedução do Monsieur estava correta.

Hugues Artois virou-se para a senhora de cabelos ruivos.

— Cassandra, meu conhecimento sobre misticismo é limitado. Só ouvi dizer que Beyonders podem extrair a verdade de uma alma falecida por meio de canalização espiritual. O espírito de Tybalt nos trairá?

Cassandra, com seus cabelos ruivos esvoaçantes, balançou a cabeça lentamente.

— Em circunstâncias normais, teríamos que correr o risco disso. No entanto, no ataque recente, o assassino claramente levou bastante tempo para obliterar o espírito de Tybalt, ocultando assim sua própria identidade. É equivalente a nos ajudar.

Hugues Artois assentiu levemente e lançou um olhar para as duas secretárias ansiosas. Com um sorriso, ele as tranquilizou.

— Rhône, Margaret, não temam. O tempo está do nosso lado, e o futuro está ao nosso alcance. Um pequeno contratempo não impedirá o resultado final.

— Vocês devem sempre acreditar que nossas ações representam justiça.

Rhône, usando óculos de aro dourado, e a refinada Margaret ficaram perplexas. Elas não conseguiam imaginar ser associadas ao conceito de “justiça”.

Não apenas eles, mas até mesmo Cassandra, com seus cabelos ruivos, e o musculoso Boduva, de meia-idade, olharam confusos para Hugues Artois, sentindo que poderiam ter ouvido mal.

Cautelosamente, Hugues Artois olhou para a porta, silenciosamente questionando se alguém poderia estar escutando.

Depois que a ruiva Cassandra assentiu, ele começou um discurso improvisado.

— Senhoras e senhores, embora eu não possua a capacidade de converter e orar por uma bênção devido a um contrato vinculativo, adquiri uma compreensão profunda do nosso mundo.

— Vocês, melhor do que ninguém, devem estar cientes de que o vasto cosmos acima de nós representa um universo expansivo. Inúmeros planetas existem dentro dele, cada um semelhante ao nosso próprio mundo. Muitos desses mundos abrigam suas próprias civilizações. O mundo que habitamos é apenas um entre uma extensão infinita, tão insignificante quanto um grão de poeira.

— As sete divindades nos aprisionaram neste reino, impedindo-nos de fazer contato com as civilizações que prosperam no universo. Elas desejam nossa cegueira e surdez, buscando nos manter escravizados por gerações.

— Eles rotulam esses seres magníficos como deuses malignos. Eles tecem falsidades, nos alertando sobre o perigo que existe em acreditar nesses deuses malignos. O objetivo deles é nos impedir de fazer contato com essas civilizações superiores, para nos manter confinados.

— Se a crença em um deus maligno fosse genuinamente perigosa, por que inúmeras civilizações no universo, compostas por diferentes espécies, ainda existiriam?

— Eles estão com medo. Se essas entidades poderosas descessem sobre o nosso mundo, somente os deuses enfrentariam a destruição. Somente os santos, anjos e fanáticos que os seguem seriam afetados. Para a maioria das pessoas, seria meramente uma mudança na fé, desprovida de perigo.

— Acreditar em uma das sete divindades é considerado fé, mas acreditar em outros grandes seres não é?

— Não podemos mais permanecer cativos das sete divindades. Devemos nos aventurar no futuro da humanidade e no curso da civilização. Pelo simples fato de que bençãos podem ser obtidas, esses grandes seres são mais poderosos do que as sete divindades. Eles concederão proteção e oferecerão voluntariamente seu poder. Sua benevolência divina é ilimitada, semelhante ao vasto mar.

— Nos dias que virão, quando navegarmos pelo universo e refletirmos sobre a jornada que empreendemos, vocês compreenderão que nossa causa é de justiça.

— Nesse processo, a morte é uma inevitabilidade, mas aqueles que perecem são merecedores. Eles são idosos, fracos, azarados ou destinados a encontrar tal destino. A maior parte da culpa não é nossa.

— Além disso, eles constituem apenas uma minoria. Não podemos impedir a maioria de buscar refúgio em uma civilização superior, buscando um futuro melhor.

— Senhoras e senhores, sacrifícios são inerentes a qualquer causa. Enquanto acreditarmos firmemente que nossas ações são movidas pela justiça e persistirmos inabalavelmente, o futuro será inquestionavelmente nosso!

— Em uma década, a humanidade garantirá uma passagem para se juntar ao grupo de civilizações cósmicas. Não seremos mais bárbaros, escondidos nas sombras da obscuridade!1

A ruiva Cassandra, a secretária Rhône e os demais ficaram perplexos.

Quem era o verdadeiro crente no deus maligno?

Cada um tinha suas próprias razões para seguir diferentes deuses malignos e, no fundo, sabiam que tinham se desviado para o caminho errado. No entanto, eles já tinham pisado nessa jornada e não tinham escolha a não ser seguir em frente. Assim, usavam a fé como uma fachada para gradualmente remodelar seu entendimento ou se rendiam completamente, buscando qualquer motivação para impulsioná-los adiante.

E, no entanto, Hugues Artois, alguém que claramente não era crente e não havia recebido nenhuma benção ou passado por uma assimilação significativa, conseguiu falar palavras tão surpreendentes e cativantes diretamente do fundo do seu coração.

Os quatro membros da campanha ficaram surpresos, percebendo o sentido por trás das palavras de Hugues Artois, o que os levou a reavaliar o significado por trás de suas ações passadas.

Depois de alguns momentos, a ruiva Cassandra soltou um suspiro lento. Ela olhou para Hugues Artois e o elogiou sinceramente.

— Um discurso excepcional, Monsieur. No futuro, quando você escolher sua fé, eu posso recomendar uma para você.

— Ah, sim? — perguntou Hugues Artois com voz nasal.

Cassandra sorriu e elaborou.

— Entre as bênçãos concedidas por esse indivíduo está uma chamada Orador.

Hugues Artois assentiu e deu um sorriso relaxado para os quatro membros da equipe.

— Não desanime com a morte de Tybalt. Permaneceremos firmes em nosso plano original.

Cassandra, Rhône, Margaret e Boduva responderam em uníssono.

— Sim, Monsieur.

Nas profundezas do subterrâneo de Trier.

Lumian fez um desvio e retornou à caverna da pedreira. Rapidamente, tirou suas roupas e sapatos, removendo a peruca e a barba que escondiam sua verdadeira aparência.

Assim que trocou de roupa e vestiu novamente seu traje de vagabundo esfarrapado e colocou um boné azul-escuro, corvos de fogo carmesim semitranslúcidos se materializaram ao seu redor.

Os Corvos de Fogo dispararam, pousando na bengala, na camisa, na gravata borboleta, na peruca e em outros objetos, fazendo-os explodir em suaves explosões de chamas.

Lumian, tendo virado as costas, seguiu em direção à saída. Chamas carmesins surgiram em seu rastro, consumindo tudo relacionado ao ataque anterior, lançando um brilho iluminador dentro da caverna escura abaixo.

Por volta da meia-noite, nas profundezas da Inquisição do Eterno Sol Ardente, abaixo da Igreja do Santo Robert.

Angoulême de François, absorto na leitura dos autos da investigação, ouviu uma batida na porta de seu escritório.

Seu casaco marrom, adornado com duas fileiras de botões dourados, pendia cuidadosamente em um cabideiro perto da entrada. Ele usava uma camisa dourada clara com o emblema da Ordem Sagrada do Sol, junto com calças marrom-escuras.

— Por favor, entre, — Angoulême convidou calmamente.

Valentine, com o cabelo empoado e o rosto adornado com uma maquiagem sutil, entrou na sala.

Ele estava preocupado com pensamentos sobre Cordu todo esse tempo. Ao saber de sobreviventes aparecendo na região de Trier, ele havia submetido uma inscrição e se transferido para este posto. Sua esposa e filho há muito ansiavam pela movimentada cidade de Trier, então eles se mudaram ansiosamente com ele sem muita persuasão.

Ele estava de plantão noturno com alguns colegas de equipe e por acaso presenciou o assassinato do secretário assistente do membro do parlamento.

Valentine, vestindo um fino casaco azul com um broche dourado, sentou-se em frente a Angoulême e falou diretamente.

— Diácono, por que não investigamos Hugues Artois?

— Embora a maioria dos membros da Ordem Aurora possa ser louca, eles possuem uma habilidade fantástica de detectar hereges. Embora nem todas as pessoas que eles alvejam sejam crentes nos deuses malignos, pelo menos 70% são.

— Considerando as informações que reunimos, podemos concluir razoavelmente que Tybalt Jacques, que encontrou sua morte esta noite, era um herege e exercia o poder da decadência. Além disso, ele serviu como secretário assistente de Hugues Artois.

— Não podemos permitir que um indivíduo altamente suspeito continue servindo como membro do parlamento. Investigá-lo não é apenas uma responsabilidade para com o povo, mas também para com o próprio Hugues Artois. Se não encontrarmos evidências de irregularidades, podemos ajudá-lo a expurgar quaisquer hereges que o cercam.

Angoulême não esperava que seu novo líder de equipe fosse mais devoto e zeloso do que ele. Ele não conseguiu evitar levantar a mão e franzir as sobrancelhas.

Com um sorriso amargo, ele respondeu.

— Talvez você não saiba, mas cada membro do parlamento assinou um contrato com as duas Igrejas e recebeu um contrato autenticado em cartório.

— Neste contrato, eles prometem sua fé, exibem suas habilidades e fontes associadas. As duas Igrejas prometem não restringir a liberdade pessoal de nenhum membro do parlamento ou de sua equipe principal sem evidências substanciais e convincentes. Eles não estarão sujeitos à influência dos Beyonders.

— Isso é para salvaguardar a autoridade da Convenção Nacional.

— De acordo com o contrato, Hugues Artois acredita fervorosamente no poderoso Eterno Sol Ardente e não é um Beyonder.

— Portanto, você pode questionar ele e sua equipe principal, mas é só isso.

Valentine não conseguiu esconder sua decepção.

— Por que existe tal contrato?

— É um subproduto do golpe de estado passado, uma mudança que acompanhou o curso da história, — Angoulême forneceu uma explicação simples.

Valentine soltou um suspiro, levantou-se do assento e estendeu os braços.

— Louvado seja o sol!

— Louvado seja o Sol! — Angoulême se levantou e retribuiu o gesto, observando seu subordinado sair do escritório.

Quartier de Noël, Hospital do Palácio Sagrado.

Jenna sentou-se em um pequeno banco, curvada ao lado da levemente adormecida mãe, Elodie, na cama do hospital.

Depois de se despedir de Franca e mandar seu irmão Julien para casa, que tinha que trabalhar ao amanhecer, Jenna se viu sozinha. O Teatro da Velha Gaiola de Pombos ainda não havia retomado seu treinamento de atuação, pois havia planos em andamento para leiloá-lo, junto com o Auberge du Coq Doré, na sede da polícia. No entanto, a recente explosão na Fábrica Química da Boa Vida causou um atraso nesses procedimentos.

De repente, Elodie se mexeu. Jenna acordou assustada, seus olhos fixos em sua mãe, que gradualmente abriu os seus.

O olhar de Elodie refletiu o rosto da filha enquanto ela sorria.

— Achei que estava prestes a ver seu pai.

Sem esperar pela resposta de Jenna, Elodie perguntou, com a voz frágil: — Como estão meus ferimentos?

Jenna, muito feliz por ver sua mãe acordar do coma, sorriu genuinamente e respondeu: — Eles não são graves. Olha, nenhuma cirurgia é necessária.

Elodie deu um suspiro de alívio e assentiu lentamente.

Ainda se recuperando do coma, seu corpo e mente ainda não estavam em seu estado ideal. Após uma breve conversa, ela voltou a dormir.

Jenna apertou a mão da mãe e viu a satisfação que enfeitava o rosto enrugado e grisalho sob a suave iluminação que entrava pela janela.

Observando por mais um tempo, ela olhou para cima e avistou os primeiros raios do amanhecer pintando gradualmente o céu com luz.

Capítulo 246 – Determinação

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Enquanto os primeiros raios da aurora iluminavam o quarto, Lumian abriu lentamente os olhos, despertado pelo suave toque dos sinos da Igreja do Santo Robert.

Na noite anterior, ele havia se hospedado no Auberge du Coq Doré.

Ele levantou a mão direita para tocar a cabeça. Na sua cabeça calva cresceu cabelo grosso e saudável novamente.

Saindo do conforto de sua cama, Lumian foi até o espelho de corpo inteiro e viu um reflexo que parecia familiar e desconhecido ao mesmo tempo.

Em Cordu, seu cabelo nunca havia sido tingido de dourado.

Mas, na luz da manhã, ele não conseguiu deixar de sorrir, sentindo-se melhor do que há muito tempo.

No mínimo, não viu fracasso em tudo que fez. Matar e se vingar não representava problema.

Depois do café da manhã em um ambulante, Lumian planejou encontrar uma barbearia no Quartier de l’Observatoire ou no Quartier de la Cathédrale Commémorative para reverter a cor do seu cabelo para dourado. Mas antes que pudesse sair, passos apressados ​​se aproximaram de seu quarto.

Ele se preparou, pensando que alguém poderia chutar a porta, mas, em vez disso, houve uma batida.

Era Franca, que raramente acordava tão cedo. Ela não conseguiu esconder sua surpresa ao ver o cabelo preto puro de Lumian.

— Você tingiu de novo? — ela exclamou.

— Mais ou menos, — respondeu Lumian, observando Franca enquanto ela entrava no quarto 207 e fechava a porta atrás de si.

Sem rodeios, Franca o confrontou: — Você matou o secretário assistente de Hugues Artois? E avançou para Piromaníaco ontem à noite?

Lumian se levantou, sorrindo.

— Sim.

Franca ficou momentaneamente sem palavras diante da fácil admissão.

Depois de alguns segundos, ela sibilou e disse: — Seu pirralho, você me prometeu que iria se segurar e aguentar, mas no momento seguinte, você foi em frente sem hesitar. Você realmente não consegue suprimir seu ódio por uma noite, consegue?

— Se você continuar assim, duvido seriamente que sobreviva este ano… não, este mês!

Lumian explicou simplesmente, — Na verdade, eu não pretendia matar Tybalt ontem à noite. Eu só queria monitorá-lo, reunir informações e planejar uma abordagem adequada para lidar com ele junto com você. Mas uma oportunidade se apresentou, e era boa demais para deixar passar. Eu não consegui me convencer a me segurar.

— Certo, fiz preparativos em todos os aspectos, incluindo medidas contra adivinhação e rastreamento.

Aliviada, Franca perguntou: — Aquele tal Tybalt parecia fraco. Foi fácil para você lidar com ele?

— Ele transmitia doenças principalmente por contato, e os Piromaníacos contrariam essa habilidade. Se não fosse por meus preparativos anti-adivinhação e anti-canalização de espíritos, eu poderia ter cuidado dele em dez segundos, — Lumian lembrou.

Franca suspirou, admitindo: — Você teve sorte. Já considerou a possibilidade de que seu alvo pode ser muito mais forte?

— Meu julgamento inicial foi que ele não seria tão formidável. Se ele excedesse um certo limite, eu estava preparado para usar meu punhal, — Lumian respondeu antes de perguntar: — Por que você acordou tão cedo?

— Gardner me acordou! — Franca respondeu com os dentes cerrados. — Ele me instruiu a reunir os líderes do Savoie Mob e encontrar a pessoa responsável por matar o secretário assistente de Hugues Artois. Quando ouvi os detalhes, instintivamente pensei em você! Ontem à noite, eu disse para você ficar na condição certa antes de beber a poção do Piromaníaco, mas você foi em frente e a consumiu de qualquer maneira.

Lumian falou seriamente, sua voz cheia de sinceridade. — Eu acreditava que estava no estado perfeito para avançar para Piromaníaco, então rapidamente preparei a poção. O chefe vai suspeitar de mim?

— Por enquanto, não, — Franca respondeu, balançando a cabeça. — Além de você, ninguém esperava que você consumisse a poção ontem à noite. Além disso, você astutamente incriminou a Ordem Aurora. Gardner não vê nenhum motivo em você.

Franca olhou para a cabeça de Lumian e sugeriu: — Venha aqui, vou ajudá-lo a restaurar sua cor original de cabelo. É melhor não fazer nenhuma mudança em um momento como esse para evitar levantar suspeitas.

— Tudo bem, — Lumian concordou, sentindo-se feliz por economizar algum dinheiro.

De manhã, a enfermaria fervilhava com mais atividade em comparação à melancolia da noite. Ecoando pelo ar, estavam os gritos daqueles que estavam sendo levados, a presença de parentes escoltando entes queridos de volta para casa e a determinação de alguns pacientes que desafiaram os gritos, escolhendo partir dos confins do hospital.

Jenna e Elodie — que haviam acordado — observaram a cena em silêncio. Elas entenderam a dolorosa realidade que se desenrolava diante delas.

Nem todos conseguiam suportar o peso das despesas médicas intransponíveis, nem queriam arrastar suas famílias para as profundezas do desespero.

Às vezes, o paciente se rendia enquanto a família persistia. Outras vezes, era a família que desistia, deixando o paciente sem escolha a não ser aceitar seu destino. Às vezes, o paciente e a família deixavam a enfermaria tacitamente, trocavam olhares silenciosos e eram incapazes de conter as lágrimas enquanto choravam ou lamentavam.

Depois de um tempo, quando a enfermaria recuperou uma aparência de tranquilidade, Elodie, que conseguiu se sentar, sussurrou suavemente: — Quanto tempo terei que ficar aqui para tratamento?

Jenna ponderou por um momento antes de decidir contar a verdade à mãe. Era algo impossível de esconder. As rondas dos médicos, tratamentos e exames posteriores inevitavelmente revelariam alguma informação. Além disso, Elodie descobriria tudo com base em sua condição física e no fato de que ela não tinha recebido alta depois de vários dias.

Organizando seus pensamentos, Jenna explicou: — O médico disse que você ficará aqui por meses, possivelmente até meio ano. Seus ferimentos externos não são graves, mas seu corpo sofreu danos significativos. A menos que você se recupere totalmente, sua condição pode piorar.

Antes que Elodie pudesse responder, Jenna sorriu tranquilizadoramente e continuou: — Já assegurei os fundos para seu tratamento. Peguei o dinheiro emprestado de Franca. Ela não tem escassez de recursos. Ela prometeu a Julien e a mim que poderíamos pagar em dois ou três anos, em parcelas. Até lá, a indenização do acidente do papai certamente terá sido paga. Pode até haver esperança para a sua.

A expressão de Elodie vacilou por um momento. Depois de alguns segundos, ela falou com cansaço na voz, — Por que vai demorar tanto…

— Com uma explosão tão grande e gases químicos, é um milagre que você tenha sobrevivido, — Jenna disse antes de perguntar. — O que exatamente aconteceu lá?

Elodie refletiu por um momento e respondeu cansada: — Não sei. A explosão aconteceu tão de repente, e eu perdi a consciência.

— Acho que se originou perto do tanque de metal. Fuuu, muitas das instalações da fábrica são velhas e propensas a quebras. Elas precisam de reparos, mas o chefe se recusa a investir em substituições. Fuuu…

Depois de conversar um pouco, Jenna notou que a energia da mãe estava diminuindo. Ela aconselhou Elodie a descansar um pouco e foi em direção ao banheiro no final do corredor.

Assim que Elodie testemunhou a saída de Jenna da enfermaria, ela reuniu todas as suas forças, desconectou o soro e se apoiou na parede. Ofegante, deu dois passos em direção à enfermaria diagonalmente oposta, onde médicos e enfermeiros examinavam meticulosamente cada indivíduo ferido.

Elodie localizou o médico, informou o número da enfermaria e do leito e perguntou: — Quanto tempo durará meu tratamento?

O médico folheou seus registros e respondeu: — Ainda não temos todos os resultados, mas estimamos que levará de cinco a sete meses.

— Qual será o custo do tratamento a cada mês? — perguntou Elodie.

O médico ponderou por um momento e respondeu: — Vamos esperar pela avaliação completa. Se tudo correr bem, deve chegar a cerca de 200 verl d’or por semana. Conforme o tratamento progride, o custo diminuirá. No entanto, se sua condição não for muito favorável, pode variar de 300 a 400 verl d’or por semana. Além disso, mesmo depois de deixar o hospital, você deve priorizar o descanso e evitar se esforçar.

Elodie se viu sem palavras. A enfermeira a ajudou a voltar para a enfermaria e reinseriu a agulha em seu braço.

Pouco antes do meio-dia, Julien correu para a enfermaria, sua preocupação com sua mãe era evidente em seus olhos.

Depois de conversar com ele por um tempo, Jenna anunciou: — Vou até o refeitório do hospital e trago um pouco de comida para você.

Com isso, ela saiu da enfermaria, descendo as escadas rapidamente.

Graças à orientação de Lumian, Jenna percebeu que possuía habilidades extraordinárias como Beyonder. Ela não era mais uma pessoa comum. Com disposição para assumir riscos calculados, ela tinha inúmeras maneiras de ganhar dinheiro.

Consequentemente, as despesas com o tratamento de Elodie e a dívida esmagadora não tinham poder sobre ela. O fato de sua mãe ter sido salva era motivo de comemoração, uma razão para louvar o sol.

Na enfermaria, Elodie olhou para Julien, que estava sentado ao seu lado, e fez uma pergunta com uma expressão terna: — Você tem quase 23 anos, não é?

— É isso mesmo, — Julien respondeu, com um sorriso enfeitando seu rosto. — Sou um provedor para a família há algum tempo. Mas aos seus olhos, ainda sou um jovem.

Elodie ofereceu um sorriso fraco e falou: — Isso porque meus critérios para a verdadeira vida adulta diferem dos outros. Sempre acreditei que alguém só pode ser considerado adulto quando possui uma habilidade que lhe rende dinheiro consistentemente. Você ainda está a um ano disso, e Celia tem mais um ano e meio pela frente.

— Você suportou tanta coisa nesses últimos anos.

— Foi você quem suportou, — Julien respondeu com um suspiro. — Antes que eu pudesse realmente ajudar, você trabalhou em três empregos por dia durante um ano inteiro, das 6 da manhã até a meia-noite.

As emoções surgiram dentro dele, fazendo-o dizer abruptamente: — Nós definitivamente vamos curar você!

Elodie riu de alegria, enquanto sua mão acariciava gentilmente seu cabelo louro.

— Infelizmente, minha peruca sumiu.

— E sua irmã. Ela nos enganou anteriormente, alegando que o teatro exigia que ela tingisse o cabelo de um tom amarelo-acastanhado. Na verdade, era para evitar que a reconhecessem quando fosse cantar no salão de dança. Não sei o que fazer com ela.

— Fuuu, eu realmente não quero que você assuma mais dívidas. Isso vai desperdiçar anos. Até lá, você não será mais jovem…

Julien rapidamente consolou sua mãe, assegurando-lhe que ele era excelente em seu trabalho e que, sem dúvida, receberia um aumento de salário no ano que vem.

Depois de divagar por alguns minutos, Elodie agarrou o peito e implorou a Julien: — Não estou me sentindo bem. Por favor, encontre um médico para mim.

— Ok. — Julien se levantou abruptamente e saiu correndo da sala.

Elodie prontamente removeu a agulha intravenosa e cambaleou em direção à janela da enfermaria, apoiando-se nas camas próximas.

Enquanto isso, no primeiro andar do Hospital do Palácio Sagrado.

Jenna saiu do refeitório carregando uma lancheira de madeira e começou a subir as escadas.

De repente, pelo canto do olho, ela viu uma figura caindo rapidamente, o que provocou um baque retumbante.

O coração de Jenna pulou uma batida, sua mente cheia de inquietação. Rapidamente, ela se virou, incerta sobre a fonte de sua apreensão. Ela saiu correndo do corredor e se aproximou do local onde a pessoa havia pulado, manobrando através da multidão reunida.

No instante seguinte, viu um líquido vermelho escorrendo e um rosto familiar adornado com rugas delicadas.

Com um baque, a lancheira escorregou de suas mãos, caindo no chão. Seus olhos ficaram vagos, refletindo um vermelho vivo.

O corpo sem vida pertencia à sua mãe, Elodie.

A pessoa que pulou do prédio era sua mãe, Elodie.

Capítulo 247 – Aconselhamento

Combo 59/100


Na cafeteria do segundo andar do Salle de Bal Brise.

Lumian terminou seu almoço e avistou Franca mais uma vez. Ela estava vestida com uma camisa branca, calças de cor clara e botas vermelhas vibrantes.

Desta vez, seu semblante era sério, causando um mal-estar em Louis, Sarkota e os outros gangsters. Eles temiam que problemas pudessem acompanhar sua chegada.

Lumian levantou-se do assento e lançou um olhar curioso na direção dela.

Franca exalou lentamente e falou, seu tom carregado de solenidade.

— A mãe de Jenna faleceu.

Lumian ficou surpreso, como se tivesse testemunhado o corpo sem vida de Flameng pendurado no batente de uma janela ou Ruhr se decompondo até os ossos.

Seus olhos se estreitaram, e suas mãos se fecharam em punhos. Depois de alguns momentos, ele perguntou: — Foi devido à condição de saúde?

— Não, — Franca balançou a cabeça. — Foi suicídio.

Observando a expressão perplexa de Lumian, ela suspirou e elaborou: — Ontem à noite, quando procurei Jenna, fiquei preocupada que ela pudesse colocar uma fachada corajosa e manter suas dificuldades escondidas ou buscar nossa ajuda, então fiz questão de conhecer o médico assistente e as enfermeiras responsáveis ​​pelos cuidados de sua mãe. Eu os convidei para tomar café e sobremesa, pedindo que mantivessem uma vigilância apertada sobre a mãe de Jenna. Providenciei para que me notificassem imediatamente sobre quaisquer complicações e prometi cobrir quaisquer despesas necessárias.

— Eles me informaram que, ao saber sobre o tratamento de meses de duração e seu custo aproximado, a mãe de Jenna aproveitou a visita de Jenna à cafeteria e a ausência de Julien para procurar um médico. Ela pulou do sexto andar…

— Infelizmente, sua saúde já estava frágil e ela morreu instantaneamente com o impacto.

Lumian caiu em um silêncio pensativo. De repente, ele pressionou seu peito esquerdo e zombou, — Isso é destino?

Franca não conseguiu dar uma resposta.

Às 13h, Lumian e Franca chegaram ao Hospital do Palácio Sagrado. A enfermeira, com quem Franca deliberadamente fez amizade, guiou-os ao Santuário, situado no térreo de um anexo.

O local era conhecido como Santuário da Despedida, onde os falecidos aguardavam sua purificação.

Julien, irmão de Jenna, estava sentado perto da porta, com a cabeça entre as mãos, com uma expressão de dor enquanto olhava para a parede pintada de azul-celeste em frente.

Aproximando-se dele, Franca perguntou em voz baixa: — A tia e Jenna estão aí dentro?

Julien assentiu lentamente e sussurrou para si mesmo, angustiado: — Eu não deveria tê-la deixado sozinha na enfermaria…

— Eu não deveria tê-la deixado sozinha na enfermaria…

Franca não sabia como consolá-lo; tudo o que pôde fazer foi suspirar e entrar no Santuário da Despedida ao lado de Julien.

O corpo de Elodie estava deitado em uma cama coberta por um lençol branco, escondido sob um pano branco simples.

O sangue em seu corpo havia sido limpo. Seu rosto parecia pálido, e seus olhos estavam bem fechados.

Jenna estava sentada em um banco em frente à mãe, com o olhar vazio e a voz ausente, como se sua alma tivesse partido.

Franca a chamou, com uma mistura de dor e preocupação no tom, mas Jenna a ignorou, como se tivesse presa em outro reino.

Lumian puxou uma cadeira e sentou-se ao lado de Jenna, seu olhar também fixo na figura sem vida de Elodie.

Depois de alguns segundos, falou com uma voz profunda: — Eu entendo o que você está sentindo. Não muito tempo atrás, eu também perdi o membro da família que mais significava para mim.

Jenna permaneceu em silêncio, como se tivesse se transformado em uma estátua.

Lumian olhou na mesma direção de Jenna e continuou: — Mas você precisa saber quem é o responsável por essa tragédia.

— É sua culpa? É culpa da sua mãe? É culpa do seu irmão?

— Não, você não fez nada de errado! Diante de acidentes e dívidas, você escolheu suportá-los com determinação. Você escolheu confiar em seu próprio trabalho e sofrimento para garantir uma nova vida. Levou vários anos para você emergir disso lentamente. Isso é errado? Não!

— Dessa vez, você não abandonou seu ente querido. Você lutou muito para encontrar uma solução. Isso é errado? Não!

— Você não escondeu nada da sua mãe. Você a informou sobre a duração do tratamento, os custos e a fonte de financiamento. Isso está errado? Não! Não havia como esconder isso!

— Sua mãe te ama e quer que você evite reviver os dolorosos últimos anos. Ela quer que você ande na luz, não na escuridão. Isso é errado? Não!

— Quem é o culpado?

— É o dono da fábrica que continuamente apela e adia a indenização pelo acidente, sujeitando você a anos de existência dolorosa e opressiva!

— São as leis que protegem suas ações!

— É Bono Boa Vida, que desrespeita as normas de segurança e não substitui máquinas desgastadas!

— É o custo exorbitante do tratamento que leva os menos afortunados ao desespero!

— Foi a Convenção Nacional e o governo que causaram tudo isso!

A expressão de Jenna finalmente mudou, um lampejo de dor surgiu em seus olhos vazios e rosto impassível.

Lumian virou-se para a porta, sua voz ressoando com profundidade enquanto falava, — Eu tenho outra coisa a dizer. Talvez a explosão na Fábrica Química da Boa Vida, que levou ao trágico destino de sua mãe, não tenha sido um acidente.

Jenna instintivamente se virou para encarar Lumian e Franca.

Lumian dirigiu seu olhar para o cadáver de Elodie.

— Talvez tenha sido um assassinato, uma oferenda de sacrifício a uma divindade maligna.

— Nosso Honorável Membro do Parlamento, Hugues Artois, foi avaliado pelos Favorecidos dos poderosos deuses malignos como um indivíduo de mente aberta. Ele está cercado por hereges, incluindo Tybalt Jacques, o secretário assistente responsável por espalhar doenças e tirar vidas inocentes.

— Ontem de manhã, Bono Boa Vida fez uma visita ao escritório do parlamentar e, à noite, sua fábrica de produtos químicos havia explodido.

— Quando encontrei Tybalt Jacques disfarçado de Bono Boa Vida, ele mencionou algo sobre problemas inevitáveis ​​após a decadência de uma organização. Isso me convenceu de que a explosão da planta química era algo que eles esperavam ansiosamente. Pode ter sido orquestrada com um propósito específico que permanece desconhecido para nós.

— Você está consumida pela raiva? Você sente um ódio ardente? Você consegue aceitar isso?

— Você quer sentar aqui e assistir enquanto os assassinos responsáveis ​​pela morte de sua mãe e pela destruição de sua felicidade se divertem com champanhe, participam de festas dançantes e causam ainda mais sofrimento a famílias inocentes?

A expressão de Jenna se contorceu levemente, como se ela lutasse contra emoções conflitantes.

Por fim, ela levantou as mãos para cobrir o rosto, chorando amargamente.

— Mas minha mãe… ela não pode ser trazida de volta…

Franca se agachou diante de Jenna e a abraçou, permitindo que suas lágrimas fluíssem livremente. Enquanto Jenna chorava, Franca aconselhou: — O que sua mãe mais deseja é que você e seu irmão sejam livres dos fardos da dívida e embarquem em uma nova vida. Ela deseja que uma de vocês se torne uma atriz de teatro notável, enquanto o outro escape das restrições do trabalho comum e domine uma habilidade específica. Ela anseia que vocês vivam bem. Vocês conseguem suportar decepcioná-la?

Jenna soluçou e perguntou: — Mas não é dito que a noite passará e a luz surgirá? Por quê? Por que está sempre tão escuro? Por que não consigo ver nenhuma luz…

— Vai chegar, vai chegar, — repetiu Franca, dando tapinhas nas costas de Jenna suavemente. — O que você deve fazer agora é dar à sua mãe um enterro apropriado e considerar fazer algo significativo em sua homenagem.

— Tudo bem, — Jenna concordou entre lágrimas.

Ela chorou até a exaustão tomar conta dela, finalmente encontrando estabilidade em suas emoções.

Naquele momento, chegou o clérigo da Igreja do Eterno Sol Ardente, que viera oferecer suas últimas palavras de consolo.

Vestido com uma túnica branca adornada com intrincados fios dourados, ele entrou na sala ao lado de Julien e se posicionou ao lado do corpo sem vida de Elodie.

Em uma mão, ele segurava a Bíblia Sagrada e recitava uma oração, enquanto na outra segurava uma garrafa suspensa de água benta.

Por fim, um raio de sol, acompanhado de água benta, materializou-se do nada e banhou Elodie gentilmente.

— Louvado seja o Sol. Que esta irmã encontre paz e entre no reino de Deus. — O clérigo estendeu os braços.

— Louvado seja o Sol! — Jenna e Julien se uniram em oração.

Observando a cerimônia, Lumian abaixou a cabeça e zombou silenciosamente.

Franca, uma devota seguidora do Deus do Vapor e da Maquinaria, também se absteve de louvar o Sol.

Com o ritual de purificação concluído, o padre partiu do Santuário de Despedida. Em seu lugar, o administrador encarregado do necrotério do Hospital do Palácio Sagrado entrou e fez uma pergunta a Julien e Jenna: — Devemos prosseguir com o enterro ou cremação para esta irmã? Devemos mandá-la para as catacumbas, Cimetière des Innocents ou Cimetière des Prêtres?

Julien e Jenna trocaram olhares antes de responder: — Cremação. Nós a escoltaremos pessoalmente até as catacumbas.

O pai deles também estava lá.

O administrador do necrotério fez uma anotação e acrescentou: — Houve várias baixas na noite passada. O crematório não estará disponível até a semana que vem. Você gostaria que essa irmã permanecesse no necrotério por enquanto?

— Tudo bem. — A voz de Jenna tremeu um pouco.

E então, os quatro assistiram enquanto o rosto de Elodie era coberto com um pano branco e seu corpo era gentilmente guiado para fora do Santuário da Despedida.

Eles seguiram atrás da cama com rodas, descendo pelo elevador movido a vapor até o subterrâneo até chegarem do lado de fora do necrotério.

A porta do necrotério brilhava em um tom cinza-prateado, enquanto o interior emanava uma frieza assustadora, produzindo uma névoa branca e enevoada.

Jenna ficou em transe enquanto sua mãe, Elodie, era impelida pela porta, desaparecendo na câmara gelada cheia de armários metálicos iluminados por lâmpadas de parede a gás. Ela permaneceu fixada enquanto a porta cinza-prateada se fechava lentamente.

Inconscientemente, ela deu alguns passos à frente e parou na soleira.

Silenciosamente, a porta se fechou.

Sua mãe estava agora para sempre fora de sua vista.

Ao retornarem para a Ponte Passy, no Le Marché du Quartier du Gentleman, os olhos de Jenna se fixaram em seu irmão Julien, que caminhava à sua frente com o coração pesado. A tristeza a envolveu enquanto o sol brilhante da tarde cegava sua visão.

Franca desviou o olhar da figura de Julien que se afastava e pensou em encontrar uma tarefa para ocupar a mente de Jenna.

— Seu irmão está emocionalmente angustiado. Parece que ele se culpa. Ofereça orientação a ele nos próximos dias e garanta que não foi culpa dele. Qualquer pessoa comum teria procurado um médico às pressas.

Jenna saiu momentaneamente de sua tristeza e reconheceu sucintamente: — Eu o aconselharei. Mas e se não funcionar?

Ela olhou para Lumian e Franca, sua expressão cheia de desamparo.

Franca assentiu tranquilizadoramente.

— Quando chegar a hora, posso ajudá-lo a encontrar um psiquiatra genuíno, um com habilidades Beyonder.

Jenna soltou um suspiro de alívio, fungando com gratidão.

— Obrigada. Obrigada a ambos.

Lumian, com base em suas próprias experiências, lembrou-a: — Você também deve cuidar do seu próprio bem-estar mental.

Jenna apertou os lábios e assentiu, seu olhar gradualmente se transformou em um olhar de determinação.

Com uma voz baixa e rouca, ela se dirigiu a Franca e Lumian: — Hoje à noite, pretendo fazer uma ‘visita’ a Bono Boa Vida.

Capítulo 248 – Visitantes

Combo 60/100


No Quartier des Thermes, na Rue Chestnut, nº 55, havia um prédio de três andares tingido de um tom azul-acinzentado. Ele ostentava um jardim encantador, um gramado bem cuidado e até estábulos.

Dentro do estabelecimento, uma banda tocava uma melodia melódica de um canto. Bono Boa Vida, o dono desta fina mansão, graciosamente navegava entre os convidados com uma taça de champanhe dourado na mão. Envolvendo-se em conversas sobre as consequências da explosão da fábrica de produtos químicos, ele astutamente tentou fugir de suas responsabilidades enquanto garantia uma compensação substancial da seguradora.

Entre suas interações, ele conversou com a esposa de um funcionário do governo, conversou com seu advogado e procurou pessoas influentes e relevantes para o assunto em questão.

Como uma borboleta social natural, ele voava sem esforço de uma pessoa para outra, exibindo sagacidade e vigor em meio ao cenário elegante. A luz do lustre de cristal iluminava seus olhos azul-escuros e sua espessa barba castanha, emprestando-lhes um brilho cativante.

Enquanto manobrava graciosamente em torno de um convidado despretensioso, Bono Boa Vida inesperadamente encontrou Travis Everett.

O superintendente do Le Marché du Quartier du Gentleman não estava uniformizado naquela noite. Vestido com um terno preto elegante combinado com uma gravata borboleta azul estilosa, ele segurava uma taça de champanhe dourado claro na mão.

— Superintendente Everett, é imperativo que você garanta minha proteção durante este momento difícil! — Bono Boa Vida sorriu para Travis Everett, expressando suas preocupações. — A explosão ceifou muitas vidas, e temo que seus parentes enlutados possam recorrer a medidas drásticas.

Everett ajustou seus óculos de armação preta e retribuiu o sorriso.

— Ah, veja bem, o Quartier des Thermes está além da minha jurisdição. Além disso, quando pisei nesta rua, ficou evidente que a frequência e a intensidade das patrulhas policiais aumentaram consideravelmente.

— De fato, mas você não contratou vários guarda-costas? O que há para se preocupar? Aqueles que pereceram eram trabalhadores comuns. Eles não representam nenhuma ameaça para você. Além disso, eles não sabem onde você mora.

Everett comentou brincando, com um tom descontraído.

— Mas se os feridos e suas famílias descobrirem que você está oferecendo um banquete luxuoso, servindo vinho fino enquanto uma pequena banda sinfônica se apresenta, a angústia deles pode levá-los à loucura. Eles podem arrastar você e sua família para as profundezas do desespero.

Bono Boa Vida sorriu timidamente e respondeu: — O banquete não tem relação com a compensação. Devo obedecer à lei e aguardar o julgamento.

— Superintendente Everett, se eu retornasse ao distrito comercial para cuidar de assuntos, humildemente pediria sua ajuda para designar dois ou três policiais para me proteger.

Everett assentiu gentilmente.

— Esse é meu dever, mas devo lembrá-lo de que várias famílias de policiais trabalham na sua fábrica de produtos químicos.

Implicitamente, ele enfatizou a urgência de compensar seus subordinados, esperando uma resolução rápida.

Bono Boa Vida assentiu silenciosamente, aparentemente sem se afetar.

O banquete continuou até as primeiras horas da manhã. Em meio à fragrância persistente, Bono Boa Vida se despediu de seus três filhos, abraçando cada um antes de subir ao terceiro andar.

Desamarrando a gravata borboleta, ele entrou no quarto com a esposa, pronto para dormir.

Com um movimento rápido, o abajur a gás acendeu, lançando um brilho suave que se refletiu nos olhos arregalados de Bono Boa Vida.

Ali, em sua querida poltrona, estava sentado um convidado inesperado.

Embora sentado, o homem se inclinou para a frente, exalando um ar de superioridade que fez Bono Boa Vida se sentir pequeno e insignificante.

Vestido com um uniforme de trabalhador azul-acinzentado suave, completo com um boné azul-escuro, seu rosto estava escondido atrás de faixas brancas, deixando apenas seus penetrantes olhos azuis e um vislumbre de suas narinas visíveis.

O coração de Bono Boa Vida disparou, seu instinto o impelindo a gritar por socorro.

No entanto, antes que um som pudesse escapar de seus lábios, um corvo flamejante carmesim fantasmagórico se materializou atrás do visitante “surpresa”. Com um rápido golpe, ele caiu nos dentes de Bono Boa Vida.

Um estrondo suave ressoou quando a boca de Bono Boa Vida queimou de dor, e dois dentes bateram no chão. A agonia distorceu suas feições, abafando seu grito.

Naquele preciso momento, um par de adagas afiadas pressionou as costas de Bono Boa Vida e sua esposa.

Emergindo das sombras da porta, Franca e Jenna fecharam a porta do quarto atrás delas, efetivamente prendendo seus prisioneiros.

Uma delas vestia uma túnica preta com capuz oculto e armadura de couro, seu rosto velado pela escuridão. A outra ostentava uma camisa de linho masculina, uma jaqueta marrom, calças marrom-escuras e botas de couro sem cadarço. Uma máscara de metal branco-prateada adornava sua face superior, deixando apenas seus olhos expostos.

Franca usou sua mão livre para segurar Bono Boa Vida, impedindo que ele caísse em agonia.

Mantendo a postura sentada, Lumian sorriu.

— Monsieur Boa Vida, considere isso um aviso. Poderia ter sido muito pior. Aqueles dois dentes faltando e ferimentos leves não são nada comparados ao que poderia ter acontecido.

A esposa de Bono Boa Vida saiu do seu transe, com a voz trêmula de medo, quando perguntou: — Quem é você? O que você quer?

— Quem sou eu? — Lumian riu, com uma pitada de travessura em seu tom. — Você pode me considerar seu pai.

Olhando para Franca, ela pegou o soro da verdade que Lumian havia fornecido antes e o administrou em Bono Boa Vida.

Enquanto Lumian aguardava os efeitos do soro, ele manteve o sorriso e continuou: — Monsieur Boa Vida, eu esperava um encontro mais desafiador, mas, em vez disso, aqui estamos nós, tendo uma conversa agradável. Você me decepciona.

Ele não recebeu nenhuma bênção!

Sob a influência do soro da verdade, Bono Boa Vida tinha uma expressão amarga enquanto reunia coragem para perguntar: — O que você quer? Tenho uma quantia considerável de dinheiro no meu cofre. Posso dar a você!

A raiva de Jenna explodiu, indo do peito até a cabeça.

Em um movimento repentino, ela levantou o pé esquerdo e desferiu um chute rápido na panturrilha de Bono Boa Vida.

Oh, como ela desejava golpeá-lo onde realmente doía, mas as circunstâncias a impediram disso!

Droga, leve seu dinheiro para as catacumbas!

O corpo de Bono Boa Vida se inclinou e o som de ossos quebrando chegou aos seus ouvidos.

Antes que seu grito instintivo pudesse escapar, gelo se materializou em sua boca, selando sua voz.

Lumian assentiu em aprovação, reconhecendo as ações de Jenna. Assim que Bono Boa Vida recuperou a compostura, Lumian falou: — Quero saber por que você orquestrou a detonação em sua própria fábrica de produtos químicos.

A expressão de Bono Boa Vida se transformou e ele perguntou: — Como você descobriu?

Antes que pudesse terminar a frase, ele quis levantar a mão direita e dar um tapa em si mesmo.

Ele não deveria ter negado a acusação primeiro? Por que ele expressou seus pensamentos de forma tão imprudente?

— Bem, bem, você é bem comunicativo. Eu estava apenas testando você, e você prontamente confessou, — Lumian comentou, seu tom quase fazendo o cérebro de Bono Boa Vida paralisar.

Jenna sentiu como se sua alma tivesse deixado seu corpo.

Embora a análise de Lumian a tivesse preparado mentalmente, ouvir a admissão ainda a deixou incrédula.

“Poderia realmente existir um indivíduo tão perverso?”

“Centenas de famílias ficaram devastadas!”

Saindo do seu estupor, Jenna cerrou os dentes com força, temendo que qualquer relaxamento pudesse acender sua raiva, levando-a a esfaquear Bono Boa Vida.

Não, seriam centenas de facadas!

A esposa de Boa Vida também olhou para o marido em estado de choque e medo.

Ela acreditava que a explosão na fábrica de produtos químicos foi um mero acidente.

Lumian lançou um olhar frio para Bono Boa Vida e questionou: — Por que você fez isso? Tem alguma conexão com alguém do escritório de Hugues Artois?

Ao ouvir a última pergunta, Bono Boa Vida não conseguiu conter seu espanto e pavor.

Após consumir o líquido peculiar e “confessar” ter orquestrado a explosão da planta química, as defesas psicológicas de Bono Boa Vida ruíram. Naquele momento, uma vontade avassaladora o consumiu — arrastar alguém para baixo com ele e compartilhar o fardo de seus pecados.

— Foram Rhône e Tybalt! Eles são a Secretária e o Secretário Assistente do Membro do Parlamento Hugues Artois.

— Eles têm dado dicas de que a fábrica de produtos químicos está se deteriorando há anos e pode explodir a qualquer momento. Pensei que poderia muito bem encontrar uma maneira de lucrar com a indenização do seguro que comprei no passado. E quando chegasse a hora, o membro do Parlamento Hugues Artois usaria a desculpa de montar uma fábrica para impulsionar a economia e proteger os interesses do proprietário da fábrica, garantindo assim fundos para reconstrução e indenização.

— Eles continuaram dizendo que tudo decai. Minha fábrica química não foi exceção, então eu antecipei vários problemas. Em vez de esperar que ela explodisse naturalmente, decidi trocá-la por benefícios maiores.

— Visitei-os novamente ontem de manhã. Por alguma razão, fui tolo o suficiente para ser convencido por suas palavras. Quando a explosão realmente ocorreu, fiquei com medo e fui ao gabinete do membro do parlamento três vezes.

— Eles me garantiram que tudo ficaria bem.

“Que idiota. Ele nem é um herege… Habilidades Beyonder poderiam tê-lo influenciado? Tybalt também mencionou decadência quando me viu disfarçado de Bono Boa Vida. Qual é a verdadeira intenção deles?” Lumian ponderou por um momento, prestes a perguntar mais sobre a conversa, quando o som de uma campainha sendo puxada de repente ressoou do portão de ferro do lado de fora do gramado.

Lumian e Franca trocaram olhares rápidos, ambos dando palpites.

Para chegar a uma hora dessas, tocando a campainha educadamente, só poderia ser um amigo ou um investigador oficial procurando Bono Boa Vida!

Sem dizer uma palavra, Lumian se levantou, e Franca embainhou sua adaga em silêncio.

Jenna reagiu instantaneamente, compreendendo suas intenções.

Dando um passo diagonal, ela levantou sua adaga e a enfiou no ombro de Bono Boa Vida.

O sangue jorrou quando Bono Boa Vida soltou um grunhido de dor.

Jenna não demorou. Ela correu em direção à janela oposta à entrada principal.

Em sua adaga, chamas negras se acenderam e se extinguiram rapidamente em vários pontos da sala.

O trio saltou para fora do prédio, pulou a cerca de ferro que delimitava o jardim e desapareceu na noite circundante.

Dentro do quarto, uma equipe de três pessoas composta por Angoulême, Valentine e o mestiço Imre confrontou Bono Boa Vida, que tinha acabado de enfaixar sua boca queimada.

O dono da fábrica fervia de raiva enquanto se dirigia a eles: — Oficial, quase fui sequestrado por três criminosos!

Angoulême observou a cena com um sorriso nos lábios.

— Investigaremos esse assunto mais tarde. Por enquanto, o problema principal é com você.

— Meu problema? — Bono Boa Vida ficou alarmado.

Angoulême assentiu levemente.

— Vamos primeiro confirmar sua fé antes de nos aprofundarmos em sua visita ao escritório do parlamentar na manhã da explosão da fábrica de produtos químicos.

Sem evidências suficientes para tomar medidas drásticas contra o membro do parlamento e sua equipe, os Purificadores redirecionaram sua investigação para Bono Boa Vida.

Ao ouvir essas palavras, Bono Boa Vida, com suas defesas psicológicas destruídas, empalideceu de apreensão.

Capítulo 249 – Brecha no contrato

Combo 61/100


Observando a reação de Bono Boa Vida, a confiança de Angoulême cresceu um pouco.

Com um movimento rápido, ele sacou uma caneta e papel, preparando-se para redigir um Certificado de Notário. O conceito por trás disso era que Bono Boa Vida fizesse um juramento a uma divindade, garantindo sua honestidade durante o questionamento subsequente.

Quando Angoulême afixou sua assinatura, o papel emitiu um brilho dourado radiante.

Bono Boa Vida engoliu em seco, sentindo o peso da situação.

Nos últimos anos, como um conhecido dono de fábrica em Trier, ele havia encontrado conhecimento místico e poderes extraordinários que ultrapassavam a imaginação das pessoas comuns. Tais assuntos não eram estranhos a ele. Era semelhante a um dos três sequestradores atirando nele um corvo flamejante, outro conjurando chamas negras e um terceiro saltando do terceiro andar.

— Assine seu nome, — Angoulême instruiu, entregando a Bono Boa Vida o Certificado de Notário, agora desprovido de seu brilho dourado.

— Muito bem. — A mão direita de Bono Boa Vida tremeu enquanto ele inscrevia seu nome no certificado.

A cada traço, um lampejo de luz dourada emanava de sua caligrafia.

Quando terminou, Angoulême falou com uma voz profunda e autoritária.

— Em qual divindade você acredita.

— O Deus do Vapor e da Maquinaria. — Para Bono Boa Vida, essa pergunta não representava nenhum desafio.

Angoulême procedeu à próxima.

— Por que você visitou o escritório do parlamentar na manhã da explosão da fábrica de produtos químicos?

Bono Boa Vida hesitou por dois segundos. Com medo de poderes sobrenaturais e testemunhas divinas, ele repetiu o que havia dito a Lumian e aos outros sob a influência do soro da verdade restante.

Angoulême, Valentine e Imre se revezaram fazendo perguntas, permitindo que Bono Boa Vida reconstituísse sua conversa com a secretária do membro do Parlamento, Rhône, e seu secretário assistente, Tybalt, com a maior precisão possível.

Quando o inquérito foi concluído, Angoulême entregou o veredito a Bono Boa Vida.

— Você será preso por incêndio criminoso, detonação deliberada de uma explosão e assassinato. Seus bens serão temporariamente confiscados, aguardando indenização pelos falecidos e feridos.

O rosto de Bono Boa Vida perdeu a cor enquanto ele desabou na poltrona, completamente esgotado.

Valentine deu alguns passos em direção à porta, lançando um olhar para o corredor além. Abaixando a voz, ele propôs: — Diácono, depois que trouxermos esse canalha blasfemo para a sede da polícia, devemos prender formalmente a secretária de Hugues Artois, Rhône?

Angoulême suspirou, balançando a cabeça lentamente.

— Ainda não.

— Você não percebeu? Rhône e o falecido Tybalt foram extremamente cautelosos. Eles nunca sugeriram explicitamente que Bono Boa Vida instigou a explosão em sua fábrica química. Eles apenas insinuaram seu apoio às políticas do membro do parlamento e pregaram uma filosofia de decadência. Eles podem explorar a mente cega de Bono Boa Vida, interpretando mal suas palavras para justificar suas ações.

— Já se passaram quase dois dias, e encontrar qualquer vestígio de que Bono Boa Vida tenha sido influenciado por superpoderes está sendo desafiador.

— Simplificando, não temos evidências suficientes para prender a Secretária Rhône e empregar poderes Beyonder no interrogatório. Só podemos convocá-la e interrogá-la por meios convencionais.

Valentine fervia de raiva, mas percebeu que não havia nada que pudesse fazer.

Ele nutria uma certeza inabalável de que algo estava errado com a secretária do membro do parlamento, mas devido aos regulamentos, ele não podia empregar métodos místicos para confrontá-la.

Após uma breve pausa, ele olhou para Bono Boa Vida, esparramado na poltrona como uma pilha de carne em decomposição, e falou com uma voz profunda: — Sugiro que o coloquemos na fogueira!

Angoulême assentiu, dirigindo-se a Valentine e Imre, — Vamos prosseguir. Levem esse homem de volta ao distrito do mercado, onde ele merece encontrar seu fim de dez maneiras diferentes.

Valentine ficou surpreso.

— Diácono, não vamos rastrear os três Beyonders que se infiltraram neste lugar?

Angoulême riu. — Por que deveríamos?

Valentine olhou para ele, perplexo com a abordagem do diácono.

Imre, acostumado com seu modo de agir, sussurrou: — Os três Beyonders se infiltraram neste lugar sem pilhar ou machucar ninguém. Eles apenas buscaram informações sobre a explosão da fábrica química e a visita ao escritório do membro do parlamento. É evidente que eles possuem um interesse genuíno na Secretária Rhône e no Membro do Parlamento Hugues Artois.

— Eu até me pergunto se eles são da Ordem Aurora, e um deles é aquele que matou o Secretário Assistente Tybalt.

Angoulême riu e acrescentou: — Já que estamos impedidos de investigar minuciosamente o escritório do membro do parlamento devido a contratos e regulamentos, por que não permitir que Beyonders não-oficiais, igualmente interessados ​​em bisbilhotar e empregar violência, espremam o pus e o exponham à luz do sol?

— Isso não seria um problema? — Valentine deixou escapar.

Divertido, Angoulême respondeu: — Claro que não. Ao lidar com indivíduos astutos, adeptos de explorar regulamentações, devemos ser ainda mais astutos e encontrar brechas. Se necessário, podemos até colaborar com organizações secretas e nos unir a esses Beyonders.

— Os contratos que mantemos com membros do parlamento e oficiais de alto escalão limitam apenas certas ações; eles não nos proíbem de abrigar más intenções ou cultivar informantes entre Beyonders por aí. Tais contratos não restringem as ações de Beyonders não-oficiais.

— Da mesma forma, esses contratos servem principalmente como restrições. Eles não nos obrigam a tomar certas ações. Às vezes, podemos observar os eventos se desenrolarem sem transgredir o contrato, enquanto lidamos com as coisas da maneira usual.

— Valentine, mesmo sob o sol, as sombras abundam. Considere as sombras de todos, por exemplo. Você deve aprender a coexistir com elas. Às vezes, você deve eliminá-las, e em outras, utilizá-las para louvar o Sol!

Valentine relembrou sua colaboração com Lumian em Cordu e relutantemente entendeu as palavras do diácono. Ele estendeu os braços e respondeu: — Louvado seja o Sol!

Angoulême acrescentou: — Eu não criei essas palavras. Desde a queda do Imperador Roselle, as duas Igrejas, o parlamento, o governo, os militares e o Departamento 8 estão envolvidos em conflitos. Cada um acumulou considerável experiência de combate que não seria considerada honesta em nenhum outro contexto.

— Portanto, por que você acha que eu silenciosamente permito a presença de Beyonders em meio às multidões do distrito do mercado? Baseado somente nas garantias e retórica dos superintendentes? Não, eu apenas acredito que eles podem se provar úteis em algum momento.

— É claro que é responsabilidade de todos tolerar a convergência de hereges em uma grande multidão. Eu não sou exceção. Há vantagens e desvantagens em tudo.

Valentine refletiu em silêncio, evitando fazer mais perguntas.

Tensões semelhantes eram aparentes na província de Riston, embora empalidecessem em comparação com aquelas em Trier. Afinal, este era o coração da nação.

Durante a viagem do Submundo de Trier para o distrito do mercado, Lumian, tendo removido suas ataduras, lançou um olhar para a silenciosa Jenna e casualmente comentou: — Eu pensei que você mataria Bono Boa Vida na hora, submetendo-o a um tormento inesquecível, mesmo que ele se tornasse um fantasma. Quem imaginaria que você simplesmente o esfaquearia no ombro?

Jenna franziu os lábios e deu alguns passos à frente antes de responder em voz baixa: — Se ele morrer agora, o processo legal para indenização por acidente vai se arrastar por anos. Pode até ser simbólico…

Embora ela não se importasse mais, muitas pessoas ainda aguardavam justiça.

Franca assentiu sutilmente e acrescentou: — Não tema. Bono Boa Vida, sem dúvida, enfrentará a pena de morte. A única questão é os meios. Além disso, deixamos pistas para os Beyonders oficiais. Assim como protegemos Hugues Artois, sempre ajudaremos a eliminar perigos ocultos.

Jenna deu um sorriso triste.

— Esse é o membro do parlamento que elegemos. Sua secretária e secretário assistente nos cumprimentaram com uma enorme explosão intencionalmente.

— Você está com medo? — Lumian perguntou ironicamente.

Jenna ficou em silêncio, momentaneamente sem palavras.

Lumian continuou: — Eu nunca aproveitei os benefícios de Intis, nem votei. Se eu me deparasse com uma situação semelhante, não pouparia o secretário do membro do parlamento ou mesmo o presidente que governa este país!

— Minha irmã disse uma vez que só sangue pode pagar sangue. Não me importo com a identidade do indivíduo que sangra.

A expressão de Jenna se contorceu mais uma vez, e ela falou com um tom de angústia: — Minha mãe sempre me ensinou a ser gentil e a aceitar o perdão. Não posso permitir que o sofrimento e o ódio ditem minha vida. Dessa forma, nunca verei a luz…

Sem esperar que Lumian e Franca respondessem, ela abaixou a cabeça e cerrou os dentes.

— Mas eu desprezo tanto isso!

Lumian franziu os lábios e declarou: — Se você eliminar todos os seus inimigos, sua vida não será governada pelo ódio.

Jenna ficou em silêncio por alguns segundos antes de assentir brevemente.

— No mínimo, no mínimo, não vou deixar a Secretária Rhône escapar impune!

Franca prontamente a elogiou: — Muito bem. Mantenha essa determinação.

Ela então enfatizou: — É claro que a vingança não pode ser cega ou impulsiva. Você deve esperar até estar forte o suficiente e aproveitar o momento oportuno para agir. Caso contrário, você só trará mais danos à sua família e amigos. Além disso, você terá que testemunhar seu inimigo vivendo uma vida boa.

— Tudo bem, — Jenna respondeu suavemente, assentindo.

Tarde da noite, Jenna, vestida com seu traje habitual, voltou para sua casa na Rue Pasteur, nº 17, no Quartier du Jardin Botanique, com as emoções desordenadas.

Este lugar estava situado perto da Rue Saint-Hilaire no distrito do mercado e do conglomerado de fábricas ao sul do Quartier du Jardin Botanique. Anteriormente, a família de Jenna havia optado por alugar este lugar para a conveniência do trabalho de Elodie e Julien.

Ao abrir a porta, Jenna foi recebida pela visão de seu irmão, Julien, agachado perto da janela, com a cabeça enterrada nas mãos.

Seu coração afundou e sua voz tremeu quando ela perguntou: — Julien, o que houve?

Iluminado pelo luar carmesim, Julien encostou-se à velha mesa de madeira, com uma expressão de terror.

— Não me demita! Não me demita!

— Minha mãe faleceu. Ela realmente faleceu. É por isso que não fui à fábrica esta tarde…

— Não me demita! Não me demita!

— Mãe, mãe, a culpa é toda minha. Eu não deveria ter deixado você sozinha na enfermaria!

— É tudo por minha conta, tudo!

— Hip, Hip!

Julien começou a chorar, parecendo uma criança assustada.

Parecia que havia perdido a sanidade.

Jenna estava parada na escuridão na porta, olhando fixamente para seu irmão. Parecia que ela estava descendo lentamente para um abismo insondável.

Capítulo 250 – Banquete de Condolências

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Os soluços de Julien reverberaram pela sala, banhados pelo brilho da lua. Jenna ficou hesitante perto da porta, sem vontade de dar um único passo à frente.

O medo tomou conta dela — medo de que entrar confirmaria que isso era realidade e não um pesadelo terrível.

Depois de um tempo, Jenna fechou os olhos com força e cerrou os dentes ao entrar no cômodo que servia de quarto, sala de estar, cozinha e sala de jantar de Julien.

Curvando-se ao lado do irmão, ela o deixou chorar, sem ousar tocá-lo em seu estado de choque. Suavemente, ela falou: — Não temos muitas dívidas para quitar. Mesmo se perdermos nossos empregos atuais, podemos encontrar novos. Não há pressa…

— Você tem uma base sólida. Deve haver outros mestres por aí que ficariam felizes em aceitá-lo…

— A mãe queria que tivéssemos uma vida melhor, não que nos afundássemos na auto-culpa

Jenna repetiu essas palavras uma e outra vez até que Julien, com o espírito despedaçado, se exauriu. Seu corpo enfraqueceu gradualmente, e ele caiu contra a parede perto da janela, caindo no sono.

Finalmente, o silêncio caiu.

Observando o rosto do irmão relaxar lentamente, seu medo e angústia desaparecendo, Jenna soltou um suspiro silencioso. Lágrimas brotaram em seus olhos e escorreram por suas bochechas.

Depois de derramar lágrimas silenciosas por algum tempo, ela se levantou e foi até a cama de Julien. Com ternura, ela pegou o cobertor e o colocou sobre seu irmão adormecido, encostado na parede.

Tendo feito tudo isso, caminhou cansada de volta para o outro cômodo. Era o quarto dela e de sua mãe Elodie.

Jenna deitou-se, com os olhos vazios fixos no teto mal iluminado, refletido no luar.

As palavras de sua mãe ecoavam incessantemente em sua mente, mas ela não conseguia se convencer.

Talvez, além de alguns poucos afortunados, a escuridão fosse o tema dominante na vida. A luz era apenas um adorno ocasional.

De repente, Jenna agarrou o travesseiro da mãe e o pressionou contra o rosto, seu corpo tremendo com soluços reprimidos.

“Por que, por que a escuridão é sempre tão avassaladora, desprovida de luz?”

“Quando o sol nascerá novamente?”

Em algum momento, Jenna sucumbiu a um sono profundo.

Ela acordou assustada com a comoção lá fora.

Sentando-se, esfregou os olhos inchados e saiu apressada do quarto.

A visão que seus olhos viram foi Julien torrando fatias de pão.

Ele não estava tão devastado quanto na noite anterior; em vez disso, estava focado em sua tarefa.

Os lábios de Jenna tremeram por um momento antes que ela finalmente falasse sua saudação habitual.

— Por que você está acordado tao cedo?

Julien respondeu com um toque de rigidez: — Ontem não jantei e minha fome me acordou.

— Espere só mais um pouco. A torrada estará pronta em breve.

Observando o estado do irmão, Jenna não conseguia aliviar sua preocupação.

Se Julien ainda estivesse em meio a um colapso mental, chorando como fez na noite anterior, ela poderia se sentir desconfortável, triste e desesperada, mas não teria medo.

Ela obrigaria seu irmão a conhecer Franca e fazer com que ela encontrasse um psiquiatra genuíno para seu tratamento.

Mas agora, ela não tinha certeza se Julien havia realmente se recuperado ou se ele estava apenas apresentando uma fachada de normalidade.

Se houvesse problemas não resolvidos escondidos, eles poderiam ser catastróficos quando ressurgissem!

Jenna temia que seu irmão pudesse pular de um prédio e acabar com a própria vida logo depois de terminarem o café da manhã.

Observando Julien cuidadosamente por um tempo, ela sentiu que seu colapso histérico havia de fato se dissipado, mas sua mente não havia retornado completamente ao seu estado normal.

Quando Julien preparou o café da manhã, ele se moveu com agilidade e habilidade. Não houve problemas. No entanto, durante as conversas, ele parecia de madeira, rígido e lento para reagir.

Isso convenceu Jenna de que seu irmão havia reprimido não apenas seu colapso e suas anormalidades, mas também seus pensamentos e sua alma.

“Fuuu… Ainda preciso encontrar um psiquiatra de verdade…” A visão de Jenna ficou turva mais uma vez.

Em pouco tempo, Julien terminou de torrar o pão e foi até um vendedor próximo para comprar um litro de leite relativamente fresco.

Enquanto Jenna mordiscava seu café da manhã, ela fingiu indiferença e olhou para o irmão.

— Não consegui dormir ontem à noite e me senti desanimada. Quero ver um psiquiatra. Você não parece estar melhor. Gostaria de vir comigo?

Após uma breve pausa, Julien respondeu: — Preciso procurar emprego.

Uma onda de tristeza tomou conta de Jenna mais uma vez.

O irmão dela não questionou sua busca por um psiquiatra.

As pessoas neste bairro relutavam em consultar até mesmo um médico comum, muito menos um psiquiatra, para tratar problemas mentais.

A maioria deles desconhecia a profissão do psiquiatra e não acreditava ter quaisquer problemas psicológicos.

Considerando que consultar um psiquiatra genuíno pode exigir uma consulta, Jenna não insistiu no assunto. Após alguma contemplação, ela falou encorajadoramente: — Acho que você deve escolher seu empregador e mestre com cuidado desta vez. É normal não encontrar um emprego em poucos dias. Pode levar uma semana, ou duas, ou até mesmo um mês.

— Quando chegar a hora, nós dois teremos uma renda. Talvez possamos quitar a dívida restante em um ano. Eu certamente não consigo fazer isso sozinha. A renda de uma cantora de bares não é estável. Eu nunca sei quando minha popularidade pode diminuir.

Por um lado, Jenna pretendia aliviar a pressão sobre seu irmão com antecedência, para que ele não desmoronasse novamente devido à incapacidade de encontrar um emprego logo. Por outro lado, ela enfatizou sua importância, assegurando-lhe que não conseguiria fazer isso sozinha. Ao confiar em sua responsabilidade, ela buscou fortalecer sua vontade de sobreviver e evitar quaisquer pensamentos repentinos de suicídio.

Jenna, que nunca havia considerado tais detalhes no dia anterior, não pôde deixar de refletir sobre questões semelhantes hoje.

Depois de estabilizar repetidamente a condição de Julien, ela viu seu irmão partir para o ponto de encontro no Quartier du Jardin Botanique, onde as fábricas procuravam funcionários e davam oportunidades.

Depois de um breve descanso, Jenna saiu do nº 17 da Rue Pasteur, ainda se sentindo um pouco cansada, e seguiu em direção à Rue Saint-Hilaire, que ficava bem próxima.

O plano dela era caminhar vagarosamente em direção à Rue des Blouses Blanches. Isso coincidiria com o despertar de Franca, permitindo que ela persuadisse Franca a marcar uma consulta com um psiquiatra genuíno.

Perdida em seus pensamentos enquanto passava pelo cruzamento, o olhar de Jenna passou por o espaço vazio, avistando um artigo de jornal exposto em uma banca próxima: “Membro do Parlamento Hugues Artois enfatiza tratamento imparcial da explosão da Fábrica Química da Boa Vida”.

Intrigada, Jenna foi atraída pelas palavras, instintivamente se aproximando e pegando o jornal para ler rapidamente as notícias.

“O membro recém-eleito do parlamento, Hugues Artois, acredita que é injusto difamar os donos de fábricas apenas com base em acidentes. Nem os donos de fábricas, que geram inúmeros empregos e contribuem com impostos para o país, devem enfrentar a falência após sofrerem um acidente. Tais circunstâncias resultariam em uma onda de falências, aumento das taxas de desemprego e uma nova onda de protestos e tumultos.”

“Hugues Artois expressou seu compromisso de não esquecer os feridos e mortos na explosão. Ele pretende estabelecer um novo fundo de bem-estar público para ajudar os proprietários de fábricas a cobrir uma parte da compensação do acidente, permitindo que as fábricas continuem operando. Os responsáveis ​​pelo acidente arcarão com o peso de seus pecados por meio do aumento da criação de empregos e das contribuições fiscais.”

“Ele declarou ainda sua intenção de propor um projeto de lei na Convenção Nacional, fomentando um ambiente mais favorável para empreendedores. Isso envolveria demissões simplificadas de trabalhadores e empregados não qualificados, bem como indenizações mais justas por acidentes.”

Naquele momento, os ombros de Jenna tremeram inesperadamente.

Ela riu, seu corpo tremendo por um longo período.

Depois de um tempo, ela largou o jornal e continuou sua jornada.

Sem que ela soubesse, Jenna chegou à Rue Saint-Hilaire e à parcialmente destruída Fábrica Química da Boa Vida.

Enquanto olhava para o tanque de metal danificado, pensamentos sobre sua mãe, Elodie, inundaram sua mente mais uma vez.

Ela sempre arrodeava àquela estrutura icônica ao entrar na fábrica.

Poucos minutos depois, com a visão turva, Jenna avistou um rosto desconhecido, mas vagamente familiar.

Era uma mulher vestida com um vestido surrado que disse a Jenna: — Depressa, vamos para a Avenue du Marché. O membro do parlamento está oferecendo um banquete de condolências e estendendo convites. Talvez possamos obter alguma coisa!

— Um banquete de condolências? — Jenna perguntou, perplexa.

A mulher assentiu entusiasticamente.

— Sim, de fato! Sua mãe também ficou ferida na explosão, você não lembra? Nós nos conhecemos na enfermaria.

— Aquele membro do parlamento chegou ao hospital há apenas meia hora. Haverá um banquete de condolências mais tarde!

— Hugues Artois? — Jenna deixou escapar instintivamente.

— Exatamente, exatamente. É ele — afirmou a mulher, agarrando o braço da atordoada Jenna e apressando-se em direção ao gabinete do membro do parlamento na Avenue du Marché.

Meia hora depois, elas chegaram ao prédio cáqui de quatro andares.

Muitas pessoas vestidas como mendigos faziam fila para inspeção, aguardando a entrada no salão.

Jenna, usando um vestido azul-acinzentado simples, deixou o cabelo cair naturalmente sobre os ombros, sem nenhuma maquiagem.

Ela se juntou ao fim da fila e gradualmente foi avançando.

Quase quinze minutos depois, finalmente chegou a vez dela.

Uma mulher de uniforme azul-escuro iniciou a inspeção, começando pela cabeça de Jenna e prosseguindo até suas botas.

Após confirmar a ausência de quaisquer itens perigosos, a mulher a orientou a se registrar e verificar sua identidade antes de entrar no salão de banquetes.

Auberge du Coq Doré, Quarto 207.

Lumian lançou um olhar surpreso para Franca, que havia aparecido na porta, e exclamou: — Você chegou cedo de novo hoje.

Franca, ainda vestindo blusa, calças claras e botas vermelhas, agora estava vestida com um conjunto diferente.

Ela zombou e retrucou: — Estou apenas preocupada que você e Jenna possam concordar externamente, apenas para assassinar a secretária do Membro do Parlamento, Rhône.

— Sou visto como um indivíduo tão imprudente aos seus olhos? — Lumian perguntou.

— Sim, — respondeu Franca sem hesitação.

Ela até pensou em adicionar a palavra “a maioria”, mas quando se lembrou de um Povo da Fúria que havia encontrado em uma cidade litorânea, sentiu que Lumian não poderia ser categorizado como um.

Dando um suspiro de alívio, ela continuou: — Já que você não agiu impulsivamente, Jenna deve estar segura. Vou visitá-la e avaliar se ela precisa de alguma assistência em casa.

Assim que Franca concluiu sua declaração, passos apressados ​​ressoaram lá embaixo, se aproximando.

Lumian e Franca, posicionadas na porta, viraram suas cabeças para contemplar Jenna, vestida com um vestido azul-acinzentado simples, seu cabelo desgrenhado, correndo em aflição. Ela soluçou e proferiu: — Meu irmão, meu irmão enlouqueceu! Ele se tornou um lunático.

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