Circle of Inevitability – Capítulos 301 ao 310 - Anime Center BR

Circle of Inevitability – Capítulos 301 ao 310

Capítulo 301 – Diabo

“Caminho do Criminoso…” Lumian começou a se lembrar do conteúdo dos cadernos de Aurore.

Sequência 9: Criminoso possuía um físico formidável, sentidos aguçados e uma gama de habilidades criminosas. Eles eram adeptos de empunhar várias armas e podiam até matar seus alvos usando algo tão mundano quanto uma colher.

Sequência 8: Sangue Frio1 eram insensíveis e desumanos. Seus corpos foram fortalecidos ainda mais, e eles ganharam maestria sobre habilidades mágicas com uma inclinação para os domínios mais malignos. Diferentes Sangues Frios se destacavam em diferentes aspectos, tornando-os oponentes desafiadores para lidar sem uma solução única para todos.

Sequência 7: Assassino em Série era bem versado em conhecimento e rituais diabólicos. Eles podiam invocar projeções de diabos do Abismo e tinham um fascínio doentio por fazer assassinatos em série.

Virando-se para a Madame Mágica com uma expressão pensativa, Lumian perguntou: — Quais são os nomes da Sequência 6 e da Sequência 5 no caminho Criminoso?

— A Sequência 6 é chamada de Diabo, e a Sequência 5 é Apóstolo do Desejo, — a Madame Mágica prontamente compartilhou seu conhecimento.

“De adorar o diabo a se tornar um: um nome adequado para o caminho do Diabo. E Apóstolo do Desejo soa como um Beyonder que seguiria a Árvore Mãe do Desejo. É uma combinação compatível. Eles poderiam muito bem renomeá-la para Apóstolo da Árvore Mãe do Desejo…” Lumian não pôde deixar de criticar enquanto analisava a informação.

A Madame Mágica continuou: — A primeira grande transformação qualitativa do caminho do criminoso é na Sequência 6: Diabo. Depois que o Beyonder correspondente se transforma temporariamente em um Diabo, não apenas sua força, velocidade e defesa melhoram, mas ele se torna imune à maioria dos venenos e adquire uma certa resistência a maldições e chamas.

— Mais importante, eles possuem Percepção Maliciosa. Se alguém pode causar dano fatal a eles em um curto período de tempo e começar a tomar medidas para torná-lo realidade, e ambas as partes estão dentro do alcance de suas habilidades, o Beyonder pode sentir a fonte do perigo e o perpetrador. Isso permite que eles tomem vingança direcionada em um contra-ataque.

“Tão poderoso…” Lumian não conseguiu evitar franzir a testa.

Se as operações subsequentes da Escola de Pensamento Rosa envolvessem membros das famílias diabólicas, a situação se tornaria exponencialmente mais perigosa.

É claro que os Zumbis e Espectros do caminho do Prisioneiro também eram assustadores.

Mais importante ainda, em uma certa Sequência, os Beyonders desses dois caminhos ostentavam defesas formidáveis ​​contra chamas.

“Droga, os Piromaníacos sofrerão!” Lumian fez um comentário autodepreciativo, infectado pelas vulgaridades de Franca e Jenna.

Depois de refletir por um momento, Lumian perguntou: — Quão curto pode ser o período de tempo para que a Percepção Maliciosa seja efetiva?

A Madame Mágica sorriu e respondeu: — O caminho do Diabo é altamente individualista. Diabos de várias raças possuem suas habilidades distintas. Mesmo entre os diabos originários da mesma família, as diferenças surgem devido à sua natureza individual. A razão por trás disso está na exigência de malícia, que varia de pessoa para criatura.

— Vontades únicas, corações distintos e uma propensão aos desejos se unem para formar a natureza diversa dos diabos.

— Agora, para sua pergunta. Alguns diabos podem sentir malícia apenas minutos antes de sua ocorrência, enquanto outros podem prevê-la horas ou até mais antes. Conforme eles progridem na sequência, essa habilidade só fica mais forte.

— O alcance da influência dessa habilidade pode abranger alguns quilômetros, um distrito comercial inteiro ou talvez até mesmo toda Trier.

— Além disso, os diabos usam uma série de feitiços envolvendo chamas, veneno e sujeira.

Quanto mais Lumian ouvia, mais sério ele ficava. Os diabos eram realmente poderosos — assim como os Zumbis combatendo os Piromaníacos, que eram especialistas em magias de fogo e combate corpo a corpo.

Depois de explicar brevemente as habilidades do Apóstolo do Desejo, a Madame Mágica o confortou com um sorriso,

— Não se preocupe muito. Mesmo que a Escola de Pensamento Rosa tome uma atitude no futuro, seu alvo provavelmente será Gardner Martin. Você só seria uma consequência. A Ordem da Cruz de Ferro e Sangue, sendo uma organização secreta, tem força suficiente para resistir à Escola de Pensamento Rosa, mesmo que as famílias diabólicas enviem alguém para participar.

— Se a Sociedade da Felicidade e a Escola de Pensamento Rosa compartilharem informações, você pode se tornar o alvo principal deles, mas eles não lançarão um ataque fatal contra você paradoxalmente. Eles temem liberar um anjo da Inevitabilidade como Termiboros. Contanto que você preste mais atenção às anormalidades e conspirações suspeitas ao seu redor, você terá tempo e oportunidade suficientes para buscar ajuda.

Ao ouvir isso, Lumian respondeu: — Se a Escola de Pensamento Rosa enviar um anjo para me capturar, como terei tempo para buscar ajuda?

A Madame Mágica riu.

— Você acha que Trier é um banheiro público onde um anjo pode descer e levar alguém embora facilmente?

— Se não fosse pelo espaço alternativo da Árvore das Sombras com o Mundo Paramita envolvendo-a, aquela Abominação sem cérebro não teria sido capaz de descarregar seu poder.

— Então, lembre-se de evitar esses lugares e viva sob o sol em Trier.

Lumian deu um suspiro de alívio e perguntou confuso: — Abominação?

“Poderia ser o poder invocado por Susanna Mattise?”

A expressão da Madame Mágica ficou estranha.

— Sim, Abominação… o filho do Deus Acorrentado a quem os adoradores da Árvore Mãe do Desejo e a Escola de Pensamento da Rosa originalmente adoravam. Ele é um anjo da Sequência 1 e o atual líder da Escola de Pensamento da Rosa.

— Não vou te contar o nome verdadeiro dele. Esse cara é coberto de maldições. Se você disser o nome verdadeiro dele com frequência, pode se tornar um sapo que precisa do beijo de um príncipe para se recuperar. Ou pior.

— Por que um príncipe? — Lumian tinha lido a Coleção de Contos de Fadas de Intis publicada dois anos antes e lembrava que a protagonista da história era uma princesa.

— Não seria uma maldição? — A Madame Mágica tinha uma expressão prática.

Lumian ficou sem palavras. Ele perguntou: — A prole da Árvore Mãe do Desejo são anjos, já vagando por nosso mundo. E para descer, a criança da Grande Mãe requer um ritual. Um é mais especial que o outro?

— Eles são igualmente especiais, — disse a Madame Mágica, sua expressão tomando um rumo estranho mais uma vez. — O ponto crucial da questão é que não foi a Árvore Mãe do Desejo que deu à luz a Abominação, mas uma existência de alto escalão em nosso mundo conhecida como o Deus Acorrentado.

O coração de Lumian se encheu de trauma quando ele imediatamente pensou em Louis Lund, no Administrador Béost e seus criados.

— A Árvore Mãe do Desejo pode engravidar criaturas de todas as raças e gêneros através da barreira? — Lumian perguntou com um toque de medo na voz.

A Madame Mágica balançou a cabeça.

— Ela não tem autoridade a esse respeito. Isso pertence à Grande Mãe.

— No entanto, se você for atraído por Ela e acabar interagindo com o poder Dela ou com a aura que se infiltrou em nosso mundo, Ela tem muitas maneiras de engravidá-lo. Além disso, o caminho do Deus Acorrentado: o caminho do Prisioneiro, é bastante especial e tem uma conexão próxima com a Árvore Mãe do Desejo.

— Se não fosse pela proteção do Sr. Tolo, os membros da facção da temperança teriam sido mais ou menos influenciados por Ela nos últimos dois anos.

Lumian assentiu e então perguntou sobre a facção da indulgência e da facção da temperança.

— Eu acredito que a filosofia da facção da temperança está correta, mas por que a facção da indulgência ainda pode crescer e possuir tanta força? É porque não há medo de perder o controle quando eles já estão loucos?

A Madame Mágica riu e respondeu: — A filosofia da facção da temperança está correta, mas isso não significa que o ponto de vista da facção da indulgência esteja necessariamente errado.

— Você tem que lembrar que agir com base no nome da poção é como cartas de tarô. Há uma diferença entre a posição vertical e a invertida. E mesmo se agirmos da maneira vertical, os princípios de atuação resumidos por diferentes pessoas variarão de acordo com suas mentes e experiências únicas. Afinal, estamos apenas atuando. Nosso objetivo é enganar a impressão mental deixada por aquela entidade e digerir a poção pouco a pouco. Seria problemático se nos alinhássemos completamente com Ele.

Lumian assentiu em compreensão.

— Então, a frase ‘lembre-se de que você está apenas atuando’ não apenas nos impede de nos perdermos e evitar problemas mentais, mas também nos ajuda a evitar esses problemas por completo?

— É isso mesmo, — afirmou a Madame Mágica.

Lumian então direcionou a conversa de volta para assuntos relativos à Árvore Mãe do Desejo.

— O Sr. Poeta mencionou que há diversas organizações que adoram a Árvore Mãe do Desejo?

— Poeta… — Os lábios da Madame Mágica se curvaram levemente. — São todas organizações relativamente pequenas que não formaram um grande culto. São muito inferiores à Escola de Pensamento Rosa e às poucas famílias diabólicas, mas são relativamente escondidas. Atualmente, temos conhecimento de três. Uma é a Sociedade da Felicidade, a outra é a Seita do Corpo Celestial, e a terceira é a Seita de Adoração à Árvore.

Depois de refletir sobre o assunto por um tempo, Lumian finalmente teve a ideia de criar um item místico usando o Ramo das Sombras.

— Madame, assim que eu receber a recompensa do Sr. K, gostaria da sua ajuda para encontrar um artesão de nível santo para criar o item. Você sabe o preço? — Lumian perguntou.

A Madame Mágica sorriu e respondeu: — Ainda não recompensei você por se juntar com sucesso à Ordem da Cruz de Ferro e Sangue. Que tal usar essa recompensa para cobrir o custo?

— Parece perfeito, — Lumian concordou alegremente.

Receber três recompensas por uma missão foi realmente algo notável.

A Madame Mágica assentiu pensativamente e disse: — Um parente de um amigo conhece um Artesão nível semideus. Vou verificar com eles primeiro. Se não der certo, vou encontrar outra opção.

Ela então sorriu e perguntou: — Com a diferença entre o Sortudo e a recompensa potencial do Sr. K, você tem certeza de que quer usar um deles para criar um item místico?

Lumian respondeu com certeza: — Não terei nenhum arrependimento.

Sua abordagem sempre foi utilizar os recursos disponíveis o mais rápido possível.

Era preciso saber que o padre já era um Sequência 5 quando deixou Cordu. Ele pode até ter tomado uma poção para aumentar suas habilidades. Lidar com ele sozinho era semelhante a abraçar a morte para Lumian.

Ele precisava usar todos os recursos disponíveis para aprimorar suas habilidades rapidamente e reunir mais aliados para aumentar suas chances de sucesso!

Durante seus primeiros dias como vagabundo, Lumian uma vez tropeçou em uma macieira selvagem carregada de frutas. Ele pretendia esperar as maçãs crescerem mais e ficarem menos azedas antes de descobrir como colhê-las. No entanto, para sua surpresa, alguns dias depois, outra pessoa conseguiu colher todas as maçãs pequenas e azedas.

Este incidente deixou uma marca profunda em Lumian, influenciando significativamente sua abordagem para lidar com as coisas.

  1. esse é o nome antigo, o novo é: Anjo sem asa[↩]

Capítulo 302 – Cinzas da Múmia

A Madame Mágica não disse mais nada e perguntou novamente: — Você quer voltar para o Salle de Bal Brise agora ou ficar aqui até o meio-dia?

Lumian nunca havia deixado Intis, muito menos vindo para o Continente Sul.

Como não tinha nada planejado, ele assentiu e respondeu: — Gostaria de explorar um pouco ao redor.

A Madame Mágica assentiu levemente e desapareceu diante dele.

Quase instantaneamente, um vento gelado varreu a multidão e atingiu Lumian.

Vindo de Trier no verão, ele não conseguia deixar de tremer no rigoroso inverno das terras altas.

Acompanhado pela brisa fria, o clamor distante do mercado, a algumas centenas de metros de distância, enchia os ouvidos de Lumian, fazendo-o sentir-se verdadeiramente imerso naquelemundo.

Lembrando que a chegada e o desaparecimento da Madame Mágica passaram despercebido pelas pessoas ao redor, Lumian rapidamente fez um palpite.

Ela criou uma parede de espiritualidade ou me puxou para um espaço alternativo separado?”

Enquanto esses pensamentos corriam pela mente de Lumian, ele notou que os transeuntes olhavam para ele com cautela e perplexidade.

Ele estava vestindo apenas uma camisa fina, um colete preto e calças finas, que dificilmente eram adequadas para o inverno rigoroso.

— O que você está olhando? Você não viu alguém agindo de forma legal? — Lumian murmurou.

Confiando na resistência de Monge da Esmola, ele se aventurou despreocupadamente no mercado.

O cheiro de esterco fresco de gado, o aroma doce do milho e o aroma tentador de carne assada com especiarias encheram suas narinas.

Lumian examinou a área e avistou inúmeras barracas vendendo vários itens alimentares feitos principalmente de milho.

Havia milho inteiro cozido, milho assado com molho vermelho,pedaços de milho servidos em sopa grossa, milho assado envolto em carne bovina e de carneiro, cebolas e batatas, milho moído em uma pasta pegajosa e recheado em vários pedaços de carne, e milho espalhado em pão achatado áspero polvilhado com ingredientes…

Após um momento de reflexão, Lumian seguiu pelo caminho “limpo” entre os comerciantes e chegou a uma barraca.

O dono da barraca era um homem na faixa dos trinta anos, com pele escura e corada, rosto magro, maçãs do rosto altas e olhos castanhos escuros.

Ele tinha cabelos pretos longos e oleosos e usava um chapéu de feltro preto junto com uma túnica vermelha escura feita de lã e outros materiais.

Lumian apontou para a pasta de milho amarela borbulhante na panela cor de ferro e perguntou em Intisiano: — Quanto?

Ele notou que algumas pessoas aqui entendiam Intisiano.

As transações eram feitas usando várias moedas metálicas, incluindo verl d’or.

O dono da barraca pareceu assustado e respondeu em um Intisiano não fluente com um toque de bajulação: — 5 coppet por 1 porção.

“Um lick, bem barato…” Lumian olhou para a pasta de milho com pedaços de carneiro e tirou uma moeda de latão com um padrão da cordilheira Hornacis na frente.

O vendedor respirou aliviado e rapidamente pegou um copo de papel que não combinava muito com o estilo e a tecnologia do mercado.

Ele o encheu generosamente, até mesmo adicionando alguns pedaços extras de carne.

Quando Lumian recebeu, calor se espalhou por seu corpo.

Foi uma experiência maravilhosa ter algo quente enquanto suportava o vento cortante.

Uma experiência ainda melhor foi a pasta de milho quente fluindo de sua boca para seu esôfago e estômago, espalhando calor por todos os cantos de seu corpo.

A pasta de milho, com sua leve doçura e um toque de picante e pungência, complementa perfeitamente os cubos de carne bovina e de carneiro, neutralizando seu cheiro. Era peculiar e apetitoso, um deleite para suas papilas gustativas.

Ignorando os olhares cautelosos das mulheres e o medo e aversão do homem que conduzia as vacas e ovelhas, Lumian tomou um gole de sua pasta de milho e foi até o final do mercado.

Logo, entrou na Cidade Branca, Rapus.

Ele avistou a catedral dourada do Eterno Sol Ardente e a catedral do Deus do Vapor e da Maquinaria adornada com vários componentes industriais.

Os prédios brancos, lojas que vendiam couro e tecidos, a Corporação de Importação e Exportação das Terras Altas e a Federação de Mineração Rapus estavam todos visíveis.

Carruagens puxadas por vacas de pelo longo e cavalos de médio porte enchiam as ruas, acompanhadas por moradores em túnicas e alguns estrangeiros em trajes formais.

Lumian escolheu uma loja chamada Poção Mística das Terras Altas e entrou como um turista.

O proprietário, um Intisiano na casa dos quarenta, com cabelos pretos típicos e olhos azuis, usava uma camisa branca com estampas florais, roupas grossas e um casaco azul escuro com detalhes dourados.

Ao ver Lumian, ele o cumprimentou calorosamente: — Bom dia, caro compatriota.

O homem examinou o traje de Lumian e perguntou preocupado: — Você encontrou um bandido?

— Acabei de chegar em Rapus. Houve um acidente no caminho — Lumian respondeu, sorrindo com um sotaque de Trier.

O proprietário assentiu em compreensão.

— O Continente Sul não é tudo o que parece, mas é um paraíso para aventureiros. Cheguei a Balam Oeste há quinze anos em busca de oportunidades. A vida só melhorou quando encontrei verdadeiras oportunidades na Cidade Branca. Pelo Vapor!

Com um suspiro, ele desenhou um Emblema Sagrado triangular em seu peito.

— Pelo Vapor! — Lumian respondeu com a mesma etiqueta.

O sorriso do dono ficou mais caloroso.

— Irmão, você gostaria de um pouco de cinzas de múmia? Cinzas de múmia de verdade!

Lumian olhou ao redor da pequena loja e sorriu.

— Por que você não exibe a múmia na janela para provar sua autenticidade?

O chefe sorriu timidamente e disse: — Isso iria perturbar os bárbaros.

— Alguns compram cinzas de múmia, mas a maioria não aceita múmias como mercadorias.

Lumian disse deliberadamente: — Quando deixei Trier, havia escassez de cinzas de múmia. O preço disparou. Já pensou em transportar múmias de volta para Trier para vender?

— O comércio marítimo é muito arriscado, e as empresas de importação e exportação têm preços terríveis, sem mencionar os impostos que cobram. Essas malditas hienas! — O dono olhou para Lumian, testando as águas, — Se você estiver disposto a correr os riscos, podemos cooperar.

— Quantas múmias você pode fornecer? — Lumian fingiu ceticismo.

O chefe sorriu.

— Isso depende de quantos você quer. Eu tenho as conexões certas.

“Posso ter quantas eu quiser? Você desenterrou o túmulo de um nobre do Reino das Terras Altas? Ou você encontrará um cadáver ou mesmo uma pessoa viva para fazer um na hora?”

Lumian se envolveu em uma conversa com o dono da Poção Mística das Terras Altas e saiu da loja, fingindo que precisava de tempo para considerar a oferta.

Depois de vagar por algum tempo, Lumian se deparou com um magnífico edifício branco de três andares à beira da estrada, movimentado com moradores locais entrando.

A curiosidade levou a melhor, e ele seguiu a multidão para dentro, apenas para encontrar soldados de Intis, vestidos com seus característicos chapéus triangulares pretos e casacos azuis com fios dourados, protegendo a entrada com suas calças brancas e botas de couropretas.

Rapus,” Lumian pensou consigo mesmo, “é realmente uma cidade colonial Intis.”

Seu olhar se fixou nas palavras douradas acima da entrada principal, que diziam: “Tribunal Especializado de Rapus.”

Sentando-se em um canto vazio do tribunal, Lumian ouviu o julgamento que estava em andamento.

Dois soldados de Intis foram acusados de um crime hediondo: interceptar um casal de recém-casados nos subúrbios, assassinar o marido e submeter a esposa a horrores indizíveis.

Ela teve a sorte de sobreviver. Com inúmeras testemunhas e ampla evidência, o caso inteiro parecia bem claro.

Após muita deliberação, o juiz, que agora estava realizando a terceira audiência, finalmente os declarou culpados, decretando sua expulsão imediata das terras altas.

Após seu retorno a Intis, eles enfrentariam mais punições em um tribunal militar.

O veredito não agradou a multidão local, e eles expressaram sua insatisfação em voz alta.

No entanto, o juiz permaneceu resoluto, ordenando que oficiais de justiça e soldados removessem os dissidentes do tribunal.

Lumian observou os rostos agitados e irritados dos moradores locais enquanto eles eram forçados a sair, e somente quando foram embora ele decidiu deixar o tribunal também.

Enquanto caminhava pela praça da Catedral do Eterno Sol Ardente, ele notou um grupo de clérigos em vestes brancas adornadas com fios dourados.

Eles caminhavam em direção à catedral, mantendo uma distância segura da multidão e falando em voz baixa.

Lumian, confiando nos ouvidos como um Caçador, esforçou-se para captar suas palavras de longe.

Embora a distância dificultasse, ele conseguiu entender duas frases: — O poder da Noite Eterna… invadiu este lugar.

“O que isso poderia significar? A Igreja da Deusa da Noite Eterna do Reino de Loen está estendendo seu alcance para as Terras Altas das Estrelas?”

Lumian ponderou por um momento antes de continuar seu caminho.

Às 12h30, horário de Trier, a Madame Mágica escoltou Lumian de volta ao Salle de Bal Brise, e ele reapareceu em seu quarto.

Ele sentou-se à mesa de madeira e começou a organizar a interpretação do Sr. Poeta dos elementos simbólicos do sonho.

No meio do seu trabalho, Lumian ouviu passos familiares se aproximando e uma batida indelicada na porta.

Deixando a caneta de lado, Lumian se levantou e olhou para a entrada.

— Entre.

Era Franca, vestida com seu traje habitual de blusa, calças bege e botas vermelhas.

No entanto, agora usava um vestido plissado de cor clara em volta da cintura.

— Muito estranho — Lumian comentou honestamente.

Franca suspirou, com uma mistura de alegria e melancolia no rosto.

— Ainda não estou acostumada a usar vestidos. Isso vai ter que servir por enquanto.

— Isto é para dar boas-vindas ao Prazer.

— Prazer? — Lumian ficou intrigado com o termo que ela mencionou.

Franca fechou a porta atrás de si e explicou com uma expressão complexa: — Já que você se juntou à Ordem da Cruz de Ferro e Sangue, minha missão inicial é considerada cumprida. Agora, vou ver se posso me juntar e ajudar com sua operação.

— E já que a missão está completa, deve haver uma recompensa. A próxima Sequência para uma Bruxa é Demônia do Prazer.

— Sim, eu já tenho todos os ingredientes principais e a maioria dos suplementares, exceto as cinzas de múmia de verdade. Vim perguntar se você poderia ficar de olho durante suas reuniões de misticismo. Droga, essas cinzas de múmia vendidas nas lojas são todas falsas!

Capítulo 303 – Faíscas de “Fogo”

“Cinzas de múmia…” A mente de Lumian imediatamente foi para a loja Poção Mística das Terras Altas em Rapus.

As múmias tiveram suas origens no antigo Reino das Terras Altas, e tinham um termo antigo para isso. O Imperador Roselle traduziu para um termo atual e melhor: múmia.

Em termos mais simples, as múmias mais genuínas e antigas podem ser encontradas nas Terras Altas das Estrelas, a maior fonte de cinzas de múmias.

Franca ficava cada vez mais agitada enquanto falava.

— Por que você acha que os homens em Trier são tão interessados ​​em coisas que melhoram suas habilidades naquela área? Eles até ousam consumir cinzas de múmia! Isso significa que aqueles que realmente precisam delas não podem pagar pelo produto real!

— Muitas mulheres em Trier também estão interessadas, esperando que seus maridos e amantes tenham um desempenho melhor na cama. — Lumian leu sobre isso e perguntou a Franca curiosamente: — Isso realmente funciona?

Franca zombou.

— Não consigo ver nenhum outro efeito além de ficar doente ao usar pó feito de um cadáver especialmente preparado. Bem, seu uso no misticismo é um assunto diferente.

— Pense nisso. Trier agora está inundada com falsas cinzas de múmia. As pessoas estão devorando-as sem saber se são autênticas!

— Existem muitas ervas com efeitos similares, mas uma vez que são rotuladas como cinzas de múmia, o preço dispara. Quem não tiraria vantagem disso?

— Não superestime a consciência dos comerciantes. Ouvi reclamações em muitas reuniões de misticismo sobre pessoas encontrando ratos mortos, moendo-os em pó, misturando-os com ervas e vendendo-os como cinzas de múmia.

— Quando eu, hum, antes de ter superpoderes e ainda estava lutando, vi o dono da cafeteria fazendo café falso. Mais tarde, ele não podia nem pagar por isso. Ele juntava restos de café, bílis de animais e até pó de tijolo e fuligem como substituto. Acredite em mim, se você visitar as cozinhas de certos restaurantes e cafeterias, você vai querer enforcar o chefe. Essas cascas de escargot são reutilizadas, retiradas do lixo, preenchidas com ingredientes e servidas a novos clientes…

Franca continuou seu discurso, expressando sua frustração com produtos falsificados e de qualidade inferior que estavam atrapalhando sua carreira como Beyonder.

Depois que ela terminou de falar, Lumian perguntou com certeza: — Você terminou de digerir sua poção de Bruxa?

As emoções de Franca voltaram ao normal quando ela respondeu presunçosamente: — Isso foi há muito tempo. Você me viu agir como uma Bruxa durante esse período de tempo?

Lumian mudou de assunto pensativamente.

— Você parece desprezar a Escola de Pensamento Rosa por seus atos de terror no Continente Norte. Você até zomba deles por atrapalharem a resistência à colonização pelos nativos do Continente Sul. Não entendo bem sua lógica. Eles não deveriam resistir e se vingar quando intimidados?

Franca caminhou até a janela do quarto de Lumian e olhou para o cais e o depósito escondidos por prédios. Seu olhar estava desfocado quando ela disse: — Eles deveriam… se desejam buscar a adrenalina de exigir vingança, por um momento de euforia. Mas se você quer liderar o Continente Sul para expulsar os colonos, tais ações só terão o efeito oposto. Um filósofo disse uma vez que nenhum rei deveria enviar tropas com raiva. Resistir à colonização é um assunto sério e desafiador; é algo que não deve ser feito para desabafar as emoções.

Vendo a confusão de Lumian, Franca apontou para a janela.

— Há muitos trabalhadores e operários lá. Eles trabalham duro todos os dias e dormem em quartos infestados de percevejos. Eles são colonos? Eles se beneficiaram das colônias? É verdade, seus empregos podem ser resultado do comércio colonial, mas eles perderão seus empregos sem as colônias e o comércio normal? Eu não acho. A possibilidade mais provável é que eles ainda tenham um emprego que mal fornece sustento; são os chefes que perdem lucros excessivos.

— Eles têm suas próprias demandas e um desejo de mudar a sociedade atual. Eles frequentemente se juntam aos cidadãos de Trier em várias marchas e protestos, expressando profunda insatisfação com o governo.

— Há muitas pessoas semelhantes em Trier. Algumas delas têm várias razões e até simpatizam com as colônias do Continente Sul.

— Um rei filósofo disse uma vez que devemos distinguir entre nossos amigos e inimigos ao realizar ações. Os vários atos terroristas da Escola de Pensamento Rosa só colocarão aqueles que simpatizam com os colonos e aqueles que também estão resistindo ao governo contra eles. Isso os torna o objeto de ódio que será explorado pelos governantes para resolver quaisquer conflitos internos. Isso prejudicará o povo da resistência do Continente Sul contra a colonização.

— O rei filósofo até proibiu seus oficiais de inteligência de realizar assassinatos ou buscar vingança, muito menos causar incidentes terroristas.

Franca saiu do seu transe e falou com entusiasmo, seus olhos brilhando: — Contanto que possamos reunir mais aliados, isolar nossos inimigos e acender essa pequena faísca, ela pode incendiar uma região selvagem inteira!

“Quem é amigo e inimigo… Encontrar aliados e isolar o inimigo… Até mesmo uma pequena faísca pode incendiar uma região inteira…” As palavras deixaram um impacto profundo em Lumian. Ele ponderou as palavras de Franca repetidamente, especialmente sua última frase. Isso revelou uma nova compreensão como Piromaníaco, aproximando-o de revelar seu primeiro princípio de atuação.

Depois de alguns momentos, Lumian assentiu solenemente.

— Eu concordo com você agora. Os atos de terror da Escola de Pensamento Rosa são extremamente tolos, meras decisões tomadas depois que suas mentes estão cheias de desejo. Uh, como crentes da Árvore Mãe do Desejo, é bem esperado.

Franca franziu os lábios.

— Se a Escola de Pensamento Rosa se concentrasse em assassinar generais coloniais, membros do parlamento e altos funcionários do governo, bem como destruir navios de guerra e arsenais, eu não zombaria deles. Mas seus sacrifícios de sangue, matando pessoas indiscriminadamente, são ações de lunáticos. Não quero me tornar um sacrifício para esses loucos um dia.

Lumian comentou: — É um caso clássico de colocar simpatizantes uns contra os outros.

Franca acrescentou desdenhosamente: — Esses lunáticos não só realizam sacrifícios de sangue no Continente Norte, mas também o fazem no Continente Sul, transformando vilas em terras desabitadas. O Continente Sul tem a Escola de Pensamento Rosa como outro obstáculo intransponível além dos colonos.

Lumian assentiu gentilmente e disse: — Aquela madame me levou para Terras Altas das Estrelas e durante meu passeio por lá, encontrei um comerciante de múmias. Devo pedir permissão para visitar novamente e obter algumas cinzas de múmia reais para você?

“Aquela madame…” Franca percebeu algo e decidiu não pressionar mais. Depois de pensar um pouco, ela disse: — Não há necessidade disso agora. Só porque Trier tem muitos produtos falsificados não significa que não haja nada autêntico. Vamos tentar encontrar os autênticos primeiro. Se não, iremos para o Continente Sul.

Lumian compartilhou honestamente suas intenções: — Espero que você possa avançar para a Sequência 6 em uma semana e se tornar uma Demônia do Prazer.

— Hein? — Franca estava confusa.

Lumian não escondeu nada, respondendo diretamente: — Foi profetizado que Guillaume Bénet aparecerá no Quartier de la Princesse Rouge na semana que vem. Quero encontrá-lo e capturá-lo, e preciso da ajuda de mais amigos. O Chefe já concordou em me ajudar a encontrá-lo. Quanto mais forte você for, maiores serão nossas chances de capturar Guillaume Bénet.

Divertida, Franca provocou: — Você está aprendendo, garoto. Você realmente não está mais se segurando. Você fez um pedido sem obter meu consentimento para ajudar.

Lumian sorriu, respondendo: — Não é isso que estou fazendo agora?

Franca ponderou por um momento antes de dizer: — Espere mais alguns dias. Se ainda não conseguirmos encontrar as cinzas de múmia reais, iremos ao Continente Sul para procurá-las. Lembre-se, tente não incomodar o portador da carta dos Arcanos Maiores, se possível.

— Certo então, — Lumian disse, compartilhando uma visão similar, mas ele nunca perdeu uma chance de obter vantagem. Caso contrário, seria melhor procurar a ajuda da Madame Mágica para lidar com Guillaume Bénet.

Um subordinado que não conseguisse lidar com os problemas sozinho, incomodando seu superior o tempo todo, acabaria sendo deixado para trás!

Além disso, o Clube de Tarô seguia uma regra de troca equivalente. Qual preço alguém teria que pagar para ter a ajuda de um portador de carta de Arcanos Maiores de nível semideus?

Depois de conversar um pouco, Franca, que estava prestes a sair, olhou para a janela e de repente disse: — Embora Gardner Martin já saiba da situação e tenha feito preparativos, você não pode ser descuidado. Você não pode colocar todas as suas esperanças nele. A Escola de Pensamento Rosa é uma antiga organização secreta. Ela deve possuir várias habilidades.

“Por que você está trazendo isso à tona de repente?” Lumian ficou surpreso por um momento antes de responder com entendimento tácito, — O Chefe é pelo menos um Conspiracionista. Ele provavelmente armou inúmeras armadilhas em segredo, aguardando a chegada da Escola de Pensamento Rosa.

Sobre esse assunto, os dois continuaram a conversa enquanto saíam do quarto e entravam no corredor.

Franca abaixou a voz e disse: — Senti que havia algo errado com o vidro da sua janela. Acho que é um Espectro.

“Um Espectro da Escola de Pensamento Rosa? Franca descobriu algo errado usando sua compreensão de espelhos como uma Bruxa?” Os nervos de Lumian ficaram tensos quando ele assentiu levemente, agindo como se estivessem discutindo um tópico comum.

Ele viu Franca entrar na cafeteria e sair do Salle de Bal Brise pelo corredor. Como sempre, ele se acomodou em seu assento regular e saboreou seu café.

Uma hora se passou, e Lumian começou a se sentir um pouco mais à vontade. Ele pensou que o Espectro provavelmente tinha ido embora, então mudou seu foco para Gardner Martin e as armadilhas em potencial.

Os dias seguintes foram cheios de paranoia para Lumian. Ele sentiu olhares sobre ele vindos da janela de vidro do seu quarto e do espelho do banheiro, mas nada alarmante ocorreu.

Finalmente chegou o dia da recompensa prometida pelo Sr. K.

Enquanto Lumian descia as escadas do Auberge du Coq Doré, ele encontrou uma mulher desconhecida.

Vestida com um vestido azul-lago, seu cabelo castanho fluía naturalmente, e seus olhos castanhos tinham uma qualidade etérea única. Sua aparência era acima da média, suas bochechas eram carnudas, e seu comportamento se destacava do comum.

Quando Lumian passou pela recepção, ele perguntou casualmente à Madame Fels: — Aquela jovem é uma nova inquilina?

A gorducha Madame Fels sorriu de forma insinuante. — Não, ela é a Srta. Safari, que está hospedada no Quarto 309. Ela foi para uma pequena cidade litorânea para ser modelo para um pintor. Ela só voltou hoje.

— Que invejável. O trabalho dela a deixa tirar férias no mar.

“Modelo?” Lumian assentiu e saiu do Auberge du Coq Doré, pegando uma carruagem pública para a Avenue du Boulevard.

Capítulo 304 – Decência

Avenue du Boulevard, Rue Scheer, nº 19, subsolo.

O rosto do Sr. K permaneceu escondido sob o enorme capuz, mas Lumian podia sentir admiração e reconhecimento em seu olhar.

De pé atrás de uma poltrona vermelha, o Sr. K apontou para uma mesa estreita de madeira perto da parede.

— Faça uma escolha. Esses são Artefatos Selados de Grau 2, de acordo com os padrões de várias Igrejas. Eles têm características distintas, mas vêm com efeitos negativos perigosos. No entanto, há maneiras de resolver esses problemas e utilizá-los até certo ponto.

Seguindo o gesto da mão direita levantada do Sr. K, Lumian avistou três itens na estreita mesa de madeira.

Uma era uma caixa de madeira requintada adornada com rubis, esmeraldas, ágatas e outros itens preciosos. Outra era um injetor de borracha, e a última era uma garrafa de boca larga cheia de um líquido verde com um objeto dourado no fundo.

O Sr. K se aproximou da mesa, pegou a caixa de madeira com pedras preciosas e a abriu.

Lá dentro, havia uma máscara de couro fina e macia. Quando o Sr. K a levantou para exibir, um rosto grande delineado em tinta a óleo vermelha, amarela e branca surgiu.

Por algum motivo, o humor de Lumian piorou ao ver o rosto, e seu coração se encheu de tristeza.

— É chamada de Máscara do Palhaço, — o Sr. K apresentou em uma voz baixa e rouca. — Usá-la permite que você crie Substitutos de Estatuetas de Papel. Você pode incendiar objetos inflamáveis em um raio de 50 metros e saltar pelas chamas, permitindo que você transfira ferimentos pelo seu corpo e transforme um ferimento fatal em um menor. No entanto, cada ferimento só pode ser transferido uma vez.

— Ela também se fundirá com seu rosto, alterando sua aparência. Este aspecto está além do seu controle, mas lhe concede forte controle de expressão e premonição afiada por um curto período.

— Para armazená-la com segurança, você precisará de um recipiente de alto valor. Caso contrário, trará continuamente frustração, dor e tristeza para aqueles ao redor, gradualmente os deixando loucos até que eles quebrem. Para os Beyonders, isso geralmente significa perder o controle.

— É por isso que você não pode usá-la por mais de dez minutos por vez. Além disso, você tem que ‘assistir’ a uma apresentação cômica uma vez por semana; caso contrário, ela tentará substituí-lo quando você usá-la, tornando-se verdadeiramente seu ‘rosto’.

“Transferência de ferimento… Este Artefato Selado pertence ao caminho do Vidente. Corresponde à Sequência da Srta. Leah do Bureau 8 ou superior,” Lumian deduziu rapidamente com base em sua experiência.

Ele sentiu que a Máscara do Palhaço lhe servia bem. Como um Piromaníaco, o salto pelas chamas poderia aumentar significativamente sua força.

Ele precisava mudar sua aparência, mas a limitação de usá-la por apenas dez minutos a tornava semelhante aos Óculos do Espreitador de Mistérios, embora mais conveniente.

Além disso, substitutos de estatuetas de papel e transferência de ferimento poderiam efetivamente aumentar sua capacidade de sobrevivência, mas quando se tratava de lidar com zumbis, espectros, demônias ou apóstolos do desejo, essas habilidades careciam de especificidade.

Influências emocionais eram atualmente um tabu para Lumian. Embora seus problemas psicológicos tivessem sido curados de alguma forma, as chamas da dor não podiam ser totalmente extintas. Elas ainda ardiam profundamente em seu coração. Se esse colapso emocional explodisse, Termiboros sem dúvida estaria sorrindo de orelha a orelha.

Enquanto Lumian refletia, o Sr. K colocou a Máscara do Palhaço de volta em sua requintada caixa de madeira e pegou um injetor feito de mangueiras de borracha, uma seringa de vidro e uma agulha fina.

Naquele momento, um tubo de líquido vermelho brilhante encheu silenciosamente a seringa, como se tivesse acabado de ser extraído do corpo de uma pessoa.

O Sr. K gentilmente sacudiu o injetor e disse: — É chamado Sangue de Vida. Uma vez injetado em seu corpo, permite que você controle sua carne e sangue completamente por um curto período. Você não precisará manter sua forma humana deliberadamente, e seus pontos vitais estarão seguros. Além disso, você pode envolver um alvo, corroer seu corpo e matá-lo por dentro.

— Simultaneamente, você pode se transformar em sua própria sombra e se fundir com as sombras ao redor. Dessa forma, você pode seguir secretamente o inimigo e evitar a detecção.

— Com cada injeção, você se tornará mais próximo de nosso Senhor, mais próximo da aparência mais antiga da forma original da humanidade. Humanos e criaturas não suportarão isso bem. Seus corpos entrarão em colapso gradualmente com cada injeção, e eles não serão capazes de retornar ao seu estado original. Suas mentes serão encobertas por sombras, fazendo-os desejar carne e sangue, transformando-os em monstros irracionais. No entanto, não precisamos nos preocupar. Enquanto acreditarmos devotamente em nosso Senhor e nos lembrarmos de orar a Ele sempre, não haverá muitos problemas com nossos corpos e mentes.

— Já me injetei várias vezes antes. Não estou normal agora?

Lumian não acreditou totalmente nisso. “Não acho que você seja normal… A habilidade de corrosão da carne parece útil contra Zumbis…”

Além disso, ele não era devoto quando se tratava do Verdadeiro Criador. Ele geralmente usava dicas psicológicas para selar as memórias de Seu nome honroso e não orava de forma alguma.

— Se você carregar o Sangue da Vida sem se injetar, isso não afetará você além de fazer você desejar carne e sangue, — explicou o Sr. K. Ele então pegou uma garrafa de boca larga cheia de um líquido verde com uma fragrância alcoólica e retirou dela um broche dourado esculpido em forma de uma vassoura escocesa com sua palma branca que parecia doentia.

— Este se chama Decência.

— Depois de usá-lo, você pode detectar agudamente as fraquezas de um alvo. Ao dar itens a eles simbolicamente, você pode completar um Suborno, enfraquecendo significativamente o ataque, a defesa ou o controle deles sobre você por um certo período.

— Além disso, você pode Distorcer as palavras, ações e intenções do alvo. Você também pode Distorcer certas ações suas ou de outros para criar um ambiente que seja benéfico para você.

“Usando Suborno para enfraquecer o ataque, defesa ou controle do alvo… Essa habilidade é muito versátil. Pode ser usada contra Zumbis, Demônias ou outros Beyonders… Se eu usar Distorção bem, posso inventar todos os tipos de truques…” O ânimo de Lumian se elevou, acreditando que era isso que ele queria.

O próximo passo era ver se os efeitos negativos poderiam ser suportados.

O Sr. K continuou: — Deve ser mantido em bebida alcoólica com mais de 45 tipos. Caso contrário, pode resultar em prisão por Beyonders oficiais ou outras facções em intervalos irregulares.

— Você não pode usá-lo por mais de quinze minutos. Na hora seguinte, você se tornará repulsivo e desdenhoso. É melhor não sair. Espere pacientemente até que os efeitos negativos desapareçam.

“Como um Caçador, como posso não ser repelido e desprezado? E é normal que os frequentadores de bares carreguem dois ou três frascos de bebida com eles… Às vezes, posso até usá-lo para atrair facções próximas como uma isca. É uma parte perfeita de certas armadilhas…” Lumian rapidamente se decidiu e disse com firmeza: — Eu quero o broche Decência.

Agora, a questão era se esse Artefato Selado poderia ser combinado com o Ramo das Sombras para criar um item místico com ambas as características.

O Sr. K respeitou a decisão de Lumian e não tentou persuadi-lo.

Ele jogou o broche da Decência de volta na garrafa de boca larga de bebida, tampou-a e entregou a Lumian.

Lumian rapidamente o pegou e murmurou: “E se eu não for habilidoso o suficiente para pegá-lo e quebrar a garrafa? Nós trocaremos olhares e então fugiremos antes que os Beyonders oficiais venham atrás de nós?”

Lumian agarrou a garrafa de bebida que suspeitava ser absinto e disse deliberadamente: — Tenho algo a relatar.

Ele relatou brevemente o incidente do Lobisomem e concluiu: — A Escola de Pensamento Rosa sofreu reveses repetidos, mas eles continuam arrogantes. Ouvi dizer que eles também acreditam no deus maligno, a Árvore Mãe do Desejo.

O olhar do Sr. K ficou frio, e sua voz tinha um tom metálico opressivo.

— Os crentes de deuses malignos estão de fato se tornando mais insolentes.

— Já que algumas divindades não podem arcar com uma responsabilidade tão pesada, vamos compartilhar Seu fardo.

Lumian podia sentir a raiva do Sr. K aumentando enquanto sua poção do Piromaníaco mostrava sinais de digestão.

Depois de se despedir do Sr. K, ele saiu do porão e fechou os olhos no corredor.

Por meio desse experimento, combinado com o fogo em seu coração quando ele avançou para Piromaníaco, as palavras de Franca, as várias situações no distrito comercial e as ações das pessoas de Rapus e do Continente Sul, ele concluiu seu primeiro princípio de atuação Piromaníaco: — Piromaníacos não apenas inflamam a matéria, mas também a mente e a sociedade.

No distrito comercial, Auberge du Coq Doré, quarto 207.

Lumian olhou para a atraente garrafa de licor verde, contemplando a necessidade de frascos militares resistentes para evitar que ela quebrasse durante uma potencial luta. Simultaneamente, ele tomou a decisão final — utilizar a característica de Beyonder do Sortudo e o Ramo das Sombras para criar um item místico.

Ele sentiu que os poderes de Decência não combinavam bem com o Ramo das Sombras, e suas desvantagens eram administráveis. Por outro lado, Artefatos Selados ofereciam efeitos decentes e podiam ser usados ​​independentemente.

Sem hesitar, Lumian escreveu uma carta, pedindo ajuda à Madame Mágica para localizar um Artesão de nível semideus.

Depois, ele foi até o esconderijo na Rue des Blouses Blanches, convocou a mensageira e enviou o Ramo das Sombras e a característica de Beyonder do Sortudo, junto com a carta, para a portadora da carta dos Arcanos Maiores.

Rapidamente, Lumian avistou a boneca mensageira se materializando acima da mesa, derrubando uma pilha grossa de papéis com um baque alto.

Estrondo!

A mesa rangeu sob o peso.

Lumian se levantou e notou uma resposta colocada no topo da pilha.

“Sem problemas. Eu vou ajudar você a fazer contato. O processo vai levar algum tempo, assim como a criação do item. Se você não se importar, vou adicionar uma condição de que o produto final deve ser portátil.”

“Além disso, enquanto observava fenômenos celestiais, senti que você está prestes a assimilar a poção do Piromaníaco e pode suportar uma nova benção da Inevitabilidade. Aqui estão informações sobre algumas criaturas do mundo espiritual. Você pode estudá-las de antemão e explorar quais contratos você pode formar para pegar emprestadas suas habilidades.”

“A Madame Mágica possui conhecimento de astromancia? Suas previsões são notavelmente precisas…” Lumian sentiu-se um pouco tonto ao olhar para a pilha substancial de papéis.

Tendo resumido o princípio básico de sua atuação inicial como Piromaníaco, ele sabia que não estava longe de digerir a poção completamente.

Capítulo 305 – Teste

Lumian levou seu tempo com a pilha grossa de informações sobre criaturas do mundo espiritual. Ele guardou a pilha com os cadernos de Aurore em um armário de ferro que havia adquirido antes.

Mas agora, havia outros assuntos urgentes em questão.

Desatarraxando a tampa de uma garrafa de boca larga, ele enfiou a mão no licor verde para pegar o broche em formato de vassoura conhecido como Decência.

Seu plano era testar as habilidades do Artefato Selado e seus efeitos negativos.

Esperar por uma batalha real não daria certo; ele precisava se familiarizar com isso agora. Descobrir na hora durante uma luta seria desastroso, deixando-o incapaz de coordenar seus poderes e ataques Beyonder efetivamente.

Ele também queria testar a extensão dos efeitos adversos do broche enquanto ainda estava em boa forma. Depois de uma batalha que havia afetado seu corpo e mente, seria muito arriscado enfrentar esses efeitos apressadamente.

Entender os efeitos negativos do broche com antecedência permitiria que Lumian fizesse escolhas melhores quando forçado a usar Decência, minimizando sua influência sobre ele.

Um Caçador que não estivesse familiarizado com sua arma estava fadado ao fracasso!

Lumian colocou o broche na mesa à sua frente, concentrando sua mente para sentir seu poder.

Ao fazê-lo, uma rajada de vento soprou pela janela aberta, fazendo seu coração disparar. Ele rapidamente se levantou, estendeu a mão direita e fechou a janela com força.

No momento em que a janela se fechou, o quarto ficou assustadoramente silencioso, como se tivesse sido isolado do mundo exterior.

Lumian então caminhou até a porta, abrindo-a e fechando-a gentilmente.

Parecia que o esconderijo havia se transformado em um santuário isolado.

Sentando-se novamente, Lumian exalava uma aura que podia provocar repulsa e ódio em pequenos animais — esta era uma aplicação de Provocação.

Quase instantaneamente, um rato apareceu do nada, rosnando e atacando-o com suas garras.

Sem muito esforço, Lumian estalou o dedo indicador e o polegar, e uma faísca vermelha disparou, incinerando o rato enquanto ele gritava de dor.

O rato tentou desesperadamente escapar enquanto sofria a dor escaldante, mas a força invisível fechou todas as saídas, deixando-o preso.

Lumian assentiu com satisfação, usando o rato para testar as outras habilidades do broche Decência.

O teste durou cerca de 12 a 13 minutos, mas Lumian não tinha certeza sem ter um relógio de bolso. Ele decidiu prosseguir com cautela e removeu o broche Decência, jogando-o em um recipiente com licor verde.

Então, com outra pequena bola de fogo vermelha, ele acabou com a vida do rato, enchendo o quarto com o cheiro de gordura torrada.

Depois de guardar o recipiente, Lumian deixou o esconderijo, pronto para testar o efeito repelente do broche em outras pessoas.

Os postes de luz a gás já estavam acesos quando ele saiu, e ele imediatamente percebeu os olhares dos pedestres e vendedores ao seu redor.

Era como se o desprezassem profundamente, querendo atacá-lo com facas, garrafas de álcool ou até mesmo uma panela de ferro cheia de comida.

No entanto, o cabelo dourado e preto característico do “Leão” Ciel parecia impedi-los de agir por impulso.

“E-esse efeito é equivalente a uma Provocação em larga escala… No entanto, não está sob meu controle…” Lumian avaliou grosseiramente, percebendo que não conseguia controlá-la totalmente. Sob os olhares hostis, ele caminhou pela beira da estrada e seguiu em direção à Avenue du Marché.

Naquele momento, dois policiais vestidos com uniformes pretos, ombros adornados com dragonas prateadas e armados com revólveres passeavam pelo local.

Ao avistarem Lumian, imediatamente apontaram para ele e gritaram: — Pare aí! Inspeção de rotina!

“Os efeitos são realmente potentes…” Lumian não perdeu tempo e rapidamente se virou, saindo correndo.

— Pare!

Os dois policiais gritaram, sacando seus revólveres e mirando em Lumian.

Ele habilmente evitou a tentativa furtiva de um pedestre de derrubá-lo, fazendo uma curva fechada em um beco bloqueado por uma barricada. Sem olhar para trás, correu para o Submundo de Trier.

Ele não trouxe sua lâmpada, nem possuía visão noturna. No entanto, como um Piromaníaco, ele podia conjurar luz em qualquer ambiente.

Bolas de fogo carmesim se materializaram acima da cabeça de Lumian e em seus ombros, iluminando seu caminho. Ultrapassando facilmente os policiais, ele seguiu em direção a outra entrada subterrânea, perto da Rue des Blouses Blanches.

Enquanto caminhava, Lumian torceu o corpo abruptamente, evitando por pouco uma sombra negra que surgiu de um canto.

Era uma criatura parecida com uma cobra, com escamas preto-azuladas.

A criatura se empinou, balançando sua língua vermelha brilhante e bifurcada em uma postura agressiva, desafiando Lumian.

“Isso não desperta apenas repulsa e desdém dos humanos… Eles precisam me ver ou fazer contato comigo para serem influenciados…” Lumian suspirou e balançou a cabeça, permitindo que uma das bolas de fogo disparasse e reduzisse a cobra venenosa em três pedaços carbonizados, emitindo uma fragrância queimada.

Já tendo avaliado a força e o alcance dos efeitos negativos, ele decidiu não correr mais riscos. Encontrou uma caverna vazia próxima, apagou as bolas de fogo e sentou-se na escuridão, esperando silenciosamente que os efeitos passassem.

Depois do que pareceu uma hora, ele se levantou e conjurou três bolas de fogo vermelhas acima de sua cabeça, ombro esquerdo e ombro direito para iluminar o túnel à frente.

Em pouco tempo, Lumian se viu em uma saída perto da Rue des Blouses Blanches. Lá, avistou uma figura com uma lâmpada de carboneto emergindo de um túnel próximo.

Com um sorriso, Lumian levantou a mão direita em um aceno.

— Ora, ora, olha quem está vagando pelo Submundo de Trier como um rato.

Era a Jenna.

Ao avistar Lumian, ela franziu a testa.

— Você usou Provocação em mim? Por que você é tão irritante?

Lumian respondeu vagamente: — Algo assim.

Jenna não conseguiu esconder sua irritação e deixou escapar: — Droga! Por que você usou Provocação comigo?

“Nada mal. Você não veio me bater. Isso significa que você ainda me trata como um amigo… É provavelmente o quão fortes são os efeitos negativos quando estão prestes a desaparecer…” Ele sorriu e explicou,

— Encontrei algo que me deixou contaminado com uma aura terrível, mas ela logo desaparecerá.

Mudando de assunto, Lumian examinou Jenna, que usava uma camisa branca-clara e um vestido amarelo desbotado. Seu cabelo caía em cascata pelas costas, e ela usava um pequeno Emblema Sagrado do Sol em volta do pescoço.

— O que te traz ao Submundo de Trier?

Jenna, agora parecendo mais uma estudante universitária no Quartier de la Cathédrale Commémorative, franziu os lábios e respondeu: — Vi os dois Purificadores. Eu queria mostrar minha devoção a Deus como você sugeriu. Então me vesti de uma forma que a Igreja defende, até mesmo usando um Talismã do Sol. Mas eles me enviaram para cá, alegando que era para evitar multidões. Droga, é simplesmente absurdo andar por aqui vestida assim!

À medida que os efeitos negativos de Decência diminuíam, Jenna entendeu por que ela reagiu fortemente e calmamente compartilhou suas experiências com Lumian.

— Deu certo? — Lumian olhou para a caixa de madeira marrom na mão direita de Jenna, mas não se apressou em perguntar o que continha.

Intrigada, Jenna perguntou: — Sim, deu. Valentine, o Purificador, tornou-se muito mais receptivo a mim. Imre também mudou, mas eles parecem estar cautelosos e desconfiados de mim por algum motivo.

— Talvez eles pensem que você está tentando se insinuar e tem segundas intenções, — Lumian especulou, tentando analisar a mentalidade dos Purificadores. Ele apontou para a caixa de madeira que Jenna estava carregando com o queixo. — Essa é a recompensa deles para você?

Jenna não conseguiu deixar de sorrir.

— Exatamente. Eles verificaram as informações sobre Claustro do Vale Profundo e reconheceram sua importância. Como compensação, eles me deram dois ingredientes principais e um ingrediente suplementar para a poção de Instigador. Eu mesmo vou coletar o resto.

— Franca provavelmente tem o resto dos ingredientes suplementares. — Lumian refletiu. — O ingrediente principal para uma poção da Sequência 8 não é barato, é precioso, sabia? As informações sobre Claustro do Vale Profundo são realmente tão importantes?

O que isso implicava?

Jenna reconheceu suas palavras secamente.

— Eles não elaboraram muito. A única coisa que disseram foi que os Purificadores não podem entrar diretamente na pedreira devido a problemas entre as Igrejas. Mas eles vão ficar de olho para evitar que as coisas piorem.

— Eles também querem que eu continue contatando o cliente para obter mais informações dele. Aparentemente, parte dos ingredientes principais da poção é um pagamento adiantado, — explicou Jenna.

Lumian assentiu em aprovação. — Faz sentido.

Jenna suspirou. — Eu sou uma degenerada.

— Por que você diz isso? — Lumian levantou as sobrancelhas.

Jenna agarrou o cabelo. — Eu deveria ter pedido dinheiro suficiente para pagar minhas dívidas antes mesmo de pensar nos ingredientes para a poção de Instigador.

— Quando você se tornar uma Instigadora, esse dinheiro não será um problema, — Lumian zombou. — Você não está planejando ficar por aí como uma cantora local para sempre para pagar suas dívidas, está?

Jenna ficou em silêncio por um momento antes de admitir: — Mas eu não quero machucar ninguém.

— Por que não mirar apenas nos vilões? — Lumian tentou acender a determinação de Jenna.

— Droga, você é o Instigador, não eu, né? — Jenna murmurou, acrescentando: — Quanto devo pagar a Franca? Nós reunimos as informações; não é justo se ela não receber nada.

Lumian riu. — Considerando a fórmula da poção que ela te deu, mesmo com o desconto pela amizade, você deveria pagar a ela um mínimo de 20.000 verl d’or.

— 20.000 verl d’or no mínimo… — O rosto de Jenna mostrou uma pitada de dor. — Por enquanto, só posso dever a ela. Você acha que acumularei mais dívidas quanto maior for minha Sequência? A fórmula e os ingredientes da poção são tão caros…

— Mas seu potencial de ganho aumentará, — Lumian tanto instigou quanto consolou.

Ele apagou as três bolas de fogo em seu corpo e seguiu em direção à saída do subsolo, com a lâmpada de carboneto de Jenna iluminando o caminho.

Depois de alguns passos, Jenna perguntou com curiosidade: — Por que você criou bolas de fogo acima da sua cabeça e dos dois ombros? Qual é o sentido?

— Você nunca ouviu falar de pessoas carregando três lâmpadas: uma acima da cabeça, uma no ombro esquerdo e uma no ombro direito? — perguntou Lumian.

— Não, — Jenna balançou a cabeça, intrigada. — É algum conhecimento místico?

— Nah, só folclore, — Lumian sorriu. — Achei que parecia legal, então usei.

Jenna não conseguiu evitar xingar: — Droga! Você é tão infantil!

Conversaram até entrarem no apartamento 601, Rue des Blouses Blanches, nº 03, onde Franca lançou-lhes um olhar desconfiado.

Capítulo 306 – Ambivalência

Combo 01/50


Lumian relatou calmamente seu encontro com Jenna nas profundezas do subsolo enquanto ele suportava o ar de repulsa e desdém.

Franca deu um sorriso um pouco sem graça e habilmente mudou de assunto.

— Como você pode ser repulsivo e detestável? Você não perdeu o controle.

Franca encontrou Beyonders do caminho do Caçador sucumbindo à perda de controle inúmeras vezes, a maioria deles exalando características que atraíam hostilidade daqueles ao redor. Essa foi a principal razão pela qual eles foram rapidamente tratados.

Lumian explicou brevemente: — Eu obtive um Artefato Selado. Seus efeitos negativos se manifestam por uma hora depois que eu o removo, fazendo com que eu exale repulsa e desdém.

Jenna, curiosa, interrompeu: — O que acontece se você não tirar?

Os lábios de Lumian se curvaram quando ele respondeu: — Então isso se transforma em um alarme, chamando a atenção dos Beyonders oficiais próximos que gostariam de me prender.

— Ele chama bastante atenção, — comentou Franca com um sorriso brincalhão.

— Ele é chamado ‘decência’, — Lumian disse, seu tom significativo. Então, acrescentou despreocupadamente, — Suas habilidades pendem fortemente para Suborno, com um toque de Distorção.

Dada a probabilidade de precisar colaborar com Franca no futuro para lidar com Padre Guillaume Bénet, Lumian tomou a iniciativa de divulgar a situação sobre o broche. No entanto, ele se absteve de se aprofundar em detalhes intrincados, especialmente sobre a força e o alcance de seus poderes. Afinal, itens místicos eram o trunfo de um Beyonder. Expô-los arriscava uma sensação de vulnerabilidade. Assim como Franca havia compartilhado informações sobre o Anel da Punição enquanto omitia o revólver de latão e outros itens durante sua operação anterior.

Foi um equilíbrio delicado: compartilhar e, ao mesmo tempo, ocultar toda a verdade; construir confiança e, ao mesmo tempo, manter precauções essenciais.

Franca não insistiu mais. Ela ponderou por um momento antes de dizer: — Corresponde a um Sequência 7: Subornador e um Sequência 6: Barão da Corrupção do caminho do Imperador das Trevas. Parece que um Barão da Corrupção encontrou seu fim, fundindo seus traços de Beyonder com os objetos nele para criar o Artefato Selado. Suas habilidades não são totalmente reveladas.

— Imperador das Trevas? — Lumian nunca tinha ouvido falar dessa Sequência, nem Jenna.

— O nome da divindade do caminho do Advogado, — Franca sussurrou, excitação em sua voz. — Há rumores de que o Imperador Roselle alcançou o status de Imperador das Trevas antes de sua morte… uma verdadeira divindade!

Por um breve momento, Lumian e Jenna ficaram sem palavras. Suas expressões refletiam seu espanto.

Franca não conseguia compreender com precisão a posição do Imperador Roselle aos seus olhos como um verdadeiro intisiano.

Ele tinha — não, Ele tinha realmente ascendido à divindade?

— Rumores, meros rumores, — Franca apressou-se em acrescentar, para que sua imagem confiável não fosse manchada aos olhos de Jenna.

Depois de mais algumas conversas, Jenna abriu a caixa de madeira em sua mão direita, revelando as caixas menores dentro.

Elas continham um coração pequeno, escuro, semelhante a uma colmeia, um saco exsudando um líquido verde escuro e uma substância fina, semelhante a um tubo esfumaçado.

Franca os examinou brevemente antes de acenar com a cabeça em aprovação.

— O coração do Pássaro Demoníaco Honeyguide e o saco de veneno do Predador das Trevas… esses são os ingredientes principais. Sim, o Predador das Trevas é uma cobra peculiar de duas cabeças.

— Você também adquiriu a siringe1 do Pássaro Demoníaco Honeyguide. Você só precisa da essência de Estramônio azul, pó de samambaia, nozes e água pura… Eu tenho a essência de Estramônio azul. Os outros três ingredientes suplementares são fáceis de encontrar.

“Pó de samambaia…” Lumian lembrou que o ingrediente suplementar para a poção Provocador compartilhava uma similaridade. Implicava ser “suscetível às palavras dos outros”.

Nessa luz, Instigador e Provocador tinham semelhanças. Caçador e Demônia eram realmente caminhos vizinhos e intercambiáveis.

Percebendo a ânsia de Jenna em comprar samambaias e nozes nas lojas certas e preparar água pura durante a noite, Franca advertiu: — Espere um momento. Coloque-se em ordem primeiro. Você digeriu a poção de Assassina, e as chances de perder o controle com a poção de Instigador são pequenas hoje em dia, mas por que não mirar no melhor? Não seria mais sensato minimizar a chance de perder o controle completamente?

Lumian coçou o queixo e acrescentou: — Estou curioso para saber que tipo de monstro um Instigador se tornaria depois de perder o controle.

Jenna lançou-lhe um olhar furioso e se acomodou no sofá, fechando os olhos e se concentrando em sua respiração.

Lumian se esparramou na poltrona ao lado dele, com os braços pendurados sobre os apoios de braço. Ele se virou para Franca e perguntou: — Você conseguiu as verdadeiras cinzas de múmia?

— Não, — Franca balançou a cabeça, um toque de desamparo em sua expressão. — Eu até ofereci 500 verl d’or por 10 gramas, mas esses caras continuam empurrando falsificações. Bando de inúteis. Eles nem conseguem diferenciar o verdadeiro do falso!

— Só 500 verl d’or? — Lumian provocou. — Você está limpando a bunda com dinheiro?

— Normalmente, 10 gramas custam pouco mais de 100 verl d’or. 500 já é uma pequena fortuna, certo? — Franca retrucou, sua frustração evidente. — E eu não estou me limpando com dinheiro no momento.

Lumian assentiu, entendendo por que os fundos de Franca estavam acabando.

Sua infiltração na Ordem da Cruz de Ferro e Sangue não foi um verdadeiro sucesso. Só poderia ser considerada como uma ajuda para Lumian atingir o objetivo. Então, a recompensa que ela recebeu não foram os ingredientes principais para a Demônia do Prazer, mas sim o privilégio de comprá-los com desconto.

— Quanto mais você precisa? — Os olhos de Jenna se abriram, uma vontade de ajudar evidente em seu olhar.

Franca balançou a cabeça e respondeu: — Se 500 verl d’or não podem me dar as verdadeiras, nem mil. Eles vão pensar que sou uma idiota, esperando que eu dê um lance maior.

Ela então voltou seu olhar para Lumian.

— Qual é seu plano para agora?

Com o tempo, ela provavelmente conseguiria cinzas de múmia de verdade em quinze dias ou um mês. No entanto, Lumian precisava de sua assistência na próxima semana, o que a levou a considerar procurar por múmias verdadeiras nas Terras Altas das Estrelas do Continente Sul.

Lumian entendeu a mensagem não dita de Franca e refletiu: — Talvez seja melhor considerar um pequeno incêndio criminoso e digerir a poção até certo ponto.

Dessa forma, ele poderia desbloquear a benção do Contratado, obtendo diversas habilidades de diferentes criaturas por meio de contratos.

Até onde ele sabia, um Contratado novato só poderia ter três contratos. Lumian pretendia escolher três das quatro habilidades possíveis: aquelas que impactavam o Corpo Espiritual ou psique, habilidades básicas de teletransporte, um nível moderado de disfarce e uma habilidade semelhante à invisibilidade ou ocultação nas sombras.

A escolha final dependia das informações sobre criaturas do reino espiritual. Talvez as criaturas dispostas e adequadas para um contrato com Lumian não tivessem habilidades correspondentes.

Lumian tinha certeza de uma coisa: todas as criaturas do mundo espiritual podiam atravessar o reino espiritual, uma forma básica de teletransporte. A variação estava na rapidez. Se ele fizesse um pacto com o Papel Branco, talvez conseguisse apenas dez a vinte metros por salto. Não era a escolha ideal para atravessar para o Continente Sul — a exaustão provavelmente o faria perder o controle muito antes de chegar lá.

— Incêndio criminoso… O que você está pensando? — Franca sentou-se de pernas cruzadas na poltrona reclinável.

Lumian relatou o princípio de atuação que ele havia deduzido sobre Piromaníaco.

Franca compartilhou sua percepção com base em suas próprias experiências. — Atuação correta é incitação, e atuação invertida é instigação. Todas elas podem ajudar você a digerir a poção. Não seria fácil? Vá até as docas amanhã e incite os estivadores a uma greve. O grito de guerra será por melhores salários.

Lumian balançou a cabeça lentamente.

— Se eu puder reuni-los para uma greve e houver uma boa chance de que isso lhes traga alguns benefícios ou os ajude a atingir seus objetivos, eu tentarei. Mas se isso só vai trazer desastre para eles, não estou tão interessado nisso.

— Não suporto explorar os outros sem beneficiá-los e causar danos em vez disso… a menos que não haja outra maneira. Então qualquer um pode ser sacrificado.

— Era uma vez um sujeito que sempre dizia que só poderíamos pegar mais e ter comida suficiente se nos uníssemos. Mas quando nos unimos para lutar contra os outros por comida, ele aproveitou o caos e fugiu com a comida.

— Você tem bastante experiência. — Franca estudou Lumian novamente, sentindo que ele não era tão simples quanto o irmão da Trouxa.

Jenna passou por situações semelhantes.

Franca suspirou e disse: — Como esperado, você é um instigador e tanto no sentido correto. Eu faria o mesmo se fosse você. Embora eu possa ser durona, verdade seja dita… haha, não consigo me obrigar a fazer isso.

Lumian olhou para ela pensativamente e falou:

— Eu acho você um pouco paradoxal. Às vezes você é experiente, bem informada e tem um talento especial para analisar as coisas. Outras vezes, você é tola, inocente e ingênua.

Lumian só havia encontrado uma disposição tão contraditória em outra pessoa: sua irmã Aurore.

Incomodada com a sequência de palavras de Lumian, Franca deixou escapar: — Você está tentando me provocar? Como eu sou tola ou ingênua?

Com isso, ela percebeu o olhar de desaprovação de Jenna.

— Ahem. — Franca limpou a garganta e continuou, — É porque eu tenho essa bondade essencial e certas expectativas para o mundo. Mesmo depois de ver o quão dura a vida pode ser, eu ainda a valorizo. Fuuu, a maioria no meu grupo é assim. Apenas alguns são resilientes, brilhantes e ágeis. Eles parecem nunca se intimidar com dificuldades ou dilemas morais.

“A Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados? Por que eles têm tais similaridades?” Lumian assentiu, escolhendo não investigar mais.

Com o plano de Jenna de reunir os ingredientes suplementares restantes no dia seguinte para avançar como Instigadora, Lumian rapidamente partiu da Rue des Blouses Blanches e retornou ao Auberge du Coq Doré.

Enquanto subia as escadas, avistou Anthony Reid, o corretor de informações, descendo com uma mala.

— Vai se mudar? — Lumian perguntou.

— É isso mesmo. — Anthony Reid, ainda vestindo sua camuflagem verde-militar, assentiu levemente.

Lumian riu e comentou: — Você não mencionou alguns negócios inacabados no distrito comercial?

— O chumbo esfriou. — Anthony Reid soltou um suspiro suave.

“Esfriou?” De repente, Lumian lembrou-se de ter visto um cartaz de eleição parlamentar no quarto do outro homem. Ele cutucou: — Porque Hugues Artois está morto?

  1. A siringe é um órgão presente nas aves, responsável pela produção e emissão de sons.[↩]

Capítulo 307 – Instigação

Combo 02/50


Ao ouvir a pergunta de Lumian, Anthony Reid, com seu rosto redondo ligeiramente rechonchudo e sua pele levemente brilhante, fixou seus olhos castanhos escuros nele por um momento antes de responder: — Não tenho certeza do que você quer dizer.

As emoções do corretor de informações pareciam estáveis, e sua expressão parecia inalterada. Era quase como se a morte de Hugues Artois não o tivesse afetado nem um pouco.

O sorriso de Lumian se alargou, e ele não pressionou mais. Apontando para o nível inferior, ele sugeriu: — Deixe-me pagar uma bebida para você. Você me ajudou no passado, e nós lutamos lado a lado. Considere isso um gesto de despedida.

Anthony Reid coçou a linha do cabelo amarelo-claro com a mão livre, enquanto a outra segurava uma mala, ponderando brevemente antes de admitir: — Ok.

Descendo a escada estreita e iluminada a gás, a dupla entrou no bar no subsolo e se sentou no balcão.

— Qual é o seu preferido? — Lumian perguntou em um tom casual, como se tivesse acabado de entrar em sua própria casa.

— Absinto de erva-doce, — respondeu Anthony Reid sucintamente.

— Absinto, hein? — Lumian riu, tirando uma moeda de prata verl d’or e quatro coppet. Ele as jogou para o barman, Pavard Neeson, que ostentava um rabo de cavalo. — Duas taças de Somersault.

Somersault era uma gíria de bar que significava uma porção dupla de absinto de erva-doce e uma medida de “pequena múmia”.

Pequena Múmia custava sete licks, enquanto a dupla porção precisava de doze.

Pavard Neeson habilmente virou copos comuns e os encheu com um líquido verde para Lumian e Anthony Reid.

Enquanto Lumian tomava um gole, ele saboreou o amargor e a revitalização familiares. Ele observou Pavard Neeson, cuja barba castanha escura emoldurava seus lábios, murmurando em um tom baixo e insinuante,

— Ciel, você tem alguma dessas drogas peculiares?

O dono do bar e pintor amador acreditava que Ciel, um notório líder de máfia, certamente possuía algumas rotas para obter substâncias proibidas.

Lumian acariciou o vidro com o polegar e sorriu, perguntando: — Que tipo de droga você está procurando?

Reconhecendo que Anthony Reid era um corretor de informações frequentemente envolvido em negócios ilícitos, Pavard Neeson não se conteve, explicando em tom baixo:

— Drogas psicotrópicas proibidas. Fuuu, quando aquela árvore estranha me afetou, criei o rascunho do qual mais me orgulhava. Na verdade, não era apenas minha peça mais satisfatória; ela incorporava a estética que sempre busquei, mas nunca alcancei. Ela canalizava perfeitamente meus pensamentos e convicções. Desde então, essa sensação me iludiu completamente. Cada tentativa se transformou em merda de cachorro! Estou pensando em experimentar drogas psicotrópicas, na esperança de recapturar essa sensação.

Lumian tomou outro gole do absinto nebuloso, seus lábios se curvando em um sorriso irônico,

— Se eu fosse você, eu me afastaria completamente da pintura. Você não tem aptidão inata.

Sem esperar pela resposta de Pavard Neeson, ele riu e declarou: — Depender de drogas para criações aceitáveis ​​significa sua falta de talento!

— Mas muitos pintores famosos recorreram a isso… — Pavard Neeson começou, apenas para ser interrompido por Lumian. Ele estalou a língua e interrompeu: — Isso é uma indicação de que suas faculdades criativas estão diminuindo, sua fonte de inspiração está secando.

— Isso não é trapaça? Colocar obras movidas a drogas contra as de outros artistas, mal conseguindo uma vitória. Ganhar um lugar em uma exposição e proclamar orgulhosamente a cada visitante: ‘Vejam, eu sou desprezível. Eu possuo um complexo de inferioridade. As drogas são minha proeza, e os demônios são meus pais.’

Ao ver o rosto de Pavard Neeson ficar pálido, Lumian abriu os braços ligeiramente, sondando: — Isso te enche de orgulho?

— Se você tivesse talento, não seria mais um pintor amador. Mesmo que a aclamação da crítica lhe escapasse, e a Associação Mundial de Artistas o desprezasse, galerias privadas viriam atrás. Você entende a dura realidade melhor do que eu.

Nesse momento, o sorriso de Lumian se alargou.

— Drogas não vão te salvar. Elas estão disponíveis para todos, como uma mercadoria comum. Quando todos recorrem a elas, não serão colocados contra suas habilidades e padrões inatos?

Os lábios de Pavard Neeson tremeram, mas ele permaneceu sem palavras.

Com uma expressão sombria, ele deu alguns passos para trás, afundando-se no assento, como se seu espírito tivesse deixado seu corpo.

Anthony Reid, que estava calmamente tomando absinto de erva-doce, virou seu olhar para Lumian. — Você não é fã dessas drogas psiquiátricas proibidas?

— Não sou? — Lumian zombou.

Anthony Reid desviou sua atenção para Pavard Neeson, visivelmente lutando com sua turbulência interna, e falou contemplativamente. — Você parece tê-lo influenciado.

— Eu apenas alimentei as brasas de sua culpa, — Lumian respondeu com calma e compostura.

Anthony Reid assentiu gentilmente. — Mas e se sua persuasão não for suficiente?

Lumian riu. — Eu não sou padrinho dele.

Se ele não conseguisse convencê-lo, que assim seja.

Anthony Reid fez uma breve pausa antes de voltar seu olhar para Lumian.

— Seu método de dissuasão se desvia de sua abordagem usual. Isso é atuação?

“Impressionantemente observador e astuto, como esperado de um Beyonder de Sequência Média do caminho do Espectador… Se eu puder acender o fervor interior dentro do coração de um Espectador, isso deve ajudar muito minha digestão…” Lumian refletiu internamente. Segurando seu copo de líquido verdejante, ele olhou para frente e respondeu: — Eu tropecei em alguns panfletos antes. Eles mencionaram que Hugues Artois desertou suas tropas durante a guerra contra o Reino Loen alguns anos atrás, levando a inúmeras baixas.

Anthony Reid permaneceu em silêncio, saboreando seu absinto de erva-doce em silêncio.

O olhar de Lumian se voltou para o balcão vazio do bar enquanto ele continuava: — Lembro que você lutou contra os efeitos persistentes do TEPT daquela guerra alguns anos atrás.

Anthony Reid tomou outro gole do licor verde.

Lumian optou por não trazer à tona o cartaz da eleição parlamentar encontrado na sala do corretor de informações. Ele olhou para o copo vaziu de Pavard Neeson e murmurou para si mesmo: — Se a única motivação é animosidade em relação a Hugues Artois, então a notícia de seu assassinato seria recebida com júbilo e ele beberia até cair no bar.

— Mas se alguém deseja desvendar a razão por trás das ações de Hugues Artois, entender como ele conseguiu entrar na política e concorrer ao parlamento apesar de seu passado e descobrir as cordas que estão sendo puxadas a seu favor, é preciso procurar outras migalhas de pão para conceder ao falecido alguma aparência de paz.

— Os Beyonders oficiais deveriam estar neste caso, mas eles trabalham sob muitas restrições. Eles não têm a ousadia indomável dos Beyonders não-oficiais.

Ainda sentado, Anthony Reid tomou outro gole de absinto de erva-doce.

Lumian riu.

— É realmente um enigma irritante. Os obstáculos são incontáveis, e os perigos são reais. A rendição se torna uma opção tentadora para todos. No final, porém, Hugues Artois jaz morto. O instigador daquela tragédia repousa no túmulo. As almas dos que partiram devem encontrar algum consolo.

Anthony Reid parou de beber, seu rosto de meia-idade não revelava nenhuma emoção.

Lumian olhou em sua direção, baixou o tom e sorriu com conhecimento de causa.

— Pessoas atormentadas por doenças mentais graves não conseguem ascender muito no caminho do Espectador. E mesmo que cheguem a um platô, estímulos externos podem desencadear lapsos catastróficos, transformando-os em monstruosidades. Neste mundo cada vez mais perigoso, a estabilidade é apenas um desejo distante para Beyonders falhos.

Nesse momento, Lumian controlou sua expressão e fixou seu olhar no perfil de Anthony Reid. Ele perguntou, sua voz ressoando com seriedade, — Você quer fugir carregado de remorso e relutância, definhando nas garras de se tornar um monstro, se afastando de seus antigos camaradas, ou ousa se aventurar em busca da verdade, cortejando o perigo e criando sua própria saga heroica?

Sem reconhecer a resposta de Anthony Reid, Lumian desceu graciosamente do banco do bar, pegou seu absinto de erva-doce e bebeu o restante de um só gole.

Com isso, ele sussurrou no ouvido de Anthony Reid: — Eu contribuí para a queda de Hugues Artois. Ainda estamos resolvendo o problema dele.

Observando o leve tremor de Anthony Reid, Lumian se endireitou e saiu do bar subterrâneo sem olhar para trás.

Ele voltou para o quarto 207, sem se preocupar em fechar a porta atrás de si, e acendeu a lamparina de carboneto.

Com um giro casual, girou a cadeira e se acomodou nela, sua postura relaxada enquanto ele se fixava no corredor escuro lá fora.

Lumian esperou em silêncio anormal, pois tinha certeza de que a figura que esperava se materializaria.

À medida que os minutos passavam, as vozes do casal aumentaram e se tornaram uma nova discussão, e os bêbados barulhentos começaram a aparecer na rua.

O som suave de passos hesitantes se aproximava do Quarto 207, cada som ecoando a incerteza.

Um sorriso malicioso surgiu nos lábios de Lumian, e ele se reclinou na cadeira, com o olhar fixo na porta.

Em pouco tempo, Anthony Reid apareceu, vestido com uma camisa verde-militar e calças combinando, finalizado por botas altas de couro. Seu cabelo estava curto e fino.

De pé dentro do círculo de luz lançado pela lâmpada de carboneto, ele olhou para Lumian sentado à mesa de madeira, um sorriso irônico adornando seus lábios. Suas feições dançavam em uma exibição contorcida.

Num timbre rico, ele entoou: — Eu sei que você está tentando me provocar. Eu sei que você está atuando, mas… você está certo…

Anthony Reid, de meia-idade e envelhecido, levantou a mão direita e a pressionou contra o peito, sua expressão era de forte determinação.

— Nos últimos anos, meu coração foi marcado pela angústia e pela raiva justificada.

Um sorriso culpado enfeitou o rosto de Lumian enquanto ele fechava os olhos momentaneamente, sentindo a poção de Piromaníaco sendo digerida um pouco.

Ele se levantou e se dirigiu a Anthony Reid, dizendo: — A verdade exerce o mais poderoso poder de persuasão.

Anthony Reid sentiu um peso sendo aliviado depois de falar, o conflito interno e a confusão diminuindo.

Ele entrou no quarto 207, a porta fechando-se com um clique atrás dele. Seus olhos analisaram os arredores em uma rápida avaliação.

— Você realmente eliminou Hugues Artois? Quão fundo sua investigação foi?

— Celia Bello, a que assassinou Hugues Artois, é uma amiga minha. Fui eu quem primeiro desenterrou os cultos heréticos que apoiavam Hugues Artois, — Lumian respondeu em um tom prático antes de estender um sincero pedido de desculpas. — Minhas palavras anteriores continham um engano, e por isso, eu sinto muito.

Anthony Reid ficou surpreso.

— Qual declaração?

Um sorriso travesso curvou os lábios de Lumian.

— Na verdade, ainda nem iniciamos a busca para descobrir as pessoas e as forças por trás de Hugues Artois.

Capítulo 308 – Escolha Incompreensível

Combo 03/50


O gorducho Anthony Reid, de meia-idade, se viu surpreso. Mas depois de um breve momento, ele sorriu de forma autodepreciativa e disse: — Fiquei tão abalado que nem consegui julgar a autenticidade daquela frase. Como previsto, um Espectador deve se sentar na plateia.

Lumian permaneceu calmamente sentado, com um sorriso inabalável.

— Não, não é tão simples assim. Por que saí do banco do bar? Por que eu murmurei em seu ouvido por trás? Meu objetivo era protegê-lo de minhas expressões sutis e linguagem corporal involuntária. Naqueles momentos, suas emoções já estavam agitadas, obscurecendo sua habilidade de decifrar minha verdadeira intenção.

Uma breve pausa seguiu o silêncio contemplativo de Anthony Reid, então ele falou:

— Essa é uma razão. Outra está no seu comportamento característico. Não sei se você percebeu, mas você tende a dar um show, parecer indiferente ou, em termos modernos, agir de forma legal.

— Naquele momento, eu acreditava que essas ações, dadas as circunstâncias, estavam de acordo com seu comportamento habitual, visando dar peso às suas palavras. Então, suspeita nem passou pela minha cabeça.

Uma risada escapou dos lábios de Lumian.

— É natural para um rapaz como eu ansiar por um toque de frieza, um pouco de arrogância. Isso também mascara convenientemente meus verdadeiros motivos. Na verdade, ambos são genuínos. É por isso que eles permanecem imunes à investigação.

Era como se ele tivesse Corvos de Fogo circulando-o com uma mão no bolso, liberando-os sobre seus adversários conforme avançava. Primeiro, era inegavelmente legal, e segundo, ele aproveitou a chance de segurar o dedo do Sr. K para evitar qualquer potencial acidente.

Anthony Reid refletiu por um momento antes de concordar.

— Somente um motivo superficial, impregnado de autenticidade, pode realmente enganar um Espectador.

Levantando o pé direito sobre o joelho esquerdo, Lumian voltou a conduzir a conversa para o caminho certo.

— Nossa jornada para revelar as pessoas e as forças por trás de Hugues Artois ainda não começou, pois estamos envolvidos em assuntos mais urgentes. Mas não tema, vamos nos aprofundar neste assunto na semana que vem. Também possuímos as fontes relevantes de informação.

A estratégia de Lumian envolvia Jenna se aprofundando na história de Hugues Artois por meio dos Purificadores, explorando maneiras de “ajudar”.

Como a responsável pela morte de Hugues Artois, era lógico que Jenna ficasse de olho no progresso da investigação, esperando descobrir todos os detalhes sem despertar a suspeita dos Beyonders oficiais. Esses pensamentos e tendências eram inerentes a Jenna, então Lumian não precisava alimentá-los ainda mais. Apenas um lembrete seria suficiente.

No devido tempo, os Purificadores poderiam sutilmente guiar Jenna e seus companheiros em direção a ações que poderiam achar inconvenientes. Isso inegavelmente forneceria à investigação de Anthony Reid pistas inestimáveis.

Os olhos castanhos profundos de Anthony Reid refletiam a figura de Lumian enquanto ele absorvia o discurso em silêncio.

O corretor de informações fez um aceno quase imperceptível.

— Vou ficar mais um pouco.

“Trabalhar com Espectadores é simples. Não há necessidade de inventar outra história ou procurar uma desculpa para influenciá-lo. Ele pode descobrir a verdade por si mesmo…” Lumian abriu um sorriso e gesticulou em direção à cama. — Sente-se.

Dessa forma, ele não precisa expor a verdadeira identidade de Jenna ou seu papel como informante dos Purificadores.

Anthony Reid ficou perto da porta, enraizado no lugar, e falou: — Você mais ou menos descobriu o que aconteceu comigo. Tem mais alguma coisa que você quer que eu acrescente?

— Eu prefiro um relato mais detalhado, — Lumian respondeu sem muita cerimônia.

Tendo passado pela Poison Spur Mob, pela Sociedade da Felicidade, pela catástrofe de Cordu, pelas mortes de Ruhr e Michel, e pela explosão na Fábrica Química da Boa Vida, Lumian achou os deuses malignos e seus asseclas anormalmente repulsivos. Seu comportamento casual foi substituído por uma seriedade recém-descoberta.

Antes, ele acreditava que as pessoas podiam ter quaisquer crenças que quisessem — que isso não lhe dizia respeito. Agora, sua perspectiva havia mudado completamente. Ele sustentava que apenas os hereges que tinham ido para o túmulo eram os bons. Os vivos eram bombas-relógio de destruição, capazes de desencadear o caos nele e em seus companheiros mais cedo ou mais tarde.

Então, ele não estava apenas inventando histórias para Anthony Reid. Realmente planejava se aprofundar nos assuntos de Hugues Artois e descobrir mais desses hereges quando pudesse poupar um momento.

Além disso, isso poderia torná-lo querido pelo Sr. K e pela Ordem Aurora.

Claro, parecia bastante estranho que um líder de máfia procurado estivesse ajudando as autoridades a derrubar os cultistas.

A expressão de Anthony Reid escureceu quando ele disse: — Perto do fim da guerra com o Reino Loen, meus camaradas e eu estávamos posicionados em uma rota vital no sopé norte da cordilheira Hornacis. Nosso oficial comandante era o Major Hugues Artois.

— Fomos divididos em três companhias, cada uma em posições diferentes. Tínhamos que impedir que pequenas equipes de Beyonders do Reino Loen cruzassem o caminho traiçoeiro e nos atacassem pela retaguarda, bem como nos defender contra ataques diretos.

— Naquela noite, tiros de canhão de repente quebraram meu sono. Eu vi meus companheiros serem despedaçados, um por um, por trás. Suas cabeças explodindo, corpos despedaçados. A terra se tornou um mar de sangue…

Nesse momento, a respiração de Anthony Reid acelerou, como se ele estivesse revivendo o trauma.

Ele parou por um momento antes de continuar, — No meio daquela guerra, tive um encontro fortuito que empurrou minha Sequência para cima. Nunca relatei isso a Hugues Artois. Usando minhas novas habilidades, consegui romper o cerco com quatro companheiros feridos e recuei.

— Dois deles ficaram gravemente feridos e foram deixados para trás na trilha da montanha para… para sempre. Ainda posso ver seus olhares doloridos e raivosos.

— No começo, pensei que talvez uma das outras posições tivesse sido comprometida, ou que as aeronaves de Loen tivessem deixado tropas atrás de nós sob o manto da escuridão. Mas depois, percebi que o motivo era que a companhia de Hugues Artois havia escolhido recuar sem nos informar, depois de encontrar apenas um ataque de sondagem!

Lumian ponderou por um momento antes de responder: — Quando Hugues Artois ordenou a retirada, aqueles soldados não questionaram? Eles não tentaram avisar as outras duas companhias?

— Hugues Artois era nosso oficial comandante, e ele sabia como fazer discursos empolgantes. Além disso, tinha um mandado supostamente assinado pelo General Philip, — disse Anthony Reid, sua expressão sombria. — Os soldados naquela época presumiram que ele já havia passado ordens para as outras posições. Ainda não consigo entender por que ele nos sacrificaria. Não teria levado muito tempo nem causado nenhum dano a ele.

— Talvez ele tenha se sentido sobrecarregado e esqueceu, — sugeriu Lumian, sem querer defender o falecido Hugues Artois, mas apenas oferecendo uma possível explicação.

Anthony Reid balançou a cabeça.

— Ele não era um recruta novato em seu primeiro campo de batalha. Ele provou sua coragem em lutas anteriores, mostrou sua liderança sob pressão.

Lumian não se aprofundou mais, permitindo que Anthony Reid continuasse.

— Quando descobrimos a verdade, nós três lutamos para levar Hugues Artois ao tribunal militar, mas foi inútil. Eles simplesmente nos disseram que imaginação não era evidência.

— Desamparados, vimos Hugues Artois ingressar na política depois da guerra e subir na hierarquia.

— Meus outros dois camaradas eram frágeis para começar. Eles faleceram sobrecarregados pela fúria e pela dor. Quando Hugues Artois apoiou o Partido do Iluminismo na eleição parlamentar do distrito comercial, eu acabei aqui.

Lumian assentiu levemente e perguntou: — Sendo um corretor de informações, isso é para esconder sua verdadeira identidade?

— Não, eu tenho me virado como um corretor de informações por alguns anos, — Anthony Reid respondeu com um sorriso irônico. — Além disso, este disfarce me ajuda a cavar mais fundo nos negócios de Hugues Artois.

— Algum avanço? — Lumian perguntou naturalmente.

A expressão de Anthony Reid escureceu quando ele respondeu: — A incursão de Hugues Artois na política parece banal. Ele pegou carona no General Philip e subiu na hierarquia. Sua eloquência chamou a atenção de vários parlamentares seniores do Partido do Iluminismo. E ele forjou laços com um punhado de ex-famílias nobres.

— O General Philip é uma preocupação? — Lumian perguntou, direto como sempre.

Anthony Reid suspirou lentamente, sua voz pesada, — O general encontrou seu fim antes que eu pudesse investigá-lo. A versão oficial é “a doença o levou.”

Lumian fez mais algumas perguntas antes de dizer: — Falo com vocês quando tiver mais coisas para compartilhar.

— Claro. — Anthony Reid entendeu a sinceridade de Lumian.

Após deixar o Auberge du Coq Doré, Lumian voltou para o esconderijo na Rue des Blouses Blanches. Ele abriu o armário de ferro, recuperando uma pilha pesada de informações sobre os habitantes do mundo espiritual.

Dentro da pilha, descobriu um caderno chamado “Visões no Mundo Espiritual”. Folheando algumas páginas, pôde sentir uma onda de frustração e ansiedade surgindo em sua mente.

Seu objetivo imediato não era compreender as complexidades do mundo espiritual, mas sim encontrar criaturas adequadas daquele reino. Assim, ele fechou o caderno e mergulhou nas introduções das várias entidades do mundo espiritual.

Um tanto inexplicavelmente, depois de se debruçar sobre as páginas por mais de meia hora, Lumian sentiu sua energia mental se esvaindo. Seus pensamentos pareciam evaporar, forçando-o a encerrar abruptamente sua sessão de estudo. Ele se esparramou na cama, caindo no sono.

Na manhã seguinte, Lumian chegou ao apartamento 601, Rue des Blouses Blanches nº 3, e tocou a campainha.

Franca já havia se levantado, vestida com sua camisa e calças costumeiras. Ela dirigiu seu olhar para Lumian e perguntou: — O que te traz aqui tão cedo?

Os olhos de Lumian se voltaram para Jenna, que estava na sala de estar, com um sorriso nos lábios.

— Não é hoje o dia em que Jenna avança para ser uma Instigadora? Estou aqui para testemunhar o momento.

Uma carranca surgiu no rosto de Franca enquanto ela murmurava: — Você parece bastante preocupado com ela.

— Absolutamente, — Lumian afirmou, seu sorriso se alargando. — Quando ela for uma Instigadora, poderá me ajudar a lidar com Guillaume Bénet. Embora eu não possa exatamente contar com ela para um confronto direto, ela se destacará em lançar ataques furtivos e inspecionar os arredores para evitar qualquer potencial acidente.

Jenna emitiu um bufo irônico, enquanto Franca ofereceu uma mistura de exasperação e diversão através de um estalo de língua. — Suas palavras são como mel.

— Do tipo que já foi digerido? — Lumian riu, sua autoconsciência evidente.

Capítulo 309 – Restaurando a confiança

Combo 04/50


Naturalmente, Franca percebeu as verdadeiras intenções de Lumian; caso contrário, sua poção de Instigador teria sido um esforço desperdiçado. Ela se sentiu satisfeita que Lumian era alguém que não vacilaria em uma batalha de sofismas, e esperava que ele pudesse manter isso.

— Entre. — Franca gesticulou para que Lumian entrasse na sala de estar.

Naquele momento, caixas já ocupavam a mesa de centro, contendo os ingredientes.

Simplesmente olhar para esses itens despertou algo em Lumian, uma vontade de devorá-los.

Felizmente, não foi esmagador. Foi mais como pessoas famintas olhando para um chef grelhando cordeiro.

O foco de Jenna havia retornado aos ingredientes. Olhando para a tigela de caldo de porcelana branca com suas alças duplas e tampa, ela achou absurdo que fosse consumi-la da mesma forma que havia consumido a poção Assassina.

Como foi essa mistura de poção? Parecia mais uma mistura de coquetel ou preparação de caldo!

O misticismo não estava em lugar nenhum!

Jenna inalou profundamente, então despejou 100 mililitros de água pura na tigela de caldo usando um cilindro de medição. Ela adicionou o coração do Pássaro Demoníaco Honeyguide1 e o saco de veneno Predador das trevas.

Em meio aos sons borbulhantes, os dois ingredientes principais se fundiram na água pura.

“Uma manifestação da lei de convergência das características de Beyonder…” Lumian observou atentamente, segurando suas palavras.

Franca desembainhou cuidadosamente uma adaga ritualística e conjurou uma parede de espiritualidade ao redor da sala de estar.

O coração em forma de colmeia e o saco de veneno verde-escuro começaram a se dissolver simultaneamente, colorindo a água pura na tigela de porcelana branca com um tom preto brilhante.

Jenna então adicionou a siringe do Pássaro Demoníaco Honeyguide, cinco gotas da essência de Estramônio azul e 10 gramas de pó de samambaia. Finalmente, ela jogou uma noz com casca.

Observando a noz desaparecer como se tivesse sido engolida por aço derretido e vermelho, Jenna não pôde deixar de sentir um arrepio de medo.

Essa coisa pode realmente ser bebida?

— Nada mal. É exatamente como a poção de Instigador que preparei antes, — Franca elogiou com um sorriso.

“Claro que é a mesma coisa. Preparar uma poção é simples…” Lumian pensou consigo mesmo.

Franca acenou com a mão, sua confiança inabalável, e continuou, — Não precisa se preocupar. Beber uma poção de Sequência 8 diretamente não vai te incomodar. Além disso, você já digeriu a poção de Assassina.

Contagiada por sua confiança, a expressão de Jenna gradualmente se tornou resoluta.

“Ah, você está empregando Instigação, não é? Essa é uma abordagem correta para um Instigador?” Lumian percebeu as intenções de Franca, mas não a avisou.

Jenna se preparou e se recompôs. Pegou a tigela de caldo com alça dupla e a levou aos lábios.

Olhando para a poção de obsidiana borbulhando com pequenas bolhas, como se abrigasse desejos ocultos e más intenções, ela inclinou a cabeça para trás e despejou o conteúdo da tigela de porcelana na boca.

Uma dor aguda percorreu sua boca até o esôfago, irradiando-se para o cérebro e outras partes do corpo.

A dor revirou sua mente, memórias da explosão na Fábrica Química da Boa Vida passaram por sua mente. Ela ganhou novos insights, uma melhor compreensão das verdadeiras intenções e pensamentos dos envolvidos. Ela sentiu pensamentos malévolos que tinham se concretizado ou estavam esperando para serem postos em prática.

Logo, o coração de Jenna estava cheio de raiva, aversão e um desejo de obliterar aqueles indivíduos. Ela sentiu uma necessidade de parar de se conter e liberar suas emoções.

Lembrando-se dos avisos repetidos de Franca, ela resistiu a deixar seu ódio, raiva e desejos tomarem as rédeas. Ela cerrou os punhos, ficando parada.

Sua sombra parecia se aprofundar, e seu cabelo castanho-amarelado parecia crescer.

Em pouco mais de dez segundos, a dor diminuiu gradualmente e Jenna se reconectou com seu corpo.

“É realmente muito fácil… A maior parte do motivo pelo qual estou me sentindo meio morto depois de engolir poções em uma Sequência baixa é devido à corrupção da Inevitabilidade…” Lumian suspirou.

Jenna rapidamente organizou seus pensamentos e esticou os membros, examinando as mudanças em seu corpo.

— Oh, meu corpo definitivamente ficou mais forte. E eu tenho essa nova habilidade, Instigação

— Na verdade, é muito bom. Instigação é mais do que apenas uma habilidade. Ela me permite sentir o que os outros estão sentindo: emoções, desejos, até mesmo malícia. Ela aguça meu pensamento e minhas habilidades analíticas. Ha, terei que usar isso a meu favor. Não posso ter Ciel sempre tirando sarro da minha inteligência e desempenho…

— Mesmo que eu não fale, usar Instigação ativamente me fará parecer mais confiável e acessível. Ajudará as pessoas ao meu redor a pensar melhor de mim.

— Com a habilidade de Instigação e alguma conversa inteligente, posso plantar certos pensamentos ou desejos na mente de alguém, fazendo-os escolher agir da maneira que eu quero.

Após um rápido ajuste, Jenna confirmou que suas habilidades de combate não haviam melhorado significativamente, mas ela poderia ser muito mais valiosa em outras situações.

— Como foi? Eu disse que não haveria problemas, — disse Franca com um sorriso, sua satisfação não escondida de forma alguma.

Os olhos azuis de Jenna ainda tinham traços de fios pretos neles. Ela soltou um suspiro aliviado e respondeu: — Eu estava um pouco preocupada antes.

— É assim que as coisas são em Sequências baixas. Você precisará ter cuidado ao passar para a Sequência 7, — Franca lembrou Jenna, garantindo que ela não subestimasse os riscos de uma poção.

Jenna assentiu e disse a Franca: — Eu te devo 30.000 verl d’or, incluindo isso. Eu te pago de volta em parcelas.

Ela incluiu a poção de Assassina de antes.

Franca havia discutido isso com Jenna na noite anterior. Ela pretendia tratar isso como um presente. Afinal, ela poderia continuar vendendo a fórmula da poção e informações sobre o Claustro do Vale Profundo. No entanto, vendo a determinação de Jenna, ela decidiu aceitar depois de pensar um pouco.

Com um sorriso, ela respondeu naquele momento: — Não precisa se apressar. Leve o seu tempo para pagar. Você pode até mesmo esticá-lo para um empréstimo de 20 ou 30 anos.

Lumian não conseguiu evitar estalar a língua e se virou para Jenna. — A compensação da Fábrica Química da Boa Vida chegou?

— Imre e Valentine me disseram que o processo legal está concluído. Assim que o leilão terminar, os ativos serão distribuídos… talvez em duas semanas. — Jenna não entendeu bem por que Lumian estava trazendo isso à tona de repente. — Julien e eu devemos receber cerca de 6.000 verl d’or. Vamos dividir igualmente depois de liquidar nossas dívidas. Honestamente, eu realmente não quero, mas ele não vai concordar com certeza.

Lumian assentiu e perguntou mais: — E quanto à compensação do seu pai?

— Por causa da explosão da Fábrica Química da Boa Vida, o tribunal deu sua palavra final, mas o dono da fábrica está enrolando. Ugh, ele está tentando mover seus bens antes de pagar? — O tom de Jenna carregava uma pitada de raiva enquanto falava sobre isso.

Uma risada escapou dos lábios de Lumian.

— Que tal isso? Nós fazemos uma visita às famílias que esperam por indenização em breve. Você as ‘instiga’, e eu as ‘incito’. Nós alternamos, reunimos elas no lugar do dono da fábrica e exigimos o que é devido a elas. Isso as ajuda e nos dá uma chance de digerir a poção.

— O dono da fábrica tem um bando de guardas armados e tem ligações com a polícia. E se eles machucarem as pessoas que só estão pedindo suas dívidas? Elas já estão passando por muita coisa, — Jenna expressou sua preocupação.

Lumian arqueou uma sobrancelha e respondeu: — O tribunal tomou sua decisão. Eles têm todo o direito de buscar sua compensação. Se alguém ousar disparar tiros, prometo que não atirarão novamente. Não se preocupe, conosco por perto, eles estarão seguros. Além disso, você pode avisar os Purificadores. Eles entenderão.

Jenna estava convencida, seus pensamentos estavam a mil.

— Droga, você está me provocando!

Enquanto resmungava, ela aceitou a ideia de Lumian e decidiu reunir informações o mais rápido possível para descobrir onde o dono da fábrica estava residindo.

Simultaneamente, outro pensamento cruzou sua mente. — Agora que sou uma Instigadora, preciso interagir com o encarregado. É uma tarefa dos Purificadores. Franca, quando é o próximo encontro?

Franca disse indignada: — No próximo fim de semana. Entrar em contato com o encarregado é um negócio arriscado. Os Purificadores estão meio que tirando vantagem da sua falta de conhecimento ao lhe adiantar apenas um ingrediente para a poção de Instigador. Se fosse eu, exigiria um acordo melhor!

“Instigação habitual…” Lumian riu interiormente.

Enquanto Franca e Jenna arrumavam a mesa de centro, Lumian permaneceu sentado em uma poltrona, com uma aparência repulsiva.

Depois de um tempo, Jenna se aproximou dele, abaixando o corpo.

Lumian virou a cabeça surpreso.

Com um sorriso confiante, Jenna ajeitou o cabelo.

— Posso dizer com segurança que você não apareceu só para me ver beber aquela poção para lidar com Guillaume Bénet.

O sorriso dela era brincalhão e provocador. Embora ela não estivesse usando maquiagem, isso trouxe Lumian de volta ao primeiro encontro deles quando ela era uma cantora de bares no Salle de Bal Brise.

Antes que Lumian pudesse responder, Jenna se endireitou e foi em direção ao banheiro, deixando para trás uma pergunta casual.

— É realmente tão difícil admitir que somos amigos e que você se importa com seus amigos?

No caminho de volta para o Salle de Bal Brise, Lumian refletiu sobre sua atuação como Piromaníaco.

Ele estava prestes a dar o primeiro passo para digerir a poção; sua fome por mais oportunidades de atuação era insaciável.

“Embora eu deva incendiar mentes e a sociedade, não posso ignorar o ato elementar de acender substâncias e cumprir a essência simbólica do fogo.”

“Quem seria um candidato adequado para queimar…”

Enquanto esses pensamentos passavam por sua mente, o olhar de Lumian avistou o Barão Brignais.

Um líder de máfia, que geralmente imitava Gehrman Sparrow, havia descartado sua postura habitual e comportamento gentil. Em vez disso, ele marchou inquieto e agitado pela Avenue du Marché, seus olhos dando voltas incessantemente.

Lumian fixou-se nele brevemente, embora o Barão Brignais permanecesse alheio.

Confuso, ele refez seus passos até o Salle de Bal Brise e perguntou a Sarkota, que já havia servido sob o comando do Barão Brignais: — Você tem algum conhecimento do que aconteceu com Brignais? Eu o observei em um estado de grande inquietação agora mesmo.

O reticente Sarkota olhou para a janela de vidro do café e respondeu: — O filho ilegítimo do Barão Brignais desapareceu.

“Filho ilegítimo? Desaparecido?” Os pensamentos de Lumian imediatamente se voltaram para o jovem rapaz que o Barão Brignais havia apanhado na estação de locomotivas a vapor de Suhit.

  1. é um pássaro de vdd, só que sem o “demoniaco”, ele se alimenta de mel, por isso a piada no cap anterior[↩]

Capítulo 310 – Encontro

Combo 05/50


— Como ele desapareceu? — Lumian perguntou, intrigado.

O Barão Brignais não era apenas um líder de máfia; era um Beyonder também. Enquanto estivesse atento, como ele poderia permitir que seu filho desaparecesse?

Além disso, quem no distrito comercial ousaria roubar seu filho?

Sarkota balançou a cabeça. — Ele não forneceu detalhes.

“Poderia ser as maquinações da Escola de Pensamento Rosa, se esforçando para expor a verdade sobre o Savoie Mob do Barão Brignais?” Com ​​eventos recentes entrelaçados na mistura, Lumian tinha algumas teorias não confirmadas.

Após uma breve pausa para pensar, ele perguntou: — Você sabe como é a aparência do filho ilegítimo de Brignais?

Sarkota assentiu. — Os subordinados do barão vieram com um retrato que lembra uma fotografia.

“Um retrato que lembra uma fotografia… Ele usou magia ritualística?” A memória de Lumian recordou o conteúdo dos cadernos de Aurore.

Observando a luz brilhante do sol entrando pela janela, ele se virou para Sarkota.

— Reúna alguns homens e ajude Brignais.

Independentemente de a criança ter sido atraída pela Escola de Pensamento Rosa ou ter realmente desaparecido, se eles não conseguissem localizá-la logo, o resultado seria sombrio.

Na sua idade, mesmo sem complicações adicionais, seu destino como menino de rua não seria nada bom.

— Entendido. — Sarkota se absteve de perguntar por que seu chefe havia decidido ajudar o Barão Brignais.

Afinal, ainda não era meio-dia, e o Salle de Bal Brise tinha acabado de começar as operações. A verdadeira agitação só começava por volta das três ou quatro da tarde. Além dos zeladores e da equipe da cozinha, a maioria das pessoas tinha tempo de sobra.

Lumian pediu um copo de água gelada com álcool açucarado e ficou na sacada da cafeteria, observando os mafiosos interrogando vagabundos na Avenue du Marché.

Depois de um tempo, “Rato” Christo apareceu. O diminuto chefe contrabandista surgiu de um beco, seguido por sete ou oito cães de várias cores e raças, e entrou no beco diagonalmente oposto.

Em pouco tempo, ele se aproximou do Salle de Bal Brise.

Ao ver isso, Lumian terminou o restante do álcool, colocou o copo no corrimão e saltou do segundo andar para a rua.

Christo, com seus dois bigodes de rato balançando, aproximou-se com um sorriso bajulador.

— Bom dia, Ciel.

— Você está ajudando Brignais a localizar seu filho ilegítimo? — Lumian perguntou diretamente.

Christo assentiu gentilmente. — De fato. Ele pessoalmente me procurou para obter assistência. Coincidentemente, esses pequenos são excelentes em rastrear pessoas.

Enquanto o “Rato” falava, ele acariciava carinhosamente as cabeças dos cães.

Eles alternavam entre reunir e dispersar, seguindo um cheiro distinto.

“O Barão Brignais realmente se importa com aquele filho ilegítimo…” Lumian aconselhou “Rato” Christo com um ar pensativo, — Pode haver algo peculiar sobre esta situação. Fique vigilante. Eu não quero que você desapareça antes de encontrar o garoto.

A Escola de Pensamento Rosa ser responsável pelo sequestro do menino sempre foi uma das possibilidades.

Christo ficou surpreso, ponderou por um momento e comentou: — Há realmente algo errado. Nos últimos anos, nunca ouvimos falar de Brignais tendo um filho assim. Além disso, ele o tem em alta conta. Por que o menino desapareceria?

“Uma aparição repentina de um filho ilegítimo?” A intuição de Lumian sugeriu que isso poderia ser mais intrincado do que ele presumia.

Depois de refletir brevemente, Christo disse com gratidão: — Ciel, seu intelecto supera o meu.

— Você não possui um remédio para melhorar sua mente? — Lumian perguntou, meio brincando e meio curioso.

Enquanto Christo permitia que os cães acariciassem suas calças, ele sorriu timidamente e respondeu: — De fato, mas são soluções de curto prazo. Seus efeitos são medianos, nem de longe a potência de uma poção. Droga, o consumo excessivo pode levar a complicações.

Lumian mudou o rumo da conversa e perguntou: — Você possui cinzas de múmia verdadeiras?

Christo assumiu uma expressão enigmática.

— Quanto você precisa? Eu posso te dar a melhor versão. Aquela ‘Pequena Atrevida’ Jenna costuma frequentar a casa de Franca. Ela é complicada. Há poucos dias, Franca perguntou se eu tinha cinzas de múmia genuínas. Tsk, até o chefe está tendo problemas.

Ciel também teve inúmeras dançarinas e atrizes como amantes. Apesar de sua juventude, ele ainda dependia da medicina.

— Quero dizer, cinzas de múmia verdadeiras. — Lumian coçou o queixo.

— Não. — Christo balançou a cabeça. — Essa coisa é ineficaz, e eu não sei quem propagou a mentira, mas eu tenho uma mistura que pode satisfazer todos as suas amantes. É composta de várias ervas; eu apenas digo que as cinzas de múmia são o ingrediente principal.

— Franca comprou? — Lumian perguntou com um sorriso.

— Sim. — Christo riu cooperativamente. — Provavelmente porque o chefe está com vergonha de se aproximar de mim.

Sua fachada era impecável. Ela escondia seus verdadeiros desejos do “Rato”, buscando as chamadas cinzas de múmia “ineficazes”… Lumian suspirou e confessou abertamente: — Preciso de cinzas de múmia genuínas. Elas possuem usos místicos. Fique de olho, pois você frequentemente se envolve com comerciantes que negociam materiais alquímicos.

— Sem problemas. — Christo suspeitou que Ciel visava preservar sua dignidade e não reconheceria sua busca por tal remédio. Ele insistiu no misticismo como pretexto para buscar cinzas de múmia, mas não o expôs. Afinal, era um assunto menor.

Observando a busca persistente de Christo pelo filho ilegítimo desaparecido do Barão Brignais com seus cães, Lumian deu meia-volta e voltou para o salão de dança.

Quando estava prestes a se aproximar do balcão do bar, a voz de comando de Termiboros ecoou em seus ouvidos: — Para o porão.

“Para o porão…” O pensamento inicial de Lumian foi que o anjo da Inevitabilidade tinha algo planejado.

— Qual? — ele perguntou.

— Aquele usado para armazenar ingredientes, — respondeu Termiboros.

“Tão proativo, tão ansioso… O que Ele está tramando?” Lumian começou a se perguntar se havia um esquema oculto em jogo.

Termiboros continuou, — É um golpe do destino para você. Mesmo que você não vá, ele encontrará seu caminho até você. Está destinado.

“Você está me dando arrepios… Termiboros provavelmente não vai me colocar em perigo imediato agora… O que poderia estar naquele porão…” Lumian contemplou brevemente e calculou que o porão de armazenamento de ingredientes geralmente ficava movimentado por volta do meio-dia. Em teoria, não deveria haver nada incomum ou perigoso.

Após cuidadosa consideração, ele decidiu ir até o porão, escutar na porta e dar uma olhada. Se sentisse algo errado, escreveria para a Madame Mágica e perguntaria se deveria seguir o conselho de Termiboros e entrar.

Em meio às saudações dos chefs, ajudantes de cozinha, faz-tudo e lavadeiras de louça, Lumian atravessou a cozinha e desceu as escadas até o porão de armazenamento de ingredientes.

A porta de madeira marrom-escura do porão estava bem fechada, como de costume.

Lumian apurou os ouvidos, ouvindo atentamente qualquer sinal de atividade.

Um leve som de mastigação chegou aos seus ouvidos.

Não era um som dramático, desprovido da noção horripilante de uma criatura devorando carne. Em vez disso, parecia um vagabundo roendo comida após um longo ataque de fome.

“Definitivamente há algo errado…” Lumian empurrou cautelosamente a porta do porão.

A luz entrou, revelando uma figura.

Era um menino de sete ou oito anos, de costas para Lumian. Ele tinha cabelo curto e amarelo, um casaco caramelo, meias brancas e sapatos pretos de couro sem alças. Atrás dele estava uma mochila escolar vermelha escura que parecia um tanto pesada e resistente.

Lumian achou o traje estranhamente familiar.

De repente, ele se lembrou de onde já tinha visto isso antes.

O filho ilegítimo do Barão Brignais!

“Então, seu desaparecimento o levou a se esconder no porão de ingredientes do Salle de Bal Brise?” Lumian pretendia dar uma olhada rápida antes de fechar a porta e sair para escrever uma carta para Madame Mágica no Auberge du Coq Doré. No entanto, ao perceber que a pessoa no porão era provavelmente o filho ilegítimo do Barão Brignais, ele franziu a testa ligeiramente e abriu um pouco mais a porta de madeira marrom-escura.

Mais luz entrou, fazendo com que o garoto instintivamente se virasse e encarasse a porta.

Lumian avistou os botões de latão em suas roupas, uma camisa xadrez preta e branca e um casaco de linho. Ele viu um rosto com evidente gordura de bebê, olhos castanhos imperturbáveis, mas vazios, e uma boca manchada de sangue.

O garoto segurava alguns bifes crus tingidos com um tom vermelho escuro em sua mão. Sua boca continuava abrindo e fechando enquanto ele mastigava uma vaga massa de carne que lembrava um rato. Sua fina cauda preta balançava suavemente perto de seus lábios.

Lumian estreitou os olhos e enfiou a mão esquerda no bolso.

O garoto permaneceu imperturbável, seu olhar vago enquanto continuava encarando Lumian. Ele mastigou mais algumas vezes antes de engolir o rato sangrento, rabo e tudo.

Lumian arqueou uma sobrancelha e perguntou: — Você é filho ilegítimo de Brignais?

— Não, — murmurou o menino, mordiscando um pedaço de “bife” cru.

— Então qual é a sua relação? — Lumian perguntou de forma pacífica.

Depois de comer um pouco de bife cru, o menino respondeu: — Ele é meu padrinho e guardião em Trier.

“Intisiano notavelmente preciso, quase sem sotaque…” Lumian olhou para o garoto peculiar com perplexidade e perguntou: — Você está fugindo de casa?

— Sim, — respondeu o garoto, com sangue manchando sua boca enquanto ele continuava mordiscando o bife cru.

Atrás dele estendia-se uma escuridão espessa, envolta pela luz fraca do corredor.

— Por que você fugiu do seu padrinho? Precisa que eu o ajude a retornar? — Lumian perguntou, oferecendo um sorriso amigável, notando que a outra parte estava mais amigável na conversa.

O menino balançou a cabeça vigorosamente.

— Não! Não quero voltar a frequentar aulas, estudar, fazer lição de casa, fazer testes práticos e fazer provas!

“O qu…” O raciocínio do garoto deixou Lumian estranhamente perplexo, como se ele tivesse vislumbrado seu próprio eu do passado.

Ele era inteligente e não tinha problemas em frequentar aulas, ler ou fazer provas. Ele absorvia conhecimento rapidamente, mas não gostava de dever de casa ou testes práticos. Confiava na “educação sincera” de Aurore para perseverar. Frequentemente desejava poder envolver Reimund, Ava e seus amigos para fazer essas tarefas para ele.

“Será que essa situação é o encontro fatídico ao qual Termiboros aludiu?” Lumian ponderou e perguntou: — Você não parece ser de Intis?

Com uma atitude honesta e a boca ensanguentada, o garoto respondeu: — Eu sou de Lenburg.

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