Circle of Inevitability – Capítulos 311 ao 320 - Anime Center BR

Circle of Inevitability – Capítulos 311 ao 320

Capítulo 311 – Garoto Estranho

Combo 06/50


“Lenburg? O filho ilegítimo ou afilhado do Barão Brignais é de Lenburg?” Lumian ficou intrigado, sua mente correndo com palpites brincalhões.

“O Barão Brignais dá grande valor à educação, confiando seu filho mais amado ao território do Deus do Conhecimento e da Sabedoria para que aprenda…”

Lumian estudou o jovem rapaz diante dele e perguntou em um tom descontraído, — Você não deveria estar estudando em Lenburg na sua idade? A educação lá está muito à frente do que Trier oferece.

O rosto do garoto se iluminou com uma expressão estranhamente animada. — Nah, não estou a fim da rotina diária da escola, de ficar acordado até tarde fazendo lição de casa e de enfrentar provas todo mês!

“Parece um pouco assustador…” Um arrepio percorreu a espinha de Lumian ao pensar em uma vida assim.

No mínimo, isso não lhe pareceu bem.

Concordando com um aceno de cabeça, Lumian perguntou casualmente: — Ratos vivos são saborosos?

O garoto recuperou a compostura. — Não é exatamente gourmet, mas não posso ser exigente quando a fome me atormenta. Esperar até o meio-dia para invadir a cozinha não resolve. A verdadeira felicidade é saborear uma refeição preparada por um grande chef. E algumas leves pontadas de fome acrescentam um certo… toque.

Depois de explicar, ele deve ter achado que estava parecendo muito maduro e rapidamente recalibrou.

— Não me culpe se sua cozinha estiver arrastando os pés até o meio-dia! Bem, esse não é o ponto, não é?

“Quando eu estava vagando por aí sem um lugar apropriado para ficar, eu com certeza não tinha a mínima ideia de mastigar ratos vivos. O grande problema, claro, era que eu não conseguia nem pegar essas coisas irritantes. E se por algum milagre eu conseguisse, então eu tinha que descobrir como fazer uma fogueira, esfolá-los e assá-los. Mas esse garoto aqui? Ele está aqui pegando ratos, usando nada além das próprias mãos. Sua força ou talvez apenas sua boa sorte não é nada ruim, eu admito. Não falta nem uma hora para o meio-dia, e ele está agindo como se tivesse uma fome insaciável?” Quanto mais Lumian olhava para ele, mais se convencia de que havia algo peculiar naquele rapazinho.

Divertido, ele perguntou: — Brignais não se preocupou em alimentá-lo, então? Precisa que eu o acompanhe até a delegacia de polícia para que você possa registrar uma queixa sobre o abuso infantil dele?

— Bem, além de me importunar sobre meus estudos, ele é legal. Ele garante que eu tenha uma refeição adequada a cada duas horas. Além disso, ele prepara bolos, biscoitos, carne assada e tortas para aquelas dores de fome da meia-noite. — Uma sutil lambida nos lábios revelou o desejo do garoto.

“Você é um porco?” Lumian nunca comeu tanto enquanto estava na puberdade.

E, ainda assim, o rapaz não parecia acima do peso, apenas tinha uma constituição sólida.

Num piscar de olhos, o olhar do garoto mudou enquanto ele falava em rápida sucessão: — Talvez estudar exija muita energia. Preciso de todo esse sustento para manter meu cérebro funcionando a todo vapor.

“Não há nenhum ditado sobre como ‘tentar explicar é apenas um disfarce’ na educação de Lenburg? Sua justificativa elaborada me faz pensar se seu apetite é problemático… Toda essa comilança não fez de você um gênio, fez?” Lumian sorriu e brincou: — Se Brignais não estava intencionalmente te deixando passar fome, por que recorrer a ratos crus e bife?

Em tom frustrado, o garoto respondeu: — Consegui escapar sem café da manhã ou merenda da manhã hoje!

“E ainda assim, você está tão faminto que está engolindo ratos crus? Se você passar fome por mais meio dia ou mais, vai começar a olhar para os pedestres na rua?” Com ​​um movimento fluido, Lumian tirou um frasco militar cinza-ferro do bolso da camisa.

Sua mão esquerda deslizou para dentro do bolso da calça, desatarraxando habilmente a tampa do frasco antes de guardá-lo.

Lumian levantou o frasco de metal cinza-ferro, respirando a fragrância com um sorriso satisfeito. Ele perguntou, sua voz leve, — Quer um gole?

Gulp! O pomo de Adão1 do garoto balançou enquanto ele engolia sua saliva.

Lutando, ele respondeu: — Ainda não sou maior de idade. Sou apenas uma criança!

“Ele já provou antes e gostou…” Lumian deu seu veredito e engoliu um gole da bebida.

Mantendo o frasco militar nos lábios, ele falou em um tom casual, com uma pergunta pairando no ar: — Em qual divindade você acredita?

— Por que você está perguntando? — o garoto perguntou cautelosamente.

Vendo a falta de alarme, Lumian deu um suspiro de alívio. Ele inclinou o frasco novamente, o líquido borbulhando.

Ele abaixou o frasco militar, sua expressão brilhante enquanto falava com clareza: — Como um seguidor devoto do Deus do Vapor e da Maquinaria, tenho que verificar a fé daqueles com origens incertas.

— Pelo vapor!

Desta vez, Lumian falou sem o véu do álcool.

Inconscientemente, o menino balançou a cabeça.

— Palavras não significam muito. Apenas dizer que acredito em qualquer divindade não torna isso verdade.

Lumian estudou a reação do garoto. — É verdade que pessoas das Igrejas ortodoxas podem às vezes alegar crença em qualquer divindade sem muita sinceridade, mas elas são inofensivas. Estou mais preocupado com adoradores de deuses malignos. Eles são fervorosos e imprevisíveis. Eles não vão fingir para enganar os outros, acreditando que isso é contra sua fé e blasfêmia.

Instintivamente, o garoto retrucou: — Nem sempre. Alguns seguidores de deuses malignos se passarão por adeptos dos deuses ortodoxos para promover suas missões sagradas. Eles podem rezar, participar de rituais, participar da missa e louvar os nomes de outros deuses sem pensar duas vezes… contanto que se arrependam em seu deus depois, eles acham que não há problema…

Naquele momento, o jovem rapaz parou abruptamente. Ele trocou olhares com Lumian e caiu em um silêncio prolongado.

Depois de um tempo, ele deu uma mordida em seu bife cru e se apresentou: — Eu sou um crente no Deus do Conhecimento e da Sabedoria. Os fiéis devotos em nossa Igreja têm esse jeito peculiar de apontar deslizes no discurso da outra parte, assim como antes. Sim, assim como antes!

Lumian fixou um olhar penetrante no rapaz por alguns instantes antes de perguntar: — Quais seriam as orações habituais na Igreja do Deus do Conhecimento e da Sabedoria?

Rápido como um relâmpago, o garoto respondeu: — Como eu estava dizendo antes, pessoas que acreditam nesses deuses malignos podem murmurar o nome honroso de um deus ortodoxo com o coração pesado e recitar essas orações. Você não pode descobrir corretamente o que se passa na mente dos outros a menos que seja um membro certificado da Igreja do Eterno Sol Ardente…

Com isso, o rapaz se calou mais uma vez, seu olhar fixo e vago em Lumian.

Após uma breve pausa, ele estendeu sua mão direita vazia e a pressionou contra sua testa. — Que a sabedoria esteja com você!

“Um sujeito tão tolo não deveria ser um espião enviado por um deus maligno… Pela sua inteligência, ele é realmente uma criança…” Lumian lutou para manter a compostura, precisando respirar fundo e disfarçadamente para recuperar o controle sobre os músculos faciais.

— De fato, — ele concordou, seus lábios se curvando em um sorriso. Espelhando a ação do garoto, ele roçou a cabeça com a base do frasco militar cinza-ferro e proferiu com significância, — Que a sabedoria esteja com você!

Sem dar ao garoto a chance de responder, Lumian adotou um tom sedutor. — Você se importaria em se juntar a mim na cafeteria no segundo andar? Eu lhe darei uma refeição decente. Os chefs aqui são bem notáveis.

O garoto engoliu em seco visivelmente. — Você não vai se voltar contra mim, vai?

— Você pode me seguir o tempo todo. Dessa forma, eu nunca terei a chance de te enganar. — Lumian iniciou um pequeno teste, testando se o cérebro do outro cara combinava com sua aparência e idade, ou talvez eles estivessem atrasados. — E veja bem, nós apenas proibimos a Igreja do Deus do Conhecimento e da Sabedoria de pregar em Intis ou de construir uma catedral. Nós deixamos seus fiéis cruzarem a fronteira. Trier tem a Câmara de Comércio de Lenburg, sabe.

O menino refletiu por um momento e disse: — Tudo bem.

Lumian o avaliou, retirou a mão esquerda, selou o frasco de bebida e guardou o frasco cinza-ferro de volta em seu casaco marrom.

Então, ele pressionou a testa novamente. — Que a sabedoria esteja com você!

Com isso, Lumian virou e subiu as escadas.

O garoto ficou grudado nele, fechando educadamente a porta marrom-escura do porão atrás de si.

Ao ver Lumian se virar, o garoto explicou seriamente: — Se ficar aberta, a comida lá dentro vai estragar.

— É verdade. — Lumian desviou o olhar e subiu as escadas.

O garoto o seguiu de perto, com os olhos atentos a qualquer movimento estranho, qualquer sinal de traição.

Lumian o levou até a cozinha, depois subiu para a cafeteria no segundo andar e pediu uma refeição.

Rapidamente, a comida chegou à mesa: bife de vitela frito, enguia grelhada, perna de cordeiro assada, torta de frango, vinho tinto e creme.

Lumian se acomodou, observando o garoto devorando-o como se não tivesse fundo.

De vez em quando ele fazia um comentário,

— A vitela é bem crocante, mas a carne não é nada especial…

— O molho doce mascara o sabor de peixe da enguia, mas a torna gordurosa…

— A perna de cordeiro é assada no ponto certo, crocante por fora, macia por dentro. Os temperos estão um pouco errados, no entanto.

– …

“Só coma. Por que você é tão falador…” Lumian observou silenciosamente o garoto comer a mesa cheia de comida com uma expressão satisfeita.

Quinze minutos depois, o Barão Brignais entrou pela entrada do segundo andar, usando uma cartola com um anel de diamante brilhando.

O garoto se virou surpreso e olhou para Lumian.

Lumian sorriu e disse: — Você achou que eu era a única aqui que te conhecia?

O menino ficou surpreso e ficou em silêncio.

O Barão Brignais aproximou-se de Lumian e disse com evidente relaxamento: — Agradeço, Ciel.

— Acontece que o peguei escondido no porão, mastigando alguma coisa — Lumian respondeu, com uma voz calorosa e amigável.

O Barão Brignais lançou-lhe um olhar de soslaio antes de desviar sua atenção para o garoto. — Hora de voltar, Ludwig.

Ludwig, o jovem garoto, permaneceu em silêncio. Rapidamente, ele terminou os últimos restos de sua refeição e se levantou de seu assento.

— Ciel, te devo uma, — o Barão Brignais acenou para Lumian.

Sentado em frente, Lumian observou enquanto o Barão Brignais apertava a mão de Ludwig, sua partida iminente. Os lábios de Lumian se curvaram novamente antes de dizer: — Não se esqueça de pagar a conta.

O Barão Brignais demonstrou uma pitada de surpresa. Seus olhos piscaram, sugerindo uma incerteza momentânea em sua avaliação inicial.

Mas sem dizer uma palavra, sacou uma carteira cheia de notas e prontamente cobriu o custo da refeição de Ludwig.

Lumian manteve um silêncio contemplativo, observando a dupla desaparecer escada abaixo. Recostando-se na cadeira, ele murmurou suavemente, sua voz um mero sussurro, — Temiboros, onde exatamente está o golpe do destino que você mencionou?

  1. o gogó[↩]

Capítulo 312 – Dica

Combo 07/50


Embora Lumian mantivesse um ceticismo cauteloso em relação a Termiboros, sua curiosidade sobre o enigmático golpe do destino continuava a atormentá-lo.

A maneira como Termiboros havia aludido ao minério de Sangue da Terra como um encontro havia chamado sua atenção. Poderia desta vez envolver Ludwig, o jovem garoto?

Havia algo de errado com esse sujeito, algo errado. No entanto, conforme a conversa se desenrolava, Lumian passou a reconhecer a inteligência, as origens e a aparente devoção de Ludwig ao Deus do Conhecimento e da Sabedoria. Apesar dessa interação, Lumian não conseguiu obter nenhuma percepção ou previsão verdadeiras. Era diferente de sua compreensão do potencial do minério de Sangue da Terra, que dependia de condições específicas de ir para o subsolo, encontrar a área certa para encontrar algo.

Mais uma vez, a voz poderosa de Termiboros reverberou através de Lumian.

— O momento se revelará.

— Vocês não conseguem se explicar? — A frustração de Lumian aumentou, seu sangue fervendo em suas veias.

— Eu sou diferente do que você considera pessoas, — Termiboros respondeu, diretamente. — Eu sou uma Criatura Mítica.

Lumian ficou sem palavras, surpreso. Ele forçou um escárnio e retrucou: — Duvido que até mesmo sua forma selada possa realmente compreender os fios do destino. Cada vez, suas respostas estão atoladas em imprecisão. O que o diferencia dos amadores no Clube de Adivinhação? Se você possui o poder, revele claramente onde está minha próxima oportunidade!

Termiboros respondeu com um tom profundo: — Hoje à noite, às 23h, Docas Rist, Armazém 3.

“Hein?” Surpresa percorreu Lumian; a dica de Termiboros foi inesperada.

No entanto, em meio ao seu espanto, a perplexidade persistia.

“O anjo da Inevitabilidade é tão gentil?”

“Como um Monge da Esmola de alto escalão, ele não deveria ter sido provocado tão facilmente a interpretar meu destino…”

“Poderia haver um motivo oculto?”

“De qualquer forma, consultarei primeiro a opinião da Madame Mágica.”

Lumian decidiu rapidamente. Ele se levantou, partiu do Salle de Bal Brise e embarcou em uma jornada para a Rue des Blouses Blanches.

Executando um simples ato de incêndio criminoso, ele poderia iniciar a etapa inicial de digestão da poção e aventurar-se em ganhar a benção de Contratado. Apesar de sua ansiedade, Lumian se recusou a baixar a guarda contra Termiboros.

Na Rue des Blouses Blanches, no esconderijo.

Lumian documentou meticulosamente os detalhes sobre a pista de Ludwig e Termiboros. Posteriormente, conduziu um ritual, invocando a mensageira parecida com uma boneca.

Enquanto Lumian aguardava a resposta da Madame Mágica, mergulhou em um tesouro de informações sobre criaturas do mundo espiritual. Ler as descrições de certos conhecimentos consumia uma quantidade substancial de sua espiritualidade. Alguns até induziam tontura, náusea, frustração, dor de cabeça, sensação de queimação e ilusões.

“Semelhante ao retrato dos cadernos de Aurore sobre conhecimento profundo sobre divindades e criaturas de alto nível, essa informação é carregada de corrupção intensa e ramificações perigosas. Se todo o conhecimento que persegue os humanos carrega tais atributos, é genuinamente assustador. A perspectiva de se perder ao ouvi-lo ou sucumbir à morte imediata é inquietante…” Assim, Lumian pontuou sua leitura para salvaguardar seu bem-estar mental de cair a limiares precários.

Depois de analisar atentamente as descrições de aproximadamente 30 a 40 criaturas do mundo espiritual, Lumian se deparou com uma figura que reconheceu.

“Coelho do Conhecimento:”

“Fraca criatura do mundo espiritual, amigável aos humanos e possui uma sede inata por conhecimento. Suas invocações raramente são recusadas.”

“Experiências diversas produzem distintos Coelhos do Conhecimento. Traços compartilhados incluem o domínio de vários idiomas, habilidades de comunicação oral e escrita e capacidades de leitura adeptas. Extrair informações salientes de conhecimento extenso é seu forte, e sua velocidade de transcrição supera até mesmo máquinas de escrever mecânicas.”

“Desvantagem: Finesse de comunicação limitada e pensamento inflexível. Alguns Coelhos do Conhecimento foram contaminados por conhecimento anômalo, tornando-se significativamente perigosos. Para invocar, restrinja as escolhas aos amigáveis ​​e fracos.”

“Então, ele atende pelo nome de Coelho do Conhecimento. Invocar essa entidade no futuro deve ser mais direcionado… No entanto, suas habilidades e atributos são de valor limitado. Se eu tivesse ido conforme a visão de Aurore sobre matrícula universitária, eu me beneficiaria de sua proficiência multilíngue e fortes habilidades de leitura… Digno de nota, o texto omite menção de sua velocidade dentro do reino espiritual, implicando seu valor insignificante nesse aspecto. Ele se move lentamente, drena a espiritualidade…” Lumian abaixou o documento, massageou suas têmporas e embarcou em seu terceiro descanso.

Durante esse momento, a mensageira trouxe a resposta da Madame Mágica:

“Compartilho a curiosidade sobre qual encontro o rapaz chamado Ludwig traria. Sua aparição em Trier me intriga; as motivações permanecem ocultas.”

“A vigilância é prudente. Sua existência carrega intriga.”

“Prossiga. A janela da atuação se apresenta para mim também.”

“Vocês não sabem ser claros?…” Os lábios de Lumian se contraíram, absorvendo a mensagem sucinta.

No entanto, surgiu uma sensação sutil de que a frase de abertura da Madame Mágica não foi uma resposta imediata. Ela ressoou mais como um eco condensado de suas contemplações.

Em essência, a Madame Mágica, imbuída de sua proeza em astromancia, lutou para descobrir o destino de Ludwig. Suas percepções pareciam turvas, sugerindo que ela apenas abrigava conjecturas.

A obscuridade em torno do destino de Ludwig, evidente em sua incapacidade de percebê-lo, dizia muito.

Às 22h50, no Docas Rist, em frente ao Armazém 3.

Lumian se escondeu nas sombras, pronto para aproveitar a tão esperada oportunidade de ação.

Logo, duas silhuetas se aproximaram do Armazém 3, chegando a apenas cinco ou seis metros de Lumian.

Um deles falou baixinho, cheio de preocupação: — Héctor, os contadores chegam amanhã para uma auditoria. Como lidamos com isso? Devo contratar um ladrão para roubar os registros da conta?

— Qual seria o propósito disso? No momento em que eles inspecionarem o depósito, a suspeita surgirá. Nosso estoque restante mal equivale a um décimo da quantidade necessária. — O tom de Héctor aumentou, fervendo com intensidade. — Se formos prosseguir, devemos fazê-lo de forma abrangente, reduzindo o depósito a cinzas. Dessa forma, quaisquer discrepâncias permaneceriam ocultas.

“Entendo…” Ouvindo atentamente, Lumian deduziu sua deixa para agir.

Enquanto seu companheiro vacilava, Héctor interrompeu: — Incêndios são comuns em Trier, normalizados na mente de todos. Além disso, não é necessário acendê-los nós mesmos. O distrito comercial está cheio de malfeitores e bandidos. Quando chegar a hora, podemos atraí-los para Trier com uma bela taxa.

— Honoré, não podemos esperar mais. Você deve decidir agora.

Honoré fez uma pausa, então falou resolutamente, — Ok! Nós localizaremos Guy e o recrutaremos para nosso plano!

A dupla fez uma rápida inspeção nos arredores do armazém antes de partir para as docas, a caminho do encontro com seu camarada, Guy.

Após uma breve caminhada, o céu abruptamente avermelhado, lançando um tom incandescente sobre a cena. Simultaneamente, o crepitar das chamas ressoou.

Honoré e Héctor instintivamente se viraram, testemunhando um inferno emergindo. Chamas vermelhas surgiram, ferozes e vorazes, subindo para engolir a estrutura.

— Fogo, fogo! — Héctor murmurou, um lampejo de realização surgindo. — De fato, fogo! Louvado seja o Sol, é um fogo!

Honoré demonstrou uma reação semelhante, com a mão direita traçando um Emblema Sagrado triangular sobre o peito e os lábios se movendo em uma invocação silenciosa.

No entanto, em meio à alegria momentânea, a inquietação cresceu nos sentidos de Honors.

A trepidação tingiu sua voz quando ele discerniu: — O armazém não está em chamas. É o nosso escritório!

Posicionado a alguns metros do armazém ficava o escritório deles, um modesto edifício cinza de dois andares.

O espaço que o separava do armazém permaneceu vazio, desprovido de material inflamável.

O rosto de Héctor se contorceu de terror. Apertando a mandíbula, ele falou com uma resolução sombria: — Temos que atear fogo no armazém agora!

Assim que as palavras saíram de seus lábios, uma explosão irrompeu do local das chamas vermelhas.

Embora não tenha sido sísmica, a detonação atraiu a atenção de trabalhadores portuários e bombeiros.

— Fogo! Fogo! — O clamor ressoou enquanto os socorristas convergiam. Em Trier, uma cidade famosa por frequentes conflagrações, os bombeiros eram experientes em lidar com tais crises.

Observando a cena, Héctor e Honoré, que não haviam chegado ao Armazém 3, caíram na beira da estrada, com o vigor esgotado.

Na entrada do cais.

Albus, com o cabelo agora em um tom de fogo, desviou o olhar do incêndio para o homem de meia-idade ao seu lado.

— Monsieur Guy, seu colega parece ainda mais agitado do que você.

A pele de Guy empalideceu enquanto ele balançava a cabeça em perplexidade.

— O armazém não foi o alvo do incêndio

Uma pausa se seguiu antes que Albus zombasse.

— Eu já avisei você. Hesitação gera infortúnios. Agora, pense em sua fuga. Que você seja mais decisivo dessa vez.

Ao lado da modesta estrutura de dois andares, Lumian olhou para as chamas crescentes. A madeira e os materiais inflamáveis ​​se metamorfosearam em um dragão efêmero, lançando seu semblante em vermelho-fogo, olhos acesos de fervor.

Com um sorriso, ele avançou em direção ao fogo.

A intenção da dupla de cometer incêndio criminoso envolvia apagar evidências incriminatórias reduzindo o armazém a cinzas. No entanto, o propósito de Lumian era gerar tumulto, convidando o escrutínio que desenterraria as discrepâncias dentro do armazém!

Esse era o dever de um cidadão responsável.

Um manto de chamas envolveu Lumian, aderindo obedientemente ao seu traje, a apenas um fio de cabelo da ignição.

Vestindo o manto flamejante, Lumian marchou em direção ao fogo rugindo.

O fogo repeliu a fumaça. Atravessando a estrutura sem esforço, Lumian saiu na extremidade oposta do cais.

Após o incêndio criminoso, Lumian adquiriu um domínio rudimentar sobre os poderes da poção. Ele a domou, dissipando a sensação de queimação em sua pele e a trepidação em seu coração.

Embora sua digestão da poção permanecesse incompleta, Lumian já havia se adaptado ao seu estado atual, o que lhe deu a capacidade de receber uma bênção adicional de Inevitabilidade.

Depois de realizar algumas rodadas de antirrastreamento, Lumian retornou ao esconderijo na Rue des Blouses Blanches.

Iniciar o passo inicial de digerir a poção de Piromaníaco antes de rastrear o padre o encheu de satisfação. Ele manteve um sorriso, mas seu comportamento vacilou ao vislumbrar a pilha imponente de informações densas dentro do armário de ferro.

Levaria pelo menos um ou dois meses para terminar de lê-los!

Como ele poderia identificar uma boa criatura para contratos em tão pouco tempo?

Capítulo 313 – Planos com estilos diferentes

Combo 08/50


Lumian estava diante do armário de ferro, sua mente imersa em contemplação.

Com apenas um punhado de dias restantes até a data designada pelo Feitiço da Profecia, Lumian aspirava sinceramente garantir o status de Contratado, obtendo assim três habilidades distintas. Esse aprimoramento era imperativo antes de perseguir Guillaume Bénet. O aumento inclinaria as probabilidades a seu favor.

Ser apenas um Piromaníaco, mesmo em colaboração com Franca, agora uma Demônia do Prazer, e o apoio de Anthony Reid e Jenna, prevalecer contra as habilidades misteriosas do padre permaneceu muito incerto. A vitória pode ser atingível, mas apreender o adversário sem incorrer em perdas era um esforço quase impossível — exceto se ele alistasse a assistência de um Oráculo da Ordem Aurora através do dedo do Sr. K.

Esta avaliação considerou somente Guillaume Bénet como adversário de Lumian. Se o padre tivesse outros parceiros, ao lado de uma coorte de Abençoados ou Beyonders, e se ele tivesse se tornado mais poderoso que seu estado ao deixar Cordu, o empreendimento de Lumian não garantiria o triunfo — mesmo com o Sr. K.

A aspiração de Lumian era localizar o paradeiro do padre e armar uma armadilha, atraindo-o para fora. Tal abordagem simplificaria significativamente o processo. No entanto, Lumian precisava reforçar sua força substancialmente. Caso contrário, a operação de “pesca” implicaria em perigo terrível.

Enquanto Lumian examinava a pilha de informações densas sobre entidades do mundo espiritual, sua mente girava, buscando maneiras de localizar um parceiro de contrato adequado dentro de um prazo limitado.

“Devo designar um período de tempo para leitura e me esforçar para cobrir o máximo de informação possível? Então, minha seleção deve derivar da minha familiaridade existente?”

“Esta proposta fica aquém das minhas expectativas. Ela corre o risco de ignorar a oportunidade mais adequada…”

“Embora as circunstâncias não sejam as ideais, devo me reconciliar com a realidade. A perfeição continua ilusória; devo confrontar minhas próprias limitações de frente.”

“Filho da mãe, ainda não chegou a um ponto em que seja necessária uma aceitação cega!

Por enquanto, vou segurar qualquer movimento definitivo até que eu descubra o paradeiro do padre na semana que vem. Vou esperar meu tempo. Após a conclusão dessa assimilação de informações, uma estratégia abrangente vai se cristalizar, certo?”

“Levará aproximadamente um mês. O potencial para acidentes é grande…”

“Uh, o Coelho do Conhecimento parece ter a habilidade de ler e extrair pontos-chave. Posso invocar um para me ajudar a ler as informações e extrair as palavras-chave de cada criatura do mundo espiritual, assim como quando o usei para denunciar? Então, estudarei cuidadosamente as criaturas do mundo espiritual correspondentes com base nas palavras-chave…”

“É uma criatura do mundo espiritual para começar. Tendo entrado em contato com tal conhecimento, ele definitivamente será menos afetado do que eu e pode durar mais tempo…”

Lumian gradualmente ficou animado. Quanto mais pensava sobre isso, mais sentia que era viável pedir ao Coelho do Conhecimento para ajudá-lo a fazer a leitura e escrever um breve resumo.

Ele rapidamente aperfeiçoou o plano correspondente.

“Esse coelho é bem estúpido e bobo. Tenho que criar uma tabela com antecedência e listar o ‘número da página’, ‘força’, ‘se é amigável’, ‘breve descrição das habilidades’ e ‘pontos de características’. Vou deixá-lo preencher as colunas em etapas e ordem.”

“Infelizmente, uma pessoa só pode invocar um Coelho do Conhecimento por vez. Caso contrário, se eu tivesse dez ou vinte, conseguiria completar o resumo sobre criaturas do mundo espiritual antes do amanhecer…”

“Se uma pessoa só pode invocar uma pessoa, que tal ter mais de uma pessoa?”

“Posso pedir para Franca, Jenna e Anthony Reid invocarem um cada para mim!”

“Uh… Coelhos podem ler rapidamente, extrair pontos essenciais e preencher resumos. Humanos podem fazer o mesmo. Franca, Jenna e Anthony podem ajudar a navegar pelas informações e extrair rapidamente palavras-chave das colunas.”

“Eu contribuo com conhecimento, e eles contribuem com trabalho, espiritualidade e tempo!”

Os olhos de Lumian ficaram mais e mais brilhantes. Ele sentiu que se levasse esse plano adiante, mesmo com pausas frequentes para se recuperar mentalmente e tempo para invocar um Coelho do Conhecimento novamente, ele deveria ser capaz de produzir um resumo sobre as criaturas do mundo espiritual em doze horas.

Quando chegasse a hora, ele estudaria os resumos que não afetassem sua mente e selecionaria de 20 a 30 adequados. Ele leria as informações brutas de forma direcionada e tomaria uma decisão final.

O único problema agora era que as informações sobre essas criaturas do mundo espiritual tinham sido fornecidas pela Madame Mágica; Lumian não as havia trocado usando contribuições ou dinheiro. Ele acreditava que antes de “compartilhar” com outros, tinha que obter a aprovação da portadora da carta dos Arcanos Maiores.

Isso era respeito básico.

Lumian entrou em ação sem hesitação. Rapidamente, ele escreveu uma carta descrevendo sua investigação e o plano abrangente que ele havia elaborado.

Logo, a Madame Mágica respondeu: “Por um momento, não sei o que dizer sobre sua ideia. Parece que você possui aptidão para tais considerações.”

“Compartilhar seu conhecimento com seus amigos é permitido, mas lembre-se de aconselhá-los a não se envolverem com criaturas poderosas ou perigosas do mundo espiritual. Essas entidades não têm influência sobre você, graças ao selo do Sr. Tolo. Ele serve como um impedimento no mundo espiritual, oferecendo a você uma medida de proteção que os outros não têm.”

“Na verdade, existem maneiras mais simples e fáceis:”

“Leve a informação para o Dois de Copas e espalhe-a em todos os cantos da sala. Então, faça com que o Dois de Copas recite a declaração de adivinhação repetidamente e jogue três cartas de tarô ou três moedas.”

“Escolha qualquer criatura do mundo espiritual em que eles pousarem. Mesmo que não seja a mais adequada para você, é relativamente adequada. Pode ser útil em uma ocasião futura.”

Hiss, que charlatão brilhante! A Madame Mágica é realmente habilidosa em adivinhação. O estilo dela é completamente diferente do meu…” Lumian não tinha considerado adivinhação.

Após cuidadosa consideração, ele decidiu seguir seu plano. A resposta escolhida por meio da adivinhação sempre pareceu não confiável e irreal. Ele subconscientemente não queria confiar nela.

Ao confiar em sua própria inteligência e habilidades para filtrá-los, ele se sentiria mais confiante e convencido.

A menos que não houvesse outra maneira, Lumian esperava terminar de “ler” as informações antes de fazer uma escolha.

Ele queimou a resposta da Madame Mágica e escreveu cuidadosamente o formulário. Por enquanto, fez apenas cinco cópias.

Imediatamente depois, montou o altar para ver se conseguiria invocar com precisão o Coelho do Conhecimento.

Para esse fim, o encantamento de invocação que ele criou foi: — Espírito em forma de coelho vagando no vazio, uma criatura amigável com quem é possível se comunicar, um fraco que busca conhecimento.

A escolha de evitar usar o nome “Coelho do Conhecimento”, cunhado pelos humanos, demonstrava o respeito de Lumian pela natureza enigmática dessas criaturas.

Após considerar cuidadosamente sua abordagem, Lumian acendeu uma vela e fez uma invocação em seu próprio nome.

Seu encantamento foi concluído, e a chama da vela se transformou em um tom profundo de verde, expandindo-se até se assemelhar ao tamanho de uma cabeça humana.

De dentro da chama verde luminosa, surgiu uma criatura translúcida, cuja aparência lembrava a de um coelho divertidamente desajeitado.

O alívio tomou conta de Lumian quando o ritual provou ser bem-sucedido. A presença da criatura sinalizou um triunfo, e a voz experiente de Lumian se dirigiu a ela: — Desejo compartilhar conhecimento com você, buscando sua ajuda para sintetizar pontos-chave e preencher um formulário.

Os olhos do coelho brilharam e, num tom que imitava a voz de Lumian e o sotaque intisiano de Trier, ele perguntou: — Onde está o conhecimento?

Esta foi a primeira vez que Lumian ouviu tal criatura falar. Ele não esperava que ela imitasse seu tom e pronúncia.

Com propósito, Lumian recuperou uma pilha de informações sobre criaturas do mundo espiritual que ele ainda não havia investigado. Ele gesticulou em direção ao formulário na mesa, articulando os parâmetros da tarefa de uma maneira adequada a uma criatura de intelecto limitado.

O coelho absorveu a orientação de Lumian, suas longas orelhas caindo enquanto ele memorizava as instruções. Eventualmente, assentiu em compreensão.

Sentado à mesa de Lumian, os olhos do coelho brilhavam enquanto ele se envolvia com as informações.

Lumian notou com satisfação que, apesar de sua natureza relutante, o coelho demonstrou proficiência em sua tarefa repetitiva. Ele extraiu diligentemente detalhes pertinentes e preencheu metodicamente o formulário com palavras como “poderoso” e “perigoso”.

“Embora não seja muito inteligente, fazer um trabalho tão repetitivo não é um problema para ele… É pelo menos duas vezes mais rápido que minha leitura…” Lumian assentiu satisfeito e deitou-se na cama, preparando-se para fechar os olhos e descansar enquanto o Coelho do Conhecimento estava ocupado trabalhando para aliviar sua fadiga.

Depois de um período de tempo desconhecido, ele de repente sentiu perigo e sentou-se apressadamente.

Ele viu que o coelho transparente tinha crescido até dois metros de altura, constantemente folheando as informações e extraindo-as.

— Pare! — Lumian não entendeu o que estava acontecendo e instintivamente impediu que a outra parte entrasse em contato com o conhecimento.

O coelho virou a cabeça, com os olhos injetados de sangue.

Depois de encarar Lumian por alguns segundos, relutantemente interrompeu seu trabalho.

A introspecção de Lumian o levou a deduzir a causa por trás dessa transformação.

Como uma criatura do mundo espiritual, o Coelho do Conhecimento foi afetado de forma semelhante por esse conhecimento, embora em uma extensão relativamente branda. No entanto, ele não era como humanos comuns devido à sua falta de inteligência. Ele não sabia parar e descansar após uma anormalidade, a menos que colocasse sua vida em risco diretamente.

À medida que se acumulava, inevitavelmente sofria uma certa mutação.

“Ufa, é útil — isso é verdade, mas não ter muita inteligência é um grande problema…” Lumian encerrou a invocação e permitiu que o Coelho do Conhecimento retornasse ao mundo espiritual e se recuperasse lentamente.

Ele tomou banho rapidamente, deitou-se na cama e se preparou para descansar.

Uma ideia surgiu pouco antes de o sono o reivindicar. Lumian invocou o coelho mais uma vez e o ordenou a replicar cem cópias da forma que ele havia criado.

Só então ele realmente relaxou e adormeceu.

Na manhã seguinte, Lumian estava cheio de vigor quando partiu para a Rue Anarchie. Sua primeira parada era localizar Anthony Reid, o corretor de informações, e discutir o potencial de sua assistência.

Ao se aproximar do Auberge du Coq Doré, uma figura surgiu de um beco próximo.

Era o Barão Brignais, enfeitado com uma cartola e um terno preto formal, com um cachimbo cor de mogno na mão.

— Prometi encontrá-lo e expressar minha gratidão por me ajudar a encontrar Ludwig, — o Barão Brignais começou com um sorriso. — É bastante surpreendente não encontrá-lo nem no Salle de Bal Brise, nem no Auberge du Coq Doré.

“Gratidão? Então me ajude a ler e escrever um resumo!” Lumian murmurou subconscientemente antes de rapidamente descartar a ideia.

Comparado a Anthony Reid, um corretor de informações com uma doença mental, o Barão Brignais não era apenas um membro do Savoie Mob, mas seu passado também parecia problemático. Era melhor não deixá-lo descobrir que seu relacionamento com Franca não dependia somente de Jenna.

Um sorriso surgiu nos lábios de Lumian.

— A noite oferece sua própria beleza. É inútil permanecer confinado dentro do seu quarto. Como você pretende expressar sua gratidão?

Em vez de dar uma resposta direta, o Barão Brignais desviou a conversa. — Posso não ter mencionado isso antes, mas me converti à adoração do Deus do Conhecimento e da Sabedoria alguns anos atrás.

Capítulo 314 – Cultura Coletiva

Combo 09/50


“Você se comunicou com seu afilhado e veio até mim para confirmar a situação?” Lumian manteve o sorriso.

— O que você acredita não tem relação comigo, desde que você não adore um deus maligno. Além disso, devotos do Deus do Conhecimento e da Sabedoria não são criminosos procurados em Trier.

Sua implicação era clara: — Eu ainda sou um criminoso procurado. Acredite no que quiser.

O Barão Brignais sempre foi astuto. Ele mudou de assunto e continuou: — Obrigado por me ajudar a localizar Ludwig. Não tenho certeza de como expressar adequadamente minha gratidão.

Ele se absteve de especificar um presente de agradecimento, esperando avaliar a posição e os pensamentos de Lumian.

Lumian refletiu brevemente antes de se lembrar da ideia que havia deixado de lado.

Conseguir que o Barão Brignais ajudasse com a leitura e o resumo não exigiu sua presença ao lado de Franca, Jenna e Anthony Reid. Ele poderia transmitir algumas informações, esclarecer no que precisava se concentrar e permitir que ele voltasse para casa para ler e transcrever.

Da mesma forma, antes de Anthony Reid se comprometer a se juntar à perseguição do Padre Guillaume Bénet, o contato direto com Jenna e Franca não poderia ser permitido. Um escritório isolado poderia ser arranjado para ele mais tarde.

Lumian olhou para o Barão Brignais e perguntou deliberadamente: — Você é proficiente em ler e redigir formulários?

Os cadernos de Aurore denotavam que o caminho sob a Igreja do Deus do Conhecimento e da Sabedoria era rotulado como Leitor. Este também era o título da poção da Sequência 9. A Sequência 8 era Estudante do Raciocínio, e a Sequência 7 era Guardião do Conhecimento.

Dado que o Barão Brignais raramente exibia habilidades especiais e, principalmente, utilizava seu intelecto excepcional, habilidades de combate acima da média e astúcia afiada para liderar o Savoie Mob, juntamente com sua fé atual, Lumian especulou que ele era um Beyonder do caminho do Leitor.

Somente pela nomenclatura da poção, pode-se inferir que tal indivíduo era excelente em leitura.

O Barão Brignais deu uma tragada em seu cachimbo e respondeu: — Ao contrário dos analfabetos, minha aptidão para leitura e aprendizado é bastante louvável.

Ele não conseguia entender completamente as intenções de Ciel, mas suspeitava que Ciel estivesse bisbilhotando seu caminho Beyonder.

E não era confidencial. Gardner Martin tinha conhecimento disso há muito tempo.

Lumian revelou um sorriso genuíno.

— Ultimamente, adquiri um tesouro de informações sobre criaturas do mundo espiritual. No entanto, como você sabe… você deveria saber, certo? Mergulhar em tal conhecimento extensivamente exerce um preço significativo na mente. Como um Beyonder do caminho do Caçador, não precisarei dessas informações por um longo período. No entanto, desejo ter acesso ao conhecimento pertinente quando a necessidade surgir, sem desperdiçar um tempo precioso. Portanto, pretendo fornecer a você uma parte dos dados. Por gentileza, ajude-me a ler e extrair os termos-chave.

— Muito parecido com construir um índice para uma biblioteca. — O Barão Brignais prontamente compreendeu.

Ele sorriu e comentou: — Sinceramente, isso seria vantajoso para mim. Esse conhecimento tem um valor considerável.

“Índice de biblioteca… Como esperado de um adepto do Deus do Conhecimento e da Sabedoria. Quão profissional…” Lumian se alegrou, sentindo que o Barão Brignais estava mais ou menos no mesmo nível de Anthony Reid combinado com um Coelho do Conhecimento.

Simultaneamente, ele nutria um sentimento cauteloso em relação ao Barão Brignais. Por exemplo, ele forneceria a esse seguidor do Deus do Conhecimento e da Sabedoria dez páginas de informações. Ele as examinaria com antecedência e faria anotações. Posteriormente, as cruzaria com o índice submetido pelo Barão Brignais para discernir quaisquer omissões ou alterações deliberadas.

Claro, essa era a abordagem não refinada de Lumian. Ele poderia alternativamente pedir a Franca para verificar por meio de adivinhação, mas o potencial para interferência ainda existia.

Lumian enfiou as mãos nos bolsos e examinou o Barão Brignais, semelhante a um artesão observando um trabalhador. Ele sorriu e disse: — Sou indiferente a quem se beneficia, contanto que eu cumpra meu objetivo.

O Barão Brignais assentiu levemente, abstendo-se de mais comentários. Ele apenas informou Lumian sobre seu paradeiro na manhã seguinte e solicitou que a informação fosse transmitida para lá.

Auberge du Coq Doré, quarto 305.

De frente para Anthony Reid, Lumian recuou e reiterou suas palavras ao Barão Brignais. Concluindo, ele expressou: — Este conhecimento serve como sua compensação. Além disso, eu lhe transmitirei o conhecimento da magia ritualística. Você será capaz de invocar uma criatura única do mundo espiritual para examinar as informações ao seu lado e sintetizar os pontos essenciais. Como essa proposta lhe parece? Você está inclinado a aceitar esta tarefa?

Os olhos castanhos profundos de Anthony Reid refletiram a forma de Lumian enquanto ele contemplava e respondia, — Você está pressionado pelo tempo. Este assunto tem peso adicional para você. Ele carrega grande significado.

Lumian não tinha intenção de esconder isso. Ele aproveitou a oportunidade e disse: — Estou diante da necessidade de enfrentar um adversário formidável em breve, e procuro garantir uma criatura contratada adequada. Quando chegar o momento, posso lhe estender um convite, principalmente em um papel de apoio. Você pode considerar se concorda e que forma de compensação deseja. Heh heh, não há pressa para uma resposta. Pense nisso pelos próximos dois dias.

— Você está abrindo caminho para que eu esteja mentalmente preparado e promova expectativas apropriadas. — Anthony Reid decifrou os pensamentos de Lumian.

Instantaneamente, Lumian sentiu uma pontada de constrangimento, mas ele nunca foi de corar facilmente. Ele manteve um sorriso composto e articulou: — Você não percebe que ser honesto colocará sua vida em perigo?

Anthony Reid ofereceu um leve aceno de cabeça, afirmando certos aspectos antes de se comprometer a ajudar na leitura das informações e na elaboração do resumo.

No segundo andar do Salle de Bal Brise, na sala adjacente aos aposentos de Lumian.

Lumian examinou Anthony Reid e o Coelho do Conhecimento, sentados, peneirando diligentemente as informações e preenchendo formulários. Ele sutilmente assentiu aliviado.

Mais uma vez, ele reiterou o cuidado de não se aprofundar no conhecimento das criaturas do mundo espiritual marcadas como “poderosas” e “perigosas”. Saindo da sala, ele entrou no escritório no final do corredor.

Franca se aconchegou na poltrona de Lumian, com os pés calçados com botas vermelhas apoiados na borda da mesa.

Perplexa e intrigada, ela perguntou: — Com o que exatamente você precisa da nossa ajuda? Por que você está sendo tão misterioso?

Jenna se acomodou na cadeira em frente a ela, virando o corpo enquanto seu olhar se voltava para a porta.

Lumian fechou a porta com indiferença e relatou a situação, elucidando sua necessidade de ter uma criatura contratada antes de confrontar o padre.

— Uma simples adivinhação não seria suficiente? — Franca ponderou enquanto concordava com o pedido de Lumian, enquanto Jenna fervia de curiosidade sobre as criaturas do mundo espiritual.

Em pouco tempo, Franca olhou para o trio de Coelhos do Conhecimento e Jenna, assim como Lumian, cada um absorto em suas respectivas tarefas de estudar documentos. A diversão impregnava sua voz: — Por que isso parece uma oficina em miniatura, e nós somos os trabalhadores?

“Parabéns, seus instintos estão certos…” Lumian retrucou brincando: — Eu também não estou examinando as informações e preenchendo formulários?

Franca refletiu sobre isso e cedeu. Ela retomou seus trabalhos.

E assim, eles persistiram até bem depois das 22h, pontuando seus esforços com inúmeras pausas — refeições, sestas, cochilos — para amenizar a tensão. Breves pausas precederam a convocação dos Coelhos do Conhecimento mais uma vez.

Intermitentemente, durante seus curtos intervalos, Lumian observava Franca, Jenna, Anthony Reid e o quarteto de Coelhos do Conhecimento. Ele permaneceu vigilante para evitar que eles ficassem muito absortos e para detectar quaisquer anomalias que pudessem experimentar.

Jenna chegou ao seu limite primeiro. Tendo recentemente ascendido a Instigadora, ela não tinha se acostumado completamente aos efeitos da poção e estava lutando para conter a onda de poder. Seu estado estava abaixo do ideal.

Anthony Reid seguiu o exemplo. Suas cicatrizes psicológicas eram profundas, tornando-o suscetível a certos desvios.

Lumian, Franca e o sétimo grupo de Coelhos do Conhecimento seguiram firmes até o fim.

O Barão Brignais concluiu sua tarefa por volta das 18h e entregou os documentos e formulários na cafeteria.

Depois de dispensar e de se despedir dos assistentes cansados, Lumian retornou ao esconderijo na Rue des Blouses Blanches, classificando os formulários em uma pilha organizada.

Examinando os papéis brevemente, ele confirmou o estado geral das coisas. Uma sensação de realização cresceu dentro dele enquanto casualmente jogava os formulários na mesa.

A seleção imediata não estava em sua agenda. Seu plano era primeiro estabelecer um status de Contratado e resolver os detalhes do contrato. Só depois ele consultaria o índice, prevenindo assim a probabilidade de tropeçar em uma criatura do mundo espiritual que correspondesse a seus critérios em todos os aspectos, mas não cumprisse as estipulações do contrato.

Lumian descansou por um tempo antes de invocar um Coelho do Conhecimento e encarregá-lo de duplicar mais dois formulários.

Armazenando os três índices separadamente, o cansaço de Lumian era palpável. A perspectiva de se banhar parecia distante enquanto ele caía na cama e se entregava ao sono.

Às 6 da manhã, Lumian transbordava vigor, sem mostrar pressa em descer ao subterrâneo, arrumar um altar e implorar por uma bênção. Em vez disso, ele se engajou em seu regime habitual: correr, praticar boxe e cultivar seu equilíbrio mental.

Por volta das 8 da manhã, estava diante da porta do quarto 207 do Auberge du Coq Doré, com os ingredientes prontos.

Após um breve debate interno, Lumian finalmente pegou a lâmpada de carboneto, embora não precisasse mais de equipamento de iluminação especializado; ele era, em essência, um modelo dessas habilidades.

Sua aspiração baseava-se na suposição inicial de seus inimigos de que ele não tinha visão noturna e era inepto em gerar luz.

No Submundo de Trier, diversos rituais já ocorreram.

Lumian arrumou rapidamente o ambiente úmido e escuro, posicionando uma vela com infusão de sangue sobre a pedra do altar.

Assim que ele concluiu a santificação da adaga de prata e se preparou para lançar uma parede espiritual, passos fracos chegaram aos seus ouvidos.

Os sons reverberavam dentro da passagem subterrânea, aparentemente não muito distante da mina atual.

“Alguém está passando?” O pulso de Lumian acelerou, sua intenção fixada em rapidamente restaurar a ordem na área e se esconder.

No entanto, quando se aproximou do altar à sua frente e antes que pudesse apagar a lâmpada de carboneto, passos suaves se aproximaram, manifestando-se na entrada da caverna.

Ciente de que se esconder era inútil, Lumian imediatamente se virou, com uma mão enfiada no bolso e o olhar convergindo para a origem do som.

Um homem esbelto de pele marrom-escura estava ali, segurando uma lâmpada de carboneto. Seu cabelo preto tinha um leve cacho, e seus olhos tinham um fascínio profundo. Ele ostentava uma capa preta de vidente que lembrava aquelas vistas em um circo.

“Monette…” Lumian reconheceu a figura.

Ele era um vigarista da Ilha que enganou Charlie e foi ludibriado pelos vigaristas do Salle de Bal Unique.

Monette também viu Lumian.

Um sorriso irônico surgiu nos cantos de seus lábios enquanto ele cumprimentava com alegria palpável: — Que coincidência.

Junto com suas palavras, o vigarista sacou um monóculo de cristal e o inseriu na órbita do olho direito.

Capítulo 315 – Termiboros Ansioso

Combo 10/50


“Que coincidência?” Lumian sabia que não deveria considerar isso mera coincidência.

Não foi como quando ele resgatou Jenna — Lumian seguiu a trilha obstinadamente.

A presença de Monette, com o monóculo no olho, despertou a cautela de Lumian. Ele esboçou um sorriso e respondeu: — De fato. Que coincidência.

Com uma mão casualmente enfiada no bolso, Lumian desempenhou seu papel, fingindo prender as velas e os materiais na superfície da pedra. A intenção era transmitir que o ritual estava completo e que ele poderia partir quando quisesse. Não havia nada de valor para saquear ou destruir.

Monette ajustou seu monóculo e, com um aceno de mão, ofereceu um sorriso de despedida.

— Vejo você na superfície.

E assim, ele se retirou, seus passos desaparecendo nas profundezas.

Lumian foi pego de surpresa.

“Ele vai embora assim mesmo?”

“Poderia realmente ter sido uma coincidência?”

“A julgar pela familiaridade de Monette com o Submundo Trier, é evidente que ele atravessou essas passagens inúmeras vezes. No entanto, esse nível de familiaridade deveria tê-lo ensinado que invadir um local bem iluminado em meio à escuridão poderia facilmente desencadear um conflito…”

“O senso comum dita que a presença de um estranho justifica observação cautelosa para qualquer abordagem. A aparição abrupta e indiferente pareceu estranha…”

“Ele realmente possui tanta confiança em suas proezas?”

“Não pode ser só para me assustar!”

Enquanto os pensamentos de Lumian corriam, ele desviou o olhar da entrada da caverna para as velas e materiais cuidadosamente dispostos nas rochas.

Surgiu a questão de persistir ou não com o ritual de bênção. Naquele instante, a voz de Termiboros reverberou dentro dele: — É melhor você ir para outro lugar.

“Hum…” Os sentidos de Lumian formigaram, captando uma nota de desconforto no tom de Termiboros.

Era sutil, quase evasivo, fazendo Lumian duvidar de seu julgamento.

Esta foi a primeira vez que Lumian percebeu flutuações emocionais neste anjo da Inevitabilidade.

Em interações anteriores, não importa o quanto Lumian o provocasse, Termiboros apenas mantinha silêncio.

Com o coração acelerado, Lumian deixou escapar: — Essa pessoa é realmente perigosa?

Isso confirmou o palpite de Lumian.

O anjo percebeu um problema iminente através das cordas do destino, uma situação difícil que poderia colocar em risco Sua própria essência.

— Por que um indivíduo aparentemente menos formidável desencadeia tal desconforto? Qual é a motivação dele? — Lumian continuou.

Termiboros voltou à sua profundidade habitual enquanto entoava: — Estou selado. Só consigo perceber o mundo exterior através de você, então me faltam informações amplas. Para descobrir as respostas a essas perguntas, o selo deve primeiro ser enfraquecido.

“Eu pareço um idiota para você? Eu até suspeito que sua ansiedade e preocupação podem ser falsificadas para exercer pressão e intimidar… Mas dada a conduta anterior de Termiboros, mesmo que não houvesse progresso, tais intenções abertas não deveriam ter sido reveladas tão rapidamente… A aparição de Monette foi de fato estranhamente coincidente, suas ações envoltas em bizarrice inexplicável. Se possível, devo evitá-lo. É mais seguro presumir que ele representa um perigo considerável do que subestimar e me expor…” Com um passo rápido, Lumian juntou seus pertences, agarrou a lâmpada e saiu da caverna da pedreira.

Com base no mapa subterrâneo meticulosamente memorizado dos registros de Gardner Martin, Lumian foi mais perto do Quartier de la Cathédrale Commémorative, discretamente aprofundando-se alguns metros abaixo do nível do solo para chegar em outra caverna de pedreira sombria e silenciosa. Ele incorporou nada menos que três manobras evasivas ao longo do caminho para escapar de rastreadores em potencial.

Ufa… Exalando um suspiro de alívio, Lumian examinou os arredores e pousou sua lâmpada de carboneto no chão. Em uma pedra moderadamente nivelada, ele organizou as velas e os componentes do ritual, garantindo seu alinhamento adequado.

De repente, um lampejo de movimento nas sombras na borda da pedreira despertou seus sentidos.

Hiss… O coração de Lumian deu um pulo. Segurando a lâmpada de carboneto com cuidado, ele direcionou sua luz em direção à fonte.

Um brilho amarelo-azulado perfurou a obscuridade, revelando um rato preto parcialmente escondido pelo cascalho.

O rato não fez nenhum esforço para fugir da luz; ele ficou parado. Depois de alguns batimentos cardíacos, ele virou languidamente e desapareceu em uma fenda minúscula na base da parede de pedra.

Por alguma razão, Lumian sentiu uma desproporção entre os olhos direito e esquerdo do rato.

Segurando a lâmpada de carboneto, a tensão mais uma vez percorreu Lumian. Ele sussurrou, — Temiboros, há algum problema aqui também?

A voz de Termiboros ressoou dentro do ser de Lumian, emanando uma aura real.

— É melhor você rezar imediatamente para o Tolo pedindo proteção angelical antes de se mudar para outro lugar.

“A situação poderia ser tão grave assim?” As pupilas de Lumian dilataram-se. Rapidamente produzindo uma vela adicional, ele construiu apressadamente o altar.

Não havia um pingo de preocupação quanto a Termiboros potencialmente manipulá-lo para uma escolha prejudicial. Afinal, orar ao Tolo era o último recurso de Lumian, e inegavelmente servia aos seus interesses.

De uma perspectiva diferente, o próprio fato de que as circunstâncias compeliram um anjo da Inevitabilidade a implorar indiretamente a proteção do Tolo implicava que algo muito errado estava acontecendo. Liberado, o perigo se mostraria insondável!

Estando mental e fisicamente ótimo, as mãos hábeis de Lumian moldaram as velas, um processo que durou pouco mais de dez segundos. Ele santificou a adaga e forjou uma parede de espiritualidade que envolveu somente ele e o altar.

Metodicamente, acendeu as três velas sequencialmente, da divindade para a humanidade, da esquerda para a direita, pontuando com gotas de óleo essencial e extrato.

Em meio à névoa e aos fios de neblina, Lumian exalou, recitando seriamente: — O Tolo que não pertence a esta era, o governante misterioso acima da névoa cinza; o Rei do Amarelo e do Preto que exerce boa sorte.

— Eu imploro a você,

Conforme o ritual se desenrolava, Lumian se rendeu ao abraço da névoa, ao formigamento de sua pele, à lassidão de sua mente. Mais uma vez, vislumbrou o serafim de doze asas, pura luminescência descendo de alturas infinitas para envolvê-lo.

Conforme as asas radiantes recuavam e se dissolviam, os sentidos de Lumian voltaram a ele. Avaliando seu estado, ele se apressou para embalar os itens do altar e saiu rapidamente dos confins da caverna.

Descendo abaixo do movimentado distrito comercial, Lumian manteve sua vigilância e evasão praticada, avançando com atenção meticulosa.

Quase vinte minutos se passaram antes que Lumian encontrasse em outra caverna escondida, protegida por sua localização discreta, cortesia de seu mapa.

Entrando, ele avaliou os arredores. Com a voz baixa, ele perguntou: — Temiboros, há algum problema aqui?

— Atualmente, nenhum, — respondeu Termiboros.

Lumian fechou os olhos, uma calma recém-descoberta tomando conta dele.

Ele refletiu sobre suas opções.

“Devo subir e aguardar a dissipação da anomalia antes de procurar um refúgio isolado para o ritual de bênçãos? Ou devo aproveitar o momento, escapar brevemente da anormalidade e apressar minha progressão para Contratado, capitalizando a proteção angelical do Tolo?”

De acordo com a disposição de Lumian, ele se inclinou para assumir o risco. O cenário não mudaria mais tarde. Ele não conseguia verificar se a anomalia havia realmente se dissipado. Precisava do conselho de alguém de patente mais alta.

Nesse caso, ele poderia muito bem procurar esse conselho agora!

O altar foi reintegrado. No entanto, dessa vez, ele ignorou proteção ou bênçãos, convocando em vez disso a mensageira da Madame Mágica.

A boneca mensageira, vestida com um vestido dourado claro, apareceu acima da chama bruxuleante da vela.

Observando Lumian, ele resmungou: — Este não é um bom lugar.

Com isso, ele recuperou a carta escrita às pressas da mão de Lumian.

A carta relatou brevemente o comportamento de Monette e a resposta de Termiboros, questionando a possibilidade de iniciar o ritual de oração de bênção naquele momento.

Lumian exerceu alguma astúcia aqui. Ele não solicitou diretamente a proteção da Madame Mágica, apenas perguntou sobre a viabilidade.

Contratar uma semideusa tinha um preço alto. Lumian considerou que era atualmente inacessível. Em vez disso, tentou chamar a atenção dela perguntando.

Claro, se a situação ficasse crítica, ele consideraria. Dívidas poderiam ser pagas. Ou se a pessoa estivesse morta, o pagamento se tornaria discutível.

“Este não é um bom lugar… Isso diz respeito à caverna atual ou a todo o Submundo de Trier?” Lumian contemplou as palavras do mensageiro.

Rapidamente, a mensageira retornou, trazendo a resposta da Madame Mágica: “Isso é um grande problema.”

O comentário inicial da Madame Mágica fez as pálpebras de Lumian tremerem.

“É claro que a situação não é terrível, pelo menos, ainda não decifrei o retorno da entidade mais séria a este mundo.”

“O que precisamos averiguar é Sua verdadeira intenção. A reação de Termiboros implica que Ele é o alvo, mas esse indivíduo é excelente em esconder motivos. Isso pode muito bem ser uma ilusão calculada para nos enganar ou a outra parte.”

“Por enquanto e no futuro previsível, as anomalias devem estar ausentes. Estabilize-se e prossiga com a prece de bênção.”

“Ele? Um anjo? A entidade cuja hostilidade Monette exibiu é um anjo?” Lumian suspirou involuntariamente, engolfado por uma onda renovada de trepidação.

“Isso me fez lembrar da singularidade do Salle de Bal Unique.” Ele suspeitou que confrontá-los para cobrar uma dívida poderia enredá-lo com uma horda de Abençoados angelicais!

Vendo que a avaliação da Madame Mágica coincidia com a de Termiboros, Lumian se recompôs e reconfigurou o altar.

Em pouco tempo, ele se concentrou no par de velas cinza-esbranquiçadas simbolizando o poder da Inevitabilidade e a si mesmo. Em meio à fragrância intrincada do perfume âmbar cinza, ele recuou um pouco e entoou profundamente, — Poder da Inevitabilidade!

— Você é o passado, o presente e o futuro;

— Você é a causa, o efeito e o processo.

Capítulo 316 – “Carta-convite”

Combo 11/50


Em uma repetição de eventos, a chama prateada da vela mais uma vez se solidificou em um raio de luz, atingindo o peito esquerdo de Lumian, já devastado pela agonia e pelo tumulto.

Em meio à névoa cinza e ao vento negro e inquietante, um líquido ilusório preto-prateado começou a escorrer.

Em algum ponto elusivo no tempo, a dor e a vertigem de Lumian desapareceram em insignificância. Ele sentiu como se tivesse se transformado em uma entidade completamente diferente.

Parado no deserto, ele agarrou um arco de madeira na mão e disparou uma flecha que brilhou com uma luz azul em direção ao seu alvo aéreo.

Lumian lembrava vagamente quem era, mas sentia que tudo era extremamente real e que ele estava vivenciando aquilo.

A flecha afiada, azul espectral, cortou o céu e encontrou seu alvo na barriga de um abutre escuro.

Uma agonia surgiu na consciência de Lumian. Ele se observou batendo suas asas, descendo com uma flecha perigosamente alojada perto de seu abdômen.

“Não, por que me tornei um abutre…” Em meio à experiência presente, Lumian manteve um fragmento de consciência sobre seu próprio estado e condição.

Estrondo!

Ele colidiu brutalmente com o chão, cada osso se quebrando com força excruciante. A agonia perfurou seu âmago.

Lumian cambaleou à beira da inconsciência quando uma hiena avançou, de olho nele.

Carne quente e repulsivamente perfumada encheu sua boca. Ele se viu devastando a forma sem vida do abutre cinza-escuro. A ponta da flecha azulada havia se partido dentro do abutre.

“Esse gosto é nauseante… Eu não sou Ludwig, a criança monstruosa…” A queixa interna de Lumian ressoou.

Ele não se confundiu completamente com uma hiena, mas continuou a morder e devorar sua presa incontrolavelmente, sem largar as partes envenenadas.

De repente, uma dor lancinante atingiu suas costas, e ele foi jogado no chão por garras afiadas.

Seu agressor: um leão misterioso, marcado pela decomposição, expelindo pus amarelo-sangue de suas feridas.

Lumian rasgou a garganta da hiena e recuou com ela para o mato próximo.

Ao testemunhar a cena através das lentes de um observador, ele sistematicamente desmembrou a hiena.

Em meio a uma mistura de satisfação e repulsa, o abdômen de Lumian fervia. Seus poderes Beyonder, oscilando à beira do controle, foram totalmente acesos pelo veneno, resultando em uma anomalia caótica.

Sua sanidade diminuiu, espiralando para a insanidade. Tudo o que restou foi uma vontade insaciável de obliterar os seres diante dele, de desencadear o caos.

“Não, eu não devo sucumbir… O objetivo primordial continua incompleto…” Lumian inspirou o aroma suave e doce do âmbar cinza, resistindo à rendição completa à loucura.

No meio de sua corrida catártica, sua atenção se fixou em um caçador, e ele avançou contra a figura.

Com um arco de madeira em mãos, Lumian sentiu um cheiro repugnante e avistou um leão em decomposição, com duas protuberâncias semelhantes a verrugas nos ombros.

Sua boca, adornada com restos de carne vermelha vibrante e sangue, estendia-se até o limite.

Um choque de alarme percorreu Lumian quando sua plena autoconsciência retornou. Ele discerniu que a “forma” do caçador havia se tornado etérea, semelhante à do abutre, hiena e leão, transformando-se em intrincadas palavras preto-prateadas e símbolos bizarros.

As palavras se ligaram ao símbolo, formando um anel que abruptamente se contraiu em seu corpo.

Os olhos de Lumian se abriram, e ele confrontou a chama bruxuleante da vela preto-prateada. Uma pedra de meio metro de altura, funcionando como um altar, encontrou seu olhar.

“O encontro pareceu tangivelmente autêntico… Como se eu tivesse sido o abutre, a hiena, o leão e outro humano…” Lumian massageou sua cabeça latejante e gradualmente se levantou. Refletindo sobre suas experiências anteriores, ele assimilou o conhecimento recém-descoberto em sua mente.

Ele não conseguia se lembrar de quando rolou no chão de dor.

Ufa… Exalando profundamente, Lumian afirmou que havia adquirido uma nova benção e se transformado em um Contratado.

Ele rapidamente arrumou o altar, desfez a parede de espiritualidade e pegou a lâmpada de carboneto, pronto para deixar a caverna a qualquer momento.

Simultaneamente, Lumian avaliou sua transformação e as habilidades do Contratado.

Sua espiritualidade teve um aumento notável.

Sua flexibilidade como Dançarino e a resistência do Monge da Esmola em ambientes hostis mostraram uma melhora modesta, embora não substancial.

Seu senso intuitivo para sorte também teve uma ligeira melhora. No entanto, ao reconhecer que Termiboros poderia influenciar seu destino e julgamento, ele se absteve de confiar frequentemente nessa habilidade para proteção.

A Dança de Invocação agora exercia uma esfera de influência mais ampla, e sua habilidade de possuir criaturas bizarras à força havia se expandido ainda mais.

O status de Contratado lhe concedeu apenas uma nova habilidade: o poder de fazer um contrato com uma criatura invocada, tomando emprestada diretamente uma habilidade característica distinta.

Ao contrário das antecipações de Lumian, esse contrato único havia se fundido com seu corpo e alma durante seu avanço. Sua transferência para outros era impossível.

Em essência, ele havia se tornado uma parte indivisível do contrato, o aspecto mais essencial. Com o tempo, precisaria confiar nesse elemento para compor as seções restantes do contrato e oferecê-las à criatura alvo para assinar.

Depois de refletir por um tempo, Lumian teve uma compreensão rudimentar das especificidades da habilidade Contrato.

O acordo só poderia ser formado com o consentimento da criatura alvo.

Uma vez selado o contrato, ele poderia escolher as características que desejasse, guiado por sua vontade.

Com cada contrato ratificado, ele não apenas adquiriria uma habilidade, mas também assimilaria uma medida de influência do ser contratado. Quanto maior sua classificação, maior o impacto adverso.

A contagem de contratos assinados dependia de sua resiliência. Talvez ele pudesse suportar apenas um atributo de alto nível ou extremamente potente. Várias características comuns poderiam ser suportadas, acompanhando seu status. Particularmente as fracas poderiam ser perseguidas mais liberalmente.

Ao assinar um contrato, um custo era implicado. Parte era um tributo à entidade contratada, e o restante era um tributo à testemunha. O custo poderia abranger vida, membros, parentes, entes queridos, ofertas, o máximo de espiritualidade de alguém, uma fração da razão, e assim por diante. A demanda precisa dependia dos desejos da criatura contratada.

Portanto, muito da informação que Lumian coletou dessa benção dizia respeito à criatura correspondente. Isso abrangia habilidades específicas e a compensação que a contraparte buscava.

No entanto, a maioria dessas criaturas estranhas eram sinistras e misteriosas, e o preço que ele precisaria pagar era consistente. Lumian não queria selecionar dentre suas fileiras.

Claro, essa não era a razão principal. Concebivelmente, essas criaturas que abrigavam o conhecimento místico entrelaçado com o poder da Inevitabilidade tinham laços com a entidade conhecida como Inevitabilidade. Lumian temia que forjar um contrato com elas pudesse manipulá-lo secretamente, impulsionando seu destino para o abismo.

Consequentemente, Lumian não tinha intenção de designar a entidade como objeto de oração e testemunho ao firmar um pacto.

Uma escolha superior estava à mão: Sr. Tolo!

De acordo com os sermões na catedral do Tolo que Lumian tinha ouvido, essa grande entidade reinava sobre o mundo espiritual. O Anjo do Espírito Santo, por Seu trono, presidia o mundo espiritual em Seu nome.

Mesmo que exagerado, isso testemunhava a considerável influência do Sr.Tolo no mundo espiritual.

Em tal situação, Lumian, marcado pelo selo do Tolo e alistando O Tolo como intermediário e testemunha do pacto, poderia potencialmente render vantagens substanciais e benefícios ocultos ao tentar forjar um pacto com uma criatura do mundo espiritual. Era como outros Contratados assinando contratos com criaturas estranhas que vinham com conhecimento.

Lumian prontamente analisou o conhecimento recentemente adquirido e percebeu que certos aspectos permaneciam bastante ambíguos, como se abrangessem inúmeras possibilidades.

Por exemplo, a estipulação de obter o consentimento da criatura alvo antes de assinar um contrato não especificava a metodologia de obtenção do consentimento. Garantir o acordo por meio de ofertas como suborno constituía consentimento, mas também o fazia forçá-los a se submeterem sem reservas. Da mesma forma, a compensação exigida por estes últimos deveria ser negociável.

Além disso, os impactos que o conhecimento adquirido de criaturas contratadas trazia, juntamente com os limites da resistência de alguém, impediam a possibilidade de Lumian contornar o sistema para forjar um pacto com uma criatura de alto escalão e obter poder divino a um preço razoável por meio do selo do Sr. Tolo, o soberano do mundo espiritual.

No entanto, a liberdade de escolher qualquer amálgama de habilidades dentro de um espectro definido impôs um limite superior considerável ao potencial de um Contratado. Naturalmente, o piso era igualmente baixo. Optar por uma habilidade inadequada e exigir um preço errôneo poderia tornar alguém abaixo da média, mesmo em comparação às aptidões de um indivíduo de elite não-Beyonder.

Lumian se firmou e murmurou com uma sensação de contentamento: — Temiboros, você tem algo a acrescentar?

Para ser sincero, a principal apreensão de Lumian ao descer ao subterrâneo era se Termiboros exploraria o ritual de busca de bênçãos para instigar o mal. Afinal, a potência da bênção que ele estava adquirindo estava aumentando, representando uma ameaça genuína ao anjo da Inevitabilidade. Mesmo se selado com segurança, Ele desenterraria um método para agitar a discórdia. Era improvável que Ele permanecesse inerte, permitindo que Sua força diminuísse.

Além disso, durante o ritual de bênção, o selo inevitavelmente quebraria um pouco, permitindo que a essência da Inevitabilidade vazasse. Isso daria a Termiboros uma oportunidade distinta.

Inicialmente, Lumian pretendia solicitar salvaguardas antes de orar oficialmente por uma benção. Inesperadamente, a aparição bizarra de Monette e o anjo que o apoiava aceleraram a necessidade de uma benção. Termiboros se tornou mais tratável, abstendo-se de interferências conspícuas.

A voz de Termiboros ressoou com Sua resposta: — A entrada da caverna.

“A entrada da mina… O que isso implica?” Lumian agarrou a lâmpada de carboneto e avançou em direção à entrada da caverna, atolado em perplexidade.

Uma luminescência amarelo-azulada lançou luz sobre a extensão coberta de detritos, revelando um pedaço de papel rígido meticulosamente aparado.

“Não estava presente quando entrei…” Lumian ficou tenso e se aproximou cautelosamente. No papel de ébano, um monóculo havia sido meticulosamente desenhado, quase replicando a realidade. Quatro frases em Intisiano vermelhas vibrantes e em negrito enfeitavam a página:

“Salle de Bal Unique”

“Noite dos Amantes”

“19h da noite na última noite de cada mês”

“Você está convidado.”

“Salle de Bal Unique… Monóculo… Noite dos Amantes…” Os pensamentos de Lumian imediatamente evocaram uma imagem de Monette usando um monóculo na órbita do olho direito.

Ele invocou sinceramente a proteção angelical do Tolo e fez um esforço considerável para evitar ser detectado, mas não conseguiu se livrar do enigmático trapaceiro?

“Não, a bênção do Sr.Tolo exala uma influência anti-adivinhação e anti-profecia de alto nível. A menos que Monette tenha estado espreitando em minha vizinhança sem ser despistado, é implausível que ele me encontre!” O coração de Lumian pulou uma batida enquanto ele instintivamente examinava os arredores.

O silêncio reinava na obscuridade que cercava a caverna da pedreira. No entanto, a pele de Lumian arrepiou-se, como se uma abundância de olhos permanecesse escondida no ar.

Capítulo 317 – Alvo

Combo 12/50


Na época de Cordu, Lumian poderia ter aceitado o convite e ido até o Salle de Bal Unique no final do mês, tudo para pregar uma peça e retribuir o choque.

No entanto, dessa vez, o domínio de Lumian sobre o mundo místico era mais firme, resultado de seu contato com inúmeras aberrações sobrenaturais. Ele conjurou uma centelha com o estalar dos dedos, enviando uma faísca carmesim que pousou no papel de ébano diante dele.

Em meio às chamas que aumentavam rapidamente, Lumian saiu da caverna, com sua lâmpada de carboneto lançando luz, guiando-o em direção à saída mais próxima do subterrâneo.

No entanto, nessa jornada, uma paranoia inabalável o dominou. O musgo nas paredes rochosas, os insetos invisíveis dentro das sombras, até mesmo as entidades intangíveis que atravessavam o ar — era como se os olhos de Monette o perfurassem de todos os ângulos.

Não era mera ilusão, mas sim uma realidade que deixava a mente de Lumian tensa, cada batida do coração era um galope de inquietação.

O silêncio inabalável de Termiboros proporcionou o único consolo, uma falta de agitação sugerindo que o dilema não havia piorado, ainda.

Lumian chegou às escadas de aço um quarto de hora depois, emergindo novamente em solo firme.

Enquanto os raios de sol perfuravam o céu, penetrando um mar de nuvens brancas e banhando seu rosto com seu brilho, ele sentiu como se tivesse renascido.

“Ufa, não é de se espantar que a Madame Mágica tenha dito para viver sob o sol em Trier o máximo possível…” Soltando um suspiro, Lumian apagou a lamparina, orientou-se e traçou seu curso de volta para a Rue des Blouses Blanches.

Ao retornar ao esconderijo, imediatamente convocou o mensageiro da Madame Mágica, informando a portadora da carta dos Arcanos Maiores sobre os acontecimentos.

A resposta da Madame Mágica foi simples:

“Trabalho exemplar. Fique longe do Salle de Bal Unique.”

“O Anjo do Tempo do Senhor manterá vigilância sobre este assunto.”

“Por que o Anjo do Tempo do Sr. Tolo direcionaria Sua atenção para o Salle de Bal Unique?” Existe mesmo um Anjo do Tempo? A entidade angelical que os charlatões de Salle de Bal Unique reverenciam tem uma ligação com o Anjo do Tempo do Sr. Tolo. Ou talvez, uma animosidade?” Lumian analisou, momentaneamente à deriva na escuridão da compreensão.

Com um certo alívio, reclinou-se na cama, entregando-se ao abraço do sono — um interlúdio em que sua fortaleza mental e vitalidade passaram por um reabastecimento.

Ao meio-dia, Lumian comeu duas tortas de carne saborosas e bebeu um copo de Whiskey de Maçã. Sentado à mesa, ele se envolveu em uma leitura séria do bestiário que narrava as criaturas do mundo espiritual.

Enquanto ele folheava as páginas, uma caneta-tinteiro preta e elegante dançava em sua mão, criando círculos propositais no papel para acentuar possíveis candidatos.

Após mais de uma hora de intenso estudo, Lumian sintetizou uma lista preliminar de 50 a 60 entidades do mundo espiritual ostentando atributos adequados e níveis de ameaça modestos. Seguindo as pistas nas páginas indicadas, ele recuperou os manuscritos de origem e embarcou em uma pesquisa meticulosa.

Intervalos intermitentes pontuavam sua leitura. Enquanto a noite pintava o céu em tons de crepúsculo, Lumian finalmente concluiu sua leitura meticulosa dos materiais de origem, agora em posse de seu profundo conhecimento. Uma seleção final havia sido forjada.

O primeiro da fila foi a Mão Decepada. Esse espírito enigmático, outrora envolto em lendas nas partes sul e central do mundo, foi conjurado por aficionados do misticismo, deixando um rastro de corpos sem vida em seu caminho.

De acordo com relatos da cena do crime, os mortos estavam espalhados pela extensão da floresta. Com exceção daqueles inicialmente reivindicados dentro de uma cabana de caçador, as mortes restantes ocorreram quase simultaneamente. Essa revelação sugeriu as rápidas transições da Mão Decepada entre as vítimas, estrangulando uma alma e, num piscar de olhos, avançando em direção à sua próxima presa.

Adivinhações por sonhos revelavam uma mão gangrenosa, azul-escura, inchada e exsudando putrefação. Sua aparição era sempre abrupta, quebrando o pescoço de uma vítima em dois a três segundos antes de desaparecer para atacar outra, independentemente da distância.

Com base nas características da mão, Lumian inferiu sua considerável aptidão para atravessar o mundo espiritual.

Quanto ao seu nível de perigo, os relatos da Madame Mágica o consideraram comum, limitado pelas restrições do ritual de invocação.

No entanto, um detalhe significativo se destacou no relato da carta dos Arcanos Maiores: “Suspeita-se que seja um fragmento de algo maior.”

“Mão decepada? Poderia ainda haver pernas, cabeças, torsos e entranhas decepadas? O que aconteceria quando esses fragmentos convergissem? Se remontados, o que se manifestaria?” Lumian vasculhou o índice em vão, falhando em desenterrar entidades análogas. Seu foco estava em habilidades, características e níveis de ameaça, com pouca atenção à nomenclatura.

Uma teoria alternativa permaneceu em andamento. As contrapartes da Mão Decepada restantes podem residir dentro das categorias poderosas e perigosas, evitando o estudo de Franca, Jenna e dos Coelhos do Conhecimento.

Caso a esperada capacidade de travessia do mundo espiritual se mostrasse ilusória, ou se o custo exigisse um preço insustentável, Lumian tinha um arsenal de alternativas à sua disposição.

Em relação às habilidades de disfarce, ele desenvolveu uma preferência peculiar por uma criatura do mundo espiritual conhecida como Noiva Sem Cabeça.

Este conto mítico foi tecido no coração do Reino Haagenti no Continente Sul. Começou com a história de uma jovem que ousou fugir com seu amado.

Nas câmaras sombreadas de suas núpcias ocultas, seus parentes revelaram a cerimônia envolta. Em meio à assembleia de familiares e parentes, seu próprio irmão exigiu um fim rápido e brutal, cortando sua cabeça em nome da transgressão matrimonial e decreto ancestral.

Talvez essa garota fosse especial para começar, ou talvez tenha entrado em contato com algo relacionado ao mundo espiritual durante sua fuga. Assim, inflamada pela agonia, fúria e rancor que a dominaram antes de sua morte, ela absorveu a essência do mundo espiritual, transmutando-se em uma criatura semelhante a um espírito maligno.

Vestida com trajes nupciais escarlates adornados com enfeites dourados, ela caçou e enfeitiçou sua linhagem, submetendo-os a uma torrente interminável de catástrofes que duraram três décadas, até que sua linhagem foi quase totalmente apagada.

No presente, a Noiva Sem Cabeça rondava o mundo espiritual, mudando de forma com arte calculada. Suas transformações seduziam seres incautos e viajantes desavisados, atraindo-os para mais perto de sua perdição em seu abraço implacável.

Para um Piromaníaco, esse era um alvo fácil com a proteção de um ritual.

A alternativa da Noiva Sem Cabeça era o Louva-a-Deus com Rosto Humano:

“Esta é uma criatura única do mundo espiritual. Quando ele estava vivo, ele era um playboy com elegância e boa aparência.”

“Como educador em Sião, na Província de Hornacis, na República de Intis, ele foi recebido com admiração e ardor tanto por damas ilustres quanto por jovens donzelas.”

“Ele era talentoso em literatura, habilidoso em poesia e teve inúmeras amantes.”

“Essa existência idílica teve um fim abrupto quando uma esposa rejeitada o denunciou à Igreja como um Bruxo, acusando-o de empregar feitiçaria para controlar mulheres.”

“Agentes enviados pela Igreja do Eterno Sol Ardente investigaram o assunto, reunindo relatos de uma multidão de homens locais. Surpreendentemente, seus testemunhos ecoaram as alegações na carta de reclamação. Estranhos uns aos outros, as narrativas desses homens convergiram em simetria perturbadora.”

“Em contraste, as damas e jovens donzelas atestaram firmemente seu envolvimento voluntário, defendendo fervorosamente as ações do playboy.”

“Em meio ao ressentimento latente dos homens locais, o julgamento correu para uma conclusão. O playboy encontrou seu fim na fogueira.”

“Após investigação posterior, as autoridades confirmaram sua inocência, revelando as acusações como uma construção de inveja e inimizade coletivas.”

“É sugerido que um Instigador estava nos bastidores.”

“No mundo espiritual, a essência do playboy se metamorfoseou em um louva-a-deus com aparência humana. Apodrecendo dentro dele estava uma aversão avassaladora, misturada com um domínio sobre a metamorfose e a predação implacável…”

Lumian ficou emocionado ao ler as duas informações.

Seis anos como vagabundo o fizeram conhecer a ignorância que ensombrava a vida na aldeia.

Disso, ele deduziu que nem todos os habitantes do mundo espiritual surgiram do útero da natureza. Em vez disso, sob circunstâncias excepcionais, as almas de humanos falecidos podiam se transmutar em criaturas espirituais duradouras. Uma explicação plausível para assombrações.

Ponderando meticulosamente, Lumian renunciou à sua aspiração por invisibilidade e ocultação. Em vez disso, reservou seu último espaço de contrato para características com influência direta sobre seu Corpo Espiritual.

Suas escolhas se resumiam ao Mal de Mil Olhos e à Sombra do Grito.

Essas duas entidades eram ‘nativas’ por excelência do mundo espiritual, aventurando-se apenas nos reinos de pesadelos e nos tomos da autêntica arte dos Bruxos.

O Mal de Mil Olhos era composto por formas carnudas, exalando um icor rosa, cada uma adornada com um olho desprovido de cílios.

Olhar fixamente para as pupilas dessas formas, fossem elas humanas, bestiais ou meros corpos espirituais, levava a um sono rápido.

Sua conexão com os sonhos era palpável; eles ocasionalmente se manifestavam nos recantos mais sombrios dos pesadelos mais angustiantes.

A Sombra do Grito, por outro lado, se manifestava como uma confluência de sombras translúcidas. Com frequentes explosões de gritos, ela induzia inconsciência naqueles que ousavam se aproximar.

Além dos gritos, as sombras exibiam os atributos de sombras comuns.

Lumian transcreveu meticulosamente todos os detalhes relativos aos concorrentes alternativos em um papel, dobrando-o enquanto o guardava no bolso.

Ele permaneceu no recinto do Salle de Bal Brise por um período, eventualmente saindo da Avenue du Marché por volta das 22h. Percorrendo os caminhos ao longo das Docas Rist, ele finalmente conseguiu entrar no edifício de dois andares que ele havia reduzido a ruínas fumegantes.

Embora o inferno que havia devastado o edifício já tivesse sido controlado há muito tempo, a estrutura agora estava envolta em escuridão e desolação total.

Reconhecendo que seu público-alvo era ninguém menos que o Sr. Tolo, em vez da entidade chamada Inevitabilidade, Lumian não tinha intenção de executar o ritual de invocação no subsolo. Essa escolha estratégica era evitar quaisquer encontros potenciais com os vigaristas estranhos e perigosos do Salle de Bal Unique.

Seu objetivo principal era localizar um lugar isolado, longe de olhares curiosos. Essa abordagem calculada garantiria que, mesmo no caso de um acidente imprevisto durante a conjuração, se a entidade invocada perdesse o controle, o dano colateral seria contido, facilitando assim uma resolução rápida.

Tendo meticulosamente organizado uma câmara relativamente intacta, abrigada no coração de obsidiana do edifício decrépito, Lumian começou a organizar cuidadosamente o altar.

Com base nos insights adquiridos em seu papel como Contratado, Lumian divergiu da norma ao invocar duas velas adicionais, cada uma simbolizando uma divindade.

Neste ritual, o Sr. Tolo era tanto o ponto focal da súplica quanto o observador solene.

Com uma parede de espiritualidade colocada no lugar e velas acesas, Lumian não se apressou para começar o encantamento. Em vez disso, extraiu um frasco cinza-ferro do bolso interno de sua jaqueta marrom.

Dentro deste frasco, Lumian engenhosamente fixou um fio fino, cuja contraparte estava conectada ao broche Decência que estava submerso em uma poça de absinto.

Este design engenhoso facilitou a recuperação rápida e precisa do Artefato Selado por Lumian. Nenhuma manobra desajeitada foi necessária; um simples puxão de seu dedo indicador e o broche em formato de vassoura estava ao seu alcance.

Enquanto puxava o broche, uma explosão de faíscas vermelhas irrompeu, rompendo o nó que prendia o Artefato Selado.

Sem um momento de hesitação, Lumian adornou o resplandecente broche de Decência em seu peito.

Ele nutria a crença de que intermediar um contrato com um habitante do mundo espiritual carregava um custo inerente, semelhante a uma forma de suborno. Nesse contexto, Lumian esperava que o broche Decência assumisse um papel de significância.

Prendendo firmemente o broche, o olhar de Lumian se voltou para o trio de velas, silenciosamente acesas diante dele. Respirando fundo, ele se preparou para o ritual que se aproximava.

Capítulo 318 – Preço

Combo 13/50


Lumian recitou em antigo Hermes, seguindo o ritual preciso de invocação descrito nos cadernos de Aurore e no conhecimento místico dos Contratados.

— O Tolo que não pertence a esta época;

— Você é o governante acima da névoa cinza;

— Você é o Rei do Amarelo e Preto que exerce boa sorte.

— Eu imploro sua proteção.

— Eu rezo por sua atenção.

— EU!

— Em nome doTolo, eu invoco:

— Uma criatura peculiar que vagueia pelo reino superior, a enigmática Mão Decepada, a esmagadora de gargantas preto-azulada.

Lumian criou este encantamento de invocação com base em insights dos dados da Mão Decepada. Como o ritual oferecia algum grau de proteção ao sujeito da invocação, e como a Mão Decepada não era considerada perigosa, ele omitiu os termos “fraco” e “amigável”, infundindo-o em vez disso com outras frases que efetivamente identificariam a criatura alvo.

As chamas azul-escuras das velas surgiram, entrelaçando-se para moldar uma porta etérea adornada com símbolos enigmáticos. Uma tênue névoa cinza preenchia os arredores, instilando uma atmosfera assustadora.

Gradualmente, a porta rangeu ao abrir, e uma mão decepada, azul-escura e decadente, surgiu. Ela parecia duas vezes maior que a palma de Lumian, com o potencial de esmagar um crânio humano.

A mão decepada aflita pairava diante da enigmática entrada ilusória. Seus dedos se estendiam em direção à garganta de Lumian, mas ela se abstinha de agressão.

Lumian pegou um frasco de álcool de tonalidade diferente, desatarraxou a tampa e derramou algumas gotas em direção ao altar onde estava a Mão Decepada.

O líquido atingiu o chão no meio do caminho, mas com um brilho do broche em forma de vassoura, o suborno foi discretamente consumado.

Só então Lumian falou. Sua voz ressoou dentro de sua garganta e peito enquanto ele enunciava sílabas desconhecidas.

Essas eram palavras que ele nunca havia visto, originadas do conhecimento místico dos contratados, capacitando-o a dominar sua pronúncia e essência.

Elas eram a Linguagem Mística do Destino, parte integrante desta língua arcana.

A ressonância vocal de Lumian se fundiu em glifos preto-prateados, semelhantes a símbolos, materializando-se do nada.

Eles desceram sobre a pele falsa de cabra que repousava sobre o altar, fundindo-se em uma breve, porém misteriosa, aliança.

À medida que o pacto se solidificava, Lumian estabeleceu uma conexão complexa com a Mão Decepada, semelhante a utilizar a Dança de Invocação para ancorá-la ao seu próprio ser.

Por meio desse canal, Lumian adquiriu as habilidades e características rudimentares da Mão Decepada, sentindo seus anseios no processo.

Esses anseios foram o preço que Lumian teve que pagar.

— Localize meu corpo, ou a divindade irá iludi-lo para sempre!

“Um pagamento adiantado e uma dívida a ser liquidada mais tarde… Poderia ser o desenrolar do Suborno? Não, não é isso. Ao selar um contrato, o preço é prontamente remetido — manifestando-se como meu destino inexorável de ascender à semideus. Assim que eu descobrir as partes restantes da Mão Decepada, a recompensa naturalmente substituirá o preço… Atualmente, é semelhante a fornecer ampla garantia…” As reflexões de Lumian correram enquanto entendia o ponto crucial do pacto.

Ao mesmo tempo, ele entendeu a cobiçada habilidade de atravessar o mundo espiritual a partir dos atributos e qualidades da Mão Decepada, incluindo sua antiadivinhação, quase invencibilidade e a habilidade de quebrar o pescoço daqueles que não têm divindade.

Uma característica intrínseca à Mão Decepada, não uma mera habilidade. Seus efeitos se desviaram marginalmente das expectativas de Lumian, mas permaneceram dentro de limites toleráveis.

Com a janela de utilização de Decência limitada a quinze minutos, o custo era suportável, e seus atributos se aproximavam da suficiência. Lumian não desperdiçou tempo, convocando os outros candidatos e jurando no antigo Hermes.

— Eu o ajudarei a encontrar seu corpo. Até lá, a divindade me iludirá.

Essas palavras se fundiram com o ambiente, transformando-se em nuvens de névoa preto-azulada que penetravam no pergaminho de pele de cabra falsa.

A Mão Decepada desceu, deixando uma tintura de pus sanguíneo e amarelado dentro do espaço vazio do contrato.

Espontaneamente, a aliança se acendeu, produzindo uma miríade de símbolos e palavras preto-prateadas.

Eles se interligaram, configurando um padrão intrincado e enigmático, condensando-se abruptamente no ombro de Lumian.

Embora escondido sob seu traje, a psique de Lumian evocou uma imagem de seu ombro direito.

Um curioso emblema parecido com um selo preto se materializou ali.

Instintivamente, Lumian apreendeu que, ao ativar o contrato, ele poderia aproveitar os atributos da Mão Decepada para atravessar o mundo espiritual. A dissolução do contrato só era concebível com a morte de qualquer uma das partes — um destino pré-ordenado.

Sem se preocupar em experimentar a travessia do mundo espiritual, Lumian encerrou a invocação e embarcou em um novo ritual.

— Em nome do Tolo, eu invoco:

— O espírito vingativo que vagueia pelo vazio, a Noiva Sem Cabeça em sua eterna situação e a fonte da malevolência de uma linhagem.

Mais uma vez, o enigmático portal ilusório se manifestou, envolto em chamas preto-azuladas entrelaçadas. Um vento gelado soprou, transformando a noite de verão em um frio de inverno.

Lumian observou uma forma se materializar de dentro da entrada ilusória. Adornada em um vibrante vestido festivo vermelho, meticulosamente bordado com ouro, a noiva estava diante dele.

Sem dúvida, ela não tinha cabeça, exalando uma aura de malícia e ressentimento profundamente enraizados.

Lumian seguiu meticulosamente o procedimento prescrito — utilizando o licor como um suborno, recitando a promessa contratual. Ele discerniu o preço exigido pela Noiva Sem Cabeça.

— Sacrifique um parente ou amigo.

— Obrigado pela presença, — Lumian murmurou com um sorriso irônico, concluindo a convocação.

Dessa convocação aparentemente infrutífera, ele colheu insights valiosos. Ele confirmou que Suborno exercia um grau de influência.

A exigência original da Noiva Sem Cabeça envolvia o sacrifício de um parente; no entanto, Bribe conseguiu expandir o escopo para abranger amigos.

A visão de Lumian então mudou para o Louva-a-Deus com Rosto Humano. Ele havia formulado uma frase de invocação: — O espírito vingativo que vagueia pelo vazio, um caçador adotando o disfarce de um louva-a-deus, um metamorfo adepto de vestir a aparência humana.

Em meio a um som sibilante peculiar, um imenso e translúcido louva-a-deus ciano emergiu do outro lado da porta ilusória.

Sua cabeça ostentava o semblante da juventude, bela e radiante, baixando inadvertidamente a guarda.

Sentindo a presença e o gênero do invocador, o louva-a-deus rapidamente se transformou em uma mulher resplandecente, vestida com um vestido de noite preto.

Zombando internamente, Lumian cumpriu meticulosamente toda a sequência: suborno, declaração e percepção.

O Louva-a-Deus com Rosto Humano delineou três categorias de oferendas, exigindo que apenas uma fosse atendida: — Órgãos reprodutivos do contratante; Capacidade do contratante de mentir1; Imolação do contratante na fogueira.

“Após o Suborno, as estipulações passaram por alguma flexibilidade, proporcionando uma ou duas escolhas adicionais. Esta entidade busca apenas uma única coisa — angústia humana… A primeira se alinha com sua malevolência para com os homens. Se eu fosse do gênero feminino, essa opção provavelmente não surgiria… A segunda corresponde a caluniadores e falsos acusadores, enquanto a terceira se alinha com a estaca que ele próprio suportou…” Lumian concluiu rapidamente.

Como um Piromaníaco, a terceira exigência não representava nenhum desafio grave. Por um lado, ele exibia uma resistência formidável às chamas e, por outro, suportar dor era seu forte.

Se essa escolha não existisse, Lumian pretendia desistir e, posteriormente, convocar vários seres espirituais comparáveis ​​mais tarde. Privá-lo do poder de mentir minaria significativamente suas capacidades, tornando a sobrevivência em um lugar como Trier implausível. Ele também não tinha certeza se seus órgãos reprodutivos retornariam às 6 da manhã após sacrificá-los; ele não queria correr o risco.

Sem demora, encontrou o Rosto de Niese que procurava no arsenal de habilidades do Louva-a-Deus com Rosto Humano.

— Niese era o nome do Louva-a-Deus com Rosto Humano durante seus dias de existência. A essência dessa habilidade pendia mais para a ilusão do que para a transformação corpórea. No entanto, na ausência de meios para anulá-la ou divindade, ver através da ilusão permanecia fora de alcance.

Nesta ocasião, a insígnia negra foi afixada no ombro esquerdo de Lumian, acompanhada por ondas de chamas vermelhas saindo de seus pés.

Imperturbáveis ​​pelas ações de Lumian, elas incendiaram suas vestes e carbonizaram sua carne.

Sensações reminiscentes, mas distintas de seu encontro com Susanna Mattise o envolveram. Um amálgama de tormento familiar e desconhecido percorreu sua consciência, assaltando seus sentidos.

Abandonando rapidamente seus pertences mais queridos, Lumian agarrou o broche da Decência na palma da mão.

A queima durou três minutos inteiros. A pele de Lumian carbonizou, suas roupas deixaram marcas de queimadura em seu corpo.

Para um Piromaníaco, tais ferimentos não representavam perigo mortal — eles mal se qualificavam como graves. Ele manteve a vitalidade para se preparar para a invocação subsequente.

— A entidade enigmática que vagueia pelo reino superior, uma massa de carne adornada com uma miríade de olhos, um participante dos reinos abissais dos pesadelos.

Enquanto a oração ressoava, uma criatura de carne e tendões rolou para frente através da porta ilusória. Cada fragmento de carne ostentava um olho branco, sua pupila velada em obsidiana.

Agarrando o frasco militar de alumínio branco, Lumian vacilou e ele caiu abruptamente em um sono profundo, enredado pela miríade de olhares.

Após um período indeterminado, ele voltou à consciência, percebendo que o ritual havia sido concluído por conta própria. O Mal de Mil Olhos havia recuado para o mundo espiritual, renunciando a um ataque genuíno.

“Fui forçado a dormir com uma mera visão. Comunicação é impossível… Além disso, esse nível de influência está além da proteção inerente do ritual…” Lumian exalou, pegando o relógio de bolso para verificar as horas.

“Felizmente, só dormi por alguns minutos. Ainda faltam uns três minutos…” Lumian se concentrou, iniciando de novo, invocando a Sombra do Grito.

— O espírito que vagueia no vazio, uma confluência de inúmeras sombras, o progenitor de gritos incapacitantes.

Mais uma vez, a misteriosa porta ilusória se abriu. No entanto, o que encontrou o olhar de Lumian não foi uma sombra anômala enrolada em uma bolha, mas uma silhueta nebulosa envolta em uma armadura preta como breu que lembrava escamas de peixe.

Diferente de todas as armaduras documentadas em jornais e revistas, este traje tinha escamas, cada uma semelhante a sombras em miniatura e contorcidas.

“Hmmm… O encantamento de invocação poderia ter sido impreciso, produzindo uma criatura espiritual parecida? Aparentemente, ele ostenta um grito incapacitante. Vamos primeiro avaliar as perspectivas de consolidar um pacto…” Lumian avaliou a situação e embarcou em outro ciclo de suborno, declaração e percepção.

A Sombra de Armadura estipulou uma oferenda: — Um tributo de sangue de dez ou mais vidas ou ouro equivalente a 100.000 verl d’or.

Cortesia do Suborno, os pré-requisitos exibiram leniência, exigindo que os sacrifícios fossem prestados em três meses. Não cumprir precipitaria a retribuição do contrato, uma potencialidade que englobava perda de controle ou, pior ainda, fatalidade.

“Uma soma de 100.000 verl d’or…” Lumian percebeu que isso era modestamente administrável, investigando assim a lista de habilidades e características da Sombra de Armadura para localizar o cobiçado grito incapacitante.

Enquanto vasculhava, descobriu uma habilidade com uma nomenclatura intrigante: — Feitiço de Harrumph.

  1. referencia a escravo das sombras kkkkkk[↩]

Capítulo 319 – “Viagem”

Combo 14/50


O Feitiço de Harrumph recebeu esse nome a partir da combinação de um bufo do nariz e um pigarro da boca, o que lhe confere uma qualidade distinta que Lumian achou intrigante.

Além disso, acreditava-se que a enigmática Sombra de Armadura, enquanto viva, era humana ou uma criatura humanoide inteligente. Muitos de seus atributos e habilidades distintas receberam seus próprios nomes. Esses atributos não precisavam de nomes próprios para simplificar sua facilidade de lembrança.

Informações canalizadas através da conexão revelaram a Lumian que o Feitiço de Harrumph era uma habilidade semelhante a uma magia capaz de afetar um Corpo Espiritual.

Por meio dos sons duplos, ela agitava a consciência da pessoa para induzir uma transformação mística, gerando uma flutuação única que avançava em direção ao seu alvo designado.

Qualquer criatura tocada por tal flutuação experimentaria, no mínimo, uma tontura severa ou até mesmo um ataque de Perfuração Psíquica, no pior dos casos, potencialmente deixando o alvo inconsciente.

Essa habilidade aumentaria em potência conforme o usuário avançasse em níveis. Em essência, ela possuía o potencial de influenciar entidades divinas, desde que Lumian também ascendesse à Sequência 4 ou temporariamente elevasse seu nível de alguma forma.

“Impressionante. É comparável ao grito incapacitante. Além disso, resmungar parece mais digno do que gritar indiscriminadamente…” Percebendo que o tempo era essencial, Lumian assumiu aceitou o preço e formalizou o acordo.

Ele nutria uma curiosidade genuína sobre os atributos e capacidades adicionais da Sombra de Armadura. Seus nomes tinham uma certa qualidade misteriosa, como Desfile Noturno dos Dez Mil Demônios e Grito Devorador de Almas.

Neste caso, o objeto em forma de selo desceu sobre o peito direito de Lumian, marcando a conclusão do ritual.

Rapidamente, ele prendeu um fio em volta do broche Decência e o devolveu ao frasco militar cinza-ferro. Dispensando a parede de espiritualidade, ele limpou o altar e recuperou os objetos que havia disposto.

Posteriormente, uma luz fantasmagórica emanou do ombro direito de Lumian, e ele desapareceu abruptamente, atravessando um reino místico encharcado em camadas de tons e criaturas peculiares.

No momento seguinte, saiu do mundo espiritual, atordoado, reaparecendo em seu quarto no segundo andar do Salle de Bal Brise.

Enquanto Lumian massageava sua cabeça latejante, examinou os arredores e assentiu em aprovação.

“É realmente uma verdadeira travessia do mundo espiritual. Essa habilidade é muito útil…”

O único problema residia em seu custo exorbitante de espiritualidade. Com os aprimoramentos de Contratado e Piromaníaco de Lumian, ele só conseguia executá-lo três a quatro vezes. Considerando o consumo de chamas e a alocação de contingência para medidas de segurança, ele conseguia empregá-lo uma ou duas vezes em um confronto relativamente intenso.

Para um Contratado puro, eles poderiam simplesmente teletransportar duas vezes como procedimento padrão, excluindo qualquer outra despesa.

Além disso, isso dependia da seleção de uma coordenada próxima. Claro, proximidade não significava exclusivamente os arredores.

O mundo espiritual abrangia um reino de mística e peculiaridade. Cima, baixo, esquerda, direita, frente, trás — até mesmo o tempo — se misturavam ali. Ele se cruzava com o mundo real, governado por seu caos distinto. Além dos conceitos ligados na natureza, todo o resto parecia espalhado sem arranjo deliberado.

Em essência, Trier como uma noção holística dominou. Ela ostentava um domínio correspondente no mundo espiritual, imaculado pela fragmentação ou dispersão. No entanto, seus arredores se estendiam além das cidades e vilas vizinhas. Poderia se correlacionar com a presença conceitual de um rio no Continente Sul, ou se manifestar como uma projeção de assentamento para seres submarinos.

Sem coordenadas precisas, Lumian poderia apenas se teletransportar dentro do âmbito imediato de Trier. Caso contrário, arriscaria se perder no reino traiçoeiro do mundo espiritual, uma aventura realmente perigosa.

Quando ele se esforçou para atravessar o mundo espiritual anteriormente, todas as localizações de Trier se materializaram em sua consciência como coordenadas desconhecidas. Isso lhe concedeu a capacidade de “teletransportar” de volta para o Salle de Bal Brise em vez de se aventurar em cantos remotos da metrópole.

Ao mesmo tempo, Lumian percebeu vagamente a Cidade Branca do Reino das Terras Altas, Rapus — seu antigo destino. Não era abertamente distante no mundo espiritual de Trier, mas também não era perto. Teletransportar-se diretamente para lá permanecia inviável para Lumian. Ele precisava determinar uma ou duas coordenadas intermediárias entre os dois locais.

“Notável.” Lumian reconheceu com satisfação.

Incluindo usos e alcance limitados, sua travessia pelo mundo espiritual da Mão Decepada atendeu perfeitamente às suas expectativas.

Lumian seguiu até o espelho de corpo inteiro. Ativando a marca preta em seu ombro esquerdo, ele observou sua forma carbonizada se transformar na de um homem de meia-idade, com alguns fios prateados em suas têmporas. Suas bochechas eram arredondadas, olhos vermelho-âmbar e contornos faciais dignos. As feições eram nítidas, irradiando uma aura acessível.

Gardner Martin!

“Ele pode replicar a aparência, o físico e o comportamento de alguém. No entanto, ações e maneirismos devem vir somente de mim…” Lumian avaliou o potencial do Rosto de Niese.

A transformação havia gasto um grau notável de espiritualidade, mas sua manutenção necessitava apenas de uma fração. Ele podia adotar a aparência de Gardner Martin por mais de dez horas.

Dissipando o Rosto de Niese, Lumian recuou alguns passos. Olhando para o espelho, ele abriu a boca.

— Hah!

Em resposta, seu espírito surgiu na marca preta em seu peito direito. Seu Corpo Espiritual estremeceu, liberando uma luz amarela quase imperceptível de sua boca.

O brilho penetrou no espelho, atravessou a parede e desapareceu após um intervalo de quase dez metros.

“Eficaz somente em combate corpo a corpo… Consume menos espiritualidade do que a travessia do mundo espiritual, mas supera o Rosto de Niese em gastos. Aplicável quatro ou cinco vezes em combate…” Lumian, com o corpo marcado por queimaduras, exalou vagarosamente. Ele vestiu seu traje, acomodou-se na cama e se rendeu ao sono.

Deixando temporariamente de lado os pensamentos sobre o ouro que devia à Sombra de Armadura e o compromisso de localizar o corpo da Mão Decepada, Lumian tinha tempo de sobra para esses assuntos. Os requisitos atuais centravam-se na recuperação e no descanso, além de permitir que a aura repugnante que acompanhava o broche Decência se dissipasse.

Na manhã seguinte.

Lumian, vestindo um chapéu de feltro preto, camisa, suéter e jaqueta resistente, apertou a campainha do apartamento 601, na Rue des Blouses Blanches, nº 03.

Franca o cumprimentou com o semblante abatido, aparentemente surpresa com a roupa de Lumian.

— Seu senso de temperatura está pregando peças em você?

Lumian perguntou: — Você conseguiu cinzas de múmia verdadeiras?

— Você não fez essa mesma pergunta ontem? — Franca retrucou.

A resposta foi não.

Um sorriso surgiu nos lábios de Lumian.

— Vou levá-la para encontrar uma múmia de verdade.

— Onde? — Franca ficou intrigada e curiosa.

Lumian entrou na sala e respondeu com indiferença: — As Terras Altas das Estrelas do Continente Sul.

— Como chegaremos lá? — Franca olhou para o banheiro antes de abaixar a voz. — Você está sugerindo que incomodemos seu portador da carta dos Arcanos Maiores?

— Eu apenas escrevi uma carta para perguntar sobre um ponto de referência, — Lumian respondeu com um sorriso.

— Ponto de referência… — Franca combinou seu entendimento das artes místicas e rapidamente formulou uma hipótese. — Você obteve um artefato místico capaz de teletransporte?

Lumian balançou a cabeça e elaborou sucintamente: — Através da minha criatura contratada.

— Que tipo de contrato produz resultados tão extraordinários? — Franca exclamou, surpresa genuína tingindo suas palavras.

Ela estava se perguntando sobre a pressa de Lumian em filtrar criaturas contratadas. Normalmente, aquelas passíveis de um contrato de Sequência 7 eram bem comuns. Além disso, sua invocação normalmente necessitava de um ritual, tornando-as pouco práticas para a maioria dos confrontos.

Lumian soltou uma risada.

— Um tipo único de contrato.

— Uh… — Franca estudou Lumian cuidadosamente, circulando ao redor dele.

A Bruxa, vestida com calças e camisa, pigarreou e comentou: — Somos considerados irmãos?

— Não exatamente, — Lumian respondeu prontamente. — Temos crenças diferentes!

Franca abaixou a voz novamente. — Diz acreditar no Vapor, mas, na verdade, é acredita no Sr. Tolo?

Lumian respondeu piedosamente: — Ainda mantenho alguma fé no Eterno Sol Ardente.

Afinal, ele manteve essa fé por quase seis anos.

Franca se viu momentaneamente sem palavras. Após alguns segundos, ela perguntou: — Poderíamos ser considerados amigos?

— Sim. — Lumian agora falava de acordo com seus verdadeiros sentimentos.

As sobrancelhas de Franca se arquearam.

— Você poderia me ensinar aquele contrato único? Diga o preço.

Ela fez seu pedido de forma direta.

Lumian balançou a cabeça novamente.

— Só posso empregar esse contrato devido a circunstâncias únicas.

— Tudo bem. — Franca se absteve de pressionar mais, embora um toque de decepção permanecesse.

Naquele momento, Jenna saiu do banheiro. Lumian perguntou meio provocante: — Você está interessada em viajar para o Continente Sul?

— Viajar? Por que eu iria querer viajar? — Jenna parecia perplexa.

Franca rapidamente relatou sua necessidade por cinzas de múmia verdadeiras e o método de Lumian de teletransporte para as Terras Altas das Estrelas. Por fim, ela perguntou: — Você deseja vir e observar?

Jenna pensou brevemente e respondeu: — Ok.

Ela reconheceu sua necessidade de maior experiência no reino dos poderes Beyonder, uma necessidade de observação, aprendizado e treinamento.

Além disso, seu alcance geográfico máximo havia sido confinado ao Quartier de la Maison d’Opéra de Trier. Por um tempo, havia sido cativada por contos do Continente Sul que circulavam nas tavernas e salões de dança.

Lumian avaliou suas duas companheiras e ofereceu um lembrete gentil com um sorriso: — Eu as aconselharia a vestir roupas mais grossas. A altitude é considerável, e atualmente é inverno lá.

— Oh… — Franca olhou para Lumian e entendeu por que ele havia se agasalhado para o inverno.

Em pouco tempo, Franca trocou de roupa para um casaco preto que lembrava uma armadura de couro e vestiu calças escuras na altura do joelho com interiores de pelúcia, adotando o disfarce de uma mercenária ou caçadora de recompensas. Jenna ainda não havia transportado suas roupas grossas, então ela pegou emprestadas as roupas de Franca. Embora suas aparências combinassem, Jenna era mais baixa, necessitando de um cinto apertado, mangas dobradas e pernas de calça enroladas para evitar dificuldade nos movimentos.

Lumian estendeu a mão e agarrou os ombros delas, ativando a marca de contrato em seu ombro direito.

Uma luz espectral dançava ao longo das costuras de suas roupas, envolvendo Jenna e Franca em um reino surreal, inundado de tons vibrantes sobrepostos e criaturas enigmáticas recuando em todas as direções.

Em um instante, eles partiram do mundo espiritual, materializando-se em uma ilha deserta.

Antes que Jenna e Franca pudessem se adaptar completamente, Lumian iniciou a travessia do mundo espiritual mais uma vez.

Ao retornarem à realidade, as Assassinas se viram diante de um distante pico de montanha coberto de neve e de uma cidade estrangeira adjacente dominada por um edifício branco.

Jenna logo recuperou a compostura e involuntariamente exclamou: — Que mágico…

Se ela fosse obrigada a analisar a magia e articular seus sentimentos, essa escolha de palavrões poderia ter sido usada.

Embora não tendo certeza se esse local era de fato as Terras Altas das Estrelas do Continente Sul, o fato de ela poder se translocar rapidamente da Rue des Blouses Blanches para essa região selvagem ressaltou o potencial místico do teletransporte!

Lumian suportou a dor de cabeça latejante e o dreno substancial de sua energia espiritual enquanto apontava para a Cidade Branca, aparentemente imperturbável.

— Continuem para frente.

Capítulo 320: Múmia

Combo 15/50


Franca e Jenna não conseguiam tirar os olhos do rebanho de vacas, ovelhas e cavalos pastando. Os homens morenos vestiam chapéus de feltro e grossas túnicas azuis ou vermelhas, enquanto as mulheres locais exibiam seus vestidos coloridos e multicamadas. Vários prédios brancos e lojas vendendo produtos de couro pontilhavam a cena. Era uma visão cativante e desconhecida.

Franca se afastou enquanto uma carruagem de madeira, puxada por um touro de pelo longo, passava no vento cortante. Ela olhou para Lumian e Jenna antes de falar.

— Por que o silêncio? Vamos nos envolver com os moradores locais.

Afinal, qual era o sentido de viajar sem interagir?

Lumian ficou momentaneamente em silêncio antes de responder: — Não tenho informações suficientes.

Jenna sentiu uma pontada de constrangimento. — Eu também não sei o suficiente.

Tudo o que ela conhecia eram contos de aventuras românticas envolvendo rainhas faraós e aventureiros desenterrando tesouros nas florestas tropicais.

— Uh… — Franca gesticulou desdenhosamente com sua mão direita. — Não estou muito melhor.

— Não muito? — Lumian não se intrometeu mais. Ele conduziu suas companheiras para uma loja chamada Poção Mística das Terras Altas.

O proprietário, Sallent Empaya, um intisiano vestido com um casaco azul adornado com detalhes dourados, reconheceu Lumian imediatamente. Afinal, sua cor de cabelo e aparência distintas o diferenciavam. Além disso, apenas alguns dias se passaram desde seu último encontro.

Sallent avaliou Franca e Jenna, estendendo um sorriso caloroso para Lumian. — O que os traz aqui desta vez?

Lumian, lutando contra uma dor de cabeça por gastar muita espiritualidade, foi direto ao ponto. — Cinzas de múmia de verdade. Quero ver a múmia!

Os olhos de Sallent piscaram brevemente, mas ele se conteve de sondar. — Muito bem, eu vou te mostrar.

Sendo um fornecedor experiente de cinzas de múmia, ele sabia que esses produtos não conferiam virilidade; eles eram combinados com medicamentos genuinamente eficazes antes de chegarem às prateleiras. No entanto, como os clientes não perguntavam sobre a praticidade das cinzas de múmia reais, ele não via necessidade de divulgar essa informação.

Além disso, suspeitava que Lumian e as duas mulheres pretendiam comprar uma múmia para revenda e lucro. Esta era uma transação substancial.

Sallent fechou temporariamente sua loja e guiou Lumian, Franca e Jenna para o armazém dos fundos, onde ervas comuns eram armazenadas. Eles desceram uma escada estreita, chegando à porta do porão.

Virando-se para encarar Lumian e as mulheres, ele buscou confirmação. — Vocês realmente querem ver?

Não era tanto uma consciência culpada, mas sim uma nota de advertência.

— Com certeza, — Lumian respondeu sem hesitar.

No meio de suas palavras, seu olhar se fixou na porta de madeira escura do porão.

Ela trazia um símbolo místico, sua forma era uma distorção de tons verde-escuro e branco-claro.

No interior, uma mistura de crânios rudimentares, braços e videiras entrelaçados e triângulos invertidos se fundiam para criar um padrão enigmático.

Fios dos mesmos tons irradiavam desses símbolos, infiltrando-se nas paredes, no chão e no teto.

Sallent trouxe uma chave dourada, avançando em direção à porta. A voz de Franca caiu em um silêncio enquanto ela se dirigia a Lumian e Jenna. — Esses símbolos arcanos parecem enraizados no domínio da Morte.

Jenna franziu a testa. — Que significado eles têm?

A cabeça de Franca balançou gentilmente enquanto respondia, — Estou incerta. Geralmente, eles desempenhariam um papel fundamental na magia ritualística. No entanto, sem uma fonte de poder, tal magia pode vacilar.

— Pelo que entendi, as catedrais das Igrejas ortodoxas apresentam arranjos semelhantes. Os fiéis devotos que rezam diariamente emprestam seus espíritos e espiritualidade para sustentar a magia ritualística. Embora as contribuições individuais possam parecer modestas, sua acumulação exerce ampla força.

— Talvez este local tenha o poder necessário para sustentar a magia ritualística. — Lumian sorriu para Franca. — Você pode ter um motivo para se alegrar. Esta perspectiva aumenta a probabilidade de encontrar uma múmia genuína.

Um suspiro aliviado escapou dos lábios de Franca. — Espero que falsificações não sejam tão desenfreadas aqui quanto em Trier.

Perplexa, ela perguntou: — Mas por que a necessidade de nos trazer aqui para ver uma múmia de verdade? Minha adivinhação pôde discernir a autenticidade das cinzas.

— Para ampliar seus horizontes, — Lumian respondeu confiantemente.

Antes que Franca pudesse xingar, ele acrescentou: — Pedir diretamente as cinzas da múmia pode tentá-lo a fornecer falsificações. Quando os resultados da sua adivinhação se manifestarem na hora, devo então destruir o armário dele ou me envolver em uma briga? Tal violência dificilmente é ideal.

Lumian se baseou em um ditado frequentemente proferido por Aurore.

Claro, ele deixou de fora os efeitos adversos dos três contratos. A Mão Decepada tinha o desejo de quebrar o pescoço de um alvo. O Louva-a-Deus com Rosto Humano tinha o desdém elevado por aqueles que injustamente difamavam os inocentes. A Sombra de Armadura o incitou a se libertar dos grilhões dos confins da vida.

Talvez o testemunho do Sr. Tolo ou a bênção de Suborno tornassem esses efeitos relativamente administráveis. Eles eram tormentos que ele podia subjugar com foco, mas seu poder coletivo ocasionalmente desencadeava tais impulsos.

Ao mesmo tempo, Franca e Jenna zombaram, unidas em seu desdém.

Somente os Caçadores nutrem afeição pela violência!

Naquele momento, após uma breve luta com a fechadura, Sallent abriu triunfantemente a porta de madeira escura, cuja superfície estava adornada com um símbolo enigmático.

No corredor do porão, os olhos de Lumian pousaram em lamparinas a óleo embutidas na parede, sempre acesas.

Encharcadas nos tons dançantes da luz verde-escura do fogo, Franca e seus companheiros seguiram Sallent, o lojista de poções, enquanto se aventuravam no corredor que ficava além do portão.

A luz permeava o espaço, mas a ilusão de avançar em direção à escuridão os dominava passo a passo.

A atmosfera já fria parecia ter caído vários graus.

Sallent avançou sete a oito metros à frente, navegando por portas de pedra branco-acinzentadas firmemente fechadas. Ele parou diante de uma câmara posicionada no ponto médio do corredor.

Essas portas de pedra e as paredes ao redor exibiam símbolos semelhantes aos da entrada do porão.

Sallent abriu a porta de pedra à sua frente, revelando um pequeno sepulcro para Lumian e as mulheres.

No coração da câmara repousava um exótico sarcófago humanoide adornado com uma base dourada e um caleidoscópio de cores.

— Esta múmia vem de cinco séculos atrás, — Sallent apresentou, aproximando-se do caixão de pedra e pressionando sua tampa.

— Ele parece pouco preocupado com a possibilidade de fugirmos com a múmia… — Lumian refletiu baixinho.

Franca soltou uma risada suave, sua voz abafada. — Talvez ele simplesmente não pense nada de nós.

Jenna permaneceu em silêncio durante a conversa, sua curiosidade e apreensão fixadas nas entranhas do sarcófago dourado.

Lá dentro, um cadáver envolto em tecido marrom-amarelado jazia. Seus lábios estavam ligeiramente separados, enquanto tênues orifícios vazios marcavam os pontos onde antes residiam os olhos. Traços de óleo vazado manchavam sua forma.

Sem se deixar restringir pelo ambiente estrangeiro, Franca extraiu um espelho e iniciou uma adivinhação diante da presença de Sallent.

Seus olhos piscaram momentaneamente, retornando rapidamente ao estado anterior, como se ele tivesse se deparado com tais fenômenos com muita frequência.

Não demorou muito para que uma voz envelhecida ressoasse no espelho de Franca, sua cadência acompanhada pelo suave barulho da água.

— Uma múmia genuína, embora não seja de origem antiga.

O olhar de Franca se voltou para Sallent, o proprietário da loja de poções místicas.

Sallent deu um sorriso estranho em troca.

— Eu menti antes. Esta múmia não é uma relíquia de cinco séculos atrás. Verdade seja dita, ela foi criada há apenas quinze dias e enviada para cá. No entanto, independentemente da origem, ela passou por um processo de mumificação abrangente e prolongado. A única disparidade das múmias antigas é a brevidade de seu enterro.

“Uma múmia antiga nascida apenas quinze dias antes?” Lumian arqueou uma sobrancelha para Sallent, seu tom casual. — Você caça os vivos para modelar múmias?

Sallent balançou a cabeça gentilmente.

— Não há necessidade de tais métodos. O Continente Sul testemunha inúmeras mortes diárias. Obter cadáveres frescos requer apenas uma taxa nominal. Contratar caçadores para rastrear e capturar envolveria despesas muito maiores. Assumir a tarefa pessoalmente exigiria um preço de tempo exorbitante.

Ele avaliou involuntariamente as vantagens e desvantagens de múltiplas estratégias.

Depois dessa explicação, Jenna olhou para a múmia com uma nova perspectiva.

Era o corpo de alguém que estava morto há pouco tempo.

Sua forma imóvel foi exibida como uma mercadoria negociável.

Embora a múmia de duas semanas cumprisse seu propósito e atendesse aos requisitos, Franca ansiava por espécimes superiores.

Com um suspiro, ela desviou o olhar da múmia recém-cunhada e perguntou. — Há múmias mais velhas disponíveis?

Sallent hesitou momentaneamente antes de andar cautelosamente. — Que tal aqueles do ano passado?

Esta constituía a múmia mais antiga do porão.

Franca emitiu um suspiro pesaroso. — Isso também funciona.

Menos entusiasmado, Sallent levou o trio para outro sepulcro.

Inicialmente presumindo que Lumian e seus companheiros pretendiam comprar uma múmia inteira, Sallent havia exibido o espécime mais bem preservado. Agora, parecia que Lumian apenas buscava uma parte.

A múmia marrom-amarelada do ano anterior já exibia sinais de fragmentação. Não apenas as extremidades inferiores estavam ausentes, mas seu peito e abdômen também exibiam partes vazias.

Com a adivinhação de Franca validando sua autenticidade, Sallent colocou sua pergunta com entusiasmo diminuído. — Quanto você precisa?

— 50 gramas, — respondeu Franca, pretendendo acumular uma reserva maior.

Sallent refletiu sobre o pedido antes de pronunciar: — 500 verl d’or.

Prontamente, Franca efetuou o pagamento, com os olhos fixos enquanto Sallent pegava um martelo e uma adaga, usando-os para cortar uma parte do braço da múmia, semelhante à extração de minério.

Jenna ficou estupefata. Para ela, parecia algo horrível e brutal.

Embora ela tenha testemunhado brigas entre multidões e tirado uma vida pessoalmente, nunca encontrou alguém tratando restos humanos como mercadorias baratas.

Internamente, Franca suspirou e reprimiu suas emoções.

Essa era a dura realidade do mundo Beyonder e seu sistema de poções, mas, comparado às bençãos, era estranhamente atraente.

Com uma fração do braço de uma múmia agora em sua posse, Franca silenciosamente levou Jenna para fora do túmulo, seguida por Lumian e Sallent.

Eles tinham percorrido apenas três metros quando as lamparinas de querosene que iluminavam o corredor se apagaram, lançando uma escuridão assustadora.

Sallent girou a cabeça, seu comportamento era uma mistura de surpresa e incerteza.

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|