Capítulo 150 – Problema
Quando ouviu a voz de Yang Xiaohai, Li Huowang voltou a realidade.
Neste momento, estavam na periferia da cidade. Na frente deles estavam várias cabanas construídas de pedra, junto de um enorme estábulo na frente da cabana.
O estábulo abrigava camelos, cabras e até cavalos, como evidenciado pelo cheiro insuportável de gado assaltando suas narinas.
Quando as pessoas nas cabanas notaram Li Huowang, olharam com cautela. De suas roupas, ficou claro que estas pessoas se especializavam em cuidar de gado.
Com isso em mente, era provável que a assistente que faleceu foi sequestrada e não vendida como Chu Xiaoman.
Quando Li Huowang se aproximou, um homem forte afastou o cavalo ao lado e o cumprimentou: — Você está aqui para comprar gado?
— Não, estou aqui para entregar algo. — Li Huowang julgou que o homem era o pai da assistente baseado na idade.
O homem estava um pouco cético devido à visita repentina de Li Huowang. Foi só após Yang Xiaohai dizer o nome da assistente e alguns detalhes sobre ela que finalmente acreditaram nele.
A morte de sua filha foi uma notícia horrível para eles e todos se amontoaram em volta do jarro de cinzas, chorando.
Li Huowang pensou que ele choraria quando testemunhasse tal cena, mas não. Neste ponto, ele viu várias mortes, ao ponto que ficou insensível.
Por outro lado, Monge, que estava parado ao lado, parou de sorrir e começou a rezar para o jarro de cinzas na esperança de apaziguar a alma da garotinha: — Amitabha… Amitabha… Amitabha…
Por ser questionado pelo pai da assistente morta, já estava tarde no momento que Li Huowang e Yang Xiaohai chegaram na pousada.
— Entre conosco. Considerando que o destino nos reuniu novamente, vou alugar um quarto para você; não precisa dormir no banheiro como da última vez — ofereceu Li Huowang.
— Eu tenho dinheiro — respondeu o Monge enquanto mexia nas suas roupas, fazendo o som de moedas. — Também, quem falou que dormi no banheiro da última vez?
Ao ouvir isto, Li Huowang suspirou de alívio: — Onde está indo? Se estamos seguindo na mesma direção, então podemos viajar juntos.
Não era fácil sobreviver neste mundo. Seria melhor se tivesse mais uma pessoa para ajudar.
— Não me importo de ir a outros locais enquanto puder continuar fazendo atos gentis. Vamos conversar mais amanhã, caso contrário, acabarei violando meu recolher obrigatório — expressou o Monge antes de se virar para sair.
Olhando para a figura do Monge partindo, Li Huowang sorriu e entrou na pousada.
Assim que entrou, viu Lu Zhuangyuan debatendo furiosamente com seu filho.
— Líder da Trupe Lu, o que está fazendo? — perguntou Li Huowang.
Ao ouvir a pergunta, Lu Zhuangyuan afastou seu filho e gesticulou com raiva: — Aqueles malditos artistas são muito rudes! Eles tiveram coragem de dizer que nosso show se originou deles e que a Ópera Nuo é o ancestral do nosso tipo de show!
— Pai, está tudo bem. Não precisa discutir com eles. Este é o território deles, afinal de contas — argumentou Lu Juren, tentando acalmá-lo.
— Está tudo bem?! Eu poderia ignorar quaisquer outros lembretes, mas não este! Como posso enfrentar meus ancestrais se não reivindicar minha honra? Somos artistas, então quem tem medo de quem? Me solte!
Li Huowang não se incomodou com o fato de que Lu Zhuangyuan queria ir discutir com os artistas da Ópera Nuo. Ele apenas os ignorou e foi para seu quarto.
— Miaomiao, você ainda se lembra do Monge? Ele… — Li Huowang parou de falar no momento que entrou no quarto. Bai Lingmiao estava visivelmente cansada pela jornada; ela já tinha se lavado e já tinha adormecido.
Após um momento, Li Huowang se aproximou da cama e acariciou gentilmente o rosto dela.
Sentindo-o, Bai Lingmiao, meio grogue, abraçou sua mão.
Li Huowang escolheu ficar em silêncio; ele podia contar sobre isto amanhã.
Ele soprou o fogo da lamparina e se deitou na cama, olhando para as vigas enquanto pensava sobre a jornada.
Finalmente… alguns dias de paz e descanso.
Li Huowang não era uma pessoa gananciosa. Ele só queria conseguir viver pacificamente.
Exceto… por aqueles dois.
Ele franziu a testa quando olhou para as ilusões de Jiang Yingzi e Dan Yangzi que estavam ao lado.
Neste momento, as duas ilusões estavam o encarando do canto do quarto.
— Hmm? — Li Huowang se sentou surpreso. Ele percebeu de repente que conseguia ver na escuridão.
— Parece que meus sentidos estão ficando cada vez mais sensíveis — murmurou Li Huowang enquanto ponderava se isto era algo bom ou não.
— Sênior Li…? — Bai Lingmiao quase acordou pela comoção.
Li Huowang a acariciou gentilmente: — Durma… vá dormir…
Talvez fosse devido à longa jornada, mas Li Huowang adormeceu instantaneamente.
No meio da noite, seu corpo ficou tenso de repente; foi como se sentisse algo se aproximando. No instante seguinte, uma dor afiada do seu dedo o fez acordar.
Ele inspecionou a mão e viu que seu dedo havia sido mordido.
A marca era similar a mandíbula de um animal, permitindo-o saber instantaneamente quem era.
Era a Segunda Deidade da Bai Lingmiao!
Ele olhou ao redor, mas não viu a mulher de véu vermelho.
Ele olhou para baixo de repente e viu que havia dois pares de sapatos ao lado da cama. Havia um par dele e de Bai Lingmiao, bem como um terceiro par de sapatos vermelhos.
Neste momento, Li Huowang viu os sapatos vermelhos se esconderem debaixo da cama.
Ele olhou para a adormecida Bai Lingmiao antes de sussurrar na direção do chão: — O que está fazendo?!
— Tem alguém aqui… — Uma voz sedutora veio do lado do seu ouvido.
Li Huowang agarrou a espada embaixo do travesseiro e prendeu a respiração antes de checar o quarto cautelosamente.
Os sentidos de Li Huowang agora se tornaram extremamente afiados. Normalmente, ele teria sentido se alguém se aproximasse.
Entretanto, naquele momento, não sentiu nada.
Assim que pensou que a Segunda Deidade estava pregando uma peça, um som ocorreu da janela. Era um som de clique metálico.
Tak~!
Naquele momento, uma sombra apareceu de repente na parede; era bem similar a um teatro de sombras.
Li Huowang teve dificuldade de descrever como a sombra se parecia. Parecia com uma aranha, mas seu rosto era de um velho. A sombra tinha seis braços com espinhos e um tentáculo em forma treliça podia ser visto retraindo e estendendo de seu corpo.
Naquele momento, Li Huowang viu a sombra subir ainda mais pela janela antes mesmo que pudesse descobrir o que era.
— Hm? Um Perdido? E é da Seita Ao Jing? Isto é raro — disse a voz.
Assim que ouviu esta voz, Li Huowang imediatamente rolou da cama com a espada em mãos.