Capítulo 153 – Casas com Pátio
Naquele momento, os três artistas removeram as máscaras, deixando Li Huowang ver suas cabeças cobertas pelo pano vermelho. Porém, não estava completamente envolvida — havia uma abertura para a boca e o nariz.
Após removerem as máscaras, começaram a remover lentamente o pano vermelho. Logo, três jovens apareceram na frente de Li Huowang. Eles tinham quase a mesma idade.
Os três artistas pareciam normais. Seus rostos eram de humanos e não havia tentáculos ou apêndices estranhos. Estava tudo normal.
— Taoísta, o que está olhando? Eles não estão mais atuando. Vamos para outro lugar. Podemos conseguir fazer alguns bons atos hoje — disse o Monge, importunando Li Huowang para sair.
— Não precisa ter pressa; vamos esperar um pouco. — Li Huowang não deixou a guarda baixa. Ainda se lembrava de como eles pareciam assustadores quando estavam realizando o teatro de dentes.
Li Huowang não estava com medo de enfrentá-los, mas estava com medo de que realizassem alguns truques ou o emboscasse mais tarde.
Parece que tem realmente algo errado com eles. Eles estão se ocultando bem.
Li Huowang estava suspeitando cada vez mais deles.
No começo, após ouvir a história de Li Zhuangyuan, Li Huowang não achou suspeito, mas agora estava alerta.
Os três artistas e os músicos moveram os itens para o camelo antes de entrarem num pequeno beco.
— Monge, rápido! Precisamos persegui-los! — exclamou Li Huowang enquanto corria para segui-los.
— Aiya! Por que está perseguindo eles? Não me diga que quer pagar para realizarem um show privado? — perguntou o Monge. Entretanto, apesar de seus protestos, ainda o seguiu.
Os dois seguiram de longe enquanto percorriam toda a cidade. No começo estava tudo bem, mas logo os camelos carregando os itens começaram a correr enquanto as pessoas montadas chicoteavam mais rápido.
— Merda! Eles nos viram! Rápido, persiga-os! — Li Huowang correu mais rápido enquanto uma das mãos agarrava a espada. Entretanto, mesmo que a cidade não fosse grande, após ziguezaguear por alguns becos, Li Huowang percebeu que havia perdido.
Ele ficou muito irritado enquanto encarava as paredes cinzas.
— Ha~ Ha~ Taoísta, devagar. Eu quase perdi você~ — falou o Monge enquanto se apoiava na parede e ofegava.
Ao ouvir isto, Li Huowang olhou para o Monge.
É natural ele não ter tanta estamina nesta idade…
— Se não consegue aguentar, volte e descanse primeiro. Não precisa me seguir — sugeriu Li Huowang enquanto continuava caminhando.
Mesmo que não suspeitasse muito do Monge, Li Huowang ainda não confiava completamente. Ele também não queria que o Monge o atrapalhasse se acabassem encontrando um inimigo forte.
— Tudo bem… vou voltar. Você pode correr sozinho. — Monge segurou a cintura enquanto entrava em outro beco.
— Espero que eu esteja pensando demais. — Li Huowang balançou a cabeça.
Assim que deu alguns passos, ouviu um grito.
— Essa é a voz do Monge! — Li Huowang correu e saltou uma parede antes de parar na frente de um buraco quadrado no chão.
Era um buraco no chão. Em vez de terra, as paredes do buraco tinham portas e janelas de madeira. Era como se uma casa com pátio estivesse enterrada no subsolo.
Várias máscaras de madeira decoravam a parede. Estas máscaras de madeira rosnando eram iguais às dos três artistas.
Olhando para o camelo comendo madeira no centro do pátio, Li Huowang teve certeza de que era a casa dos três artistas.
— Taoísta! Rápido, me puxe. Au! Por que as pessoas construíram uma casa no subsolo? Em vez de casa, isto parece mais com uma tumba — comentou uma voz.
Li Huowang olhou na direção da voz e viu o Monge deitado no chão com dor.
Vendo isto, Li Huowang saltou, pousando ao lado do Monge. Porém, ao invés de ajudar, ele segurou a espada e olhou para as janelas fechadas, completamente alerta. Com seus sentidos aprimorados, percebeu imediatamente que várias pessoas estavam o encarando das janelas.
Li Huowang não queria lutar sem saber o número de inimigos.
Ao mesmo tempo, as pessoas encarando atrás das janelas não agiram. Os dois lados permaneceram ali, esperando o outro agir.
Talvez tenham os mesmos pensamentos que eu.
A mente de Li Huowang estava acelerada.
— Taoísta, o que está fazendo? — indagou o Monge enquanto se levantava lentamente com dor.
— Espera um pouco; não tenho tempo para lidar com você por enquanto — enunciou ele.
Assim que falou aquelas palavras, sentiu mais alguns pares de olhos sendo fixados nele. Entretanto, estes olhares se originaram das máscaras decorando as paredes e não das janelas; era como se tivessem ganhado vida.
Após um momento, ele decidiu que, mesmo não tendo confirmado se estavam relacionados ao agressor da noite passada, era melhor não enrolar mais.
Após alguma consideração, decidiu falar com eles: — Sou o júnior Xuan Yang. Entrei acidentalmente em suas casas e não quero briga. Por favor, me perdoem.
Vendo que não houve reação, Li Huowang decidiu tentar outra abordagem de comunicação: — O livro da primavera está aberto?
Mesmo assim, não houve resposta.
— Vamos esquecer o que aconteceu ontem. Não quero machucar vocês e espero que não nos machuque também. Que tal uma trégua? — sugeriu.
Contudo, mesmo após explicar suas intenções, não recebeu respostas. Assim, Li Huowang desistiu antes de apoiar o Monge numa escada ao lado. Quando a escadaria alta foi colocada, Li Huowang deixou o Monge subir primeiro.
Quando o Monge chegou à superfície, Li Huowang saltou na escada e o seguiu.
Após saírem, as pessoas escondidas saíram. Todos tinham tatuagens nas orelhas. Havia homens e mulheres, com alguns até carregando bebês e crianças.
Neste momento, todos exibiam ódio e medo.
Um dos três artistas cerrou o punho enquanto falava a um idoso com cabelos brancos: — Avô! Aquele homem estava certo! Não podemos esperar mais! Precisamos agir agora!
O idoso estava visivelmente zangado enquanto balançava a bengala com força no chão: — Vá, reúna todos os jovens em nossa casa. Precisamos matar aquele Taoísta de vermelho! Como ousam pensar que somos meros sacos de pancadas?!
Enquanto isso, o Monge ainda agiu sem noção de nada quando saíram do pátio subterrâneo e retornaram para a rua ocupada.
— O que aconteceu? — perguntou o Monge, confuso.
— Você não sabe? — questionou Li Huowang, analisando cuidadosamente o Monge.
Ele nunca esqueceu quão suspeito o Monge sempre foi.
Foi só graças ao Monge que Li Huowang conseguiu ver através da ilusão do Monastério da Retidão. Também foi graças à sua ajuda que ele conseguiu encontrar a casa dos artistas de Ópera Nuo.
Pode ter sido uma coincidência na primeira vez, mas uma segunda? Isto era coincidência demais.