Capítulo 201 – Aldeia

Tendo voltado às suas aparências normais, o grupo de Li Huowang continuou viajando pela estrada lamacenta. Neste ponto, fazia vários dias desde que fugiram daquela cidade.

Atualmente, todos tinham aparências desgastadas; não vinham comendo bem e não se vestiram apropriadamente, então este resultado era inevitável.

Quando chegaram numa área levemente plana, Li Huowang usou a manga para limpar o suor da testa: — Vamos descansar.

Ao ouvir isto, todos se sentaram no chão, ofegantes.

Bai Lingmiao pegou cuidadosamente o último biscoito amarelo e partiu na metade, mantendo uma delas. Então, passou a metade restante para ele: — Sênior Li, coma um pouco.

Li Huowang olhou para ela e beliscou sua barriga encolhida.

Esta ação a fez se sentir envergonhada, mas não negou.

— Não se contenha; sei que você tem um grande apetite. Coma enquanto pode e não passe fome. Vou resolver isto — disse Li Huowang.

— Eu não estou com fome. Você pode comer — retrucou Bai Lingmiao enquanto empurrava o biscoito.

No entanto, Li Huowang não se incomodou em pegar. Ao invés disso, abriu o mapa enquanto tentava pensar em maneiras de conseguir estoque. Eles estavam ficando sem suprimentos e precisavam encontrar maneiras de reabastecer logo.

Ele tinha considerado roubar aqueles bandidos, mas largou a ideia quando pensou no relacionamento deles com os soldados fora da lei.

Era difícil dizer se aqueles bandidos estavam atuando como sentinelas daquela mulher ou não.

Considerando a dificuldade que foi para abalá-los mais cedo, sentiu que não valia a pena provocar os soldados fora da lei só por comida.

Roubar os plebeus?

Entretanto, Li Huowang largou este pensamento imediatamente. Ele definitivamente não faria coisas covardes como seu próprio Mestre. Ele era Li Huowang, não Dan Yangzi.

De repente, descobriu que era um desafio real obter fundos e comida o bastante sem roubar de bandidos ou oprimir os plebeus.

Naquele momento, Filhote riu enquanto se aproximava e pegou o biscoito das mãos dela, antes de ser espantado.

— Sênior Bai, por favor, me dê. Sênior Li não está com fome, mas eu definitivamente estou — falou Filhote.

— Não. Só resta um pouco de ração. Coma o seu — respondeu Bai Lingmiao.

— Eu comi o meu — disse Filhote.

— Então terá que passar fome por alguns dias. Você não morrerá tão rápido de fome — retrucou Bai Lingmiao.

Ao ouvir isto, Filhote coçou desanimado as costelas sob sua roupa. Ele se virou para olhar para os outros próximos. Contudo, desta vez, não encontrou ninguém comendo. Até o mais complacente Yao Xiaohai não tinha comida para ele. Gradualmente, seus olhos focaram no grupo de mulheres que resgataram do esconderijo dos bandidos.

— Se soubesse que chegaria a isto, então deveríamos tê-las deixado para trás. Elas não fazem nada além de desperdiçar nossa comida. Elas são apenas um fardo — murmurou Filhote.

Aquelas palavras instantaneamente fizeram as mulheres sentirem medo enquanto se abraçavam impotentes.

— Você é um homem de verdade? Por que está tão cheio de reclamações? — esbravejou Chun Xiaoman, incapaz de aguentar as reclamações.

— Só estou dizendo a verdade. Eu estou errado? — retrucou Filhote.

— Não… nos abandone! Podemos ser úteis! Sabemos de um local onde há comida. É muito perto daqui. Podemos levá-los lá — uma das mulheres interveio.

Aquelas palavras fizeram todos olharem para o grupo de mulheres.

A que falou era uma mulher com boca grande. Pela aparência, ela poderia facilmente atrair a atenção dos bandidos, evidentemente não só por causa de sua boca.

Quando sentiram os olhares, ela abaixou a cabeça inquieta.

— O que está dizendo é verdade? Você pode nos ajudar a encontrar comida? — Li Huowang se aproximou e perguntou. Ele percebeu de repente que vinha desperdiçando seu tempo e energia. Com a ajuda deste grupo de moradores de Hou Shu, ele nem precisava de um mapa.

— Tem uma aldeia próxima… e minha quarta tia tem campos lá… Podemos ir lá e pedir… — respondeu à mulher.

Ao ouvir isto, Li Huowang estudou o mapa em suas mãos novamente, mas descobriu que não havia marcações perto do local.

— Hehe… existem muitas aldeias pequenas por aqui. Não consigo marcar todas — Jin Shanzhao ficou envergonhado quando se aproximou e se explicou.

— Por que se incomodar em fingir se não sabe? Não atrase a questão do nosso Taoísta — ridicularizou Lu Zhuangyuan.

Ao ouvir isto, a expressão de Jin Shanzhao ficou vermelha: — Não estou mentindo! Você sabe quantas aldeias existem em Hou Shu?!

— Tudo bem, parem de falar. Vamos lá ver. Leve-nos até a casa da sua quarta tia — pediu Li Huowang, suas palavras fazendo todos se levantarem.

O grupo inteiro seguiu a senhorita de boca grande enquanto levavam na direção de uma montanha rochosa distante. Quando chegaram ao sopé árido da montanha, ela não parou e continuou subindo.

Inicialmente, havia uma espécie de caminho, mas depois desapareceu completamente e tiveram que usar os quatro membros para continuar subindo.

Houve várias vezes em que Li Huowang se perguntou se a mulher estava mentindo. Afinal, este local não parecia ter uma aldeia.

Após muito esforço, quando finalmente chegaram no topo, foram cumprimentados com uma cena paradisíaca.

Esta era uma montanha com topo plano e realmente havia uma aldeia.

Mais importante, havia campos verdes exuberantes, uma visão rara nas terras áridas de Hou Shu.

— Que lunático… eles não têm nada melhor para fazer? Por que construiriam uma aldeia aqui? Estou exausto — Filhote reclamou enquanto esfregava as pernas doloridas.

— Acho que provavelmente é para evitar impostos pesados, taxas e recrutamento. Existem poucas possibilidades — presumiu um deles.

— Ah, quando você pensa assim, as pessoas sofrem muito. Existem muitas coisas para se preocupar — comentou Filhote.

— Os oficiais de Hou Shu são tão rigorosos? Eles até forçam as pessoas a subir montanhas. Nossos oficiais são muito mais compreensivos e só coletam metade da colheita toda temporada. Os fazendeiros também são isentos do trabalho manual forçado — indagou Lu Zhuangyuan. Ele ficou um pouco satisfeito quando se comparou aos outros.

Enquanto conversavam, Li Huowang já havia confirmado a casa da quarta tia daquela senhorita de boca grande e começou a ir naquela direção.

Este local parecia ser muito pacífico e cada casa era brilhante e limpa. Era como um paraíso que permaneceu inalterado pelo caos externo.

— Sênior Li, nossa aldeia é muito similar a esta. Mesmo que só tenhamos algumas pessoas, são todas boas — expressou Bai Lingmiao. Ela pareceu lembrar de algo porque uma leve felicidade apareceu em seu rosto.

Quando finalmente nos assentarmos, viver com os outros num local como este parece uma boa escolha.

Li Huowang pensou consigo.

Naquele momento, ouviu barulhos vindo das casas com sua audição aguçada.

Um grande grupo de forasteiros entrando na aldeia chamou a atenção, bem como a hostilidade dos aldeões. Porém, quando a mulher falou o nome da quarta tia, a hostilidade em seus rostos diminuiu.

As coisas pareciam estar prosseguindo tranquilamente até ouvirem que esta parente distante veio pedir comida; assim que ouviram isso, se recusaram a abrir as portas.

Vendo isto, a mulher ficou diante da porta fechada e implorou, com lágrimas escorrendo pelos olhos: — Não… Não sei… para onde ir…

Por outro lado, as pessoas ao redor estavam começando a ficar impacientes e frustradas. Eles só continuaram a aguentar a fome porque não havia nada para comer.

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