Vol. 5 Cap. 541 Confiança Simples
“Como minha reputação se espalhou tão rápido? Mesmo que o rumor de que eu estava caçando Burman tenha chegado a Porto Santa dois dias antes do Pássaro Voador, o mandatário teria que levar um tempo para determinar onde eu moro, a autenticidade das notícias…” Lumian estimou alguns dias antes que alguém procurasse seus serviços, e isso levou seus pensamentos à antinatural “Madame”.
Ele se levantou e disse a Lugano: — Convide aquela Madame para entrar.
Com essas palavras, Lumian abaixou-se para pegar o distinto chapéu de palha dourado da pequena mesa redonda. Ele pretendia tornar a imagem de Louis Berry mais memorável, adicionando um toque de estilo à sua persona.
Rapidamente, Lugano acompanhou uma mulher na faixa dos trinta até a sala.
Ela usava um vestido branco largo adornado com flores vermelhas, acentuando suas curvas.
As mulheres de Porto Santa, em contraste com a região de Dariège, do outro lado da montanha, preferiam trajes glamourosos e elegantes, incorporando uma estética romântica e liberada, refletindo o gosto tradicional do Reino de Feynapotter.
A mulher, com longos cabelos castanhos presos e uma pele saudável, entrou sem uma empregada. Seus olhos azuis, emoldurados por cílios grossos, focaram em Lumian, que segurava o chapéu de palha dourado.
Seus lábios vermelhos se moveram e, embora Lumian não conseguisse entender cada palavra, o nome “Louis Berry” era perceptível em sua pronúncia.
Prontamente, Lugano iniciou a tradução.
— A Madame diz: Honorável Monsieur Louis Berry, ouvi sobre sua caçada ao Bruxo Demoníaco. Gostaria de saber se você está disposto a ajudar minha família a resolver um problema.
O olhar de Lumian mudou da pulseira de pedras de joias no pulso da senhora para seu rosto lindo e maduro.
— Qual o seu nome?
— Giorgia — respondeu a senhora depois que Lugano traduziu.
Lumian repetiu, reconhecendo o nome da senhora com um sorriso,
— Madame Giorgia, o que a senhora gostaria de me confiar?
Giorgia ouviu atentamente a tradução de Lugano e falou em escocês com um leve sotaque local: — Uma criatura maligna apareceu na minha casa. Preciso da sua ajuda para eliminá-la.
Lumian, embora entendesse a essência, aguardou a tradução de Lugano lançando seu olhar para ele.
Quando Lugano transmitiu as palavras de Giorgia em intisiano, Lumian riu e disse: — Desculpe, esqueci de convidar a bela Madame para se sentar.
— O grande aventureiro Gehrman Sparrow nos ensinou que boas maneiras são muito importantes.
Gesticulando em direção ao sofá, Lumian se acomodou no puff, tentando acariciar a cabeça de Ludwig, como um padrinho.
Ludwig rapidamente mudou de posição, evitando a tentativa de Lumian de tratá-lo como uma criança.
Enquanto Giorgia se acomodava em uma poltrona, Lumian, sacudindo seu chapéu de palha dourado, inclinou-se para frente.
— Já que é uma criatura maligna, por que você não encontra um clérigo da Igreja Mãe Terra para lidar com isso?
Giorgia olhou para Lugano e ouviu atentamente.
Ela franziu os lábios grossos e respondeu em escocês:
— Não queremos que a Igreja saiba disso. Isso prejudicará a reputação da nossa família.
“É por isso que você está confiando em mim, um estrangeiro que irá embora depois de assistir ao ritual de oração do mar? E isso depois de confirmar minha habilidade de lidar com aquela criatura maligna…” Lumian, ponderando sobre essa escolha, desviou o olhar de Lugano. Após uma breve pausa, ele perguntou: — Conte-me mais sobre aquela criatura maligna.
Após uma breve pausa, Giorgia contemplou e então compartilhou: — Parece um lagarto sem cauda. Ele atacou todos na casa, matando algumas empregadas e criados e devorou seus corpos.
— Os guarda-costas da nossa família atiraram nele e o feriram, mas não conseguiram matá-lo porque ele tem escamas muito fortes. Só conseguimos persegui-lo até o porão e trancá-lo.
— Pensamos que ele morreria lentamente de fome e sede. Para nossa surpresa, quase duas semanas depois, ele ainda está vivo e tentando arrombar a porta do porão.
“Não parece muito perigoso. Eles poderiam repeli-lo com armas de fogo comuns… Eles não mencionaram por que o lagarto apareceu. Parece que é por isso que eles não estão dispostos a procurar a Igreja da Mãe Terra e o governo local para lidar com isso…” Lumian comparou cuidadosamente as poucas palavras que ele entendeu com o conteúdo traduzido por Lugano e confirmou que o guia não havia embelezado ou modificado nenhum conteúdo.
Lumian então perguntou casualmente: — Houve alguma vítima entre os guarda-costas?
Giorgia, após a tradução, balançou a cabeça lentamente.
— Nenhuma fatalidade. Dois ficaram feridos, mas nada grave. Sim, aquele monstro fez com que a sala inteira parecesse ter sido arrastada para o fundo do mar, afetando os movimentos normais.
“Como se arrastado para o mar profundo… De fato, há certos fenômenos Beyonder, mas eles parecem relativamente fracos… Fundo do mar…” O interesse de Lumian foi despertado enquanto ele perguntava seriamente sobre os detalhes.
Após uma série de respostas, Giorgia disse gentilmente: — Monsieur Louis Berry, estamos dispostos a lhe pagar 15.000 risot, mas você tem que prometer não tornar esse assunto público.
“15.000 risot de ouro? De acordo com sua descrição, o monstro vale no máximo 5.000 risot de ouro. Os 10.000 restantes devem ser um dinheiro para calar a boca, certo?” Lumian sorriu e disse em escocês ruim, — Claro.
Levantando-se de seu assento, Lumian anunciou em intisiano: — Quero observar a situação no local.
Giorgia se levantou e ouviu a tradução de Lugano.
Ela não ficou surpresa com o pedido de Louis Berry. Familiarizada com aventureiros e caçadores de recompensas, ela entendeu a importância de avaliar a situação em primeira mão e fazer preparativos completos. Isso significava sobrevivência ou sucesso para as elites.
— Agora? — Giorgia buscou confirmação.
Lumian compreendeu a palavra e afirmou em escocês: — Agora.
Enfeitando seu chapéu de palha dourado, ele foi até a porta, acrescentando em intisiano: — Prepare também um jantar suntuoso para mim, meu afilhado e meu tradutor.
Giorgia, um pouco surpresa com a tradução, observou a partida de Lumian. Ela não conseguia se livrar da sensação de que esse aventureiro possuía uma qualidade distinta em comparação com aqueles que ela havia encontrado antes.
…
Porto Santa, Rue Saint Lana.
Ao nordeste da cidade ficavam vilas de vários andares adornadas com jardins, gramados e estábulos.
A residência de Giorgia ocupava o número 21 desta rua. A vila de cinco andares ostentava paredes externas marrom-avermelhadas, adornadas com estátuas de anjos e santas da Igreja Mãe Terra, junto com símbolos representando ondas e pesca.
Usando seu característico chapéu de palha dourado e segurando a mão de Ludwig, este último carregando uma mochila escolar vermelha, Lumian seguiu atrás de Giorgia, acompanhada por sua empregada e seu criado. Juntos, eles entraram no salão da vila, que também servia como uma espaçosa pista de dança sob um teto alto e abobadado.
Quando Lumian entrou, sentiu olhares invisíveis sobre ele vindos das grades circulares dos andares superiores.
“É de fato uma casa com várias famílias dividindo o mesmo teto. Há algumas pessoas…” Lumian refletiu, escolhendo não olhar para cima, sorrindo interiormente.
Os observadores ocultos permaneceram escondidos. Giorgia então convocou dois guarda-costas legalmente armados, levando Lumian e a comitiva até o segundo porão, onde a porta preta como ferro estava bem fechada.
Como se sentisse alguém se aproximando, a porta bateu como se tivesse sido atingida por uma força poderosa.
— Está lá dentro — afirmou Giorgia, apontando para a porta de ferro com uma expressão complicada.
Lumian, entendendo sem precisar de tradução, apertou seu chapéu de palha dourado e ordenou: — Leve meu afilhado para a sala de estar para a sobremesa do jantar.
Enquanto falava, ele caminhou em direção à porta de ferro subterrânea sem olhar para trás.
Ao ouvir a tradução de Lugano, Giorgia e a empregada guiaram Ludwig às pressas de volta à superfície. Um guarda-costas alcançou Lumian, sua expressão séria, e lhe entregou uma chave preta como estanho.
Sem demora, os dois guarda-costas sacaram seus revólveres, posicionando-se para mirar na porta de ferro, impedindo que o monstro escapasse.
Lumian metodicamente inseriu a chave na fechadura, destrancando-a.
Ele jogou a chave de lado e, sem esforço, abriu a porta de ferro com uma mão.
Num instante, a figura do monstro apareceu.
Um lagarto humanoide, adornado com escamas brilhantes e robustas, encontrou os olhos de Lumian. Onde não havia escamas, pele lisa e sinistra de cobra estava exposta.
Os olhos do monstro eram verticais e brilhavam com uma luz quase transparente. Sua boca abrigava dentes afiados que formavam um vórtice ameaçador.
Simultaneamente, Lumian sentiu o ar ao seu redor ficar mais denso, como se algemas o envolvessem, claramente impedindo seus movimentos normais.
A umidade dava a sensação de mergulhar no fundo do mar, suportando pressão de todas as direções.
O lagarto humanoide avançou, e o corpo de Lumian se inclinou em direção ao inimigo como se fosse puxado por um vórtice.
No entanto, o sorriso óbvio em seus lábios persistiu enquanto ele calmamente tentava girar.
De repente, um poder latente surgiu dentro dele, permitindo que ele se libertasse das restrições do ar.
Lumian girou rapidamente o corpo, balançando o punho direito por baixo.
Instantaneamente, chamas vermelhas, quase brancas, saíram de seu punho, espalhando-se para seu antebraço, lembrando uma serpente de fogo deslumbrante.
Estrondo!
O soco atingiu o peito e o abdômen do lagarto humanoide, fazendo com que as chamas se comprimissem.
Estrondo!
O lagarto humanoide foi lançado voando, com escamas cristalinas salpicando de seu peito e abdômen, resultando em um ferimento enorme.
Lumian não o perseguiu. Com uma mão no bolso, ele mudou seu punho direito para uma palma e gentilmente empurrou para frente.
Bolas de fogo vermelhas, quase brancas, se materializaram diante dele, assobiando na ferida no peito e abdômen do lagarto.
Estrondo!
O monstro se desintegrou, sua carne e sangue se espalhando pelo chão.
Lumian observou por alguns momentos antes de ajustar seu chapéu de palha dourado. Ele se virou e caminhou em direção às escadas que levavam à superfície.
Os dois guarda-costas armados e vigilantes mantiveram sua postura original, ainda atordoados, incapazes de compreender o que havia acontecido.
Lumian não os “avisou” enquanto subia as escadas.
Ao ouvir a explosão, Giorgia, no chão, saiu do salão com Lugano e se aproximou da escada. Ela viu Lumian subindo.
— Você confirmou a situação? — Madame Giorgia perguntou preocupada.
Lumian respondeu com um sorriso: — Está resolvido.
Vol. 5 Cap. 542 Situação Anormal
“Está resolvido? Já está resolvido?” Giorgia suspeitou que o tradutor tinha cometido um erro. Instintivamente, ela perguntou: — Existe uma solução rápida ou já foi resolvido?
Lugano lançou um olhar simpático para a bela madame, experimentando as mesmas emoções que sentiu ao ler sobre como seu empregador havia matado o Bruxo Demoníaco.
Como um monstro confinado no porão por guarda-costas armados comuns poderia se comparar a Burman, que tinha uma recompensa de 600.000 verl d’or?
Apesar de achar desnecessário, Lugano transmitiu respeitosamente as palavras de Giorgia a Lumian.
Lumian tirou o chapéu de palha dourado da cabeça e disse: — Você pode instruir os criados a limpar o porão.
Ao ouvir a tradução de Lugano, as pupilas de Giorgia dilataram-se enquanto ela olhava para Lumian, perplexa, sem saber o que dizer.
Naquele momento, um guarda-costas que vigiava o porão correu até ele. Ao ver Giorgia, ele imediatamente se inclinou, abaixou a voz e sussurrou algo para ela.
A expressão de Giorgia mudou algumas vezes antes que ela sorrisse e dissesse a Lumian: — Como esperado do renomado aventureiro. Eu suspeitava anteriormente que sua caçada ao Bruxo Demoníaco era apenas um rumor. Agora, eu acredito completamente. Seu poder é o suficiente para ressoar pelos Cinco Mares.
Ela parou por um momento e disse se desculpando: — Sinto muito; não tivemos tempo de preparar o jantar. Podemos precisar que você espere no salão por um tempo.
— É melhor eu esperar do que uma bela dama — Lumian respondeu com um sorriso.
Isso é cortesia básica!
Ele seguiu a empregada de Giorgia até o salão especialmente preparado para Ludwig para aproveitar a sobremesa antes do jantar.
Giorgia e seu guarda-costas desceram para o porão.
Uma sensação de alívio tomou conta dela enquanto examinava a sala manchada de sangue, não encontrando nenhum vestígio do lagarto humanoide; ele havia desaparecido completamente.
O jantar se desenrolou em uma sala privada, exclusiva para Lumian, seus companheiros e Giorgia. A criada da dama os atendia, servindo pratos e vinho.
Lumian, intrigado com o ambiente, notou como a mansão expansiva acomodava as necessidades de seus diversos ocupantes. Pequenas salas privadas fora do grande salão de banquetes garantiam a privacidade das reuniões.
A refeição foi uma delícia para todos. Lumian recebeu 15.000 risot em notas; Giorgia parecia visivelmente à vontade; Ludwig apreciou os chefs da vila; e Lugano experimentou um banquete de alto nível pela primeira vez.
Esse ambiente agradável continuou até que Lumian partiu da Rue Saint Lana, nº 21, junto com Ludwig e Lugano.
Lugano, ligeiramente corado pelo vinho branco, olhou para o prédio bem iluminado e suspirou profundamente.
— Eu me pergunto quando terei uma casa tão grande, com vários criados e cozinheiros, e uma esposa como Giorgia.
Lumian brincou: — Sua ênfase está na última parte, não é?
Lugano riu timidamente e respondeu: — Bem, com base na sua descrição, eu também poderia ter derrubado aquele lagarto humanoide.
Isso significava que ele possuía as habilidades para enfrentar uma missão que valia 30.000 verl d’or!
Com mais algumas missões bem-sucedidas, o sonho de Lugano pode se tornar realidade!
— Com armas e balas especiais preparadas com antecedência, somadas a ampla experiência de combate, um Plantador é realmente capaz — Lumian avaliou cuidadosamente seu guia.
Ele evitou usar “Médico” para se referir a Lugano, já que esta Sequência concedia principalmente superpoderes de cura e não oferecia melhorias significativas em combate.
Lugano ficou feliz ao ouvir isso, sentindo uma nova esperança em sua vida.
Lumian olhou para ele e acrescentou com um sorriso: — No entanto, se você aceitar esta comissão, a recompensa pode ser de apenas dois a três mil risot.
— O restante representa o prêmio baseado na reputação do grande aventureiro e o dinheiro para esconder uma ação de alguém tão renomado.
— É por isso que você precisa caçar o Bruxo Demoníaco antes de aceitar uma missão tão lucrativa.
O sorriso no rosto de Lugano desapareceu gradualmente.
“Se eu pudesse caçar o Bruxo Demoníaco, meu sonho seria realizado. Eu não teria que ser um aventureiro!”
Lumian não prestou atenção às mudanças emocionais do tradutor. Ele olhou de volta para a grande vila de cinco andares e disse pensativamente: — A Matriarca desta família não apareceu nem no final…
Embora fosse compreensível que os outros membros da família não tivessem se mostrado, logicamente falando, como chefe da família, a Matriarca deveria ter pelo menos expressado sua gratidão ao aventureiro que os ajudou a resolver o problema.
— Está certo. Uma mulher da idade de Giorgia não deveria ser chefe de uma família tão grande — Lugano reconheceu, sentindo a anomalia.
Ela se absteve de mencionar a potencial ausência de uma Matriarca na vila. Em famílias extensas como essa, provavelmente havia mais de uma mulher mais velha que havia dado à luz. Se uma Matriarca morresse, outra logo assumiria o papel. Além disso, a Igreja Mãe Terra era famosa por seu tratamento hábil de doenças nos Continentes Norte e Sul. A expectativa de vida média do Reino Feynapotter superava a de Loen, Intis, Feysac e outras nações. Muitos indivíduos viviam além dos 70 anos, especialmente com a riqueza da família de Giorgia fornecendo amplos recursos médicos.
Lumian desviou o olhar e deu alguns passos.
— Vá ao bar hoje à noite e pergunte sobre a família de Giorgia.
Enquanto falava, ele contou 1.000 risots para Lugano.
— Isso cobre suas despesas com suas atividades durante esse período, incluindo as despesas com refeições de Ludwig quando eu estiver fora.
— Sim, chefe. — Lugano apreciou muito a generosidade de seu empregador.
Perto da meia-noite, o Médico retornou à suíte do Motel Solow, fedendo a álcool. Ele se dirigiu a Lumian, que observava Ludwig jantar: — Eu tenho a informação. Giorgia é a esposa de Rubió Paco, um acionista da Companhia de Pescadores de Porto Santa e um membro do comitê da Guilda de Pescadores. A Matriarca da família Paco é a mãe de Rubio, Martha.
“Membro do comitê da Guilda de Pescadores…” Lumian se concentrou instantaneamente.
Esta era uma pessoa que conhecia todo o processo do ritual de oração do mar e o acidente do ano passado.
— O que mais você descobriu? — Lumian perguntou casualmente.
Lugano divagou por um tempo antes de acrescentar: — A propósito, Martha já foi uma Donzela do Mar.
“Donzela do Mar…” Lumian ponderou por alguns segundos. “Ela tinha sido procurada por uma multidão específica antes de se casar com a família Paco?” Ele perguntou: — Você descobriu alguma coisa sobre a situação recente de Martha?
— Não. — Lugano balançou a cabeça.
Lumian recostou-se na cadeira, como se estivesse se preparando para cochilar, sem insistir em mais informações.
No dia seguinte, ele ficou no Motel Solow, aguardando os preparativos de Valerio para seus documentos de identificação locais.
À medida que a noite se aproximava, seu mensageiro, o Penitente Baynfel, emergiu do vazio e lhe entregou uma carta.
Lumian olhou para o cadáver carbonizado, ainda envolto em chamas negras e viscosas, e perguntou casualmente: — Quem o enviou?
Apenas cinco pessoas estavam cientes do encantamento de invocação de seu mensageiro.
— Uma mulher muito próxima da morte e da escuridão — respondeu Baynfel.
Lumian desdobrou a carta e leu a caligrafia familiar: “Há uma reunião marcada para as 10 horas da noite…”
Isto era de Hela. Antes de deixar Trier, Lumian havia convocado especificamente o mensageiro de Hela e informado a ela sobre o método de convocação de seu mensageiro. Com suas viagens frequentes e mudanças de residência, era impraticável convocar o mensageiro de Hela toda vez que ele ficava em um motel. Portanto, ele fez tais arranjos para facilitar a comunicação.
Cada mensageiro era intrinsecamente ligado ao seu mestre. Por meio da conexão mística do contrato, o mensageiro podia rastrear o alvo contratado independentemente de suas localizações em mudança.
“A Sociedade de Pesquisa tem outra reunião…” Lumian dispensou Baynfel e foi até a janela do quarto principal.
Ele olhou para a distância, em direção à cordilheira manchada ao nordeste.
Sob o brilho do sol poente, as montanhas pareciam cochilar no céu escaldante.
Lumian observou silenciosamente por um momento, então pegou o brinco de prata Mentira e o colocou no lóbulo da orelha esquerda.
Num instante, seu cabelo se transformou, ficando dourado e alongado para baixo.
…
Às 22h, no antigo e dilapidado palácio da Nação da Noite Eterna, Lumian, envolto em uma túnica preta, capuz e uma meia-túnica branco-prateada, teve máscara com a inscrição “Trouxa”, materializada.
Ele imediatamente avistou Franca, que usava um traje de Assassina e havia abaixado o capuz.
Franca, não escondendo mais o relacionamento amigável, inclinou-se e baixou o tom de voz.
— Porto Santa não teve um surto de perturbação, suponho?
— Eu não sou a personificação da calamidade — respondeu Lumian.
Ele então disse a Franca: — Ajude-me a perguntar em diferentes equipes mais tarde se há alguma poção, feitiço ou item que possa me permitir dominar um idioma em um curto período de tempo — não a verdadeira maestria, mas o tipo que permite a fluência por um curto período.
Franca perguntou confusa: — Você não tem um tradutor?
Lumian sorriu e disse: — É que de repente eu tive uma ideia. Quando todos pensam que eu não conheço escocês, eu consigo entender o que eles estão falando. Talvez isso possa trazer ganhos inesperados.
“Seu coração está realmente manchado!” Depois que Franca o amaldiçoou de brincadeira, ela quis elogiar os belos lábios e sorriso de Aurore, um que deveria ser visto com mais frequência, mas sua racionalidade a fez desistir da ideia para evitar irritar Lumian.
Ela olhou para um canto do palácio e disse: — A equipe com maior probabilidade de obter tais itens é, na verdade, a Academia. No entanto, é inconveniente para você perguntar. Pode facilmente levantar suspeitas. Coincidentemente, estou indo até a equipe da Academia hoje para perguntar se alguém sabe quem são os donos das tumbas antigas nas catacumbas de Trier. Heh heh, muitos deles são considerados semi-historiadores. Se ninguém souber, farei com que 007 investigue as informações confidenciais da Igreja.
— Por que você vai perguntar isso? — Lumian levantou as sobrancelhas.
Franca contou como ela e Jenna obtiveram um novo Fragmento do Mundo Espelhado nas catacumbas.
Lumian ouviu atentamente e zombou.
— Vocês não são muito ousadas? Jenna foi inspirada pela sua coragem!
Assim que terminou de falar, ele viu 007 se aproximando ameaçadoramente.
Vol. 5 Cap. 543 Mesmo Sonho
Usando um capacete de leão, 007 interceptou o caminho de Franca, rangendo os dentes.
— Lâmina Oculta, graças às suas informações, posso estar sendo enviado para uma missão agora mesmo.
— Hein? — Franca não entendeu muito bem.
“Enviado em uma missão? Se você estiver fora, a quem devo reportar problemas em Trier?”
007 olhou para Trouxa, parada em silêncio ao lado deles, e respirou fundo.
— Talvez eu vá até Feynapotter como assistente para recuperar aquele Artefato Selado.
— A perda é de Intis, e não seria bom que ela acabasse nas mãos do Reino Feynapotter.
— Os Feynapotterianos permitirão que você aplique a lei no país deles? A cooperação internacional não é problemática? — Franca entendeu as preocupações de 007.
007 ponderou por um momento e disse: — Ainda estamos trabalhando no processo, mas os Feynapotterianos não estão muito contra dessa vez. Eles querem eliminar os perigos ocultos do Artefato Selado o mais rápido possível. Eles têm precauções a tomar e não podem dispensar muitos para cercá-lo e interceptá-lo, então podem muito bem pegar emprestada nossa força.
“A Igreja da Mãe Terra e o Reino Feynapotter precisam ficar vigilantes. Eles estão com falta de mão de obra? Este é um problema com um país de Igreja única. Eles não têm os recursos como uma combinação de duas ou três Igrejas. Espere, isso não faz sentido. O Reino Feynapotter tem uma família real, e os Beyonders da Igreja não seguem apenas o caminho de sua divindade.” Lumian sentiu algo errado nas palavras de 007.
Isso o fez sentir que os perigos ocultos no Reino de Feynapotter não eram menores do que aqueles em países com múltiplas divindades e igrejas.
— É mesmo… — Franca de repente teve uma ideia. — Eu tenho uma maneira de garantir que você não precise ser enviado!
— Que maneira? — 007 perguntou com ceticismo.
Franca sorriu e disse: — Se você estiver em uma missão importante em Trier, não há necessidade de ser enviado.
— Missão importante… — 007 repetiu em voz baixa, sentindo de repente uma sensação sinistra.
Franca aproveitou a oportunidade e disse: — Localizamos outro Fragmento do Mundo Espelhado em uma tumba antiga no quarto nível das catacumbas.
— Agora, temos uma pista para perseguir as Pessoas Espelhadas em Trier. Se você denunciar e comunicar que está conduzindo uma investigação, provavelmente não acabará em Feynapotter.
007 encarou Franca, vestido com um traje de assassino, por um momento. Ele levantou a mão para esfregar a testa e falou gravemente, — Muito obrigado, Lâmina Oculta!
Franca fingiu não entender a mensagem subjacente de 007 e continuou: — A tumba está situada perto da Caverna do Cogumelo Louco. Sua porta está escancarada e não há sinais visíveis. Por favor, reúna informações das catacumbas sobre sua data de construção, seus ocupantes e a antiga família à qual pertence. Só então poderemos determinar por que o peculiar essas Pessoas Espelhadas entraram e como encontraram sua morte lá.
007 respirou fundo e expirou lentamente.
— Você é uma chefe perfeito para mim.
“Tudo o que você sabe fazer é me atribuir missões!”
Franca soltou uma risada vazia e mudou de assunto.
— Você tem alguma ideia do que está acontecendo na Caverna do Cogumelo Louco? Os cogumelos estão de alguma forma prosperando naquele lugar silencioso, escuro e hermeticamente fechado. Além disso, parece ser o único local nas catacumbas do quarto nível onde cogumelos crescem.
007 assentiu gentilmente e respondeu: — Tenho algum conhecimento sobre isso. Era uma vez, eu estava bastante intrigado pela caverna de cogumelos. Eu conduzi uma investigação e descobri que ela era inicialmente bem comum — uma caverna formada naturalmente entre as tumbas antigas. Quando as catacumbas foram concluídas, alguns dos cadáveres antigos foram realocados para lá. Em poucas semanas, ela foi invadida por cogumelos e selada.
“Os poderes Beyonder trazidos pela formação formal do selo combinados com o problema de certos cadáveres antigos criaram uma Caverna do Cogumelo Louco?” Lumian analisou o motivo cuidadosamente.
Observando o silêncio atento de Trouxa, 007 assentiu educadamente e se virou para ir em direção à equipe do Santuário.
Franca não conseguiu conter a risada.
— Ele é tão educado com você. Se ele soubesse que a maioria dos seus problemas e fadiga vinham de você, sua expressão seria uma visão e tanto.
Lumian riu em resposta.
— Mas a situação do Povo Espelhado não tem nada a ver comigo.
Enquanto conversavam, eles caminharam em direção ao canto onde a equipe da Academia se reunia.
No meio do caminho, Lumian de repente se virou para Franca.
— Você acha que algum membro da Sociedade de Pesquisa, especialmente aqueles em Trier, poderia ter sido substituído pelo Povo Espelhado?
— Isso é impossível… Não me assuste! — Franca parecia alarmada.
Lumian lutou contra a vontade de fazer beicinho, não querendo destruir a linda imagem da irmã.
— O que é impossível? Qualquer cidadão de Trier poderia ser substituído pelo Povo Espelhado, mesmo que fizesse parte de uma organização secreta.
— Além disso, a maioria na Sociedade de Pesquisa são Beyonders com um forte espírito de exploração. Seus encontros com incidentes Beyonder são mais frequentes do que pessoas comuns.
Franca assentiu seriamente, reconhecendo que o risco potencial não poderia ser desconsiderado.
— Como membro do Comitê de Revisão, você deve manter contato com Madame Hela e os outros, observe discretamente — Lumian a lembrou.
Permaneceu a incerteza sobre se o Povo Espelhado dos transmigradores reteve suas memórias pré-transmigratórias. Se o fizessem, poderiam facilmente contornar as salvaguardas do Comitê. Suas interações dentro da Sociedade de Pesquisa poderiam passar despercebidas, a menos que causassem danos, permanecendo ocultos.
— Entendido — respondeu Franca com solenidade.
Naquele momento, muitos membros conhecidos da equipe de Lumian se reuniram no canto, incluindo a Professora, o Professor Associado, o Diretor, a Tabela Periódica, o Urso, o Grifo e o Isótopo.
Alguns usavam disfarces diferentes dos anteriores, embora Lumian tivesse se acostumado com suas roupas diversas. Eles eram indivíduos que não compareceriam a um baile de máscaras com o mesmo traje duas vezes. Independentemente disso, seu formato corporal geral, linguagem e rótulos no peito ajudavam os outros a identificá-los com precisão.
Após trocarem cumprimentos, Lumian e Franca sentaram-se cada um.
Depois de alguns minutos, Franca levantou a mão e disse: — Alguém está vendendo itens do tipo Compreensão de Linguagem? Conheço alguém que está indo para o exterior e quer adquirir alguns.
Ao ouvir seu pedido, alguns riram, enquanto outros franziram os lábios. A primeira queria perguntar se sua amiga era ela mesma, enquanto a última se lembrou do membro-chave da Reunião da Mentira que causou inúmeras catástrofes na Sociedade de Pesquisa.
Urso, envolto em pele de urso marrom, falou no antigo idioma Feysac com uma voz abafada: — Eu tenho um amuleto de compreensão de idiomas que consegue um efeito semelhante.
— Amuleto de compreensão de idiomas? — Franca perguntou com interesse.
Sendo fluente no antigo Feysac por muitos anos, ela se tornou relativamente proficiente em Loen, escocês e outras línguas do Continente Norte. No entanto, ela não tinha conhecimento das línguas do Continente Sul.
O membro da equipe da Academia com o codinome “Urso” olhou para Lâmina Oculta com seus olhos cor de café.
— Sim, sua essência é fortalecer e alterar temporariamente o Corpo do Coração e da Mente, melhorando a compreensão, o raciocínio e a comunicação. Também transmite uma parte do conhecimento da língua correspondente. Usar um dura sete dias.
— Atualmente, os amuletos de Compreensão de Idiomas são divididos em três tipos. O nível mais baixo é para todas as línguas Feysacianas antigas. Criá-los é o menos difícil. Você só precisa…
Urso fez uma pausa e fez uma conversão com base na taxa de câmbio atual.
— Mil verl d’or.
— O nível médio cobre todas as línguas comuns. Custa 2.000 verl d’or. No nível mais alto, você pode dominar temporariamente uma língua sobrenatural designada. 5.000 verl d’or. Lâmina Oculta, qual você quer?
Franca ouviu atentamente, sentindo uma sutil expressão de pena e arrependimento no olhar de Bear.
“Ele está com pena de mim por ousar beber a poção da Bruxa naquela época?” Franca se perguntou silenciosamente. Sem olhar para a Trouxa, ela tomou a decisão.
— Três amuletos de Compreensão de Idioma de nível mais baixo, um de nível médio. Uh, posso ter um desconto?
Ela acreditava que Lumian eventualmente rastrearia Hisoka no Continente Sul. Era melhor preparar um amuleto de Compreensão de Idioma de Nível Médio agora.
— Não. — Bear balançou a cabeça.
— Tudo bem — disse Franca, sem talento para barganhar. Ela habitualmente pedia um desconto para evitar um possível arrependimento futuro.
Depois que Franca pagou e decidiu o método de entrega, Professora, adornada com uma máscara de borboleta preta, examinou a área. Após um momento de contemplação, ela falou.
— Professor Associado, eu e alguns Bruxos que conheço temos tido sonhos estranhos ultimamente. Nesses sonhos, há uma região selvagem com muitas figuras indistintas vagando por aí.
— Alguém de vocês já teve um também?
Ela direcionou sua investigação para os outros Bruxos da equipe da Academia.
“Selva… Figuras errantes… Isso poderia estar relacionado a Paramita de Madame?” Lumian, escondido atrás de uma meia-máscara branca prateada, franziu a testa ligeiramente. Parecia improvável que um Bruxo sonhasse com Paramita. Por que sonhariam?
Observando outros Bruxos expressando que tinham sonhos semelhantes, mas a frequência e a clareza diminuíam com o tempo, Lumian, agindo como Aurore, assentiu e fez uma pergunta em vez de fornecer uma resposta.
— Quando vocês começaram a ter esse sonho?
“Poderia ser uma anormalidade causada pelo Sábio Oculto?”
O professor havia feito uma confirmação clara sobre esse assunto.
— Nós dois e alguns amigos começamos depois da noite da terrível tempestade em Trier, no mês passado.
Ela sabia que Trouxa também estava em Trier e sabia a que noite exata ela se referia.
“A chuva repentina e aterrorizante ocorreu na noite em que o ritual do Albergue foi ativado… Poderia ser influenciada pelo poder vazado do selo? Existe um poder de alto nível do caminho do Espreitador de Mistérios selado lá dentro? Ou os monges caídos do Claustro do Vale Profundo estavam conectados ao Sábio Oculto? Esse deus maligno fez algo secretamente que deixou algum poder no mundo real?” Lumian ponderou e então disse: — Ouvi dizer que algo aconteceu com o Claustro do Vale Profundo de Trier naquela noite, e o caminho do Erudito e o caminho do Espreitador de Mistérios são caminhos vizinhos.
Professora, Professor Associado e os outros voltaram seus olhares para Trouxa. Eles não esperavam que sua companheiro, que havia se mudado recentemente para Trier, possuísse conhecimento tão secreto sobre a área local.
Lumian continuou lentamente: — Não deveríamos perguntar às pessoas do caminho do Erudito e ver se elas tiveram sonhos semelhantes?
“Boa ideia!” Franca silenciosamente elogiou.
Vol. 5 Cap. 544 Ameaça
A Professora concordou com a sugestão de Lumian, acreditando que isso poderia ajudar a verificar certas coisas. Tanto a Professora quanto o Professor Associado foram até outra equipe e encontraram Stonemason, que era conhecido por criar itens místicos.
Vestido com um jaleco branco de médico e com uma panela sobre a cabeça, os olhos azuis de Stonemason focavam nos Bruxos da Academia através de dois buracos especialmente cavados.
Ele assentiu e disse: — Recentemente, também tenho tido sonhos estranhos relacionados a uma região selvagem. No entanto, além da região selvagem sem fim e das figuras errantes, também há algumas cenas peculiares em meus sonhos.
“Como esperado, isso afeta os caminhos vizinhos do Espreitador de Mistérios e Erudito…” Lumian assentiu levemente enquanto a Professora insistia: — Que cenas são essas?
A voz do Stonemason ecoou dentro da panela.
— Vejo cenas de humanos primitivos criando fogo independentemente pela primeira vez. Humanos antigos fazendo sacrifícios ao céu e à terra. Havia muitas cenas semelhantes, mas eram muito vagas. Eu estava em um sonho e não conseguia examiná-las cuidadosamente. Não consigo me lembrar das situações exatas com clareza.
— De acordo com os Beyonders do caminho do Erudito, este é um fragmento de civilização.
Ao ouvir a resposta de Stonemason, a testa de Lumian se contraiu imperceptivelmente.
Isso o lembrou do momento em que ouviu um som peculiar acompanhando cenas enquanto usava o Olho do Espreitador de Mistérios na Trier da Quarta Época!
À medida que as cenas se desenrolavam, um coro de vozes ecoava um nome: Mestre Celestial!
“O que recebi foi um fragmento de uma civilização? O Olho da Verdade corresponde ao caminho do Espreitador de Mistérios. Ao usá-lo, ele ativou os poderes dos caminhos vizinhos, revelando sons correspondentes? Mas há um pré-requisito, um ambiente especial… A Trier da Quarta Época contém resquícios de poderes avançados dos caminhos do Espreitador de Mistérios e Erudito. Mestre Celestial — o termo é semelhante ao Celestial Digno do Céu e da Terra que influencia os caminhos Vidente, Aprendiz e Saqueador. Enquanto isso, Mestre Celestial se correlaciona com os caminhos Espreitador de Mistérios e Erudito.” Lumian caiu em pensamentos profundos após seu choque inicial.
Franca olhou para ele, perplexa com sua participação limitada na discussão.
Depois de um momento, Lumian saiu do seu torpor. Considerando as especulações da Professora, do Stonemason e de outros, ele cuidadosamente declarou: — A chuva repentina em Trier é uma manifestação externa de uma catástrofe, muito parecida com o Claustro do Vale Profundo.
— Eu suspeito que um poder de alto nível vazou durante a catástrofe, afetando Beyonders de dois caminhos vizinhos. O impacto é mais pronunciado para aqueles em Trier, mas relativamente menor para aqueles de fora.
Nesse momento, Lumian sorriu.
— Observei que os Bruxos fora de Trier experimentaram reduções significativas na frequência e clareza de seus sonhos selvagens. Estranhamente, nenhum dos Bruxos em Trier mencionou isso.
O Urso em um traje de pele de urso marrom assentiu em aprovação.
A professora e outros concordaram com a hipótese de Lumian, aliviados porque a situação estava de fato melhorando.
Eles não conseguiram deixar de se maravilhar com o crescimento extraordinário da Trouxa depois de sobreviver à armadilha da Reunião da Mentira.
Franca então perguntou sobre o dono do antigo túmulo ao lado da Caverna do Cogumelo Louco nas catacumbas de Trier.
Ninguém sabia a resposta. Os Bruxos em Trier se ofereceram para ajudar na investigação, mas não havia garantias de encontrar algo.
Franca já havia confiado esse assunto a 007. Seu foco atual era descobrir qualquer Pessoa Espelhada que pudesse ter se infiltrado na Sociedade de Pesquisa dos Babuínos de Cabelos Encaracolados, graças aos ensinamentos de Lumian.
Após concordar com a recompensa, ela deixou a equipe da Academia e foi em direção a Hela.
Depois de discutir a situação das Pessoas Espelhadas com Hela, Lumian surgiu do canto onde a equipe da Academia estava localizada, pronto para reunir conhecimento místico do domínio da morte com a equipe do Purgatório.
Franca imediatamente se aproximou de Lumian, abaixou a voz e perguntou com um sorriso: — O que você estava pensando quando Stonemason contou seu sonho? Parecia que você tinha pensado em algo importante.
“Eu não tinha compartilhado o que vi e ouvi depois de usar o Olho da Verdade no subterrâneo? Não deveria ser o caso. Não vou esquecer de compartilhar assuntos envolvendo o Mestre Celestial com Franca…” O coração de Lumian de repente se agitou, sentindo que sua espiritualidade estava atrapalhando esse assunto.
Após um momento de contemplação, ele respondeu: — É bastante complicado e envolve poderes de alto nível. Escreverei para a Madame Mágica mais tarde e verei se posso compartilhar com você.
— Tudo bem — disse Franca ansiosamente. — Não se esqueça!
Sua curiosidade foi aguçada.
Naquele momento, Hela, ainda vestida como uma viúva negra, aproximou-se de Lumian e perguntou: — Algum progresso em rastrear Ultraman e Bardo?
— Não no momento. Ainda estou compilando as informações necessárias — Lumian respondeu com sinceridade.
Hela assentiu levemente e respondeu: — Se precisar de ajuda, não hesite em entrar em contato comigo ou com Gandalf.
O objetivo principal da maioria dos membros da Sociedade de Pesquisa dos Babuínos de Cabelos Encaracolados era eliminar os traidores da Reunião da Mentira.
— Entendido. — Lumian não tinha planos de confrontar os principais membros da Reunião da Mentira sozinho.
Sem dúvida, seria ótimo que ele realizasse a execução final.
…
Ao retornar ao mundo real, Lumian percebeu que a noite estava caindo. Ele colocou uma pilha de lanches noturnos para Ludwig e convocou o mensageiro da Madame Mágica. Depois de se refrescar — lavar o rosto, escovar os dentes e apagar a luminária de parede — ele se acomodou na cama.
Naquele momento, uma sensação de alerta surgiu dentro dele. Ele se sentou de repente, focando em um ponto específico da sala.
Do lado de fora da janela, um tênue brilho carmesim brilhava. Em um canto, uma sombra se expandiu rapidamente, alcançando o teto, formando uma silhueta que lembrava dois chifres de cabra.
Era como se um demônio tivesse emergido do abismo escuro.
As sobrancelhas de Lumian se contraíram enquanto ele olhava para a colossal sombra negra.
A sombra diabólica ressoou com uma voz profunda e imponente.
— Humano humilde, você deve responder minha pergunta com sinceridade.
Ele falava em intisiano.
Lumian estalou o pescoço gentilmente e perguntou: — Qual é a pergunta?
A figura diabólica resmungou em tom profundo: — Para que Giorgia, da família Paco, contratou você?
Lumian riu.
— O que os assuntos humanos têm a ver com um demônio como você? Sou um aventureiro profissional. Não vou trair meu empregador.
A sombra diabólica rosnou: — Então usarei seu sangue como resposta!
Antes de completar a frase, sua aura surgiu, e o luar carmesim na sala instantaneamente sucumbiu à escuridão, envolvendo o espaço em uma aura arrepiante.
Os cantos da boca de Lumian se curvaram para cima. Com um rápido toque de sua mão esquerda, ele se catapultou da cama como uma chita, impulsionando-se em direção ao teto.
Acima, a escuridão o envolvia, parecendo um reflexo abissal.
Em uma reviravolta repentina, o corpo de Lumian ficou preto como breu, com quase nenhuma espessura.
Ele se transformou em uma criatura de sombras e se fundiu perfeitamente com a escuridão!
Dentro da rede de sombras mal iluminada, Lumian avistou o “diabo”.
Com pouco mais de um metro de altura, a criatura era do tamanho de uma criança, mas sua pele era enrugada como a de um homem idoso na casa dos setenta ou oitenta anos.
Sua cabeça desproporcionalmente grande apresentava olhos esbugalhados, apresentando um rosto grotesco que estava além do conhecimento de Lumian sobre criaturas.
Na forma de uma sombra, Lumian “nadou” em direção a ela, visando enredar a criatura peculiar que manifestava a projeção do diabo. Ele planejava tirá-la da escuridão e controlá-la com o Feitiço de Harrumph.
Muitas das habilidades de Lumian foram restringidas na forma de criatura de sombra.
A criatura baixa e malévola, com pele enrugada, parecia indefesa contra o emaranhado da sombra, surpreendendo Lumian, que havia previsto uma resistência feroz.
Sem hesitar, ele se preparou para partir, deixando a sombra para deter seu prisioneiro.
Nesse momento, a escuridão que o cercava clareou, iluminada pela luz do “céu”.
Instintivamente, Lumian olhou para cima e testemunhou a escuridão pura se dissolvendo rapidamente, revelando uma estrela colossal pairando no vazio.
A estrela tinha uma leve tonalidade azul, lembrando um olho demoníaco.
Em um instante, Lumian sentiu seu sangue congelar, involuntariamente saindo de sua forma de criatura de sombra. O “baixinho” de cabeça grande, adornado com rugas, aproveitou a chance de se libertar de suas restrições, fundindo-se rapidamente na luz das estrelas azul-claro e desaparecendo de vista.
Depois de um momento, Lumian se recuperou completamente. Ele encarou a sala agora normal, mergulhando em contemplação.
“O que no mundo era aquela coisa? Parecia tão fraca, mas veio me intimidar!”
No entanto, a estrela brilhosa tinha um ar de peculiaridade.
“Por que não mandar a estrela me assustar imediatamente? Depois de me suprimir, ela não aproveitou a oportunidade para atacar. Embora eu tenha recuperado alguma mobilidade ao escapar das sombras, eu ainda estava relativamente lento…” Lumian refletiu silenciosamente.
Embora ele não conseguisse entender o quadro completo, certos detalhes se tornaram aparentes.
“Não é de se espantar que Giorgia não tenha casualmente recrutado um aventureiro estrangeiro com poderes Beyonder para lidar com o lagarto humanoide. Alguém espreitando nas sombras me interrogaria sobre todo o assunto no futuro. Apenas um aventureiro renomado como Louis Berry, capaz de caçar o Bruxo Demoníaco, pode resistir a isso.”
“Heh heh, ganhar 15.000 risot não é moleza…”
“O que está nas sombras sabe que Louis Berry não é fraco, então eles não ousaram atacar diretamente. Em vez disso, despacharam um pequeno monstro com habilidades únicas para me intimidar, esperando extrair informações?”
“Por que não ir até a casa de Giorgia e perguntar? A família deles não parece possuir nenhum superpoder…”
“Este é um conflito interno dentro da Companhia de Pesca e da Guilda de Pesca?”
“Sim, é uma oportunidade de interagir mais profundamente com a família Paco e entender o processo central do ritual de oração do mar…”
Balançando a cabeça, Lumian reclinou-se na cama e retomou seu sono.
Por volta das 8 da manhã do dia seguinte, Lugano, que tinha saído para comprar café da manhã, voltou correndo e disse a Lumian: — Chefe, aquelas freiras musculosas estão procurando por você!
Vol. 5 Cap. 545 Ordem
“Freiras musculosas?” Em meio à surpresa de Lumian, ele sentiu uma repentina sensação de ordem retornar à sociedade.
Em qualquer país do Continente Norte, Beyonders clandestinos não eram bem-vindos. Eles enfrentavam controle e até mesmo apreensão. Isso não era como colônias como Porto Farim, onde aventureiros renomados podiam vagar livremente pelas ruas e se gabar de suas experiências sem a preocupação de Beyonders oficiais batendo em suas portas.
— Chefe, há algum perigo? — Lugano perguntou nervosamente, seu medo perpétuo evidente como um Beyonder clandestino.
Lumian riu e respondeu confiante: — Isso depende da atitude delas.
A implicação era que as freiras eram as que enfrentavam o perigo.
Lumian provocou: — Você não está animado com as freiras? Você não deveria estar feliz que elas estão aqui?
“Imaginação não é a mesma coisa que realidade…” Vendo que seu chefe não demonstrava nenhuma intenção de “teletransportar-se” com ele, Lugano desceu nervosamente e estendeu um convite às freiras musculosas.
A líder era a mesma que Lumian havia encontrado antes.
A maior parte de seu cabelo preto naturalmente cacheado e espesso estava cuidadosamente preso em um chapéu preto com padrões brancos. Seus olhos azuis-claros brilhantes e vivos, junto com suas sobrancelhas grossas, lhe davam um charme único e cativante.
A mulher de armadura de couro olhou para Lumian e perguntou gentilmente: — Você é o aventureiro Louis Berry?
Lumian assentiu. — Quem você é?
A impressionantemente bela freira combatente respondeu com um sorriso: — Sou a Irmã Noelia da Ordem da Fertilidade, responsável por uma equipe de combate.
— Louvai a Terra, louvai a Mãe de Todas as Coisas!
Noelia levantou as mãos para o céu, com os pés ligeiramente afastados.
Observando que Noelia e as outras freiras combatentes da Ordem da Fertilidade não eram tão críticas quanto ele esperava, não vendo os Beyonders clandestinos como criaturas inerentemente malignas, Lumian sorriu.
— Madame, o que a traz aqui?
Noelia sorriu e explicou: — Você é um grande aventureiro que caçou o Bruxo Demoníaco. Se não soubéssemos que você estava em Porto Santa, talvez não tivéssemos nos incomodado. No entanto, agora que estamos cientes, devemos vir e falar com você, lembrando-o de obedecer à ordem correspondente.
— Que ordem? — Lumian perguntou, antecipando a resposta enquanto segurava o chapéu de palha dourado.
O comportamento dessas freiras o fez se perguntar se elas eram Beyonders oficiais. Elas não o prenderam diretamente, nem usaram advertências severas.
“É essa a distinção entre a Igreja da Mãe Terra e outras Igrejas? Enfatizar a maternidade e respeitar a vida?”
Os lábios vermelhos de Noelia formaram um lindo sorriso enquanto ela falava, — Em outras cidades, emitiríamos um aviso direto, colocando vocês sob nosso controle. Se ousarem resistir, vocês podem ser apreendidos ou até eliminados.
— No entanto, aqui é Porto Santa, e muitos mercadores marítimos aqui têm uma necessidade genuína de resistir aos piratas e proteger seus bens. Não temos mão de obra para protegê-los, então concordamos tacitamente em permitir que contratem guarda-costas Beyonder.
— Monsieur Louis Berry, você é livre para circular por Porto Santa, mas deve respeitar três regras:
— Primeiramente, você não pode se aventurar no interior sem nossa permissão. Para chegar a outras cidades, você precisa de nossa aprovação. Em segundo lugar, você não pode realizar nenhum ritual em Porto Santa, consumir poções para avanço ou se envolver em experimentos de misticismo. Em terceiro lugar, você deve se abster de usar suas habilidades para causar caos ou catástrofe.
— É claro que, se você retornar a Porto Santa no futuro, precisará se registrar conosco primeiro.
“É um pedido razoável, e vindo da Igreja governante, não é nada excessivo… É ainda mais simples e fácil do que obter uma licença de porte de arma em Porto Farim ou outros lugares. Claro, não solicitar identificação em Porto Farim não é grande coisa. Ninguém vai denunciá-lo, e não haverá problemas se você não encontrar diretamente os oficiais…” Lumian assentiu gentilmente e respondeu,
— Claro.
Nesse momento, os pensamentos de Lumian dispararam e ele não conseguiu evitar uma risada.
— Mas Porto Santa não é totalmente seguro. Eu encontrei um monstro ontem à noite…
Ele contou brevemente como o pequeno monstro se disfarçou de demônio para intimidá-lo. Embora não tenha escondido que havia aceitado a comissão de Giorgia, ele se absteve de especificar os detalhes.
Noelia ouviu atentamente e respondeu sem surpresa, — Nós cuidaremos disso. Tente não se envolver nos assuntos da Guilda dos Pescadores no futuro. Os problemas internos deles serão resolvidos internamente.
“Isso significa que a Igreja Mãe Terra se abstém de interferir na luta interna da Guilda dos Pescadores, permitindo-lhes autonomia completa?” Lumian sorriu e disse:
— Farei o possível para evitar a participação, mas me reservarei o direito de me defender e contra-atacar.
Noelia não ofereceu mais comentários. Seu sorriso desapareceu enquanto ela conduzia as freiras de combate até a porta.
Em apenas dois ou três passos, ela sacou suavemente uma espada reta de suas costas, deu meia-volta e golpeou Lumian.
A série de movimentos fluiu perfeitamente, ocorrendo num piscar de olhos.
Lumian olhou para o feixe da espada, sem se esquivar nem levantar a mão para bloquear.
Com um movimento rápido, a espada reta roçou a ponta do seu nariz e apontou para o chão.
Noelia sorriu radiante e assentiu satisfeita.
— Como esperado de um grande aventureiro. Sua previsão, julgamento e coragem são excepcionais.
Ela então se virou e se dirigiu às freiras combatentes que a seguiam.
— Este é um homem de verdade. Aqueles que só sabem exibir seus músculos e brandir suas espadas só podem ser chamados de bestas machos.
Enquanto falavam, as freiras combatentes saíram da suíte alugada de Lumian.
Lumian levantou a mão direita e acariciou o queixo, sentindo uma sensação estranha.
A visão de mulheres examinando abertamente os homens o deixava desconfortável.
Depois de ver Noelia e as freiras indo embora, Lugano baixou a voz e perguntou: — Chefe, um monstrinho realmente veio avisá-lo ontem à noite?
— Isso mesmo. Se você foi quem completou a comissão de Giorgia, pode não ser apenas um aviso. — Lumian colocou o chapéu de palha dourado e casualmente comentou enquanto caminhava em direção à porta, — Temos a obrigação de lembrar nossa empregadora que alguém está espionando secretamente sua família.
Lugano ficou surpreso por um momento antes de entender as intenções de Lumian. Ele agarrou Ludwig e seguiu logo atrás.
…
Rua Santa Lana1, na sala de atividades de uma suíte no quinto andar.
Lumian encontrou Giorgia mais uma vez.
Vestida com um vestido vibrante adornado com padrões intrincados, a mulher olhou para o garoto, cujo apetite excedia sua imaginação, antes de voltar seu olhar para o aventureiro, Louis Berry.
— O que te traz aqui?
Lugano traduziu profissionalmente.
— Ontem à noite, um monstro veio me intimidar, mas eu o afugentei. — Lumian relatou brevemente a aparência e o comportamento do monstro.
Ao ouvir o relato de Lugano, Giorgia não demonstrou nenhuma surpresa óbvia. Após alguns segundos de contemplação, ela disse: — Espere um momento.
Deixando a empregada e o criado para trás, ela desapareceu em um quarto interno.
Depois de alguns minutos, ela reapareceu, de braços dados com um homem.
O homem parecia estar na casa dos quarenta, alto e magro, seus olhos de um azul quase translúcido. Seu cabelo preto acinzentado, levemente cacheado, caía em cascata sobre seus ombros como o de um artista. Sua aparência não podia ser descrita como particularmente boa ou ruim, mas ele possuía uma qualidade inesquecível.
— Este é meu marido, Rubió Paco — apresentou Giorgia.
“O acionista da Companhia de Pescadores e um membro do comitê da Guilda de Pescadores?” Lumian tinha reunido informações sobre a família Paco por meio de Lugano nos últimos dois dias.
O pai de Rubió tinha sido inicialmente um pescador próspero que dividia um barco com outros. Depois de se casar com Martha, que já tinha sido uma Donzela do Mar, ele gradualmente se estabeleceu. Ele não apenas administrou a Companhia de Pescadores por um tempo, mas também ascendeu para se tornar um membro do comitê da guilda local mais antiga, a Guilda de Pescadores.
Pouco depois do ritual de oração do mar do ano passado, o velho cavalheiro faleceu. Com forte apoio da Matriarca Martha, Rubió herdou o status do pai e se tornou o mais jovem membro do comitê da Guilda dos Pescadores.
No entanto, ele não tinha mais uma posição específica na Companhia de Pescadores. Ele apenas detinha os direitos de voto e dividendos dos acionistas.
Este homem de meia-idade já foi rebelde. Esperava-se que ele cumprisse os arranjos de seus pais e se casasse com uma Donzela do Mar. No entanto, permaneceu solteiro até os trinta e poucos anos e então se casou com Giorgia, filha de um comerciante têxtil. Se fosse qualquer outra família proeminente, a matriarca certamente teria intervindo e talvez até banido Rubió. No entanto, Martha o atendeu e, eventualmente, escolheu chegar a um acordo.
Antes que Lugano pudesse começar a tradução, Rubió falou em um intisiano menos fluente: — Podemos nos comunicar diretamente. Quando eu era jovem, eu costumava pegar um barco para o mar e visitar lugares como Porto Farim.
— Monsieur Rubió, não acho que haja necessidade de comunicação, e não pretendo descobrir por que o monstro veio me procurar. Estou aqui apenas para informá-lo sobre isso. — Lumian olhou para a confusa Giorgia e suspeitou que Rubió havia trocado para Intisiano não por educação, mas para manter sua esposa no escuro sobre algo.
Rubió assentiu gentilmente e disse: — Entendo suas preocupações. Desejo apenas lhe confiar outra missão.
— Que missão? — Lumian perguntou com um sorriso.
Rubió respondeu calmamente: — Minha mãe, Martha, vem da Vila Milo. Recentemente, ela deseja retornar e encontrar o atual Governador do Mar para solicitar sua permissão para buscar tratamento na Igreja da Mãe Terra. Sim, minha mãe não tem tido boa saúde recentemente. Ela não consegue sair da cama.
“Martha ainda está viva?” Lumian ficou levemente surpreso.
Por mais experiente que fosse, ele deduziu que o monstro poderia ser a Martha transformada, com base na ausência da matriarca, na relutância da família Paco em expor o lagarto humanoide e no fato de que ela já foi uma Donzela do Mar!
O ritual de oração do mar não era apenas uma honra para as Donzelas do Mar. Talvez também houvesse corrupção oculta que poderia irromper em algum momento.
Mas agora, pelo que Rubió havia dito, Martha ainda estava viva. Antes, ela só tinha estado gravemente doente.
“De onde veio aquele lagarto humanoide?” Lumian suprimiu sua perplexidade e perguntou confuso: — Por que Madame Martha precisa da permissão do Governador do Mar para buscar tratamento?
A expressão de Rubió mudou, uma mistura de desgosto e resistência evidente em suas palavras.
— Todas as Donzelas do Mar têm que seguir as ordens do Governador do Mar ao lidar com assuntos relacionados à Igreja. Não obedecer seria uma blasfêmia ao ritual de oração do mar.
Nota do Tradutor:
[1] esse nome de rua tava em inglês, que sorte.
Vol. 5 Cap. 546 Monitor
“Seguir as ordens do Governador do Mar tem mais peso do que obedecer a Igreja… A Igreja Mãe Terra parece indiferente.” Lumian escolheu não insistir mais. Ele assentiu sutilmente e declarou: — Eu assumirei essa comissão sem esperar compensação, mas tenho um pedido.
— O que pode ser isso? — Rubió perguntou cautelosamente.
Um sorriso malicioso se formou nos lábios de Lumian.
— Estou aqui para testemunhar o ritual de oração do mar, mas ouvi dizer que apenas alguns poucos conseguem observar seus segmentos principais. Busco essa oportunidade.
Rubió permaneceu em silêncio por um longo momento.
Giorgia, incapaz de conter sua curiosidade, questionou seu marido em escocês sobre a conversa e suas preocupações.
Lugano aproveitou a oportunidade para se aproximar de Lumian e traduziu a conversa do casal.
As sobrancelhas de Lumian se contraíram imperceptivelmente ao ouvir que eles estavam genuinamente considerando permitir que ele se passasse por um marinheiro e embarcasse no navio especial de sacrifício.
“Rubió Paco está realmente considerando meu pedido?”
“Estou apenas oferecendo um acordo escandaloso para testar se consigo obter detalhes sobre o ritual de oração do mar. Não pretendo alavancar essa tarefa aparentemente simples para obter acesso aos dois últimos segmentos do ritual!”
“Permaneceu um segredo guardado pela Guilda dos Pescadores por mais de um milênio, a fonte de seu poder e prestígio!”
Enquanto esses pensamentos corriam pela mente de Lumian, ele suspeitava fortemente que a comissão para enviar Madame Martha para a Vila Milo para encontrar o atual Governador do Mar carregava um alto risco. Não era uma tarefa para qualquer Beyonder aleatório. Portanto, Rubió Paco estava relutante em deixar Louis Berry, um aventureiro capaz.
“Mas onde poderia estar o perigo? Aqui é Porto Santa, não as ilhas no mar ou as cidades remotas do Continente Sul. Qual Beyonder ousaria me atacar nas ruas em plena luz do dia? Eles não têm medo de serem capturados pelas freiras de combate e transformados em fertilizante para a terra? Não se pode subestimar o poder de uma Igreja ortodoxa!”
A menos que alguém possua uma habilidade especial, como a de Loki, para me matar sem ser detectado nas ruas movimentadas, ou se um Santo com divindade pessoalmente tome uma atitude, visando acabar com a batalha antes que a Igreja da Mãe Terra reaja… Mas não pode ser tão exagerado. É uma questão tão trivial…” Enquanto Lumian ponderava, Rubió e Giorgia chegaram a uma conclusão.
O primeiro disse a Lumian: — Não posso permitir sua participação nos dois últimos segmentos do ritual de oração do mar. É uma blasfêmia contra o mar. Os envolvidos enfrentarão expulsão de Porto Santa, incluindo suas famílias.
— No entanto, estou disposto a permitir que você se esconda na Vila Milo com antecedência e testemunhe as antigas performances durante o ritual de vigília.
“Então, não posso testemunhar diretamente o ritual de vigília, mas posso participar da performance folclórica que o acompanha? Ultraman, Bardo e Lady Louca usaram um método semelhante para abordar o cerne do ritual de oração do mar e completar a parte mais crucial da brincadeira?” Lumian percebeu que Rubió já havia feito uma concessão significativa e não insistiu mais.
Ele sorriu e respondeu: — Ok.
Sem esperar por uma resposta, ele “gentilmente” sugeriu: — Vamos enviar Madame Martha para Vila Milo hoje, certo? Não devemos atrasar quando se trata de doenças. Trate-a o mais rápido possível.
Rubió hesitou por um momento antes de dizer: — Minha mãe já está dormindo. Ela tem descansado muito ultimamente. Forçá-la a acordar vai impactar seu corpo e mente. Que tal amanhã de manhã?
“É necessária alguma preparação avançada?” Lumian assentiu pensativamente.
— Sem problemas.
Ele lançou um rápido olhar para Lugano e seu coração disparou.
— Monsieur Rubió, meu intérprete é, de fato, um excelente médico. Além disso, ele não adere às crenças da Mãe Terra, nem é filiado a nenhuma Igreja. Se ele fosse tratar sua mãe, você provavelmente não precisaria buscar a permissão do Governador do Mar com antecedência.
Lumian enfatizou a palavra “médico”.
Sem hesitar, Rubió Paco balançou a cabeça e disse: —Confiamos mais nos médicos da Igreja. Minha mãe é minha família mais importante. Não quero que ela corra riscos desnecessários.
O que ele insinuou foi que não podia garantir as habilidades médicas do intérprete. Ele não podia usar a matriarca da família Paco como um experimento.
Lumian estava realmente ansioso para enviar Madame Martha para a Vila Milo porque isso significava que ele poderia conhecer o atual Governador do Mar e ter uma chance de aprender algo. Ele apenas sugeriu que Lugano tratasse a matriarca para testar Rubió.
O resultado da investigação revelou muitos segredos ocultos neste assunto!
Tendo concordado em escoltar Madame Martha e sua criada até o Governador do Mar às 9 da manhã do dia seguinte, Lumian levou Ludwig e Lugano para fora da casa principal na Rua da Santa Lana n° 21. Giorgia os acompanhou até a porta.
Lumian comentou despreocupadamente: — O Governador do Mar tem que residir na Vila Milo?
Com a tradução de Lugano, Giorgia assentiu levemente e disse: — O Governador do Mar reside no prédio onde o ritual de vigília é realizado todas as noites. Ele pode se mover livremente durante o dia, mas não pode sair de Porto Santa.
“O prédio onde o ritual de vigília é realizado? A essência do ritual de vigília é permitir que um quase Governador do Mar entre na residência e substitua o antigo Governador do Mar, esperando para ser oficialmente nomeado pelo mar no dia seguinte?” Lumian especulou, combinando seu conhecimento de misticismo.
Ele sorriu e perguntou: — Quais são as vantagens de ser Governador do Mar?
Depois de ouvir a tradução, Giorgia ficou em silêncio por alguns segundos antes de dizer: — Entre os pescadores, os comerciantes, ele já é o verdadeiro governador aos olhos deles.
Não foi uma resposta, apenas um sussurro de verdade.
Lumian assentiu sem pressionar mais. Ele guiou Ludwig e Lugano pelos portões de ferro.
Depois de dar alguns passos pelo caminho verdejante na floresta, ele de repente olhou para cima.
Em um galho estava um myna1 de penas cinzas.
Lumian deu uma olhada rápida e continuou andando, com passos rápidos em direção à carruagem que o esperava.
Depois de um tempo, o myna bateu suas asas e voou para cima. Depois de circular algumas vezes, ele voou pela casa a duas ruas de distância antes de mergulhar em direção a uma janela aberta.
Aterrissou no antebraço de um homem de meia-idade e falou em escocês preciso: — Louis Berry está de volta à casa de Paco! Ele ficou quase meia hora!
O homem de meia-idade, vestido com roupas cinzas e cabelos castanhos desgrenhados, parecendo um fazendeiro suburbano, alimentou o myna com alguns grãos de arroz feitos por ele mesmo e disse: — Observe mais e veja se Rubió Paco e Giorgia sairão hoje.
Depois que o myna voou pela janela, o homem de meia-idade exalou e se virou.
De repente, seus olhos congelaram ao ver alguém sentado na única poltrona!
O homem tinha cabelos pretos e olhos verdes, vestia uma camisa branca, um colete preto, calças escuras e um chapéu de palha dourado.
Luís Berry!
Aventureiro Louis Berry!
As costas do homem de meia-idade arquearam-se ligeiramente e seus pés se separaram ligeiramente, mas ele não tomou mais nenhuma atitude.
Lumian recostou-se na cadeira e começou uma conversa casual em intisiano, como se fosse esperado.
— Por que seu pássaro estava me espionando?
O homem de meia-idade ficou em silêncio por um momento antes de falar num intisiano um tanto estranho: — Ele apenas estava observando se alguém entra ou sai da casa de Paco e se há algo incomum lá.
— Muito honesto. — Lumian assentiu em aprovação. — Quem pediu para você fazer isso?
Ele ficou satisfeito que a outra parte soubesse um pouco de Intisiano. Caso contrário, ele só poderia confiar em palavras-chave para se comunicar ou capturá-lo para que Lugano traduzisse.
— Juan Oro — respondeu o homem de meia idade sem hesitar.
“Juan Oro… O presidente da Guilda dos Pescadores e o antigo chefe da Vila Milo?” Lumian sorriu e disse: — Estou surpreso que você seja tão direto.
O homem de meia-idade forçou um sorriso e disse: — Não acho que eu seja mais forte que o Bruxo Demoníaco e possa derrotá-lo.
— Isso mesmo. Aqueles que entendem a situação e a si mesmos podem viver mais. — Lumian cruzou o pé direito sobre a perna esquerda. — Por que Juan Oro está monitorando a família Paco?
— Não sei, e não há necessidade de eu saber. Receberei uma recompensa se eu passar adiante o que vejo — respondeu o homem de meia-idade sinceramente.
Lumian olhou para ele por alguns segundos antes de dizer: — Você enviou aquele monstrinho ontem à noite?
O homem de meia idade ficou surpreso.
— Que monstrinho? O que aconteceu ontem à noite?
Lumian riu e se levantou sem dar explicações.
— Qual é seu nome? — ele perguntou enquanto caminhava em direção à porta.
O homem de meia-idade hesitou por um momento antes de responder com sinceridade: — Sanches.
Lumian abriu a porta, saiu e desapareceu da vista de Sanches.
…
Ao retornar ao Motel Solow, Lumian notou uma carta dobrada sobre a mesa do quarto principal.
Desdobrando-o habilmente, ele encontrou a distinta caligrafia da Madame Mágica.
“Você pode compartilhar esses assuntos com o Dois de Copas, mas evite entrar em detalhes excessivos.”
“Eu me abstive de elaborar sobre as vozes que você ouviu e os fragmentos de civilização que você vislumbrou antes, pois eles permanecem muito avançados para sua compreensão. Simplesmente lembre-se de não dar atenção a sons ou visões aleatórias em uma ruína antiga como a Trier da Quarta Época. Além disso, avise seus associados Bruxos: é aceitável ocasionalmente aceitar a doutrinação do Sábio Oculto, mas eles não devem acreditar totalmente nele. Seu estado é precário.”
Depois de incinerar a carta, Lumian refletiu por um momento e decidiu se “teletransportar” de volta para Trier para informar Franca pessoalmente e evitar qualquer possível contratempo.
…
Trier, no Quartier de la Cathédrale Commémorative, apartamento 702 na Rue Orosai n° 09.
Quando Lumian se materializou, Franca e Jenna estavam entretidas examinando uma pilha de informações antigas de uma fonte desconhecida.
— Ei, você poderia ‘teletransportar’ para fora e bater? É bem assustador quando você aparece assim de repente! — Franca quase tensionou a seda de aranha sem forma que ela tinha instalado permanentemente no quarto.
Lumian riu e comentou: — Com a percepção espiritual de uma Bruxa, qual é a diferença entre eu me ‘teletransportar’ para fora da porta e aparecer na sala de estar?
— Por que o retorno repentino? — Franca fez uma pausa antes de perguntar: — A Madame Mágica disse que você poderia compartilhar sobre aquele assunto?
— O que está acontecendo? — Jenna perguntou, parecendo confusa.
Ela se levantou e se preparou para sair.
— Sim — Lumian respondeu à pergunta de Franca, mas não fez nenhuma tentativa de impedir Jenna de ir embora.
Franca também não interveio.
Assim que Jenna se retirou para seu quarto, Lumian se virou para Franca e revelou: — Quando discutiram o sonho do deserto, isso me fez lembrar das vozes e visões que encontrei na Trier da Quarta Época. Elas estão conectadas ao Mestre Celestial!
Nota:
[1] espécie de pássaro.
Vol. 5 Cap. 547 Fonte de Familiaridade
— Isso tem relação com o Mestre Celestial? — O interesse de Franca aumentou.
A confusão a envolveu.
— Na Trier da Quarta Época, o que você viu ou ouviu que nós não vimos?
Todos estavam juntos, a menos que fosse antes de se encontrarem, mas Jenna deveria saber!
Sem esperar pela resposta de Lumian, Franca refletiu por um momento e sugeriu: — Será que são os efeitos colaterais do uso do Olho da Verdade?
Ela se lembrou do comportamento anormal de Lumian naquela época.
— Sim, isso mesmo. — Lumian assentiu, puxou uma cadeira e se acomodou. Ele descreveu a colisão de duas terras, faíscas voando e o incêndio resultante que engoliu folhas secas e galhos murchos, em meio a vozes ecoando cantando “Mestre Celestial”.
Quanto mais Franca ouvia, mais seu foco se intensificava. Estranhamente, ela se absteve de interromper.
Enquanto ela ouvia, seu olhar mudou gradualmente, aparentemente perdido em reminiscências e pensamentos distantes.
Quando Lumian terminou de contar, Franca permaneceu imóvel pelo que pareceu uma eternidade, congelada como uma boneca mecânica parada no meio de uma ação.
Depois de vários segundos, ela se endireitou abruptamente, apertou o nariz e forçou um sorriso.
— Como previsto, o Mestre Celestial faz parte do nosso mundo.
— Os fragmentos de civilização que você recebeu têm uma semelhança impressionante com alguns aspectos da história do meu país, mas há diferenças… Poderia ser a verdadeira história escondida sob a superfície?
— O Mestre Celestial está tentando interferir e invadir este mundo, exercendo influência significativa sobre os caminhos do Espreitador de Mistérios e do Sábio, da mesma forma que o Digno Celestial afeta Videntes, Aprendizes e Saqueadores?
— A depravação entre alguns monges no Claustro do Vale Profundo e o estado peculiar do Sábio Oculto poderiam estar ligados ao Mestre Celestial?
Os pensamentos de Franca se cristalizaram enquanto ela falava, seus olhos brilhando como um lago sereno.
— Esse também é o meu palpite — Lumian concordou com Franca.
Franca se levantou e andou de um lado para o outro, aparentemente sozinha, pensando em como seguir essa trilha e desvendar a verdade por trás da transmigração da Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados.
Depois de alguns minutos, ela murmurou para si mesma: — A conexão entre os dois mundos é mais forte do que eu esperava. Não é só através do Rio Styx…
— Ainda devemos ser capazes de encontrar muitos vestígios da interação entre os dois mundos…
Franca parou de andar e fixou o olhar em Lumian.
— Quando ficarmos mais fortes e acumularmos ouro suficiente, quero que você invoque Chen Tu novamente, a Sombra de Armadura. Ele deve possuir alguma percepção do Mestre Celestial.
— Tudo bem — Lumian concordou.
Franca caiu em silêncio mais uma vez, sua mente relembrando uma memória desconhecida.
Poucos momentos depois, ela pegou quatro objetos de latão e os entregou a Lumian.
— Os amuletos de Compreensão de Linguagem que você queria. Aquele com os padrões mais intrincados permite que você entenda as línguas do Continente Sul. Os outros são para a antiga família de línguas Feysac. O encantamento de ativação é a palavra ‘conhecimento’ em Hermes antigo.
Ela e o Urso completaram a entrega através do mensageiro de Madame Hela. A outra parte se mostrou bastante eficiente.
Depois que Lumian entregou o dinheiro a Franca, ele se “teletransportou” para fora de Trier e voltou para Porto Santa.
Logo depois, Jenna abriu a porta do quarto com cautela e colocou a cabeça para fora.
— Lumian foi embora?
— Sim — respondeu Franca, com as emoções contidas.
Jenna olhou para ela, mas não insistiu por mais informações. Em vez disso, ela redirecionou a conversa para a pilha de informações relacionadas à tumba subterrânea.
Tarde da noite.
Franca voltou para seu quarto.
Olhando para o pequeno analisador, a máquina de escrever que o acompanhava e o rádio transceptor, ela não se sentou para conversar como de costume. Em vez disso, subiu na cama.
Sentada no meio da cama, encostada no travesseiro, abraçando as pernas e se encolhendo, o olhar de Franca estava desfocado na lua carmesim e nas estrelas do lado de fora da janela.
As palavras de Lumian hoje a mergulharam na nostalgia, mas quanto mais suas emoções flutuavam, menos ela queria revelar vulnerabilidade. Ela suportou, fingindo ter se recuperado.
Somente quando a solidão a envolveu, enquanto a noite caía em silêncio e as estrelas aparentemente eternas adornavam o céu, ela se livrou de sua espessa “armadura” e mergulhou fundo em suas emoções.
Depois de um tempo indeterminado, Franca abaixou a cabeça, enterrando o rosto entre os joelhos.
Naquela noite, ela mergulhou em uma multidão de sonhos. Ombros largos a carregavam como uma criança, um toque de cabelo branco nas têmporas, pratos não particularmente deliciosos, mas sempre adequados ao seu gosto. Emoções puras de sua juventude, memórias de ser a “máquina de animar a atmosfera” e seu eu “de mente aberta”, tudo dançava em sequências fragmentadas…
Enquanto suas duas décadas se desenrolavam em seus sonhos, ela abriu os olhos sem saber, sentindo a frieza em seu rosto. Relutante em se mover, ela permaneceu assim.
De repente, uma lembrança lhe ocorreu.
De volta ao quarto nível das catacumbas, ela e Jenna encontraram um homem que parecia estranhamente familiar.
Inicialmente, ela acreditou que o dono original de seu corpo o havia encontrado. Agora, a razão de sua familiaridade ficou clara.
O homem tinha uma semelhança incrível com alguém de seu país natal antes da transmigração!
Apesar de alterar sua aparência para impedir o reconhecimento imediato, Franca agora tinha certeza de que suas características faciais diferiam daquelas que ela havia encontrado neste mundo. Mais suave, menos esculpido!
Com uma mistura de medo e excitação, Franca sentou-se e ponderou: “Será que, além de nós, almas transmigradores, há outros que transmigraram fisicamente? Ou alguém dominou a habilidade de atravessar livremente entre os dois mundos?”
…
Depois do café da manhã, Lumian foi até o banheiro do quarto principal e pegou um amuleto de compreensão de linguagem de baixo nível em sua Bolsa do Viajante.
— Conhecimento — ele sussurrou no antigo Hermes.
O amuleto de latão acendeu com chamas verde-azuladas e desapareceu rapidamente.
Instantaneamente, Lumian sentiu uma clareza anormal em sua mente, como se uma avalanche de conhecimento adicional tivesse inundado, revelando as origens estruturais e as conexões de inúmeras palavras.
Agenda de hoje: uma visita à vila de pescadores mais antiga, talvez conhecer o Governador do Mar. Dominar escocês em segredo parecia imperativo para evitar perder pistas cruciais!
Os efeitos do feitiço durariam sete dias.
Saindo do quarto, Lumian levou Ludwig e Lugano até a Rua da Santa Lana, n° 21, em uma carruagem alugada, onde conheceram Martha, a matriarca da família Paco.
Martha não parecia ter sessenta anos, com apenas leves rugas nos cantos dos olhos, parecendo mais ter cinquenta e poucos anos com base nos olhos, nariz, boca e sobrancelhas. Suas feições mantinham um charme único.
Naquele momento, a velha senhora de cabelos pretos acinzentados e olhos azuis claros usava um vestido preto, tipo viúva, e um gorro escuro, de estilo antigo. De rosto pálido, ela era apoiada por duas jovens criadas enquanto embarcavam em uma carruagem de quatro assentos.
— Monsieur Berry, vou contar com você — Rubió Paco acenou para Lumian ao lado da carruagem.
Ele deveria acompanhar sua mãe até a Vila Milo para encontrar o Governador do Mar.
Lumian encaminhou Ludwig para Giorgia.
— Por favor, fique de olho nele até eu retornar da Vila Milo.
Rubió traduziu dessa vez.
Giorgia sorriu e respondeu: — Não se preocupe, vou garantir que haja bastante comida.
Ela já havia percebido que aquele menino tinha o apetite de dois ou três adultos, mas como afilhado de um grande aventureiro, era compreensível que ele fosse especial.
Lumian não estava preocupado com o tratamento de Ludwig na casa dos Paco. Ele fingiu não entender escocês e esperou pela tradução de Lugano antes de dizer: — Uma refeição a cada duas horas.
Com isso, ele sentou-se no lado direito do cocheiro e não entrou na carruagem. Vendo isso, Lugano não teve escolha a não ser escolher o assento à esquerda do cocheiro.
Antes de fazer isso, ele traduziu diligentemente as instruções finais de Lumian.
Embora não soubesse o que aconteceria se Ludwig morresse de fome, ele sentiu que não seria bom, então enfatizou isso duas vezes.
Quando a carruagem partiu, Giorgia processou a tradução.
— Uma refeição a cada duas horas? Duas horas?
A carruagem da família Paco rolou pela rua pavimentada com pedras branco-acinzentadas. Lumian se apoiou na parede da carruagem, retraiu a perna direita e pisou na borda do assento do condutor da carruagem.
Lugano olhou para ele, sentindo-se um pouco desconfortável.
Um caçador de recompensas experiente, Lugano percebeu que algo estava errado nessa missão aparentemente comum, o que levou Rubió a ajudar seu empregador a se esconder na Vila Milo.
Seu coração disparou ao observar pedestres armados na rua, temendo um ataque iminente da multidão.
Sob o sol de outubro ainda brilhando em Porto Santa, as ruas, úmidas da chuva pesada da noite anterior, não tinham secado completamente. Lugano ansiava por chegar rapidamente a Vila Milo.
Olhando para Lumian, ele notou que Lumian tinha estreitado os olhos. Abaixando seu chapéu de palha, Lumian parecia estar cochilando pacificamente, sem mostrar sinais de nervosismo.
“Ufa… Com um cara poderoso como ele por perto, não deve haver problema…” Lugano silenciosamente se tranquilizou.
A carruagem seguiu para o norte, saindo de Porto Santa e chegando a uma vila aninhada na cordilheira de Dariège, com vista para o mar azul.
Os barcos de pesca partiram, acompanhados pelo canto ressonante e pelo chilrear das aves marinhas.
Os prédios da Vila Milo exalavam uma sensação histórica. Paredes externas de tijolos de pedra marrom, amarelo e bege, escurecidas na metade inferior, davam-lhes personalidade. Embora os componentes de madeira tivessem sido substituídos, as ervas daninhas ainda estavam presentes.
Uma pequena catedral pertencente à Mãe Terra ficava perto da montanha, e de frente para o cais da vila de pescadores ficava a residência do Governador do Mar.
O prédio de quatro andares, com fundo branco e tijolos cinza, parecia mais uma catedral e um local de sacrifício do que uma residência humana.
Ao chegarem em segurança ao seu destino, Lugano suspirou aliviado e pulou da carruagem. Duas criadas apoiaram Madame Martha enquanto se dirigiam ao prédio do Governador do Mar, acompanhadas por Rubió Paco.
De repente, Lugano ouviu a voz de seu empregador.
— Dê uma olhada no que há de errado com aquela velha senhora.
Uh… Lugano olhou para Lumian, que tinha aparecido ao lado dele, usando um chapéu de palha dourado. Ele levantou a mão e gentilmente bateu na testa, ativando sua Visão Espiritual.
Observando as costas de Madame Martha por alguns segundos depois que ela entrou na residência do Governador do Mar, ele franziu a testa e disse: — O mais notável é a perda excessiva de sangue e a vitalidade fraca…
Lugano hesitou antes de concluir: — Não parece doença. Parece mais uma lesão.
Vol. 5 Cap. 548 Governador do Mar
“Ferida? Ferida pelo lagarto humanoide?” Lumian fez um palpite casual após ouvir o julgamento de Lugano.
Ele estava ao lado da carruagem, seu olhar examinando naturalmente os arredores da residência do Governador do Mar.
O local era próximo às docas da vila de pescadores, com barcos navegando no mar e redes de pesca presas aos recifes. Ao redor das casas próximas, mulheres estavam ocupadas processando frutos do mar, transformando-os em peixe salgado e carne seca. Crianças corriam por várias estradas da vila, brincando.
Embora diferente de Cordu, a essência da cena permaneceu semelhante.
Em frente à residência do Governador do Mar, estendia-se uma praça considerável onde Lumian e os outros aguardavam Madame Martha, Rubió Paco e sua chegada.
As crianças se reuniram em um canto, arrumando várias conchas e participando de uma brincadeira de atuação.
O mais velho, vestido com uma camisa de linho, declarou: — Eu sou o Governador do Mar!
— Eu serei o guarda!
— Eu sou a mãe — responderam as outras crianças.
O mais novo pulou de um lado para o outro e perguntou: — E eu? E eu?
A criança que desempenhava o papel de Governador do Mar refletiu por um momento e disse: — Você pode ser a Criança do Mar.
“Criança do Mar? O que é isso?” Lumian, embora não olhasse, ouvia atentamente a discussão das crianças.
Essas crianças podem não entender muitos termos, mas sua falta de confidencialidade as tornou portadoras involuntárias de informações. Os adultos na Vila Milo não seriam excessivamente vigilantes contra crianças tão pequenas, que poderiam inadvertidamente revelar detalhes lembrados em suas brincadeiras diárias.
Relembrando suas experiências em Cordu, Lumian reconheceu o valor de sondar as crianças e brincar com elas. Era uma maneira sutil de obter informações sobre questões familiares.
Depois de absorver as discussões das crianças e avaliar o tempo, Lumian ajustou seu chapéu de palha dourado e foi direto para a residência do Governador do Mar.
Lugano ficou surpreso e rapidamente seguiu Lumian.
Dois “guardas” com camisas e calças verde-amarronzadas, cada um armado com um rifle, bloquearam a entrada da catedral e do local de sacrifício, fixando o olhar em Lumian.
— Parem! — gritaram os “guardas”.
Sem se deixar intimidar, Lumian continuou andando, falando em intisiano com indiferença: — Não entendo o que você está dizendo.
Com um ruído agudo, os dois “guardas” levantaram seus rifles, mirando no forasteiro de chapéu de palha dourado.
Lugano traduziu apressadamente: — Eles não vão deixar você entrar.
Ignorando seu guia, Lumian não acelerou nem diminuiu a velocidade ao se aproximar do prédio branco com tijolos cinza.
Um brilho frio cintilou nos olhos azuis dos dois “guardas” enquanto eles apertavam os gatilhos.
Naquele momento, o forasteiro com o chapéu de palha dourado desapareceu da vista deles.
Ele se fundiu às sombras iluminadas pelo sol da residência do governador.
No instante seguinte, Lumian reapareceu de uma sombra no saguão atrás deles e continuou andando.
Era como se a distância entre eles tivesse sido apagada.
Os dois “guardas”, com sentidos aguçados, rapidamente se viraram, espiando atrás deles. No entanto, Lumian já havia entrado no prédio, saindo do saguão.
Lá fora, Lugano ficou atordoado, sem saber se deveria correr o risco de segui-lo e agir como tradutor ou priorizar sua própria segurança.
Após passar pelo saguão, Lumian de repente notou o espaço à frente escurecendo. A cúpula, com pouco mais de dez metros de altura, emanava uma aura inacessível. Paredes azul-água adornadas com vários relevos chamaram sua atenção. Ao contrário das estátuas típicas de anjos e santos, estas representavam objetos do mar — estrelas do mar, corais, vários peixes, lagostas e caranguejos.
Simultaneamente, Lumian sentiu os relevos ganhando vida, lançando um olhar perigoso para ele.
Não, eles não estavam vivos. O prédio em si parecia vivo, instintivamente rejeitando intrusos e exercendo camadas de pressão.
Os passos de Lumian instantaneamente ficaram pesados, como se estivessem carregados com centenas de quilos.
Dentro de seu campo de visão, Martha, a matriarca da família Paco, estava ajoelhada diagonalmente no chão com as pernas cruzadas. Rubió Paco estava de pé, à distância. As duas criadas também estavam ajoelhadas, de costas para o salão de entrada, como se não quisessem olhar para uma certa figura importante.
Diretamente oposto ao alto domo estava um “tapete” feito de pele de peixe. Um jovem em um robe branco retrô estava reclinado nele, apoiando-se nos cotovelos enquanto observava Martha em silêncio.
Quatro outras belas mulheres adornavam o “tapete”. Uma se ajoelhou atrás do rapaz, servindo como sua almofada. Outra descascou uvas maduras tardias e as alimentou delicadamente para o rapaz. As duas restantes seguravam bandejas com álcool, comida e toalhas, cada uma em um lugar separado. Suas barrigas grávidas eram inconfundivelmente visíveis, irradiando um brilho maternal.
Com a entrada repentina de Lumian, o rapaz pareceu alarmado, sentando-se ereto e buscando consolo no abraço da mulher atrás dele.
Percebendo a anormalidade, Rubió se virou e viu o aventureiro que havia contratado, Louis Berry.
Suas pupilas dilataram-se levemente enquanto ele falava urgentemente em intisiano: — Por que você entrou?
Só então Lumian parou e sorriu.
— Sou um aventureiro profissional. Você ficou aqui dentro por muito tempo. Estou preocupado que algo possa acontecer.
Enquanto falava, Lumian sentiu olhares perigosos vindos de várias partes do prédio.
Rubió ficou em silêncio por um momento antes de dizer: — Não se preocupe. Apenas espere lá fora até que a gente saia.
— Tudo bem — Lumian riu, virou-se e entrou no saguão, agindo como se os olhares perigosos não existissem.
De volta ao saguão, ele encarou os dois “guardas” e seus rifles sem olhar para eles enquanto passava.
As expressões dos “guardas” mudaram, mas eles se abstiveram de atirar, permitindo que Lumian saísse da residência do Governador do Mar.
Lugano deu um suspiro de alívio, grato por não ser caçado pelo povo da Vila Milo.
Apesar de ser um Beyonder, enfrentar mais de um soldado armado ainda o deixava desconfortável.
Olhando para Lumian, ele hesitou em perguntar por que seu empregador insistia em invadir.
Lumian se acomodou ao lado do cocheiro, dobrando as pernas, uma delas estendida, e permitindo que seu braço direito descansasse sobre ela.
Depois de quase dez minutos, Rubió Paco e sua mãe, Martha, saíram do edifício semelhante a uma catedral.
Rubió olhou profundamente para Lumian e disse: — Vamos. O Governador do Mar concordou em deixar minha mãe receber tratamento na Igreja.
“Esse rapaz é o atual Governador do Mar? Ele parecia fraco e em pânico. Como ele pode proteger os pescadores e mercadores marítimos de Porto Santa por um ano? Ou ele não tem habilidades, mas possui um símbolo especial? A brincadeira da Reunião da Mentira causou um acidente no ritual de oração do mar do ano passado? Este Governador do Mar pode ter falhado em receber a bênção ou nomeação do mar, mas os membros da Guilda dos Pescadores escondem o assunto para evitar causar pânico, tratando-o como o verdadeiro Governador do Mar. Ele deve saber sobre o que aconteceu naquela época…” Lumian assentiu pensativamente.
Ele sorriu e perguntou a Rubió em intisiano: — Então, devemos agradecer à Mãe Terra por Seu amor e cuidado ou pela aprovação do Governador?
Rubió não respondeu e seguiu sua mãe, Martha, até a carruagem.
Lugano sentou-se apressadamente do outro lado do cocheiro, observando enquanto o cavalo girava e mudava de direção, afastando-se gradualmente da residência do Governador do Mar.
Ufa… Lugano suspirou do fundo do coração.
— Esta comissão não parece perigosa…
Tirando a insistência do seu empregador em invadir a residência do Governador do Mar, não houve surpresas.
Lumian riu e comentou: — É porque eu estou aqui. Se fosse só você, aqueles observadores ocultos já poderiam ter vindo bater à porta.
Lugano ficou em silêncio, observando enquanto seu empregador apontava para a mansão do Governador do Mar, parecida com uma catedral, e pronunciava uma frase em escocês, palavra por palavra.
— O que… acontecerá se… explodir?
Lugano estremeceu, seus cabelos ficaram em pé.
Ele olhou para o cocheiro atônito e avisou seu empregador em intisiano: — Você provavelmente será caçado por todo o Porto Santa.
Lumian sorriu e desviou o olhar, permanecendo em silêncio.
Só então Lugano percebeu.
O empregador dele estava testando alguém!
Por que mais ele usaria o escocês, uma língua que ele ainda não dominava?
Ele estava testando as reações do cocheiro e de Madame Martha na carruagem!
Ao ouvir a conversa de Martha e Rubió, Lumian notou que mãe e filho mal se falaram durante a viagem, talvez devido à saúde precária de Martha, com ocasionais gemidos de dor.
Quando a carruagem deixou a Vila Milo, o cocheiro puxou as rédeas de repente, parando os cavalos.
Um velho com uma bengala preta apareceu na frente da carruagem.
Com cabelos escuros e brancos, olhos azuis como o mar e vestindo roupas comuns de pescadores, o rosto enrugado do velho poderia matar um mosquito com suas dobras.
— Sr. Oro… — o cocheiro sussurrou, sua expressão tensa, sem saber como reagir.
“Juan Oro?” pensou Lumian. “O presidente da Guilda dos Pescadores e o antigo chefe da Vila Milo?”
Apoiado por um jovem parecido com ele, Juan Oro aproximou-se da carruagem da família Paco com sua bengala.
Na carruagem, Rubió e Martha permaneceram em silêncio.
Nesse momento, um revólver apareceu na testa de Juan Oro, pressionando o cano frio contra sua carne.
Lumian levantou o queixo levemente e olhou para o presidente da Guilda dos Pescadores. Com uma expressão calma, ele perguntou: — Quem permitiu que você se aproximasse desta carruagem?
Vol. 5 Cap. 549 Verdadeiro Propósito
O jovem que apoiava Juan Oro olhou para Lumian, que estava sentado ao lado do cocheiro com uma perna dobrada e a outra apoiada. Seus olhos brilhavam com raiva indisfarçável.
O cocheiro pulou de susto e tentou desesperadamente se distanciar de Lumian. No entanto, com um cavalo na frente dele e Lugano à sua esquerda, esquivar-se provou ser impossível em sua pressa.
Lugano engoliu em seco, culpando seu empregador por ser excessivamente agressivo.
“Ele está tentando imitar Gehrman Sparrow?”
“Mas seu empregador nunca havia demonstrado tamanha loucura antes; em vez disso, ele parecia inteligente!”
Juan Oro, um homem idoso com cabelos pretos manchados, parecia alheio ao revólver apontado para sua testa. Ele virou a cabeça, se afastou da arma de fogo e continuou em frente.
Observando isso, Lumian puxou o gatilho sem hesitar.
Estrondo!
Uma bala amarela disparou do revólver, indo direto para o lado da cabeça de Juan Oro.
Em algum momento, uma mão interceptou a bala, fazendo-a desacelerar e girar. A bala parou na mão, parecendo ter caído em um pântano espesso.
A mão larga e bronzeada pertencia ao jovem que apoiava Juan Oro. Ele olhou para Lumian, seus lábios se curvando em desdém. Então, ele berrou: — Você perdeu a cabeça?
Antes que ele pudesse terminar, orbes carmesins flamejantes, quase brancos em matiz, materializaram-se bem na frente dele, a apenas um metro de distância. Eles o cercaram em chamas.
Quase instantaneamente, Lumian sentiu como se tivesse sido arrancado da realidade. A carruagem desapareceu debaixo dele, o chão sumiu de sua vista, e ele se viu em um vazio infinito de escuridão.
As bolas de fogo vermelhas, quase brancas, foram controladas por uma força invisível e mudaram de direção, saindo rapidamente de seu caminho original.
Estrondo!
Elas colidiram com a beira da estrada a dezenas de metros de distância, abrindo crateras profundas e enormes.
Os cavalos, assustados, empinaram-se, relinchando de terror. O cocheiro instintivamente puxou as rédeas, lutando para acalmar os animais em pânico.
A “ilusão” que Lumian experimentou se dissolveu com a explosão. Ele viu Juan Oro e o rapaz novamente.
Juan Oro, profundamente enrugado, com a barba e os cabelos em pé, levantou sua bengala preta e rosnou em voz baixa: — Já chega.
Lumian sorriu e levantou seu revólver mais uma vez, apontando-o para o presidente da Guilda dos Pescadores.
Naquele momento, a voz de Rubió Paco ecoou na carruagem traseira.
— Deixe-os passar — ele falou em intisiano.
Só então Lumian abaixou o braço e ofereceu um sorriso em intisiano.
— Minha empregaadora disse que você está livre para passar.
Ele agiu como se não conseguisse compreender Juan Oro e o escocês do rapaz.
Juan Oro o observou por um momento antes de desviar sua atenção. Usando sua bengala, ele circulou para o lado da carruagem. O rapaz que o apoiava lançou um olhar furioso para Lumian, mas ele estava sem palavras para xingar, já que Lumian não conseguia entender.
Juan Oro olhou para a janela e perguntou calmamente: — Martha, ouvi dizer que você não está se sentindo bem?
— Sim — respondeu a velha senhora fracamente através do vidro.
Juan Oro assentiu.
— O Governador lhe deu permissão para buscar tratamento? Você precisa da minha ajuda para defender seu caso?
— Ele já deu permissão — respondeu Rubió em nome de sua mãe.
— Isso é bom. — Juan Oro assentiu levemente e não insistiu mais.
Ele se virou e caminhou lentamente em direção ao prédio que abrigava a residência do Governador do Mar, usando sua bengala como muleta.
O jovem que o apoiava lançou um último olhar furioso para Lumian antes de voltar a se concentrar no velho.
Lumian ajustou sua postura, agindo como se nada tivesse acontecido. Ele disse a Lugano, — A carruagem pode continuar adiante.
Lugano saiu do seu transe e rapidamente ordenou ao assustado cocheiro que acalmasse os cavalos e saísse da Vila Milo o mais rápido possível.
Sem problemas, eles retornaram para a Rua da Santa Lana, nº 21.
Lumian reencontrou Ludwig, com a boca ainda brilhando de óleo, de Giorgia e sorriu para Rubió Paco.
— Lembre-se da sua promessa. Caso contrário…
Ele sorriu e deixou a declaração no ar.
— Não se preocupe — respondeu Rubió em intisiano.
Depois que Louis Berry, seu afilhado e o intérprete partiram, Giorgia suspirou de alívio e olhou para o marido.
— Nunca vi uma criança comer tanto. Ela deve ser anormal!
— Caso contrário, Louis Berry não o teria deixado ficar conosco tão facilmente — respondeu Rubió, imperturbável.
…
Rua Aquina, Motel Solow.
Depois de fechar a porta, Lugano não resistiu e perguntou a Lumian: — P-por que você foi tão agressivo? Ele é o presidente da Guilda de Pescadores de Porto Santa, um figurão. E nós estamos na Vila Milo!
Ele suspeitava que seu empregador tinha alguma intenção oculta.
Lumian lançou um olhar ao seu guia e sorriu.
— Por que não? Ao fazer uma cena em público, é improvável que ambas as partes possam dar tudo de si. É a chance perfeita para testá-los, ver do que são feitos. Tentar sob o manto da noite, quando ninguém se importa com a autoridade da Igreja Mãe Terra e o governo de Feynapotter? Isso seria muito arriscado.
Se Lumian descobrisse que Juan Oro tinha poderes divinos, ele precisaria agir rápido e pedir reforços!
— Ah, entendi… — Lugano teve uma epifania.
A loucura do seu empregador era apenas uma fachada. Cada movimento radical tinha um motivo oculto!
“Mas por que ele está em Porto Santa? Ele está planejando algo durante o ritual de oração do mar? Por que mirar em pessoas da Guilda dos Pescadores?”
“Isso parece muito perigoso!”
“Devo pedir demissão mais cedo e esquecer o salário restante?”
Lumian observou o intérprete silencioso e caminhou até uma cadeira reclinável na sala de estar, acomodando-se com um sorriso. Ele se recostou e relaxou.
O que ele disse a Lugano foi apenas uma camada das motivações por trás de suas ações recentes — a mais superficial.
Mais importante ainda, Lumian pretendia enviar uma mensagem clara com suas ações radicais:
Ele estava em Porto Santa para investigar o ritual de oração do mar, sem medo da Guilda de Pescadores ou da Vila Milo. Ele possuía a força e a coragem para apoiá-lo!
Invadir a residência do Governador do Mar ou apontar casualmente uma arma para a cabeça de Juan Oro e atirar — tudo isso era para transmitir essa informação.
Lumian acreditava que havia pessoas insatisfeitas em Porto Santa em relação ao ritual de oração do mar da Guilda de Pescadores. Afinal, os principais beneficiários eram pescadores, comerciantes marítimos e aqueles em indústrias relacionadas, não representativos de toda a população de Porto Santa.
Por exemplo, embora a Igreja da Mãe Terra e o governo de Porto Santa tenham permitido autonomia à Guilda dos Pescadores e excluído pessoas de fora do envolvimento, alguém ousado o suficiente para investigar, independentemente das consequências, pode levar outros a agir. Eles poderiam silenciosamente ou mesmo secretamente apoiar essa pessoa para causar problemas em seu benefício?
Da mesma forma, os beneficiários não seriam unidos. Alguns ganhando significavam outros perdendo; os poderosos tinham rivais invejosos. Embora não quisessem que o ritual de oração do mar acabasse, eles provavelmente desejavam que aqueles no poder sofressem e desocupassem suas posições.
Lumian, ao erguer uma bandeira para investigar o ritual de oração do mar e demonstrar determinação, firmeza e força, não precisou reunir pistas meticulosamente. De sua residência, ele podia receber várias informações, aberta e secretamente, e compará-las para determinar a autenticidade.
Para um estranho com tempo limitado, esta foi a maneira mais rápida e eficaz de descobrir todo o processo do ritual de oração do mar e a verdade sobre o acidente do ano passado.
Para o membro-chave da Reunião da Mentira, espreitando nas sombras, possivelmente preparando uma armadilha, esta foi uma jogada estratégica para chamar a atenção para o aventureiro Louis Berry e levantar suspeitas.
No devido tempo, munido das informações adquiridas e das pistas descobertas, Lumian teve a chance de expô-los por meio de sua própria armadilha.
Claro, a principal desvantagem desse plano era seu perigo relativo. Colocar-se no centro das atenções era um risco, mas na busca por uma presa, os riscos eram inevitáveis. Além disso, Lumian tinha muitos aliados.
Enquanto esses pensamentos corriam pela mente de Lumian, ele percebeu que se tornar um Conspirador lhe dera uma compreensão mais clara da situação e dos conflitos entre vários grupos. Usando um termo favorecido por Aurore, ele desenvolveu uma percepção mais profunda sobre conspirações: — A conspiração mais brilhante é uma conspiração conhecida!
Isso se tornou um princípio fundamental para sua atuação futura.
Por volta das 14h, Lumian avistou seu mensageiro, o Penitente Baynfel, emergindo do vazio e entregando-lhe uma carta.
Confuso, ele perguntou: — De quem é?
Aqueles com quem ele precisava se comunicar já não foram alcançados?
— É da Demônia — respondeu Baynfel.
“O que houve com Franca de novo?” Lumian pegou a carta e começou a ler.
“O homem que ela e Jenna encontraram no quarto nível das catacumbas é suspeito de ser do mundo onde o Mestre Celestial reside — o mundo antes de sua transmigração?” As pupilas de Lumian dilataram-se ligeiramente.
Isso era diferente dos membros da Sociedade de Pesquisa dos Babuínos de Cabelos Encaracolados; eles tinham transmigrado através de suas almas, mas esses indivíduos trouxeram seus corpos!
Em meio à surpresa, Lumian refletiu sobre uma questão crucial.
“Por que alguém assim se aventuraria no quarto nível das catacumbas?”
“Seria porque a Fonte do Esquecimento estava selado ali, junto com as águas transbordantes do Rio Estige que ligavam os dois mundos?”
“Indivíduos semelhantes já haviam entrado em nosso mundo antes? Se sim, por que não deixaram nenhum vestígio como o Imperador Roselle e os outros transmigradores?”
“A expedição de Franca e Jenna ao quarto nível das catacumbas parece carregada de coincidências. Elas não só descobriram um novo Fragmento do Mundo Espelhado, mas também encontraram tal pessoa.”
Depois de escrever uma carta para Franca, Lumian estava prestes a pedir a Lugano que traduzisse os jornais do dia quando passos ecoaram no corredor.
Suas sobrancelhas se contraíram enquanto ele puxava uma poltrona e ficava de frente para a porta.
Toc, toc, toc. Poucos segundos depois, uma batida ressoou na porta da suíte deles.
— Quem é? — perguntou Lugano.
Uma voz madura e gentil flutuou do outro lado da porta.
— Eu sou Noelia da Ordem da Fertilidade.
Ao ouvir esse nome, Lumian se inclinou um pouco para trás e sorriu.
Ele sentiu que sua digestão da poção do Conspirador havia progredido um pouco mais.
Vol. 5 Cap. 550 Efeitos do Ritual de Oração do Mar
Lumian hesitou, incorporando o personagem do aventureiro — Louis Berry — lidando com a falta de familiaridade de escocês.
Assim que Lugano terminou de traduzir as palavras de Noelia, ele assentiu gentilmente, exibindo um sorriso acolhedor enquanto falava em intisiano: — Entre, por favor.
Simultaneamente, ele se levantou do assento.
Lugano, que já havia chegado à porta, abriu-a.
A pessoa lá fora realmente provou ser Noelia, a freira de combate da Ordem da Fertilidade. Ao contrário do esperado, ela não estava vestida de preto ou adornada com chapéus religiosos. Seu cabelo grosso, preto e cacheado fluía sobre sua armadura de couro marrom, e seus olhos azuis-claros e vivos exalavam energia.
Lumian notou o par de espadas retas amarradas nas costas de Noelia e o revólver em sua cintura. Sorrindo, ele deu um passo à frente.
— Obrigado pela sua ajuda.
Anteriormente dependente da tradução de Lugano, Noelia respondeu em intisiano: — Como você sabia que eu estava aqui para ajudar?
Lumian não escondeu suas intenções para a performance de hoje. Ele levantou a mão, apontando para a cabeça, indicando dedução.
Claro, sua gratidão veio da ajuda dela na digestão da poção de Conspirador.
As sobrancelhas grossas de Noelia se contraíram em aprovação enquanto ela assentia.
Então, ela voltou seu olhar para Lugano e Ludwig, como se buscasse a opinião de Lumian sobre se deveria deixá-los ir embora. A expressão de Lugano deixou claro que ele preferia não fazer parte disso.
Poupando Lugano, Lumian gesticulou para que ele levasse Ludwig para fora, talvez para comerem lanches na rua.
Depois que os dois saíram da suíte, Lumian comentou com Noelia: — Você realmente conhece Intisiano. Você não disse uma palavra nele antes.
Noelia respondeu com um sorriso: — Nós frequentemente nos revezamos na guarda das passagens nas montanhas no sopé sul da cordilheira Pyraez.
A cordilheira Pyraez, denominada pelo Reino Feynapotter, referia-se à cordilheira Dariège. Pastores frequentemente a atravessavam, entrando nas planícies e pastos de Gaia e outras províncias.
Sem esperar mais perguntas de Lumian, Noelia colocou o cabelo atrás da orelha e sorriu.
— É indelicado ter uma mulher parada conversando com você.
Só então Lumian convidou Noelia para sentar no sofá enquanto ele escolhia a poltrona.
Noelia olhou para ele e continuou, — O ritual de oração do mar de Porto Santa remonta ao final da Quarta Época. Tem mais de mil anos e pode ser considerado antigo. A Igreja uma vez o purgou, realocando todos os envolvidos relevantes e purificando todos os participantes. No entanto, menos de cem anos depois, alguém aqui começou a conduzir secretamente o ritual de oração do mar novamente.
Ela não explicou por que compartilhou essa história; parecia que ela estava apenas recontando.
— Eles não continuaram a purgá-lo depois? — perguntou Lumian.
Noelia franziu os lábios vermelhos e respondeu com uma expressão solene: — Neste assunto, as ordens dos chefes são frequentemente contraditórias. Às vezes, eles deixam nossa Ordem da Fertilidade lidar com isso; outras vezes, eles nos sinalizam para observar por um tempo. Tudo isso foi permitido por um segundo em comando, Abençoado.
Lumian, extraindo conhecimento da Madame Mágica, da Sociedade de Pesquisa dos Babuínos de Cabelos Encaracolados e de outras fontes, chegou a entender que a Igreja da Mãe Terra operava em dois sistemas principais: Favorecidos e Abençoados. Favorecido se referia aos Beyonders dos caminhos da Terra e da Lua entre os clérigos. Enquanto isso, Abençoado englobava Beyonders de outros caminhos abençoados pela Mãe Terra. Ordens de um Favorecido exigiam pelo menos um Abençoado em comando para serem válidas. Sem isso, eles corriam o risco de serem considerados produtos da influência de deuses malignos e demônios.
Lumian achou o sistema intrincado da Igreja Mãe Terra desconcertante, aparentemente projetado para proteger contra os Favorecidos. No entanto, ele acreditava que deveria haver uma razão por trás de tal complexidade.
Depois de passar por inúmeras experiências, ele se tornou cada vez mais consciente de que regras aparentemente imperceptíveis no mundo místico muitas vezes continham lições gravadas em sangue.
Depois de um momento de contemplação, Lumian perguntou: — Você é uma Favorecida ou um Abençoada?
— Sou uma Abençoada — respondeu Noelia sem entrar em detalhes sobre seu caminho.
Lumian assentiu levemente, indicando para ela continuar.
Noelia sorriu e suspirou.
— Após um longo período de repetição, finalmente chegamos a um acordo tácito para permitir o ritual de oração do mar. No mínimo, trouxe prosperidade a Porto Santa sem causar caos social ou perturbações significativas além dos participantes.
— Essa decisão foi tomada há eras, e enquanto dossiês antigos fornecem uma compreensão aproximada, as razões exatas que convenceram matriarcas, presidentes e arcebispos permanecem obscuras. Essencialmente, o ritual de oração do mar evoluiu para um folclore tradicional em Porto Santa, promovendo a prosperidade no comércio marítimo e na pesca.
Cruzando os braços sobre o peito, Noelia entoou com piedade: — O abraço precioso da vida, a graça da colheita.
Lumian, intrigado, estreitou os olhos e perguntou: — Por que você mudou o gesto de oração?
“Há algum problema?”
Noelia abriu os olhos e sorriu.
— Esse era um gesto frequentemente usado no passado, mas à medida que a Mãe Terra recuperou parte da autoridade perdida, adotamos uma nova postura para ocasiões formais.
Ela se levantou, posicionando as pernas ligeiramente afastadas, as mãos erguidas e explicou apaixonadamente a Louis Berry, como se estivesse pregando.
— Os pés se conectam à terra benevolente, e as palmas alcançam o céu espiritual. No meio reside a luz da vida. Este é o domínio da Mãe de Todas as Coisas.
“Alguém pode recuperar parte de Sua autoridade perdida?” Lumian ficou intrigado, mas esse não era o ponto focal.
Noelia recostou-se em seu assento e continuou: — Embora não tenhamos decifrado o processo central do ritual de oração do mar, anos de vigilância renderam algumas ideias.
— O Governador do Mar, que ganha com sucesso o favor do mar, exerce o poder de controlar esse trecho do mar, prevenindo naufrágios. No entanto, isso aparentemente vem ao custo de suas vidas e algo mais. Simultaneamente, o ritual desencadeia uma reprodução rápida e uma vida próspera na área, garantindo aos pescadores uma colheita abundante. Ele também se entrelaça com o destino; famílias com Donzelas do Mar em sua linhagem tendem a experimentar boa sorte, não apenas devido ao tratamento preferencial.
“Os efeitos do ritual de oração do mar são complexos, exercendo o poder do domínio do mar e influenciando o destino, a reprodução e a abundância…” Lumian lutou para entender as razões por trás dessas ocorrências.
Noelia olhou para o rosto de Lumian, seus olhos brilhantes, mas gentis, e disse: — Os membros do comitê da Guilda dos Pescadores, alguns moradores da Vila Milo e os participantes do processo central do ritual de oração do mar adquiriram poderes místicos. Uma vez confrontamos os pequenos demônios que você encontrou. Ao perseguir certos criminosos, descobrimos que eles estavam transformados em monstros semelhantes a lagartos.
“Lagartos humanoides? Semelhantes aos da família Paco?” Lumian não esperava obter nenhuma pista de Noelia.
Noelia sorriu.
— Mais tarde, descobrimos uma semelhança entre aqueles que podem se transformar em lagartos.
— O que foi? — Lumian não conseguiu esconder sua curiosidade.
Noelia respondeu com um leve sorriso: — Suas mães já foram Donzelas do Mar.
“Filhos das Donzelas do Mar? Criança do Mar? Qual dos irmãos de Rubió eu matei? Ele não só se transformou em um lagarto humanoide, mas também enlouqueceu e feriu gravemente sua mãe?” Lumian rapidamente conectou os pontos, sentindo que havia compreendido a essência da comissão da família Paco.
No entanto, a confusão se instalou.
“Se essa informação é do conhecimento das famílias das Donzelas do Mar, por que a família Paco a esconderia de Juan Oro e outros membros do comitê da Guilda dos Pescadores?”
Noelia não buscou seus pensamentos e provocou: — Após confirmar a ligação entre os monstros semelhantes a lagartos e o ritual de oração do mar, alertamos intencionalmente os membros do comitê da Guilda dos Pescadores. Desde então, nenhum criminoso desse tipo apareceu. Eles mostram disciplina e contenção. É por isso que, às vezes, entendo por que os chefes permitem tacitamente o ritual de oração do mar em Porto Santa. Os participantes são mais obedientes e facilmente controlados em comparação a aventureiros como você.
Noelia insinuou: — Eu apenas aconselhei você a ficar longe da Guilda dos Pescadores. No entanto, no dia seguinte, você invadiu a residência do Governador do Mar, apontando uma arma para a cabeça de Juan Oro. Isso é muito mais problemático do que aqueles envolvidos com o ritual de oração do mar!
Lumian sorriu, preferindo não comentar.
Noelia refletiu por um momento, olhando nos olhos dele.
— Não tenho certeza do porquê você está investigando o ritual de oração do mar, e não quero saber. O que posso dizer é que, se suas ações colocarem todo o Porto Santa em perigo, nós interviremos e expulsaremos você. Com essa condição, podemos oferecer alguma assistência.
Lumian pegou o chapéu de palha ao seu lado e o pressionou contra o peito.
— Seria uma honra.
Noelia não mencionou os objetivos da Igreja Mãe Terra nesse assunto, e Lumian optou por não se aprofundar no assunto.
A freira de combate da Ordem da Fertilidade levantou-se e caminhou em direção à porta.
Com a mão esquerda na maçaneta, ela se virou abruptamente, com os olhos brilhando, enquanto perguntava com um sorriso: — Você quer ter um filho aqui?
Lumian ficou surpreso.
— Madame, você não está mudando de assunto rápido demais?
Os olhos de Noelia tinham um brilho maternal enquanto ela dizia com pena: — De acordo com nossa avaliação, o ritual de oração do mar é pelo menos tão perigoso quanto um Santo ou um Artefato Selado de Grau 1 quando totalmente utilizado por um curto período. Não sei o que você está fazendo, mas uma vez que você está envolvido neste assunto, você não pode escapar só porque você quer.
— Antes disso, você já pensou em deixar um descendente para si? Eu posso te ajudar.
“As freiras da sua Igreja Mãe Terra tem uma maneira de convidar alguém para uma transa de uma noite tão especial?” Lumian ficou momentaneamente sem palavras.
Noelia falou sinceramente, — Descendentes são a continuação de nossas vidas. Flores murcham e caem no chão, apenas para florescer em um cenário mais brilhante no ano seguinte. Você realmente não está considerando ter um descendente?
— Por enquanto não — Lumian respondeu com uma expressão fria.
Noelia expressou arrependimento: — Sempre que pensar nisso, venha até mim.
Com isso, ela abriu a porta e saiu.