DanMachi Light Novel Capítulo 3 – Vol 05 - Anime Center BR

DanMachi Light Novel Capítulo 3 – Vol 05

 

Capítulo 3: Marcha da morte na Dungeon

 

Rugidos ferozes de repente se transformaram em gritos dolorosos.

O ar foi rasgado ao meio por um grito longo e agudo, seguido de perto pelo som de respirações agonizantes. A espada de madeira deixou uma pós-imagem em seu rastro, parecendo mais com uma sessão de treinamento sério.

Os movimentos eram anormalmente rápidos, e ela passou para o próximo alvo antes que soasse o impacto do primeiro golpe. De vez em quando, olhos azul celeste brilhavam sob o capuz.

Apesar de estar cercada por mais de dez monstros ao mesmo tempo, ela rompeu através deles com a força de um furacão.

“KYII ?!”

“GAH — ?!”

Um Al-Miraj foi atingido no peito quando ele foi lento demais para responder ao seu avanço. Ela cortou outro ao meio com uma de suas lâminas, seu movimento a levando através de um terceiro monstro. Todos os três caíram em menos de um segundo.

A formação de rede dos monstros era inútil. Eles não eram rápidos o suficiente para se protegerem contra a aventureira encapuzada, sua capa rodando a cada movimento preciso. Cães Infernais saltaram para ela em direção às suas costas expostas, saliva voando de suas presas. No entanto, a mulher encapuzada girou rapidamente e golpeou suas mandíbulas por baixo com sua espada de madeira. Os Cães Infernais foram lançados para trás, seus focinhos completamente quebrados.

“KYUAA!”

Mais dois Al-Mirajs entraram na briga. Guinchando com tudo o que tinham, os dois estavam armados com machados de pedra, a arma deste andar.

A aventureira encapuzada viu as armas quando foram arremessadas nela. Ela desviou de um com um giro rápido de sua espada de madeira — e pegou o segundo com a mão. Ela girou novamente e o arremessou sem qualquer hesitação.

Os olhos vermelhos do monstro coelho se arregalaram pouco antes de levar o machado na cara. A força do golpe o lançou em linha reta para trás.

O Al-Miraj restante ficou em choque com o desaparecimento súbito de seu aliado diante de uma sombra escura que desceu sobre ele. A criatura olhou para cima bem a tempo de ver uma espada de madeira acertando seu rosto. “KYU ?!” veio o último grito quando seus olhos quase saltaram de suas órbitas. O Al-Miraj ficou em silêncio.

“T-tão forte…”

“Para enfrentar tantos deles sozinha assim.”

“W-whoa…”

Mikoto, Ouka e Chigusa, da <Família Takemikazuchi>, assistiram a batalha se desenrolar diante deles com olhos confusos. Eles podem ter tido diferentes maneiras de expressá-lo, mas todos ficaram chocados com a exibição dominante de força e habilidade.

A equipe de busca chegou ao décimo terceiro andar.

Eles fizeram todo o caminho através dos níveis superiores em poucos horas em sua busca para salvar Bell, e agora haviam atingido os níveis intermediários. O ritmo deles era muito mais rápido do que qualquer um esperava.

E tudo isso graças a misteriosa aventureira encapuzada.

Ela estava eliminando monstros por conta própria antes que qualquer um tivesse chance de agir. Uma vez conhecida pelo título “Ventania”, a aventureira estava em um nível muito maior do que Mikoto e dos outros — Nível 4, para ser exato.

Até o ás de Hermes, Asfi, assistiu com admiração a aventureira encapuzada abrir uma trilha com velocidade e força incomparáveis ​​pelos níveis superiores, matando mais monstros no processo do que ela poderia contar.

“OOUUUUUUUUUUUUU !!”

O som de algo rolando em alta velocidade, acompanhado por um baixo rugido, os alcançou. Um monstro tatu, a Besta Blindada, apareceu mais abaixo no túnel.

Completamente tranquila com as bolas de demolição rolando em sua direção, a aventureira encapuzada retirou uma de suas pequenas lâminas. Ela avançou de cabeça erguida, com a lâmina na parte inferior da mão. Afastando-se de seu caminho no último momento, ela levou a lâmina diretamente através do corpo da besta enquanto ela passava.

O corpo do monstro continuou girando até que ele se desfez.

A enorme carne em rotação atingiu uma pedra no chão, enviando quatro pedaços no ar que pousaram aos pés da atordoada Mikoto.

“Bem, não vou reclamar que isso seja fácil demais. Não deve haver um problema mesmo nos níveis intermediários, desde que ela assuma a frente… Você viram aquilo?”

Asfi estava gostando do show em sua frente quando de repente alguns monstros emergiram da parede atrás deles, pegando a sua atenção. A <Família Takemikazuchi> também sentiu o perigo e imediatamente se moveu para proteger Hestia e Hermes.

“Com licença, venha por aqui.”

“Eh?”

Ignorando os dois Cães Infernais por um momento, Asfi agarrou Chigusa pelo ombro e a puxou para trás.

De repente, o chão embaixo de onde Chigusa estava parada cresceu e mudou como se uma toupeira estivesse escavando um túnel por baixo.

Asfi girou sua capa branca para o lado e tirou uma adaga de dentro.

Ela nem teve tempo de respirar antes de um Verme da Dungeon saísse da parede.

A fera não tinha cabeça — apenas uma boca com dentes serrilhados no fim de seu corpo parecido com um verme. Ele disparou em direção a eles com seus membros se contorcendo no ar. Asfi alinhou a ponta de sua arma para o monstro que se aproximava pelas paredes da Dungeon e fez seu movimento. Encarando a fera de frente, sua adaga cortou o Verme da Dungeon da boca até a cauda em um movimento rápido.

Ele se partiu ao meio em uma explosão de sangue. O corpo de Chigusa congelou quando os pedaços do verme voaram por seus ombros esquerdo e direito.

“Me deixe cuidar disso.”

Asfi se voltou para os Cães Infernais, agora com as duas mãos embaixo de sua capa branca.

Ela tinha um cinto de couro em volta de sua cintura fina. Além da bainha de sua adaga, vários outros coldres pendiam no cinto. Ela puxou algo de um deles.

Eram dois pequenos frascos cheios de um líquido verde-musgo. Asfi os jogou em direção aos Cães Infernais.

“Gu ?!”

“… gh… ?!”

Ambos os frascos atingiram seu alvos e explodiram ao contato, cobrindo os monstros com o lodo verde. Era pegajoso e forte, prendendo a boca dos Cães Infernais antes que pudessem liberar seu ataque de fogo.

Os monstros imediatamente começaram a arranhar suas bocas, tentando tirar o líquido verde de seus rostos. Asfi usou a abertura para retirar dois dardos em forma de espiral de um coldre diferente e lançá-los.

Ambos os dardos perfuraram a cabeça do seus alvos. Os monstros morreram instantaneamente.

“Eu deveria ser mais do que suficiente para cobrir nossas costas.”

Mikoto e os outros ficaram mais uma vez incrédulos em como a portadora dos itens facilmente derrotou os monstros ao seu redor.

Asfi Al Andromeda.

Ela era uma aventureira de primeira classe pertencente a <Família Hermes>. O título que ela recebeu dos deuses foi “Perseus”.

Conhecida como uma das melhores fabricantes de itens desta geração, ela era uma das cinco pessoas em Orario que possuíam a Habilidade Avançada “Mistério”.

“… Hermes, seus filhos não têm uma média de Nível Dois?”

“Ha-ha-ha, agora que você mencionou, eu esqueci de reportar o aumento de nível dela para a Guilda!”

Hermes desviou seu olhar dos olhos questionadores de Hestia, sorrindo e respondendo como se não fosse grande coisa. Era óbvio para todos que a garota que acabou de derrubar três monstros de nível intermediário tão facilmente era muito mais forte do que um Nível 2. Hermes sabia que não havia sentido em negar.

Embora eles gostassem dos holofotes, os membros da <Família Hermes> preferiam trabalhar nos bastidores, despercebidos.

Era muito parecido com o modo de como o próprio Hermes conduzia seus negócios.

Hestia sabia disso desde os dias em que morava em Tenkai, mas ela manteve isso para si mesma.

“… está realmente escuro aqui em baixo.”

Após cuidar de todos os monstros, as palavras de Hestia ricochetearam nas paredes úmidas do décimo terceiro andar.

Os níveis superiores não foram um grande problema para ela, mas as luzes distantes bem acima no teto não forneciam luz suficiente para ela ver claramente. As crianças realmente vêm aqui o tempo todo?  ela pensou.

Como os cinco sentidos básicos também se tornam mais fortes com seu Status, essa pequena quantidade de luz era tudo o que os aventureiros precisavam. Mas para Hestia, despojada de seu poder divino, esses túneis da Dungeon estavam totalmente escuros, porque seus olhos eram menos sensíveis do que os aventureiros mais fracos. Isso a manteve no limite. Foi preciso toda a coragem que ela tinha para colocar um pé na frente do outro.

A escuridão estava começando a dominá-la. Divindades não eram imunes a seus efeitos. Sua respiração estava ficando cada vez mais superficial quando ela moveu a lâmpada freneticamente entre suas mãos esquerda e direita, como se estivesse procurando uma saída.

Primeiro, a luz atingiu as paredes de pedra cinza. Então iluminou formas de relevo — rochas de tamanho decente que poderiam ser quebradas para fazer armas — antes de brilhar em um pedaço de espada quebrada. Hum? Ela focou a luz nessa direção apenas para encontrar a carcaça sangrenta de um Cão Infernal olhando de volta para dela. “Eeeek!” Ela gritou quando pulou para trás, assustada.

“Calma, calma” disse Hermes enquanto a segurava pelos ombros.

O corpo esparramado no chão estava definitivamente morto. No entanto, com sua pedra mágica ainda intacta, o corpo da besta foi deixada no chão para apodrecer. O cheiro indicava que estava morto há quase um dia. Hestia respirou fundo e tentou o seu melhor para acalmar seu coração acelerado. Ela olhou por cima do ombro e viu Hermes forçando um sorriso na penumbra.

Ela estava com um pouco de inveja dele; ele estava acostumado a essas longas viagens e provavelmente poderia ver o que estava acontecendo. Ela inchou as bochechas em frustração antes de olhar para seus pés e recuperar o equilíbrio.

Uma espada quebrada e o cadáver sangrento do monstro. Isso significava que um confronto entre pelo menos um aventureiro e o monstro aconteceu nesse local não faz muito tempo. No mínimo, eles sabiam que o aventureiro não teve tempo de remover a pedra mágica após a batalha.

Quanto mais Hestia olhava a cena, mais fácil era imaginar Bell bem no meio de tudo isso. Uma nova onda de ansiedade tomou conta dela.

“… Andromeda, onde devemos procurar? Nós poderíamos passar dias andando em círculos aqui em baixo e nunca encontrar o grupo de batalha de Bell”, perguntou Ouka em um voz baixa enquanto Hestia tentava limpar a garganta.

Ele era um homem bastante intimidador, com mais de um metro e noventa de altura, e com ombros largos e musculosos. Ele olhou para Asfi por um momento antes de retornar o seu olhar para o fim do túnel.

“O grupo deles estava equipado para passar apenas um dia na Dungeon. Encontrar um local relativamente seguro e ficar lá indefinidamente não é uma opção para eles… acredito que algo mais aconteceu com eles — algo que tornou impossível recuar.”

“‘Algo mais?”

“Sim. Caso contrário, suas ações não fariam sentido. Com suprimentos o suficiente para durar apenas um dia, eles seriam sobrecarregados em pouco tempo aqui em baixo. Talvez eles tenham caído em um dos buracos?”

Os olhos de Mikoto e Chigusa se arregalaram enquanto Asfi ajustava seus óculos.

“Se eles caíram longe demais para voltarem com suas próprias forças, que escolhas eles tem? Duvido muito que eles ainda estejam vagando na escuridão, a mercê de qualquer monstro que os encontre. Considerando a condição de um grupo com suprimentos limitados… eu diria que eles já foram destruídos.”

Ela ficou em silêncio depois de chegar a sua conclusão.

“Talvez eles tenham abandonado a esperança de voltar a superfície e, em vez disso, seguido em frente até o ponto seguro no décimo oitavo andar… acredito que essa escolha tem algum mérito.”

“… Eles tentariam isso? Isso precisa de muita coragem.”

Aqueles que experimentaram os terrores da Dungeon em primeira mão sabem quão perigoso era pôr os pés em um nível mais baixo, sem ter ideia do que os espera. Se o grupo de Bell caísse em um dos buracos, eles teriam sido forçados a essa situação.

Ouka não podia acreditar em seus ouvidos quando Asfi ofereceu essa outra possibilidade.

“Na posição deles, eu iria.”

Uma voz tão delicada quanto o toque de um sino soou.

A aventureira encapuzada tinha ficado em silêncio até agora.

Ouka e os outros aventureiros se viraram para ela com surpresa. Ela estava bem à frente deles, mas de alguma forma ainda conseguia ouvi-los.

“Conhecendo eles — conhecendo ele, alguém que já superou uma aventura, acho que ele iria em frente sem olhar para trás.”

Sua voz suave e refinada mais uma vez encheu o túnel. No entanto, a aventureira encapuzada não disse outra palavra.

Asfi olhou para o rosto meio oculto da misteriosa aventureira por um momento antes de se voltar para o seu deus. “Lorde Hermes, qual a sua opinião?” ela perguntou.

“Eu concordo com o seu raciocínio, Asfi.”

“Hum, eu também… tenho a sensação de que… Bell está abaixo de nós…”

Ao lado de Hermes, Hestia juntou as mãos e pensou enquanto falava.

Mesmo que ela tivesse uma conexão direta com Bell através de sua Bênção, isso não significava que ela poderia dizer exatamente onde ele estava a qualquer momento. No entanto, o vínculo que eles compartilhavam era mais forte do que qualquer relacionamento humano, e ela podia sentir a fonte de seu vínculo vindo por debaixo dela.

Ela assentiu lentamente enquanto suas maria chiquinhas balançavam em direções diferentes, como se estivessem procurando por ele. Não demorou muito para os dois apontarem diretamente para baixo.

“São quatro a favor… Isso resolve. Vamos definir um curso para o décimo oitavo andar.”

Asfi tomou a decisão para o grupo todo. Mikoto, Ouka e Chigusa não tiveram a oportunidade de falar. Formando uma linha, eles começaram a andar à procura do caminho para os níveis mais baixos.

A ordem de sua formação não mudou. A aventureira encapuzada ficou na frente enquanto Asfi ficou nas costas, protegendo Hestia e Hermes. A linha de frente deles era forte o suficiente para abrir caminho através dos monstros e levar todos os demais adiante, sem muita necessidade de qualquer outro aventureiro sacar suas armas.

Armados com lanças e escudos fornecidos por sua suporte, Chigusa, Ouka e Mikoto foram capazes de proteger um ao outro de ataques surpresas ocasionais. Com a adição do alcance de Asfi, sua formação não tinha furos.

“E pensar que um grupo novo nos níveis intermediários escolheria ir para o décimo oitavo andar…”

“Sim, parece que eles são capazes de tomar decisões racionais sob pressão.”

A conversa de Mikoto e Asfi ecoou no último pedaço do túnel antes do grupo emergir em uma sala muito mais ampla.

Eles já haviam visto muitos locais semelhantes antes: uma grande sala em forma de cúpula com paredes de pedra. No entanto, esta tinha um buraco de forma bizarra no chão com escadas que levavam para dentro.

É conectado com o nível abaixo.

“O modo usual é muito bom, mas não seria mais rápido se nós passássemos pelos buracos também?”

“Não, Lady Hestia. Os buracos nesses túneis abrem e fecham sozinhos, fazendo um novo caminho a cada vez. Não há como prever onde nós acabaríamos se entrássemos em um. Seríamos incapazes de determinar nossa localização… e então nós também precisaríamos de uma equipe de busca para nos achar.

“E não podemos ignorar a possibilidade de que Bell e seu grupo ainda possam estar tentando subir. Nós podemos acidentalmente passar por eles. O caminho normal é a nossa melhor opção.”

Se eles estivessem tentando retornar a superfície… eles teriam que usar as escadas. Se eles ficassem nesse caminho e o grupo de Bell estivesse subindo, eles poderiam se encontrar no meio do caminho. O raciocínio da <Família Hermes> para permanecer no caminho principal era impecável.

Hestia assentiu, entendendo o que queriam dizer. A aventureira encapuzada caminhou até o buraco.

Hestia e os outros fizeram seu caminho para o próximo nível, seguindo a capa esvoaçante da aventureira enquanto ela descia primeiro.

Eles estavam perto da ruptura, assim como a corda de um arco que é puxada muito para trás.

A tensão aumentou.

“A bolsa de mau cheiro acabou…” disse Lili com um tremor nervoso em sua voz.

Para Welf, essas palavras não apenas estalaram a corda do seu cérebro. Ela rompeu.

Eles estavam no fim do túnel, no décimo sexto andar. Welf e o outros estavam avançando na esperança de encontrar outro buraco que os levasse a um piso inferior. Eles pararam no meio do caminho. Eles não tinham muita escolha.

O ar estava pesado e quente. A pressão era imensurável.

O cheiro que os mantinha a salvo do ataque dos monstros desapareceu. Uma aura sanguinária tomou seu lugar.

Os três estavam vulneráveis. Welf nunca experimentou esse tipo de intensidade. Seus ouvidos estavam tão focados em cada pequeno som, que algo tão simples como um passo à frente deixava sua visão turva. Ele estava muito além do seu limite. Ele teve que cerrar os dentes para não desmaiar sob a tensão.

O corpo de Bell, a única coisa que o mantinha de pé, também estava extremamente quente. Snap! Seu coração pulou novamente quando Lili puxou a bolsa do seu pescoço e a jogou no chão.

Todos os olhos estavam focados no fundo do túnel.

Eles sabiam que algo se escondia na escuridão. Cada batimento cardíaco enviava um arrepio para suas espinhas, suas palmas estavam úmidas de suor. Seja lá o que estivesse escondido na escuridão, tinha uma aura tão forte que sua própria presença era uma tortura.

Isso não está acontecendo! Sério, que diabos! Me dá uma folga —

A mente de Welf alcançou seu ponto de ruptura.

Não sei, eu não sei! Quem diabos sobrevive por tempo suficiente para ser tão azarado?! Seus pensamentos estavam presos em um loop. Ele queria perguntar para alguém, qualquer um, se era possível que monstros matassem alguém sem tocá-los.

Finalmente — Thud! Thud!

O chão tremeu quando novos sons emergiram da escuridão.

O carrasco estava caminhando em direção a eles. E eles eram os prisioneiros condenados à morte neste pesadelo.

Isso. Isso. Isso é…

Uma sirene de alarme estava disparando na cabeça de Welf. Ele agarrou o punho de sua espada larga como se fosse sua última linha de defesa. Seu aperto era tão forte que os nós do seus dedos ficaram instantaneamente brancos.

Ele apertou os olhos, forçando os músculos do rosto a ficarem tensos enquanto ele tentava ver na escuridão. Finalmente, os pontos brilhantes no teto que queimavam como tochas, revelaram um corpo vermelho.

Sua respiração, curta e violenta, era acentuada a cada passo de seu poderoso casco. As luzes acima projetavam sombras em seus grandes músculos.

O monstro que apareceu diante de Welf tinha chifres magníficos na cabeça.

” — ”

A cabeça de um touro no corpo de um homem.

Com dois metros de altura e com um corpo que parecia ter sido feito com pedras.

Segurava um machado de pedra em frente ao rosto com as duas mãos. Seus olhos estavam olhando para ambos os lados da lâmina, para suas presas.

Welf ficou tão impressionado com seu primeiro encontro com um Minotauro que ele esqueceu de respirar.

“UWWOOOOOOOOHHHHHHHHHHHHHHHHHHH !!”

Não havia como se defender.

Sua vontade estava quebrando. O primeiro a ir foi sua vontade de lutar, depois sua capacidade para enfrentar o inimigo, e então seus instintos.

Um uivo devastador.

Foi intimidador o suficiente para prender a mente e o corpo de qualquer coisa viva com medo. Ouvindo o uivo do Minotauro de Nível 2, um Nível 1 como Welf estava completamente indefeso contra seu medo paralisante. Ele congelou no lugar, sua mão ainda estava no punho da espada.

Vendo sua oportunidade, o Minotauro bateu no chão com seu poderoso casco e pulou em sua direção, seu maciço machado de batalha acima da cabeça.

Welf podia ver seu próprio terror refletido nos olhos da besta.

— Morte.

Welf aceitou seu destino; esse monstro seria seu carrasco.

Um segundo depois — Slip!

“?!”

Tudo o que Welf podia ver estava subitamente de lado.

O ombro que o mantinha de pé se foi.

Lili correu rapidamente para pegá-lo quando ele perdeu o equilíbrio. Plantando seu joelho bom firmemente no chão, Welf levantou a cabeça.

Havia alguém correndo em direção a fera.

“OOWWWWOOOOOOOOO !!”

O garoto de cabelos brancos atravessou o uivo do Minotauro de frente.

Correndo em frente como um relâmpago. Rápido como um coelho.

Os olhos de Welf se arregalaram, mas antes que sua garganta pudesse emitir um som—

Houve um grande flash diante dele.

“WOOH ?!”

O ataque atingiu seu alvo. O machado do monstro caiu no chão com um grande baque.

O garoto em pé em frente ao Minotauro cambaleante e sangrando, com uma faca preta na mão direita e uma Adaga vermelha na esquerda — não tinha acabado.

Ele disparou para a frente, as lâminas brilhando na luz.

” — AAaaaaa ?!”

Um número incontável de linhas cruzava o corpo inteiro do Minotauro.

Violeta, depois vermelho, e depois violeta novamente. Cada cor brilhou quando o menino de cabelos brancos desencadeou sua fúria. Ele estava segurando as duas lâminas por trás enquanto rasgava a criatura.

Lili e Welf sabiam de uma coisa enquanto assistiam a carnificina se desenrolar em frente aos seus olhos:

Bell estourou.

Ele atacou um inimigo poderoso sem qualquer hesitação. Mais rápido do que qualquer coisa que eles já o viram fazer — rápido demais. Welf e Lili não conseguiram acompanhar a tempestade de lâminas que ele estava desencadeando. Não dando ao Minotauro uma chance de contra-atacar, Bell continuou acumulando o dano com golpes diretos em seu corpo.

Uma barragem contínua de golpes que nem os olhos podiam capturar.

Velocidade extrema juntamente com movimentos rápidos: “Investida do Coelho”.

Um flash final quando Bell cortou o intestino do Minotauro pela última vez. Seu corpo desmoronou quando deu um passo para trás, o animal soltou um suave “Ooooooo” enquanto ele atingia o chão.

Estava silencioso e parado.

“…!”

Welf e Lili olhavam com olhos impressionados enquanto Bell pegava o machado de batalha do Minotauro e entrava em uma posição defensiva. Eles seguiram seu olhar de volta para a escuridão do túnel, apenas para ver mais três Minotauros surgirem.

Seus uivos se combinaram em um coro de terror que deixou todos sem palavras. Mesmo Bell não tinha esperança de enfrentar três deles ao mesmo tempo.

Mas ele não fugiu. De repente — ping, ping.

O túnel se encheu com um som suave de badaladas de sinos, enquanto pequenos pontos brilhantes de luz branca cercaram as mãos de Bell.

— Isso é…

Welf já tinha visto aqueles brilhos antes. Essas lembranças de repente inundaram sua cabeça, ao mesmo tempo que todos os Minotauros avançaram de uma vez.

O ataque levou dez segundos para acumular energia suficiente. Bell se preparou para balançar o machado assim que o ataque estivesse pronto.

A contagem regressiva atingiu zero. Os Minotauros que estavam avançando sobre ele com seus chifres levaram um golpe direto.

” —!!”

O túnel foi inundado por uma luz brilhante.

Foi absolutamente ofuscante. A luz parecia explodir do machado quando parou o avanço dos monstros, antes de vaporizá-los com um barulho estrondoso. A explosão levou pedaços do túnel com ela.

O resultado foi muito semelhante de quando Bell usou a mesma técnica para derrotar um Dragão Bebê não faz muito tempo. Rachaduras cobriram as paredes queimadas como uma teia de aranha rasgando o túnel. O caminho na frente deles estava repleto com pedaços de rocha fumegantes.

No momento em que a fumaça e a neblina desapareceram…

O que restava do machado de batalha caiu no chão em pedaços.

Seus inimigos se foram.

“…”

Welf e Lili não se mexeram, apenas ficaram em silêncio, incapazes de falar.

Bell estava de costas para eles, ombros subindo e descendo a cada respiração superficial.

Ele derrotou quatro Minotauros.

É uma conquista que está além do seu nível ou habilidade, e colocou sua técnica e estratégia em destaque.

Foi quando Welf entendeu que todos aqueles rumores sobre o garoto que derrotou um Minotauro não eram apenas fofoca.

— Matador de Minotauros.

Welf puxou o ar deixado em sua garganta, com os olhos fixos nas costas do garoto.

“Acho que já é hora de você me dizer o que está planejando, Hermes”, disse Hestia em uma voz baixa, mas aguda.

A equipe de busca avançou na penumbra. Hestia ficou ao lado de Hermes enquanto apontava a lâmpada em sua mão para todos os lados. Primeiro em direção a Ouka e Mikoto, depois para Chigusa, iluminando os seus rostos.

Então ela colocou a luz sob o queixo de Hermes, lançando sombras escuras no rosto dele.

“O que você quer dizer?”

“A verdadeira razão pela qual você quer ajudar Bell.”

A formação atual do grupo de busca foi projetada para proteger as divindades no meio. A aventureira encapuzada liderou o caminho com Ouka e Mikoto em ambos os lados de Hestia e Hermes; Chigusa estava por trás deles, com Asfi no fim da fila.

Certificando-se de que todos estavam longe o suficiente para não ouvirem nada, Hestia chegou perto do lado de Hermes.

“Ei, ei, eu já não contei? Quando um amigo meu está com problemas, é natural que eu os ajude!”

“Chega de fingir. Já chegamos até aqui, qual é o sentido de continuar mentindo? Eu quero a verdade, Hermes.”

Hestia pressionou duramente por respostas. Até o azul em seus olhos se tornou mais sério do que o habitual.

Vendo a forte determinação em seus olhos, Hermes decidiu que não fazia sentido resistir e deu um sorriso fraco. “Tudo bem então, Hestia.”

Seus olhos já estreitos se apertaram ainda mais. Os cantos de sua boca se curvaram quando ele começou a falar.

“O motivo pelo qual interrompi minha viagem dessa vez foi para fazer um favor a alguém.”

“Um favor…?”

“Sim. Esse certo alguém queria que eu verificasse Bell.”

Esse favor foi o motivo pelo qual Takemikazuchi havia suspeitado tanto de Hermes em primeiro lugar.

Tomando cuidado para manter a voz baixa, Hestia se intrometeu ainda mais.

“E quem é esse alguém misterioso?”

“O homem que criou Bell. Suas palavras, não minhas.”

Era alguém que ela já ouviu falar várias vezes — essa pessoa sem rosto que aparecia frequentemente em suas conversas com Bell. Seu avô.

Mas, de acordo com Bell, seu avô já tinha…

“… o avô de Bell faleceu, não foi?”

Hermes se inclinou para que ele pudesse falar baixinho no ouvido de Hestia. “Algo inevitável surgiu, algo que ele teve que manter em segredo do seu precioso netinho. Então, ele fingiu sua própria morte e está se escondendo desde então.”

Ela já sabia bastante sobre essa pessoa por Bell, fazendo com que seu rosto se contorcesse quando as emoções começaram a borbulhar dentro dela.

“Então, de qualquer maneira, ele tem evitado chamar atenção depois de deixar Bell… Veja bem, o título de Bell e o fato de ele ser o novo recordista foi anunciado no último Denatus, certo? Por acaso ele estava bebendo chá no momento em que ouviu essas informações.”

Hermes parecia estar se divertindo enquanto continuava sua história.

“Como seria de esperar, sendo uma figura paterna, ele queria saber o que o seu menino estava aprontando. Mas ele não podia ir. Só aconteceu de eu estar lá e me disponibilizar. Eu entro e saio de Orario o tempo todo, então é perfeito. Não é simples?” disse Hermes, estendendo o dedo no ar.

Um grupo de monstros apareceu de repente em frente ao seu grupo, e a aventureira encapuzada se moveu para lutar. Os outros aventureiros rapidamente ficaram de prontidão para se proteger de ataques furtivos, enquanto um massacre ocorria na frente deles.

A equipe de busca parou. Hestia estava quieta até esse ponto. Ignorando os sons do combate, ela perguntou a Hermes com uma voz suave:

“Então, quem é o deus que está usando você como seu garoto de recados? Não tem como —”

“Oh, por acaso eu disse que essa pessoa era um deus? Isso foi apenas entre eu e você, e ficaria grato se você mantivesse assim.”

Hermes forçou um sorriso não muito natural.

Embora Hestia não estivesse animada com o fato de Hermes ter se esquivado de sua pergunta, ela não sentia nenhuma falsidade em sua voz. Ela chegou à mesma conclusão que uma certa deusa da beleza — que ele não tinha intenção de prejudicar Bell.

E se a história de seu favor fosse verdadeira, ele estaria em uma situação difícil se Bell não saísse disso vivo.

“… Eu entendo sua situação. No entanto, isso não me diz por que você está aqui em baixo. Não há necessidade de você ir tão longe para verificar ele. Você teria um número ilimitado de chances na superfície, não teria? Não tenho ideia do porquê você está na Dungeon, Hermes.”

Talvez fosse porque Hermes não estivesse intimidado por Hestia, ou talvez porque ele quisesse ver a reação dela, mas ele disse a verdade. No entanto, há uma diferença entre dizer a verdade e revelar quão profundo a verdade é.

Até onde você está disposto a ir? ela pensou consigo mesma enquanto olhava nos olhos artificialmente perfeitos de Hermes.

“É verdade que me pediram, mas eu também estou interessado no Bell.”

Hermes sorriu.

Mas não era o seu sorriso encantador de sempre. Era uma expressão mais suave, uma que a divindade normalmente não mostrava.

“Quero ver com meus próprios olhos do que ele é capaz, Hestia.”

As pupilas alaranjadas do deus pareciam brilhar na escuridão quando ele novamente se inclinou para falar com Hestia.

Então ele sussurrou em seu ouvido.

“Eu preciso saber se ele possui o que esta Era exige dele.”

Outra rodada de explosões ferozes.

Um grupo de Cães Infernais cai no chão em uma chuva de faíscas e faixas de fumaça. Eu não sei quantas vezes eu já vi até agora — a Magia anti-magia de Welf. Ele ainda tem a mão estendida, meio que flutuando no ar em nossa frente.

Sua respiração cansada e exausta está bem perto do meu ouvido.

” — ”

“?! Welf!”

Plop. Seu pescoço fica mole, a cabeça bate no meu ombro. O corpo dele despenca em um instante. Todo o seu peso repentinamente cai no meu ombro. Dobrando meus joelhos, eu o seguro firmemente e evito que ele caia.

Seu rosto cai na frente do meu enquanto luto para recuperar o equilíbrio. Os olhos de Welf estão fechados, seu rosto absolutamente encharcado de suor.

Esgotamento Mental …!

Nós ficamos muito dependentes dele. É necessário poder mental para se usar Magia. Welf usou tanto que seu corpo não aguenta mais a tensão mental. Lágrimas brotam nos meus olhos quando olho para seu corpo pendurado por cima do meu ombro.

Todas as poções mágicas e poções duplas que tínhamos acabaram há muito tempo.

Não podemos ajudar Welf.

“… ah.”

Eu ouço uma respiração longa e fraca atrás de mim logo antes do som de algo caindo.

Viro minha cabeça bem a tempo de ver os olhos de Lili se fecharem, enquanto ela cai de cabeça no caminho de cascalho.

“Lili…”

Dou um passo na direção dela. Assim como Welf, ela está inconsciente.

A combinação de ansiedade e fadiga — um novo tipo de estresse que nós nunca experimentamos nos níveis superiores — deve tê-la desgastado.

Ela está sempre passando seus itens de cura para nós, nunca pegando nenhum para si mesma. O Status dela é o mais baixo de todos em nosso grupo. Ela provavelmente ficou sem força há muito tempo e tem forçado seu corpo a avançar até agora.

“…!”

O único som que resta no túnel é o da minha própria respiração. De repente tudo parece mais sombrio e aterrorizante do que antes.

Mas é apenas minha imaginação. A Dungeon não mudou nada.

Isso é apenas, com certeza… algum tipo de simbolismo, vendo meu medo criar vida.

Não resta mais ninguém para me ajudar. Eu tenho que enfrentar os terrores da Dungeon sozinho. Toda essa escuridão e desespero que me rodeiam estão na minha cabeça.

Eu posso ouvir meu coração batendo no peito. De repente, o ar fica frio. Meus olhos se abrem, examinando o túnel.

“… !!”

Eu aperto minha mandíbula com tanta força que meus dentes parecem que vão quebrar.

Agarro a mão estendida de Lili e puxo Welf para mais perto.

Eu tenho que superar esse medo. Eu tenho que enfrentá-lo de frente antes que ele esmague a pouca coragem que me resta.

Eu não tenho tempo suficiente para ter medo. Siga em frente. Fique de pé.

Todos nós vamos sair daqui disso vivos…!

“Me perdoe…!”

A espada de Welf, a mochila da Lili — eles vão me atrasar.

Jogo fora tudo que é pesado, ficando com apenas os equipamentos mais básicos, e pego os dois. Eu coloco Welf sobre meu ombro direito e seguro o corpo pequeno de Lili debaixo do meu braço esquerdo.

Deixando para trás a maioria dos equipamentos de nosso grupo, eu sigo em frente novamente.

“Gah, uwaa…!”

Os braços de Welf oscilam na minha frente, balançando para frente e para trás como um pêndulo.

Isso sem dizer que pessoas inconscientes são pesadas. Mas eu posso carregá-los, continue andando. Isso é tudo graças ao meu Status, mas posso me mover com o peso de duas pessoas em meus braços.

Inspire e expire, levante um pé, use o chão como alavanca.

Eu posso ouvir as botas de metal de Welf, a armadura em suas pernas, elas estralam juntas a cada passo que dou.

Eu tenho que encontrar um buraco antes que mais monstros apareçam…!

Se os monstros atacarem agora, acabou.

Não seria uma luta, seríamos exterminados antes que eu pudesse me mover. Eu não posso protegê-los, e escapar seria quase impossível.

Um tsunami de suor frio percorre meu corpo enquanto meus músculos gritam de dor. Não consigo pensar nisso agora. Eu preciso focar toda a minha força em continuar em frente.

“!”

Há um.

Outro túnel corta este, fazendo um cruzamento de quatro direções. O caminho da direita termina em cerca de dez metros. Mas eu posso perceber uma abertura na penumbra, bem na parte de trás.

Dando uma rápida olhada ao redor para garantir que nenhum monstro esteja esperando para nos emboscar, eu corro rapidamente para o buraco.

Eu me aproximo da borda do buraco e olho para baixo. Então eu respiro profundamente e pulo.

” — Uff ?!”

O ar assovia pelos meus ouvidos antes de um forte impacto.

Eu erro a aterrissagem. Meus pés batem em um ângulo ruim e eu solto Lili e Welf. Ambos rolam para frente, seus corpos inconscientes se esparramado no chão frio.

Uma dor latejante inunda meu corpo. Eu forço meus ombros para cima e rastejo até eles. Os pedaços frios de cascalho que estavam presos no meu rosto caem enquanto eu me movo. Eu posso ouvi-los batendo no chão ao meu redor.

Finalmente chegando ao lado dos meus amigos, eu agarro seus corpos e fico de pé na escuridão. Depois dou meu primeiro passo no décimo sétimo andar.

Meu corpo… está muito pesado…

Meus braços e pernas parecem feitos de chumbo.

Há algo realmente estranho acontecendo. Eu estava no limite do meu físico há muito tempo, mas isso está muito além do que já senti antes.

Só consigo pensar em um motivo para isso.

“Desejo heroico, Argonauta.”

É essa habilidade que me deu forças para acabar com aqueles Minotauros. Eu senti que algo havia sido tirado de mim assim que lancei aquele ataque. Como se toda a minha força física e mental tivessem sido totalmente sugadas.

Claro, um ataque tão poderoso não aconteceria sem algum tipo de preço. Fazendo o possível para ignorar os efeitos colaterais do <Argonauta>, meu cérebro desesperadamente insiste para que meu corpo siga em frente.

“Hanh, hahh…”

Há quanto tempo estou aqui? Perdi a noção já faz muito tempo. Um dia inteiro? Pode ser mais que isso, pelo que sei. Eu nunca quis tanto ver o Sol em minha vida.

Tenho certeza de que o décimo sétimo andar é um pouco mais escuro que os pisos superiores. Ainda não vi nenhum monstro, então me concentro na minha respiração.

Vamos lá joelhos, dobrem!

Eles estão gritando de dor.

Meus ouvidos estão zunindo, praticamente implorando para serem liberados dessa jornada cansativa.

Estou preso, sozinho na escuridão, procurando uma saída que não consigo ver. E mesmo que eu encontre, há uma luz no fim deste túnel? Ainda existe alguma esperança?

Parte de mim quer desistir, desistir de tudo agora.

É tão sedutor. Apenas desista e abrace o fim.

“Me dá… um tempo…!!”

Eu ajusto em acomodar meus amigos. Mesmo que as palavras tenham saído da minha boca, parece que foi Welf que as disse.

Eu sou o único que resta. Se eu desistir agora, eles também morrem. Minha amizade com eles é a única coisa que me fez descer aqui, na beira do inferno.

Lentamente, faço o meu caminho através do ar estagnado. Todo som, todo eco, parece convocar o espírito da própria Morte. Eu posso sentir ela alcançando a parte de trás do meu pescoço, seus dedos roçando em mim muitas vezes.

Percebo algo enquanto estou sendo empurrado até aqui:

Eu morrerei no momento em que esses dedos me alcançarem.

Assim como tantos aventureiros antes de mim que nunca chegaram em casa depois de entrarem na Dungeon.

Os túneis estão… convergindo…

As paredes de pedra parecem se abrir na minha frente, suficientemente largas para grandes grupos de aventureiros passarem facilmente. O túnel maciço não curvava ou bifurcava, era como andar dentro de uma cobra gigante. O teto é extremamente alto; pequenos pontos de luz não maiores que chamas de velas são as únicas coisas que eu posso ver.

Eu decido ir para o túnel largo. Ele deve me levar a parte mais profunda do décimo sétimo andar.

Lili me disse quando decidimos ir para o décimo oitavo andar para procurar os túneis mais largos, e eu vou fazer exatamente isso.

A Dungeon está quieta.

… Por quê?

O décimo sétimo andar está muito quieto.

Eu não tenho resposta. Todo pequeno som parece ecoar para sempre. Os pedaços de rochas que são chutados para fora do caminho rolam na escuridão, os sons de suas quedas desaparecem silenciosamente.

Não há monstros aqui.

Eu podia senti-los ao meu redor antes, mas este lugar parece vazio. É completamente não natural, ir tão longe na Dungeon sem um único encontro.

É como se eles estivessem esperando por algo — não, eles tem medo de algo que está prestes a nascer.

Os monstros estão se escondendo, ficando o mais silenciosamente possível.

Um calafrio percorreu minha espinha.

Eu tenho um mau pressentimento sobre isso.

Mas não posso parar agora.

O raciocínio consegue dominar meus instintos e conduzir meus pés mais rapidamente em direção ao fim do túnel. O silêncio é minha janela de segurança. Eu ainda posso fazer isso.

Entro em uma área de túnel aberta, que parece ter sido projetada para um monstro absolutamente gigantesco. Corro em direção ao outro lado, quase perdendo o equilíbrio algumas vezes quando tento olhar em volta.

Então:

“…!”

Eu consegui atravessar.

E em uma sala muito ampla e muito alta.

A forma desta sala é completamente diferente de todos os outros designs aleatórios e casuais que vi até agora nos níveis intermediários.

A entrada grande e circular leva a uma sala retangular que deve ter ao menos duzentos metros de comprimento. Este lugar é ainda maior que a Despensa da Dungeon. Acho que tem cerca de cem metros de largura, e o teto tem uns bons vinte metros.

As paredes e o teto são feitas de muitas rochas de tamanhos diferentes, empilhadas uma em cima da outra — com exceção daquela a minha esquerda.

Completamente lisa, parece que algo ou alguém a construiu com suas próprias mãos. Não acredito nos meus olhos. Quem quer que este grande artesão seja, a parede plana corria de um canto da sala até os fundos. Isso é esmagador.

Há um tipo estranho de beleza, mas não parece natural. Isto não pertence aqui.

“O Grande Muro das Lamentações…!”

Este lugar — inunda você com uma sensação de perplexidade antes de, de repente, desaparecer.

Isso deixou tantos aventureiros com um sentimento de desespero, que aqueles que voltaram vivos do décimo sétimo andar deram esse nome a parede.

 

É uma parede na Dungeon que só carrega um certo tipo de monstro — a parede do Rei.

Eu engulo o ar preso na minha garganta e desvio meu olhar da parede. Eu tenho que passar por aqui.

Não há monstros aqui. A parede está se agigantando sobre meu lado esquerdo enquanto eu entro mais fundo na sala, lutando para recuperar o controle dos batimentos do meu coração. Dou outra olhada em Welf e Lili, os seguro mais firmemente. Seus olhos estão fechados, corpos moles e desamparados.

Ainda podemos fazer isso.

Ainda podemos passar por aqui sem problemas.

Eu posso ver a saída, a entrada de uma pequena caverna no final da sala. Se eu pudesse chegar lá —

Dou risada de mim mesmo ao traçar um curso para a saída.

Crack!

” — ”

Eu ouvi.

Aquele som.

Minha cabeça vira para a esquerda.

Lá está, bem na minha frente. Meus olhos se arregalam.

Uma rachadura maciça percorre a parede de cima a baixo, como um enorme relâmpago.

“… !!”

Minha mente fica em branco, mas meus pés aceleram.

Segurando Welf e Lili ainda mais apertados, levanto minhas pernas pesadas o mais rápido que posso.

Eu ainda não estou nem na metade. A saída é muito, muito longe. Estou me movendo o mais rápido possível, mas não estou cobrindo nenhuma distância. O que está acontecendo?!

Crack! Crack! Ainda mais rachaduras se formam na parede da Dungeon, ecos ensurdecedores enchem a sala. Dor e medo tomam conta de mim enquanto cada um dos sons atinge meus ouvidos. A sala inteira está tremendo. Uma súbita avalanche de fragmentos da parede batem no chão da Dungeon.

Tudo isso está evoluindo a um ponto crítico. É quando eu sinto — o mais alto som de impacto.

Uma explosão ensurdecedora.

Eu não consigo respirar.

Há um momento de quietude, pedaços da parede quebrada caindo no solo, alguns ecos relativamente suaves. A parede atrás de mim foi completamente destruída.

Boom.

Algo enorme saiu do buraco, sacudindo a sala com seu primeiro passo.

“……”

Eu paro de me mover. Parece que cordas invisíveis se prenderam em mim.

Não, pare — não olhe!

Mas meu corpo não escuta a razão. Meu pescoço parece se torcer sozinho, pois guia meus olhos por cima do meu ombro esquerdo.

Antes que eu perceba, estou encarando a fera, meus ouvidos zumbindo de dor.

“……”

Eu posso vê-lo emergindo de uma grande nuvem de poeira.

É grande demais para ser real. Pescoço, ombros, braços, pernas, todos muito grossos. Parece quase humano. É difícil dizer na escuridão, mas sua pele parece marrom acinzentada.

Tem cabelos pretos saindo da parte de trás da cabeça, que é longo o suficiente para chegar ao meio de suas costas.

Há uma coisa que posso dizer com certeza absoluta: de todas as coisas vivas que eu já vi, essa criatura é de longe a maior.

— Essa coisa.

Meu corpo inteiro estremece.

Este não é o mesmo medo traumatizante que me dominou naquele dia contra o Minotauro.

Isso é terror. A reação humana ao perceber a existência de uma diferente escala de poder.

A disparidade entre sua existência e a minha.

— Este é um chefe do andar.

É um gigante com mais de sete metros de altura.

Rei dos Monstros — Golias.

 

 

“…”

” — Oooo.”

A poeira está se limpando mais e mais a cada segundo. Então um dos seus olhos vermelhos — do tamanho de uma cabeça humana — se movem.

Meu minúsculo corpo é refletido em seu enorme olho. Todo o seu corpo se vira na minha direção enquanto a sala treme sob seus pés.

Uma nova chama acende dentro de mim.

Meu corpo repentinamente livre da paralisia, começa a se mover novamente.

“OWOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO”

Eu corro.

Cada fibra do meu ser quer estar em qualquer lugar, menos aqui.

O rugido penetrante do Golias me persegue pela sala. O chão embaixo de mim estremece toda vez que a besta dá um passo. Meus ouvidos estão sobrecarregados pelos ecos explosivos que circulam por toda a área.

Apenas corra. Apenas corra. Apenas corra.

Eu posso sentir seus olhos assassinos se fixando em mim. Mais uma vez eu estou sendo perseguido pela própria Morte. O terror expulsa qualquer sentimento de fadiga ou exaustão. As únicas duas coisas em minha mente são continuar segurando meus amigos e chegar ao túnel de saída.

As paredes da sala passam rapidamente por mim enquanto eu corro loucamente para frente. A entrada para o décimo oitavo andar parece saltar diante dos meus olhos. Mas acima de tudo, infelizmente, os pés do gigante estão se aproximando.

Correr, correr, correr, correeeeeeeeeerrr!

Soltei um grito ao mesmo tempo em que o Golias preenche o espaço com outro uivo.

Uma grande rajada de vento vem de trás de mim. Eu sinto algo se levantando bem acima de mim, como duas mãos fazendo um punho gigante. Um ataque poderoso o suficiente para pulverizar tudo está chegando rapidamente.

Ainda mais rápido, ainda maior, um segundo mais rápido, mais um passo.

Coloquei toda a força que tenho em um chute no chão.

Um mergulho desesperado, uma tentativa de fuga.

Eu passo pela entrada do túnel.

“OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO !! ”

A força bruta do ataque.

No momento em que chego ao túnel relativamente seguro, uma onda de choque poderosa me ultrapassa por trás — o impacto da explosão.

“Gahhh ?!”

Sou lançado mais alto no ar.

O vento imensamente poderoso me joga como se eu não fosse nada mais do que uma pena em forma humana.

Então, de repente, por trás — BANG!

Meu corpo bate na parede do túnel, mas eu continuo a acelerar.

Outro impacto, e mais um enquanto desço pelo caminho estreito.

“Geh, uah, gahhh — ?!”

Teto, piso e parede passam, meu corpo quicando como uma bola.

Meus olhos girando, a dor aumentando com todos os impactos, eu perco minha pegada em Lili e Welf. Nós três caímos cada vez mais longe pelo túnel.

Minha mente está enevoada, ondas de dor irrompendo de mais lugares do que eu poderia contar.

Mais fundo e mais fundo no túnel, nossos corpos sangrentos e quebrados, até que finalmente —

“Uh — ?!”

Whoosh.

Nossos corpos são praticamente jogados para fora do que provavelmente é a saída do túnel.

Nós batemos no chão com força total e deslizamos até parar.

Estou de barriga para baixo e não tenho energia suficiente para mover um músculo. Acho que nem consigo levantar minha cabeça.

Tudo ao meu redor está tingido de vermelho.

Cada centímetro do meu corpo está gritando de dor. Eu devo estar muito mal. As feridas nas minhas bochechas estão abertas novamente, minha cabeça está coberta de sangue fresco.

Mas eu aterrisso em algo macio, talvez… grama?

Tudo ao meu redor é banhado por uma luz quente. O que está acontecendo? Eu não tenho ideia.

“…”

Fssshhh. Isso é o som de folhas farfalhando na brisa? Onde estão meus amigos?

Lili e Welf estão… aqui. Ambos ainda estão respirando. Nós três caímos juntos, lado a lado pelo caminho todo.

Sinto minha consciência escorregando, mas ainda não. Ainda não posso desistir!

Não até os dois, Lili e Welf… Tenho que ajudá-los. Curar eles, rápido.

Mexa-se! Mexa-se! Eu grito para meu corpo frio como pedra… Espere, alguém está chegando?

“…!”

Shf, shf. Esse é o som de passos na grama; eles estão perto.

Eles estão bem na minha frente, olhando para mim, suas sombras sobre mim.

Naquele momento — meu corpo entra em ação.

Gashi! Meu braço direito dispara para frente e agarra uma perna fina.

Eu posso sentir a bota tremer na minha pegada enquanto levanto levemente minha cabeça e tento falar.

“Por favor, salve meus amigos…!”

Implorando com minha própria alma.

Meus olhos se voltam para o meu salvador.

As formas desfocadas se juntam em uma única forma, com longos cabelos dourados.

Tudo fica escuro.

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