Capítulo 8
O mistério de Leslie.
Tradução: Tinky Winky
Naturalmente, Haruhiro voltou, acordou a todos e informou-os do que tinha visto.
Kejiman parecia exalar alegria de todo o seu corpo, e ele estava ridiculamente animado. “VVV-Você sabe o que é isso?! Você não sabe né?! Você só pode agir tão calmo porque você não sabe! Incrível! Falta-lhe bom senso básico?! Ou você é um idiota?! Aposto que você é um idiota, um grande idiota!”
“…Tenho certeza de que não fiz nada para merecer essa resposta.”
“A enorme carpa que aparece à noite! Música misteriosa! Essa é uma história famosa, sabia?! Todo mundo a conhece, a menos que você seja um idiota ou viva debaixo de uma pedra! Qual deles você é?!”
“Não sei…”
“Você não pode nem responder isso! Isso significa que você é um idiota! Bem, não que isso importe! Se você é um idiota ou vive debaixo de uma pedra, não faz diferença! Isso é um detalhe menor, então vamos lá!”
Quando Kejiman tentou fugir, Setora agarrou seu colarinho.
“Espere.”
“Deixe me ir!” gritou Kejiman. “Você está me enforcando! Machuca! vou sufocar! Eu vou sufocar até a morte!”
“Se você gosta, por que você não vai em frente e sufoca?”
“Nããão, obrigado! Ainda tenho coisas que preciso fazer! Não, não posso morrer até ver o acampamento de Leslie pessoalmente! Caso contrário, nunca poderia descansar em paz!
“Acampamento de Leslie?” Kuzaku inclinou a cabeça para o lado. “O que é isso?”
“IIII-Inacreditável! Você realmente não sabe?! Está me enganando! Não posso acreditar nisso! Você não pode deixar de conhecer o Acampamento de Leslie! Você deve literalmente viver debaixo de uma pedra!”
Ele estava dizendo isso, mas esta foi a primeira vez que Shihoru ou Setora ouviram falar disso, e foi o mesmo para Haruhiro.
E a Mary? Ele não podia perguntar. Embora ela não estivesse completamente desconfiada, a maneira como Mary reagiu foi um pouco estranha.
“Você… ouviu sobre isso…?” Shihoru perguntou em vez de Haruhiro.
Mary hesitou um momento antes de assentir. “Apenas o nome,” ela respondeu brevemente.
“Ohh”, disse Kuzaku com um aceno relaxado. “Mary-san, você pode discordar de nós às vezes, porque você teve uma carreira mais longa do que o resto de nós.”
É claro.
Isso era verdade.
Mary era algo como sua superior, não, não apenas como; ela definitivamente tinha sido um soldado voluntário por mais tempo do que o resto deles.
Acampamento de Leslie. Pelo que Kejiman disse, era algo muito importante. Não admira que Mary soubesse. Haruhiro e os outros eram simplesmente ignorantes.
Tinha que ser isso. Não havia nenhuma dúvida sobre isso.
“Eu não me importaria de ir ver, mas não é perigoso, certo?” Haruhiro perguntou cuidadosamente.
“E se for perigoso?!” exclamou Kejiman. “Preocupar-se com isso permite que você viva uma vida mais gratificante?! Você pode cantar em voz alta como esta vida é maravilhosa?! Você não acha que há coisas mais importantes lá fora?!”
Kejiman continuou gaguejando, explicando que o Acampamento de Leslie havia sido visto em lugares por toda Grimgar, geralmente à noite. Aparentemente, uma característica regular das histórias afirmava que ele aparecia de repente onde não havia nada durante o dia.
Como pode ser inferido pelo nome, uma pessoa chamada Leslie estava envolvida nisso.
Ainrand Leslie. Ele era o professor em Camp Leslie.
Alguns diziam que ele era humano; outros diziam que ele era um morto-vivo. Ele era um comerciante famoso em certos lugares por mais de cinquenta anos.
Dito isto, ele era mais do que apenas um comerciante. Ainrand Leslie adquiria objetos que ninguém jamais tinha visto, e às vezes os dava por um ótimo preço. Às vezes em ouro, às vezes em outras formas.
Um homem rico de Vele, ele deu sua linda esposa e filha a Ainrand Leslie sem arrependimentos, e recebeu um anel como nenhum outro neste mundo, com o poder de convocar tempestades.
No entanto, então o homem rico não tinha ideia de como chamar as tempestades. Então, quando ele pediu ajuda a Ainrand Leslie, esta foi a resposta:
“Deixe-me te mostrar. No entanto, o preço será sua nova esposa.”
O homem rico tinha uma jovem amante. Ele se ressentiu de sua esposa, que já estava no auge, e de sua filha, que era atrevida com ele. Para o homem rico, sua esposa e filha originais não tiveram que pagar um grande preço. Na verdade, ele conseguiu se livrar delas, ganhar o anel e se casar com sua nova esposa. Três pássaros com uma cajadada só.
Mas sua nova esposa…
“Como se eu fosse te dar minha esposa!” O homem rico estalou e deixou cair o anel no chão.
Quando isso aconteceu, uma tempestade surgiu, com nuvens escuras se formando enquanto as pessoas observavam, e Vele foi atingida por uma enorme tempestade de proporções nunca antes vistas.
Casas desabaram e muitos navios afundaram. Ainrand Leslie desapareceu e o homem rico morreu dentro de sua mansão em ruínas.
Havia inúmeras histórias desse tipo sobre Ainrand Leslie. Dito isto, ele não era uma pessoa de centenas de anos atrás, então era muito cedo para haver lendas sobre ele.
De acordo com Kejiman, não havia escassez de pessoas que afirmavam ter conhecido Ainrand Leslie. Havia muitas pessoas em Vele que traziam alguma raridade, um tesouro, uma história ou um pedaço de lixo, e tentavam vendê-lo, alegando que o receberam de Ainrand Leslie.
No entanto, na verdade não havia provas concretas, nenhuma prova inabalável de que Ainrand Leslie estava definitivamente em Vele. A história do rico foi vista como uma farsa, uma invenção, algo que os idiotas falavam em levar ao excesso.
Ainda assim, ninguém questionou que Ainrand Leslie existia.
Por exemplo, aqui estava outra história.
Uma garota fugiu de casa e vagou em uma floresta a dez quilômetros de Vele. A garota finalmente foi atraída por um som misterioso, e se deparou com uma grande tenda redonda, com criaturas parecidas com cavalos reunidas ao seu redor. Ela voltou com medo, vagando pela floresta até de manhã, e de alguma forma conseguiu chegar em casa.
A menina contou a todos ao seu redor sobre as coisas que ela tinha visto. Alguém sugeriu que poderia ser o acampamento de Leslie, e com os rumores dando origem a mais rumores, logo houve um alvoroço em Vele.
Durante um período de mais de dez dias, centenas de pessoas, não, milhares, ou talvez dezenas de milhares, dirigiram-se para a floresta em busca do acampamento de Leslie.
No final, o acampamento não foi encontrado, mas isso só aconteceu há cinco anos, então a maioria das pessoas em Vele se lembrava.
Os viajantes que vagavam por Grimgar, os aventureiros curiosos, os ex-soldados voluntários, os mercadores ardendo de ambição e indo a qualquer lugar com fins lucrativos, nenhum deles encontrou o acampamento de Leslie.
Se pudesse encontrar-se procurando, alguém já teria feito isso. Havia aqueles chamados Lesliemaniacos que trocavam obsessivamente informações sobre o acampamento uns com os outros, mas dizia-se que quanto mais você procurasse, mais longe estaria do acampamento de Leslie.
De qualquer forma, o acampamento de Leslie era obviamente o lugar para encontrar Ainrand Leslie. Ele era um dos poucos colecionadores em Grimgar.
Ele pode não ter um anel de convocação de tempestade, mas ele pode ter um ou dois tesouros famosos como um diamante vermelho, que dizem valer o suficiente para comprar um país inteiro, ou um busto de ouro maciço de Enad George, o rei fundador de Arabakia. , ou a coroa perdida da casa real de Nananka, ou o Colar de Nigelink, que a princesa Titiha do Ishmal perdido usara até o momento de sua morte, ou o Cetro do Amanhecer, ou a preciosa espada Ulgis.
Se alguém tentasse comprar algum desses famosos tesouros, Ainrand Leslie sem dúvida exigiria uma quantia exorbitante. No entanto, mesmo que eles não pudessem ter essas coisas, mesmo um vislumbre deles seria uma história que eles poderiam contar até o dia em que morressem.
Além disso, quase ninguém levava isso a sério, mas havia histórias de infância de que Ainrand Leslie poderia conceder um desejo a quem o conhecesse.
Além disso, de acordo com uma teoria, Ainrand Leslie não era humano nem morto-vivo, mas algo parecido com uma fada ou espírito, e poderia trazer grande riqueza para as pessoas com seus poderes misteriosos.
Na verdade, a razão pela qual ninguém afirmou conhecer seu rosto pode estar relacionada a isso. Aqueles que ficaram ricos com a ajuda de Ainrand Leslie levaram esse segredo para seus túmulos. Assim como o dinheiro, se todos tivessem boa sorte, seu valor diminuiria. Portanto, até que morressem, era melhor que escondessem o que sabiam de Ainrand Leslie. Esse foi o segredo para acabar com uma vida privilegiada ainda no topo.
Finalmente, o acampamento de Leslie existia? Se eles deveriam julgar com base apenas no que Kejiman disse, era um pouco duvidoso.
Não, muito duvidoso.
No entanto, Haruhiro tinha visto com seus próprios olhos.
Sendo esse o caso…
Honestamente, embora ele não estivesse entusiasmado com a ideia, ele levou seus companheiros e Kejiman até lá.
Eles logo chegaram.
Haruhiro esperava que, depois de seguir a rota que ele lembrava, eles ficassem desapontados ao descobrir que ela não estava mais lá. Não que ele quisesse ficar desapontado, mas se o Acampamento Leslie existia, ele não via nada além de problemas. Ele queria evitar isso… mas não funcionou.
Esta poderia ser uma descoberta importante, mas ele não estava nada feliz com isso.
“III-Isso é…!” Kejiman estava na beira da depressão, puxando o próprio cabelo. Ele estava puxando com tanta força que seus óculos caíram. “Ah! M-Meus óculos! Onde, onde, onde estão meus óculos?! Meus óculos…!”
“…Aqui.” Shihoru o pegou e devolveu.
Kejiman os colocou e correu para o fundo da depressão. “Ohhhhhhhhh! Eu! Estoou! Dentro! Do! Acampamento! De! Leslie!”
“Você está no acampamento de Leslie agora?” Kuzaku perguntou. “Espere-”
Kuzaku olhou para Haruhiro como se dissesse: Não temos que ir atrás dele?
Era questionável. Talvez eles não precisassem? Aparentemente, Haruhiro não foi o único que acreditou, porque Shihoru, Mary, Setora e Kiichi também não se moveram à beira da depressão.
Haruhiro e seu grupo foram contratados apenas como acompanhantes. Eles não eram a mãe ou o pai de Kejiman. Eles não tinham que concordar com isso.
“Se aquele homem não for mais útil, agora seria a hora de deixá-lo,” Setora disse calmamente.
Ela poderia dizer isso de novo. Ela tinha um ponto. Deixando de lado a parte sobre ele ser seu empregador, eles precisavam que ele os levasse de volta a Altana.
“Heyyyy…” Hesitante em gritar muito alto, Haruhiro gritou com um grito sem entusiasmo.
Kejiman não escutou, ou não quis escutar para começar, porque ele não parou. Ele nem se virou. Sério, o que estava acontecendo com ele?
Ele já estava chegando ao fundo da depressão.
Acho que não há outra escolha, hein? Mesmo se eu corresse o mais rápido que pudesse, não conseguiria alcançá-lo a tempo.
Haruhiro se preparou. Eles estariam esperando e esperando para ver o que acontecia. Se ficasse feio, eles teriam que deixar Kejiman e fugir.
Adeus Kejiman. Até nos encontrarmos novamente.
“Ahh…” Kuzaku gemeu, então cobriu a boca. Ele devia estar preocupado com Kejiman, que pelo menos tentava rastejar enquanto se aproximava de uma das portas da barraca.
Você é um moleque, pensou Haruhiro. Mas acho que esse é um dos seus pontos fortes. Faz de você um bom rapaz. No entanto, é essa parte de você que mais me preocupa. Embora eu saiba que pode não ser da minha conta.
Kejiman já estava a cerca de dez metros da entrada da tenda.
“Este som,” Shihoru sussurrou. “É um acordeão?”
“Isso é!” Haruhiro percebeu.
Uma imagem de um instrumento musical composto por um fole em forma de cobra e um teclado que podia ser pressionado veio à mente. Então ele perdeu a noção do que estava pensando, e apenas a palavra a-cor-de-on permaneceu como uma caixa vazia.
Isso de novo? Ele estava ficando com raiva agora.
Agora não é hora de ficar com raiva, eu acho …
Kejiman finalmente chegou à porta da tenda. Ele tinha certeza de que Kejiman seria cauteloso a partir daquele momento, mas Kejiman de repente abriu a cortina.
Nós realmente temos que correr? Por vários segundos, Haruhiro considerou seriamente.
“Ainrand…” alguém disse em voz baixa.
Não, não apenas alguém.
Haruhiro olhou reflexivamente para Mary, que estava ao lado dele. Os olhos de Mary estavam arregalados, como se algo a tivesse surpreendido.
Haruhiro não hesitou e, da maneira mais sutil que conseguiu, desviou os olhos. Ele não sabia se poderia agir como se não tivesse visto nada, mas ia tentar.
Kejiman enfiou a cabeça na loja. Não iria acontecer nada?
Eventualmente, ele começou a acenar com a mão. Vamos lá!, era o que ele aparentemente estava tentando dizer.
Kuzaku olhou para os outros. “…Vamos lá?”
Fim do capítulo…
