Cap. 102 – Flores Abandonadas Desabrochando (2)
— O quê? Você vai roubar a casa de leilões Kunst?
Violetta, que estava ouvindo Rudger, murmurou sem perceber e cobriu a boca com a mão. Havia muitos ouvintes e ela não teria cometido um erro tão pequeno normalmente, porém foi chocante demais.
— Tem muita gente aqui, então vamos voltar para o esconderijo e falar a respeito.
— Ah, há um esconderijo também?
Alex encolheu os ombros e seguiu Rudger com um passo leve.
— Mais do que isso, já que ele é o líder, ele reunirá mais membros?
Membros.
— As pessoas incomuns de quem o líder falava com frequência. Não são todos humanos?
— Sim, eu escrevi.
Rudger assentiu.
— E além de você, o resto de nós está nesta cidade agora.
— Oh, estou curioso sobre isso. Quem são eles? E se eles forem normais demais para o que eu esperava?
— Se é normal, de que parte você está falando?
— Suas habilidades.
Com isso, Rudger fez uma pausa por um momento. Ele moveu o pé, que havia parado enquanto ponderava sobre algo.
Isso simplesmente não vai acontecer.
* * *
Estação de trem em Leathervelk.
A estação, que possuía uma população flutuante de mais de dezenas de milhares todos os dias, estava lotada de pessoas, mesmo em plena luz do dia.
Dispositivos mecânicos instalados em todos os lugares giraram para anunciar que o próximo trem estava chegando. Alguns que verificaram seus ingressos e se sentaram pensando que ainda não era a vez deles, e aqueles que estavam pegando o trem ficaram na plataforma para esperar o próximo trem com a bagagem arrumada.
Paaah!!
Logo, o trem chegou enquanto a buzina era ouvida de longe.
— Ellie, vamos lá.
Uma mulher agarrou a mão da criança e a arrastou para longe. Talvez ela tenha puxado muito forte porque seu filho de seis anos perdeu o balão que estava segurando em seus braços.
— Mãe! Meu balão!
— Minha nossa.
O balão subiu a uma altura além do alcance da criança e a mãe tentou pegar, mas era tarde demais.
O balão ascendente já subiu a uma altura que nem os adultos conseguem alcançar.
Foi o momento em que a criança olhou para o balão com olhos lacrimosos que uma mão grossa e enorme saltou para fora e agarrou a corda do balão.
A criança olhou para a pessoa que segurava o balão.
— Minha nossa, nossa, nossa.
Para uma criança, todos os adultos pareciam altos, mas mesmo considerando isso, o homem na frente deles parecia especialmente enorme. As pessoas ao seu redor também ficaram surpresas com o tamanho do homem e olharam para ele.
— Aqui.
Pantos inclinou a cabeça e entregou o balão à criança. A criança recebeu seu balão de volta de sua mão com olhos brilhantes.
— Obrigado, senhor Gigante!
O homem de longos cabelos brancos como a juba de um leão respondeu sacudindo levemente a aba do chapéu na cabeça.
Tum.
Enquanto o gigante caminhava pela estrada, as pessoas abriram caminho para ele. Naquele momento, uma voz jovem veio logo atrás dele.
— Senhor Pantos, você sabe o caminho?
Surpreendentemente, o gigante não estava sozinho.
Todos ficaram surpresos com seu tamanho, então sua atenção estava focada nele, então eles nem pensaram em dar uma olhada no homem anão ao lado dele.
Ele era um homem em contraste com o gigante sombrio. Em uma idade que parece estar na encruzilhada entre um menino e um jovem, ele até tinha um sorriso brilhante no rosto. Ele era um homem que se adequava ao termo midong (menino bonito).
Pantos, o homem gigante, parou por um momento com as palavras de seu colega de pé ao lado dele e coçou a cabeça com os dedos grossos. Ele costumava fazer isso quando estava envergonhado.
O homem pequeno, como se soubesse, esfaqueou Pantos na cintura com o antebraço e assumiu a liderança.
— Siga-me. O líder me disse para onde ir.
— Como você sabe?
— Ele me disse através de uma bola de cristal. Pantos, você estava ouvindo comigo, não sabia?
— Não me lembro.
— É, suponho que sim.
As duas pessoas estranhas, o homem magro e o gigante de cabelos brancos, deram seus primeiros passos em Leathervelk.
* * *
— E aí.
Rudger levou Alex e Violetta para o esconderijo secreto de sua nova organização, a U.N. Owen.
— Irmão, você está aqui?
— Sim, Hans.
Hans, que notou a visita de Rudger, deu-lhe as boas-vindas. No entanto, ao contrário do habitual, círculos escuros foram gravados sob os olhos de Hans.
— Você tem estado cansado ultimamente, não é?
— Não recentemente. Estou cansado há muito tempo. A última pessoa que eu quero ver está aqui.
Bem a tempo, aquele que deixou Hans daquele jeito apareceu.
— Hã? Hehe. Ah, quanto tempo sem ver o chefe.
— Sim, já faz um tempo.
Ela era uma mulher com uma impressão sombria. Seu cabelo laranja, que era tingido tão grosso quanto as folhas de outono, não estava organizado, fazendo com que parecesse uma casa de morango.
Sua aparência era bonita o suficiente para ser chamada de beleza, mas a atmosfera sombria única, o sorriso e as pupilas trêmulas minavam todas essas vantagens.
Violetta olhou com atenção para sua figura e ficou surpresa.
— Você é uma elfa, não é?
O que mais chamou a atenção foram as orelhas.
Os elfos eram uma raça onde todos eram bonitos e nasciam com o poder da natureza. O cabelo laranja e as orelhas pontudas da mulher mal-humorada eram um sinal de sua identidade.
— Sim, sim. Eu sou uma elfa.
Ela respondeu com um sorriso que a fez parecer uma viciada em drogas.
Rudger pensou que ela não seria capaz de dizer seu nome corretamente nesse ritmo, então ele a apresentou.
— Ela é Belaruna Petana. Como você pode ver, ela é uma elfa, responsável principalmente pela produção de drogas e produtos químicos. Ela tem conhecimento médico e é boa em alquimia.
— Uma elfa?
Alex, que estava se encontrando com Belaruna pela primeira vez, também perguntou surpreso com as palavras de Rudger.
— Algum problema?
— Não posso dizer que não há problema. Aquela pessoa, não, aquele elfo. Sim. Você disse que a senhora Belaruna é uma elfa
— Isso mesmo.
— Você não acha estranho? Elf fabrica drogas? Eles têm amplo conhecimento médico?
O argumento de Alex era válido. Elfos são uma raça de florestas e são amados pela natureza. É por isso que os elfos adoram a natureza mais do que qualquer outra pessoa e odeiam coisas artificiais extremamente.
Drogas feitas pelo homem e todos os novos produtos químicos que surgem com o desenvolvimento da ciência eram as coisas que os elfos mais odiavam.
No entanto, é inacreditável que haja um elfo que fabricou drogas e fez pólvora.
— Nem todos os elfos fazem isso. Alex, outras raças não vão vê-lo e pensar que todos os humanos são vigaristas?
— Isso é verdade, mas sua avaliação não é muito dura?
— E você não acha que isso é muito antiquado? Os elfos também aceitaram a mudança há muito tempo. Esse comentário é muito elfo-discriminatório.
Os elfos ainda vivem principalmente em enormes florestas que não são facilmente acessíveis aos seres humanos, mas muitos elfos aceitaram a mudança do mundo desde a guerra de conquista que ocorreu há meio século.
Entre eles, alguns elfos viajam para conhecer o mundo mais amplo, e outros são fascinados pelo campo da ciência.
— Claro, Belaruna é uma das maiores elfas… Embora ela tenha uma personalidade excêntrica, suas habilidades são muito boas.
— Você acabou de dizer “excêntrica”?
— De qualquer forma, ela será de grande ajuda para nós.
Mesmo os reagentes mágicos que Rudger usa enquanto luta são todos feitos por ela.
Belaruna sorriu como se seu elogio fosse agradável ao ouvido. Então, ela se lembrou de seu propósito e imediatamente se aproximou de Hans.
— Ora, ora, senhor Hans. Vamos falar sobre o que não podíamos fazer antes?
— Argh! Saia daqui! Seu duende maluco! Por favor, me ajude!
Hans implorou, segurando as calças de Rudger.
— Eu não consegui dormir direito desde que essa elfa louca veio! Ela está tentando me usar como cobaia sempre que tem tempo!
O pesadelo dos últimos dias passou como um panorama diante dos olhos de Hans. Belaruna se aproximou de Hans de vez em quando e forçosamente extorquiu tecido corporal. Ela injetou drogas estranhas na comida que ele estava comendo e mesmo quando ele estava dormindo ela rastejou em sua cama e cortou-o com um bisturi.
Belaruna respondeu com um sorriso.
— Ha, Senhor Hans, o que você quer dizer com louco? Sou apenas um buscador de conhecimento e gosto de novas descobertas.
— Por que você está buscando esse conhecimento de mim?
— Sim, é porque Hans tem uma constituição muito atraente. Tudo bem, certo? Não seria bom ter um pouco do seu dedo? Você pode cultivá-lo novamente quando se transformar mais tarde…
— Crescer? O que você quer dizer com crescer de novo? Saia daqui!
Rudger suspirou, parecia necessário limpar essa bagunça.
— Hã? As pessoas já estão aqui
Naquele momento, uma voz clara foi ouvida através da entrada aberta.
Os olhos de todos se voltaram e viram um homem com longos cabelos grisalhos e um jovem sorrindo para este lado.
— Os dois chegaram a tempo.
— Sim, eu estava quase atrasado porque o Senhor Pantos saiu do caminho errado novamente.
— Entendo. De qualquer forma, quase todas as pessoas que vão se reunir estão aqui. Entre.
Rudger bateu palmas e chamou a atenção de todos.
— Tenho certeza de que alguns de vocês já se conhecem, mas alguns de vocês são novos, então vamos nos conhecer.
* * *
A sala de reuniões estava cheia de vários tipos de pessoas. Alguns sentaram-se no sofá, alguns parados e alguns encostados na parede.
— Todos sabem por que os chamei. Eu superarei minha longa vida de viajante e me acalmar enquanto estabeleço meu próprio poder.
— O ponto de apoio é Leathervelk?
Quando perguntado por Alex, que estava sentado no sofá cruzando as pernas, Rudger assentiu.
— Como a maioria não se conhece, vamos nos apresentar brevemente.
Hans foi o primeiro a dar um passo à frente.
— Eu sou Hans. Meu principal trabalho é coletar e organizar informações.
Era uma expressão de sua vontade que ele não queria ser desprezado neste momento? Ele passou um ar solene forte.
— Isso é tudo para a minha introdução…
— Hans.
O que está errado, irmão?
— Você tem que dizer outra coisa.
— Outra coisa? De jeito nenhum… Isso também?
Hans franziu a testa quando percebeu o que Rudger estava dizendo a ele.
— Você está falando sério?
— Estaremos juntos no futuro. É melhor falar sobre isso agora, já que é obrigado a ser revelado quando você trabalha de qualquer maneira.
— Bem, se é isso que você diz…
Hans hesitou um pouco e depois confiou em sua capacidade real.
— Eu sou uma pessoa um pouco peculiar, excepcional em comparação com os outros, mas isso não significa que eu sou estranho ou qualquer coisa.
Eventualmente, Sheridan, que não conseguiu resistir à conversa de Hans, levantou-se de seu assento e se aproximou de Hans de volta. Ela tirou um dente de fera do bolso e cutucou Hans, que gritou. Aparentava estar prestes a chorar quando viu Seridan rindo com os dentes na mão dela.
Ao mesmo tempo, a mudança começou.
— Ai, meu Deus.
— Minha nossa, nossa, nossa.
Se os seres humanos comuns de repente crescessem e se transformassem em meio-humanos, as pessoas teriam várias reações, mas as das pessoas reunidas aqui foram um pouco mais chatas do que o esperado.
Hans olhou para as mãos e olhou para Seridan.
— Que dentes você usou?!
— Eu só peguei de um gato de rua.
— O quê, um gato?
Hans olhou apressadamente no espelho. Ele agora tinha uma aparência bizarra de meio-gato e meio-humano. De repente, ele sentiu um forte desejo de lamber o pelo com a língua.
— Hans, pegue. — Rudger tirou uma ampola de reagente do bolso e a entregou a Hans.
— Obrigado, irmão.
Depois de receber a ampola, Hans a injetou em seu corpo. Logo, seu tamanho diminuiu gradualmente e retornou à sua forma humana original.
— Como podem ver — começou Rudger —, Hans tem a característica de levar o fator da besta em seu corpo e se transformar nessa besta em questão. Ele não é um agente de combate, mas essa particularidade também é a força dele.
—Isso é incrível, não posso acreditar que um ser humano possa mudar assim. — Os olhos de Alex brilharam de admiração.
Rudger olhou para a multidão.
— E o mesmo vale para vocês. Todos vocês têm uma coisa especial.
Rudger encontrou todos os tipos de coisas extraordinárias enquanto viajava por um longo tempo pelo continente e aqueles que não conseguiam se dar bem com aqueles ao seu redor porque tinham habilidades especiais e talentos excepcionais. Ele estendeu a mão para eles e os encorajou a se juntar a ele porque coisas especiais se adequavam a pessoas especiais.
— Então, quem vai se apresentar a seguir?