Capítulo 15: Código Fonte (2)
— Vou selecionar alguns alunos que acompanharem bem minha aula e ensinar o código fonte.
Atraí a atenção dos alunos com isso, então prestaram atenção na minha aula sem muita interrupção.
Ding Dong. Ding Dong~
Quando terminei de explicar a teoria e o método simples de liberar a mana, o sinal da torre do relógio tocou marcando o fim da aula.
Suspirei de alívio por dentro, pensando que tinha terminado a aula com segurança sem nenhum problema.
Os alunos pareciam não suspeitar de nada porque eu tinha explicado o conteúdo do livro de forma adequada e misturado com dicas práticas.
O primeiro passo foi fácil, então poderia continuar com essa atmosfera nas minhas próximas aulas.
Meu período de aula tinha um total de quatro horas por semana.
Eram duas aulas por semana com duas horas para cada, então tinha muito tempo até a próxima aula.
Quando estava prestes a sair da sala de aula depois de vestir minha sobrecasaca e chapéu, pude ver alguns alunos olhando para mim como se quisessem se aproximar de mim, mas estavam hesitando.
Estranhei por um momento, mas acabei percebendo que esqueci de uma coisa.
— Ah, só para deixar claro, não vou passar nenhum dever no primeiro dia. Voltem às suas atividades diárias e revisem a aula de hoje.
— Oba!
— Ufa. Que alívio.
Os alunos sorriram intensamente e se alegraram com minhas palavras.
Até mesmo os gênios que se reuniram na Academia eram estudantes, afinal. Vendo-os exultantes e sobrecarregados com a existência de um dever, percebi que ainda eram crianças.
Bem, não importa o quão rigoroso eu fosse em ensiná-los, não passaria nenhum dever no primeiro dia.
Os outros professores além de mim passariam deveres de qualquer jeito.
Normalmente, os professores que passavam deveres desde o primeiro dia de aula acabavam sendo criticados durante todo o semestre.
Quanto à aula, toda misericórdia que mostrei foi toda calculada.
Quanto maiores suas críticas sobre os outros professores, menos críticas receberei.
Fiz a chamada dos alunos no pódio e saí da sala de aula. Mesmo quando saí, os olhares dos alunos ainda me seguiram, só que naturalmente os ignorei.
Fiquei imerso em pensamentos em como deveria ministrar a próxima aula e como poderia descobrir as informações pessoais básicas sobre os 80 alunos que estavam frequentando a minha aula.
Além disso, considerando que havia informações que ainda não foram reveladas sobre a sociedade secreta, precisava agir o mais rápido possível.
‘Uau. Não foi um sonho, né?’
Aidan, um calouro que entrou na Academia Sören naquele ano, percebeu que realmente tinha vindo para Sören depois de participar da aula do Ludger Chelysie.
‘Imaginei que seria assim, mas ainda me surpreendi.’
Aidan, que vinha do campo, era um plebeu, mas era um jovem que tinha confiança de que era apaixonado pela magia mais do que qualquer outra pessoa.
Graças aos esforços e pela sorte que teve até agora, passou no exame de admissão da Sören e assistiu sua primeira aula enquanto sonhava com um futuro próspero como calouro.
A aula do Ludger Chelysie sobre a técnica geral de conjuração de feitiços.
Sendo honesto, não tinha muita expectativa.
Quando entrou pela primeira vez na sala de aula, ouviu secretamente as conversas dos outros alunos, visto que falavam muito dessa aula.
Na verdade, há um total de duas aulas de conjuração de magia, e, entre as duas, esta é ensinada por um aristocrata decaído.
A princípio, era um novo professor que não conseguiu passar no exame de entrada, mas teve sorte de passar porque tinha cinco vagas por causa dos professores que se aposentaram no ano passado.
Todos os rumores sobre ele são falsos e exagerados.
Obviamente, foram as conversas dos estudantes aristocráticos que falavam mal dos outros e os desprezavam.
No entanto, Aidan, que veio para Leathevelk do campo, não duvidou muito das palavras dele, porque sabia que eram veteranos e que eram grandes aristocratas.
‘O professor Ludger Chelysie é mesmo tão ruim?’
Era apenas uma aula que pegou sem pensar muito, então acabou se arrependendo por algum motivo.
Mas Aidan percebeu o quanto suas dúvidas estavam erradas quando Ludger apareceu.
O homem, que dominou a atmosfera da sala de aula com 80 alunos apenas de pé no pódio, era como um soldado enfrentando uma guerra feroz.
E o que aconteceu depois deixou Aidan ainda mais chocado.
Depois de ter uma conversa com uma veterana sobre a impossibilidade de encurtar o tempo de conjuração de feitiços, ele introduziu uma técnica de feitiço.
Assim que testemunhou o feitiço que Ludger Chelysie chamou de Código Fonte, Aidan sentiu seu sangue ferver.
Foi um choque que o fez sentir como se houvesse uma explosão ardente na frente deles.
Foi a luz do conhecimento que apareceu quando observou claramente um mistério que nunca havia sido testemunhado antes, e o momento revolucionário que expandiu suas perspectivas para um mundo mais amplo.
Podia parecer exagerado, mas, pelo menos, era assim que Aidan se sentia.
Quando era uma criança que ainda não sabia de nada, um mago errante lhe mostrou a magia.
O primeiro feitiço que o mago errante mostrou foi apenas magia de primeiro grau, e a técnica de feitiço foi imperfeita e brusca quando se lembrou dela.
Naquela época, Aidan achava que a apresentação foi extremamente legal.
Desde então, foi ensinado pelo mago errante a estudar magia e continuou por conta própria, mas nada superou a emoção que sentiu quando testemunhou magia pela primeira vez.
Ainda assim, ele se lembrou de que aprender magia em si era muito divertido.
Graças à sua paixão por magia e seu talento inesperadamente grande, Aidan avançou mais rápido com o passar dos dias. Assim, foi capaz de entrar na Academia de Magia de Sören por meio de uma competição feroz.
Teve sua primeira aula pensando que este lugar poderia satisfazer sua sede de magia e abrir um novo mundo diante dele.
E foi então que acabou testemunhando algo que era extremamente surpreendente.
‘O professor Ludger Chelysie é mesmo incrível!’
Aidan já achava que ele era extraordinário desde sua primeira impressão do Ludger, mas acabou se tornando realidade.
Ele tinha exibido um novo feitiço, que ainda era desconhecido para o mundo, não só uma fachada.
Aidan ficou tão feliz em assistir à aula que não conseguia esconder sua empolgação.
— Hunf.
Foi então que…
A voz de desdém evidente dirigida a ele foi ouvida no assento ao lado.
Quando virou a cabeça, um aluno, que parecia ser do mesmo ano, estava olhando para ele com os braços cruzados.
Seu rosto era bonito, mas parecia bem repulsivo, provavelmente por causa dos cabelos loiros separados que destacavam sua testa.
— É por isso que não devemos ter plebeus. Está todo espantado só porque viu algo assim.
— Hã? Falou comigo?
— E quem mais é um plebeu além de você aqui
Aidan então olhou em volta para os arredores. Agora que a maioria dos alunos já saíram da sala de aula, não restavam muitas pessoas.
— Ah! Então falou comigo!
Por causa da reação inocente que contradizia sua expectativa, o aluno aristocrata, que caçou a briga, franziu a testa.
— Você acabou de tirar sarro da minha cara?
— O quê? Tirar sarro de você? Nem pensar.
Aidan sorriu desajeitadamente e tentou dizer que não queria zombar dele, mas o cara na sua frente já ficou muito irritado com o pensamento de que foi insultado.
— Como se atreve a desprezar a mim, Jevan, o primeiro descendente do Barão Felio?
Aidan ficou encharcado de suor frio. Parecia que isso não acabaria bem por mais que tentasse conciliar de alguma forma.
‘O que eu faço?’
Assim que Aidan estava ponderando sobre como deveria superar a situação, alguém veio ajudá-lo.
— O baronato Felio, não é a família que mora lá na fronteira do Império?
— O que… que diabos?! Quem é você?
Quem ajudou Aidan foi um garoto de cabelo azul-celeste, cuja altura era mais baixa do que a dos outros.
Jevan Felio olhou para o menino e zombou.
— Hah. Qualquer pirralho pode entrar na Academia Sören hoje em dia?
— Ainda é melhor do que um filho idiota de um barão ter passado no teste da Sören.
— O quê?! Como se atreve a insultar a família Felio?
Enquanto Jevan cerrava os dentes e estava prestes a usar sua mana, Leo — o menino de cabelo azul-celeste — não perdeu o sorriso.
— Você deve pagar por suas palavras e ações por insultar um aristocrata…
— Quero ver.
— O… o quê?
— Vai, tenta. Vamos ver o que acontecerá se você conjurar um feitiço para nos atacar aqui.
Jevan ficou estupefato com as palavras confiantes do Leo.
Jevan pensou que um plebeu inclinaria a cabeça humildemente se fosse intimidado o suficiente.
— Você ainda acha que é o histórico da sua família que o torna superior a nós? Acorde. Se você causar confusão aqui, seu título de nobre não vai valer de nada. Não foi avisado disso antes de vir para cá?
— S-seu…!
— É melhor fechar a boca se não tem nada para dizer, e pare de me encarar assim. E verifique a situação antes mesmo de aumentar a voz. Não tá vendo os arredores?
Ouvindo as palavras do Leo, Jevan percebeu que ainda tinha vários alunos na sala de aula. Entre eles, havia também filhos de aristocratas de status superior que ele não ousaria olhar.
— Hee, heek! Só espere para ver!
Jevan olhou para Aidan como se estivesse prestes a matá-lo antes de sair da sala de aula.
Aidan contemplou o que deveria fazer com a situação.
No entanto, naquele momento, sua prioridade era agradecer a esse sujeito por ajudá-lo.
— Obrigado por me ajudar. Eu sou Aidan.
— Sou Leo. Ah, não precisa me agradecer. Só interrompi porque fiquei com nojo de ver ele agindo como um aristocrata.
— Você é um cara legal, né?
— Você… entendeu alguma coisa do que eu disse?
Leo olhou para Aidan como se ele fosse um sujeito estranho e negou com a cabeça.
— Bem, que seja. Estou saindo agora.
— Ah! Vou com você.
— Aonde acha que eu vou?
— Não vai para a próxima aula? O livro que está na sua mão não é da aula de Alquimia da especialização de Materialização, né? A minha próxima aula também é essa.
— Tsc… Faça o que quiser.
Falou bruscamente, mas não afastou Aidan ou rejeitou a oferta de ir junto. Aidan sentiu que a maneira de falar do Leo era um pouco estranha, mas que era uma boa pessoa.
Leo de repente abriu a boca enquanto observava Aidan, que estava guardando os livros para a próxima aula.
— É melhor você andar por aí sem ser muito óbvio.
— Hã? Óbvio sobre o quê?
— Óbvio sobre ser um caipira, óbvio sobre ser um plebeu, óbvio que você não estudou magia direito. Seja o que for, você está se mostrando demais.
— Ah, é mesmo? Desculpa. Não entendo muito disso.
— Não se esqueça, esta é a Academia Sören. É um lugar cheio de pessoas incríveis.
— Pessoas incríveis? Ah, acho que entendi desde que vi o Professor Chelysie.
Leo suspirou com a resposta atordoada do Aidan. Parecia que precisava explicar muita coisa para pobre colega.
— Preste atenção. Já que está assistindo à aula, precisa saber como esse lugar funciona. E também precisa tomar cuidado com certos alunos.
— Certos alunos?
— Tem alunos que têm uma posição excepcionalmente esmagadora dentro da Sören. Neste momento, nós, os primeiranistas, acabamos de chegar e não sabemos de muita coisa, mas temos que ter cuidado com o segundo ano.
O maior exemplo era Flora Lumos.
— Flora Lumos, a aluna do segundo ano. Não esperava que ela ia pegar a mesma aula que a gente, mas é melhor tomar cuidado com ela.
— Por quê?
— Tem rumores que a personalidade dela é horrível. Fiquei sabendo que a demissão súbita do professor, a cargo da aula de conjuração de magia do ano passado, foi principalmente por causa da influência dela. Sendo honesto, pensei que o mesmo ocorreria desta vez…
Leo também lembrou da aula do Ludger Chelysie. O feitiço inovador do Código Fonte que mostrou foi certamente incrível.
A Flora Lumos acabou recuando sem nem mesmo poder falar nada.
No entanto, ele não achava que a garota cederia somente por causa disso. Em vez disso, havia a possibilidade de que sua faísca de raiva fosse liberada para os outros.
— Então é melhor evitar ela o máximo que der.
— Tem mais alguém?
— Claro que tem. Alguém que veio da linhagem mais nobre do Império Exileon.
— Ah, ouvi esse boato também. Eles disseram que tem uma princesa real entre os alunos do segundo ano, né?
— A 3ª Princesa, Elendil von Exileon. Ela é extremamente nobre, e o Imperador gosta dela, é por isso que pôde entrar aqui. Claro, somos plebeus, então não é bom para a gente se envolver com ela.
— Ah, aquela garota.
Aidan se lembrou de uma mulher com cabelos, que se assemelhavam a fios dourados.
Cabelo loiro não era tão raro, mas tinha apenas uma pessoa que era capaz de irradiar tal nobreza por meio do cabelo loiro.
— E, por último, Freuden Wolburg.
— Com Wolburg, está falando daquele Wolburg? Uma das três famílias ducais…
— Acha que tem outro Wolburg no Império? Freuden, o filho mais velho da família do duque, Wolburg. Ele é o homem que lidera a maior facção do segundo ano. É uma facção de classe alta composta apenas por aristocratas, ainda por cima.
— Fação de classe alta…
— Eles são aqueles que veem pessoas comuns como nós como não diferentes de insetos na beira da estrada, então é melhor não se envolver com eles. Por sorte, Freuden não frequenta esta aula. Só para saber, o idiota que começou uma briga com você agorinha pertence a essa facção.
— Foi inevitável. Tem mais alguém?
— Você se deu mal… mas ainda está curioso sobre as outras pessoas? Você é muito ousado ou muito lerdo?
Leo não fazia ideia de que tipo de pessoa Aidan era, mas, pelo menos, tinha certeza de que não era um cara ruim.
— Na verdade, tem mais alguns.
— Ah, sério? Quem são eles?
— Te conto no caminho.
— Tá! Ah, quer ir comer comigo depois?
— O quê? Por que eu iria?
Aidan e Leo saíram da sala de aula enquanto conversavam.
Sem saber que um dos alunos restantes na sala de aula estava observando os dois.
‘Hum. Este é um escritório particular do professor?’
Tive uma sensação peculiar em frente à porta da sala que era o escritório pessoal do professor.
Talvez porque fosse Sören, até mesmo os novos professores recebiam uma sala pessoal consideravelmente espaçosa.
A placa de identificação na entrada também tinha o nome Ludger Chelysie.
‘Vou entrar primeiro.’
Fiquei curioso sobre como era o interior, então decidi dar uma olhada.
Abri a porta e entrei no escritório do professor.
E foi então que acabei surpreso com a pessoa que tinha chegado lá primeiro.
— Ah, Sr. Ludger. Venha aqui.
Uma das pessoas com quem eu precisava ser mais cauteloso…
A diretora da Academia Sören.