Capítulo 26: Lobisomem (1)

 

Sedina Rochen lembrou seu encontro dos sonhos com Ludger com um rosto vazio.

O Sr. Primeira Ordem a reconheceu.

Ela sempre cometeu muitos erros e era considerada uma estranha mesmo dentro da Sociedade do Amanhecer Negro, mas Ludger Chelysie a reconheceu.

‘Não errei.’

Rochen, a maior família de comerciantes do Império. Foi nela em que Sedina nasceu.

Podia parecer uma família boa para os outros, mas, para Sedina, a família Rochen era um lugar pior do que o inferno.

Seu sobrenome, Rochen, sempre a seguia como uma maldição, e o mesmo aconteceu quando os abandonou.

Para escapar dessa família detestável, Sedina entrou na Sociedade do Amanhecer Negro.

Para se livrar de Rochen e encontrar seu verdadeiro eu na Sociedade do Amanhecer Negro.

Mesmo sabendo que a sociedade era antissocial e imoral, ainda escolheu esse caminho.

Podia ser diferente lá.

Poderia ter uma vida própria, não como a filha insignificante da família Rochen.

Mas a realidade não foi assim.

Como a Sociedade do Amanhecer Negro era um lugar de resistência ao mundo, a maioria dos membros eram de classe baixa ou criminosos que operavam no submundo.

Em tal lugar, Sedina, que tinha o sobrenome Rochen, era muito diferente da laia deles.

— O quê? Você tem um sobrenome? É real?

— Rochen? Por que diabos alguém de uma família tão grande está aqui.

— Cuidado. Ela pode ser uma espiã que entrou aqui.

— Aqueles malditos de classe superior.

Eles, que vieram da lama, jamais se dariam bem com a Sedina, que veio do topo.

É por isso que ela foi chamada de Terceira Ordem, embora fosse talentosa em magia e tivesse entrado em Sören.

Ela sentia que não se encaixava nem mesmo na Sociedade do Amanhecer Negro por causa do seu sobrenome.

‘Só queria ser reconhecida.’

Ela queria se livrar da sua família detestável, então entrou na Sociedade do Amanhecer Negro. Comer e viver bem não era o objetivo dela.

Acreditava que, se tentasse, os olhares de cautela e desprezo por ela mudariam gradualmente.

Queria acreditar nisso.

No entanto, a vigilância dos membros da Sociedade do Amanhecer Negro em relação a Sedina ficou ainda pior, e se tornou um objeto de inveja e ciúme porque era habilidosa para entrar na Sören.

A princípio, Sedina era uma pessoa talentosa que poderia ocupar uma posição acima da Segunda Ordem.

Sem nem mesmo ser capaz de receber a atenção do Primeira Ordem, continuou permanecendo na posição baixa de Terceira Ordem por ser mantida sob controle pelos outros membros.

Um peão bom para ser usado e depois descartado.

Só um ser humano pequeno e útil.

Eles poderiam utilizar o nome da família Rochen que ela tinha.

A intenção deles foi transmitida tão claramente que rasgou brutalmente o coração delicado da Sedina.

‘Mas eu o conheci.’

Quando se cansou e se resignou de que qualquer final seria bom…

Recebeu ordens na organização.

Era uma ordem de uma Segunda Ordem um pouco superior a ela.

Primeira Ordem.

Codinome, John Doe.

Ao contrário do outro Primeira Ordem, ele era uma existência desconhecida cuja aparência e identidade reais não foram reveladas.

Ela recebeu a ordem de entrar em contato com ele para verificar o progresso da missão dele.

O homem, que se chamava Ludger Chelysie, era um mestre do disfarce e um executivo especializado em infiltração e assassinato e que nunca revelou sua verdadeira identidade.

Mas tinha uma falha: sua personalidade era muito desprezível.

Ele era um psicopata que batia nas pessoas do nada, quando ficava irritado, ou até mesmo as matava no pior dos casos, mesmo que essas pessoas fossem membros da sociedade secreta.

Até mesmo o membro da Ordem Zero, o líder da Sociedade do Amanhecer Negro, fez vista grossa para o comportamento dele.

A menos que a outra parte fosse o mesmo executivo de Primeira Ordem, Ludger era claramente um símbolo de medo dentro da Sociedade do Amanhecer Negro.

Ter sido encarregada de perguntar para ele por que não tinha entrado em contato não era praticamente diferente de enviá-la para o precipício.

Sedina Rochen derramou lágrimas de ressentimento.

Ela ficou ressentida com os colegas da Sociedade do Amanhecer Negro, que a enviaram para a morte, e também ficou ressentida com seu eu covarde que não conseguiu rejeitar essa ordem.

O que odiava ainda mais era a ideia de desistir de tudo e viver como filha da família Rochen novamente.

‘Não quero isso.’

Ela odiava tanto sua família que preferia morrer.

Então se aproximou do Ludger.

Com a mentalidade preparada para a morte, não importava se ele a matasse.

Mas quando se aproximou dele, o carisma do homem estava além da sua imaginação, e Sedina estremeceu sem perceber.

Falou algo que não devia e sua voz tremeu. Ela tinha feito praticamente tudo o que não deveria fazer na frente dele.

‘Eu posso morrer.’

Ou foi isso o que pensou.

Para sua surpresa…

Ludger não a matou.

Nem mesmo mostrou uma intenção assassina.

Assim como os rumores, ela sentiu que a personalidade dele era desprezível e mal-humorada durante a conversa, mas isso era tudo.

Ludger a deixou ir sem dizer uma palavra.

E então…

Até a elogiou pela explicação boa.

Não teria ficado tão feliz se fosse só um elogio da boca para fora.

Mas sentiu o comportamento honesto dele por meio desse elogio.

Ao corrigir seu título para professor Ludger, ao invés de Primeira Ordem, ele a ouviu com mais cautela do que qualquer outra pessoa, embora pudesse ser apenas um fingimento.

Ficou felicíssima por causa disso.

Porque pensou que poderia ser útil para alguém.

Sentiu como se lágrimas saíssem dos olhos.

‘Sr. Primeira Ordem. Não, o professor Ludger Chelysie é mesmo ótimo.’

Sentiu seu coração palpitar quando o viu desde o primeiro encontro.

Pensou que era por causa da tensão e do medo naquele momento, mas teve certeza com esse último.

Era uma sensação de admiração.

Era uma adoração sem fim para o homem a quem realmente queria servir.

Ela não achava que foi tratada assim porque era especial.

Não era nada mais do que uma recompensa superficial pelo infortúnio e esforço que havia experimentado até agora.

Ludger Chelysie podia ter sido legal com alguns subordinados como um executivo da organização.

Ainda era muito cedo para ficar encantada com isso.

Contudo…

Mesmo assim…

Foi a primeira vez que alguém a elogiou por fazer bem o seu trabalho.

Quando chegou a hora de sair da escola e o Sol estava se pondo, Ludger arrumou suas roupas externas e examinou todo o seu equipamento.

Para caçar direito os lobisomens, a velocidade era essencial e, claro, todas as ferramentas necessárias para a caça precisavam ser preparadas.

Eram itens altamente secretos que não eram muito visíveis do lado de fora, para que ninguém, que passasse por ele, suspeitasse.

Ludger, que deixou o escritório de professor enquanto pensava nisso, deparou-se com Hugo, que o estava visitando bem a tempo.

— Oh! Professor Ludger!

— Professor Hugo Bourtag…

Hugo Bourtag.

Sua família era o Marquês Bourtag, uma famosa e grande de magia com uma história vasta no Império Exileon.

No entanto, devido às suas tendências autoritárias e mágicas excessivas, a família estava gradualmente em declínio devido à incapacidade de aceitar a ciência moderna.

Um homem representante que estava em desacordo com a diretora na reunião da manhã visitou Ludger.

— Veio a negócios?

— Hoo. Seu moleque. Só posso te ver se for a negócios?

A atitude extremamente amigável do Hugo.

Foi o que ele disse, mas foi lá para fazer uma oferta ao Ludger.

— Você ainda não viu os outros professores direito, certo? Parece que só está andando com os outros professores novos.

— O que tem de errado nisso?

Hugo franziu as sobrancelhas com a atitude rígida do Ludger, que nem mesmo se curvou, muito menos se intimidou com ele.

No entanto, era ele que estaria perdido, então Hugo decidiu aguentar essa atitude e continuar.

— Ahem. Quero te apresentar aos professores que sou próximo.

— …

Ouvindo a oferta sutil do Hugo, Ludger imediatamente percebeu qual era o propósito da visita dele.

Recrutamento de facção.

Hugo pretendia levar Ludger a uma facção que consistia apenas de professores nobres.

Mesmo em uma situação em que os alunos estavam ansiosos por causa dos lobisomens, era uma luta para dividir os professores em grupos por causa de poder?

Ludger balançou a cabeça rindo da atitude do Hugo.

— Foi mal, mas estou de boa agora.

— O quê?

O rosto do Hugo ficou vermelho com a recusa direta do Ludger.

Ele foi muito legal, mas o nobre decaído não lhe agradeceu e até mesmo rejeitou a oferta.

— Sabe há quantos anos sou professor aqui?

— E preciso saber?

— Já são 15 anos. Significa que sou o próximo professor mais alto na hierarquia, tirando a velha da Mary Ross. Significa que sou um veterano e muito superior a você!

— Superior?

— Sim!

— Que estranho. Minha única superior é a diretora.

Diretora.

Hugo cerrou os dentes com essa palavra.

Para Hugo, o nome “diretora” não era apreciado. Era mais um desgosto que despertava seu complexo de inferioridade e raiva.

Hugo, que franziu a cara imediatamente, abriu a boca.

— Professor Ludger, ouvi dizer que você estava no exército antes de vir para cá.

— Foi só uma estadia curta.

— Não disse que teve um serviço militar brilhante enquanto caçava os Criptídeos?

‘Ele já obteve tanta informação?’

Bem, era um detalhe que foi intencionalmente vazado pela Sociedade do Amanhecer Negro de qualquer jeito, então não era estranho para uma pessoa como Hugo saber disso.

Ludger assentiu com a cabeça.

— Estou falando isso porque admiro as suas habilidades. Não quer trazer de volta sua família decaída? É possível com o apoio da facção dos nobres.

Hugo escolheu fazer o argumento mais persuasivo para fazer o Ludger ceder.

Ele ficou ansioso.

A facção da diretora estava ficando mais forte a cada dia. Até mesmo o Hugo não poderia ficar desprevenido contra aquela mulher, especialmente porque era uma maga Lexure de Rank 6 e nasceu para a política, mesmo sendo jovem.

‘Se não fosse por ela, eu seria o próximo diretor!’

Hugo ficou insatisfeito com isso.

Além disso, a diretora não estava apenas sendo gentil com os estudantes nobres, como também cuidando mais dos plebeus.

Havia até cinco novos professores, sendo três plebeus e um nobre decaído.

Só um era nobre de sangue puro.

‘Isso machuca meu orgulho, mas devo trazer o Ludger Chelysie… para a nossa facção.’

Já era conhecido que ele veio de uma família de nobre decaído.

Normalmente, não teria nem dado atenção para ele, mas não podia evitar porque a situação era urgente.

Além disso, Ludger Chelysie era um mago de rank 4 em tenra idade e um homem bastante capaz.

Sem falar que tinha conquista militar na caça aos criptídeos.

Não existia pessoa mais cobiçada e talentosa além dele, tirando a família de nascimento.

Por isso Hugo o visitou diretamente.

— Posso te ajudar. Então, o que acha de cooperarmos?

— O que exatamente significa cooperar com você?

Dessa vez, em vez de responder com um não, ele perguntou de volta.

Hugo continuou, pensando que Ludger estava finalmente interessado na oferta.

— Não é nada demais. Tudo o que você precisa fazer é construir uma amizade conosco e receber financiamento dos outros nobres e cuidar melhor dos filhos deles.

— Em outras palavras, eu tenho que beneficiar os estudantes nobres?

— Oho. Só precisa ser um pouco mais flexível com eles.

Hugo pensou que Ludger estava quase cedendo.

Este homem que serviu como soldado em primeiro lugar provavelmente estava tentando reconstruir sua família de alguma forma acumulando algumas conquistas.

Hugo julgou a trajetória do Ludger desse jeito.

— Então não vai dar.

— O-o quê?

Hugo perguntou de volta de um jeito tolo, pois não esperava por uma recusa.

— Agradeço a oferta, mas vou ter que recusar.

— E-está falando sério?

— Sim. Você está me dizendo para tratar os alunos de forma diferente e discriminá-los. Vou fingir que não ouvi isso.

— Não é discriminação! Só estou dizendo para você ser flexível!

— Então vou te perguntar. Se a diretora desse um benefício a um aluno plebeu em particular e chamasse isso de flexibilidade, você aceitaria?

— O quê? Um plebeu é igual a um nobre? Pelo menos, fale algo que faça sentido!

— É exatamente o que eu disse.

— O quê?

Hugo mostrou um rosto vazio. ‘O que ele quis dizer com isso?’

— A flexibilidade deve ser aplicada a ambos os lados, não a um lado. Se a flexibilidade se aplica só à nobreza, então não é mais flexibilidade. É um privilégio.

— Não, quero dizer, a nobr…

— Não tem plebeus, nem nobres, nem realeza dentro de Sören; todos são apenas estudantes que aprendem magia. Não tenho intenção de ignorar essa ideia.

— Seu…!

Hugo cerrou os dentes com o comentário do Ludger.

Hugo ergueu um lado do lábio para acalmar sua raiva e zombou do Ludger.

— Tudo bem. Eu não estava pensando direito. Quando você chegou aqui, acabei esquecendo do fato de que a diretora podia ter usado a autoridade dela para te nomear.

— Eu não sei do que você está falando.

Ludger quis dizer isso.

Não tinha intenção de se envolver com um homem como Hugo em primeiro lugar.

Ajudar a reerguer sua família?

Então descobririam que a família dele era falsa. Isso era uma ajuda do ponto de vista do Hugo, mas, para Ludger, não era nada mais do que um homem intrometido que iria expor a sua identidade.

Nem queria reviver sua família decaída para começo de conversa. Seu único propósito era permanecer por dois anos sem ser pego.

Além disso, também traria problemas a si se cooperasse com o Hugo e enfrentasse a diretora.

Não importa como via, Hugo e a diretora não eram iguais.

O próprio Hugo podia não pensar assim, mas a diretora era muito mais esmagadora aos olhos do Ludger.

‘É o meu fim se eu fizer alguma coisa e virar alvo da diretora.’

Tinha um tigre na montanha, então só cooperaria com uma raposa se não tivesse mais amor à vida.

Seria ideal andar em uma corda bamba sem pertencer a nenhum dos lados, mas Ludger foi obrigado a fazer uma escolha, porque a outra parte foi atrás dele tão abertamente.

Se fosse obrigado a escolher um dos lados, então, obviamente, teria que escolher a diretora.

Era mais conveniente escolher a diretora que tratava todos igualmente do que a natureza autoritária da aristocracia.

— Tenho que patrulhar agora, então estou saindo. Professor Hugo, você pode estar em perigo, então é melhor voltar para dentro.

— Você vai se arrepender.

— Vou me lembrar disso.

As palavras provocativas do Ludger deixaram o rosto do Hugo vermelho como um polvo cozido.

Suas bochechas grossas tremiam, mas Hugo não podia dizer nada às costas do Ludger, que já tinha saído.

Sendo honesto, era porque ficou assustado com a aparência do Ludger, que o estava encarando.

Ele era muito mais experiente e prestigiado do que Ludger, então por que ficou com medo?!

Hugo não queria admitir esse fato.

— Argh!

Hugo pisou com força no chão, depois bufou e suspirou enquanto saía daquele lugar.

Se pegasse um aluno no flagra vagando naquela noite, daria um ponto de penalidade.

Ludger se afastou do Hugo e foi patrulhar.

Antes que percebesse, as luzes mágicas foram acesas dentro de Sören após o pôr do sol e iluminaram as imediações.

A noite, que deveria ser silenciosa sem nenhuma presença, finalmente chegou, mas, estranhamente, a escuridão ainda estava vívida.

Ludger suspirou por dentro e se dirigiu para um arbusto próximo.

— Então não ouviram as ordens para voltar direto ao dormitório.

Enquanto atravessava o arbusto que estava protegido com magia, os alunos, que estavam escondidos dentro dele, seguraram a respiração.

Ludger falou friamente enquanto olhava para os três alunos, que estavam olhando para ele em choque.

— Ou ouviram a ordem, mas decidiram teimar.

— Uh, Professor. Não… não é isso, mas…

— Cinco pontos de penalidade para todos vocês.

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