Capítulo 30: A pessoa que vê, a pessoa que resolve (2)
Ludger ficou parado e olhou para o lugar onde os lobisomens estavam.
Suas mãos tinham queimado tudo sem deixar vestígios.
Junto com todas as provas de que eram um teste de laboratório e não apenas lobisomens.
Estava tudo bem ficar aliviado.
Já que acabou agora.
Só que Ludger não ficou nem um pouco à vontade.
Até que os outros professores, que acenderam uma chama com a magia de longe, chegaram um por um…
Ludger ficou lá parado.
O caso do lobisomem — que causou uma agitação na Academia Sören — terminou com a eliminação dos lobisomens pelo novo professor, Ludger Chelysie.
Muitos alunos se perguntaram se o incidente foi simplesmente um rumor falso e exagerado, mas havia muitas testemunhas que realmente testemunharam os lobisomens, então essa opinião foi descartada.
Rumores já tinham se espalhado entre os alunos de que Ludger teve uma luta sangrenta com um lobisomem no telhado de um prédio sob a lua cheia.
Os alunos já estavam falando do caso nos Registros Akáshicos.
-É verdade que era um lobisomem real?
-Eu vi pessoalmente. O novo professor lutou contra o lobisomem no telhado do prédio de pesquisa, e foi tão legal.
-Não é mentira?
-Na verdade, uma parte do telhado do 3º prédio de pesquisa foi quebrada, e havia sinais de luta.
-Caramba! Então o novo professor realmente pegou o lobisomem?
-Ouvi dizer que ele é um ex-soldado. Então é possível.
-Ele é incrível.
Então, também havia perguntas sobre o que eram os lobisomens e de onde tinham aparecido.
Alguns até argumentaram que os lobisomens poderiam realmente ter sido um experimento secreto de algum lugar.
No entanto, na ausência de pistas, essa opinião não era nada mais do que fofocas que nem circulavam direito.
-Porque isso não era o mais importante.
-Ah, recebi cinco pontos de penalidade porque fui pego.
-Eu também. Esses pontos podem me ferrar na academia.
-Sim. Eu não me importo com meus cinco pontos de penalidade ~ Afinal, já tenho pontos de crédito.
-Onde você mora?
Nesse momento, a maioria dos alunos, que decidiram pegar o lobisomem, foram encontrados e penalizados.
De toda a escola, 130 alunos foram pegos.
Até mesmo os terceiranistas estavam incluídos nessa quantia, então era compreensível.
Eles saíram para se tornar heróis, mas, em vez de resolver o caso, só ganharam pontos de penalidade, então a maioria se arrependeu de tomar essa decisão.
O mesmo valia para Aidan, Leo e Tessie.
— Aargh! Estamos ferrados! Estamos realmente ferrados! Por que foi logo o Professor Ludger que nos pegou entre todos?!
Os três foram chamados na sala de orientação para uma reunião com a diretora.
Aidan ainda estava imerso nos pensamentos, mas Tessie era diferente.
Estava inquieta.
Ela nunca deveria cometer um erro a fim de reviver sua família, mas foi punida pelo Ludger no incidente do lobisomem, em vez de ser compensada.
Tessie olhou para Aidan com ressentimento e logo mordeu os lábios inferiores e balançou com a cabeça.
Ela não podia culpar Aidan.
Não estaria viva sem ele.
Aidan foi quem a salvou do ataque do lobisomem, afinal.
‘Sim. Só estou… Não consegui fazer nada hora…’
Ela se sentiu tão idiota que agarrou a bainha do uniforme com as mãos trêmulas.
Fazia cerca de 10 minutos.
A porta da sala de orientação foi aberta.
Os três mosqueteiros: Aidan, Leo e Tessie, que estavam sentados, levantaram-se.
A Diretora estava entrando na sala de orientação com um sorriso radiante. Sua parte externa do cabelo era branca, mas a interna era rosada.
Seguindo os passos da diretora estava um homem com uma imagem de desalmado.
Era Ludger Chelysie, o homem que matou os lobisomens na noite anterior.
Ludger parecia o mesmo de sempre.
Sua roupa era um casaco longo e vermelho, não sua sobrecasaca preta de sempre, mas continuava bem arrumado.
— Bem. Podem se sentar os três.
Ouvindo as palavras da diretora, as três pessoas, incluindo Aidan, sentaram-se novamente enquanto estudavam o rosto da diretora.
Ela também se sentou no assento vazio.
— Por favor, sente-se também, Professor Ludger.
— Vou ficar de pé.
— Bem, se é o que acha melhor. Agora vamos direto ao ponto. Sabem por que chamei vocês três aqui?
Ninguém respondeu essa pergunta imediatamente.
Mas não tinha ninguém que não soubesse.
Havia apenas uma razão pela qual os três estavam reunidos lá: porque tinham testemunhado os lobisomens da distância mais próxima e foram pegos pelos Ludger.
Tessie, que não esperava enfrentar a diretora, pensou que Ludger realmente estava determinado a puni-la.
‘O que ele quis dizer com não apenas dar pontos de penalidade, mas também contar à diretora?’
Não foi uma declaração de que nunca terminaria com uma ação disciplinar comum?
‘To fodida!’
Ela segurou as lágrimas como se não houvesse amanhã.
Foi algum tipo de mau pressentimento.
Depois deste dia, ela nunca se esqueceria de que tinha prometido nunca mais chorar.
Acima de tudo, ela foi estimulada por Aidan e Leo, que estavam sentados casualmente.
— Então o que vai acontecer com a gente?
Aidan abriu a boca primeiro, mas seu olhar não se desviou do Ludger enquanto falava.
— Por que acha que chamei todos vocês?
— Acho… que não queira só nos dar pontos de penalidade.
— Tem razão.
Foi então que Ludger abriu a boca.
— Vocês três ignoraram o aviso de Sören e foram até a floresta e representaram um perigo para si mesmos, e quase se machucaram. Se qualquer coisa desse um pouco errado, um de vocês poderia ter morrido.
Os três, que se sentiram esfaqueados pelo comentário dele, calaram as bocas.
— Mesmo que não tenha ocorrido um acidente infeliz de alguém ter morrido, pensei que deveriam saber como o comportamento complacente de vocês foi sério; por isso, sugeri algo à diretora.
Eles perceberam que era sério.
Todos os três sabiam que essas palavras não tinham boas intenções por trás delas.
Enquanto a atmosfera pesada permanecia na sala de orientação, a diretora bateu palmas.
— Ora, ora. Não fiquem com essas carinhas que o mundo está desmoronando. Sejam otimistas. E Professor Ludger. Suas palavras assustaram os alunos e foram um pouco duras.
— Senhora, isso não pode ser ignorado.
— Claro, graças ao trabalho árduo do professor Ludger, acabou sem que ninguém se machucasse, e você está certo de que os alunos foram complacentes. Mas acabou bem, não foi?
— Não estou entendendo…
— Porque eles ainda são crianças. E, mesmo com os comentários intimidantes, o professor Ludger explicou tudo com detalhes, né? Aidan?
— Oi, oi!
Quando ele foi chamado de repente, Aidan respondeu com pressa.
— Já ouvi a história. Ouvi dizer que você pulou para salvar a Tessie do perigo?
— N-Não. Bem, é que…
— A competição entre os alunos é importante, mas é melhor ajudar uns aos outros. E nenhum de vocês fugiu do local, então puderam proteger o Aidan.
A avaliação da diretora só deixou confusão nos rostos dos três: Aidan, Leo e Tessie.
‘Por que a diretora é assim?’
— O comportamento de vocês foi absolutamente errado; é por isso que decidi seguir o conselho do Ludger e dar 10 pontos de penalidade para cada.
Dez pontos de penalidade!
10 pontos era duas vezes pior do que 5 pontos, que foi a punição dos outros alunos.
Era óbvio que era desvantajoso para eles.
— Mas…
Naquele momento, a voz clara da diretora despertou os três dos seus respectivos pensamentos.
— Suas ações no momento da crise são certamente dignas de elogios, então vou dar 10 pontos de créditos a todos os três.
— Oi?
— É… sério?
10 pontos de penalidade. Só que os pontos de penalidade praticamente desapareceram por causa dos 10 pontos de crédito.
As palavras da diretora não acabaram aí.
— Aidan. Você mostrou sua coragem em pensar nos colegas antes de si próprio em um momento de crise; então vou te dar 10 pontos extras de crédito.
— Oh!
— Leo. Você não esqueceu de manter a cabeça fria em um momento de urgência e deixou de propósito uma trilha no caminho, para que os outros possam de te seguir.
— Co-como…
— Vou te dar 10 pontos extras de crédito. E… Tessie Friad.
— Oi, oi!
— Você teve a coragem para enfrentar o lobisomem e lutar sem correr. Alguns podem dizer que é bravata imprudente, mas você entendeu bem. Espero que mantenha esse coração inabalável para sempre.
— Sim, sim! Entendido!
— Por causa disso, eu vou te dar 10 pontos extras de crédito.
Como resultado, os três receberam 10 pontos extras de crédito em vez de pontos de penalidade.
A diretora, que estava sorrindo para as três pessoas que ainda não conseguiam aceitar que isso era real, olhou para Ludger.
— Não tem nenhuma reclamação, né, professor Ludger?
— Se… é o que deseja.
Ludger recuou e mostrou que não discordava.
A diretora bateu palmas.
— Parabéns, crianças. Continuem o bom trabalho no futuro.
— Ah, sim! Obrigado! Excelência!
— Mas, mesmo assim, não exagerem. Agora… já tomamos muito tempo. Se apressem todos e voltem ao dormitório.
Os três alunos saíram da sala de orientação, enquanto pensavam que ainda estavam sonhando.
Aidan, que estava saindo por último, parou e olhou para Ludger, que nem sequer olhou para ele.
Por que o professor Ludger teve aquela reação naquela hora?
Aidan saiu da sala de orientação com perguntas não esclarecidas.
A porta foi fechada e apenas ele e a diretora foram deixados na sala de orientação.
— Ufa, professor Ludger. Está satisfeito agora?
A diretora disse isso depois que os alunos ficaram completamente fora de vistas.
— Fiquei surpresa. Mesmo sendo você quem pediu para ser legal com essas crianças.
A diretora, que estava balançando as duas pernas com a cabeça inclinada para trás, olhou para Ludger com os olhos entreabertos.
— Além disso, me pediu para agir como se eu tivesse feito tudo isso.
— Porque não seria bem visto aos olhos de todos se fosse eu fazendo isso tudo sozinho.
— Verdade. Você quer que a gente faça o papel de policial bom e mau, né? Não acredito que se chamou de vilão. Está triste com isso?
— Só escolhi o método mais eficiente.
— Ah, é mesmo? Bem, já que você disse que está bem com isso, não vou me preocupar mais, porque, no final, foi uma coisa boa para os alunos.
A diretora se levantou e se aproximou da janela que mostrava a paisagem de Sören, depois passou a mão na janela transparente com as pontas finas dos dedos.
— Professor Ludger, você disse que cuidou pessoalmente dos lobisomens, certo?
— Sim.
— O que viu lá?
— Como assim?
— Não tinha nada peculiar neles?
Mesmo com as palavras afiadas da diretora, a expressão do Ludger não mudou.
— Não percebi nada de estranho.
— Tem certeza?
— Sim. Só persegui os lobisomens e me livrei deles porque fiquei com medo que representassem uma ameaça para os alunos. Assim como eu fiz no exército.
— Hum. Bem, não tem o que fazer.
A diretora também não o questionou mais porque a luta de Ludger com os lobisomens enquanto protegia os alunos já ficou tão famosa que se espalhou por toda a escola.
— De qualquer jeito, quero agradecer de novo. Ninguém morreu graças a você.
— Só fiz o meu trabalho.
— Gosto dessa atitude confiante. Estou ansiosa pelo seu bom desempenho no futuro.
Ludger inclinou a cabeça sem dizer uma palavra.
Após sua conversa com a diretora, voltou ao escritório de professor.
Ludger, que estava sentado apoiando as costas na cadeira, lembrou-se do que tinha acontecido na noite anterior.
O que o surpreendeu…
O corpo do filhote de lobisomem que estava escondido pelas folhas caídas que ninguém mais tinha descoberto.
Certamente pertencia a uma criança humana, em que a pelagem não tinha crescido ainda.
Certo…
Ele não estava enganado.
Era obviamente um corpo humano que ainda não tinha se transformado em um lobo.
‘A escola Shamsus não usou lobos como experimentos para criar lobisomens.’
Em vez disso, foi o oposto.
Eles… criaram um lobisomem usando seres humanos como um experimento.
Em vez de substituir os genes humanos em lobos, capturaram seres humanos e misturaram à força fatores de feras neles.
Agora finalmente fazia sentido o comportamento estranho do lobisomem que jogou os destroços com as mãos, quando estava em uma emergência.
Ele se perguntou por que eles eram espertos, mas era porque não eram feras, que não deveriam raciocinar.
O filhote de lobisomem devia ser uma criança humana.
Devia ter sido a mãe que bloqueou o caminho para proteger o filho.
‘Era a… família dela?’
Os três lobisomens que deixaram Leathevelk e Sören em caos…
Era uma família humana que foi usada como um experimento?
Uma criança e dois pais.
Pessoas comuns que acabaram em incidentes infelizes.
Ludger matou os três com as próprias mãos.
Silenciosamente…
Ludger apertou o punho.
‘Não me arrependo das minhas ações.’
Mesmo que voltasse naquela hora, Ludger teria feito o mesmo julgamento.
Caso contrário, ele quem estaria em perigo.
Todos os experimentos precisavam ser eliminados, e também precisava quebrar a conexão que o envolvia; não tinha outro jeito.
E já havia um número de mortos nas mãos dos lobisomens.
Mesmo que eles não tivessem escolha a não ser fazer isso para viver, ainda tinham matado e comido a família de alguém.
Foi por isso que ele os matou.
Sim…
Ele tem certeza que foi o suficiente.
‘Os olhos…’
Os olhos límpidos do filhote quando olhou para ele no final depois de lamber a mãe.
Enquanto conjurava o feitiço para matá-los, o olhar do filhote não continha nenhuma repreensão ou raiva contra Ludger.
Continha apenas uma emoção…
O filhote ficou grato por ele acabar com suas vidas terríveis.
— …
Ludger se levantou do assento.